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CURSO DE ÉTICA

AULA 1
INTRODUÇÃO

A ética versa acerca de um ramo da filosofia que tem por preocupação estudar assuntos
ligados à moral. E no que diz particularmente a ética, ao estudar a moral, esta pode
tratar aquela no aspecto moral, social ou profissional. Na ética profissional, também
chamada de deontologia, tem por preocupação cuidar de aspectos morais no ambiente
profissional, analisando as interações e negociações das pessoas no âmbito das suas
profissões.

Noutro giro, em se tratando da ética jurídica, esta nada mais é do que um ramo da ética
profissional (deontologia), que tem por finalidade estudar aspectos voltados à ética no
exercício da profissão do advogado.

DA ADVOCACIA

Os arts. 1º ao 7º do Código de Ética versam acerca dos princípios fundamentais da


advocacia. O art. 1º deixa explícito os dizeres de que a ética é o ramo da filosofia que se
preocupa com o estudo da moral, eis que preconiza que o exercício da advocacia exige
o cumprimento dos princípios da moral individual, social e profissional (deontologia):

Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste


Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais
princípios da moral individual, social e profissional.

DA ÉTICA DO ADVOGADO

A ética do advogado, por seu turno, está estampada nos arts. 31 ao 33 do estatuto da
OAB, enquanto os arts. 1º ao 5º do mesmo código preceituam acerca da atividade da
advocacia.

No art. 31, verifica-se claramente que o advogado deve exercer a sua atividade com
respeito, de modo a trazer prestígio durante essa execução. Isso significa que, o
advogado, ao exercer sua atividade, tem independência no sue ofício. Tal independência
faz com que ele não tenha o dever – ou a obrigação – de agradar nenhum magistrado,
nem nenhuma autoridade, mas sim de defender o seu cliente e, precipuamente, de fazer
justiça:

Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito
e que contribua para o prestígio da classe e da advocacia.

§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em


qualquer circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem
de incorrer em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.

Entretanto, essa questão deve ser analisada com cautela, eis que, ao dizer que o
advogado não tem o dever de agradar magistrado ou nenhuma autoridade, não significa
que ele tem o direito de desrespeitá-los. Quando o advogado exerce o seu ofício, o faz
buscando exercer a advocacia com ética e atender aos interesses do seu cliente em
conformidade com a lei. Trata-se, portanto, de manter uma independência respeitosa.

Já com relação ao art. 32, este preceitua o tipo de responsabilidade que trata a atividade
do advogado. Nessa ótica, o advogado responderá civilmente em relação às atividades
prestadas em seu ofício. Assim, se o advogado agir com dolo ou culpa no exercício da
atividade da advocacia, ele responderá civilmente, administrativamente (perante o
conselho da OAB) ou até mesmo penalmente. Cumpre salientar que a responsabilidade
do advogado é subjetiva.
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,
praticar com dolo ou culpa.

Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente


responsável com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte
contrária, o que será apurado em ação própria.

Acerca do parágrafo único do mesmo dispositivo, entende-se por lide temerária a lide
infundada, uma lide em que o advogado não tem motivo ou provas capazes de justificar
a defesa do seu cliente. O advogado não é obrigado a aceitar lides temerárias, muito
pelo contrário, devo o advogado rejeitá-las. Temos como exemplo o caso da modelo
Najila x Neymar, em que dois advogados já abandonaram a causa por se tratar de lide
temerária, ao passo de que a modelo não possui provas.

Se o advogado aceita uma lide infundada, com o intuito de ingressar no judiciário para
prejudicar a parte contrária, esse responderá juntamente com o seu cliente, caso reste
comprovado o conluio de ambos.

Da análise do art. 33, percebe-se que o Código de Ética não versa apenas acerca da
conduta do advogado, mas também de assuntos voltados à publicidade, aos
procedimentos disciplinares (forma e procedimentos a serem adotados diante de
condutas antiéticas), a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica etc.

DA ATIVIDADE DE ADVOCACIA

Conforme já brevemente explanado, os arts. 1º ao 5º do Estatuto da OAB preceituam


acerca da atividade da advocacia. O art. 1º discrimina quais são as atividades privativas
da advocacia, vejamos:
Art. 1º São atividades privativas de advocacia:
I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados
especiais; (Vide ADIN 1.127-8)

II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.

§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas


corpus em qualquer instância ou tribunal.

Em relação ao inciso I, cumpre salientar que em relação aos juizados especiais cíveis, o
art. 9º da Lei 9.099/95 postula que, nas causas até 20 salários-mínimos, não há
necessidade de a parte ingressar nos ajuizados especiais acompanhada de um
advogado. No entanto, ainda que dentro deste teto, se for necessário a interposição de
recurso para o colegiado recursal, será necessário a assistência de advogado.

No que diz respeito à impetração de Habeas Corpus preconizada no § 1º, esse remédio
processual poderá ser proposto em qualquer instância, de qualquer tribunal, por
qualquer pessoa, independente de advogado, posto que o Habeas Corpus é impetrado
com o intuito de evitar qualquer restrição ou impedimento ao livre direito de ir e vir da
parte prejudicada.

Na constituição de sociedades, deverá haver um visto de um advogado, nos termos do


§2º, o qual preceitua:
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade,
só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por
advogados.

No entanto, a LC 123/2006, o estatuo das microempresas, postula em seu art. 9º, §2º,
que em relação às microempresas não é necessário o visto do advogado nos atos
constitutivos. Temos, portanto, uma exceção ao dispositivo retro.

