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AULA 45 ‐ O OSCILADOR HARMÔNICO FORÇADO

OBJETIVOS:

— ESTUDAR O MOVIMENTO HARMÔNICO FORÇADO

45.1 MOVIMENTO HARMÔNICO FORÇADO

Este oscilador está na base de um grande número de fenômenos da Natureza e


aplicações práticas na vida diária. Ele consiste em um oscilador harmônico (simples
ou amortecido) sujeito a uma força externa ( ); Sua equação geral é, portanto:

(45.1)

em que e . A solução dessa equação depende da função que


descreve a força .

Nessa aula, discutiremos o caso mais importante que é o de uma força que varia
periodicamente com o tempo. Seja então:

em que (diferente de !) é a frequência angular de oscilação do módulo da força


e é o maior valor que a força pode ter. Com essa expressão, a equação (45.1)
fica:

(45.2)

A solução dessa equação é obtida com a teoria das equações diferenciais e não a
discutiremos aqui. Basta sabermos que a solução é constituída pela soma duas
funções: a primeira, que corresponde a qualquer um dos casos discutidos do
movimento harmônico amortecido, decai exponencialmente com o tempo, de modo
que ela só existe no início do movimento. Por isso, ela é chamada de solução
transiente. A segunda função permanece durante todo o movimento, sendo
conhecida como solução estacionária. Daqui em diante, discutiremos apenas a
solução estacionária.

A solução estacionária da equação (45.2) é:

(45.3)

em que:

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(45.4)

A equação (45.3) mostra que

(a) o oscilador oscila com a frequência da força aplicada ( ) e não com a sua
frequência natural ;

(b) para uma força de amplitude dada, a amplitude de oscilação é controlada


pelo fator ;

(c) o deslocamento do oscilador é defasado de um ângulo de fase em relação à


força; isto é, quando ela é máxima ou mínima, o deslocamento do oscilador não é
nem máximo nem mínimo.

O ângulo de fase está compreendido entre e . Para , e ;


para , e .; quando , o deslocamento está atrasado em
relação à força de .

45.2 Ressonância

Quando , e a amplitude tem seu valor máximo:

(45.5)

onde usamos a igualdade na última expressão. Vemos, com essa expressão,


que o oscilador se comporta como se a força de restauração da mola não existisse
(não há o fator na expressão) e seu movimento fosse influenciado apenas pela
força de atrito. Quanto menor , menor é o atrito e maior é a amplitude de
oscilação.

A condição é a condição de ressonância do oscilador e o valor de em que


isso ocorre, frequência de ressonância. A Figura 45.1 mostra a amplitude do
oscilador na ressonância em função da constante de amortecimento . No caso de
(não há atrito), a amplitude torna‐se infinita. Na prática, entretanto, isso não
ocorre, pois sempre existe atrito nos processos reais.

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Figura 45.1: A Amplitude na ressonância para vários amortecimentos ( )

45.3. A Energia do Oscilador Forçado

Quando a força externa atua sobre o oscilador, ela realiza trabalho sobre ele e,
portanto, cede energia para ele. A potência instantânea exercida pela força é:

ou:

A potência varia durante o ciclo. O seu valor médio por ciclo é determinado com a
média temporal de em um ciclo. Com , temos:

Desenvolvendo o integrando, temos:

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Levando este resultado na integral, obtemos:

Fazendo temos: e, para , ; para , . Então:

A segunda integral é nula; então:

Finalmente:

(45.6)

Com dado por (4) e dado por (6), obtemos:

(45.7)

Na ressonância ( ), é máxima e vale, com :

que volta a mostrar que, na ressonância, o oscilador se comporta como se não


houvesse força restauradora.

Para atrito muito pequeno ( ), o gráfico da potência em função de tem


um máximo simétrico perto de ; a intensidade cai para a metade do máximo
quando a frequência tem o valor Quanto menor o atrito (menor ), o
gráfico é uma curva mais fina e maior é o máximo.

Para especificar a intensidade e a largura da curva de potência, define‐se o


chamado fator de qualidade do oscilador como:

(45.8)

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Figura 45.2: Potência em função de para vários

A Figura 45.2 mostra as curvas de potência (em unidades proporcionais à potência)


em função de para os valores 2, 5 e 10 do fator de qualidade. Note que o pico
é maior e mais estreito para maiores.

A ressonância tem um papel fundamental na Natureza e nas aplicações


tecnológicas. Por exemplo, um receptor de rádio ou televisão é um circuito elétrico
que funciona como um oscilador. Para sintonizar uma emissora, variamos a
frequência natural de oscilação do circuito ( ) de modo que ele fique em
ressonância com a frequência do sinal enviado pela emissora (cada uma delas
opera emitindo ondas de rádio ou de televisão com uma dada frequência .

Um outro exemplo consiste em evitar que construções como torres pontes e até
mesmo edifícios (que possuem uma frequência natural de oscilação) não tenham
problemas por entrar em ressonância com vibrações causadas por forças externas,
tais como marés, ventos etc. (A torre Eiffel oscila com amplitude de cerca de 9cm
com ventos fortes). Como não podemos mudar a frequência natural de vibração
dessas estruturas, procuramos evitar a ressonância aumentando o atrito ( ), o que
diminui o fator de qualidade e a amplitude da oscilação.

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