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DIREITO ADMINISTRATIVO
CONCEITO
Num sentido amplo, pode-se falar em administração pública tanto querendo significar a
função política ou de governo (direção, gestão, planejamento), como também querendo significar a
função administrativa ou executiva.
Num sentido estrito, no entanto, administração pública identifica-se apenas com a função
administrativa ou executiva.
A função política ou de governo é objeto do Direito Constitucional, restando para o Direito
Administrativo o estudo da função administrativa.
Feitas estas considerações, resta indagar a qual ou quais Poderes de Estado cabe o exercício
da função política ou de governo e da função administrativa ou executiva.
Segundo a clássica divisão de Poderes proposta pelo Barão de Montesquieu em Poder
Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, pode-se identificar no Poder Executivo a atividade
predominante ou típica de executar, traduzir a vontade da lei em ato concreto para atingir
finalidade de interesse público, ou seja, a função administrativa.
Todavia, não é de exclusividade do Poder Executivo o exercício da função administrativa.
Também o Legislativo e o Judiciário praticam atos administrativos, isto é, desempenham a função
administrativa quando, por exemplo, exercem o poder disciplinar sobre seus servidores ou quando
fazem licitação para posterior contratação.
Aliás, cada um dos Poderes exerce não apenas sua função típica ou predominante, mas
também funções atípicas ou secundárias.
A função legislativa caracterizada pela elaboração de normas gerais e abstratas, que se
destinam a todos indistintamente, cabe de maneira típica ou predominante ao Poder Legislativo,
mas também aos Poderes Executivo e Judiciário, de forma atípica. O Executivo, por exemplo,
elabora medidas provisórias, leis delegadas (arts. 62 e 68 da CF); o Judiciário elabora seus
Regimentos Internos.
Quanto à função jurisdicional, esta se caracteriza, basicamente, pela aplicação coativa da lei
para solução de casos concretos, com força de coisa julgada. Cabe o exercício desta função
predominantemente (ou tipicamente) ao Poder Judiciário. No entanto, também o Legislativo e o
Executivo julgam. Exemplo do exercício da função jurisdicional pelo primeiro é o julgamento do
Presidente da República pelo Senado Federal nos crimes de responsabilidade (art. 52, I, da CF). O
Executivo igualmente julga conhecendo dos recursos administrativos decorrentes de autuações
fiscais, através dos Conselhos de Contribuintes, do Tribunal de Impostos e Taxas. Nestes casos, as
decisões do Legislativo e do Executivo podem ser revistas no Poder Judiciário, diante do disposto no
artigo 5º, XXXV, da Constituição Federal.
Assim, não se pode atribuir com exclusividade a função administrativa a nenhum dos Poderes,
embora se possa identificá-la como função predominante ou típica do Poder Executivo.
Resta indagar a quem compete a função política ou de governo, a que abrange atribuições
decorrentes diretamente da Constituição e por esta se regula; identifica-se com a noção de direção,
planejamento e fixação de metas em um dado Estado. Como escreve Maria Sylvia Zanella Di Pietro,
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a função política é afeta aos Poderes Executivo e Legislativo, excluindo-se o Poder Judiciário.
O direcionamento de uma Nação, a escolha das metas a atingir, o planejamento, enfim,
caberiam apenas a tais Poderes, já que implica função exercida de forma apriorística.
Primeiramente planeja-se; após passa-se à execução. Exerce-se a função política, depois a
administrativa.
Neste sentido, o legislador constituinte, ao estabelecer o dever do Estado de garantir o
atendimento em creche e pré-escola de crianças de zero a cinco de idade (art. 208, IV, da CF),
exerceu a função política. Ou seja, determinou a diretriz a ser seguida. O Poder Executivo, no caso,
é responsável por dar efetividade à vontade do legislador, dotando a coletividade de creches,
admitindo professores, abrindo matrículas e etc., exercendo, destarte, a função administrativa.
No Regime Presidencialista, em especial, além do Poder Legislativo, também o Executivo
exerce a função política. Recentemente, acompanhou-se o lançamento de um programa de
governo, o fome zero, onde se fixou uma diretriz, o ataque à miséria e à fome. Isso foi feito pelo
Executivo através do exercício da função política, cabendo, em seguida, predominantemente a ele,
atingir a finalidade de interesse público eleita, mediante o exercício da função administrativa.
Fácil de se concluir, agora, porque o Judiciário não exerce a função política, segundo a opinião
da autora supra citada. Ora, referido Poder não planeja, não fixa metas e não estabelece diretrizes
para toda uma Nação. O Judiciário, ainda que submeta os demais Poderes pelo controle de
legalidade, só o faz “a posteriori” e, quando isso ocorre, está exercendo sua função típica, a de dizer
a lei ao caso concreto.
a) é concreta: porque aplica a lei ao caso concreto; em regra aplica-se a lei ao caso concreto.
Excepcionalmente, porém, pode existir ato administrativo praticado diretamente com fulcro na
Constituição Federal;
b) não-inovadora: os atos administrativos limitam-se a aplicar a lei ao caso concreto. Somente a
atividade legislativa é que inova inicialmente no mundo jurídico;
c) é direta ou parcial: porque o Estado exerce tal atividade como parte interessada;
d) é subordinada: está sujeita a controle jurisdicional. As decisões administrativas estão sempre
sujeitas à revisão pelo Poder Judiciário. A coisa julgada administrativa impede a revisão
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administrativa do ato, mas não a revisão pelo Judiciário. No entanto, se existir decisão
administrativa final a favor do administrado, não poderá a Administração Pública pretender a
revisão judicial do ato administrativo;
e) é sujeita a um regime jurídico de direito público: informado pelo binômio “prerrogativas e
sujeições”. As prerrogativas conferem à Administração Pública, tão somente por conta do interesse
público de que deve se desincumbir, uma posição de supremacia em relação aos particulares,
enquanto que as sujeições, notadamente a obediência ao princípio da legalidade, visam assegurar a
liberdade dos cidadãos.
f) é exercida de ofício: independe de provocação da parte.
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sujeições.
A Constituição Federal trouxe inovação ao fazer menção a alguns dos princípios a que se
submete a Administração Pública. O rol consta do artigo 37, sendo exemplificativo e não taxativo.
Inicialmente constavam os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade. Com
o advento da Emenda Constitucional nº 19, de 04-06-98, acrescentou-se o princípio da eficiência.
Pode-se chamá-los de princípios constitucionais expressos ou explícitos.
Observação: fórmula mnemônica para memorização dos princípios constitucionais (LIMPE =
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência).
Destacam-se a seguir os mais importantes princípios que informam o Direito Administrativo,
começando-se pelos princípios fundamentais da supremacia do interesse público sobre o particular
e da legalidade.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Hely Lopes Meirelles o define com maestria: “Enquanto na administração particular é lícito
fazer tudo o que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei
autoriza.”
Já foi dito que no Direito Privado vige o princípio da autonomia da vontade, ou seja, as partes
podem fazer tudo o que a lei não proíbe, podendo livremente eleger os fins que pretendem
alcançar e utilizar de todos os meios para atingi-los, desde que fins e meios não sejam proibidos
pelo Direito.
No Direito Público, diferentemente, a Administração Pública somente pode praticar atos
previamente autorizados pela lei, só lhe é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza. Vige
a ideia de função, de dever do atendimento do interesse público.
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PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE
PRINCÍPIO DA HIERARQUIA
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PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
Os atos administrativos devem ser levados a conhecimento público para que possam surtir
efeito. A publicidade dos atos administrativos é a regra, sendo excepcionada nos casos de sigilo
previstos em lei.
Através da publicidade dos atos administrativos é que se dá conhecimento da atuação da
Administração Pública, ensejando a submissão dos atos administrativos aos mecanismos de
controle, via de regra, pela revisão deles pelo Judiciário, desde que adequadamente provocado.
Na Constituição Federal há disposições a respeito da abrangência do princípio da publicidade:
Artigo 5º, inciso XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da
fonte, quando necessário ao exercício profissional”;
Artigo 5º, inciso XXXIII: “todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
do Estado”;
Artigo 5º, inciso LXXII: “conceder-se-á habeas data:
PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA
Esse princípio foi acrescentado ao artigo 37, “caput”, da Constituição Federal pela Emenda
Constitucional nº 19, de 04-06-98. Trata-se, então, de princípio expresso. Implicitamente, no
entanto, já era aceito.
O artigo 74, II, da Constituição Federal, antes mesmo da Emenda Constitucional nº 19/98, já
tratava de forma implícita do princípio ao mencionar o controle da eficiência na gestão
orçamentária, financeira e patrimonial dos órgãos e entidades da administração federal, bem como
da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.
A eficiência deve existir tanto na estruturação dos órgãos administrativos, como também na
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PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO
Antes de dispor acerca de tais princípios, convém seja apreendida a diferença existente entre
dois tipos de atos administrativos: os atos vinculados e os atos discricionários. Isso porque os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade somente se aplicam aos atos administrativos
discricionários.
O ato administrativo é vinculado sempre que o administrador não dispuser de qualquer
liberdade na sua prática, dado que a lei estabeleceu todos os elementos do ato administrativo
(sujeito, objeto, forma, motivo e finalidade). Uma vez verificada a hipótese prevista na lei, cumpre
ao administrador, sem qualquer liberdade de atuação, praticar o ato administrativo. Ex: à servidora
pública gestante, deve ser concedida a licença gestante de 120 (cento e vinte dias). A concessão de
licença gestante é, portanto, direito da servidora que preencher os requisitos legais e não pode ser
negada pelo administrador, que atua sem qualquer liberdade.
O ato administrativo é discricionário sempre que o administrador dispuser de certa liberdade na
prática do ato, escolhendo dentre as soluções legais aquela que, segundo critérios de conveniência e
oportunidade, melhor se aplica ao caso concreto. Ex: ordinariamente, na escolha de penalidade a
servidor faltoso, o administrador pode optar pela punição mais ajustada ao caso concreto, dentre
aquelas estabelecidas pela lei. Levará em consideração, então, a gravidade do fato, os antecedentes do
servidor, as consequências que seu ato causou, o prejuízo que o Estado experimentou em decorrência
da infração cometida, etc. O administrador tem certa liberdade de atuação.
Os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade devem ser observados na prática dos
atos discricionários.
Sempre que o administrador tem liberdade de escolha na prática do ato administrativo, deve
escolher a solução legal que seja mais razoável para o caso concreto.
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A proporcionalidade, por sua vez, está contida na razoabilidade. Maria Sylvia Zanella Di Pietro
bem aborda o assunto: “Embora a Lei nº 9.784/99 faça referência aos princípios da razoabilidade e
da proporcionalidade, separadamente, na realidade, o segundo constitui um dos aspectos contidos
no primeiro. Isto porque o princípio da razoabilidade, entre outras coisas, exige proporcionalidade
entre os meios de que se utiliza a Administração e os fins que ela tem que alcançar”.
PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
Pelo princípio da autotutela, a Administração Pública exerce o controle sobre seus próprios
atos, o que lhe credencia a anular os reputados ilegais e a revogar os inconvenientes ou
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inoportunos.
O controle é duplo: de legalidade (anulação dos atos ilegais) e de mérito (revogação dos atos
inconvenientes ou inoportunos).
A respeito, existem duas Súmulas do Supremo Tribunal Federal: Súmula 346: “a
Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”; Súmula 473: “a
administração pode anular os seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais,
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
Tanto os atos vinculados, quanto os discricionários, podem ser anulados se houver
ilegalidade.
Celso Antônio Bandeira de Mello escreve: “Atos vinculados seriam aqueles em que, por existir
prévia e objetiva tipificação legal do único possível comportamento da Administração em face de
situação igualmente prevista em termos de objetividade absoluta, a Administração, ao expedi-los,
não interfere com apreciação subjetiva alguma. Atos ‘discricionários’, pelo contrário, seriam os que
a Administração pratica com certa margem de liberdade de avaliação ou decisão segundo critérios
de conveniência e oportunidade formulados por ela mesma, ainda que adstrita à lei reguladora da
expedição deles”.
Para os atos vinculados, a lei não dá margem de liberdade ao administrador. Diante de
determinada situação, a lei já prevê como o ato deve ser praticado, em toda sua extensão.
Para os atos discricionários, a lei dá margem de liberdade ao administrador. Diante de
determinada situação, a lei abre possibilidade de escolha ao administrador, para que opte pela
solução mais ajustada ao caso concreto.
