Você está na página 1de 24

CLIMA &

ENERGIA

2018
BR

VIDA SELVAGEM EM
UM MUNDO CADA
VEZ MAIS QUENTE
Os efeitos das mudanças climáticas
sobre a biodiversidade em áreas
prioritárias do WWF
2 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 3

CONTEÚDO
Agradecimentos
Pesquisa: Rachel Warren, Jeff
Price e Amy McDougall (Tyndall
Centre and School of Environmental
Sciences, University of East Anglia),
e Stephen Cornelius, Heather Sohl e
Niki Rust (WWF-UK). RESUMO EXECUTIVO 4
Produção do relatório: A PESQUISA 11
Barney Jeffries, Evan Jeffries (www.
swim2birds.co.uk) e Katherine Elliott
(WWF-UK)
ÁREAS PRIORITÁRIAS DO WWF 12
Design do relatório: Matt Wood METODOLOGIA 14
(madenoise.com)
RESULTADOS 19
Adaptação do desiagn para
versão em português:
Bruna Veríssimo ÁREAS PRIORITÁRIAS: DESTAQUES
Citação: Warren, R, Price, J,
VanDerWal, J, Cornelius, S, Sohl,
AMAZÔNIA E AS GUIANAS 20
H. The implications of the United
Nations Paris Agreement on Climate AMUR-HEILONG 22
Change for Globally Significant
Biodiversity Areas. Climatic Change, COSTA DA ÁFRICA ORIENTAL 24
2018.
MADAGASCAR 26
Data de publicação:
Março de 2018 MEDITERRÂNEO 28
Mais informações:
wwf.org.uk/wildlife-warming-world
FLORESTAS DE MIOMBO 30
Imagem de capa: SUDOESTE DA AUSTRALIA 32
YANGTZÉ 34
© naturepl.com / Juan Carlos Munoz / WWF

Tradução:
John Karpinski

Revisão da versão em português:


PERSPECTIVA GLOBAL 36
Bruna M. Cenço e Eduardo Canina
MUDANÇA CLIMÁTICA E AÇÕES DE CONSERVAÇÃO 40
CONCLUSÕES 42
Sobre WWF-UK:
No WWF, queremos um mundo com um futuro
onde as pessoas e a vida selvagem possam
prosperar. Estamos encontrando maneiras RECOMENDAÇÕES 43
de ajudar a transformar o futuro da vida
selvagem, dos rios, das florestas e dos mares
em áreas que consideramos como prioridades
especiais. Estamos pressionando para que
haja uma necessária redução das emissões de
carbono para evitar uma mudança climática
catastrófica. Estamos promovendo medidas
para ajudar as pessoas a viver de forma
sustentável, no nosso incrível planeta.
4 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 5

RESUMO EXECUTIVO
temperaturas médias sazonais muitas áreas prioritárias deverão
devem exceder as que já foram perder uma parte significativa das
sentidas no mais quente dos suas espécies, visto que o clima
últimos 50 anos. Em alguns casos, se tornará inadequado para elas.
As mudanças climáticas causadas pelo homem existem, pode acontecer antes de 2030. A Neste cenário de 2°C, quase 25%
probabilidade disto ocorrer existe das espécies em áreas prioritárias
estão acontecendo neste momento, e figuram entre os mesmo se o aumento da temperatura estariam em risco de extinção local.
maiores desafios que enfrentamos no planeta. média global ficar limitado a 2°C As plantas seriam particularmente
acima dos níveis pré-industriais. afetadas, porque muitas vezes
Além disso, são esperados são incapazes de se adaptar
temperaturas máximas muito suficientemente rápido para um
superiores aos extremos passados, clima em mudança – o que pode ter
Muitas décadas de queima de em todos os continentes e em todos os baixos níveis de chuvas e longos um efeito em cadeia sobre outras
combustíveis fósseis, aliada ao grupos de espécies. períodos de seca em muitos locais. espécies que dependem delas.
desmatamento contínuo, têm um
inegável impacto no planeta. Este relatório resume um projeto de •P
 recisaremos de mais esforços •D
 ispersão pode fazer uma
pesquisa revolucionário do WWF, de mitigação climática se enorme diferença
Em todas as regiões do mundo, que foi realizado em parceria com quisermos evitar uma grave Para sobreviver, as plantas e
estamos assistindo a perigos que até especialistas do Centro Tyndall para perda da biodiversidade os animais devem se adaptar
ontem eram considerados teóricos e Mudanças Climáticas da Universidade Embora o Acordo de Paris tenha às mudanças climáticas no seu
que hoje se tornam a nova realidade: de East Anglia. Nossas descobertas como objetivo limitar o aumento ambiente ou mudar para outro lugar.
os efeitos do aquecimento global já são fazem parte da análise global mais médio da temperatura global para Algumas espécies podem sobreviver
quantificáveis, ruins, e estão piorando. abrangente até o momento, que bem abaixo de 2°C (visando o acompanhando as condições
considera a projeção das mudanças 1,5°C), as atuais metas nacionais de climáticas adequadas e migrando
Do aumento do nível do mar até climáticas na distribuição de plantas redução de emissões resultariam para novas áreas. No entanto,
retrocessos glaciais, de oceanos e de animais e também mostra um em um aumento em torno de 3,2°C este movimento traz desafios
mais quentes a eventos climáticos cenário surpreendente da relação entre na temperatura da atmosfera. Já a significativos, já que o habitat
extremos cada vez mais frequentes: temperatura global, situação da vida manutenção das tendências atuais adequado pode não existir mais ou
as consequências ambientais do selvagem e ecossistemas ao nosso redor. de crescimento econômico, o cenário já ter sido convertido em agricultura
aquecimento global estão aparecendo “business as usual”, significaria um ou em outro uso incompatível com a
ao nosso redor. As sociedades A pesquisa analisa os impactos aumento de 4,5°C. À medida que sobrevivência das espécies. Há ainda
humanas – principalmente dos projetados em relação a uma série de a temperatura aumenta, aumenta a possibilidade de haver barreiras
países em desenvolvimento – já estão cenários de aquecimento global e em também o número de espécies em à dispersão, como cadeias de
sentindo o prejuízo das mudanças diferentes grupos de espécies, nas 35 risco. Com 4,5°C de aumento, quase montanhas. Assim, há uma enorme
climáticas: algumas áreas se tornam áreas prioritárias para conservação. 50% das espécies que atualmente quantidade de trabalho a ser feito
inabitáveis, a segurança alimentar Estas regiões incluem exemplos se encontram nas áreas prioritárias para entender quais são os potenciais
e os recursos hídricos diminuem e da mais rica e mais exuberante estariam em risco de extinção local. benefícios para a biodiversidade.
novas medidas são necessárias para biodiversidade no planeta, incluindo Já se o aumento de temperatura Sem a capacidade de dispersão, a
combater a propagação de doenças. muitas espécies emblemáticas, for limitado a 2°C, esse risco seria proporção de espécies expostas à
ameaçadas e endêmicas. Embora os reduzido pela metade, o que reforça extinção local aumentaria de 20%
Mesmo com o empenho demonstrado resultados variem, aparecem alguns a importância de medidas urgentes para quase 25% em um aumento de
pelas nações mundiais em 2015 para temas-chave: para reduzir as emissões de gases do 2°C na temperatura global. Em um
criar o Acordo de Paris para o clima, efeito estufa. cenário pior, sem dispersão e com
há muito mais danos que devemos • Os extremos de hoje são o novo um aumento da temperatura global
esperar pelas mudanças climáticas normal de amanhã. •M
 esmo um aumento de 2°C de 4,5°C, a previsão de extinção local
no futuro. Os anos extremamente quentes resultará em grandes perdas de saltaria de 40% para 50%.
e secos têm causado declínios biodiversidade
Os impactos ambientais levarão ainda significativos na população. Em Mesmo se o aumento da temperatura
a enormes perdas de biodiversidade muitas áreas prioritárias, as média global ficar limitado a 2°C,
6

O FUTURO DA BIODIVERSIDADE
•E
 sforços de conservação são • Redução das emissões globais
fundamentais de gases de efeito estufa
As mudanças climáticas aumentam Precisamos de cortes profundos nas

ESTÁ NAS NOSSAS MÃOS. O QUE


as pressões existentes – tais como emissões globais de gases do efeito
perda de hábitats, caça furtiva e estufa, com reduções consistentes
colheita insustentável –, que já têm e melhores do que as metas já
colocado populações de espécies assumidas no âmbito do Acordo