Já o §2ª do art. 1º do Estatuto da OAB, por seu turno, estipula que o advogado que
exerce uma outra atividade além da advocacia, não poderá fazer divulgação dessa outra
atividade conjuntamente com a advocacia, sob hipótese alguma.

O art. 2º do Estatuto da OAB descreve o advogado como sendo indispensável à


administração da justiça:
Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.

§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce


função social.

§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão


favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos
constituem múnus público.

§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e


manifestações, nos limites desta lei.
O §1º preceitua que a atividade da advocacia é privada, no entanto, ao defender o seu
cliente, ele defenderá os interesses desse cliente, bem como a sua pessoa perante a
sociedade. É em decorrência disso que se diz que a atividade da advocacia presta um
serviço público e exerce uma função social.

Já o múnus público citado no §2º constitui o dever que toda pessoa que exerce uma
profissão tem perante o poder público em decorrência da lei. Então o advogado tem um
dever perante o poder público na defesa de seu cliente.

Por fim, o §3º prevê uma inviolabilidade material ao advogado quando no exercício de
sua profissão. O advogado, portanto, não precisa ser razoável nas suas palavras se
necessário para defender os interesses do seu cliente. No entanto, tais palavras não
podem ser desrespeitosas a ponto de desacatar a autoridade ou de caluniar a parte
contrária. Nessa ótica, é possível que o advogado injurie ou difame no que diz respeito
ao exercício da causa. É uma inviolabilidade referente tão somente aos exercícios da sua
atividade, mas tal inviolabilidade é relativa e não absoluta.

O art. 3º prevê que somente pode ser considerado advogado aquele que é ativamente
escrito na OAB, o fato da pessoa aprovada na ordem não a torna advogada, a pessoa
só passa a ser advogada a partir da inscrição.

O §1º do mesmo dispositivo diz que as pessoas que exercem o cargo de advogado da
AGU, de procurador, defensor público etc., também devem estar devidamente inscritas
na OAB, pois exercem advocacia pública.

Já o §2º preceitua que o estagiário pode exercer conjuntamente com um advogado ou


defensor público os atos da advocacia. No entanto, esses atos devem ser praticados em
conjunto com aqueles, sozinho não pode praticar nenhuma delas:

Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a


denominação de advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados
do Brasil (OAB),

§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do


regime próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da
União, da Procuradoria da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das
Procuradorias e Consultorias Jurídicas dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e das respectivas entidades de administração indireta e fundacional.

§ 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos


previstos no art. 1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e
sob responsabilidade deste.

Existem exceções à regra contida no §2º supra, quais sejam, aqueles estampados no art.
29, §§ 1º e 2º do Regulamento Geral da OAB. Segundo este dispositivo, os estagiários
podem praticar isoladamente, mas sob a responsabilidade de um advogado ou de
defensor público, os seguintes atos:
Art. 29. Os atos de advocacia, previstos no Art. 1º do Estatuto, podem ser
subscritos por estagiário inscrito na OAB, em conjunto com o advogado ou o
defensor público.

§ 1º O estagiário inscrito na OAB pode praticar isoladamente os seguintes atos,


sob a responsabilidade do advogado:

I – Retirar e devolver autos em cartório, assinando a respectiva carga; II – obter


junto aos escrivães e chefes de secretarias certidões de peças ou autos de
processos em curso ou findos;

III – assinar petições de juntada de documentos a processos judiciais ou


administrativos.

§ 2º Para o exercício de atos extrajudiciais, o estagiário pode comparecer


isoladamente, quando receber autorização ou substabelecimento do advogado.

O art. 4º do Estatuto da Advocacia prevê que se o advogado não inscrito na OAB, seja
advogado ou estagiário, venha a exercer a advocacia, esses atos serão nulos de pleno
direito. O § único do mesmo dispositivo prevê que também serão nulos os atos
praticados pelo advogado que seja impedido, suspenso (por PAD, p. ex., é uma punição
aplicada pela OAB), licenciado (está de licença, ou seja, ele mesmo pediu para se afastar
por um tempo) ou que exerça atividade incompatível com a OAB (p. ex., delegado que
exerce advocacia).
Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não
inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.

Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido
- no âmbito do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer
atividade incompatível com a advocacia.

Nesses casos de suspensão, o advogado será considerado impedido. O impedimento


nada mais é do que uma proibição parcial do exercício da advocacia. As situações de
impedimento estão previstas no art. 30 do estatuto da OAB.
Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:

I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a


Fazenda Pública que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade
empregadora; Neste caso é proibição parcial porque, por ex., um
funcionário público no município de SBC não pode advogado contra este
munícipio, mas poderá exercer contra qualquer outro município

II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor


das pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de
economia mista, fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas
concessionárias ou permissionárias de serviço público.
Existem casos de impedimento, como visto alhures, mas também existem casos de
incompatibilidade. A incompatibilidade, por seu turno, representa uma proibição total,
e estão previstas no art. 28 do Estatuto da OAB.
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes
atividades:

I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus


substitutos legais;

II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais


e conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas,
bem como de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de
deliberação coletiva da administração pública direta e indireta; (Vide ADIN
1.127-8)

III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração


Pública direta ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas
ou concessionárias de serviço público;

IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a


qualquer órgão do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de
registro;

V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a


atividade policial de qualquer natureza;

VI - militares de qualquer natureza, na ativa;

VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento,


arrecadação ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;

VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras,


inclusive privadas.

§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função


deixe de exercê-lo temporariamente.

§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de
decisão relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente
da OAB, bem como a administração acadêmica diretamente relacionada ao
magistério jurídico.

