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Maio de 2010
23ª Turma
ESTIMATIVA DO VALOR ECONÔMICO DOS DANOS AMBIENTAIS CAUSADOS
POR DESFLORESTAMENTO NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Márcio S.S. Almeida, Ph.D.
_______________________________________________
Profº. Suzana Kahn Ribeiro, D.Sc.
Nota: ______________
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AGRADECIMENTOS
Aos meus tios José Daniel e Maria Bernadete, que me deram abrigo e condições para que
eu desenvolvesse esta pesquisa enquanto meu apartamento encontrava-se em reforma...
Aliás, nesse momento, ele ainda se encontra em obras... inabitável...
Aos meus ex-professores da UFRuralRJ José de Arimatea e Hugo Amorim, pelas poucas
mas valiosas informações relativas aos inventários florestais brasileiros;
Ao amigo, Eng Florestal responsável pelos projetos de restauração florestal da VALE S/A,
Gilberto Terra Ribeiro Alves e ao Sr. Maurício Ruiz do Instituto Terra Preservação, pelas
informações prestadas a cerca dos custos de restauração florestal no Bioma Mata Atlântica;
Ao amigo, Eng Florestal do INEA/RJ, Telmo Borges, pelo apoio moral e entusiasmo
técnico correspondente ao tema deste estudo que muito me motivou;
À COPPE, por proporcionar o contato com profissionais de alto nível, como os professores:
Haroldo, Rosman, Seroa da Motta, Telma, Moacir Duarte, entre outros.
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Resumo do Trabalho apresentado à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do Diploma de Especialização em M.B.E. Pós Graduação Executiva em
Meio Ambiente.
Este trabalho tem como objetivo estimar o valor econômico dos danos ambientais causados
por desflorestamento no Estado do Rio de Janeiro entre os anos de 2005 e 2010 a partir dos
dados do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado pela Fundação
SOS Mata Atlântica e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Para tanto, foi
utilizada uma metodologia aprovada pela ABNT (NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte
6: Recursos naturais e ambientais, em vigor a partir de 30/06/2008) que consistiu no cálculo
do Valor Econômico do Recurso Ambiental (VERA) perdido com a supressão da
vegetação. Sendo assim, o valor econômico estimado para o dano ambiental por
desflorestamento da Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro nos últimos cinco
anos foi de R$ 182.762.653,90 (cento e oitenta e dois milhões, setecentos e sessenta e
dois mil, seiscentos e cinqüenta e três reais e noventa centavos), equivalendo a um
valor médio por hectare de R$ 134.979,80 (cento e trinta e quatro mil, novecentos e
setenta e nove reais e oitenta centavos) ou US$ 73.358,58/ha. Embora não se tenha a
pretensão de esgotar as demandas inerentes à valoração de dano ambiental sobre o Recurso
Flora neste Estado, e reconhecendo a necessidade de constante evolução dessa modelagem,
sugere-se que a metodologia e os dados utilizados nesta pesquisa sirvam como referencial
para discussões técnicas no sentido de tornar mais exeqüível e célere os esforços de
valoração econômica das perícias ambientais associadas aos danos ecológicos decorrentes
dos desflorestamentos ocorrentes na Mata Atlântica Fluminense.
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CURRÍCULO RESUMIDO
Dados pessoais:
Avelino Nogueira da Silva - PERITO CRIMINAL FEDERAL/Setor Técnico-
Científico/Departamento de Polícia Federal/Rio de Janeiro.
e-mail: avelinoflorestal@gmail.com
Formação:
Técnico em Agropecuária - UFF;
Eng Florestal - UFRRJ;
Mestre em Sensoriamento Remoto - INPE;
Pós Graduando em Gestão Florestal – UFPR;
Produção Acadêmica:
Aproximadamente 40 trabalhos publicados em eventos técnico-científicos nacionais e
internacionais e periódicos;
02 Prêmios (um de Pesquisa e outro de Desempenho Acadêmico);
Ex- Bolsista do CNPQ e FAPERJ.
Idiomas:
Inglês fluente;
Espanhol intermediário.
Experiência profissional:
Agrolengruber Produtos Agropecuários (Rio de Janeiro);
EIDAI do Brasil Madeiras SA (Pará-Amazônia);
Bahia Sul Celulose e Papel (Bahia);
Kona Queen (Hawaii-USA);
Coordenador do Grupo de Perícias em Meio Ambiente da Polícia Federal/RJ (2007 a 2009).
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ÍNDICE
I. Introdução.........................................................................................................................08
II. Metodologia.....................................................................................................................11
III. Resultados e Discussão...................................................................................................23
IV Conclusões e Recomendações.........................................................................................29
Referências Bibliográficas....................................................................................................30
SSSSS
SSSS
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I. INTRODUÇÃO
De acordo com estimativas das Nações Unidas a população humana mundial alcançou a
marca de seis bilhões de habitantes e mantém-se em contínuo crescimento. Este fato
aumenta a pressão sobre os recursos naturais, cuja intensificação ocorreu após a Revolução
Industrial. Atualmente, os países que detêm as maiores riquezas em termos de diversidade
biológica também são os que possuem as maiores limitações econômicas, deficiências
institucionais e maiores taxas de natalidade, tornando o desafio da conservação da
biodiversidade ainda maior.
