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ECONOMIA DE EMPRESAS

TÓPICO 4: PLANEJAMENTO E CONTROLE ECONÔMICO


FINANCEIRO DE EMPRESAS
4.1 - PLANEJAMENTO ECONÔMICO-FINANCEIRO: CONCEITOS,
CARACTERÍSTICAS, OBJETIVOS, REQUISITOS E INSTRUMENTOS

Conceitos:
segundo Breadley & Myers:
“O planejamento financeiro é um processo de:
1 - Análise das opções de financiamento e investimento de que a empresa dispõe.
2 - Projeção das implicações futuras das decisões presentes, de modo a evitar
surpresas e a compreender a ligação entre as decisões presentes e futuras.
3 - Decisão sobre quais as alternativas a seguir (estas decisões estão incorporadas
no plano financeiro final.
4 - Avaliação do desempenho posterior em função dos objetivos fixados no plano
financeiro.”

Groppelli & Nikbakht afirmam:

“Planejamento financeiro é o processo de estimar a quantia necessária de


financiamento para continuar as operações de uma companhia e de decidir quando
e como a necessidade de fundos seria financiada.” (p.365)

Características
A fim de proceder o planejamento financeiro de um empresa é importante
manter uma estrutura de informações que permita planejar as entradas e saídas de
caixa. Estas informações gerarão o fluxo de caixa projetado, que pode ser
expresso sinteticamente pela seguinte fórmula:

onde:
SFC = Saldo final de caixa
SIC = Saldo inicial de caixa
I = Ingressos
D = Desembolsos
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Objetivos
Pode-se citar os seguintes objetivos planejamento financeiro ou do fluxo de
caixa:
- o planejamento financeiro irá indicar antecipadamente as necessidades de
caixa para as atender os compromissos financeiros da empresa em determinado
período;
- modelar o fluxo de saída de recursos financeiros com o fluxo de entrada
dos mesmos;
- auxiliar a eficácia econômica-técnico-financeira e administrativa das
empresas.

Requisitos do Fluxo de Caixa


- Informações Preliminares
a) projeções das vendas, considerando-se prováveis proporções entre as
vendas à vista e a prazo da empresa;
b) estimativas de compras e as respectivas condições oferecidas pelos
fornecedores;
c) levantamento das cobranças efetivas com os créditos a receber de
clientes;
d) determinação da periodicidade do fluxo de caixa, de acordo com as
necessidades, tamanho, organização da empresa e ramo de atividade;
e) orçamento dos demais ingressos e desembolsos de caixa para o período
em questão.

Requisitos para o Planejamento:

a) dados econômico-financeiros;
b) considerar oscilações eventuais no fluxo de caixa;
c) captar informações dos relatórios contábeis e de outros departamentos;
d) manter um nível razoável em caixas e bancos - determinado pelo
administrador financeiro de acordo com parâmetros operacionais - para que possa
atender às suas necessidades diárias;
e) buscar a maximização do lucro, possuindo certos padrões de segurança,
previamente fixados;
f) assegurar ao caixa um nível desejado a partir da constituição de reservas
necessárias à empresa;
g) buscar maior liquidez na aplicação dos excedentes.
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É importante considerar eventuais oscilações que possam afetar entradas /


desembolsos de caixa. Citam-se como principais requisitos para o planejamento os
dados econômico-financeiros.
A fim de que a empresa obtenha resultados favoráveis no planejamento, é
fundamental que os dados informados estejam os mais corretos possíveis. O
administrador também irá captar informações de outros departamentos da
empresa.

Instrumentos
Entre os instrumentos de controle e planejamento financeiro destacam-se:
- o fluxo de caixa
- o orçamento de caixa
estes instrumentos serão detalhados mais adiante

4.2 EQUILÍBRIO E DESEQUILÍBRIO ECONÔMICO FINANCEIRO EM


EMPRESAS: CAUSAS E CONSEQÜÊNCIAS

Características de empresas equilibradas


a) há permanentes equilíbrio entre os ingressos e os desembolsos de caixa;
b) o capital próprio tende a aumentar, em relação ao capital de terceiros;
c) a rentabilidade do capital empregado é satisfatória;
d) há uma tendência de aumentar o índice de rotação de estoques;
e) menor necessidade de capital de giro;
f) os prazos médios de recebimento e de pagamento tendem a estabilizarem-
se;
g) não há imobilizações excessivas de capital, nem ela é insuficiente para o
volume necessário de produção e de comercialização;
h) não há falta de produtos prontos ou mercadorias para o atendimento das
vendas.
Esquematicamente, pode-se colocar da seguinte forma:
DESEQUILÍBRIO
60 FINANCEIRO