Já a licença consiste em uma prerrogativa do advogado que, por meio de requerimento


contendo motivação justificável, irá apresentar um pedido para que fique afastado por
um tempo. A licença está prevista no art. 12 do Estatuto da OAB:
Art. 12. Licencia-se o profissional que:

I - assim o requerer, por motivo justificado;


II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o
exercício da advocacia;

III - sofrer doença mental considerada curável.

O art. 5º do Estatuto da OAB postula, em seu §1º, a possibilidade de praticar atos em


favor do seu cliente sem mandato, a fim de evitar a prescrição e decadência de um caso,
enfermidades etc. No entanto, isso não afasta a necessidade de juntar instrumento de
procuração nos autos, devendo fazê-lo dentro de um prazo de 15 dias, podendo este
ser prorrogado por mais 15 dias.

A procuração para o foro em geral, presente no §2 do mesmo dispositivo, se diferencia


da procuração com poderes especiais porque os atos de receber, firmar compromisso,
dar quitação, renunciar etc., só podem ser prestadas por advs. Que possuem procuração
com poderes especiais.

Já o §3º afirma que, se o adv. renunciar o exercício da atividade da advocacia perante o


seu cliente, ele ainda deverá atuar durante um prazo de 10 dias, salvo se ao renunciar o
cliente já providenciar outro adv., caso em que poderá o adv. renunciante se desligar
imediatamente do litígio.
Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.

§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-


se a apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.

§ 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os


atos judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes
especiais.

§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias


seguintes à notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for
substituído antes do término desse prazo.

AULA 2
DIREITOS DO ADVOGADO

O art. 6 do Estatuto da OAB preceitua que deve haver respeito entre os advogados,
magistrados e membros do MP, de forma em que não haverá hierarquia ou
subordinação entre esses. Essa regra também se aplica a todos os demais auxiliares da
justiça, nos termos do § único deste dispositivo.
Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e
membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e
respeito recíprocos.

Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da


justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento
compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu
desempenho.

Já o art. 7º dispõe acera de todos os direitos inerentes ao advogado, vejamos:

Art. 7º São direitos do advogado:

I - Exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;

Neste caso, o advogado pode exercer essa liberdade de maneira ampla na circunscrição
que ele está inscrito. Nas demais, ou seja, fora de seu estado, poderá o advogado atuar
no máximo em cinco causas. Caso venha a atuar em mais de 5 causas, deverá o advogado
se inscrever e pagar a anuidade relativa àquela sessão estadual.
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;

Não podemos fazer uso de símbolos que não sejam ligados a profissão de advogado.
Não se pode, p. ex., colocar o símbolo da OAB em um escudo de time de futebol, ou
ainda, não pode o advogado colocar um símbolo que não seja relacionado à sua
profissão em uma peça processual.

III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem


procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em
estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis;

Não importa o local onde o cliente de um advogado esteja recolhido, ainda que dentro
de um presídio, é garantido ao advogado o direito de utilizar de um local reservado para
comunicar-se com o seu cliente.

A questão da incomunicabilidade, que era reservada aos advogados sobretudo em


inquéritos policiais, tratada ao final do dispositivo, caiu por terra pois tem-se o
entendimento de que isso afastaria o estado democrático de direito.

Sendo assim, o Poder Judiciário e Executivo deve instalar, em todos os juizados, fóruns,
tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os
advogados, com uso assegurados à OAB.

II – a inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, bem como de seus


instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e
telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia;

Excepcionalmente, se houver um mandado de busca e apreensão, este deve ser


acompanhado por um membro da OAB. No mais, o mandado também deve discriminar
qual o documento/objeto que se busca, sob pena de violar este inciso.
Cumpre salientar que se o advogado for coautor de crime, também se faz
excepcionalmente possível que haja essa busca e apreensão.
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por
motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob
pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da
OAB;

Quando um advogado for preso em flagrante, a prisão deve ser acompanhada de um


representante da OAB, a fim de que este verifique as garantias inerentes ao advogado
preso, que configura um membro da administração da justiça. No mais, a seccional em
que o advogado está inscrito deve ser comunicada expressamente.
*Obs: O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da
profissão, em caso de crime inafiançável
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala
de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão
domiciliar;
Na ausência de uma sala de Estado Maior, deverá o advogado ficar em uma outra sala
do presídio que tenha características próximas às descritas neste dispositivo, ou, na
ausência de qualquer sala nesses moldes, deverá o advogado ser solto.
VI - ingressar livremente - VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer
locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição,
observando-se a ordem de chegada;
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos
ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou
censura que lhe forem feitas;
Utiliza-se do uso da palavra ao exclamar “pela ordem”, manifestando, assim, o direito
de falar. O advogado tem o direito infraconstitucional de sanar qualquer dúvida ou
equívoco.
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo
sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça,
assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos;
O advogado tem o direito de examinar processos que já terminaram ou que estejam em
andamento, mesmo sem procuração. Quando o processo estiver transitando em sigilo,
nesse caso será necessário o advogado estar constituído nos autos mediante
procuração.
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação,
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza,
findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e
tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
Os advogados podem analisar qualquer processo, principalmente quando o réu estiver
sendo investigado, sem que esteja munido de procuração. No entanto, só será possível
fazer isso se as provas investigativas já estiverem encartadas aos autos.
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado,
mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que
constitua sigilo profissional;