De acordo com Motta (1998), quando os custos da degradação ecológica não são pagos por
aqueles que a geram, estes custos são externalidades para o sistema econômico; ou seja,
custos que afetam terceiros sem a devida compensação. Desse modo, as atividades
econômicas são planejadas sem levar em conta essas externalidades ambientais e,
conseqüentemente, os padrões de consumo das pessoas são forjados sem nenhuma
internalização dos custos ambientais, tendo como corolário um padrão de apropriação do
capital natural onde os benefícios são providos para alguns usuários de recursos ambientais
sem que estes compensem os custos incorridos por usuários excluídos. Ademais, as
gerações futuras serão deixadas com um estoque de capital natural resultante das decisões
das gerações atuais, arcando com os custos que estas decisões podem implicar.
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Motta (1998) ressalva, ainda, que determinar o valor econômico de um recurso ambiental
pode ser entendido, entre outras abordagens, como a estimativa do valor monetário deste
em relação aos outros bens e serviços disponíveis na economia. Nesta linha de raciocínio,
salienta-se que dentre os argumentos mais contundentes para a conservação da natureza, e
das florestas tropicais em particular, destaca-se sua importância utilitária (ou valor de uso
direto), como fonte de renda e bens de consumo. Se por um lado, o comércio internacional
de madeira tropical, resinas, ceras, óleos essenciais, fibras, entre outros, é gigantesco; por
outro, diversos povos praticam o extrativismo de alimentos, medicamentos, material para
construção, combustíveis, inseticidas, etc. (Whitmore, 1998). Estes últimos, no entanto,
apresentam caráter de subsistência e, conseqüentemente, não são computados no produto
interno dos países envolvidos, subestimando seu impacto nessas economias (Myers, 1988).
Contudo, os modelos de valoração devem incluir, além dos valores relativos aos usos
diretos e indiretos dos recursos naturais, outros tipos de valores, considerados ainda mais
intangíveis, como, por exemplo, o do uso futuro ou potencial para a fabricação de fármacos
oriundos da biodiversidade (ou valor de opção). Ademais, Tonhasca Jr. (2005) apresenta
uma discussão relevante, citando diversos autores, chamando a atenção para o fato de que o
valor da natureza não pode se resumir apenas aos argumentos utilitários supramencionados,
uma vez que devem ser consideradas, também, questões éticas, morais, religiosas, estéticas,
etc., correlacionadas à conservação da natureza (ou valor de existência). Sendo assim, em
meio à miríade de equações disponíveis para os mais variados objetivos de valoração, o
modelo denominado VERA (Valor Econômico do Recurso Ambiental) merece destaque,
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pois congrega todos os valores supracitados e pode ser utilizado com relativa simplicidade,
cumprindo ressaltar que tal metodologia foi aprovada pela ABNT no ano de 2008 (ABNT,
2008).
Neste Bioma, vive, atualmente, cerca de 61% da população brasileira considerando o Censo
Populacional de 2005 (IBGE, 2007). Segundo Dean (1996), desde o início da colonização
européia, com a ocupação dos primeiros espaços territoriais próximos à região costeira e a
exploração do pau-brasil, um gigantesco volume de matéria-prima passou a ser explorado.
Em seguida, vieram os impactos dos diferentes ciclos de exploração, como o do ouro, o da
cana-de-açúcar e o do café. Posteriormente, projetos de desenvolvimento e integração
nacional culminaram no processo de industrialização e, conseqüentemente, de urbanização,
com as principais cidades e metrópoles brasileiras assentadas hoje na área originalmente
ocupada pelo Bioma Mata Atlântica, reduzindo significativamente sua vegetação natural.
Portanto, este trabalho tem como objetivo estimar o valor econômico dos danos ambientais
causados por desflorestamento no Estado do Rio de Janeiro, entre os anos de 2005 e 2010,
pelo método do VERA, a partir dos dados de desflorestamentos oriundos do Atlas dos
Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, elaborado pela Fundação SOS Mata Atlântica
e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Salienta-se que, diante da complexidade do tema, este estudo não tem a pretensão de
esgotar as demandas concernentes à seara da valoração econômica dos danos ambientais
causados por desflorestamento em terras fluminenses, mas sim, iniciar uma discussão
profícua referente à operacionalização destas avaliações, visando tornar mais exeqüível e
célere a execução das perícias ambientais correlatas a este tema por meio da interpretação e
utilização de uma metodologia prática e cientificamente robusta.
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III. METODOLOGIA
Área de estudo
De acordo com o IBGE (2010), o Estado do Rio de Janeiro possui uma área de 43.864,3
Km², com 14.367,225 habitantes (censo demográfico de 2000), sendo o vigésimo quarto em
extensão territorial, e o terceiro em população. O Estado do Rio de Janeiro faz parte da
região mais desenvolvida do país (sudeste) e possui limites territoriais com todos os estados
que compõem a região.