SINTOMAS CAUSAS CONSEQUÊNCIAS


A - INSUFICIÊNCIA CRÔNICA DE CAIXA; A - EXCESSO DE INVESTIMENTOS EM A - VULNERABILIDADE ANTE A
B - CAPTAÇÃO SISTEMÁTICA DE ESTOQUES OU ITENS DE BAIXA FLUTUAÇÕES DE MERCADO;
RECURSOS ATRAVÉS DE EMPRÉSTIMOS ROTAÇÃO; B - ATRASOS NOS PAGAMENTOS DE
C - SENSAÇÃO DE ESFORÇO B - PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO É DÍVIDAS;
DESMEDIDO MAIOR QUE PRAZO MÉDIO DE C - TENSÕES INTERNAS;
D - SENSAÇÃO DE QUEBRA REPENTINA PAGAMENTO; D - CONCORDATA;
C - EXCESSO DE IMOBILIZAÇÕES; E - FALÊNCIA.
D - INFLAÇÃO MONETÁRIA

ELIMINAR
ALIVIAR
EVITAR

MEDIDAS DE SANEAMENTO FINANCEIRO


A - AUMENTO DE CAPITAL PRÓPRIO ATRAVÉS DA ENTRADA DE NOVOS SÓCIOS OU DE
REINVESTIMENTO DOS LUCROS; EQUILÍBRIO
B - REDUÇÃO DO RITMO DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS; FINANCEIRO
C - ADEQUAÇÃO DO NÍVEL DE OPERAÇÕES AO NÍVEL DE RECURSOS DISPONÍVEIS;
D - CONTENÇÃO DOS CUSTOS E DESPESAS OPERACIONAIS;
E - DESMOBILIZAÇÃO DE RECURSOS OCIOSOS;
F - PLANEJAMENTO E CONTROLE FINANCEIROS.
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4.3 - FLUXO DE CAIXA: Planejamento, Controle e Análise

Conceitos: SIC + E - S = SFC


“Pode-se estabelecer um comparativo entre o fluxo de caixa de uma
empresa e o fluxo de água de um sistema hidráulico com vários
reservatórios ao longo de sua extensão. A empresa necessita de dinheiro
em caixa para pagar as suas obrigações com terceiros, o centro de
interesse está no reservatório de numerário, ou seja, o disponível.” (Fluxo
de Caixa - Zdanovicz p.45)

Constitui-se no conjunto de ingressos e desembolsos de numerário ao


longo de um período determinado. Consiste em uma representação dinâmica da
situação financeira de uma empresa, considerando todas as fontes de recursos e
todas as aplicações em itens do ativo.
Sinteticamente é o instrumento de programação financeira, que
corresponde às estimativas de entradas e saídas de caixa em certo período de
tempo projetado.

Objetivos:
O principal objetivo do fluxo de caixa é dar uma visão das atividades
desenvolvidas, como também das operações financeiras realizadas diariamente
e que envolvem a liquidez da empresa. Este objetivo pode ser fragmentado em
objetivos mais pontuais:
a) facilitar a análise e o cálculo na seleção de linhas de crédito a serem
obtidas junto às instituições financeiras;
b) programar os ingressos e desembolsos de caixa, de forma criteriosa,
permitindo determinar o período em que deverá ocorrer carência de recursos e
o montante, havendo tempo suficiente para as medidas necessárias;
c) permitir o planejamento dos desembolsos de acordo com as
disponibilidades de caixa, evitando-se o acúmulo de compromissos vultuosos
em época de pouco encaixe;
d) determinar quanto de recursos próprios a empresa dispõe em dado
momento e aplicá-los de forma mais rentável possível, bem como analisar os
recursos de terceiros que satisfaçam as necessidades da empresa;
e) proporcionar o intercâmbio dos diversos departamentos da empresa
com a área financeira;
f) desenvolver o uso eficiente e racional do disponível;
g) financiar as necessidades sazonais ou cíclicas da empresa;
h) providenciar recursos para atender aos projetos de implantação,
expansão, modernização ou relocalização industrial e/ou comercial;
i) fixar o nivel de caixa em termos de capital de giro;
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j) auxiliar na análise dos valores a receber e estoques, para que se possa julgar a conveniência em aplicar nesses ativos
ou não;
l) verificar a possibilidade de aplicar possíveis excedentes de caixa;
m) estudar um programa saudável de empréstimos ou financiamentos;
n) projetar um plano efetivo de resgate de débitos;
o) analisar a conveniência de serem comprometidos os recursos pela empresa;
p) participar e integrar todas as atividades da empresa, facilitando assim os controles financeiros.