Este inciso existe para a manutenção do sigilo entre o advogado e seu clientes, eis que,
através da recusa de depor, poderá o advogado, por um lapso ou descuido, entregar
informações sigilosas.
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após
trinta minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a
autoridade que deva presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
Se passados 30 minutos do horário da audiência e essa ainda não ter se iniciado,
poderá o advogado pedir para que a audiência seja adiada.
DIREITOS DA ADVOGADA GESTANTE
Os direitos da advogada gestante estão preconizados no art. 7º-A do Estatuto da OAB,
são eles:

✓ Entrada em tribunais sem ser submetida a detectores de metais e aparelhos de


raio-x;
✓ Reserva de vaga em garagem de fóruns nos tribunais
✓ Local adequado para atender as necessidades do bebê (p. ex., amamentar)
✓ Preferência na ordem de S.O e audiências
✓ Assim que der a luz, os prazos serão suspensos processuais caso seja a única
patrona da causa, desde que haja notificação por escrito ao cliente (30 dias).
*obs: Esses direitos perduram durante todo o estado gravídico ou o período de
amamentação

AULA 3
REQUISITOS PARA A INSCRIÇÃO DO ADVOGADO NA OAB
O art. 8 prevê 7 requisitos necessários para que o advogado se inscreva na OAB, sendo
necessário que todos estejam presentes.
Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:

I - capacidade civil;

II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino


oficialmente autorizada e credenciada;

III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;


IV - aprovação em Exame de Ordem;

V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;

VI - idoneidade moral;

VII - prestar compromisso perante o conselho.

§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal


da OAB.

§ 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve


fazer prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira,
devidamente revalidado, além de atender aos demais requisitos previstos neste
artigo.

§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada


mediante decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os
membros do conselho competente, em procedimento que observe os termos
do processo disciplinar.

§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido


condenado por crime infamante, salvo reabilitação judicial.

Cumpre destacar a obrigatoriedade de prestar o exame da ordem, prevista no inciso IV.


Nesses termos, o bacharel em direito que não prestar o exame da ordem, continuará
sendo um bacharel até que a realize. Ser aprovado não é suficiente para que seja
considerado advogado, é necessário que ele também seja inscrito perante a OAB.

A inidoneidade moral, prevista no §3º, postula que se a pessoa for inidônea, isto é,
incapacitada para o exercício da advocacia, ela somente conseguirá sua inscrição após
um processo que será apurada a sua inidoneidade mediante a votação de dois terços do
membro do conselho.

Normalmente a pessoa é considerada inidônea para o exercício da atividade da


advocacia quando ela pratica um crime infamante, nos termos do §4º, ou seja, crime
que dizem respeito à honra, boa fama ou dignidade da pessoa inidônea. Praticou,
portanto, um crime que gera repulsa na sociedade. Se após a condenação do crime a
pessoa passe por uma reabilitação judicial, ela poderá voltar a exercer a advocacia.

Já o art. 9º do estatuto da OAB, esse trata da inscrição do estagiário. Para se inscrever


enquanto estagiário perante da OAB, são necessários apenas alguns requisitos do art.
8º.
Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário:

I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;

II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.


§ 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado
nos últimos anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas
instituições de ensino superior pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos
jurídicos e escritórios de advocacia credenciados pela OAB, sendo obrigatório o
estudo deste Estatuto e do Código de Ética e Disciplina.

§ 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se


localize seu curso jurídico.

§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia


pode freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino
superior, para fins de aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.

§ 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que


queira se inscrever na Ordem.

Só se pode ser inscrito enquanto estagiários da OAB nos últimos dois anos do curso,
sendo necessário também que o estagiário esteja admitido num escritório de advocacia
ou em algum órgão público, como o MP.

Pode acontecer do estagiário exercer uma atividade incompatível com a advocacia


enquanto estiver cursando direito, nos termos do art. 28 do Estatuto da OAB, essas
pessoas não poderão se inscrever perante a OAB enquanto estagiários, mas poderão
exercer seu estágio profissional na faculdade.

Já o art. 10 estipula acerca do domicílio profissional do advogado, nos seguintes termos:

Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional
em cujo território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma
do regulamento geral.

§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de


advocacia, prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.

§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos


Conselhos Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a
profissão considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder de
cinco causas por ano.

§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade


federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o
Conselho Seccional correspondente.

§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de


inscrição suplementar, ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na
inscrição principal, contra ela representando ao Conselho Federal.

O art. 11 preceitua as situações em que se pode requerer o cancelamento da inscrição


junto à OAB.
Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:

I - assim o requerer;

II - sofrer penalidade de exclusão;

III - falecer;

IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a


advocacia;

V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.

§ 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser
promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação
por qualquer pessoa.

§ 2º Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de


inscrição anterior - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V,
VI e VII do art. 8º.

§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também


deve ser acompanhado de provas de reabilitação.

AULA 4
SOCIEDADE DE ADVOGADOS E ADVOGADO EMPREGADO

Em relação às sociedades de advogados, o importante é ter em mente que essa deve ser
composta necessariamente por advogados, não sendo permitido que os advogados
associados estejam impedidos em definitivo do exercício da advocacia.

A sociedade de advogados não se confunde com a figura de seus integrantes, no


sentindo de que alguns atos devem ser praticados pela sociedade de advogados,
enquanto outros necessariamente devem ser praticados pelo advogado. Ex: contrato de
serviços/honorários advocatícios pode ser firmado pela sociedade de advogados, mas o
mandato judicial, a outorga da procuração, deve ser feita necessariamente aos
advogados integrantes da sociedade.