Como foi dito, se o administrador não observar o estabelecido na lei, tanto no ato vinculado,
como no discricionário, o ato poderá ser anulado, por ilegalidade, pela própria Administração
Pública. Tal controle é de legalidade e, ordinariamente, decorre do exercício da hierarquia.
O controle de mérito, por sua vez, diz respeito à revogação dos atos inconvenientes ou
inoportunos e só atinge os atos discricionários.
A anulação retira a validade do ato desde o seu nascimento, como se o ato não houvesse
existido. Daí porque se diz que a anulação gera efeitos “ex tunc” (para trás).
A revogação gera efeitos “ex nunc” (para frente). Até que o ato seja revogado, ele permanece
válido e gerando efeitos.
Em síntese, a Administração Pública, ao anular e revogar os próprios atos exerce o controle
ou a autotutela, seja de legalidade, ou de mérito.
O exercício da autotulela pode ser feito mediante provocação, ou de ofício.
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ou Francês, em que a Administração Pública decide com força de coisa julgada, afastando-se o
controle pelo Judiciário. Tal sistema, contudo, não é puro. Há casos em que se admite o controle
pelo Judiciário.
O controle feito pelo Judiciário é só de legalidade. Não lhe é permitido fazer o controle de
mérito, isto é, não pode o Judiciário se substituir ao administrador na análise de conveniência e
oportunidade com o fito de revogar o ato administrativo, sob pena de atentado ao princípio da
Separação de Poderes.
PRINCÍPIO DA CELERIDADE
Para que a Administração Pública possa fazer com que o interesse público se sobreponha ao
interesse privado, ela é dotada de poderes.
Analisa-se, a seguir, cada um dos poderes mencionados.
PODER NORMATIVO
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No Brasil, com a edição da atual Constituição Federal, apesar de algumas opiniões contrárias,
o único regulamento admitido foi o Regulamento para fiel execução da lei, destinado, portanto, a
explicitá-la.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o regulamento explicita a lei em duas hipóteses: 1ª)
quando limita a discricionariedade administrativa, seja para dispor sobre o modo de proceder da
Administração (Ex: regulamento do IR estabelecendo o modelo da declaração, o prazo de entrega,
os bancos autorizados ao recebimento do tributo, etc.), seja para explicar os traduzir os conceitos
vagos contidos em lei e que dependam de considerações técnicas (Ex: regulamento explicando que
equipamento contra incêndio deve ser mantido em prédio residencial, qual o tipo de extintor, qual
sua capacidade, quantos por andar, etc.); 2ª) quando decompõe analiticamente o conteúdo de
conceitos sintéticos (Ex: regulamento explicitando um a um os agentes que são remunerados
obrigatoriamente por subsídios em razão de lei que atribui a eles algum benefício).
Ressalve-se que, com a modificação do artigo 84, VI da CF, pela Emenda Constitucional de nº
32, parte da doutrina passou a admitir a edição de Regulamento Autônomo ou Independente no
Direito Brasileiro em matéria organizativa, já que o dispositivo citado passou a outorgar ao
Presidente da República competência para “dispor, mediante decreto, sobre organização e
funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou
extinção de órgãos públicos”.
Os atos normativos, de toda sorte, não podem contrariar a lei.
Os atos normativos sujeitam-se a controle pelo Congresso Nacional e pelo Supremo Tribunal
Federal. O Congresso Nacional pode sustar os atos que exorbitem do poder regulamentar (art. 49,
V, da CF); o STF exerce o controle de constitucionalidade sobre os atos normativos federais e
estaduais.
Muitas leis dependem de regulamentação e, não obstante, o Poder Executivo se omite. Caso
a falta de norma regulamentadora torne “inviável o exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania” (artigo 5º,
LXXI, da CF), caberá mandado de injunção. Há previsão da declaração de inconstitucionalidade por
omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, cabendo o julgamento da ação
respectiva ao STF (art. 103, §2º, da CF).
Hely Lopes Meirelles entende que os destinatários das normas legais não regulamentadas
poderão “invocar utilmente seus preceitos”, desde que a lei tenha fixado prazo para a edição do
regulamento e que o prazo tenha decorrido “in albis” e sempre que o preceito invocado prescinda
de regulamentação.
O Regulamento é veiculado através de Decreto. O Decreto é a forma e o Regulamento é o
conteúdo. Observe-se que o chefe do Poder Executivo emite outros decretos, como o decreto de
desapropriação de um bem, o decreto de nomeação de um servidor, etc. Esses são decretos que
veiculam atos concretos. Assim, o Decreto é uma das formas pelas quais se revestem os atos
praticados pelo chefe do Poder Executivo, sendo necessário verificar seu conteúdo para saber que
tipo de ato foi praticado.
PODER HIERÁRQUICO
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Existem certas atividades administrativas que não são sujeitas à hierarquia. Isso ocorre nos
órgãos consultivos, que têm liberdade para exarar os pareceres, emitirem as suas opiniões. Caberá
ao administrador seguir ou não o parecer do órgão consultivo, não podendo realizar qualquer
controle hierárquico sobre tal atividade. O mesmo também ocorre com os órgãos colegiados a que
a lei atribua competência com exclusividade.
Relembre-se que a hierarquia não existe nos Poderes Judiciário e Legislativo, no tocante às
suas funções típicas ou institucionais, mas tão somente quando eles pratiquem atos
administrativos.
A partir da Emenda Constitucional n° 45/04, que previu a súmula vinculante, artigo 103-A da
CF, alguns juristas passaram a entender que há hierarquia parcial no Poder Judiciário ou que o
princípio segundo o qual não existia hierarquia na função jurisdicional foi mitigado, já que não é
dado ao magistrado decidir em contrariedade com o estabelecido na súmula vinculante, sendo
cabível reclamação junto ao STF contra a decisão proferida em desacordo com a súmula vinculante.
PODER DISCIPLINAR
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PODER DE POLÍCIA
CONCEITO
Para Hely Lopes Meirelles, “Poder de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração
Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em
benefício da coletividade ou do próprio Estado”.
MEIOS DE ATUAÇÃO
O poder de polícia pode ser exercido pelo Poder Legislativo e pelo Poder Executivo.
Através do Poder Legislativo, criam-se, por lei, as chamadas limitações administrativas.
Através do Poder Executivo, a Administração Pública “regulamenta as leis e controla a sua
aplicação, preventivamente (por meio de ordens, notificações, licenças ou autorizações) ou
repressivamente (mediante imposição de medidas coercitivas)”.
O exercício do poder de polícia pelo Poder Executivo também é conhecido como polícia
administrativa.
Modernamente, o poder de polícia diz respeito aos mais variados setores: segurança, meio-
ambiente, patrimônio cultural, propriedade, defesa do consumidor, saúde, etc.
CARACTERÍSTICAS
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Não há impedimento a que o exercício da polícia administrativa seja delegado por lei a pessoa
jurídica da Administração Indireta, ainda que se trate de pessoa jurídica de direito privado, na
opinião de José dos Santos Carvalho Filho.
As condições para tanto são: 1ª) a pessoa jurídica deve ser integrante da Administração
Pública Indireta; 2ª) a competência delegada deve ser conferida por lei; e 3ª) o poder de polícia
deve se restringir a atos de natureza fiscalizatória, ou seja, as restrições devem preexistir e a
entidade apenas exerce função executória, não inovadora.
No entanto, há discussão pendente no Supremo Tribunal Federal, a respeito do exercício do
poder de polícia por sociedade de economia mista, nos autos do Recurso Extraordinário com
Agravo (ARE) 662186, interposto pela Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A –
(BHTRANS) contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJ-MG), que
considerou inviável a possibilidade de aplicação de multas pela empresa de trânsito, sociedade de
economia mista, e determinou a restituição de valores assim arrecadados. O TJ-MG decidiu
conforme a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo a qual uma sociedade de
economia mista de trânsito tem apenas poder de polícia fiscalizatório, mas lhe é vedada a
imposição de sanções.
ATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO
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um imóvel;
c. as atividades materiais, também chamadas de fatos administrativos, como a
construção de uma ponte, o ministério de uma aula em escola pública, são atos que pertencem
ao domínio da técnica e só reflexamente interessam ao direito;
d. atos políticos ou de governo, como a sanção e o veto à lei.
ATRIBUTOS
O ato administrativo é espécie de ato jurídico. O ato administrativo se destaca do gênero ato
jurídico porque é informado por características próprias, formadoras de um regime jurídico
administrativo.
Os atributos ou características dos atos administrativos são: a presunção de legitimidade e
veracidade, a imperatividade, a autoexecutoriedade e a tipicidade.
IMPERATIVIDADE
AUTOEXECUTORIEDADE
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A EXECUTORIEDADE SÓ É POSSÍVEL
São cinco os elementos ou requisitos dos atos administrativos: sujeito, objeto, forma, motivo
e finalidade.
SUJEITO
OBJETO
O objeto deve ser lícito (conforme à lei), possível (realizável no mundo dos fatos e do direito),
certo (definido) e moral (de acordo com os princípios de boa-fé, ética e honestidade).
FORMA
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Normalmente, os atos administrativos são praticados na forma escrita, mas são possíveis atos
administrativos verbais como as ordens dos superiores aos subalternos, e até mesmo atos
administrativos convencionais, como os sinais de trânsito, apitos e gestos dos guardas de trânsito,
placas. Se a lei estabelecer determinada forma para a prática do ato e, não obstante, não for
observada, o ato será nulo. Às vezes a lei estabelece, por exemplo, que o ato praticado seja
revestido da forma de decreto, resolução etc.
A Administração Pública também poderá manifestar sua vontade através do silêncio, desde
que haja previsão legal de que o silêncio da Administração Pública após certo prazo gere algum
efeito.
A Lei do Processo Administrativo na esfera federal (Lei n. 9.784/99) estabelece, em seu artigo
22, que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determinada senão quando a
lei expressamente a exigir”. Pode-se dizer, então, que esta lei institui o informalismo do ato
administrativo, como regra.
A motivação do ato administrativo, isto é, a exposição dos fatos e do direito que embasam a
expedição do ato, faz parte do conceito de forma. A falta da exposição dos fatos e do direito que
justificam a prática do ato administrativo causa nulidade do ato por inobservância da forma.
MOTIVO
A última corrente é a mais aceitável. A motivação deve existir tanto nos atos vinculados,
quanto nos atos discricionários. É claro que a motivação nos atos vinculados é bem sucinta, basta
mencionar a situação ocorrida e o dispositivo legal que autorizam a expedição do ato
administrativo. Já nos atos discricionários, a motivação deve incluir as razões que levaram a
Administração Pública a optar por uma das soluções previstas em lei para o caso concreto, a fim de
que seja possível verificar a obediência aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.
Ligada à motivação, existe a Teoria dos Motivos Determinantes. Segundo esta teoria, a
Administração Pública fica vinculada ao motivo citado para embasar a prática do ato, de tal modo
que, demonstrada a inexistência ou falsidade do motivo, o ato é inválido e poderá ser anulado.
Ainda que a lei não descreva o motivo para a prática do ato, se a Administração Pública
indicar o motivo em que se fundou para expedir o ato administrativo, ele deverá ser existente e
verdadeiro, sob pena de anulação do ato. Ex: de inexistência de motivo na exoneração “ad nutum”
de ocupante de cargo em comissão, não é necessário dispor sobre o motivo, mas se a
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Administração Pública, por exemplo, disser que praticou o ato visando reduzir gastos e, em seguida,
nomear outra pessoa para o cargo, o ato será nulo.
FINALIDADE
É o resultado pretendido pela Administração. Pode ser tomada num sentido amplo e restrito.
Pelo primeiro, diz-se que o ato administrativo deve sempre atender a um fim de interesse público,
vedando-se à Administração Pública que pratique um ato tão somente para atender a um dado
interesse particular. Ex: a desapropriação não pode, por exemplo, ser praticada para perseguir um
inimigo político. Pelo segundo, o ato administrativo praticado deve corresponder ao específico
interesse público disposto em lei. Ex: a lei prevê a remoção de servidor para atender a necessidade
do serviço público, jamais para punir o servidor, eis que existem sanções específicas para o servidor
faltoso. Se a Administração Pública remove um servidor para puni-lo, estará se desviando do fim de
interesse público disposto em lei para a espécie.
DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO
Na prática dos atos administrativos, a Administração Pública ora atua sem liberdade alguma,
ora com certa margem de liberdade. Por vezes, a lei não deixa ao administrador qualquer
possibilidade de apreciação subjetiva na edição do ato administrativo, regulando integralmente
todos os elementos ou requisitos do ato administrativo: sujeito, objeto, forma, motivo e finalidade.