ENTRADAS
INTERNAS EXTERNAS
REGULARES ESPORÁDICAS
- AÇÕES
- VENDAS À VISTA - VENDA DE ATIVOS
- ALUGUÉIS RECEBIDOS
- VALORES A RECEBER - EMPRÉSTIMOS
- RECEITAS FINANCEIRAS

SAÍDAS
REGULARES ESPORÁDICAS IRREGULARES
- FORNECEDORES - MATERIAL DE EXPEDIENTE - COMPRA DE ATIVO PERMANENTE
- SALÁRIOS
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Orçamento de caixa

Mostra os fluxos de caixa (recebimentos, pagamentos e saldo em


dinheiro) de uma empresa durante um período especificado.
O orçamento de caixa é um plano escrito, onde estão identificadas as
principais entradas e saídas do caixa planejadas.
Defasagens significativas no orçamento de caixa podem ser indícios de
que os programas da empresa se tornaram irreais, frente a ocorrências
imprevistas. A elaboração de orçamentos de caixa segue os seguintes passos:
1º - são previstas as necessidades (ativo fixos e estoques), junto com a
época que os pagamentos precisam ser efetuados;
2º - esta informação é combinada com previsões de atraso na cobrança de
contas a receber, datas de pagamentos de impostos, datas de pagamentos de
dividendos e de juros etc;
3º - todas estas informações são resumidas no orçamento de caixa.
Os orçamentos de caixa proporcionam informações muito mais detalhadas
em relação às projeções de demonstrações financeiras.
Ilustrar-se-á com exemplo tirado de Brigham e Houston:
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Tabela 4-1 - Orçamento de Caixa da Allied Foods Products


ALLIED FOOD PRODUCTS: ORÇAMENTO DE CAIXA (MILHÕES DE $)
MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
I PLANILHA DE RECEBIMENTOS E COMPRAS
(1) Vendas (Bruto) 200 250 300 400 500 350 250 200
Recebimentos
(2) No mês da venda 58.8 78.4 98 68.6 49 39.2
(0,2)(0,98)(venda do mês)
(3) No primeiro mês após a venda 175 210 280 350 245 175
(0,7)(venda do mês anterior)
(4) No segundo mês após a venda 20 25 30 40 50 35
(0,1)(venda de 2 meses atrás)
(5) Total de Recebimentos (2+3+4) 253.8 313.4 408 458.6 344 249.2
Compras
(6) 0,7(vendas do mês seguinte) 210 280 350 245 175 140
(7) Pagamentos (defasagem de 1 mês) 210 280 350 245 175 140

II SALDO DE CAIXA DO MÊS


(8) Recebimentos (da Seção I) 253.8 313.4 408 458.6 344 249.2
(9) Pagamentos de compras (da Seção I) 210 280 350 245 175 140
(10) Salários e Pró-labore 30 40 50 40 30 30
(11) Aluguel 15 15 15 15 15 15
(12) Outras despesas 10 15 20 15 10 10
(13) Impostos 30 20
(14) Pagamento de construção de fábrica 100
(15) Total de Pagamentos 265 350 465 415 230 215
(16) Saldo líquido do caixa no mês (8) - (15) -11 -37 -57 44 114 34

III SUPERÁVIT DE CAIXA OU NECESSIDADE DE EMPRÉSTIMO


(17) Caixa no início do mês, se não for tomado nenhum empréstimo (dado) 15 4 -33 -90 -46 68
(18) Caixa acumulado (caixa inicial + saldo líquido) (17 + 16) 4 -33 -90 -46 68 102
(19) Saldo de caixa desejado (dado) 10 10 10 10 10 10
(20) Superávit de caixa acumulado (ou empréstimos a pagar) para -6 -43 -100 -56 58 92
manter o saldo de caixa desejado de $ 10
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A partir da tabela 4-1é possível estimar o superávit / déficit de caixa a ser


gerado nos períodos futuros e, assim, programar o financiamento dos déficit ou
aplicação dos superávits. Por exemplo, vê-se pela tabela que nos meses de
julho a outubro é necessário financiar os déficits gerados com empréstimos
adicionais. Já nos meses de novembro e dezembro, ocorrerá superávits que
auxiliarão o pagamento do financiamento anterior. Com estas informações
pode-se modelar o empréstimos com vistas a estipular planos de amortizações
condizentes com os fluxos futuros de caixa.

