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terça-feira, 7 de agosto de 2012

Ensaio sobre a cegueira - José Saramago (3º ANO)


Oi turma
Como combinamos a atividade deve ser feira e entregue hoje, façam em duplas, tá?!
Boa atividade e lembre-se que é avaliativa!

O aspecto das ruas piorava a cada hora que ia passando. O lixo parecia multiplicar-se durante
as horas nocturnas, era como se do exterior, de algum país desconhecido onde ainda houvesse
uma vida normal, viesse pela calada despejar aqui os contentores, não fosse estarmos em
terra de cegos veríamos avançar pelo meio desta branca escuridão as carroças e os caminhões
fantasmas carregados de detritos, sobras, destroços, depósitos químicos, cinzas, óleos
queimados, ossos, garrafas, vísceras, pilhas cansadas, plásticos, montanhas de papel, só não
nos trazem restos de comida, nem sequer umas cascas de frutos com que pudéssemos ir
enganando a fome, à espera daqueles dias melhores que sempre estão para chegar. A manhã
vai ainda no princípio, mas o calor já se sente. O mau cheiro desprende-se da imensa lixeira
como uma nuvem de gás tóxicos, não tarda que apareçam por aí umas quantas epidemias,
voltou a dizer o médico, não escapará ninguém, estamos completamente indefesos[...].
José SARAMAGO, Ensaio sobre a cegueira.

1ª QUESTÃO
Sobre o trecho acima, assinale a alternativa correta.
A) A fala do médico, no fim do trecho sintetiza a total descrença no ser humano transmitida
pelo romance de Saramago, uma vez que nele se demonstra a impossibilidade de a
humanidade sobreviver a uma situação catastrófica que viesse a demolir a sociedade tal como
a conhecemos.
B) Ao descrever o impacto que a produção industrial tem sobre o meio ambiente, o texto
denuncia a completa ineficácia do avanço científico para construir uma sociedade melhor. Por
isso, é correto afirmar que Ensaio sobre a cegueira vai contra a tecnologia e a ciência.
C) A cidade é apresentada como um espaço de degradação de toda forma de vida, motivo pelo
qual os
personagens centrais pensam em fugir para o campo, onde poderiam viver dignamente.
Quanto a este
aspecto, há uma idealização da natureza que permeia todo o romance.
D) O texto baseia-se em dados científicos para construir uma hipótese razoável sobre como se
comportaria uma sociedade tomada por uma cegueira repentina. Tal atitude investigativa se
repete por todo o livro e é um dos aspectos que explicam sua qualidade de ensaio

2ª QUESTÃO
Ainda sobre o trecho de Ensaio sobre a cegueira transcrito acima, assinale a alternativa
correta.
A) O uso da primeira pessoa do plural em trechos como em ”não fosse estarmos em terra de
cegos veríamos avançar pelo meio desta branca escuridão” indica que o narrador participa
como personagem da ação narrada no romance.
B) O uso de termos banais como ”depósitos químicos”,”óleos
queimados”,”vísceras”,”plásticos”,”lixeira”,”gás
tóxico”,”epidemias”,entre outros, configura um texto descencantado e despido de toda a
estética literária.
C) O trecho apresenta algumas características bastante peculiares do estilo narrativo de
Saramago, tais como o
uso de períodos longos, a presença do discurso indireto livre e a alternância constante de foco
narrativo.
D) No final do excerto, a palavra ”Não” usada em maiúscula, logo depois de vírgula , tem a
função de realçar e
de acentuar todo o negativismo com que o médico analisa as chances de a humanidade
sobreviver.

3ª QUESTÃO
Qual alternativa não condiz com o que se passa no livro Ensaio sobre a cegueira, do escritor
português José Saramago?
a) Os acontecimentos do livro ganham velocidade pela maneira do autor escrever, com poucos
pontos, muitas vírgulas e utilizando um discurso corrente;
b) A falta de ancoragem temporal e espacial é intensificada pelo anonimato dos seres e
personagens que agem de forma irracional, tomados pelo instinto de sobrevivência;
c) A obra é marcada pelo sofrimento. Nela se descreve uma longa tortura de uma sociedade
caótica e sem regras na qual a razão, a lógica, a sensibilidade e a noção de direito são
renegadas;
d) O livro mostra o poder dos mais fortes, impondo uma forma autoritária de governo, fazendo
essa ordem aproximar-se do universo da loucura, no limiar da insanidade;
e) O romance tem as marcas usuais da historicidade, nelas a cultura portuguesa do século XX é
referência, especialmente mostrando a interferência das guerras civis nas determinações do
governo.