ACONTECE DEPOIS DEPENDE DE NÓS


sob enorme perigo. Será necessário de Paris. Não há como conseguir
redobrar os esforços locais de isso sem uma rápida eliminação de
conservação para fortalecer a combustíveis fósseis – especificamente
resiliência das espécies, proteger carvão, mas também petróleo e gás.
e restaurar corredores biológicos
que apoiam a dispersão e abrigar • Planejamento de conservação
áreas que podem permanecer como precisa considerar as mudanças
habitats adequados mesmo com o climáticas
aumento de temperatura, chamados O planejamento de conservação deve
de “refúgios climáticos”. estar baseado nas condições climáticas
projetadas para o futuro, com especial
A biodiversidade tem um valor atenção a áreas vulneráveis ou
intrínseco e a perda de vida resilientes. É fundamental dar ênfase
selvagem dos lugares naturais e mais no apoio para a dispersão das espécies
espetaculares do mundo nos deixará e promover o desenvolvimento verde,
mais pobres. Em alguns casos, que não exerça uma pressão adicional
existem implicações econômicas e nas populações de vida selvagem
sociais evidentes – a extinção local de conforme os efeitos do aquecimento
espécies emblemáticas pode acabar global pioram.
com possíveis oportunidades de
turismo, enquanto o desaparecimento • É essencial haver pesquisas
de uma planta endêmica que não adicionais
consegue acompanhar a rápida Precisamos reconhecer que este
mudança do clima pode levar com ela âmbito de estudo é relativamente
um potencial avanço na medicina. novo. Junto com ações locais, os
cientistas devem manter seus esforços
Os custos da perda de biodiversidade para aprofundar a nossa compreensão
que poderíamos ver nas próximas das mudanças que podemos antecipar.
décadas vão muito além disso. Não Além disso, precisamos que nossas
se trata apenas do desaparecimento políticas utilizem como base este
de algumas espécies de lugares conhecimento crescente que o corpo
específicos, mas de profundas científico está construindo.
mudanças em ecossistemas que
fornecem serviços vitais a centenas • Consciência é a chave
de milhões de pessoas. Se quisermos As pessoas precisam conhecer e se

© ERIC BACCEGA / NATUREPL.COM


evitar isso, precisaremos de uma importar. Todo mundo tem um papel
resposta global organizada com foco na divulgação do problema e deve se
em quatro pontos: envolver com ele.
AUMENTO DE 2°C
NA TEMPERATURA 50% DA PERDA
Se o aumento da temperatura
global for limitado a 2°C,
DE ESPÉCIES
menos de 25% das espécies nas Se a temperatura global
áreas prioritárias estarão em aumentar em 4,5°C, quase
risco de extinção local. 50% das espécies nas áreas
prioritárias estarão em risco
PRESERVAÇÃO de extinção local.

FUTURO DE DOS HABITATS


EXTREMOS Com um aumento de
temperatura global de 2°C,
Mesmo com as reduções 56% das áreas prioritárias
de emissões prometidas no permanecerão climaticamente
âmbito do Acordo de Paris, as adequadas para as espécies. Já
temperaturas que antes eram com um aumento de 4,5ºC,

DISPERSÃO
extremas devem se tornar o este número será de
“novo normal” em todas as apenas 18%.
áreas prioritárias.
PODE AJUDAR
Já com um aumento limite de
2°C da temperatura global, o
AQUECIMENTO EFEITOS
risco de extinção local cai para
cerca de 25% sem dispersão
GLOBAL EM CADEIA e para 20% se as espécies

© BRENT STIRTON / REPORTAGE FOR GETTY IMAGES / WWF


puderem se mover
Foi observado aumento da
Mais de 50% das espécies de livremente.
temperatura em todas as
estações do ano nas áreas plantas poderão ser extintas
prioritárias do WWF ao longo nas áreas com grande aumento
dos últimos 50 anos. de temperatura, o que teria
efeitos prejudiciais para
muitas outras
espécies.
VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 11

A PESQUISA
As mudanças climáticas não é um fenômeno
uniforme em todo o mundo. Seja como for o seu
progresso ao longo do século, sua extensão e seus
efeitos variam localmente: algumas regiões vão
aquecer mais rapidamente do que outras, alguns
habitats serão mais afetados do que outros, algumas
espécies estarão mais aptas a tolerar o aquecimento
climático do que outras, e assim por diante

Nossa análise tem como foco as espécies estão vulneráveis às mudanças


35 áreas prioritárias do WWF em climáticas será um fator determinante
todo o mundo. Realizamos estudos nos planos de ação no futuro.
detalhados sobre cada um dos
lugares usando modelagem climática Há outra razão importante pela
para a biodiversidade. Estas áreas qual a nossa pesquisa possui este
prioritárias compreendem uma foco. A mensagem fundamental é
grande variedade de geografias, que precisamos reduzir as emissões
climas, habitats e ecossistemas, e globais de carbono ao máximo e o
cada um é particularmente rico em mais breve possível. Porém, devido à
biodiversidade. Da Amazônia ao inércia do sistema climático da Terra
deserto da Namíbia, do Himalaia ao e às nossas emissões históricas, o
Mediterrâneo, cada uma delas é única aquecimento global acontecerá, quer
e, quando juntas, refletem uma enorme queiramos, quer não. Na verdade,
amplitude e variedade de vida na Terra. já estamos vendo essas alterações.
Por exemplo, os últimos três anos
A biodiversidade é algo quase foram os mais quentes já registrados.
infinitamente variado. Assim, nossas Precisamos de medidas práticas para
projeções dividem-se em cinco grupos nos preparar para mais mudanças.
de espécies: plantas, mamíferos, aves, Os detalhes dos resultados de cada
anfíbios e répteis. Cada espécie é área prioritária nos ajuda a identificar
modelada separadamente e, em muitas onde estão as prioridades regionais
áreas prioritárias, os níveis de riscos e qual a melhor forma de direcionar
© NATUREPL.COM / REINHARD / ARCO / WWF

relacionados ao clima variam muito os nossos esforços para nos preparar


entre os grupos. Os detalhes de como, para as mudanças climáticas que o
onde e até que ponto cada uma das aquecimento contínuo está trazendo.
12 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 13

ÁREAS PRIORITÁRIAS DO WWF As áreas prioritárias do WWF são 35 regiões que contêm os ecossistemas e habitats
mais excepcionais do mundo. Estas regiões têm sido identificadas cientificamente
como “os lares” insubstituíveis e ameaçados da biodiversidade, e/ou apresentam uma
oportunidade de conservar a maior e mais intacta representação de seu ecossistema.

1 Grandes lagos africanos


2 Florestas montanhosas de Altai-Sayan
3 Amazônia e as Guianas
4 Amur-Heilong
5 Mares do Ártico 5
6 Mata Atlântica
7 Bornéu
8 Cerrado-Pantanal 18
9 Desertos de Chihuahua
10 Choco-Darien 4
2
11 Costa Oriental da África
25 17
12 Bacia do Congo
13 Triângulo dos corais 20
14 Himalaia oriental 27
9 14 35
15 Fynbos
16 Galápagos 21
17 Grande bacia do Mar Negro
18 Lago Baikal 26 34
10 33
19 Madagascar
20 Mediterrâneo 7
16 3 12 1 32 13
21 Complexo de Mekong 24
22 Florestas de Miombo 8 11 31
23 Namib-Karoo-Kaokoveld 22
19 31
24 Nova Guiné e as ilhas litorâneas
6 23
25 Grandes planícies do Norte
30
26 Rio Orinoco e as florestas inundadas
15
27 Rios e córregos do Sudeste
28 Sul do Chile 28 29
29 Oceano Antártico
29
30 Sudoeste da Austrália 29
31 Sudoeste do Pacífico
32 Sumatra
33 Marinas de África ocidental
34 Gates ocidentais 29
35 Yangtzé
14 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 15

METODOLOGIA: MODELAGEM
Este método se baseia no • Aumento de 4,5°C, parte marinha de oito áreas
pressuposto de que os sistemas correspondente a um cenário prioritárias – duas das quais
ecológicos são, em grande parte, de manutenção das tendências são exclusivamente marinhas

CLIMÁTICA PARA A BIODIVERSIDADE


resilientes às mudanças de atuais de crescimento e seis possuem uma parte
temperatura e de precipitação econômico, o cenário marinha e outra terrestre.
que se enquadram nos limites “business as usual”, onde não
da variabilidade natural são feitos esforços adicionais
recentemente experimentada. para reduzir as emissões e DISPERSÃO E ADAPTAÇÃO
Nosso estudo modela como o clima – representado por as concentrações de gases Embora a ação global e
duas variáveis importantes, temperatura e precipitação do efeito estufa continuam a coletiva sobre o clima seja
Primeiro, examinamos a aumentar sem controle. essencial, esforços localizados
– deverá mudar nas 35 áreas prioritárias até o final do variabilidade natural do clima para ajudar as espécies a
século. Em seguida, os dados de clima são divididos em para cada uma das áreas Então, usamos os dados da sobreviver em condições
prioritárias ao longo de dois biodiversidade da Fase II variáveis também farão uma
três períodos de 30 anos1 e modela como provavelmente períodos de 30 anos (1961- da Wallace Initiative, que grande diferença positiva e
será a resposta da riqueza de espécies.2 1990 e 1984-2013). Avaliamos tem modelado os impactos podem ajudar a reduzir as
alterações na sazonalidade da potenciais das mudanças taxas de extinção local.
temperatura, da precipitação, climáticas para quase 80.000
na frequência de dias mais espécies de plantas, aves, Conforme as características
úmidos e na cobertura de mamíferos, répteis e anfíbios. climáticas mudam, algumas
nuvens e então criamos uma espécies podem evoluir e se
base de comparação para Combinando os dados de adaptar às novas condições
avaliar as mudanças futuras distribuição das espécies ambientais. Outras devem
– o que nos permitiu observar observadas com pesquisas se adaptar migrando para
como as temperaturas já sobre como cada uma dessas locais que são mais adequados
estão aumentando nas espécies serão afetadas para a sua sobrevivência.
áreas prioritárias. em diferentes aumentos Por exemplo, as altitudes
de temperatura, podemos mais elevadas tendem a ser
projetar uma indicação mais frias. À medida que a
Segundo, modelamos
de como a biodiversidade temperatura aumenta, alguns
três cenários climáticos
pode mudar em cada área mamíferos poderão migrar
alternativos ao longo do
prioritária sob os cenários gradualmente, saindo das
século – e, consequentemente,
climáticos listados acima. planícies para as colinas, o
os diferentes aumentos da
que os manteria em um clima
temperatura média global:
Este resumo do relatório adequado. As aves, por sua
contém uma síntese dos vez, poderão viajar longas
• Aumento de 2°C, o limite resultados da parte terrestre distâncias para novas áreas
máximo da temperatura de 33 áreas prioritárias onde anteriormente teriam
previsto no Acordo de Paris. para explorar as tendências dificuldades de prosperar. Esse
REFÚGIO gerais para os cinco movimento, ou dispersão, é
• Aumento de 3,2°C, previsão a grupos de espécies sobre uma importante estratégia de
partir do primeiro conjunto de as mudanças climáticas. adaptação natural, e pode ser
Refúgio climático é o nome dado a uma Para este estudo, definimos um refúgio
metas do Acordo de Paris. Na pesquisa subjacente, também facilitado por
área que permanece climaticamente como uma área onde 75% do número total
também examinamos a esforços humanos.
adequada para algumas espécies, de espécies identificadas em um grupo
© MARTIN HARTLEY / WWF