4.4 Administração das Principais Contas do Ativo e Passivo Circulante:


Objetivos; Precauções; Alternativas; Consequências.
Administração dos Componentes do Capital de Giro
A - Administração do disponível
A administração do disponível é o aspecto chave da liquidez, uma vez que
a última é estreitamente dependente da primeira. Quanto maiores os recursos
aplicado no ativo operacional, maiores deverão ser as taxas de retorno sobre os
investimentos realizados. Aqui deve-se preocupar com o dilema liquidez X
rentabilidade citado no tópico anterior. O administrador deve estar ciente de até
que ponto a falta de liquidez pode provocar perda de desconto por ocasião de
compras a vista não realizadas, bem como impedir a empresa de um
relacionamento mais estreito com seus fornecedores e maximizar os retornos
sobre o ativo operacional.
A administração do disponível compreende:
1 - controle da utilização de recursos da empresa;
2 - investimentos facilmente conversíveis em numerários;
3 - fontes externas que possam propiciar aportes imediatos de novos
recursos.
A.1 - Controle do nível de caixa
O objetivo do administrador financeiro é estabelecer um nível adequado
de caixa, isto é, evitar tanto a carência quanto o excesso de recursos. O nível de
caixa deve permitir um retorno adequado e seguro para a empresa, viabilizando
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tempestivamente recursos para as diversas necessidades financeiras da


empresa. A determinação do nível de caixa desejado depende de alguns fatores:
1 - defasagem entre ingressos e desembolsos de caixa;
2 - disponibilidades de outras fontes de recursos;
3 - relações com os bancos ( empréstimos, cobrança etc.);
4 - utilização de numerário inativo - excedentes de caixa (temporários ou
permanentes.
A.2 - Controle dos ingressos de caixa
- evitar fraudes ou desvios
A 3 - Aceleração de cobranças
- coordenar prazos concedidos a clientes para pagamento de faturas com
necessidades de caixa da empresa.
B - Administração dos valores a receber
O administrador financeiro deve evitar acumulação de montantes
excessivos de recursos dentro da conta de valores a receber (vendas a prazo).
Excesso de recursos nesta conta pode conduzir a risco de liquidez e falhas no
dimensionamento do capital de giro da empresa. Alguns fatores ajudam o
controle e a cobrança dos valores a receber:
- determinação das condições de venda a prazo;
- concessão de crédito;
- controle de cobrança dos valores a receber.
Um dos fatores fundamentais para a política de crédito é a estrutura de
desconto para pagamentos a vista. Esta estrutura deve se estruturar de forma a
incentivar o cliente a pagar a vista.
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C - Administração de estoques
A necessidade de administrar estoques está no fato da empresa imobilizar
recursos financeiros em estoques, que apresentam baixa liquidez.
O dimensionamento dos níveis de estoques está associado à capacidade
financeira da empresa e na fixação do capital de giro necessário para suas
atividades operacionais.
Os custos decorrentes de estocagens derivam de alguns custos específicos:
a) custo de capital ( inventários, imobilizações em máquinas e
equipamentos)
b) custo do espaço ocupado
c) custo de serviços de estocagem (impostos, seguros, mão-de-obra
utilizada, registros e contabilização, riscos de furtos, danos ou deterioração)
d) risco de estocagem (queda de preços, obsolecência).

4.5 Estratégias e Políticas de Gerência Econômico Financeira


A empresa pode adotar várias políticas alternativas de gerência
econômico-financeira:
A - Enfoque no Fluxo de Caixa:
Este enfoque privilegia ações que melhorem a situação do fluxo de caixa
da empresa. O fluxo de caixa deve ser descontado a uma dada taxa (usualmente
o Custo Médio Ponderado de Capital) e avaliado pelo método do valor presente
líquido ou da taxa interna de retorno.
B - Enfoque em Vendas:
Neste enfoque, a empresa procura maximizar seu nível de vendas. A
estratégia operacional estará voltada fundamentalmente para o marketing.
Nesta opção a empresa utiliza esquemas de financiamentos de vendas,
promoções, estruturas de descontos etc., com vistas a alavancar seu volume de
vendas, podendo, a partir de então comprar a preços mais competitivos,
ganhando vantagem com relação à disputa de clientes.
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C - Enfoque em Custos:
Esta abordagem baseia-se na idéia de que os custos devem ser gerenciados
de forma a serem os mais reduzidos possíveis. A empresa passa a imagem de
produtos baratos e, com isso tenta ganhar vendas.
D - Enfoque na qualidade
4.6 Orçamento de Caixa como Instrumento de Planejamento
Econômico-Financeiro: Características; Objetivos; Tipos; Métodos