Diz-se, então, que o ato praticado é vinculado ou regrado. Outras vezes, no entanto, a lei concede
ao administrador, liberdade de atuação, conferindo-lhe o poder-dever de analisar a situação
concreta e de escolher, segundo critério de conveniência e oportunidade, uma dentre as opções
legais. Haverá, neste caso, atuação discricionária da Administração. Não existe ato inteiramente
discricionário, já que com referência à competência, à forma e à finalidade, a lei impõe limitações.
Exemplo de ato vinculado é a aposentadoria compulsória de funcionário aos setenta anos de
idade. Exemplo de ato discricionário é a punição de servidor faltoso, com escolha da pena dentre as
legalmente dispostas, levando-se em conta a infração cometida, a pessoa do infrator, a repercussão
da infração, com observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade segundo o
critério da oportunidade e conveniência.
Não se pode confundir discricionariedade com arbitrariedade. A primeira existe nos limites da
lei. A segunda extrapola limites e é repudiada pelo nosso ordenamento jurídico. Os atos arbitrários
devem ser irremediavelmente anulados, seja pela própria Administração Pública, seja pelo
Judiciário.
Pelo aspecto da legalidade, o ato administrativo deve ser praticado de acordo com a lei. Pelo
aspecto do mérito, o ato administrativo deve se revelar oportuno e conveniente ao interesse
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público.
O controle de legalidade diz respeito à conformidade do ato com a lei e pode ser exercido
tanto nos atos vinculados (todos os elementos são dispostos em lei com precisão), quanto nos atos
discricionários (nem todos os elementos são dispostos em lei de forma precisa).
O controle de mérito, diferentemente, diz respeito à conveniência e oportunidade na prática
do ato administrativo e, portanto, somente pode ser exercido em relação aos atos discricionários.
Em resumo, a legalidade submete tanto os atos vinculados quanto os discricionários. O
mérito, todavia, só diz respeito aos atos discricionários.
O controle de legalidade e de mérito pode ser feito pela Administração Pública, já que ela
pode anular seus próprios atos, desde que ilegais, ou revogá-los, por razões de conveniência e
oportunidade. Trata-se do poder de autotutela dos atos administrativos.
O Judiciário, por sua vez, somente pode exercer o controle de legalidade, sendo-lhe vedado
controlar o mérito do ato administrativo no sentido adiante referido. Isto significa que o juiz não
pode substituir os critérios de conveniência e oportunidade, utilizados de forma legítima pelo
administrador, pelos seus próprios critérios de conveniência e oportunidade. Assim, se o Judiciário
se depara com ilegalidade, anulará o ato, mas não poderá revogá-lo, por razões de conveniência e
oportunidade, já que a revogação cabe apenas à Administração Pública.
Com base nos ensinamentos de Celso Antônio Bandeira de Mello, destacam-se as seguintes
modalidades de extinção do ato administrativo:
➢ revogação;
➢ anulação;
➢ cassação;
➢ caducidade;
➢ contraposição.
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zoneamento, tornou-se incompatível com aquele tipo de uso” (pág. 395) (Celso Antônio Bandeira
de Mello).
A contraposição ou derrubada decorre da emissão de ato cujos efeitos são contrapostos aos
efeitos de ato anterior. Ex: a exoneração de um servidor retira os efeitos do ato de nomeação deste
mesmo servidor.
Com relação à renúncia, o autor afirma que “consiste na extinção dos efeitos do ato ante a
rejeição pelo beneficiário de uma situação jurídica favorável de que desfrutava em conseqüência
daquele ato. Exemplo: a renúncia a um cargo de secretário de Estado” (pág. 396).
Merece maior destaque e estudo a retirada do ato por revogação e por anulação. Alguns
autores, como Hely Lopes Meirelles, utilizam o vocábulo invalidação como gênero do qual a
revogação e a anulação seriam espécies. No entanto, parece mais adequado falar em invalidação
tão somente como sinônimo de anulação, à semelhança de Maria Sylvia Zanella Di Pietro.
ANULAÇÃO OU INVALIDAÇÃO
CONCEITO
A anulação é a retirada do ato administrativo por razões de ilegalidade. Atinge, portanto, ato
inválido, daí porque alguns autores preferem utilizar o vocábulo invalidação.
EFEITOS
A anulação opera efeitos “ex tunc”, desde então, isto é, a partir da expedição do ato
administrativo ora anulado, já que ato inválido não pode gerar efeitos.
Os efeitos da invalidação dos atos restritivos da esfera jurídica dos administrados, como o que
impõe multa ao motorista infrator das regras de trânsito, são “ex tunc”, desde a prática do ato
ilegal.
COMPETÊNCIA
Tanto a Administração Pública quanto o Judiciário podem anular os atos administrativos que
se encontrem viciados. A Administração Pública o faz pelo poder de autotutela. O Judiciário o faz no
exercício do controle de legalidade.
A Administração Pública pode anular o ato de ofício ou desde que provocada. O Judiciário,
por sua vez, depende de provocação para analisar a legalidade do ato administrativo.
A anulação do ato administrativo pelo exercício da autotutela está consagrada em duas
Súmulas do STF, 346 e 473. Segundo a Súmula 346: “a Administração Pública pode declarar a
nulidade de seus próprios atos”. Conforme a Súmula 473: “A Administração pode anular seus
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam
direitos, ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
A anulação e o princípio do contraditório:
Vem se firmando na doutrina a orientação de que a anulação do ato administrativo ilegal
deve observar o princípio do contraditório sempre que afete direitos ou mesmo interesses dos
administrados, como, aliás, consta do artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal, e de outros
diplomas legais, com destaque para a Lei do Processo Administrativo Estadual (Lei 10.177/98, arts.
58, IV e V e 59,II).
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SERVIÇOS PÚBLICOS
INTRODUÇÃO
Uma atividade é considerada serviço público, cuja titularidade é do Estado, o regime jurídico
aplicável é o de direito público.
Paralelamente aos serviços públicos, existem os serviços governamentais, cuja noção será
feita de modo breve.
O Estado, além de titularizar serviços públicos, pode, excepcionalmente, exercer atividade
econômica e, quando assim age, não presta serviço público, mas apenas serviço governamental.
A exploração da atividade econômica pelo Estado dá-se nos termos do artigo 173 da
Constituição Federal, ou seja, quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo, conforme estabelecido em lei. O Estado também pode explorar a
atividade econômica em regime de monopólio, conforme artigo 177 da Constituição Federal.
Nas hipóteses, o Estado valer-se-á de empresas pública e de sociedades de economia mista,
submetidas ao direito privado, embora sujeito a derrogações pelo direito público.
Diante disso, pode-se apontar a seguinte conclusão: o Estado presta serviços públicos e
também serviços governamentais (estes não são serviços públicos haja vista a divergência de
regime a que se submete).
O ELEMENTO SUBJETIVO
É o Estado o titular do serviço público, que poderá prestá-lo centralizadamente – por meio
dos próprios órgãos que formam a Administração Direta das pessoas políticas (União, Estados-
membros, Municípios e Distrito Federal) – ou descentralizadamente – por meio de pessoas criadas
pelo Estado para tal fim ou mediante concessão ou permissão.
O ELEMENTO FORMAL
O ELEMENTO MATERIAL
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Pode ser ainda denominado como princípio da flexibilidade dos meios aos fins.
Como o interesse público é cambiável, isto é, modificável no tempo e no espaço, não há
direito adquirido, de quem quer que seja, que impeça a modificação na prestação do serviço
público para o bom atendimento do serviço público.
Assim é que nos contratos administrativos pertinentes à prestação de serviço público, admite-
se a alteração unilateral das cláusulas regulamentares ou de serviço, como também a rescisão
unilateral do contrato, tudo por motivo de interesse público. Trata-se da presença das cláusulas
exorbitantes e derrogatórias de direito comum, cuja aplicação decorre do princípio ora tratado.
Há quem destaque este princípio com o nome de princípio da eficiência.
São serviços públicos exclusivos aquelas atividades que somente podem ser prestadas pelo
Estado ou por quem dele receba delegação. Exemplo: o serviço de transporte coletivo urbano. O
particular poderá receber a incumbência de exercer o serviço público, mediante, ordinariamente,
concessão e permissão de serviço público.
São serviços públicos não exclusivos do Estado as atividades que, ao mesmo tempo, podem
ser prestadas pelo Estado e pelos particulares, sendo que, nesta última hipótese, o particular não
recebe delegação do poder público. Se a atividade for prestada pelo Estado, haverá serviço público.
Se a atividade foi prestada pelos particulares, não haverá serviço público, mas atividade particular.
São exemplos dos serviços públicos não exclusivos do Estado: saúde, previdência social, assistência
social e educação. Eventual ingerência das normas de direito público quanto ao controle e à
fiscalização dos serviços públicos não privativos do Estado é decorrente do Poder de Polícia.
Serviços uti singuli ou individuais são os que são prestados a usuários certos e determinados,
podendo ser mensurada a utilização que cada um faz do serviço público. São remunerados por taxa
ou tarifa, excluindo-se a remuneração por imposto.Ex: serviço de água e energia domiciliar.
Serviços uti universi ou gerais são os que são prestados à coletividade em geral, sem
possibilidade de aferição do quantum cada membro da coletividade usufrui o serviço público. Daí
porque devem ser remunerados por impostos. Ex: serviço de iluminação pública, de segurança, de
saneamento, etc.
Ressalte-se que quanto ao serviço de iluminação pública está prevista a instituição de
contribuição no art. 149A da CF.
Os serviços públicos próprios correspondem às atividades assumidas pelo Estado como suas,
podendo prestá-las centralizada ou descentralizadamente.
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Como se viu, ocorre a descentralização do serviço público se o Estado cria pessoa jurídica,
pública ou privada, para sua prestação, ou apenas se transfere o exercício do serviço público a um
particular já existente.
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O Estado pode, então, criar as seguintes pessoas para a prestação do serviço público:
autarquias, fundações governamentais, empresas públicas e sociedades de economia mista. Todas
estas pessoas fazem parte da Administração Indireta.
Se o Estado transferir a atividade para um particular já existente, haverá, basicamente,
concessão ou permissão de serviço público. Os concessionários e permissionários de serviço público
não fazem parte da Administração Indireta, ao menos segundo o Decreto-lei nº 200/67 que cuida
da organização administrativa da União. Elas estariam incluídas na Administração descentralizada,
mas não indireta.
Lamentável a disciplina legislativa a respeito da matéria porque deveria coincidir o conceito
de Administração Indireta com o de Administração Descentralizada, tal como coincide o de
Administração Direta com o de Centralizada.
Em doutrina, no entanto, os autores, por vezes, usam indistintamente as expressões
Administração Indireta e Administração Descentralizada.
AUTARQUIAS
CONCEITO E CARACTERÍSTICAS
São pessoas jurídicas de direito público, criadas por lei, para a prestação de um serviço
público.
As autarquias têm em comum com as pessoas políticas (União, Estados membros, Distrito
Federal e Municípios), a personalidade jurídica de direito público, apartando-se, no entanto, por
não possuírem capacidade política ou autonomia, mas tão somente capacidades administrativa,
financeira e técnica.
Também em decorrência da personalidade jurídica de direito público é que as autarquias se
submetem a regime jurídico de direito público, fazendo jus aos mesmos privilégios e prerrogativas
da Administração Pública, bem como se sujeitando às mesmas restrições.
Seus atos são administrativos, dotados dos atributos da presunção de legitimidade e
veracidade, imperatividade, autoexecutoriedade e tipicidade. Os seus contratos são
administrativos, marcados pela presença das cláusulas exorbitantes e derrogatórias de direito
comum. Seus bens são públicos e impenhoráveis. A execução contra a autarquia submete-se ao
disposto no artigo 100 da Constituição Federal e aos artigos 730 e 731 do Código de Processo Civil.
Têm privilégios processuais: juízo privativo, prazos dilatados (em dobro), duplo grau de jurisdição.
CRIAÇÃO E EXTINÇÃO
As autarquias devem ser criadas por lei específica, conforme o disposto no artigo 37, XIX, da
Constituição Federal. Vale dizer, para a criação de cada autarquia, há que se existir lei própria.
Da mesma forma, para extinção, há a necessidade de lei específica. Trata se da aplicação do
princípio do paralelismo das formas.
CONTROLE OU TUTELA
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A autarquia não está sujeita à hierarquia da pessoa política que se decidiu pela sua criação,
mas apenas submetida ao controle ou tutela a ser exercido pela pessoa política responsável pelo
seu surgimento.