enquanto outras áreas se tornam muito específico dentro de uma área prioritária
1
2011-2040, 2041-2070 and 2071-2100.
quentes, muito secas ou muito úmidas. É ainda será encontrado, mesmo diante das 2
Em termos metodológicos, este estudo sobre as respostas das espécies em um clima em mudança utiliza
um conceito-chave para o planejamento mudanças em curso. Estas são, portanto,
modelagem bioclimática, contrária aos modelos mecanicistas ou a análise baseada em traços.
futuro. Algumas áreas prioritárias têm as áreas onde as poucas espécies correm o 3
 s cenários foram baseados em percursos de Caminhos Representativos de Concentração (do inglês, Representative Concentration
O
grandes regiões que permanecem como risco de desaparecimento. Pathways) para os gases de efeito estufa (estes foram usados pelo IPCC na sua 5ª Avaliação) e considerou 21 modelos de circulação global do
CMIP5 framework (5ª fase do projeto de intercomparação de modelos acoplado).
refúgios, mesmo com altas taxas de 4
 Acordo de Paris tem o objetivo de manter o aumento da temperatura global abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e continuar
O
aquecimento global; outras muito menos. iniciativas para limitar o aumento de temperatura até 1,5°C.
5
Em uma resolução espacial de 20 km x 20 km
16 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 17

No entanto, ter o potencial de alternativas nos permite ver o benefício AS LIMITAÇÕES DA PESQUISA excessiva. Hoje, existe apenas uma pequena
mudar para uma nova área não é o que os esforços de adaptação que população e está ameaçada por espécies invasoras,
Para cada um dos grupos de espécies foi usado uma doenças e pela depressão endógama. Sem medidas
mesmo que realmente o fazer. Isto facilitem a dispersão podem trazer. única taxa de dispersão. Na realidade, algumas
depende da existência de corredores de conservação mais efetivas, as populações
espécies devem se dispersar mais rapidamente reprodutoras podem chegar a um ponto inviável.
ecológicos viáveis que liguem os A importância de dispersão varia muito ou mais lentamente do que a taxa assumida. Por
habitats – e, hoje, a fragmentação de de região para região. Em algumas faz Claro que uma pequena população com um
exemplo, algumas sementes que são dispersas patrimônio genético limitado será menos capaz de
habitats está ocorrendo em taxas sem pouca diferença onde a espécie pode pelo vento podem se deslocar muito mais rápido,
precedentes. Os habitats dependem ou não se mover rapidamente. Em lidar com pressões crescentes no seu ambiente do
enquanto uma árvore que produz frutos a cada que uma espécie com maior diversidade genética.
dos ecossistemas para manter sua outros lugares, as espécies de aves ou de cinco anos não poderá se dispersar tão rápido.
viabilidade diante da crescente mamíferos podem ser capazes de lidar
pressão de exploração insustentável com algum nível de aquecimento desde Quanto às interações com outros grupos de
Nossa análise investiga dados climáticos espécies, em certas regiões, uma alta proporção
dos recursos, da infraestrutura, que possam se dispersar. Em alguns amplamente disponíveis, incluindo dados de
do aumento da população, do casos raros, tais espécies podem até de mamíferos e de aves é fisiologicamente
temperatura média e de precipitação. No entanto, capaz de tolerar temperaturas mais elevadas.
desenvolvimento insustentável e de aumentar em número de indivíduos que não incluem os impactos climáticos uma vez que
uma série de outras ameaças, incluindo podem colonizar áreas anteriormente No entanto, pode haver uma perda projetada
não ocorrem em todas as áreas prioritárias. Isto de um quarto de todas as espécies de plantas
a própria mudança climática. hostis e agora se tornaram adequadas significa que a nossa análise das regiões polares não
para habitat e alimentação. caso a temperatura média aumente 2°C. Já se
reflete totalmente a realidade destes lugares. as temperaturas forem ainda mais elevadas,
Em termos de conservação, o desafio
é analisar cada região em detalhe e Dispersão, no entanto, é um processo essa proporção pode ultrapassar uma perda
Sabemos que os sistemas naturais responderam de 50% em muitas regiões. Uma mudança
decidir onde e como uma ação local gradual e a distribuição das espécies historicamente à variabilidade na temperatura
pode contribuir de maneira mais ampla só pode ser alterada em alguns dessa magnitude terá um efeito significativo
e na precipitação, e assumimos que isto fornece nos habitats: grupos de espécies podem perder
para a conservação da biodiversidade quilômetros por década ou menos. As algumas informações sobre os impactos no
– o que pode ser abrindo corredores duas projeções não mostram diferença as plantas necessárias para sua alimentação
futuro. No entanto, latitudes mais elevadas e, talvez, torne necessária uma mudança de
ecológicos, restaurando e conservando para plantas, répteis e anfíbios, geralmente experimentam grandes flutuações de
os habitats, garantindo que outras pois sua típica taxa de dispersão só dieta. Também existe a possibilidade de aquelas
temperatura interanuais, quando comparadas espécies de plantas que são usadas como abrigo
ameaças ambientais sejam reduzidas permite que eles se movam em uma com as regiões temperadas e tropicais. Por
tanto quanto possível. O nosso distância menor do que o tamanho da possam desaparecer. Então, mesmo que seja
exemplo, no Ártico, a média da temperatura possível lidar com o clima mais quente, sua
exercício de mapeamento de dados célula do nosso estudo (20 km x 20 sazonal da superfície pode variar entre
fornece um material que ajuda a km). Mesmo que haja movimentos, sobrevivência em longo prazo ficará incerta.
1,6°C e 4,3°C, dependendo da época. Isto
orientar tais esforços. eles seriam relativamente pequenos significa que a vulnerabilidade das espécies
em comparação ao das aves e dos Da mesma forma, o desaparecimento de um
baseadas na comparação de temperatura pode predador de topo pode desequilibrar toda uma
Para cada cenário de temperatura mamíferos, ou seja, populações de ser subestimada nessas áreas. Embora as
global, consideramos duas alternativas anfíbios e répteis são mais propensas cadeia alimentar (efeito top-down), e os impactos
espécies tenham experimentado temperaturas poderão ser percebidos ao longo da cadeia
por área prioritária. A primeira não a serem “ultrapassadas” por mudanças comparáveis anteriormente, os extremos do
considera a dispersão – assume em seus ambientes. Se os hábitats trófica. Por outro lado, algumas regiões com
passado não criaram condições consistentes de temperaturas mais quentes podem ser adequadas
que as espécies são incapazes de se atuais se tornarem inadequados baixo nível de gelo que restringirá severamente a
deslocar de seu local atual. A segunda para estas espécies do ponto de para novas espécies. Isso pode contribuir com um
vida marinha do Ártico no futuro. aumento da competição por recursos limitados
alternativa pressupõe que a dispersão vista climático, talvez tenhamos que
pode acontecer numa velocidade translocar as populações de espécies e afastar os rivais mais fracos. Projeções deste
Nossos resultados concentram-se em como os tipo estão além do escopo de nossa pesquisa, mas
natural sem barreiras humanas (por ameaçadas para refúgios, como um grupos de espécies provavelmente responderão
exemplo, cidades) ou geográficas último recurso ― que provavelmente sugerem que os nossos dados são conservadores.
apenas aos fatores climáticos6. Os resultados
(por exemplo, montanhas) que será caro e difícil. Em muitas regiões, não tentam mostrar como fatores que não estão
impeçam este movimento e assume em comparação aos animais, espécies Nossa pesquisa contribui para uma base de
relacionados ao clima, como doenças ou perdas evidência crescente sobre como as espécies serão
que existam habitats adequados para de plantas enfrentam as maiores de habitat induzidas pelo homem, também
a livre movimentação, com comida perdas quando o clima aquece. afetadas pelas mudanças climáticas. Como existem
podem enfraquecer ou reforçar a resiliência das outras formas de avaliar a vulnerabilidade das
apropriada. A diferença entre essas espécies conforme as temperaturas aumentam. espécies, os resultados não devem ser utilizados
Por exemplo, os rinocerontes selvagens de Java isoladamente. Recomendamos que eles sejam
estão à beira da extinção por muitos fatores, usados em conjunto com outros estudos
como a perda e fragmentação de habitat e a caça específicos de espécies.
6
Existem três principais métodos de avaliação da vulnerabilidade das espécies às mudanças climáticas: correlativo, mecanístico e baseado
em características (traço). Utilizamos modelagem correlativa de distribuição de espécies para produzir esses resultados. Os pressupostos e
limitações deste método são discutidas na literatura, como, por exemplo, Elith & Leathwick 2009 e referências nele.
19

CONCLUSÕES
Há duas maneiras
diferentes de interpretar
os resultados da nossa
pesquisa.7
Por um lado, os dados mostram
impactos regionais do aquecimento
global. Podemos verificar que muitas
espécies em cada uma das áreas
prioritárias estão ameaçadas em
diferentes cenários climáticos. Também
podemos ver os potenciais benefícios
que a adaptação regional que possibilita
a dispersão natural pode trazer. Isto
fornece um contexto histórico crucial
para o planejamento de como e onde
podemos efetivamente dedicar os
recursos para conservação e adaptação.

