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SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO

LETRAS- LÍNGUA PORTUGUESA E SUAS RESPECTIVAS


LITERATURAS

VICTOR MATEUS MARTINS

A história
da Língua Portuguesa e a ideologia por trás da discussão
sobre as relações entre o “português
europeu” e o “português brasileiro”.

Claudinápolis
2021
VICTOR MATEUS MARTINS

A história
da Língua Portuguesa e a ideologia por trás da discussão
sobre as relações entre o “português
europeu” e o “português brasileiro”.

Trabalho de Letras apresentado à Universidade Unopar,


como requisito parcial para a obtenção de média
Semestral nas disciplinas: Análise do Discurso; História
da Língua Portuguesa; Literaturas de Língua Portuguesa
IV; Literatura Comparada.
Orientadores: Andressa Aparecida Lopes; Antonio
Lemes Guerra Junior; Lucas Toledo de Andrade;
Anderson Teixeira Rolim.
Tutor Eletronico:Suze Borda

Claudinápolis
2021
Sumário

Introdução......................................................................................................................4
Português DO Brasil ou português NO Brasil?.............................................................5
Brasil X Portugal............................................................................................................6
A diferença entre as nomenclaturas utilizadas para a língua no Brasil........................7
Língua, sociedade e cultura..........................................................................................8
Conclusão....................................................................................................................10
Referências.................................................................................................................11
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Introdução

Através de pesquisas na web, visualização de vídeos e leitura de artigos


postados na rede, foi possível concretizar o estudo aqui abordado que nos trará
uma visão crítica e construtiva do quão importante é averiguar e compreender
A história da Língua Portuguesa e a ideologia por trás da discussão sobre as
relações entre o “português europeu” e o “português brasileiro”.
Mais importante que saber usar a língua é entender de onde ela vem e
como se transformou no que é atualmente. A língua é uma herança cultural que
representa e define o povo que a utiliza, por isso é imprescindível realizar
estudos que fundamentem sua origem, variação, etc. Com isso, é possível
entender as diversas nomenclaturas utilizadas para uma mesma língua em
regiões diferentes, que é uma mudança recorrente devido ao tempo, à região e
ao uso subjetivo da sociedade.
O objetivo principal desta pesquisa é desmistificar a nomenclatura
correta ou a mais próxima disso para denominar a língua em seu uso e estado
atual, uma vez que essa é uma discussão complexa diante do pensamento de
vários estudiosos e de materiais e pesquisas que abordam o assunto. Afinal,
vale a pena descobrir ou chegar perto de compreender a dicotomia Português
DO Brasil e Português NO Brasil.
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Português DO Brasil ou português NO Brasil?

Logo depois da Independência, em 1822, alguns intelectuais começaram


a divulgar a ideia de que era preciso também proclamar a “independência
linguística” do Brasil. Afinal, deveríamos chamar nossa língua de português ou
brasileiro?
Um dos nomes mais conhecidos dessa fase é o do escritor José de
Alencar (1829-1877), autor de Iracema e de O Guarani. O conceito era muito
simples: já que o Brasil não pertencia mais a Portugal e era agora uma nação
autônoma, independente, a língua também tinha que ser autônoma,
independente. E muitas pessoas chegaram mesmo a propor o nome “brasileiro”
ou “língua brasileira”.
A mudança linguística se dá, majoritariamente, na passagem histórica de
um povo para outro. Vários são os fatores determinantes para estabelecer essa
diferença. No português de Portugal, por exemplo, se relacionado ao falado no
Brasil, percebe-se uma notória diferença fonológica, gramatical, lexical e de
uso.
O convívio com os portugueses e a proximidade linguística existente
entre esses dois países, faz com que seja muito comum os brasileiros
adotarem um misto entre as duas formas de falar. Não é raro ver um brasileiro
falar um “tás a ver”, “vou à casa de banho”, “o autocarro está atrasado”, etc
Infere-se, portanto, que a língua portuguesa do Brasil é o resultado da
instauração de um espaço-tempo inerente às condições propiciadas pela
América Portuguesa. A língua que se desenvolveu sob as novas condições – a
língua portuguesa do Brasil – já não podia ser confundida com a língua de
Portugal uma vez que ambas se historicizam de maneiras diferentes em sua
relação com a formação dos países. Assim, embora o português do Brasil e o
de Portugal pareçam ter a mesma materialidade empírica e embora pareçam
ser uma mesma língua, apresentam diferentes sistemas simbólicos, diferentes
materialidades histórias e, consequentemente, diferentes memórias, pois sua
historicização ocorreu de modos diversos, considerando-se sua relação com a
formação dos dois países.
Pensar, portanto, nessa diferença entre o português do Brasil e o
português no Brasil, traz a ideia de que a o processo histórico ocorrido numa
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língua é o que, de fato, difere essa dicotomia. Quando se fala em português no


Brasil, remete-se ao tempo da colonização onde a língua estava sendo imposta
ao habitants da época, uma vez que o povo já possía uma língua e uma cultura
diferente da dos portugueses. Por outro lado, o português do Brasil, se dá
depois dessa fixação linguística, com o tempo, com a cultura e com o uso, pois,
agora, é o povo brasileiro que domina e usa a língua, a seu modo e com suas
devidas alterações. Logo, entende-se que o português no Brasil, nada tem a
ver com o português do brasil.