4ª QUESTÃO
“Assim está o mundo feito, que tem a verdade muitas vezes de disfarçar-se de mentira para
chegar
aos seus fins”.
O excerto acima foi retirado do romance Ensaio sobre a cegueira, de José S a r a m a g o . A s s
inale a
alternativa incorreta em relação a essa obra que foi recentemente adaptada para o cinema,
por
Fernando Meirelles:
a) pode-se identificar tendências anti-humanas presentes na estruturação do capitalismo;
b) na narrativa, a alegoria da cegueira representa um sintoma de alienação do homem em
relação a
ele próprio, tornando-se semelhante a uma mercadoria;
c) no ensaio, organizar-se é, de certa forma, ter olhos, por isso os personagens dão tanta
importância
à humanização;
d) o romance descreve uma longa tortura, uma situação desesperadora e caótica que induz à
reflexão
sobre a natureza humana;
e) o aparecimento de um personagem cego escritor revela uma preocupação com a história
humana e
com a permanência da memória perante o esquecimento promovido pela barbárie.

5ª QUESTÃO
Sobre a obra O ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, marque a alternativa incorreta e
justifique as corretas.
a) A obra destaca a visão de humanidade que temos na atualidade e desafia esta visão a
sustentarse em meio ao caos de uma tragédia.
b) Há a utilização de um narrador onisciente e onipresente, e assim o leitor pode apreciar
todos os
ângulos dos acontecimentos.
c) Na obra, há a exposição dos personagens a dificuldades extremas, como que para testar
suas
reações diante das situações.
d) O tema da cegueira é abordado principalmente para discutir a delicada questão dos
deficientes
visuais e dos problemas que eles enfrentam na sociedade, sofrendo discriminações.
e) Há características da Escola Realista na obra.

6ª QUESTÃO
Quanto à estruturação da narrativa de Ensaio sobre a cegueira, assinale a alternativa
INCORRETA.
a) Em meio ao fluxo narrativo, há passagens de intenso lirismo, não só pelo arranjo das
palavras, mas
também pelas imagens que elas sugerem.
b) As falas são colocadas entre vírgulas, o que exige muita atenção do leitor.
c) O autor utiliza poucos pontos finais.
d) Não há ordem cronológica para os fatos narrados.
e) Os parágrafos são poucos.

7ª QUESTÃO
“A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, para a rua coberta de lixo,
para as pessoas que gritavam e cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e viu-o todo
branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar os olhos. A cidade ainda ali
estava.”
(Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago)
Analise os personagens mais significativos do livro/filme e a relação deles com a “cegueira”

8ª QUESTÃO
Explique porque os personagens são anônimos, sem nome.

9ª QUESTÃO
Comente:
O Ensaio sobre a cegueira é a fantasia de um autor que nos faz lembrar "a responsabilidade de
ter olhos quando os outros os perderam". José Saramago nos dá, aqui, uma imagem
aterradora e comovente de tempos sombrios, à beira de um novo milênio, impondo-se à
companhia dos maiores visionários modernos, como Franz Kafka e Elias Canetti. Num ponto
onde se cruzam literatura e sabedoria, José Saramago nos obriga a parar, fechar os olhos e ver.
Recuperar a lucidez, resgatar o afeto: essas são as tarefas do escritor e de cada leitor, diante
da pressão dos tempos e do que se perdeu: "uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que
somos".

10ª QUESTÃO
Transformar o livro“Ensaio sobre a cegueira” em filme foi difícil. Um dos elementos mais
bonitos dessa transformação é a passagem do tempo. Explique como ela é apresentada.