Ao mesmo tempo, estes resultados


locais se combinam e mostram um
cenário global maior. Enquanto as
35 áreas prioritárias são todas muito
diferentes, os resultados coletados
revelam algumas tendências marcantes.
Há evidências poderosas sobre uma
urgente ação global para mitigar os
efeitos das mudanças climáticas.

ÁREAS PRIORITÁRIAS: DESTAQUES


© BRENT STIRTON / REPORTAGE FOR GETTY IMAGES / WWF

As próximas páginas mostram um


resumo das nossas conclusões para oito
das 35 áreas prioritárias, selecionadas
para fornecer uma fotografia dos
impactos potenciais para uma gama
diversificada de habitats naturais em
todo o mundo. Enquanto as condições
locais, topográficas e de espécies
variam muito, fica claro que as
mudanças climáticas representam
uma grave ameaça para a
biodiversidade mundial.
7
 ma síntese da nossa pesquisa e desses resultados
U
foi revisada e publicada na revista científica da
Climatic Change.
20
PLANTAS
A Amazônia abriga até

AMAZONIA A GUIANAS
80.000 espécies de
plantas, muitas das quais
são endêmicas da região.
Elas ajudam a regular o
Os ecossistemas da Amazônia abrigam em torno de 10% de clima global e os ciclos de
água locais e a sustentar
todas as espécies conhecidas e desempenham um papel crucial a rica fauna da floresta.
na regulação do clima global. Também fornecem
alimentos, combustível,
abrigo e medicamentos
para as pessoas, incluindo
Habitat: Floresta tropical, PERSPECTIVA as 350 etnias indígenas
que vivem na Amazônia.
floresta inundada, rios
A Amazônia é altamente vulnerável às mudanças climáticas. Um Muitos medicamentos
Clima: Clima tropical aumento de 2°C na temperatura faria com que a nova média modernos são derivados
equatorial quente durante de temperatura fosse mais quente do que aquelas de extremos de plantas da floresta, de
o ano todo. Temperaturas climáticos anteriores, ameaçando mais de um terço das espécies maneira que a perda da
médias projetadas para igualar de todos os grupos no cenário de ausência de dispersão. Já em biodiversidade poderá
ou ultrapassar os extremos um cenário de manutenção das tendências atuais de crescimento nos privar de futuras
históricos até a década de 2020. econômico, o “business as usual”, este número aumenta para descobertas médicas. Até
dois terços. Em qualquer que seja o cenário, as plantas sofrerão mesmo o menor aumento
Aumento de temperaturas bastante e os anfíbios devem estar severamente ameaçados. de temperatura modelada
média regional: (de 2ºC) prevê que 4 em
Os esforços de adaptação nestes locais são fundamentais para 10 de todas as espécies
1984-2013 aves e mamíferos, uma vez que muitos podem escapar dos piores
+0.2°C
de plantas estarão em
efeitos das mudanças climáticas se forem capazes de se deslocar risco de extinção local até
1961-1990 para as áreas mais frias – os Andes continuam como um refúgio o final do século. Já nas
mesmo em altas temperaturas. É necessário que a conectividade atuais metas de redução
esteja no centro dos planos de conservação. de emissões, podemos
esperar que cerca de 6 em
10 espécies desapareçam.

© ADRIANO GAMBARINI / WWF LIVING AMAZON INITIATIVE / WWF-BRAZIL


Figura 1: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico
mostra três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem
dispersão (‘+’ indica um possível aumento da riqueza causada pela colonização de outras espécies).

Cenário das mudanças climáticas globais

2°C 3.2°C 4.5°C

Sem Com Sem Com Sem Com


Grupo de espécies dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão

Plantas 43 43 59 59 69 69

Pássaros 37 + 51 + 64 13

Mamíferos 36 0 50 10 63 30

Anfíbios 47 47 62 62 74 74

Répteis 35 35 48 48 62 62
22

AMUR-HEILONG
Os estepes enormes e as florestas temperadas desta remota
região do Nordeste da Ásia abrigam espécies ameaçadas de
extinção, incluindo tigres e leopardos de Amur.

Habitat: Taiga, floresta PERSPECTIVA


temperada, pastagens
estépicas, pântanos A adaptação é um tema-chave em Amur-Heilong. Teoricamente,
as espécies de mamíferos e de aves residentes devem ser
Clima: Variado, com médias fisiologicamente capazes de se dispersar. A questão é se
sazonais de 15°C a -20,5 °C. podemos manter a necessária conectividade entre os habitats
Metade da região é coberta por desta vasta região. Se não for possível, até com as metas atuais
permafrost. Com um aumento há o risco de perder um terço dos mamíferos e quase um PINHEIRO COREANO
global de 2°C, as temperaturas quinto das espécies de aves que ali ocorrem. As tendências
O pinheiro coreano é uma
médias entre junho e climáticas já estão alterando as rotas de migração para grandes
árvore particularmente
novembro se tornarão maiores populações de espécies, como é o caso da gazela mongol.
importante na região e
do que as temperaturas
fornece habitat ideal para
extremas de hoje. Apesar de uma taxa relativamente menor de vulnerabilidade
ocorrência de espécies
dos animais em Amur-Heilong, habitats adequados
Aumento da temperatura de presas de tigres e de
permanecem em um estado crítico – e a mudança na
média regional: leopardos. No entanto,
distribuição de espécies de plantas possivelmente será afetada
a modelagem climática
significativamente nos habitats existentes.
1984-2013 sugere que os maciços de

1961-1990
+0.6°C pinheiro coreano serão
substituídos por carvalhos
e olmos, em grandes
áreas, particularmente
no nordeste da China.
Figura 2: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico Algumas reduções da
mostra três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem distribuição são esperadas
dispersão (‘+’ indica um possível aumento da riqueza causada pela colonização de outras espécies). (12-44%) para a década
de 2030. Existe alguma
Cenário das mudanças climáticas globais chance de que a espécie

© NATUREPL.COM / KONSTANTIN MIKHAILOV / WWF


2°C 3.2°C 4.5°C
seja capaz de expandir a
sua distribuição ao norte,
Sem Com Sem Com Sem Com mas, para isso, dependerá
Grupo de espécies dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão do tipo de solo e da taxa
de dispersão. Pinheiros
Plantas 20 20 32 32 42 42 coreanos possuem longa
Pássaros 14 + 18 + 24 + duração, mas estresses
ambientais podem levar
Mamíferos 20 + 33 + 48 14 à formação reduzida
da árvore e aumentar
Anfíbios 11 11 23 23 46 46
o risco de perda devido
Répteis 6 6 11 11 18 18 a perturbações (por
exemplo, fogo, insetos).
24

COSTA ORIENTAL DA ÁFRICA


As regiões costeiras da África Oriental estão entre as
áreas mais biodiversas do continente. Porém, a extração
descontrolada dos recursos, a agroindústria e o rápido
crescimento populacional já ameaçam a biodiversidade.