Definição:
“O orçamento não é nada mais do que um plano escrito, expresso em
termos de unidades físicas e/ou monetárias. A complexidade do processo
orçamentário e seus detalhes de elaboração poderão variar de empresa para
empresa, porém na sua essência serão semelhantes.”
(Zdanowicz p. 125)

“O orçamento é o instrumento que descreve um plano geral de operações


e/ou investimentos, orientado pelos objetivos e pelas metas traçadas pela alta
cúpula diretiva para um dado período de tempo.”
(Zdanowicz p. 126)

Características:
O orçamento de caixa poderá apresentar várias características, as
principais são:
a) flexibilidade na aplicação: deve possuir caráter dinâmico em relação às
flutuações da economia;
b) projeção para o futuro: a partir do diagnóstico da situação de liquidez e
de capital de giro da empresa, o orçamento de caixa consistirá na projeção do
nível desejado de caixa, em função do atual para o futuro;
c) participação direta dos responsáveis: ao elaborar-se o orçamento de
caixa é necessários que os responsáveis pelas informações e dados deverão
estar conscientes de sua responsabilidade na participação do orçamento.
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Objetivos

O principal objetivo do orçamento de caixa é dimensionar a


disponibilidade de recursos para suprir as necessidades de caixa da empresa.
Esse objetivo pode ser decomposto em:
- orçar o aporte de recursos que deverão ser captados e a melhor
destinação dos possíveis excedentes de caixa;
- permitir ao administrador financeiro saber, antecipadamente, se haverá
problemas de liquidez ou não;
- permitir a empresa projetar a necessidades de levantar recursos em
tempo hábil.
Tipos
Entre os tipos de orçamento de caixa, destacam-se:
a) os orçamentos de destinação: próprios de instituições públicas, em que
a receita operacional é estimada e a despesa operacional é fixada para o
período orçamentário;
b) os orçamentos flexíveis que são utilizados pelas empresas privadas, ao
projetarem o volume de ingressos e desembolsos financeiros, têm a finalidade
de detectar antecipadamente, a necessidade de um aporte de recursos ou a
aplicação dos excedentes.
Métodos
Para a elaboração do orçamento de caixa, poderão ser utilizados três
métodos:
- direto
- lucro ajustado
- diferença do capital de giro

a) Método direto:
Baseia-se nas projeções de ingressos e de desembolsos. Assemelha-se ao
fluxo de caixa, com a diferença dos dados utilizados. Enquanto o fluxo de
caixa é projetado com base em valores já realizados pela empresa em períodos
anteriores, pelo método direto quase todos os valores são orçados, em função
dos objetivos e das metas fixadas pelo comitê orçamentário. Além disso, o
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método direto projeta o disponível (caixa) pelos orçamentos de vendas,


produção despesas operacionais e contempla os itens do ativo imobilizado.
“É o método mais simples, útil e apropriado para elaborar o orçamento de
caixa em períodos curtos.”
(Zdanowicz, p.139)

INGRESSOS DESEMBOLSOS

VENDAS A VISTA FORNECEDORES

COBRANÇAS SALÁRIOS E
ENCARGOS SOCIAIS

DESCONTOS DE GOVERNO
CAUÇÃO

RECEITAS DESPESAS
FINANCEIRAS FINANCEIRAS

CAIXA

VENDAS DE ATIVO INVESTIMENTOS


FIXO

AUMENTO DE SAÍDA DE SÓCIOS


CAPITAL SOCIAL

EMPRÉSTIMOS AMORTIZAÇÕES

ALUGUÉIS A ALUGUÉIS A PAGAR


RECEBER

OUTROS INGRESSOS OUTROS


DESEMBOLSOS
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Modelo do orçamento de caixa pelo método direto


ORÇAMENTO DE CAIXA PELO MÉTODO DIRETO (MILHÕES DE $)
Janeiro Fevereiro Março
P R D P R D P R D
1 - INGRESSOS
- Vendas à vista
- Vendas a prazo
- Vendas do ativo permanente
- Aumentos do capital social
- Receitas financeiras
- Aluguéis a receber
- Outros

2 - DESEMBOLSOS
- Compras à vista
- Compras a prazo
- Compras de ativo permanente
- Salários e ordenados
- Despesas indiretas de fabricação
- Despesas com vendas
- Despesas tributárias
- Despesas financeiras
- Outros

