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ESCOLA FORTE

APOSTILA 6 DE PORT. I – T.: PRÉ I


ALUNO(A): DATA: ___/___/2010

Assunto: Realismo
Naturalismo

REALISMO/NATURALISMO

• “O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a


apoteose do sentimento; o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do
homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos para condenar o que
houver de mau na nossa sociedade.”  (Eça de Queirós)

• O “realismo” ocorre toda vez que a arte procura expressar o mundo de


maneira objetiva, ou seja, deixando a imaginação, a subjetividade e o
sentimentalismo em segundo plano. O termo “Realismo”, por sua vez, designa
um estilo de época que predominou na segunda metade do século XIX. A arte
tende a desprender-se do sonho, da imaginação, da fantasia, da subjetividade.
Na história da literatura, o período em que predominou esse estilo é chamado
de Realismo/Naturalismo.

• É importante destacar que o termo ‘realismo’ designa uma forma de agir, de


interpretar a realidade. É uma atitude que sempre existiu. O comportamento
realista pode ocorrer em qualquer época da história, desde a Antiguidade até
nossos dias. Em resumo, podem ocorrer manifestações do ‘realismo’  na arte
de qualquer período, até em obras muito atuais. Mas, quando se emprega o
termo Realismo, faz-se referência a um estilo de época do século XIX.

• Definição do movimento literário: reação aos ideais românticos que


caracterizou a segunda metade do século XIX. De fato, as profundas
transformações vividas pela sociedade europeia exigiam uma nova postura
diante da realidade; não havia mais espaço para as exageradas idealizações
românticas.

CONTEXTO HISTÓRICO:

 • Ascensão do capitalismo industrial, sistema econômico que propõe a


anulação da interferência humana sobre os empreendimentos financeiros, ou
seja, a empresa passa a ser considerada como um organismo independente,
que visa apenas aos próprios objetivos (sobretudo um: produzir mais lucro).
Nessa concepção, as circunstâncias pessoais, individuais, tinham pouca ou
nenhuma importância no processo econômico. Os trabalhadores assalariados
encontravam-se em situação difícil, trabalhando em condições miseráveis e
excluídos das vantagens trazidas pelo avanço científico e industrial da época.
 • Filosofia: As teorias filosóficas da época apresentam um caráter materialista.
Propunha-se analisar o mundo a partir da observação de fatos. A principal
doutrina filosófica do período é o positivismo1.

 • Literatura:  O que se esperava da literatura do período? O escritor não


deveria mais expressar sua subjetividade, como fizera no Romantismo. Se a
realidade apresentasse aspectos feios e desagradáveis, não cabia mais ao
artista idealizar esses aspectos, mas descrevê-los como eles realmente se
apresentavam. O termo ‘expressão da verdade’ tornou-se a palavra de ordem
na atividade artística.

• Esses princípios geram as características fundamentais da literatura


realista/naturalista:

Para criarem obras verossímeis e próximas aos métodos científicos, os


escritores naturalistas empregam vocabulário comum à área das ciências. As
personagens, sobretudo as ambientadas em zonas urbanas, são o objeto de
estudo, e seu modo de ser e agir é mostrado como o resultado tanto das
condições sociais nas quais elas vivem quanto de fatores sociais, morais e
éticos. São enfatizados os aspectos mais primitivos do ser humano, que muitas
vezes é comparado aos animais (zoomorfismo), e o escritor se coloca como
observador dessa realidade. Como consequência, as cenas são
predominantemente descritivas, com as emoções em segundo plano.

• Romance Realista: cultivado no Brasil por Machado de Assis, é uma


narrativa mais preocupada com a análise psicológica, fazendo crítica à
sociedade a partir do comportamento de determinadas personagens. A
principal obra realista machadiana é Memórias Póstumas de Brás Cubas. O
romance realista é documental, retrato de uma época.
Em Memórias póstumas de Brás Cubas há um defunto autor, sem as
ilusões e as fraudes interiores dos vivos, narra do túmulo a sua vida pregressa.
Em um tom irônico, ele vai descobrindo a ausência de grandeza em si e em
todas as pessoas. A consciência de que as ações humanas são
desencadeadas apenas pelo interesse, pela possibilidade de lucro, pelo
egoísmo e pelo instinto sexual, justifica o fim do romance, em que Brás Cubas
mede sua vida e conclui que ganhara: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma
criatura o legado de nossa miséria.”