Trata-se de controle destinado a assegurar que a autarquia cumpra seus fins institucionais. Na
esfera federal recebe o nome de Supervisão Ministerial (Decreto-lei nº. 200/67).
Quanto à estrutura:
1 ) fundacional: é a de base patrimonial, são as fundações governamentais com personalidade
de direito público. Ex: a maioria das universidades públicas.
2 ) corporativa: é a de base associativa. Ex: CREA, CRM.
Com relação às autarquias corporativas que fiscalizam o exercício das profissões, como ocorre
com o CREA e o CRM, têm competência para exercer a chamada polícia das profissões, que
originariamente seria atribuição do poder público. Assim, as autarquias corporativas têm
competência para a fiscalização do exercício profissional e para exercer o poder disciplinar.
O poder público transfere tal atribuição às ordens profissionais.
Trata-se de autarquias sob regime especial, notadamente porque seus dirigentes são
escolhidos pelos próprios pares, mediante eleição, bem como porque não se sujeitam a controle ou
tutela por parte da Administração Centralizada.
Há autores, como Odete Medauar, que sustentam não fazerem tais autarquias parte da
Administração Indireta.
Quanto à OAB, a doutrina sempre a considerou como autarquia sob regime especial. O
Superior Tribunal de Justiça, embora dissentindo quanto à natureza da contribuição parafiscal que a
OAB recebe, bem como quanto à legislação a que se submete a execução de seus créditos, ora
reconhecendo a aplicação da Lei 6.830/80, ora reconhecendo a aplicação do Código de Processo
Civil, afirma que a OAB é autarquia sob regime especial, excluindo-a do controle ou tutela por parte
da Administração Direta.
No entanto, o STF, na ADIN 3.026-4/DF, entendeu que a OAB não é entidade da
Administração Indireta da União, considerando-a como um serviço público independente e
excluindo-a do elenco das autarquias especiais e estabelecendo que não está sujeita a controle da
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AGÊNCIAS REGULADORAS
AGÊNCIAS EXECUTIVAS
A agência executiva foi inicialmente tratada na Lei 9.649/98 (dispõe sobre a organização da
Presidência da República e dos Ministérios).
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Qualifica-se como agência executiva a autarquia ou fundação pública que tenha um plano
estratégico de reestruturação e desenvolvimento institucional em andamento e haja celebrado
contrato de gestão com o respectivo Ministério Supervisor. O Executivo dará à agência assim
qualificada maior autonomia de gestão e assegurará o repasse de recursos para cumprimento das
metas constantes do contrato de gestão, pelo prazo mínimo de um ano. A qualificação como
agência executiva será feita por Decreto.
A autarquia ou fundação qualificada como agência executiva goza de um benefício
acrescentado à Lei nº. 8.666/93 pela Lei nº. 9.648/98, qual seja: a ampliação dos limites de isenção
ao dever de licitar (vide artigo 24, § único da Lei nº. 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº.
9.648/98).
AS ASSOCIAÇÕES PÚBLICAS
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Para os adeptos da segunda corrente, o Estado tanto pode instituir uma fundação e dotá-la
de personalidade jurídica de direito público, como de direito privado.
No caso do poder público instituir uma fundação com personalidade jurídica de direito
público, ter-se-á uma autarquia fundacional, com submissão a regras de direito público. Ex:
Universidades Públicas.
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➢ necessidade de lei específica autorizando sua criação (artigo 37, XIX), como também sua
extinção;
➢ sujeição a controle pelo Executivo (Supervisão Ministerial) e à fiscalização pelo Tribunal de
Contas (arts. 49, X, 72 e 73);
➢ equiparação de seus empregados para os fins do disposto no artigo 37 da Constituição,
inclusive no que se refere à acumulação do emprego na fundação com outros cargos,
empregos ou funções (art. 37, XVII);
➢ submissão à lei 8.666/93, licitação e contratos, vide arts. 1º e 119;
➢ imunidade tributária referente ao imposto sobre o patrimônio, a renda ou serviços
vinculados a suas finalidades essenciais ou delas decorrentes (art. 150, § 2º, da CF);
➢ ação popular contra atos lesivos a seu patrimônio (art. 5º, inciso LXXIII da CF).
Empresa pública é pessoa jurídica de direito privado, cuja instituição depende de autorização
em lei específica, destinada a explorar atividade econômica ou a prestar serviço público, formada
com capital inteiramente público e organizada sob qualquer forma admitida em direito.
Segundo o artigo 5º, inciso II, do Decreto-lei 200/67, empresa pública “é a entidade dotada de
personalidade jurídica de Direito Privado, com patrimônio próprio e capital exclusivo da União,
criada por lei para a exploração de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer por
força de contingência ou de conveniência administrativa, podendo revestir-se de qualquer das
formas admitidas em Direito”.
Posteriormente, o Decreto-lei 900/69 alterou o conceito de empresa pública ao admitir, na
formação de seu capital, a participação de pessoas jurídicas de direito público interno, bem como
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Sociedade de economia mista é pessoa jurídica de direito privado, cuja instituição depende de
autorização em lei específica, destinada a explorar atividade econômica ou a prestar serviço
público, formada com capital público e privado, organizada sob a forma de sociedade anônima.
De acordo com o Decreto-lei 200/67, sociedade de economia mista é “a entidade dotada de
personalidade jurídica de Direito Privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica,
cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da Administração
indireta.”
As críticas ao conceito legal são, basicamente, duas: não menciona a presença de capital da
iniciativa privada em conjugação com o capital público; define como finalidade da sociedade de
economia mista a exploração da atividade econômica, deixando de lado as sociedades de economia
mista que prestam serviço público.
Ressalte-se, contudo, que há autores, como é o caso de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, que
entendem que a empresa pública e a sociedade de economia mista desempenham sempre
atividade de natureza econômica.
Ocorre que, para a autora citada, a atividade de natureza econômica ora é desempenhada a
título de intervenção do Estado no domínio econômico, com submissão ao disposto no artigo 173
da Constituição Federal, ora é desempenhada como serviço público, aplicando-se, na hipótese, o
disposto no artigo 175 da Carta Magna.
A atividade econômica prestada como serviço público é a que corresponde à classificação
antes feita dos serviços públicos comerciais ou industriais do Estado.
QUANTO AO CAPITAL
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CRIAÇÃO E EXTINÇÃO
O artigo 37, XIX da Constituição Federal exige a autorização em lei específica para a criação de
sociedade de economia mista e empresa pública.
Igualmente para a criação de subsidiárias de tais pessoas e para a participação delas em
empresa privada há necessidade de autorização em lei específica (art. 37, XX, da CF).
As empresas públicas e as sociedades de economia mista, por serem pessoas jurídicas de
direito privado, não são criadas por lei, mas são criadas mediante autorização em lei,
diferentemente do que se passa com a autarquia, que é criada por lei.
A personalidade da empresa pública e da sociedade de economia mista, então, depende da
elaboração de seus atos constitutivos, por parte do Poder Executivo, e da sua transcrição no
registro público pertinente, a partir do que tais empresas passam a ter personalidade.
A extinção da sociedade de economia mista e da empresa pública somente pode existir desde
que haja lei autorizadora específica.
CONTROLE OU TUTELA
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a. artigo 5º, inciso LXXIII: ação popular contra ato lesivo ao patrimônio público ou a entidade
de o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente ou ao patrimônio histórico e
cultural;
b. artigo 37, “caput”: submissão aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência;
c. artigo 37, II: exigência de concurso público de provas ou de provas e títulos para ingresso
em emprego público nas empresas públicas e sociedades de economia mista;
d. artigo 37, inciso XVII: estende a proibição de acumular cargos empregos e funções públicas
às sociedades de economia mista e às empresas públicas, salvo as exceções constantes da própria
Constituição Federal;
e. artigo 37, XIX: criação das empresas públicas e sociedades de economia mista mediante
autorização em lei específica;
f. artigo 37, XX: exigência de lei específica para criação de subsidiárias de empresas públicas e
sociedades de economia mista e participação delas em empresas privadas;
g. artigo 37, § 9°: submissão dos empregados das empresas públicas e das sociedades de
economia mista ao teto remuneratório previsto no artigo 37, XI, salvo se a empresa não receber
recursos da União, Estado, Distrito Federal ou Município para pagamento de seu pessoal ou custeio
em geral.
h. artigo 49, X: submissão dos atos da Administração Indireta à fiscalização e controle do
Congresso Nacional;
i. 52, VII: cabe ao Congresso Nacional dispor sobre limites globais para as operações de
crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas
autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;
j. artigo 54: vedação aos deputados e senadores: I - desde a expedição do diploma, de: a)
firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública,
sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o
contrato obedecer a cláusulas uniformes; b) aceitar ou exercer cargo, função ou emprego
remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades constantes da alínea
anterior; e II - desde a posse de: a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que
goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função
remunerada; b) ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis “ad nutum”, nas entidades
referidas no inciso I, “a”; c) patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que
se refere o inciso I, “a”;
k. artigo 71, II, III e IV: julgamento das contas dos administradores e responsáveis por bens e
valores públicos e exame da legalidade dos atos de admissão de pessoal, concessão de
aposentadoria, reforma e pensões pelo Tribunal de Contas.
l. artigo 165, § 5°: previsão do orçamento das empresas públicas e sociedade de economia
mista na lei orçamentária anual.
m. artigo 169, § 1°, I: concessões de vantagem, aumento de remuneração, criação de
empregos, alteração de estrutura de carreiras, admissão ou contratação de pessoal nas empresas
públicas e nas sociedades de economia mista somente podem ser feitas se houver prévia dotação
orçamentária suficiente.
Temas importantes relativos as empresas públicas e sociedades de economia mista,
diferenciando-se a exploradora da atividade econômica da prestadora de serviço público, quando
necessário.
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A lei de falências dispõe, em seu artigo 2º, I, que ela não se aplica às empresas públicas e às
sociedades de economia mista, sem estabelecer qualquer distinção entre as que exploram
atividade econômica ou que prestam serviço público.
No entanto, o dispositivo somente pode ser aplicado às empresas públicas e às sociedades de
economia mista que sejam prestadoras de serviço público, eis que com relação às exploradoras da
atividade econômica, lei infraconstitucional não poderia excluí-las da falência sob pena de ofensa
ao artigo 173, § 1º, inciso II, da Constituição Federal, já que se submetem ao mesmo regime
aplicável às pessoas jurídicas instituídas pela iniciativa dos particulares no que se refere às
obrigações comerciais.
Em conclusão, a partir da vigência da nova lei de falências, somente poderão falir as empresas
públicas e as sociedades de economia mista que sejam exploradoras da ordem econômica.
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Hely Lopes Meirelles conceitua os serviços sociais autônomos como “todos aqueles
instituídos por lei, com personalidade de Direito Privado, para ministrar assistência ou ensino a
certas categorias sociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotações
orçamentárias ou por contribuições parafiscais. São entes paraestatais, de cooperação com o Poder
Público, com administração e patrimônio próprios, revestindo a forma de instituições particulares
convencionais (fundações, sociedades civis ou associações) ou peculiares ao desempenho de suas
incumbências estatutárias”.
São as que compõem o chamado sistema S (SESI, SENAI, SENAC, SESC, SEBRAE e SENAR).
Tais entidades não integram a administração indireta, visto que não prestam serviço público,
mas atividade privada de interesse público, surgindo daí o interesse do estado em incentivá-las
através da atividade de fomento.
Como administram verbas públicas, sujeitam-se a algumas normas de Direito Público, dentre
as quais podemos citar: a submissão aos princípios da licitação (não à lei de licitação, apenas aos
princípios); à exigência de processo seletivo para admissão de pessoal (não concurso público); à
equiparação de seus empregados aos servidores públicos para fins criminais (artigo 327 do Código
Penal) e para fins de improbidade administrativa (Lei 8.429/92).
SERVIDORES PÚBLICOS
AGENTE PÚBLICO
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CONCEITO
O servidor público é espécie do gênero agente público, daí porque o entendimento do que
seja servidor público deve partir do conceito e da classificação de agente público.
Agente público é toda pessoa física incumbida, definitiva ou transitoriamente, com ou sem
remuneração, do desempenho de alguma função pública.
Seguindo a classificação proposta por Maria Sylvia Zanella Di Pietro, podem-se dividir os
agentes públicos em:
1. agentes políticos;
2. servidores públicos;
3. militares; e
4. particulares em colaboração com o Poder Público.