O art. 15 prevê a possibilidade de se firmar uma sociedade de advogados, bem como a


possibilidade de se firmar uma sociedade unipessoal, ou seja, uma sociedade de apenas
um advogado. Para que ambas possam adquirir personalidade jurídica, é necessário que
tenham o seu registro aprovado no conselho seccional da base territorial da sede. Ex:
Se a sede do escritório for em SP, o registro deve ser aprovado no conselho seccional de
SP, mas caso se crie uma filial em outro distrito, será necessário averbar o registro da
filial na seccional da matriz, bem como registrar no conselho seccional onde se localiza
a filial.
Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de
serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma
disciplinada nesta Lei e no regulamento geral.

§ 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem


personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no
Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.

§ 2o Aplica-se à sociedade de advogados e à sociedade unipessoal de advocacia


o Código de Ética e Disciplina, no que couber.

§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e


indicar a sociedade de que façam parte.

§ 4o Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados,


constituir mais de uma sociedade unipessoal de advocacia, ou integrar,
simultaneamente, uma sociedade de advogados e uma sociedade unipessoal de
advocacia, com sede ou filial na mesma área territorial do respectivo Conselho
Seccional.

§ 5o O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade


e arquivado no Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios, inclusive
o titular da sociedade unipessoal de advocacia, obrigados à inscrição
suplementar.

§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem


representar em juízo clientes de interesses opostos.

§ 7o A sociedade unipessoal de advocacia pode resultar da concentração por


um advogado das quotas de uma sociedade de advogados, independentemente
das razões que motivaram tal concentração.

No caso das sociedades de advogados que tenham várias filiais, é necessário que se
tenha a inscrição suplementar dos sócios quando houver mais de 5 causas (já visto em
aula passada).

Nos termos do §2º supra, a responsabilidade do advogado é feita nos termos do


Estatuto da OAB, e não nos termos do Código do consumidor, muito embora o advogado
seja um profissional liberal, existe um regime de responsabilidade própria no Estatuto
da OAB. Essa responsabilidade é subjetiva, sendo assim, o advogado só responderá nos
casos de dolo ou culpa.

O §4º preceitua que, por exemplo, caso se tenha uma sociedade de advogados com
matriz em SP, não poderá nenhum dos seus associados integrar em nenhuma outra
sociedade de advogados simultaneamente, tampouco constituir uma sociedade de
advogados unipessoal. No entanto, é possível integrar duas sociedades de advogados
simultaneamente, desde que ambas estejam em seccionais diferentes, o mesmo se
aplica para sociedade unipessoal.
O §6º estipula a impossibilidade de sócios representarem concomitantemente partes
opostos, não se pode, portanto, numa sociedade que tenha 2 sócios, que um represente
o autor e o outro represente o réu de uma mesma causa. Por obvio, haveria interesses
conflitantes entre os profissionais da mesma sociedade.

§7º ex: Caso um dos sócios de uma sociedade de advogados, que tem apenas dois
sócios, quiser se retirar, poderá o sócio remanescente concentrar as quotas do
advogado que saiu, tonando-se necessariamente uma sociedade unipessoal.

Nos termos do art. 16 do Estatuto da OAB, aqueles que estiverem totalmente proibidos
de advogar não podem integrar sociedade de advogados. Aqueles que não são inscritos
na OAB igualmente não o podem fazê-lo.

*obs.: A atividade do advogado não pode ser unida com nenhuma outra atividade
mercantil. Existem escritórios que exercem atividades de cobrança, isso é proibido. Caso
um advogado exerça outra função, a prática dessa outra função deve ser exercida em
local distinto de seu escritório.
Art. 16. Não são admitidas a registro nem podem funcionar todas as espécies
de sociedades de advogados que apresentem forma ou características de
sociedade empresária, que adotem denominação de fantasia, que realizem
atividades estranhas à advocacia, que incluam como sócio ou titular de
sociedade unipessoal de advocacia pessoa não inscrita como advogado ou
totalmente proibida de advogar.

§ 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um


advogado responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido,
desde que prevista tal possibilidade no ato constitutivo.

§ 2º O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a


advocacia em caráter temporário deve ser averbado no registro da sociedade,
não alterando sua constituição.

§ 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas


juntas comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade
de advocacia.

§ 4o A denominação da sociedade unipessoal de advocacia deve ser


obrigatoriamente formada pelo nome do seu titular, completo ou parcial, com
a expressão ‘Sociedade Individual de Advocacia’.

O §2º prevê a possibilidade do advogado de exercer atividade incompatível com a


advocacia, desde que em caráter temporário, devendo ser averbado o licenciamento no
registro da sociedade de advogados.

Nos termos do art. 17 do Estatuto da OAB, quando a sociedade de advogados causar


algum dano ao cliente, deverá a sociedade responder por esses danos. A sociedade
também poderá ser punida do ponde de vista ético. Cumpre salientar que as punições
recaem também aos advogados.
Art. 17. Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de
advocacia respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos
clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possam incorrer.

*obs: A sociedade de advogados não se confunde com a pessoa do advogado. Até


porque o mandato não é outorgado para o escritório, mas sim para o advogado. É muito
comum um escritório ser contrato em função de um determinado profissional.

ADVOGADO EMPREAGADO

O fato de o advogado ser empregado não significa que ele terá de fazer tudo que seus
superiores mandarem, eis que ele possui autonomia técnica e profissional, nos termos
do art. 18 do Estatuto da OAB.
Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção
técnica nem reduz a independência profissional inerentes à advocacia.

Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de


serviços profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de
emprego.

Da leitura do paragrafo único do mesmo dispositivo, há de ser feita uma distinção entre
prestar serviço para a empresa e prestar serviço para o dono da empresa. O advogado
não é obrigado a prestar serviço em relação às questões pessoais do seu empregador.