1
O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do século XIX. Os principais
idealizadores do positivismo foram os pensadores Augusto Comte e John Stuart Mill. Esta escola
filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX, período em que
chegou ao Brasil. O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de
conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é
correta se ela foi comprovada por meio de métodos científicos válidos. Os positivistas não consideram os
conhecimentos ligados às crenças, superstição ou qualquer outro que não possa ser comprovado
cientificamente. Para eles, o progresso da humanidade depende exclusivamente dos avanços científicos.
Essa corrente teve muita influência na literatura. No Brasil, por exemplo, influenciou escritores naturalistas
como Aluísio de Azevedo e Raul Pompéia.
• Romance Naturalista: cultivado no Brasil por Aluísio Azevedo. A narrativa
naturalista é marcada pela forte análise social a partir de grupos humanos
marginalizados, valorizando o coletivo. Interessa também notar que os títulos
dos romances naturalistas apresentam a mesma preocupação: O mulato, O
Cortiço, Casa de pensão, O Ateneu.

Exercícios:
1) Correlacione:
(A) Realismo
(B) Naturalismo

a) ( ) Ênfase no coletivo.
b) ( ) As obras retratam as camadas inferiores, o proletariado, os
marginalizados.
c) ( ) Romance documental, apoiado na observação e na análise.
d) ( ) Volta-se para a biologia, para a patologia.
e) ( ) O homem como um ser racional.

2) Observe como o narrador inicia o primeiro capítulo de Memórias póstumas


de Brás Cubas:
"Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim,
isto é, se poria em primeiro lugar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto
o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a
adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor
defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda
é que escrito ficaria assim mais galante e mais novo."

ASSIS, Machado de. In: COUTINHO, Afrânio (Org.). Obra completa.


Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992. v. I, p. 513.

Escreva, de forma concisa, sobre o narrador-personagem, Brás Cubas,


apontando elementos que justifiquem a postura revolucionária de Machado de
Assis, como iniciador do movimento literário realista.

3) O romance Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é


considerado um divisor de águas — e não apenas em relação à obra do
escritor, mas à história da literatura brasileira, já que naquela obra o autor:

a) Abandona de vez a análise psicológica e a ironia, dando ênfase à trama


realista calcada na descrição dos fatos.

b) Introduz entre nós os princípios da escola naturalista, sobretudo os que


representam o determinismo científico.

c) Passa a idealizar valores morais e éticos até então relativizados, criando


agora personagens fortes e íntegras.
d) Abandona o romantismo de fundo nacionalista e passa à análise das
expressões particulares de culturas regionais.

e) Renova a forma mesma do gênero romance, dando-lhe uma elasticidade na


qual ironia e análise objetiva se fundem.

4) Leia atentamente:

I. “A segunda Revolução Industrial, o cientificismo, o progresso tecnológico, o


socialismo utópico, a filosofia positivista de Augusto Comte, o evolucionismo
formam o contexto sócio-político-econômico-filosófico-científico em que se
desenvolveu a estética realista".

II. "O escritor realista acerca-se dos objetos e das pessoas de um modo
pessoal, apoiando-se na intuição e nos sentimentos".

III. "Os maiores representantes da estética realista-naturalista no Brasil foram:


Machado de Assis, Aluísio de Azevedo e Raul Pompéia".

IV. "Podemos citar como características da estética realista: o individualismo, a


linguagem erudita e a visão fantasiosa da sociedade".

Verificamos que em relação ao Realismo-Naturalismo está(estão) correta(s):

a) Apenas a I e II.
b) Apenas a I e III.
c) Apenas a II e IV.
d) Apenas a II e III.
e) Apenas a III e IV.