AGENTES POLÍTICOS
A doutrina dissente sobre o que se deva entender por agente político. Hely Lopes Meirelles
apresenta um conceito amplo, entendendo que “agentes políticos são os componentes do Governo
nos seus primeiros escalões, investidos em cargos, funções, mandatos ou comissões, por
nomeação, designação ou delegação para atribuições constitucionais”. Para este autor, são agentes
políticos os Chefes do Poder Executivo (Presidente da República, Governadores dos Estados e do
Distrito Federal e Prefeitos) e seus auxiliares imediatos (Ministros de Estado, Secretários Estaduais e
Municipais), os membros do Poder Legislativo (Senadores, Deputados Federais, Estaduais e
Distritais, e Vereadores), os membros do Poder Judiciário (Juízes, Desembargadores e Ministros), os
membros do Ministério Público (Procuradores da República e de Justiça, Promotores Públicos), os
membros dos Tribunais de Contas (Conselheiros e Ministros), os representantes diplomáticos e
“demais autoridades que atuem com independência funcional no desempenho de atribuições
governamentais, judiciais ou quase judiciais, estranhas ao quadro do serviço público”. Ensina o
autor que os agentes políticos “têm plena liberdade funcional” e “ficam a salvo de
responsabilização civil por seus eventuais erros de atuação, a menos que tenham agido com culpa
grosseira, má-fé ou abuso de poder”.
Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Zanella Di Pietro apresentam um conceito
restrito. Para estes doutrinadores, a ideia de agente político está associada à ideia de governo e de
função política. A função política destina-se à direção suprema e geral do Estado, com fixação de
metas, diretrizes, planos governamentais. No Brasil, a função política é exercida apenas pelo Poder
Legislativo e pelo Poder Executivo, já que o Poder Judiciário não fixa metas, diretrizes, planos de
governo para nortear a direção suprema e geral do Estado. A participação do Judiciário se restringe
a dizer o Direito aplicável ao caso, sempre mediante controle “a posteriori”. Entendem, portanto,
que são agentes políticos os Chefes do Poder Executivo, seus vices e auxiliares imediatos, além dos
membros do Poder Legislativo.
O Supremo Tribunal Federal, no entanto, já se manifestou no sentido de que os magistrados
são agentes políticos, porque investidos para o exercício de atribuições constitucionais, dotados de
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SERVIDORES PÚBLICOS
1 servidores estatutários;
2 servidores empregados;
3 servidores temporários.
MILITARES
São os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios, bem como os membros das Forças Armadas (Marinha, Exército e
Aeronáutica), conforme, respectivamente, artigos 42 e 142 da Constituição Federal.
O regime é estatutário. O regime jurídico aplicável aos militares é estabelecido em lei própria,
como decorre do disposto nos artigo 42, § 1º e 142, § 3º, X, da Constituição Federal.
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São pessoas alheias ao aparelho estatal, particulares que prestam serviço ao Estado, sem
vínculo empregatício, com ou sem remuneração.
Conforme os ensinamentos da Professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, os serviços que
prestam decorrem de:
a. delegação do Poder Público: são os empregados dos concessionários e permissionários de
serviço público; os que exercem serviços notariais e de registro; os leiloeiros; os tradutores e
intérpretes públicos. Submetem-se à fiscalização do Poder Público e são remunerados pelos
usuários do serviço.
Correspondem aos agentes delegados, na classificação proposta por Hely Lopes Meirelles.
b. requisição, nomeação ou designação: são os que exercem funções públicas relevantes, ou
seja, um “múnus público”, tal como se passa com os jurados, os mesários eleitorais, os membros do
Conselho Tutelar, os integrantes de grupos de trabalhos, os recrutados para o serviço militar
obrigatório. Quanto a estes últimos, Celso Antônio adverte que não se mantém alheios ao aparelho
estatal.
Correspondem aos agentes honoríficos na classificação proposta por Hely Lopes Meirelles.
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Provisória 1.909-15, de 29.6.99, hoje 2.255-45, de 4.9.2001, os que já houvessem completado este
período continuariam a perceber os acréscimos aos vencimentos que deles houvessem resultado, por
já haverem perfazido o necessário à aquisição do direito quanto às sobreditas parcelas; contudo, a
partir da lei extintiva não mais receberiam novos acréscimos que lhes adviriam dos anuênios
sucessivamente completados. Se, pelo contrário, a relação fosse contratual fariam jus, desde o
travamento do vínculo e enquanto durasse a relação de emprego, aos acréscimos em questão ainda
que o benefício viesse a ser ulteriormente suprimido, pois o direito em causa estaria adquirido e, pois
assegurado desde a formação da avença. Vale dizer: dita extinção só produziria efeitos, isto é, só
elidiria a percepção do referido benefício, em relação aos que fossem contratados após a extinção
destes acréscimos, já que seus contratos não mais os preveriam”
CRIAÇÃO E EXTINÇÃO
Os cargos públicos são criados por lei, com exceção dos serviços auxiliares do Legislativo que
se criam por Resolução da Câmara ou do Senado, conforme o caso. Todavia, como os artigos 51, IV
e 52, XIII, da Constituição Federal, estabelecem necessidade de lei para fixação dos vencimentos
destes cargos, na prática, a lei será necessária na criação dos cargos em pauta, já que criação de
cargo sem menção a vencimento é inútil.
A extinção dos cargos públicos deve obedecer à mesma forma de sua criação. No que se
refere aos cargos públicos do Poder Executivo, poderão ser extintos na forma da lei (art. 84, XXV),
ou seja, a lei poderá dispor em que termos, condições e especificações o Chefe do Executivo poderá
extinguir cargos públicos. O Presidente da República, ainda poderá, mediante ato concreto,
veiculado por Decreto, extinguir cargos públicos, quando vagos (art. 84, VI, “b”).
PROVIMENTO
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Para alguns, é o ato pelo qual o servidor público é investido no exercício do cargo. Outros
ainda acrescentam o emprego ou a função.
O provimento pode ser classificado em originário ou derivado.
PROVIMENTO ORIGINÁRIO
PROVIMENTO DERIVADO
a. Reversão “ex officio”: ato pelo qual o funcionário aposentado reingressa no serviço público
porque cessada a incapacidade que gerou sua aposentadoria por invalidez.
Como a atual Constituição Federal impõe a aprovação prévia em concurso público para a
investidura em cargo e emprego público, modificando a redação da Constituição Revogada que impunha
a exigência de concurso público apenas para a primeira investidura, há entendimento de que a volta do
aposentado ao serviço público a seu pedido não é mais possível. Subsistiria, então, somente a reversão
“ex officio”.
No entanto, a lei 8.112/90, com a redação dada pela Medida Provisória 2.225/01, prevê além da
reversão do servidor aposentado por invalidez, quando junta médica oficial declarar insubsistentes os
motivos da aposentadoria, a reversão a pedido do servidor, no interesse da administração, desde que:
1) a aposentadoria tenha sido voluntária: 2) o servidor era estável na atividade; 3) a aposentadoria
tenha ocorrido nos cinco anos anteriores à solicitação; 4) haja cargo vago.
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Com a nova Constituição Federal, em que se exige concurso público para a investidura, não
apenas para a primeira, como constava da Constituição revogada, deixaram de existir:
a. Readmissão: ato discricionário pelo qual o funcionário exonerado e às vezes o demitido,
reingressava no serviço público.
b. Transposição: ato pelo qual o funcionário ou servidor passava de um cargo a outro de
conteúdo ocupacional diverso. Mediante concurso interno realizava-se a transposição, permitindo
o melhor aproveitamento dos recursos humanos. Ex.: Lei Complementar 180/98, arts. 22 a 28
(Estado de São Paulo).
c. Reversão a pedido: já tratada acima.
Quanto à permanência do vínculo travado com o poder público, o provimento pode ser em
comissão, efetivo e vitalício, classificação apenas aplicável aos cargos públicos.
PROVIMENTO EM COMISSÃO
PROVIMENTO EFETIVO
Para os cargos efetivos, denominados também de cargos de provimento efetivo, que são os
ocupados em caráter permanente e providos mediante concurso público de provas ou de provas e
títulos.
Seu titular adquire estabilidade após três anos de exercício, passando, então, a se estabilizar
no serviço público. O período de três anos corresponde ao estágio probatório.
A estabilidade confere ao ocupante do cargo o direito de não ser desligado do serviço público,
a não ser que pratique infração administrativa hábil a ensejar a demissão, apurada mediante processo
judicial ou administrativo em que se assegure ampla defesa e contraditório, ou por procedimento de
avaliação periódica de desempenho, também assegurado o direito à ampla defesa (art. 41, § 1º ).
É ainda possível a exoneração do servidor estável para redução dos gastos com despesa de
pessoal, ajustando-se aos limites estabelecidos na Lei Complementar 101/2000, editada em
atenção ao disposto no artigo 169 da Constituição Federal. A perda do cargo, neste caso, só
ocorrerá após a redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de
confiança e a exoneração dos servidores não estáveis (art. 169, § 3º).
PROVIMENTO VITALÍCIO
Para os cargos vitalícios, chamados também de cargos de provimento vitalício, que são
aqueles cujos ocupantes possuem maior vocação para retenção. O vitaliciamento é adquirido após
dois anos de exercício para os que se submeteram a concurso público e, imediatamente após a
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posse, para os diretamente nomeados para compor os Tribunais do Poder Judiciário e os Tribunais
de Contas.
A vitaliciedade é exceção em relação à efetividade.
Os vitalícios só perdem o cargo em razão de processo judicial.
São vitalícios os magistrados, os membros do Ministério Público e os membros dos Tribunais
de Contas.
VACÂNCIA
“É o ato administrativo pelo qual o servidor é destituído do cargo, emprego ou função” (Maria
Sylvia Zanella Di Pietro).
Na lei 8.112/90, a vacância decorre de exoneração, demissão, promoção, readaptação,
aposentadoria, posse em outro cargo inacumulável e falecimento (artigo 33).
A aposentadoria será tratada a parte. A posse em outro cargo inacumulável e o falecimento
dispensam maiores comentários.
A exoneração é o desligamento do servidor do serviço público sem caráter de penalidade.
Pode ser a pedido do servidor ou de ofício. Nesta última hipótese, quando se tratar de dispensa dos
ocupantes de cargos em comissão, chamada exoneração “ad nutum”, quando se referir à dispensa
dos servidores em estágio probatório e quando o servidor não entrar em exercício no prazo
legalmente estipulado.
A demissão é o desligamento do servidor do serviço público com caráter de penalidade. A
demissão tem lugar na hipótese de ocorrência de ilícito administrativo e somente pode ocorrer após
processo administrativo em que se assegure a ampla defesa e o contraditório.
A promoção, já se viu, é a passagem do servidor de um cargo para outro dentro da mesma
carreira, com atribuições e responsabilidades mais complexas. O cargo deixado pelo servidor fica vago,
mas, concomitantemente, o cargo que passará a ocupar fica provido.
A readaptação, para a Lei 8.112/90, “é a investidura do servidor em cargo de atribuições e
responsabilidades compatíveis com a limitação que tenha sofrido em sua capacidade física ou
mental verificada em inspeção médica” (artigo 24).
CONDIÇÕES DE INGRESSO
Dispõe o artigo 37, II, da Constituição Federal que a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com
a natureza do cargo ou emprego, na forma prevista em lei. O mesmo dispositivo ressalva as
nomeações para cargo em comissão.
Assim, para a investidura em cargo público _ com exceção dos cargos em comissão _ e em
emprego público, há necessidade de prévia aprovação em concurso público, de provas, ou de
provas e títulos, na forma estabelecida em lei.
Os cargos em comissão devem ser providos por pessoas de confiança da autoridade que
procede à nomeação, daí porque a ressalva da norma constitucional. Relembre-se que a lei deverá
dispor em que casos, condições e percentuais mínimos deverão ser preenchidos por servidores de
carreira.
O inciso em apreço não estabelece a exigência para a investidura em função pública. De fato,
a função pode ser temporária, caso em que a realização de concurso público impediria o
atendimento da necessidade temporária de excepcional interesse público (artigo 37, IX), ou pode
ser de confiança, a ser exercida exclusivamente por ocupantes de cargos efetivos, para as
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Aos servidores públicos é assegurado o direito à livre associação sindical, conforme dispõe o
artigo 37, VI, da Constituição Federal. Trata-se de norma de aplicação imediata.
Aos militares é proibida a sindicalização, por força do estabelecido nos artigos 142, § 3º, IV e
42, § 1º, da C.F.
DIREITO DE GREVE
A atual Constituição Federal concede aos servidores públicos o direito de greve, nos termos
do artigo 37, VII.