Brasil X Portugal

Com o início efetivo da colonização portuguesa em 1532, a língua


portuguesa começa a ser transportada para o Brasil. Aqui ela entra em relação,
num novo espaço-tempo, com povos que falavam outras línguas, as línguas
indígenas, e acaba por tornar-se, nessa nova geografia, a língua oficial e
nacional do Brasil.
Uma da maiores divergências em relação à língua nesses dois países é
a fonológica. Neste nível, a grande especificidade do português do Brasil, se
comparado ao de Portugal, considerando o que Pagotto nos mostra no seu
texto, é seu sistema de vogais. Para observar esse aspecto é necessário
distinguir, tal como nos mostrou Câmara (1953, 1970) a vogal na posição
tônica (da sílaba com acento de intensidade), a vogal na posição átona final
(como o /a/ de fuga), e a vogal na posição pretônica (como o /a/ de até).
No nível sintático, uma primeira característica geral do português do
Brasil é que ele, no que toca ao funcionamento dos pronomes átonos (me, te,
se, lhe, o, a, etc) tem uma colocação mais proclítica, não sendo encontrável em
Portugal, por exemplo, João se levantou, tão comum no Brasil. Isto faz com
que toda a colocação de pronomes átonos no Brasil seja bastante diferente da
de Portugal. Este tipo de diferença tem muito a ver com o fato de que as
diferenças fonético-fonológicas, apontadas antes, levam a um outro ritmo da
frase, assim como uma diferença de tonicidade nesses pronomes. Isto resulta
em um outro modo de colocá-los na frase, tal como já nos mostrou Ali (1908).
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No Brasil é também comum construções como está escrevendo, com estar +


gerúndio, não comum em Portugal, onde se encontram expressões como está
a escrever, com estar a + infinitivo. É também comum no Brasil expressões
com a preposição em, que em Portugal são com a preposição a. Tem-se,
comumente no Brasil, está na janela, chegou no Brasil, quando em Portugal se
tem está à janela, chegou ao Brasil.
Desde o início do século XIX, com o Marquês de Pedra Branca, se usa o
estudo do léxico para mostrar diferenças entre o português do Brasil e o
português de Portugal (11). Essas diferenças dizem respeito ao fato de que, no
Brasil, muitas palavras tomaram outros sentidos ou foram incorporadas ao
português a partir das línguas indígenas e africanas, com as quais o português
esteve e está em relação.

A diferença entre as nomenclaturas utilizadas para a língua no Brasil

Não somente na construção da frase, mas no sentido e no entendimento


é possível ver diferença ao dizer português NO/DO Brasil. O primeiro, traz a
ideia do tempo da colonização onde o ussa desta era uma característica
forçada e imposta aos falantes nativos que já possuíam uma língua em comum.
Enquanto que, no segundo, vê-se, claramente, o período após esse
mencionado, onde é possível enxergar a língua já com modificações culturais e
históricas geradas e estabelecidas pelo povo que a utiliza. No caso, os
brasileiros colonizados.
O principal fator que influi no sotaque de uma região é a língua falada
pelos povos nativos e por aqueles que migraram para lá. No Brasil, os
colonizadores vieram de muitos lugares, alterando a forma de falar em
diferentes partes do país. Algumas influências foram fortes e mais ou menos
homogêneas, como é o caso dos negros, principalmente os bantos. Na língua
banto não há palavras com duas consoantes. Graças a essa influência, muitas
vezes pneu transforma-se em “peneu” e advogado vira “adevogado”.
Levando em conta a grande extensão territorial brasileira, bem como a
grande pluralidade das origens dos povos que constituem a nação, nosso
idioma serve como elo comum a todos, já que tem a capacidade de aproximar
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os diferentes povos, línguas e culturas. Ao mesmo tempo absorve elementos


de diferentes culturas e integra-os nacionalmente, pois várias palavras e sons,
de diferentes origens que foram incorporadas na “língua falada” no Brasil e
assim reconhecidas como palavras que fazem parte do idioma falado
nacionalmente. Sendo assim, no Brasil a Língua Portuguesa funciona como
fator de coesão nacional, pois através da difusão da língua em todo o território
nacional foi possível a construção das bases nacionais de direitos e deveres
através das leis, bem como desenvolver bases educacionais comuns a toda a
população.