3 - DIFERENÇA DO PERÍODO PROJETADO (1- 2)
4 - SALDO INICIAL DE CAIXA
5 - DISPONIBILIDADE ACUMULADA PROJETADA (+/- 3 + 4)
6 - NÍVEL DESEJADO DE CAIXA PROJETADO
7 - EMPRÉSTIMOS A CAPTAR
8 - APLICAÇÕES NO MERCADO ABERTO A REALIZAR
9 - AMORTIZAÇÕES DE EMPRÉSTIMOS
10 - RESGATES E APLICAÇÕES
11 - SALDO FINAL DE CAIXA PROJETADO
P = PAGAMENTOS R = RECEBIMENTOS D = DIFERENÇA
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Observações:

a) é necessário um criterioso estudo anterior sobre as vendas realizadas a prazo,


que representarão ingressos no período orçado;
b) estudo idêntico deve ser feito para os desembolsos da empresa com
fornecedores;
c) o nível desejado do caixa projetado para o período seguinte será uma
estimativa efetuada a partir de políticas fixadas pela empresa em função do volume
de ingressos e desembolsos financeiros, em termos de aumentos ou reduções de
caixa;
d) o confronto entre a disponibilidade acumulada com o nível desejado de
caixa indicará a necessidade da empresa em captar empréstimos ou aplicar
excedentes no mercado aberto;
e) o saldo final de um período será o saldo inicial do período imediatamente
anterior;
f) deverão ser analisadas defasagens de orçamento de caixa, com o objetivo de
verificar-se pontos fortes e fracos do sistema e sugerir medidas de correção.
Limitações do método direto:
- sujeito a efeitos de ocorrências imprevistas, bem como as flutuações de
vendas e dos ingressos  divergência entre projeção e realidade;
- conjuntos de ingressos e desembolsos não registram pequenas variações
(duplicatas a receber, estoques).
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b) Método do Lucro Ajustado


A elaboração do orçamento de caixa pelo método do lucro ajustado (ou lucro
direto) será feito através das projeções do resultado econômico e das variações dos
elementos patrimoniais (Demonstrativo de Resultado do Exercício, e Balanço
Patrimonial).
Elaboração:
1º - parte-se do lucro ou prejuízo líquido orçado com base nas estimativas do
Demonstrativo do Resultado do Exercício projetado;
2º - o lucro líquido projetado após o imposto de renda é convertido do regime
de competência para o regime de caixa;
3º - considerará os elementos de resultados projetados para o período
orçamentário e também será ajustado em função dos elementos patrimoniais como:
- duplicatas a receber e a pagar;
- estoques;
- fornecedores etc
É especialmente recomendado para o orçamento de caixa de um exercício
social, podendo ser perfeitamente utilizado para períodos mensais.
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Modelo o orçamento de caixa pelo método do lucro ajustado

JAN ... Exercício


Social
1 . INGRESSOS
- Lucro líquido após IR
- Depreciações
- Reduções
- Aumentos de passivo exigível
- Aumentos de patrimônio líquido

2 . DESEMBOLSOS
- Aumento de ativo
- Reduções do passivo exigível
- Reduções do patrimônio líquido

3. DIFERENÇA DO PERÍODO PROJETADO
4. SALDO INICIAL DE CAIXA
5. DISPONIBILIDADE ACUMULADA PROJETADA
6. NÍVEL DESEJADO DE CAIXA PROJETADO
7. EMPRÉSTIMOS A CAPTAR
8. APLICAÇÕES NO MERCADO ABERTO A REALIZAR
9. AMORTIZAÇÕES DE EMPRÉSTIMOS
10. RESGATE DE APLICAÇÕES
11. SALDO FINAL DE CAIXA PROJETADO

Notas explicativas:
a) os ingressos serão projetados em função do resultado econômico dos
elementos patrimoniais orçados da empresa para o período;
b) os desembolsos serão projetados em função dos elementos patrimoniais da
empresa para o período;
c) o saldo inicial de caixa corresponderá à posição encerrada no Balanço
Patrimonial, do período imediatamente anterior ao projetado pela empresa;
d) o nível desejado de caixa projetado será determinado, em função da
disponibilidade acumulada estimada, verificar-se-á a necessidade da empresa em
captar empréstimos ou em aplicar excedentes;
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e) partindo do confronto entre o nível desejado de caixa projetado com a


disponibilidade acumulada estimada, verificar-se-á a necessidade da empresa em
captar empréstimos ou em aplicar os excedentes no mercado aberto;
f) as amortizações de empréstimos captados serão saídas de caixa, enquanto os
resgates de aplicações no mercado aberto serão entradas de caixa;
g) o saldo final de caixa projetado será obtido entre a soma da disponibilidade
acumulada orçada, mais empréstimos e resgates e menos aplicações e amortizações;
h) entre os elementos patrimoniais que reduzirão ou aumentarão o ativo
circulante, exclui-se o disponível, pois o objetivo é projetá-lo para o período
seguinte.