Aos militares, todavia, proíbe-se a greve, conforme artigos 142, § 3º, IV e 42, § 1º, da CF.
Na redação original da Constituição Federal, o exercício do direito de greve dependia de lei
complementar.
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Não resta hipótese para tríplice acumulação, a menos que uma das funções não seja
remunerada.
Os ganhos acumulados submetem-se ao teto remuneratório do artigo 37, XI.
A partir da Emenda Constitucional 20/98, pôs-se fim à discussão sobre a possibilidade de
acumulação de vencimentos com proventos. O artigo 37, § 10 da Constituição Federal veda a
percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes dos arts. 40, 42 e 142 com a
remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
atividade, os cargos eletivos e os cargos em comissão.
A Emenda citada, em seu artigo 11, resguardou o direito de acumulação de vencimentos com
proventos em relação aos servidores que já se encontravam em situação de acumulação lícita, mas
com sujeição ao teto salarial do artigo 37, XI.
ESTABILIDADE
A estabilidade confere ao servidor público nomeado por concurso público para ocupar cargo
efetivo o direito de permanência no serviço público, após o decurso de prazo estabelecido em lei.
A estabilidade, antes da emenda constitucional nº 19/98 era adquirida após período de dois
anos de exercício. A partir da emenda, a estabilidade é adquirida após três anos de exercício.
A emenda assegurou a aquisição da estabilidade no período de dois anos para os que
estavam em estágio probatório ao tempo da sua edição (art. 28).
O servidor estável somente perderá o cargo:
a) por sentença judicial ou processo administrativo em que se assegure o direito à ampla
defesa;
b) mediante procedimento de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei
complementar, assegurada ampla defesa;
c) para observância do limite de despesa com pessoal previsto no art. 169, § 4º, da
Constituição Federal. A perda do cargo, na hipótese, somente poderá ocorrer após a redução em
pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança, após a exoneração
dos servidores não estáveis e, mesmo assim, dependerá de ato normativo motivado de cada um
dos Poderes que especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da
redução de pessoal. O servidor estável fará jus a indenização equivalente a um mês de
remuneração por cada ano de serviço e o cargo objeto da redução será considerado extinto,
vedando-se, pelo prazo de quatro anos, a criação de cargo, emprego ou função com atribuições
iguais ou assemelhadas às do cargo extinto (§ § 5º e 6º do artigo 169).
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A RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA
Decorre de ato ou omissão contrários à lei, culposos ou dolosos, e que tenha acarretado
dano.
A responsabilidade administrativa é apurada internamente pela Administração Pública,
mediante a sindicância e o processo administrativo disciplinar.
As penas variam de estatuto para estatuto. Na esfera federal as penas, segundo o artigo 127
da Lei 8.112/90 são: advertência, destituição de cargo em comissão, destituição de função
comissionada, suspensão, demissão e cassação de aposentadoria.
Não existe para o ilícito administrativo a mesma tipicidade do ilícito penal. Com isso, admite-
se análise discricionária da autoridade administrativa para enquadrar os ilícitos ocorridos no dia a
dia das repartições públicas nos termos estabelecidos em lei, já que os conceitos por vezes são
vagos, imprecisos e de pouca objetividade. É comum a lei mencionar: falta de exação no
cumprimento do dever, conduta escandalosa na repartição, falta grave. Deste modo, enquadrar
uma certa infração como falta grave ou não, por exemplo, demanda exercício de competência
discricionária.
A lei também costuma prever que a autoridade administrativa leve em consideração na
escolha da pena vários fatores como a pessoa do servidor, a gravidade da infração e os danos
ocasionados ao serviço público.
Em razão da discricionariedade atribuída à autoridade na punição do servidor é que se mostra
necessária a motivação da escolha feita, para que se possibilite aferir se foram observados os
princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, evitando-se, assim, decisões arbitrárias.
O servidor somente pode ser punido após o procedimento apurador de sua responsabilidade,
que pode ser: a sindicância e o processo administrativo.
Segundo o estatuto federal, Lei 8.112/90, para a punição do servidor com as penas de
advertência e de suspensão até 30 (trinta) dias, basta a sindicância, na hipótese da punição do
servidor com a pena de suspensão acima de 30 (trinta) dias, com as penas de demissão, cassação da
aposentadoria ou disponibilidade, destituição de cargo em comissão e destituição de função
comissionada, deve ser realizado o processo administrativo (arts. 143 e 146).
A sindicância é o procedimento investigativo, com prazo de conclusão não excedente de 30
dias, prorrogáveis por igual período, ao término do qual, se a conclusão não for pelo arquivamento
ou pela aplicação da pena de suspensão de até 30 dias, deve-se instaurar o processo administrativo
disciplinar.
O processo administrativo disciplinar é um procedimento apurador, instruído pelos autos da
sindicância, conduzido por comissão formada por três servidores, um dos quais o presidirá (art. 149).
O processo administrativo se desenvolve em três fases: instauração, com a publicação do ato que
instituir a comissão, inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório, e julgamento (art.
151).
O inquérito administrativo deve se desenvolver com observância dos princípios do
contraditório e da ampla defesa e se conclui pelo relatório, que é o último ato da comissão.
O relatório pode concluir pela absolvição ou pela condenação do servidor. A autoridade
competente para apreciar o relatório poderá acatá-lo ou não, neste último caso quando o relatório
for contrário à prova dos autos, desde que o faça motivadamente (art. 167).
Se o fato for também crime, o Ministério Público deve ser cientificado para que tome as
medidas cabíveis.
A revisão do processo administrativo disciplinar pode ser feita a qualquer tempo, de ofício ou
a pedido, desde que existam fatos novos ou elementos não apreciados no processo, capazes de
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PRESCRIÇÃO
LICITAÇÃO
CONCEITO
OBJETIVOS DA LICITAÇÃO
O artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal, estabelece que a Administração Direta e
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Indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
devem realizar licitação para posterior contratação de obras, serviços, compras e alienações,
ressalvados os casos especificados na legislação.
O artigo 22, inciso XXVII da mesma lei, prescreve competir à União estabelecer “normas gerais
a respeito de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o
disposto no artigo 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos
do artigo 173, § 1º, III”.
O artigo 173, § 1º, inciso III, por sua vez, estatui que a lei disporá sobre a licitação para as
empresas públicas, as sociedades de economia mista e suas subsidiárias, observados os princípios
da administração pública.
No entanto, até que a lei referida no artigo 173, § 1º, III, da Constituição Federal seja editada,
continua-se a aplicar a legislação infraconstitucional existente.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello, a lei que vier a regular o disposto no artigo em apreço
somente será aplicada às empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem a
atividade econômica, enquanto as demais estatais, prestadoras de serviço público, continuarão a
serem regidas pela lei 8.666/93.
O autor ressalva que as estatais exploradoras da atividade econômica não são obrigadas a
licitar se o procedimento da licitação inviabilizar o atendimento dos fins para os quais foram
criadas, já que “quem quer os fins, não pode negar os meios”. Fora dessa hipótese, a licitação é
exigível (pág. 478/479).
A lei 8.666/93, que sofreu inúmeras alterações por leis supervenientes, regulamenta o artigo
37, XXI, da Constituição Federal, instituindo normas gerais para licitação e contratação.
A competência da União para instituir normas gerais acerca de licitação e contratação não
exclui a competência das demais pessoas políticas para editar normas específicas sobre a matéria. A
dificuldade está, como adiante será referido, em estabelecer a diferença entre normas gerais e
normas específicas.
Existe, ainda, a lei 10.520/02, que instituiu a modalidade de licitação denominada pregão, no
âmbito de todas as pessoas políticas.
Para as concessões e permissões de serviços públicos, a principal lei é a 8.987/ 95, com
aplicação subsidiária da Lei 8.666/93, conforme dispõe o artigo 18, caput.
Também merece destaque a lei 12.232/2010, que institui normas gerais sobre licitação e
contratação para os serviços de publicidade, destacando-se que os tipos de licitação serão,
obrigatoriamente, melhor técnica ou técnica e preço.
Recentemente, foi editada a lei 12.462/11, que instituiu o Regime Diferenciado de
Contratação, para as licitações e contratações necessárias à realização dos Jogos Olímpicos e
Paraolímpicos de 2016, da Copa das Confederações da Fifa de 2013, da Copa do Mundo Fifa 2014 e
das obras de infraestrutura e de contratação de serviços para os aeroportos das capitais dos
Estados da Federação distantes até 350 Km das cidades sedes dos mundiais referidos. Embora
editada para ter vigência temporária, a lei já foi alterada por outras três novas leis, a fim de instituir
o mesmo regime para as ações integrantes do Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) (lei
12.688/12), para a realização de obras e serviços de engenharia no âmbito dos sistemas públicos de
ensino (lei 12.722/12) e no âmbito do SUS (lei 12.745/12).
PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO
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IMPESSOALIDADE
A moralidade impõe atuação honesta, ética, de boa-fé, tanto por parte da Administração
Pública quanto dos licitantes durante todo o procedimento licitatório.
Para a Administração Pública, a observância da moralidade ainda é reiterada na menção à
probidade administrativa. É sabido que a probidade administrativa foi erigida à categoria de
mandamento constitucional, dispondo o artigo 37, § 4º, da CF, que “os atos de improbidade
administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível”.
IGUALDADE
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PUBLICIDADE
Consagrado implicitamente pelo artigo 3º, § 3º, da Lei 8.666/93, que ressalva a publicidade
quanto às propostas, até sua abertura, visa impedir que um licitante fique em situação de
vantagem perante os demais por conhecer uma ou mais de uma proposta de seus concorrentes.
O sigilo também se impõe para a Administração Pública, a fim de que se impeça qualquer
tentativa de favorecimento a licitante.
Caso o sigilo seja quebrado, a licitação deve ser anulada, sem prejuízo de eventuais sanções
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JULGAMENTO OBJETIVO
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA
Concluído o julgamento da licitação, seu objeto deve ser atribuído ao primeiro classificado. A
isso se dá o nome de adjudicação compulsória.
A adjudicação compulsória do objeto da licitação ao primeiro classificado no procedimento
licitatório impede que a Administração Pública contrate outro que não o licitante vencedor.
AMPLA DEFESA
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OBRIGATORIEDADE DE LICITAÇÃO
INEXIGIBILIDADE DE LICITAÇÃO
Na primeira hipótese, só existe um objeto pretendido pela Administração Púbica, daí porque
a competição é inviável. Ex: um selo único; a espada que D. Pedro I proclamou a Independência;
uma obra de Picasso.
Na segunda hipótese, embora possam existir vários objetos pretendidos pela Administração
Pública, só existe um ofertante. Nossa legislação a isso denomina produtor ou fornecedor exclusivo.
O artigo 25 da Lei 8.666/93 enumera casos em que a licitação é inexigível, embora tal rol não
seja exaustivo ou taxativo, mas simplesmente exemplificativo. Ademais, o próprio artigo assim
dispõe ao prescrever que a licitação é inexigível quando houver inviabilidade de competição, mas
acrescentando, em especial quando.
Assim, segundo o artigo em estudo, a licitação é inexigível:
· Inciso I: para aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros que só possam ser
fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de
marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão
de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
· Inciso II: para contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza
singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para
serviços de publicidade e divulgação;
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DISPENSA DE LICITAÇÃO
Exemplo de licitação dispensável em razão do pequeno valor é o que consta do inciso I, para
obras e serviços de engenharia de valor até 10% do limite previsto na alínea a do inciso I do artigo
23, com ressalvas constantes no mesmo inciso.
Exemplo de licitação dispensável em razão de situações excepcionais é o que consta do inciso
III, nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem.
Exemplo de licitação dispensável em razão do objeto é o que está no inciso XII, para compra
de hortifrutigranjeiros, pão e outros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização dos
procedimentos licitatórios correspondentes, realizadas diretamente com base no preço do dia.
Exemplo de licitação dispensável em razão da pessoa é o que está no inciso XXII, para
contratação de fornecimento ou suprimento de energia elétrica e gás natural com concessionário,
permissionário ou autorizado, segundo as normas da legislação específica.
MODALIDADES
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CONCORRÊNCIA
TOMADA DE PREÇOS
CONVITE
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CONCURSO
LEILÃO
PREGÃO
Trata-se de modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns qualquer que
seja o valor estimado da contratação, efetivando-se a disputa por meio de propostas e lances em
sessão pública.
O procedimento do pregão é marcado pela inversão das fases de habilitação e classificação
em relação à concorrência, à tomada de preços e ao convite, ou seja, por primeiro faz-se o
julgamento e a classificação, passando-se, em seguida, à fase de habilitação.