11ª QUESTÃO
Comente o discurso do Ministério da Saude:
Atenção! Atenção! Atenção! O Governo lamenta ter sido forçado a exercer
energicamente o que considera ser seu direito e seu dever, proteger por todos os meios
as populações na crise que estamos a atravessar, quando parece verificar-se algo de
semelhante a um surto epidêmico de cegueira, provisoriamente designado por mal-
branco, e desejaria poder contar com o civismo e a colaboração de todos os cidadãos
para estancar a propagação do contágio, supondo que de um contágio se trata, supondo
que não estaremos apenas perante uma série de coincidências por enquanto
inexplicáveis. A decisão de reunir num mesmo local as pessoas afetadas, e, em local
próximo, mas separado, as que com elas tiveram algum tipo de contato, não foi tomada
sem séria ponderação. O Governo está perfeitamente consciente das suas
responsabilidades e espera que aqueles a quem esta mensagem se dirige assumam
também, como cumpridores cidadãos que devem ser, as responsabilidades que lhes
competem, pensando que o isolamento em que agora se encontram representará, acima
de quaisquer outras considerações pessoais, um ato de solidariedade para com o resto da
comunidade nacional. Dito isto, pedimos a atenção de todos para as instruções que se
seguem, primeiro, as luzes manter-se-ão sempre acesas, será inútil qualquer tentativa de
manipular os interruptores, não funcionam, segundo, abandonar o edifício sem
autorização significará morte imediata, terceiro, em cada camarata existe um telefone
que só poderá ser utilizado para requisitar ao exterior a reposição de produtos de higiene
e limpeza, quarto, os internados lavarão manualmente as suas roupas, quinto,
recomenda-se a eleição de responsáveis de camarata, trata-se de uma recomendação,
não de uma ordem, os internados organizar-se-ão como melhor entenderem, desde que
cumpram as regras anteriores e as que seguidamente continuamos a enunciar, sexto, três
vezes ao dia serão depositadas caixas de comida na porta de entrada, à direita e à
esquerda, destinadas, respectivamente, aos pacientes e aos suspeitos de contágio,
sétimo, todos os restos deverão ser queimados, considerando-se restos, para este efeito,
além de qualquer comida sobrante, as caixas, os pratos e os talheres, que estão
fabricados de materiais combustíveis, oitavo, a queima deverá ser efetuada nos pátios
interiores do edifício ou na cerca, nono, os internados são responsáveis por todas as
conseqüências negativas dessas queimas, décimo, em caso de incêndio, seja ele fortuito
ou intencional, os bombeiros não intervirão, décimo primeiro, igualmente não deverão
os internados contar com nenhum tipo de intervenção do exterior na hipótese de virem a
verificar-se doenças entre eles, assim como a ocorrência de desordens ou agressões,
décimo segundo, em caso de morte, seja qual for a causa, os internados enterrarão sem
formalidades o cadáver na cerca, décimo terceiro, a comunicação entre a ala dos
pacientes e a ala dos suspeitos de contágio far-se-á pelo corpo central do edifício, o
mesmo por onde entraram, décimo quarto, os suspeitos de contágio que vierem a cegar
transitarão imediatamente para a ala dos que já estão cegos, décimo quinto, esta
comunicação será repetida todos os dias, a esta mesma hora, para conhecimento dos
novos ingressados. O Governo e a Nação esperam que cada um cumpra o seu dever.
Boas noites.
Ensaio sobre a cegueira
 
E então o Congresso saltitou de alegria porque aprovou que nos próximos dez anos 10% do
PIB serão destinados para a Educação.
E então os governadores e prefeitos trombetearam de satisfação porque o Congresso deixou
para posterior regulamentação as formas de garantir a aplicação adequada desses recursos e
a responsabilização de quem não cumprir.
E então os empresários serpentearam de júbilo porque as verbas não são, assim, propriamente
para a educação pública.
E então o governo federal ululou de felicidade porque a medida é um resgate histórico de lutas
pela melhoria da educação e com recursos ninguém segura esse país e esse é um país que vai
pra frente e quem não gostar, ora, deixe-o.
E então as empresas de informática e de outras parafernálias de última geração para garantir
ensino como nunca se viu nesse país deliciaram-se com o êxito da medida que gerará
empregos e revolucionará para sempre a educação pátria.
E então muitos professores sapatearam frevos, polcas e mazurcas porque agora terão
computadores e tablets, quadros digitais e outras ferramentas tecnológicas a aí sim, a
educação vai deslanchar.
E então muitos pais exultaram emocionados e eufóricos porque agora as crianças receberão
uniforme escolar e materiais diversos e enfim poderão aprender e tornarem-se cidadãos
melhores e mais preparados.
E então muitos alunos festejaram e fizeram chacrinhas e chistes uns com os outros porque
agora terão aulas em tempo integral, com muitas atividades de informática e outras atividades
lúdicas e jogos e não precisarão mais ficar em casa sem fazer nada.
E então disse o mestre Saramago: “Por que foi que cegamos, Não sei, talvez um dia se chegue
a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegamos, penso que
estamos cegos, Cegos que veem, Cegos, que, vendo, não veem”.
Daniel de Medeiros, 18/06/2014, http://www.gazetadopovo.com.br/blogs/educacao-no-dia-a-dia/
José Saramago, prêmio Nobel de Literatura, é conhecido por subverter o uso da pontuação. É
possível  observar isso na citação feita no último parágrafo, retirada do livro Ensaio sobre a
Cegueira. Se reescrevêssemos o trecho usando as normas canônicas de pontuação, teríamos
que utilizar outros sinais, além daqueles usados pelo escritor. Sem alterar a sintaxe do texto,
que sinal poderia ser dispensado nessa reescrita?

 a)
Ponto final.

 b)
Ponto e vírgula.

 c)
Travessão.

 d)
Ponto de interrogação.

 e)
Ponto de exclamação.

O Ensaio sobre a Cegueira não é de modo algum desistoricizado. Ele incorpora a


história da arte e a história do homem sem que, para isso, necessite de marcadores
temporais ou espaciais.
O descentramento do sujeito, a multiplicidade de vozes e o discurso intertextual
sugerem um deslocamento ainda maior, na direção da pluralidade e da
heterogeneidade que são as marcas da Pós-modernidade. O tema que norteia o
romance, a questão da alteridade, está em consonância com a retórica pluralizante da
Pós-Modernidade.

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