Outro Modelo de Orçamento de Caixa


Jan Fev ... Dez
1. LUCRO LÍQUIDO APÓS I.R.
2. INGRESSOS
Depreciações
Provisões diversas
Reduções de estoques
Reduções de contas a receber
Vendas de itens do ativo fixo
Aumentos de contas a pagar
Vendas de ações

3. DESEMBOLSOS
Reduções de contas a pagar
Aumentos de estoques
Aquisições de itens do ativo fixo
Novas construções
Pagamentos de impostos e taxas
Juros sobre empréstimos / financiamentos
Compra de ações
Aumentos de contas a receber

4. DIFERENÇA DO PERÍODO PROJETADO (1+2-3)
5. SALDO INICIAL DE CAIXA
6. EMPRÉSTIMOS OU APLICAÇÕES
7. SALDO FINAL DE CAIXA
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c) Orçamento de caixa através do método da diferença do capital de giro

c1 - Considerações iniciais
Etapas:
1ª - cálculo da variação do capital de giro

CG = Capital de Giro
AC = Ativo Circulante
PC = Passivo Circulante
Deve-se excluir dos ativos circulantes o disponível (caixa, bancos e
aplicações financeiras), pois o objetivo será estimá-lo para o período seguinte.
A variação do capital de giro será obtida pela diferença entre o capital de giro
do período projetado e o capital de giro do período encerrado. Isto é:

CG = Variação do capital de giro


CGpp = Capital de giro do período projetado
CGpp = Capital de giro do período encerrado
A variação do capital de giro pode ser positiva ou negativa. Se positiva, haverá
aumento da participação de recursos próprios superior aos capitais de terceiros. Esta
variação será considerada um desembolso por representar um aumento de ativo.
Caso ocorra uma variação negativa, haverá um aumento na participação de
capitais de terceiros superior ao aumento dos capitais próprios. Esse valor será
somado ao saldo inicial de caixa e à diferença do período projetado, por constituir-
se um aumento de passivo.
Feita a apuração da variação do capital de giro líquido entre os períodos
projetado e encerrado, ela será diminuída ou somada, visando regularizar o saldo
final de caixa projetado.
Na 2ª etapa, relacionar-se-á a projeção do lucro / prejuízo do período projetado
com elementos de variação patrimonial que não de curto prazo, pois estes já foram
considerados na primeira etapa.
Ao final das projeções, soma-se o resultado da primeira etapa.
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Modelo de orçamento de caixa pelo método da diferença do capital de giro


Primeira etapa

Períodos Variação do Capital


Encerrado Projetado
Itens de Giro (CG)
Ativo Circulante (AC)
Passivo Circulante (PC)
Capital de Giro (CG)
segunda etapa
Itens Períodos

1. INGRESSOS
- Lucro líquido após IR
- Depreciações
- Reduções de ativo de LP
- Aumentos de passivo exigível de LP
- Aumentos de patrimônio líquido

2. DESEMBOLSOS
- Aumento de ativo de LP
- Reduções de passivo exigível de LP
- Reduções de patrimônio líquido

3. DIFERENÇA DO PERÍODO PROJETADA (1-2)
4. SALDO INICIAL DE CAIXA
5. VARIAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO PROJETADA
6. DISPONIBILIDADE ACUMULADA PROJETADA (+- 3 + 4 +- 5)
7. NÍVEL DESEJADO DE CAIXA PROJETADO
8. EMPRÉSTIMOS A CAPTAR
9. APLICAÇÕES NO MERCADO ABERTO A REALIZAR
10. AMORTIZAÇÕES DE EMPRÉSTIMOS
11.RESGATE DE APLICAÇÕES
12. SALDO FINAL DE CAIXA PROJETADO
Notas explicativas:
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a) é necessário um criterioso estudo anterior à elaboração do orçamento de