Os interessados são convocados mediante publicação de aviso no Diário Oficial ou, se este
não existir, em jornal de grande circulação local e, facultativamente, por meios eletrônicos e,
conforme o vulto da licitação, também em jornal de grande circulação.
O prazo para apresentação das propostas inicia-se a partir da publicação do edital e não pode
ser inferior a oito dias úteis.
No dia, hora e local designados, as propostas serão recebidas e abertas em sessão pública,
devendo os interessados ou seus representantes se identificar e, se for o caso, comprovar a
existência de poderes para formulação das propostas e para a prática de todos os demais atos do
certame.
Depois de aberta a sessão, as propostas são apresentadas por escrito, em envelope em que
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O REGISTRO DE PREÇOS
COMISSÕES DE LICITAÇÃO
As comissões de licitação são formadas por três membros, dentre os quais pelo menos dois
devem ser servidores qualificados do quadro permanente da entidade responsável pelo certame
(art. 51). As comissões podem ser permanentes, hipótese em que a investidura de seus membros
não excederá a um ano, sendo vedada a recondução da totalidade de seus membros para o período
subsequente (§ 4º do art. 51), ou especiais, geralmente ocorrentes para licitações esporádicas.
No convite, a comissão de licitação pode ser substituída por apenas um único servidor nas
unidades administrativas pequenas e de pessoal escasso (§ 1º do art. 51).
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JULGAMENTO
Após a classificação das propostas e superada a fase recursal, passa-se ao julgamento das
propostas, que deverão ser ordenadas segundo os critérios previstos no instrumento convocatório.
O julgamento das propostas deve ser o mais objetivo possível. Diz-se o mais objetivo possível
porque nas licitações do tipo melhor técnica e técnica e preço a apreciação dos aspectos técnicos
propicia certa subjetividade.
Ainda visando ao julgamento objetivo, dispõem os parágrafos 1º e 2º do artigo 44 ser vedado
considerar qualquer elemento, critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado ou
vantagem não prevista no instrumento convocatório, para escolha da melhor proposta.
Os tipos de licitação, que são critérios de julgamento, são os seguintes, aplicáveis para todas
modalidades de licitação, com exceção do concurso e do pregão:
a. de menor preço;
b. de melhor técnica;
c. de técnica e preço;
d. de maior lance ou oferta.
CRITÉRIOS DE DESEMPATE
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REVOGAÇÃO DA LICITAÇÃO
Prevista no artigo 49, a revogação da licitação é o seu desfazimento por razões de interesse
público decorrente de fato superveniente, devidamente comprovado, pertinente e suficiente para
justificar tal conduta.
Ressalte-se que somente a ocorrência de fato superveniente, comprovado, pertinente e
suficiente para justificar o desfazimento da licitação por interesse público é que pode autorizar a
revogação do procedimento. Houve, nesse particular, um rompimento com a legislação e a
tendência doutrinária anteriores.
Antes da revogação, os interessados têm direito ao contraditório e à ampla defesa.
Quanto à indenização do licitante vencedor pelas despesas que efetuou para participar do
certame não existe convergência doutrinária a respeito. Alguns entendem que a Administração não
deverá indenizar o licitante vencedor, outros entendem que deverá fazê-lo sempre e, por fim, há os
que entendem que somente a revogação imotivada ou arbitrária é que enseja o dever de indenizar
o licitante vencedor pelas despesas efetuadas para participar do certame.
RECURSOS ADMINISTRATIVOS
Contra os atos do procedimento licitatório cabem, segundo artigo 109 da Lei, os seguintes
recursos administrativos:
1. Recurso hierárquico;
2. Representação;
3. Pedido de reconsideração.
O recurso hierárquico é cabível, conforme inciso I do artigo 109, nos casos de habilitação ou
inabilitação do licitante, julgamento das propostas, anulação ou revogação da licitação,
indeferimento do pedido de inscrição em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento,
rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. 79 da Lei, e aplicação das penas de
advertência, suspensão temporária ou de multa.
Deve ser interposto no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da intimação do ato e será
dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
reconsiderar sua decisão no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir,
devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco)
dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade. No caso de convite,
o prazo é reduzido para 2 (dois) dias úteis.
A lei somente confere aos recursos cabíveis contra a habilitação e inabilitação do licitante e o
julgamento das propostas o efeito suspensivo, podendo a autoridade, nos demais casos,
motivadamente e presentes razões de interesse público, atribuir efeito suspensivo aos demais
recursos.
A representação é cabível para impugnar decisão de que não caiba recurso hierárquico. Deve
ser interposta no prazo de 5 (cinco) dias úteis da intimação da decisão, ressalvando-se o convite,
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Ocorre a licitação deserta quando nenhum interessado acudir à licitação, hipótese em que se
admite a contratação direta, com fundamento no artigo 24, V, da Lei, desde que o procedimento
não possa ser repetido sem prejuízo para a Administração, mantidas todas as condições
preestabelecidas no ato convocatório.
Ocorre a licitação fracassada quando apesar de acudirem interessados, todos são inabilitados
ou, mesmo existindo habilitados, todos têm suas propostas desclassificadas. Nesta hipótese, a lei
faculta à Administração a concessão de novo prazo aos licitantes para apresentação de nova
documentação relativa à habilitação ou de outras propostas, conforme o caso, em oito dias úteis,
facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para três dias úteis (art. 48, § 3º).
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
É todo ajuste de vontades entre a Administração Pública e pessoa física ou jurídica, para o
atendimento de interesse público, com aplicação do regime jurídico de direito público, marcado
principalmente pela presença das cláusulas exorbitantes e derrogatórias de direito comum.
Acrescenta-se a estas:
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RESCISÃO UNILATERAL
A rescisão ou extinção unilateral do contrato pela Administração somente pode ocorrer nas
hipóteses dos artigos 78 e 79, I, da Lei.
A extinção unilateral do contrato é admitida desde que motivada e precedida de ampla
defesa ao contratado (art. 78, parágrafo único).
Pode se dar em duas hipóteses:
a. por razões de interesse público;
b. por falta do contratado.
Havendo razão de interesse público para determinar a extinção unilateral do contrato, o contratado
deve ser ressarcido dos prejuízos regularmente comprovados que houver sofrido, além da devolução da
garantia, dos pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão e do pagamento do
custo da desmobilização (art. 79, § 2º, incisos I a III).
A rescisão unilateral do contrato em decorrência da falta do contratado permite à
Administração a retenção da garantia e dos créditos do contratado para ressarcimento de seus
prejuízos. Pode acarretar ainda a imediata assunção do objeto do contrato e a ocupação e
utilização provisória de pessoal e equipamentos do contratado.
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Prevista no inciso V do artigo 58, c/c art. 80, II, da Lei, a ocupação provisória de bens e
utilização de pessoal vinculados ao objeto do contrato tem cabimento nos casos de serviços
essenciais, decorre, ordinariamente, da rescisão unilateral do contrato, mas a lei também prevê a
medida para apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado.
Na primeira hipótese, há quem entenda que apenas a rescisão unilateral do contrato por falta
do contratado é que autoriza a medida, excluindo a possibilidade de ocupação provisória de bens e
pessoal vinculados ao objeto do contrato no caso da rescisão unilateral do contrato por razões de
interesse público.
A justificativa é a de que o apossamento dos bens privados por razão de conveniência e
oportunidade demandaria prévia indenização, sendo inadmissível a ocupação prévia com posterior
indenização. A rigor, deveria a Administração Pública desapropriar os bens de que necessitasse para
somente depois ocupá-los.
No que se refere à segunda hipótese, ou seja, de ocupação provisória de bens e de pessoal do
contratado para atendimento da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas
contratuais pelo contratado, Marçal Justen Filho entende inconstitucional o dispositivo. Havendo
necessidade de acautelamento quanto à produção de prova, o monopólio é do Poder Judiciário,
cabendo à Administração Pública providenciar o que de direito junto a este Poder.
A ocupação provisória está relacionada com a retomada do objeto contratual. É que com a
rescisão unilateral do contrato, a Administração retoma o objeto do contrato e poderá ocupar
provisoriamente bens e utilizar pessoal do contratado vinculado ao contrato. Por óbvio que a
medida não dispensa pagamento de indenização ao contratado.
EXIGÊNCIA DE GARANTIA
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Em direito privado, uma das partes não pode exigir o cumprimento do dever da outra antes
de cumprir com o seu próprio dever. Caso isso ocorra, a parte demandada pode invocar a “exceptio
non adimpleti contractus”, ou seja, a exceção (defesa) de contrato não cumprido, acarretando,
assim, o não reconhecimento de sua inadimplência ou de simples mora no cumprimento da sua
obrigação.
Em direito administrativo, o contratado não pode deixar de cumprir sua obrigação em razão
do descumprimento pela administração das cláusulas contratuais. Justifica-se a inoponibilidade da
exceção de contrato não cumprido no princípio da continuidade, o que impede a interrupção no
atendimento do interesse público.
A não oposição da exceção de contrato não cumprido pelo contratado sofreu restrições na lei
8.666/93, não se revelando, então, absoluta.
A lei autoriza o contratado a invocar a exceção de contrato não cumprido, podendo optar
pela rescisão do contrato ou pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até a
normalização da situação nas seguintes hipóteses: a) suspensão da execução, por ordem escrita da
Administração, por mais de 120 dias, salvo calamidade, guerra, grave perturbação da ordem, ou por
repetidas suspensões que totalizem esse prazo (art.78, XIV); b) atraso dos pagamentos, superior a
90 dias, nos contratos de obras, serviços ou fornecimento, salvo calamidade, guerra, grave
perturbação da ordem (art. 78, XV). O contratado ainda poderá requerer a rescisão do contrato em
razão da não liberação pela Administração da área, local ou do objeto necessários à execução do
contrato de obra, serviço ou fornecimento (art. 78, XVI).
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Quanto à prorrogação dos contratos, tem-se por regra inadmissível, a não ser nas hipóteses já
tratadas acima.
A FISCALIZAÇÃO
A fim de que o contrato seja executado dentro dos termos avençados, a Administração dispõe
do poder, que também é um dever, de acompanhar e fiscalizar a execução do contrato, por um
representante especialmente designado. O contratado, por sua vez, deverá manter, no local da
obra ou do serviço, um preposto para representá-lo na execução do contrato.
Verificada a presença de faltas ou defeitos na execução do contrato, o contratado deverá
corrigi-los, sob pena de ser penalizado administrativamente e, eventualmente, sujeitar-se à rescisão
unilateral do contrato.
A SUBCONTRATAÇÃO
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FORÇA MAIOR: é o evento humano imprevisível e inevitável que impede a normal execução
do ajuste. Ex: greve que paralise a fabricação de produto de que dependa a execução do contrato.
FATO DA ADMINISTRAÇÃO: “é toda ação ou omissão do Poder Público que, incidindo direta e
especificamente sobre o contrato, retarda, agrava ou impede sua execução” (Hely Lopes Meirelles).
O fato da administração incide direta e especificamente sobre o contrato e é exatamente isso
que o diferencia do fato do príncipe, o qual decorre de ato geral do Poder Público que apenas
reflexamente atinge o contrato.
O fato da administração, por ser específico e incidente sobre determinado contrato,
caracteriza inadimplência da Administração contratante. Ex: não promoção da desapropriação da
área onde seria construída a obra.
RESCISÃO ADMINISTRATIVA
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RESCISÃO AMIGÁVEL
É feita de comum acordo entre as partes. Deve ser realizada da mesma forma que a
contratação, observando-se o instrumento utilizado e a competência.
A Administração somente pode celebrar a rescisão amigável se for conveniente ao interesse
público.
Nos termos do artigo 79, § 1º, a rescisão amigável depende de autorização escrita e
fundamentada da autoridade competente.
Gera efeitos “ex nunc”, embora as partes possam convencionar regras com efeitos
retroativos, ex: juros incidentes em parcelas atrasadas.
RESCISÃO JUDICIAL
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A Administração também pode requerer a rescisão judicial, embora não esteja obrigada a
fazê-lo porque dispõe da rescisão unilateral.
O contratado pode pleitear a rescisão judicial nas hipóteses do artigo 78, incisos XIII a XVI da
Lei, quais sejam: a) supressão, pela Administração, do objeto do contrato, além do limite legal; b)
suspensão da execução do objeto do contrato, por ordem escrita da Administração, por prazo
superior a 120 dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo; c) atraso superior a 90
dias dos pagamentos devidos pela Administração, nos contratos de obras, serviços ou
fornecimento, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
guerra; d) a não-liberação, por parte da Administração, da área, local ou objeto para a execução do
contrato de obra, serviço ou fornecimento.