O art. 20 versa acerca da jornada de trabalho do advogado, vejamos:


Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da
profissão, não poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de
vinte horas semanais, salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de
dedicação exclusiva.

§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo


em que o advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou
executando ordens, no seu escritório ou em atividades externas, sendo-lhe
reembolsadas as despesas feitas com transporte, hospedagem e alimentação.

§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas


por um adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal,
mesmo havendo contrato escrito.

§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco


horas do dia seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional
de vinte e cinco por cento.
A “dedicação exclusiva narrada no §1º supra diz respeito a uma cláusula contratual que
estipula que o advogado atuara tão somente aos litígios inerentes de seu cargo, caso em
que sua jornada poderá exceder as 4 horas fixadas nesse dispositivo.

AULA 5
INVIOLABILIDADE E DEVER DE SIGILO

A inviolabilidade do advogado no exercício de sua atividade é essencial para o bom


exercício da advocacia. O art. 2º do estatuto da OAB traz os elementos essenciais para
a advocacia.
Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.

§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce


função social.

§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão


favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos
constituem múnus público.

§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e


manifestações, nos limites desta lei.

A inviolabilidade garante que o advogado seja intocável no exercício de sua atividade


profissional. A inviolabilidade é uma prerrogativa, eis que ninguém, nem mesmo o
estado, pode interferir no exercício da advocacia, de modo a cerceá-la de alguma forma.

No mais, a inviolabilidade recai sobre o sigilo das informações que o advogado porta
enquanto tal, protegendo esse sigilo. A relação entre advogado e cliente se sustenta na
confiança e lealdade, sobretudo acerca das informações trafegadas entre ambos

• Sigilo: é o impedimento a comunicação a terceiros das informações chegadas ao


advogado, e que sejam imprescindíveis ao exercício de sua atividade.

Esse dever de reter informações através do sigilo é considerado como um dever de


ordem pública. Por isso que, ainda que o cliente não solicite sigilo, o advogado ainda
assim, por força da lei, será obrigado a manter essas informações sob sigilo.

Esse sigilo tem tamanha importância e, portanto, de matéria de ordem pública, porque
está diretamente relacionado com o direito fundamental da ampla defesa. É importante
também pois resguarda os direitos fundamentais do próprio cliente, tais quais o direito
da privacidade e da intimidade.

Cumpre salientar que essa inviolabilidade alcança também o escritório do advogado,


bem como todos os seus instrumentos e suas ferramentas necessárias ao exercício de
sua atividade. Aplica-se até mesmo caso o escritório seja a residência do advogado,
como é no caso do home office.
Nessa ótica, o STF entendeu ser legítima a busca e apreensão em escritório de advogado
quando o próprio advogado for de modo concreto suspeito da prática de crime. Caso
ele seja o suspeito do crime, e não o seu cliente, será excepcionalmente autorizada a
violação dessa inviolabilidade. Ainda assim, o sigilo sobre o cliente deve ser
resguardado, salvo se esse cliente foi cumplice do crime do qual o advogado está
sendo investigado.

Caso o advogado eventualmente venha a violar esse dever de sigilo, estará o advogado
cometendo o crime previsto do art. 154 do Código Penal, bem como uma infração ética,
nos termos do art. 34 do Estatuto da OAB.

No entanto, esse sigilo profissional não é ilimitado, podendo o advogado cedê-lo em


casos excepcionais, como nos casos de grave ameaça ao direito à vida e à honra. P. ex:
um cliente assume ao advogado que pretende ceifar a vida de terceiro ao qual tem
ressentimentos, nesse caso deverá o advogado quebrar o sigilo e informar as
autoridades competentes acerca da intenção homicida de seu cliente.

Por fim, o advogado não é obrigado a prestar depoimento acerca de fatos que estejam
relacionado à esfera de sua atividade de advocacia.

AULA 6
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Existem três espécies de honorários advocatícios: os convencionais, que são acordados


entre o advogado e o seu cliente; os arbitrados judicialmente, nos casos em que não
existe a convenção, impulsionando o juiz a arbitrar esses honorários e; os
sucumbenciais, que são aqueles devida pela parte vencida ao advogado da parte
vencedora, esses honorários são devidos ao advogado, salvo disposição expressa que
diga o contrário.

*obs: existem demandas que não exigem a condenação dos honorários sucumbenciais,
como é o caso das ações civis públicas. Quando o MP é parte não se exige os honorários
sucumbenciais.

No estatuto da OAB, os honorários advocatícios estão dispostos nos arts. 22 ao 26.

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o


direito aos honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e
aos de sucumbência.

§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente


necessitado, no caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da
prestação de serviço, tem direito aos honorários fixados pelo juiz, segundo
tabela organizada pelo Conselho Seccional da OAB, e pagos pelo Estado.

§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por


arbitramento judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor
econômico da questão, não podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela
organizada pelo Conselho Seccional da OAB.

§ 3º Salvo estipulação em contrário, um terço dos honorários é devido no início


do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante no final.

§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de


expedir-se o mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar
que lhe sejam pagos diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo
constituinte, salvo se este provar que já os pagou.

§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato


outorgado por advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão
praticada no exercício da profissão.

§ 6º O disposto neste artigo aplica-se aos honorários assistenciais,


compreendidos como os fixados em ações coletivas propostas por entidades de
classe em substituição processual, sem prejuízo aos honorários convencionais.

§ 7º Os honorários convencionados com entidades de classe para atuação em


substituição processual poderão prever a faculdade de indicar os beneficiários
que, ao optarem por adquirir os direitos, assumirão as obrigações decorrentes
do contrato originário a partir do momento em que este foi celebrado, sem a
necessidade de mais formalidades.