Habitat: Savana, floresta, PERSPECTIVA


manguezais, recifes de corais
As regiões costeiras da África Oriental são altamente vulneráveis
Clima: Quente. Temperaturas às mudanças climáticas. Mesmo com um aumento global de 2°C, ELEFANTE AFRICANO
médias projetadas para a área é projetada a se tornar climaticamente inadequada para A água é essencial para
igualar ou exceder os extremos mais de 25% da biodiversidade da maioria dos grupos de espécies, os elefantes africanos que
históricos até a década de e apenas os répteis se saem melhor. Se a temperatura global precisam beber entre 150 a
2020, que serão ultrapassados aumentar mais rapidamente, a situação se torna pior: com um 300 litros por dia, além de
até o final do século. Mais aumento de 4,5°C, 7 de 10 anfíbios, 6 de 10 aves, 4 de 10 répteis usá-la para brincar e tomar
secas são projetadas no futuro. e mais da metade de todas as espécies de mamíferos analisadas banho. Temperaturas
estarão seriamente ameaçadas, a menos que grandes esforços de mais quentes e menos
Aumento da temperatura adaptação sejam feitos. Em ambos os casos, 56% das espécies de chuva ― bem como um
média regional: plantas estão em risco de extinção local. aumento projetado em
períodos de seca severa -
Quanto à biodiversidade marinha, o aumento nas temperaturas da terão um efeito direto no
1984-2013 água tornará as condições menos adequadas para muitas espécies e
+0.4°C
tamanho das populações
poderá levar ao branqueamento dos corais. Com isso, espera-se que de elefantes. As populações
1961-1990 outras espécies colonizem a área, provocando algumas mudanças são limitadas pela
nos ecossistemas. As tartarugas marinhas já estão alterando suas disponibilidade de água
rotas migratórias e locais de nidificação: ainda não sabemos até que e comida. À medida que
ponto elas conseguirão se manter com as contínuas mudanças. esses recursos se tornam
mais escassos, eles podem
Figura 3: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O competir com os seres
gráfico mostra três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão humanos, bem como com
quanto sem dispersão. as outras manadas. A
mortalidade dos indivíduos
Cenário das mudanças climáticas globais jovens aumenta em
períodos de seca.
2°C 3.2°C 4.5°C

Sem Com Sem Com Sem Com


Elefantes têm alguma
dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão capacidade adaptativa,
Grupo de espécies
embora não esteja claro até
Plantas 29 29 45 45 56 56 que ponto são capazes de
acompanhar as mudanças

© MARTIN HARVEY / WWF


Pássaros 34 7 50 17 62 30
das condições climáticas.
Mamíferos 33 6 45 6 51 5 Eles se comportam de
maneira diferente quando
Anfíbios 40 40 59 59 69 69 as temperaturas aumentam,
comendo menos e
Répteis 22 22 33 33 42 42
descansando mais, gastando
mais tempo na água e à
sombra para se resfriar.
26
LÊMURES
Os lêmures são

MADAGASCAR
encontrados apenas em
Madagascar. Um estudo
de 2015 demonstrou
que 60% das 57 espécies
Milhões de anos de isolamento mapearam um caminho modeladas teriam sua
evolutivo único para as plantas e animais na ilha de Madagascar distribuição reduzida
substancialmente (média
– mas ainda enfrentam a ameaça do aquecimento global. de 56,9%), devido ao
aquecimento projetado
entre 2ºC e 4°C.8 Uma
Habitat: Floresta tropical, PERSPECTIVA minoria – nove espécies
desertos, planaltos,
Mesmo que o aumento de temperatura global esteja limitado a – poderá expandir sua
manguezais, recifes de corais
2°C, Madagascar deverá se tornar climaticamente inadequada distribuição, enquanto
Clima: Majoritariamente para mais de um quarto das espécies em todos os grupos os demais permanecerão
quente, mas condições muito taxonômicos analisados. No cenário de manutenção das estáveis.
variadas, desde desertos tendências atuais de crescimento econômico “business as
a florestas tropicais. As usual”, este número sobe para mais da metade e todos os grupos Três áreas foram
temperaturas foram estáveis serão gravemente ameaçados. A dispersão ajudará as aves e os identificadas como
no passado e um aumento de mamíferos até certo ponto, mas serão necessárias intervenções refúgios especificamente
0,6°C a 1°C será suficiente de política generalizadas para manter a viabilidade e a importantes para os
para que sejam superiores aos conectividade dos principais hábitats. lêmures: a península de
extremos históricos. Estações Masaloa, ao redor do rio
mais secas e menos nubladas A variação geográfica desempenha um papel importante. De Mangoky, e uma área
são projetadas. modo geral, inicialmente, o aumento das temperaturas terá no noroeste inclusive
mais impacto na parte mais seca do sul da ilha do que nas Ankarfantsika.
Aumento da temperatura florestas úmidas ao norte. Como a temperatura continua a 8
 hifting ranges e conservation
S
média regional: aumentar, isso deverá se espalhar para outras áreas, com umas challenges for lemurs in the
partes centrais tornando-se potencialmente inadequadas para face of climate change, Jason
1984-2013 mais de três quartos das espécies de mamíferos modelados. L Brown and Anne D Yoder,

1961-1990
+0.4°C Ecology and Evolution, vol 5
número 6.

Figura 4: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico mostra
três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem dispersão.

Cenário das mudanças climáticas globais

2°C 3.2°C 4.5°C

Sem Com Sem Com Sem Com


Grupo de espécies dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão

© EDWIN GIESBERS / NATUREPL.COM


Plantas 25 25 42 42 54 54

Pássaros 28 14 44 28 57 40

Mamíferos 30 7 46 13 57 18

Anfíbios 31 31 47 47 58 58

Répteis 28 28 43 43 55 55
28

TARTARUGAS MARINHAS
MEDITERRÂNEO O Mediterrâneo é
importante para três
espécies de tartarugas
Mais de 300 milhões de visitantes a cada ano colocam uma marinhas: a tartaruga-de-
enorme pressão sobre os demais recursos deste mar, onde couro, a verde e a cabeçuda.
três continentes se encontram: é uma região que o Painel Elas estão seriamente
ameaçadas pelas mudanças
Intergovernamental sobre as Mudanças Climática (IPCC) climáticas. Os principais
identificou como um importante local de impacto climático. problemas são os locais de
alimentação e
Habitat: Mar, litoral, PERSPECTIVA de reprodução.
Mediterrâneo, floresta, montanhas
O Mediterrâneo é vulnerável mesmo em baixos níveis de
Clima: Verões quentes, mudanças climáticas: se o aumento ficar limitado a 2°C, quase A reprodução pode
invernos amenos, com médias 30% da maioria dos grupos de espécies estará em risco, e mais ser afetada de duas
futuras superando rapidamente de um terço de todas as plantas também. Se não conseguirmos maneiras. Primeiro, a
os extremos climáticos do limitar a temperatura, a situação se torna ainda mais sombria: temperatura da areia,
passado. A maioria dos modelos sob as atuais metas de redução de emissões, mais da metade de onde as tartarugas
climáticos projetam menor todas as espécies de plantas e de um terço a metade dos outros colocam seus ovos é um
precipitação e cobertura de grupos de espécies devem desaparecer. Em um cenário de fator que determina o
nuvens em todas as estações manutenção das tendências atuais de crescimento econômico, o sexo das tartarugas.
do ano, tornando as secas mais “business as usual”, quase metade da biodiversidade da região Normalmente, os machos
graves e aumentando o risco de será perdida. nascem de ovos na parte
incêndio florestal. inferior e mais fresca do
Mamíferos e aves podem se adaptar em algum grau se forem ninho: as temperaturas
Aumento da temperatura capazes de se dispersar – mas este é um grande desafio elevadas podem resultar
média regional: em uma região onde os habitats já sofreram degradação e em apenas filhotes fêmeas
fragmentações significativas. ou, acima de uma certa
temperatura, nenhum dos
1984-2013
+0.6°C
ovos sobrevive. Apesar das
fêmeas poderem mudar
1961-1990 a profundidade do ninho
como resposta, não é
Figura 5: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico mostra possível saber se isso será
três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem dispersão.
suficiente para compensar
o aquecimento de areia.

© JONATHAN CARAMANUS / GREEN RENAISSANCE / WWF-UK


Cenário das mudanças climáticas globais
Segundo, as mudanças
2°C 3.2°C 4.5°C climáticas também
aumentam o nível do
Sem Com Sem Com Sem Com mar, com marés mais
Grupo de espécies dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão altas e maior frequência
de eventos climáticos
Plantas 36 36 55 55 69 69
extremos. Isto pode
Pássaros 21 10 35 22 49 36 alterar ou destruir os
locais de nidificação das
Mamíferos 29 16 45 30 60 45 tartarugas, que já são
Anfíbios 26 26 43 43 57 57
raros e frágeis, podendo
levar a extinções locais
Répteis 16 16 30 30 43 43 onde a reprodução não é
mais viável.
30
CÃO SELVAGEM AFRICANO
Cães selvagens africanos
FLORESTAS DE MIOMBO são sensíveis ao calor,
geralmente caçam nos
períodos mais frescos
do dia. Então, os dias
As florestas de Miombo cobrem uma grande parte do centro mais quentes são
e do sul da África. Esta região de 2,4 milhões de km2 é também períodos de
escassamente povoada por agricultores de subsistência. Mas, caça potencialmente
mais curtos e com
devido ao rápido crescimento da população, é uma das áreas menos alimentos, o que
prioritárias mais vulneráveis às mudanças climáticas. resulta na redução da
sobrevida dos filhotes.
Habitat: Pastagens tropicais PERSPECTIVA Um aumento de 2°C
reduziria sua distribuição.
e subtropicais, savanas,
vegetação rasteira Mesmo um aumento global de 2°C provocará graves danos para Já a meta climática atual
a vida selvagem nas florestas de Miombo e as maiores projeções poderia vera a espécie
Clima: Muito variado, são desastrosas para todos os grupos de espécies. Tais impactos desaparecer da região
de úmido a semiárido e também sugerem fortemente que o ecossistema inteiro será quase totalmente. Cães
de tropical a temperado. severamente afetado, provavelmente causando problemas selvagens vivem em
É provável que eventos àquelas espécies que permanecerem adequadas ao clima. alcateias altamente sociais
climáticos extremos mais e são susceptíveis a várias
frequentes e com maior As águas subterrâneas se tornarão cada vez mais importante doenças – e as mudanças
variabilidade de precipitação nas pastagens da região, uma vez que afeta diretamente as climáticas podem
resultem em limitada populações de vida selvagens – os 14.600 km2 do Parque aumentar a propagação
produtividade florestal e Nacional de Hwange já depende de poços bombeados para de doenças de animais
degradação dos recursos hídricos. sustentar mais de 45.000 elefantes. Portanto, o posicionamento selvagens.
estratégico e gestão de poços serão fundamentais. As rotas de
Aumento da temperatura conectividade para a vida selvagem entre refúgios delimitados Populações de cães
média regional: também são fundamentais para a futura conservação, por isso selvagens estão em
que as áreas prioritárias da biodiversidade e importantes áreas declínio no mundo
1984-2013 para as aves já estão sendo priorizadas. inteiro. Como o conflito