O contratado tem direito à indenização na hipótese de inadimplência da Administração,
composta pelas despesas que efetuou, prejuízos sofridos e lucros cessantes. Também deverá
receber de volta a garantia eventualmente prestada.
É aquela que decorre de fato extintivo do contrato, previsto na lei, regulamento ou no próprio
texto da contratação, independentemente da vontade das partes. Ex: falência do contratado;
falecimento do contratado.
O rompimento do vínculo contratual ocorre com o fato ou o ato extintivo previsto, sendo que
eventual declaração posterior tem efeitos “ex tunc”.
Para Celso Antônio Bandeira de Mello “concessão de serviço público é o instituto através do
qual o Estado atribui o exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome
próprio, por sua conta e risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder
Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela
própria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tarifas cobradas diretamente dos
usuários do serviço”.
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1. Para a lei é contrato de adesão, precário e revogável unilateralmente pelo poder concedente;
a doutrina a tratava tradicionalmente como ato unilateral, discricionário e precário;
2. depende de licitação, embora a lei não defina a modalidade;
3. o permissionário pode ser pessoa física ou jurídica, diferentemente da concessão de serviço
público que exige pessoa jurídica ou consórcio de empresas;
4. defere-se apenas a execução do serviço público ao particular, que o faz por sua conta e risco,
permanecendo com o poder público a titularidade do serviço;
5. o permissionário sujeita-se à fiscalização pela Administração, tanto quanto o concessionário;
6. pode ser alterada e revogada a qualquer momento, por motivo de interesse público;
7. é de sua natureza a outorga sem prazo, embora a doutrina admita a possibilidade de fixação
de prazo, hipótese em que a revogação antes do termo dará direito ao permissionário à
indenização. Para Hely, tem-se, na hipótese, permissão condicionada. Para Cretella Júnior,
tem-se permissão qualificada.
A permissão outorgada com prazo praticamente desfigura a permissão e acaba por equipará-
la à concessão, já que a não observância do prazo acarretará o dever da Administração Pública
indenizar o permissionário.
A precariedade da permissão, desde que instituída sem prazo, em exceção à regra do artigo
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57, § 3º da lei 8.666/93. Caso seja instituída com prazo, praticamente desaparecerão as diferenças
entre a concessão e a permissão.
A possibilidade de outorga a pessoa física na hipótese da permissão.
A concorrência é modalidade obrigatória para a concessão, mas a lei não estatui modalidade
obrigatória alguma para a permissão.
CONVÊNIOS ADMINISTRATIVOS
Trata-se de forma de ajuste entre o Poder Público e entidades públicas ou privadas para a
realização de objetivos de interesse comum dos partícipes. O convênio, tanto quanto o contrato,
provém de ajuste de vontades. Mas o contrato, diferentemente do convênio, ajusta vontades
opostas, divergentes. O convênio conjuga interesses convergentes dos partícipes. Há mútua
colaboração entre os partícipes do convênio, podendo ocorrer repasse de verbas, de tecnologia, de
recursos humanos, materiais etc. No convênio, a entidade que recebe o dinheiro público deve
prestar contas não apenas ao ente repassador, mas também ao Tribunal de Contas.
Os partícipes podem retirar a participação a qualquer momento, não podendo ser obrigados a
permanecerem conveniados ou sofrerem sanções por sua retirada antes de findo o prazo do
convênio.
Hely Lopes Meirelles esclarece a respeito: diante dessa igualdade jurídica de todos os
signatários do convênio e da ausência de vinculação contratual entre eles, qualquer partícipe pode
denunciá-lo e retirar sua cooperação quando o desejar, só ficando responsável pelas obrigações e
auferindo as vantagens do tempo em que participou voluntariamente do acordo. A organização dos
convênios sempre foi feita com autorização legislativa prévia. O Supremo Tribunal Federal, no
entanto, tem entendido que é inconstitucional norma que exija autorização legislativa para
instituição de convênio por ferir a independência dos Poderes.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o convênio entre entidades públicas e particulares não
é possível como forma de delegação de serviços públicos, mas como modalidade de fomento. É
utilizado quando o Poder Público quer incentivar a iniciativa privada de interesse público. O
convênio está disciplinado pelo art. 116 da Lei nº 8.666/93, segundo o qual as disposições da lei são
aplicáveis, no que couber aos convênios. Não se exige licitação para celebração de convênios.
CONSÓRCIOS ADMINISTRATIVOS
Consórcios administrativos são acordos de vontades entre duas ou mais pessoas jurídicas
públicas da mesma natureza e mesmo nível de governo ou entre entidades da administração
indireta para a consecução de objetivos comuns: dois ou mais Municípios, dois ou mais Estados,
como ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro. O objetivo do consórcio é semelhante ao do convênio
porque visa a reunir esforços para consecução de fins comuns às entidades consorciadas ou
conveniadas. É bastante comum o consórcio de Municípios para a realização de obras, serviços ou
outras atividades de interesse intermunicipal. Por meio destes consórcios, reúnem-se recursos de
mais de um Município para executar empreendimento que não seria possível de ser feito com os
recursos de um só Município. O consórcio administrativo não possui personalidade jurídica própria,
daí porque parte da doutrina entende conveniente a organização de uma entidade civil ou
comercial para gerir os interesses do consórcio. Outros, como Maria Sylvia Zanella di Pietro,
entendem não existir fundamento legal para a criação de uma entidade privada para administrar o
consórcio porque “estaria havendo uma terceirização da gestão pública”. A autora aponta as
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seguintes soluções: criação de uma comissão executiva para assumir direitos e obrigações em nome
dos consorciados; indicação de um dos partícipes como líder, o qual poderá, desde que previsto no
consórcio e autorizado em lei, criar uma autarquia ou fundação para gerir o consórcio; instituição
de um fundo vinculado a órgão de um dos partícipes encarregado de administrar o consórcio. Seja
qual for a hipótese verificada na prática, o administrador do consórcio, por gerir dinheiro público,
deverá obedecer às normas de direito público no que se refere à contratação de pessoal e à
realização de licitação prévia à contratação.
Não se deve confundir o consórcio administrativo com o consórcio de direito privado. O
consórcio de direito privado é modalidade de concentração de empresas, que se associam para
reunir forças econômicas, financeiras ou técnicas, para assumir atividades e também encargos
impossíveis de serem assumidos por apenas uma das empresas consorciadas. O consórcio não tem
personalidade jurídica e pelas regras do Direito Privado, não há presunção de solidariedade entre as
pessoas consorciadas, o que significa dizer que cada uma delas responde por suas obrigações. O
consórcio de empresas pode, eventualmente, participar de licitação. O artigo 33 da Lei de Licitações
(Lei nº. 8.666/93) prevê as normas que devem ser aplicadas no caso de se admitir na licitação em
concreto a participação de empresas em consórcio. Entre elas destaca-se a do inciso V, que
estabelece a solidariedade dos integrantes pelos atos praticados em consórcio, tanto na fase de
licitação quanto na de execução do contrato, derrogando, então, o Direito Privado quanto a este
aspecto da relação travada entre as empresas consorciadas.
A lei 8.987/95, que dispõe sobre a concessão e a permissão de serviço público, admite que
consórcio de empresas participe de licitação de concessão de serviço público ou de obra pública. Na
hipótese do consórcio ser o licitante vencedor, “é facultado ao poder concedente, desde que
previsto no edital, no interesse do serviço a ser concedido” determinar que dito consórcio se
constitua em empresa antes da celebração do contrato (art 20).
OS CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Recente inovação legislativa, expressada por meio da Lei 11.107, de 06 de abril de 2.005,
institui o consórcio público, a pretexto de regular o artigo 241 da Constituição Federal, com a
redação dada pela Emenda Constitucional nº 19/98, cujo teor é o seguinte:
“A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os
consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federativos, autorizando a gestão
associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços,
pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos”.
Trata-se de acordo de vontades firmado exclusivamente entre entes da federação, ou seja,
entre a União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios, para a realização de objetivos de
interesse comum dos consorciados.
No que se refere à União, somente participará de consórcios públicos em que também façam
parte os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados. Em outras
palavras, veda-se a participação isolada da União com os Municípios, sendo obrigatório que do
consórcio também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os
Municípios consorciados (art. 1º, § 2º).
Os objetivos dos consórcios públicos serão definidos pelos entes da Federação que se
consorciarem, observados os limites constitucionais (art. 2º).
Tais consórcios deverão suprir carências na realização de obras públicas e na prestação dos serviços
públicos, possibilitando, por exemplo, gestão associada para construção de hospitais, rodovias, usinas de
reciclagem do lixo, preservação do meio ambiente, turismo, saúde, educação, etc.
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se se seria integrante da Administração Pública Indireta, ao lado das demais pessoas jurídicas de
direito privado que dela fazem parte.
A lei não a incluiu como tal, já que não fez constar sua inclusão na Administração Pública
Indireta como fez com o consórcio público dotado de personalidade jurídica de direito público.
Caberá à doutrina definir em que posição ficará tal consórcio público com personalidade
jurídica de direito privado, se integrante da Administração Pública Indireta ou se equiparado às
entidades paraestatais, como é o caso dos serviços sociais autônomos.
Seja qual for a conclusão da doutrina, os consórcios públicos com personalidade jurídica de
direito privado, sujeitam-se à observância das normas de direito público referentes à licitação,
celebração de contratos, prestação de constas e admissão de pessoal, que será regido pela
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (art. 6º, § 2º). Igualmente se submetem à fiscalização
contábil, operacional e patrimonial do Tribunal de Contas (art. 9º, parágrafo único).
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Só é possível admitir que o Estado não agiu ou não agiu com a diligência normal esperada
quando deveria agir por existir o dever legal de fazê-lo.
Esta é a opinião de Celso Antônio Bandeira de Mello: “Quando o dano foi possível em
decorrência de uma omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou tardia ou
ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade subjetiva. Com efeito, se o Estado
não agiu, não pode, logicamente, ser ele o autor do dano. E, se não foi o autor, só cabe
responsabilizá-lo caso esteja obrigado a impedir o dano. Esto é: só faz sentido responsabilizá-lo se
descumpriu o dever legal que lhe impunha obstar o evento lesivo.”
Para o autor, nos casos de falta do serviço, deve ser admitida uma presunção de culpa do
Poder Público, tendo em vista as naturais dificuldades do prejudicado de provar que o serviço não
funcionou como devido.
O Supremo Tribunal Federal já entendeu que a responsabilidade por atos omissivos é
subjetiva, baseada na culpa do serviço. Confira-se o RE 382054/RJ, em que foi relator o Ministro
Carlos Velloso, em 03/08/04:
EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO.
ATO OMISSIVO DO PODER PÚBLICO: DETENTO FERIDO POR OUTRO DETENTO. RESPONSABILIDADE
SUBJETIVA: CULPA PUBLICIZADA: FALTA DO SERVIÇO. C.F., art. 37, § 6º. I. - Tratando-se de ato
omissivo do poder público, a responsabilidade civil por esse ato é subjetiva, pelo que exige dolo ou
culpa, em sentido estrito, esta numa de suas três vertentes — a negligência, a imperícia ou a
imprudência — não sendo, entretanto, necessário individualizá-la, dado que pode ser atribuída ao
serviço público, de forma genérica, a falta do serviço.
II. - A falta do serviço — faute du service dos franceses — não dispensa o requisito da
causalidade, vale dizer, do nexo de causalidade entre ação omissiva atribuída ao poder público e o
dano causado a terceiro. III. - Detento ferido por outro detento: responsabilidade civil do Estado:
ocorrência da falta do serviço, com a culpa genérica do serviço público, por isso que o Estado deve
zelar pela integridade física do preso. IV. - RE conhecido e provido.
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DIREITO ADMINISTRATIVO CPF - 09714900662
PROFª. CRISTINA MOGIONI
caso de erro judiciário, mesmo que essa coisa julgada não possa, dado o lapso prescricional, ser
mais modificada”.
Assim, entendem alguns que é devida a indenização por atos judiciais típicos, não somente
nas hipóteses previstas no artigo 143 do CPC/2015.
A responsabilidade estatal por atos judiciais, então, seguiria a mesma regra do artigo 37,
parágrafo 6º, da Constituição Federal, ou seja, responsabilidade objetiva, cabendo o direito de
regresso contra o agente causador do dano, em caso e dolo ou culpa.
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