A defensoria pública, sobretudo em estados como SP, os quais possuem um grande


volume de litígios, é firmado um convênio entre o estado e a OAB para a designação de
advogados par atuarem nas causas que tenham necessitados como parte. Esses
advogados serão remunerados de acordo com a tabela do conselho federal de
honorários advocatícios, nos termos do §2º supra.

Se não houver nenhuma disposição em contrário, 1/3 dos honorários serão pagas pró-
labore, mais 1/3 até a sentença de primeira instância e 1/3 ao final, nos termos do §3º.
Normalmente, no entanto, o momento do pagamento é estipulado entre as partes, até
porque não se sabe o término do litígio.

§4º Quando o advogado junta o contrato de honorários antes da expedição da guia


de levantamento, será levantado a guia referente aos honorários do advogado e uma
outra guia no nome do cliente. P. ex: o cliente obteve um crédito de 50k, e os honorários
foram estipulados em 10k. Nesse caso, o advogado poderá juntar esse contrato e será
expedida uma guia para o advogado no valor de 10k e outra para o cliente no valor de
40k.

Quando se tem um advogado defendendo um outro advogado, o advogado que está


sendo contrato não é obrigado a cobrar honorários do advogado que contratou seus
serviços, nos termos do §5º. Via de regra, salva essa exceção, o advogado deve cobrar
pelos seus serviços.
O art. 24 do Estatuto da OAB nos traz informações importantes acerca dos honorários:
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito
que os estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na
falência, concordata, concurso de credores, insolvência civil e liquidação
extrajudicial.

§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação
em que tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.

§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os


honorários de sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são
recebidos por seus sucessores ou representantes legais.

§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo


aquiescência do profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os
convencionados, quer os concedidos por sentença.

Se depois da sentença houver um acordo entre o cliente e a outra parte, os honorários


do advogado não serão afetados, salvo se ele tiver concordado, nos termos do §4º.

Já o art. 25 nos traz o prazo prescricional para a cobrança dos honorários advocatícios:

Art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado,


contado o prazo:

I - do vencimento do contrato, se houver;

II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;

III - da ultimação do serviço extrajudicial;

IV - da desistência ou transação;

V - da renúncia ou revogação do mandato.

Art. 25-A. Prescreve em cinco anos a ação de prestação de contas pelas quantias
recebidas pelo advogado de seu cliente, ou de terceiros por conta dele

Assim como o advogado tem o direito de receber honorários, ele tem o dever de prestar
contas. Assim, o cliente tem 5 anos para entrar com uma ação contra o advogado, para
que este preste contas acerca dos valores recebidos. Isso acontece muito quando o
advogado possui poderes para receber dinheiro em nome do cliente.

Já o art. 26 preceitua que o advogado substabelecido não poderá cobrar honorários dos
clientes sem a intervenção do advogado que o substabeleceu, nos termos do art. 26.

O art. 30 do Código de Ética versa acerca da advocacia pro bono, o qual preceitua que o
advogado deve zelar pela qualidade do serviço profissional prestado, independente dele
ser remunerado ou não (pro bono). A advocacia pro bono só pode ser direcionada para
pessoas carente e, preferencialmente, deve ser feita através de uma entidade
assistencial, como uma ONG.

A advocacia pro bono é por benemerência, não podendo ser utilizada para fins políticos
como, por exemplo, realizar trabalho jurídico comunitários para obtenção de votos, e
tampouco pode ser feita como uma forma de captação de clientela.

AULA 7
DA PUBLICIDADE

A publicidade deve ter um cunho de discrição, eis que não se pode utilizar da publicidade
para captação de clientela de forma injusta. Pode o advogado divulgar os serviços
profissionais, desde que seja de forma discreta e que tenha finalidade informativa.

Num anúncio, poderá o advogado informar seu nome completo, sua inscrição perante a
OAB, bem como os seus títulos (mestre, doutor etc.). É vedado, no entanto, fazer
menção de qualquer cargo público que tenha ocupado, não podendo o advogado se
fazer valer através desse cargo para captação de clientela. É vedada também a
veiculação por rádio e televisão.

O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores figuras, desenhos, logotipos,
marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da advocacia, sendo proibido o
uso de símbolos oficiais da OAB.

São vedadas, na publicação de anúncios, as referências a valores dos serviços, tabelas,


gratuidade ou forma de pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou
confundir o público.

O advogado pode participar eventualmente de programas de televisão, devendo se


abster de sua manifestação pessoal, devendo ater-se em informar acerca de preceitos
profissionais jurídicos. O advogado, quando na televisão, poderá somente discutir
acerca da matéria em pauta, sem fazer promoção pessoal, como pedir que entrem em
contato com seu escritório para auxílio jurídico.

IMPEDIMENTOS E INCOMPATIBILIDADES

Incompatibilidade x impedimento: incompatibilidade determina uma proibição total,


como é o caso de ser advogado e membro do MP simultaneamente, enquanto o
impedimento determina uma proibição parcial. São nulos os atos praticados por
advogado impedido.

São incompatíveis de exercer a advocacia:

• Chefes do poder executivo


• Membros do poder judiciário
• Cargo ou função de direção em órgão da adm. pública direta ou indireta
• Ocupante de cargos de função policial

A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de


exercê-lo temporariamente. Não se pode, por exemplo, parar a atividade policial
temporariamente para se tornar inscrito na OAB, é necessário que se abandone
definitivamente esse cargo.