1961-1990
+0.7°C por recursos naturais,
incluindo conflito por
água e terra, aumenta
Figura 6: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico mostra devido às mudanças
três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem dispersão. climáticas, as espécies
como cães selvagens
africanos provavelmente
Cenário das mudanças climáticas globais
enfrentarão mais
2°C 3.2°C 4.5°C pressões em sua luta pela
sobrevivência.
Sem Com Sem Com Sem Com
Grupo de espécies dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão

© WILL BURRARD-LUCAS / WWF-US


Plantas 47 47 69 69 81 81

Pássaros 48 34 72 62 86 77

Mamíferos 45 35 67 56 80 68

Anfíbios 54 54 79 79 90 90

Répteis 50 50 69 69 81 81
32 WALLABY DE ROCHA
Exclusivo da Austrália, o
wallaby é um marsupial

SUDOESTE AUSTRÁLIA
de rocha que prefere o
terreno acidentado e tem
pés que são especialmente
adaptados para agarrar
A ponta sudoeste da Austrália é uma das regiões de maior a rocha, em vez de
cavar o solo. Vivem em
biodiversidade do continente, com muitas espécies endêmicas. áreas rochosas, com
É também um dos lugares mais vulneráveis em nosso estudo, cavernas e fendas onde
podem se abrigar dos
com o aumento da temperatura global.
extremos climáticos –
mas, em termos gerais,
Habitat: Florestas PERSPECTIVA estão ameaçados pelo
aquecimento global.
mediterrânicas, bosques,
vegetação rasteira Mesmo que o aumento da temperatura média global fique Possuem alimentação
limitado a 2°C, a projeção é que o sudoeste da Austrália se torne adaptável, consumindo
Clima: Em geral, a região inadequado para 30-60% das espécies em todos os grupos. uma grande variedade
tem um clima mediterrânico, Se considerarmos os níveis de emissões a partir das metas de gramíneas, arbustos
com alta precipitação e seca no anunciadas pelos países, metade de todas as aves e répteis, e ervas. Mas, seu
verão. Aumentos dos períodos dois terços dos mamíferos e cerca de 80% dos anfíbios devem pequeno tamanho e alto
de seca são projetados em desaparecer. Para as plantas, este índice é de 60%, o que pode metabolismo faz com que
todas as estações do ano. alterar radicalmente os ecossistemas em toda a região. O cenário o wallaby de rocha precise
de manutenção das tendências atuais de crescimento econômico, de alimentos de alta
Aumento da temperatura o “business as usual”, pode ser devastador para todos os grupos qualidade para sobreviver.
média regional: de espécies. A dispersão melhoraria um pouco para aves e A estrutura da vegetação
mamíferos, mas, mesmo com a dispersão máxima, o número de que eles necessitam
1984-2013
+0.3°C
espécies que devem desaparecer continua incrivelmente alto. deve mudar à medida
em que as temperaturas
1961-1990 Infelizmente, a Austrália já viu a primeira extinção global aumentam: como o
de uma espécie de mamífero provavelmente causada pelas interior de Austrália se
alterações climáticas: a espécie Melomys rubicola, um roedor torna cada vez mais árido,
da ilha de Bramble Cay, que desapareceu do seu único hábitat as populações do wallaby
conhecido após uma série de inundações ligadas ao aumento do deverão ficar limitadas às
nível do mar. zonas costeiras.

Figura 7: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico mostra O wallaby vive em colônias
três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem dispersão. de 5 a 100 indivíduos.
A conectividade de
Cenário das mudanças climáticas globais hábitats permitiria que
esses grupos possam se
2°C 3.2°C 4.5°C dispersar e se misturar,
mantendo um patrimônio
Sem Com Sem Com Sem Com

© NATUREPL.COM / FRED OLIVIER / WWF


dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão
genético saudável. Maas,
Grupo de espécies alguns pesquisadores
Plantas 41 41 60 60 74 74 temem que a crescente
fragmentação da
Pássaros 29 18 47 35 63 53 população esteja limitando
Mamíferos 47 33 67 53 81 71 a variabilidade genética,
reduzindo a capacidade da
Anfíbios 58 58 78 78 89 89 espécie em lidar com as
mudanças climáticas.
Répteis 38 38 55 55 71 71
34

YANGTZÉ
Poucas regiões no mundo mudaram mais rápido do que o rico
e complexo Yangtzé, onde o desenvolvimento e a urbanização PANDA-GIGANTE
sem precedentes constituem um sério desafio à conservação. O atual hábitat do panda
gigante se tornará mais
quente e mais seco
Habitat: Montanhas, PERSPECTIVA à medida em que as
florestas, rios, pântanos temperaturas globais
Yangtzé aparece moderadamente vulnerável a níveis mais
Clima: Verões quentes e baixos de mudanças climáticas, com impactos se tornando aumentem (com exceção
invernos frios. Para meados cada vez mais graves conforme aumentam as emissões. Se a de algumas áreas que
do século XXI, espera-se dispersão for irrestrita, mamíferos e aves ficarão razoavelmente podem ficar mais úmidas),
temperaturas altas históricas bem, mas dispersão irrestrita nesta região que está diante de o que provavelmente
e se tornarão a nova média rápido desenvolvimento é um desafio. Sem ela, os números tornará as áreas ao norte
para todas as estações do mudam significativamente, mostrando que cerca de uma em da sua distribuição atual
ano, enquanto os modelos cada três espécies de mamíferos e de aves estão ameaçadas mais adequada para a
climáticos geralmente projetam nos níveis atuais de compromissos de redução de emissões. ocorrência no futuro.
que a maioria das estações se Plantas parecem enfrentar ameaças ainda maiores, o que pode
tornará mais úmida. ter um efeito sobre outros grupos de espécies se os habitats e a No entanto, é improvável
disponibilidade de alimentos vegetais forem significativamente que o bambu, planta
Aumento da temperatura alteradas. Até mesmo um aumento de 2°C coloca quase um de que dependem
média regional: quarto das plantas em risco, e isso aumenta para metade no exclusivamente para a
cenário de manutenção da tendência atual de crescimento sua dieta, acompanhe
1984-2013 as mudanças para as
+0.3°C
econômico, o “business as usual”.
latitudes e altitudes mais
1961-1990 elevadas. Isso, somado à
fragmentação de habitat e à
redução da dispersão, pode
ter sérias consequências
para a espécie. Pandas
– já considerados
Figura 8: Porcentagem de espécies que devem estar em risco de extinção local até 2080. O gráfico
reprodutores notoriamente
mostra três cenários diferentes de aquecimento global, modelados tanto com dispersão quanto sem
lentos – podem atrasar
dispersão (‘+’ indica um possível aumento da riqueza causada pela colonização de outras espécies).
ou interromper o
desenvolvimento dos
Cenário das mudanças climáticas globais
embriões, se eles não
2°C 3.2°C 4.5°C tiverem uma
nutrição suficiente.
Sem Com Sem Com Sem Com
Grupo de espécies dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão dispersão Outro fator é que com
temperaturas mais

© RICHARD BARRETT / WWF-UK


Plantas 23 23 37 37 50 50
elevadas na China é
Pássaros 21 2 33 8 44 16 possível que as altitudes
mais elevadas sejam
Mamíferos 23 + 36 + 46 6 importantes para a
Anfíbios 18 18 29 29 41 41 agricultura, colocando os
hábitats do panda-gigante
Répteis 15 15 23 23 32 32 sob uma pressão ainda
maior.
36 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 37