Língua, sociedade e cultura

As sociedades e culturas em que vivemos são dirigidas por poderosas


ordens discursivas que regem o que deve ser dito e o que deve ser calado e os
próprios sujeitos não estão isentos desses efeitos. "A linguagem, as narrativas,
os textos, os discursos não apenas descrevem ou falam sobre as coisas, ao
fazer isso eles instituem as coisas, inventando sua identidade" (SILVA, 2000,
p.32).
A esse respeito, é visto que a língua é um dos elementos centrais na
formação, por exemplo, das identidades nacionais. Estas apelam para mitos
que as fundamentem, pois sua identidade precisa ser inventada, imaginada em
torno de um determinado agrupamento, vindo, assim, a criar laços imaginários
que "liguem" pessoas, pois, de outra forma, seriam apenas indivíduos isolados.
Entretanto, ao lado da língua são criados também símbolos que identificam a
identidade da nação, como por exemplo, o hino, o brasão, aspectos culturais e
sociais que a definem como uma identidade.
Por isso, é possível concluir-se que a produção literária e linguística de
uma sociedade pode, sim, influenciar no processo de construção idnentitária da
língua utilizada em um país. Essas escolhas definem a sociedade enquanto
falante, ouvinte e intérprete da mesagem. A língua é um bem cultural que é
transmitido e modificado de acordo com o tempo, de maneira contínua e
incontrolável. Vale ressaltar que essas mudanças hitóricas são feitas de
maneira natural, conforme a necessidade da sociedade atual que usa a língua
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e nõ pode ser um processo forçado como o pode ser visto na imposição da


linguagem neutra contemporênea. Há aspectos fonológicos e morfossintáticos,
já mencionados anteriormente, que precisam ser respeitados e analisados para
que se faça determinadas modificações na estrutura linguística e/ou gramatical
de uma língua.
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Conclusão

Através das considerações expostas, é possivel concluir que no


processo de montagem do material evidenciou-se que é de extrema
importância profissional, buscar caminhos e maneiras diversificadas no que se
refere à elaboração de aulas construtivas e atrativas para o público
comtemporâneo, mesmo quando o conteúdo tem como foco inserir o estudante
no mundo da leitura e análise linguística. Ademais, este já pertence a uma
cultura tecnológica avançada e se faz mais fácil e objetivo conquistá-lo
utilizando-se disto.
Foi notória a importância da leitura para que se construa um uso
linguístico, de fato, exitoso. Pôde-se perceber que além de simplesmente ler,
os alunos, quando instigados a fazê-lo, aumentam seu acervo literário e
constroem, por conta própria, um uso adequado da língua, pois percebem as
diferenças e variações de linguagem analisadas, sejam elas diacrônicas,
regionais, etc. Desta forma, fundamentou-se que o uso da leitura literária e a
diferenciação das nomenclaturas utilizadas para a lingua contribuem com o
ensino e aprimoramento da língua.
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Referências

DEZMANN, Vanete. Brasileiro ou Português?! O nosso idioma é a Língua


Portuguesa do Brasil. Disponível em: <https://brmais.net/blog/brasileiro-ou-
portugues-!-o-nosso-idioma-e-a-lingua-portuguesa-do-brasil> Acesso em: 18 de
Agosto de 2021.

FARIAS, Washington Silva de. As gramáticas dos linguistas no Brasil: efeitos


de sentido polêmicos sobre a língua a re-conhecer. Linguagem em
(Dis)curso, Tubarão, SC, v. 14, n. 1, p. 105-122, jan./abr. 2014. Disponível em:
<https://tinyurl.com/yzyt32mh>. Acesso em: 03 de setembro de 2021.
GUIMARAES, Eduardo. A língua portuguesa no Brasil. Disponível em:
<http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v57n2/a15v57n2.pdf> Acesso em: 02 de
setembro de 2021.

NARDI, J.B. Cultura, Identidade e língua nacional no Brasil: uma utopia?


Cadernos de estudos da Funesa,v.1, Alagoas, 2002. Acesso em: 07 de
setembro de 2021.

ORLANDI, Eni P. A língua brasileira. Ciência e Cultura, São Paulo, v. 57, n. 2,


p. 29-30, abr./jun. 2005. Disponível em: <https://tinyurl.com/ygezesnb>. Acesso
em: 03 de setembro de 2021.

SUPERINTERESSANTE. Colonização interferiu na fala do Brasileiro.


Disponível em: <https://super.abril.com.br/historia/colonizacao-interferiu-na-
fala-do-brasileiro/> Acesso em: 02 de setembro de 2021.

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