5) Na obra-prima que é o romance O cortiço:

a) Podemos encontrar as características básicas da prosa romântica: narrativa


passional, tipos humanos idealizados, disputa entre o interesse material e os
sentimentos mais nobres.

b) As personagens são apresentadas sob o ponto de vista psicológico,


desnudando-se ante os olhos do leitor graças à delicada sutileza com que o
autor as analisa e expressa.

c) O leitor é transportado ao doloroso universo dos miseráveis e oprimidos


migrantes que, tangidos pela seca, abrigam-se em acomodações coletivas, à
espera de uma oportunidade.

d) Vemos renascer, na década de 30 do nosso século, uma prosa viril, de


cunho regionalista, atenta às nossas mazelas sociais e capaz de objetivar em
estilo seco parte de nossa dura realidade.
e) Consagra-se entre nós a prosa naturalista, marcada pela associação direta
entre meio e personagens e pelo estilo agressivo que está a serviço das teses
deterministas da época.

6) Assinale a alternativa que contém a afirmação correta sobre o Naturalismo


no Brasil.

a) O Naturalismo, por seus princípios científicos, considerava as narrativas


literárias exemplos de demonstração de teses e ideias sobre a sociedade e o
homem.

b) O Naturalismo usou elementos da natureza selvagem do Brasil do século


XIX para defender teses sobre os defeitos da cultura primitiva.

c) A valorização da natureza rude verificada nos poetas árcades se prolonga na


visão naturalista do século XIX, que toma a natureza decadente dos cortiços
para provar os malefícios da mestiçagem.

d) O Naturalismo no Brasil esteve sempre ligado à beleza das paisagens das


cidades e do interior do Brasil.

e) O Naturalismo do século XIX no Brasil difundiu na literatura uma linguagem


científica e hermética, fazendo com que os textos literários fossem lidos apenas
por intelectuais.

7) Com relação ao realismo, é válido afirmar que:


a) analisa o ser humano do ponto de vista estritamente psicológico, isolando-o
do meio social.
b) valoriza e introduz na literatura elementos tipicamente brasileiros.
c) apresenta exagerada preocupação formal, que se revela na busca de
palavras ricas em sugestões sensoriais.
d) idealiza a personagem feminina, que é apresentada como um ser
excepcional de rara beleza.
e) procura analisar com objetividade e senso crítico os problemas sociais.

8) Todas as características citadas a seguir referem-se ao realismo, exceto:


a) predomínio da observação atenta da realidade social.
b) liberdade aos voos da imaginação emotiva.
c) crítica da sociedade burguesa.
d) denúncia de problemas sociais.
e) proposta de uma representação mais objetiva e fiel da vida humana.

9) Explique as diferenças entre o romance romântico e o romance realista,


considerando os seguintes aspectos: tipo de enredo e personagens.
GABARITO DA APOSTILA 6 DE LITERATURA – PRÉ I
1) a. B/b. B/c. A/d. B/e. A

2) Machado de Assis se vale de um narrador que expõe o


processo de criação literária e, dessa forma, rompe a
barreira entre a ficção e a realidade. Não o faz de forma
direta e cria um ambiente propício tanto às ilusões quanto
às digressões mais críticas, já que está morto e afastado
de qualquer compromisso mundano.

3) E
4) B
5) E
6) A
7) E
8) B

9) No romance Romântico destacavam-se os ideais cavalheirescos,


a idealização da mulher e o heroísmo, a dignidade e amor à pátria
nas personagens masculinas. As narrativas traziam uma constante
luta entre o bem e o mal, sempre com a vitória do bem. Narravam
sempre histórias de amor, onde era certo o conhecido Final Feliz.

Já no romance Realista observamos características temáticas


influenciadas pelo cientificismo da época. É carregado de críticas
sociais e traz à tona defeitos dos homens que até então não eram
revelados, como o materialismo, a traição, além de defeitos de
caráter e personalidade explicados pelo determinismo.
Personagens tipo são muito cultivadas nessas obras, ainda com o
objetivo de criticar a sociedade. A linguagem é correta e a narrativa
é lenta, com pausas para minuciosas descrições.

Pode-se ainda citar que o romance Naturalista em muitos casos não


se separa das narrativas realistas. Apresenta basicamente as
mesmas características e foram produzidos no mesmo período. A
diferença básica entre as duas tendências é que enquanto os
romances Realistas trazem personagens com características
comuns à natureza humana, o romance Naturalista tende aos
aspectos patológicos, dando margem a características animalescas.
A análise social é feita a partir de personagens marginalizadas.

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