PERSPECTIVA GLOBAL
global deixaria em torno de 37% de não haja sem dispersão. Da mesma
todos os grupos de espécies nas áreas forma, se o aumento de temperatura
prioritárias vulneráveis à extinção. ficar restrito a 2°C e for possível
a dispersão, a proporção de todos
Como vimos, as áreas prioritárias do WWF refletem a incrível os grupos de espécies em todas as
diversidade de nosso planeta. Cada um tem sua própria OS BENEFÍCIOS DA DISPERSÃO áreas prioritárias que devem ficar
vulneráveis à extinção é reduzida
característica, refletem suas próprias espécies, suas próprias TOs dados acima sobre mitigação
para menos de um quinto (19%),
das emissões vêm com uma
necessidades de adaptação e suas próprias perspectivas. grande advertência: assumem que em relação a 24% caso não pudesse
as espécies são incapazes de se haver dispersão.
adaptarem às novas temperaturas
Dito isto, é somente quando facilitar a adaptação das espécies por meio de uma dispersão natural A criação de corredores ecológicos
comparamos as tendências entre eles regionais. Quanto mais olharmos para rápido o suficiente para acompanhar viáveis é um enorme desafio de
que o tamanho e alcance do desafio os detalhes, mais claro esse fato será. seu clima preferido. conservação em paisagens cada
climático enfrentado pela comunidade vez mais fragmentadas, e é pouco
internacional torna-se mais claro. provável que este conceito de
OS BENEFÍCIOS DA MITIGAÇÃO Se utilizarmos o modelo que
incorpora esta dispersão potencial “dispersão ideal” seja alcançado.
Os conjuntos de dados que Uma espécie é considerada em risco Como já dissemos, é mais difícil
das espécies, a importância da
produzimos nos permitem comparar de mudanças climáticas em uma área para os grupos de espécies de que
adaptação fica clara. Por exemplo,
a mudança nos locais em que terão prioritária se o clima for projetado se movimentam mais lentamente,
se as espécie puderem se adaptar
condições climáticas adequadas e os para se tornar inadequado para como plantas, anfíbios e répteis,
dispersando-se livremente no
efeitos em cadeia de todas as áreas que a espécie persista. A redução se dispersem. Nossos resultados
cenário climático atual, com
prioritárias para avaliar o que o das emissões dos gases de efeito mostram que a dispersão tem pouco
manutenção da tendência de
aquecimento global significará para a estufa – e, portanto, um limite no efeito sobre esses grupos de espécies
crescimento econômico (“business as
biodiversidade global. aumento das temperaturas globais – porque o tamanho das células de
usual”), dois quintos (40%) de todos
reduz a enormemente a previsão de grade utilizado no estudo é maior
os grupos de espécies das áreas
Isso significa que há duas maneiras extinção local de espécies nas áreas do que a distância média que essas
prioritárias estarão vulneráveis à
de analisar os resultados globais em prioritárias. Se o mundo continuar espécies se dispersam.
extirpação - número menor que os
diferentes cenários: podemos observar mantendo a tendência atual de
48% de extinção projetados caso
a proporção de espécies dentro dos crescimento econômico (business as
diferentes grupos projetados para usual) e as espécies não puderem se
desaparecer nas áreas prioritárias dispersar livremente, quase metade Figura 9: Como modelamos a dispersão. Espécies vivem onde o clima está adequado para eles
e também podemos observar a (48%) de todos os grupos de espécies
sobreviverem (A). Com as condições mais quentes, novas áreas podem se tornar adequadas e áreas que
quantidade de área climaticamente dentro das áreas prioritárias ficarão
era adequadas anteriormente podem se tornar muito quentes (B). Espécies podem não estar aptas a
adequada – refúgio – projetada vulneráveis à extinção. No entanto,
colonizar todas as novas áreas adequadas se o clima mudar mais rápido do que elas podem se dispersar.
permanecer dentro deles. Em outras se mantivermos as emissões de gases
palavras, podemos ver como os de efeito estufa baixas o suficiente
hábitats vão mudar junto com a para permanecer no aumento de A. Distribuição Original B. Distância máxima de disperção C. Distribuição Projetada Final
biodiversidade que depende deles. temperatura de até 2°C, a proporção
de todos os grupos de espécies em
As descobertas mais importantes não todas as áreas prioritárias que se
podem ser repetidas com frequência tornam vulneráveis à extinção é
suficiente: a biodiversidade global reduzida pela metade, ou pouco menos
sofrerá terrivelmente ao longo do de um quarto (24%).
próximo século, a menos que façamos
tudo o que pudermos – devemos As atuais promessas dos países de
manter o aumento da temperatura cortar as emissões de gases de estufa
média global abaixo do mínimo no âmbito do Acordo de Paris sugerem
absoluto e, por meio dos nossos algo entre esses dois resultados: um Key: Distribuição Original Habitat se torna adequado

esforços de conservação, temos que aumento de 3,2°C na temperatura Habitat se torna inadequado Distância máxima de dispersão
38 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 39

As figuras 10 e 11 mostram a diferença REFÚGIOS: O QUE PERMANECERÁ? Como podemos ver, o aquecimento vezes mais área (56%) atuando como
que a mitigação de gases do efeito climático reduz bastante as áreas de um refúgios.
estufa e a dispersão terrestre têm no Olhar o futuro das áreas de refúgios refúgios restantes. Sem mitigação
futuro da biodiversidade em todas sob diferentes cenários de clima é uma alguma; com uma projeção do cenário Há ainda benefícios significativos se
as áreas prioritárias. O pior cenário maneira alternativa de quantificar os de manutenção da tendência atual de a espécie for capaz de se dispersar
– de nenhuma mitigação e nenhuma benefícios da dispersão e da mitigação crescimento econômico (“business naturalmente. Com a dispersão, a
dispersão – é o ponto vermelho no – e ambos têm uma influência as usual”); e sem adaptação para a projeção do cenário sem mitigação,
canto superior direito da Figura 10. significativa sobre os resultados dispersão, menos que um quinto (18%) em que se mantém a tendência atual
projetados. da área média de cada área prioritária de crescimento econômico (“business
permanecerá como um refúgio. as usual”), mostra que os refúgios
Estes gráficos também mostram Analisamos quanto de cada área persistem em mais de um terço da
um cenário com um aumento de prioritária deve continuar a ser um No entanto, mesmo na ausência de área (33%). Já no caso de 2°C, as áreas
temperatura de 2,7°C – o que é a menor refúgio sob diferentes cenários de dispersão, se mantivermos o limite em que continuam os refúgios podem
projeção de aumento de temperatura mudanças climáticas e sintetizamos os de aquecimento em 2°C, teremos um aumentar para dois terços (66%).
com base no cumprimento das metas resultados na Figura 11 abaixo. aumento drástico de, pelo menos, três
nacionais no Acordo de Paris.

Figura 10: A porcentagem média (entre grupos de espécies e áreas prioritárias) de riscos de Figura 11: Persistência de refúgios em áreas prioritárias com ou sem adaptação para permitir
extinção local sob diferentes cenários climáticos. Os benefícios da mitigação podem ser vistos mais dispersão. A figura mostra a porcentagem média (entre grupos de espécies e áreas prioritárias) da área
à esquerda (baixo aumento de temperatura) e os benefícios da dispersão pela comparação dos de uma área prioritária que é projetada para agir como refúgio sob diferentes cenários climáticos.
pontos azuis e vermelhos.

Legenda: Sem dispersão Com dispersão Legenda: Sem dispersão Com dispersão

50 100
Risco médio de extinção local em lugares prioritários

Risco médio de extinção local em lugares prioritários


45 90

Promessas do Acordo de Paris


40 80
terrestres e grupos de espécies (%)

terrestres e grupos de espécies (%)


(estimate alta)
Nenhum negócio de
mitigação business
35 as usual
70

30 60 Paris Agreement pledges


(low estimate)

25 Promessas do Acordo de Paris


50 2°C aquecimento
global Nenhum negócio de
(estimativa baixa)
mitigação business
20 40 as usual
2°C aquecimento global
15 30
Promessas do Acordo
de Paris
10 20 (estimate alta)

5 10

0 0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5

O aumento anual anual da temperatura média global acima dos níveis pré-industriais na década O aumento anual anual da temperatura média global acima dos níveis pré-industriais na década
MUDANÇA CLIMÁTICA AÇÃO NO ÁRTICO
E AÇÕES DE As temperaturas no Ártico estão aumentando
duas vezes mais rápido do que as taxas

CONSERVAÇÃO
médias globais. A redução do gelo marinho,
o derretimento do permafrost e o aumento
do nível do mar já estão causando profundas
alterações ambientais. Nos próximos 20 anos
WWF já está trabalhando em projetos ao redor do mundo já é possível prever verões sem gelo e um
para se adaptar o aumento da temperatura. aumento acelerado no desenvolvimento - à
medida que as áreas vão se tornando mais
acessíveis para as indústrias e os direitos
indígenas sejam reconhecidos.

CUIDANDO DAS Estas mudanças estão acontecendo


rápido demais para muitas espécies

TARTARUGAS conseguirem se manter. Portanto, medidas


ativas de gerenciamento são cruciais.
Estamos usando a nossa experiência
Um dos maiores perigos que as sete para estabelecer as prioridades de
espécies de tartarugas marinhas enfrentam conservação local e nacional. Isso
é a perda das suas áreas de nidificação: inclui a criação da Área de Conservação
sem qualquer lugar para colocar seus Marinha Nacional de Lancaster Sound
ovos, elas não podem se reproduzir. Com
o aquecimento das águas e o aumento do CONSTRUINDO ÁREAS REFAZENDO RECIFES no Canadá, potencialmente designada
como Patrimônio Mundial do Ártico e,

PROTEGIDAS NO BUTÃO
nível do mar, as marés ficam mais altas e,
EM BELIZE
possivelmente, o desenvolvimento de
em muitos casos, há riscos que as áreas uma rede pan-ártica de áreas marinhas
tradicionais de nidificação das tartarugas protegidas para apoiar a resiliência
fiquem inundadas. Mais de metade da terra no Butão está
Os recifes de corais são os centros da biodiversidade. Também estamos
protegida pela natureza – com a maior
de ecossistemas com uma enorme investigando como o habitat do gelo
O WWF está trabalhando para preservar proporção na Ásia. No entanto, os recursos
biodiversidade, mas as elevadas marinho dos ursos polares deve mudará
as tartarugas marinhas ao longo da costa naturais do país ainda estão ameaçados
temperaturas dos oceanos e os níveis de nos próximos anos, e o que podemos fazer
da África Oriental, com o monitoramento pelas mudanças climáticas, devido a uma
CO2 estão afastando ou matando as algas a respeito.
dos seus ninhos, e a translocação para rápida modernização e um crescente
que os mantém saudáveis e lhes dão suas
áreas mais seguras sempre que necessário. aumento da população. O WWF e o governo
cores maravilhosas. Muitos se tornaram
Também plantamos árvores perto de do Butão criaram uma abordagem de
branqueados, cemitérios fantasmagóricos,
praias para manter as temperaturas da financiamento inovador chamada “Butão
e as perspectivas para a maioria é sombria.
areia mais baixas. para sempre” (Bhutan for Life), para manter
e gerenciar os parques e os corredores de
Porém, não precisamos assistir a isso de
vida selvagem do país em perpetuidade.
maneira impotente: algumas variedades
de coral são mais resistentes às mudanças
Este esforço veio por meio de uma
climáticas e podem reconstruir os recifes
parceria que criamos com o Centro
de corais enfraquecidos. Em Belize, temos
de Pesquisa Climática da Columbia
uma parceria com a ONG local sem fins
University. Estamos desenvolvendo