AULA 8
INFRAÇÕES E SAÇÕES DISCIPLINARES

Art. 34. Do Estatuto da OAB estipula as situações que configuram infração disciplinar:

I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o


seu exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;

As causas de impedimento já foram abordadas alhures.

II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;

A sociedade está fora das normas, por exemplo, quando não se tem registro perante a
seccional da OAB onde está localizada.

III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;

Não pode o advogado se valer de agenciar causas, garantindo o recebimento de


honorários para a parte. Isso nada mais é que um desdobramento da captação de
clientela.

V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que
não tenha feito, ou em que não tenha colaborado;

Um advogado não pode assinar um documento de pessoa que não esteja inscrita na
OAB. P. ex., não pode um estagiário confeccionar uma peça de interesse pessoal e pedir
para um outro advogado assiná-la.

VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando


fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento
judicial anterior;

Caso a lei esteja estipulando que tal procedimento deve ser realizado de determinada
forma, não pode o advogado atuar de forma contrária a essa lei.

VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;

Nos termos em que estudados na aula que versa acerca do sigilo.

VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou


ciência do advogado contrário;
É comum que um advogado, dotado de poderes para tanto, entre em um acordo com a
parte contrária sem o consentimento de seu cliente, sendo que este acordo lhe é
prejudicial. Tal prática constitui uma infração

IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;

É o caso de deixar de pleitear por devido direito em momento oportuno, causando a


prescrição desse direito.

X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo


em que funcione;

Funciona tal qual no caso anterior. Verifica-se que o advogado tem de ter
comprometimento no exercício de sua função.

XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da


comunicação da renúncia;

Esses dez dias dizem respeito ao prazo que a parte terá para achar outro advogado.
Ainda que a parte deixe, por exemplo, de efetuar o pagamento dos seus honorários,
durante dez dias será necessário que o advogado continue o representando.

XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em
virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;

Quando um advogado é nomeado pela defensoria pública, não poderá ele recusar-se a
realizar tal assessoria.

XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses


ou relativas a causas pendentes;

Trata-se de uma violação referente à publicidade, conforme visto em aula anterior.

XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem


como de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o
adversário ou iludir o juiz da causa;

Tal cenário demonstra deslealdade e implica em infração disciplinar.

XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a


terceiro de fato definido como crime;

Não pode o advogado imputar crime à parte contrária sem que o seu cliente autorize
por escrito.

XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou


de autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente
notificado;
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou
destinado a fraudá-la;

XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou


desonesta;

XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do


mandato, sem expressa autorização do constituinte;

Conforme já visto, deve o advogado prestar contas aos clientes, não podendo reter todo
o valor do alvará para si.

XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si


ou interposta pessoa;

Não pode o advogado enriquecer indevidamente. P. ex, o cliente recebeu 70k e estava
acordado que o advogado receberia 20k. Assim, caso o advogado tome para si parcela
maior do que a estipulada em contrato, está ferindo o presente inciso. Todo pagamento
deve ter anuência do cliente.

XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas


dele ou de terceiros por conta dele;

XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;

XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB,


depois de regularmente notificado a fazê-lo;

XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;

Não pode o advogado esbarrar nos mesmos erros corriqueiramente.

XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;

XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;

XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;

XXVIII - praticar crime infamante;

XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.

Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:

a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;

b) incontinência pública e escandalosa;

c) embriaguez ou toxicomania habituais.


Caso o advogado venha a violar uma das infrações acima analisadas, será aplicada a ela
uma sanção correspondente à infração, a depender das particularidades do caso
concreto. As espécies de sanções estão previstas no art. 35 do Estatuto da OAB:
Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:

I - censura;

II - suspensão;

III - exclusão;

IV - multa.

Ainda que um advogado tenha uma sanção imposta contra ele, seja ela qual for, a
imposição dessa sanção deverá ser sigilosa. Todo processo disciplinar é sigiloso e deve
ser assim mantido.

Entende-se como censura, aplicável às infrações dos incisos I a XVI do art. 34, uma
advertência. Apenas os relatores terão acesso à essa advertência. Configura, portanto,
uma das sanções mais brandas.

Já a suspensão, por sua vez, é uma pena mais gravosa, pois implica na impossibilidade
do advogado de realizar suas atividades de 1 a 12 meses. É aplicável às infrações dos
incisos XVII e XXV, bem como se o advogado infrator foi reincidente.
Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:

§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que
satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária.

§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste
novas provas de habilitação.

Já a exclusão implica na sanção mais severa, pois acarreta à perda definitiva no direito
de advogado, não podendo o advogado constar como inscrito perante a OAB. Se aplica
nos casos em que o advogado tiver sido suspenso por três vezes, ou nas infrações mais
gravosas, referentes aos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.

Por ser tão severa, é necessário que a manifestação favorável de dois terços do
membro do conselho seccional competente. É necessário colocar em votação do
plenário e, caso dois terços do plenário sejam favoráveis à exclusão, será dado
andamento ao procedimento de exclusão.

O art. 40 do Estatuto da OAB prevê atenuantes às infrações disciplinares.


Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de
atenuação, as seguintes circunstâncias, entre outras:

I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;


II - ausência de punição disciplinar anterior;

III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da


OAB;

IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

Ler os seguintes artigos:


Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer,
um ano após seu cumprimento, a reabilitação, em face de provas efetivas de
bom comportamento.

Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o


pedido de reabilitação depende também da correspondente reabilitação
criminal.

Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem


aplicadas as sanções disciplinares de suspensão ou exclusão.

Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco


anos, contados da data da constatação oficial do fato.

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