caixa sobre as vendas realizadas a prazo, que representarão ingressos no período
orçado;
b) idêntico estudo deverá ser feito para os desembolsos da empresa com
fornecedores;
c) o nível desejado de caixa projetado para o período seguinte, será uma
estimativa a partir de políticas fixadas pela empresa, em função do volume de
ingressos e desembolsos financeiros, em termos de aumentos ou reduções de caixa;
d) fazendo o confronto da disponibilidade acumulada com o nível desejado de
caixa, constatar-se-á a necessidade da empresa em captar empréstimos ou aplicar
excedentes no mercado aberto;
e) deverão ser analisadas as defasagens de caixa, com o objetivo de verificar-se
os pontos fortes e fracos do sistema orçamentário global, bem como sugerir medidas
de correção aos desvios encontrados.
Vantagens e Limitações do Orçamento de Caixa
Vantagens :
a) visa demonstrar ao administrador financeiro o momento adequado para as
retiradas de caixa, sem contudo, acarretar problemas financeiros para a empresa;
b) faculta ao administrador financeiro meios de por em funcionamento suas
disponibilidades de caixa de maneira mais racional e lucrativa possível, sem
comprometer a liquidez da empresa;
c) permite a utilização mais lucrativa do caixa, quando for de interesse da
empresa o pagamento de contas dentro do período de desconto, visto que isso
poderá aumentar a reputação da empresa para efeitos de crédito, poupando,
simultaneamente, o desembolso de considerável soma em dinheiro se a compra
realizar-se à vista;
d) auxilia a elaboração de planos de empréstimos e permite verificar a
capacidade de amortizar dívidas com segurança;
e) auxilia verificar os períodos em que a empresa terá excedentes, além de
estimar os valores dos saldos de caixa e os períodos em que eles irão ocorrer;
80

f) possibilita a escolha de investimentos, da parcela ociosa, de recursos


financeiros, do mesmo modo que as informações relativas aos déficits de caixa serão
usados para a seleção de instituições de crédito capazes de atender as necessidades
da empresa;
g) o administrador financeiro utilizará o orçamento de caixa para trabalhar com
o mais próximo possível do nível desejado de caixa e estar, razoavelmente, seguro
de sua capacidade de honrar as dívidas na data de vencimento;
h) através da elaboração do orçamento de caixa força-se o planejamento
integrado;
i) a empresa que se utiliza do orçamento de caixa para o processo decisório,
tem o mesmo de forma tranqüila e flexível;
j) projeta as necessidades financeiras futuras, permitindo que se busquem
alternativas de suprimento de caixa mais rápidas e em tempo hábil;
l) através do orçamento de caixa poderão destacar-se os pontos vulneráveis e os
pontos positivos, antecipando ao administrador financeiro a postura, em termos, das
medidas cabíveis para cada situação projetada para a empresa;
m) como o orçamento de caixa estabelecerá os objetivos e as metas a atingir
pela empresa, permitirá a seleção de alternativas mais eficazes para suprir eventuais
insuficiências de caixa.
Limitações:
a) quanto ao planejamento, os erros cometidos pelo administrador financeiro
vinculam-se às estimativas do orçamento de caixa, as quais, por sua vez, dependem
da precisão das projeções de vendas que lhes servirão de base para todo o sistema
orçamentário;
b) apresentará restrições por parte de alguns grupo da empresa, quanto às
mudanças de planejamento e de controle orçamentários, portanto, o orçamento
deverá ser implantado com inteligência e compreensão do pessoal envolvido, pois,
caso contrário, este sistema poderá acarretar situações embaraçosas para a empresa;
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c) poderá haver um imediatismo por parte do empresário ou de algumas


pessoas, na obtenção dos resultados através da utilização do orçamento de caixa,
que dependendo da situação não será tão fácil como poderá parecer;
d) haverá sempre a necessidade de comparar-se os resultados auferidos com os
projetados pela empresa, visando o melhor planejamento de ingressos e de
desembolsos de caixa futuro;
e) as constantes flutuações de mercado poderão prejudicar o desempenho do
orçamento de caixa da empresa, em função das variações nas atividades
econômicas-financeiras para o período projetado
82

4.7 O Fluxo de Caixa e os Indicadores Econômicos e Financeiros: Análise


de Resultados.

Objetivos:
a) estabelecer relações entre dados econômico-financeiros da empresa;
b) determinar os pontos de estrangulamento e de desequilíbrios da empresa;
c) utilizar os dados internos e externos à empresa;
d) comparar os dados obtidos com os padrões pré-fixados pela empresa;
e) constatar o progresso ou o retrocesso da empresa.

Análise de indicadores:
A - por índices;
B - por tendência;
C - por ponto de equilíbrio.

Tipos de índices:
A - Estrutura ( participação de capitais de 3º s , composição do endividamento,
imobilização do P.L.)
B - Liquidez
C - Rotação
D - Retorno
E - Endividamento
F - Dívida onerosa
Bibliografia
Brigham & Houston
Welsch, cap 11
Zdanowicz cap 5, 6, 11

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