© ANTONIO BUSIELLO / WWF-US


lucrativos Fragments of Hope para criar
informações sobre risco climático para
viveiros de corais para essas variedades
permitir o melhor gerenciamento do
mais robustas. Agora, estamos plantando-
sistema dos parques nacionais no Butão.
os em recifes que anteriormente pareciam
A ênfase da nossa parceria na aplicação
sem futuro, sem esperança. E Belize é
prática traz a ciência para fora do
apenas o começo...
laboratório e para dentro do campo.
42 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 43

CONCLUSÕES RECOMENDAÇÕES
As mudanças climáticas AÇÃO REGIONAL DIRETA MAIS DADOS, MELHOR CIÊNCIA
vão inevitavelmente Em cada área prioritária, devemos Estamos melhorando constantemente
afetar a biodiversidade trabalhar para aumentar a extensão o nosso conhecimento, e mais dados
e a integridade das áreas protegidas e ficarão disponíveis à medida que
no planeta ao longo do estabelecer corredores para conectá-las os efeitos das mudanças climáticas
século. O que é menos aos refúgios climáticos. No futuro, a prosseguirem.
proteção deverá considerar os prováveis
certo é o quanto que isso efeitos das mudanças climáticas e se É essencial que continuemos a
causará de prejuízo – está contribuindo para a restauração analisar a forma como as espécies e os
isso é algo que podemos da natureza. Pode ser necessário a ecossistemas respondem aos eventos
criação de novas reservas naturais extremos e a variabilidade climática,
e devemos influenciar. em áreas que atualmente estão fora além do monitoramento de outros
da distribuição de algumas espécies, indicadores importantes, tais como as
A coisa mais importante que o mundo para atuar como futuros refúgios doenças. Quanto mais entendermos
pode fazer é manter o aumento da climáticos e aumentar a conectividade sobre as mudanças que estão ocorrendo
temperatura global a um mínimo, entre as populações fragmentadas. Nós ao nosso redor, melhor seremos
fazendo todo o possível para reduzir os precisaremos criar, ou reforçar, zonas capazes de lidar com elas. Avaliações
gases de estufa na atmosfera. tampão em torno de habitats existentes, de vulnerabilidade localizada e
garantindo que as populações estejam outras pesquisas direcionadas nos
Ttemos que parar de vez com a queima preparadas para suportar as novas e permitirão planejar de forma mais
de combustíveis fósseis. Dois graus crescentes pressões climáticas. eficaz as ações que devem ser tomadas
célsius talvez não pareça uma margem para o desenvolvimento futuro. O
enorme, mas o dano projetado para a Vida selvagem precisa de espaço ciclo de respostas entre as mudanças
biodiversidade aumenta muito quando adequado para se movimentar. da distribuição das espécies, o
comparamos o aumento definido na Fronteiras internacionais serão funcionamento do ecossistema, a
meta do Acordo de Paris e um cenário inevitavelmente atravessadas, então os segurança alimentar e o clima necessita
de manutenção das tendências atuais planos de conservação precisarão ter de mais pesquisa, e é evidente que
de crescimento econômico “business abordagens multilaterais. devemos usar essa fonte crescente de
as usual”, com projeção de 4,5°C. Se as conhecimento para nos alicerçar.
espécies forem capazes de se dispersar Refúgios são especificamente
livremente e o aumento na temperatura importantes: estamos conseguindo Também precisamos coletar dados
for de 2°C, cerca de dois terços de nossas uma melhor compreensão de longo meteorológicos em áreas onde ainda
áreas prioritárias permanecerão como prazo de quais locais dentro das áreas não são indisponíveis: enquanto
refúgios climáticos. Já se o aumento for prioritárias são os mais significativos as áreas prioritárias dão o foco
de 4,5°C, os refúgios serão reduzidos a para a conservação, considerando prático para o nosso trabalho, as
apenas um terço. o clima. É necessário que esta questões reveladas não param em
informação destaque as prioridades suas fronteiras geográficas. O desafio
A mitigação é realmente importante. para o planejamento futuro do uso da climático que enfrentamos afeta o

© ANTONIO BUSIELLO / WWF-US


Mesmo considerando um cenário terra. Atividades que podem ter um mundo inteiro, e não simplesmente
de mitigação mais otimista, áreas impacto negativo sobre os habitats as áreas designadas em um mapa.
significativas do mundo ainda se tornarão importantes devem ser evitadas. Por isso, precisamos garantir que
climaticamente inadequadas para temos dados suficientes para agir
muitas espécies. Portanto, é essencial Nos casos em que uma espécie enfrenta adequadamente em diferentes partes
garantir uma abordagem estratégica um alto risco de extinção local, será do mundo.
para o desafio da adaptação localizada, necessário considerar a translocação de
que tem um papel fundamental na indivíduos e subpopulações para refúgios
manutenção da biodiversidade. climáticos, como um último recurso.
44 VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE 45

A DIMENSÃO HUMANA ESPALHE A PALAVRA, CONSTRUA


A CAPACIDADE
Além dos animais selvagens e plantas,
as pessoas também são diretamente Os próximos desafios serão muito
afetadas pelas mudanças climáticas maiores para qualquer um dos grupos
e suas respostas podem aumentar a lidar sozinho. Desde associações
pressão sob a biodiversidade. Ainda globais e executivas nacionais até as
há muito o que a aprender nesta área, comunidades individuais e ativistas
mas há muito que podemos fazer para comunitários, todos têm um papel
reduzir as consequências negativas das a desempenhar na luta para a
ações humanas. preservação da biodiversidade para os
nossos filhos e netos.
Conforme as comunidades enfrentam
dificuldades relacionadas ao Toda adaptação é melhor planejada se
clima, é possível que mudem seus implementada em nível local. Os esforços
comportamentos de maneira cada internacionais para mitigar os aumentos
vez mais suscetível de ter um impacto da temperatura média global tanto
negativo sobre a vida selvagem. quanto possível devem ser a linha de
Agricultura, uso ineficiente da terra frente. Porém, os governos têm um papel
e desenvolvimento mal planejado crítico também em apoiar e habilitar
podem causar a perda e fragmentação as políticas que permitem mudanças
de hábitats, muitas vezes em prejuízo significativas; além de coordenar
dos serviços ecossistêmicos. Conflitos iniciativas em nível de paisagem.
entre pessoas e vida selvagem também
estão aumentando à medida que os Se nos preocupamos com o nosso
habitats são invadidos para agricultura planeta, não podemos ignorar as
e povoamento. É muito provável que questões das mudanças climáticas e
conflitos sejam ainda maiores com a a perda da biodiversidade. Agora é
escassez de recursos naturais, como a hora de buscar novos caminhos de
a água e alimentos. Isso pode resultar entendimento, melhorar a capacidade
em aumento da predação em áreas e os compromissos entre colegas,
de lavoura e pecuária por animais apoiadores, tomadores de decisão e os
silvestres, e mais animais silvestres que estão na prática no mundo inteiro.
mortos por humanos em resposta. Agora é a hora de levar isso a sério.

As comunidades precisam receber Juntos, como uma espécie unida,


apoio e incentivos para conservar vamos conseguir.
o patrimônio natural ao seu redor.
Muito pode ser feito para promover
práticas agrícolas mais sustentáveis, CLIMATE CROWD
como sistemas agroflorestais, mesmo
Traduzido no Brasil como Curiosos do Clima, o
se o objetivo é aumentar a produção
Climate Crowd, é uma nova iniciativa de reunir
ou reduzir os danos dos ecossistemas.
rapidamente grandes quantidades de dados a respeito
Também é essencial que os esforços
de como as comunidades vulneráveis são afetadas
locais de adaptação de vida selvagem
pelas mudanças climáticas; como estão lidando com
não sejam em detrimento das
essas mudanças; e quais os impactos negativos que
necessidades das comunidades locais.
suas respostas podem ter sobre a biodiversidade.
Os meios de subsistência alternativa
Atualmente temos a colaboração de um número
precisam ser criados e promovidos,
crescente de parceiros e voluntários para coletar
desde artesanato até a silvicultura de
e analisar os dados, desenvolver e apoiar soluções
baixo impacto e ecoturismo.
para ajudar as comunidades a se adaptar às rápidas
mudanças. Saiba mais em wwf.org.br/curiosodoclima
VIDA SELVAGEM EM UM MUNDO CADA VEZ MAIS QUENTE WWF.ORG.BR

Você também pode gostar