Ao norte limita-se com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo; ao sul e a leste com o
oceano Atlântico e a oeste com São Paulo. Os principais limites naturais são: o rio Paraíba
do Sul, o rio Preto e a serra da Mantiqueira, na divisa com Minas Gerais, o rio Itabapoana
na divisa com o Espírito Santo e a Serra do Mar na divisa com São Paulo (IBGE, 2010).
Quanto ao relevo fluminense encontramos três grandes unidades: as terras altas, as baixadas
e os maciços rochosos litorâneos. O Estado do Rio de Janeiro possui um clima tropical
(quente e úmido) variando de acordo com o relevo, a proximidade do mar e a distribuição
das chuvas. Desta forma, a região da baixada apresenta temperatura média anual de 24ºC,
onde o inverno é a estação seca e as chuvas ocorrem principalmente no verão. O clima
tropical de altitude, na região serrana e vale do Paraíba, se caracteriza por temperaturas
mais amenas, devido à altitude. No planalto do Itatiaia, entretanto, são registradas as
temperaturas mais baixas do Estado. E, por fim, o clima tropical úmido aparece na base da
Serra do Mar, onde não existe estação seca (IBGE, 2010).
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Mapa da Vegetação do Estado do Rio de Janeiro
Figura 1 - Mapa da Vegetação do Estado do Rio de Janeiro. Notar que área do Estado é delimitada pelas
linhas tracejadas em preto (extraído do site do IBGE em maio de 2010 – adaptado).
Como pode ser verificado na Figura 1, o Estado do Rio de Janeiro encontra-se praticamente
todo inserido no Bioma Mata Atlântica, onde aproximadamente metade de seu território é
coberto pelas Florestas Ombrófilas Densas e a outra metade pelas Florestas Estacionais
Semideciduais.
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aproximada de 1.800 metros. Além disso, as formações florestais da Mata Atlântica do
interior diferem consideravelmente das formações florestais do litoral, proporcionando uma
maior variedade de hábitats e nichos. Estes fatores em conjunto resultam numa diversidade
única de paisagens, um verdadeiro mosaico complexo e dinâmico, capaz de abrigar uma
extraordinária biodiversidade (RIZZINI, 1997; Fundação SOS Mata Atlântica, 2010).
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Materiais
Pode-se notar na Figura 2 que o decremento florestal no Estado do Rio de Janeiro entre
2005 e 2008 foi de 1039 hectares (ha), reduzindo para 315 ha entre 2008 e 2010 (Figura 3).
Salienta-se que o decremento da vegetação de restinga e manguezal não foi utilizado neste
estudo e que as razões que nortearam esta decisão serão discutidas na próxima seção deste
documento (Métodos).
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Figura 2 – Desflorestamento da Mata Atlântica Fluminense – período 2005 a 2008. A vegetação remanescente
é representada em verde e os desflorestamentos em vermelho (Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica/INPE,
2009 - adaptado).
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Figura 3 – Desflorestamento da Mata Atlântica Fluminense – período 2008 a 2010. A vegetação remanescente
é representada em verde e os desflorestamentos em vermelho (Fonte: Fundação SOS Mata Atlântica/INPE,
2010 - adaptado).
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Neste trabalho, a estimativa do valor das funções ambientais refere-se à perda dos
benefícios causados pelos desflorestamentos, ou seja, a perda dos serviços fornecidos pelos
ecossistemas através de sua capacidade funcional.
Figura 4 - Compilação de dados relacionados aos valores monetários dos serviços ambientais prestados pelo
Bioma Mata Atlântica (Fonte: Peixoto e Willmersdorf, 2002 - adaptado).
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MÉTODOS
Assim, a escolha do método a ser utilizado e seu grau de validade é função do objetivo da
valoração, das hipóteses assumidas, da disponibilidade de dados, do conhecimento da
dinâmica ecológica do objeto que está sendo valorado, etc.
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A seguir são apresentados alguns aspectos legais da compensação financeira e uma sucinta
explanação do modelo VERA, incluindo a forma com que esta equação foi utilizada neste
estudo, além das justificativas e forma de utilização dos dados.
VUD: Valor de uso direto referente a bens e serviços ambientais apropriados diretamente
da exploração do recurso e consumido no presente: extrativismo madeireiro, não-
madeireiro e ecoturismo;
VUI: Valor de uso indireto referente a bens e serviços ambientais que são gerados através
de funções ecossistêmicas, apropriados e consumidos no presente: estocagem de carbono,
proteção do solo, manutenção do ciclo hidrológico, etc;
VO: Valor de opção que se refere a bens e serviços ambientais de usos diretos e indiretos
(VUD e VUI), a serem apropriados e consumidos no futuro: bioprospecção (fármacos);
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Para a estimativa do valor de uso direto (VUD) buscou-se seguir tanto o princípio in dubio
pro reo, uma expressão latina que significa, literalmente, na dúvida, a favor do réu; quanto
os pressupostos da razoabilidade e da proporcionalidade e a adequação entre meios e fins
contidos na Lei N 9.784/99; ou seja, optou por uma linha bem conservadora. Salienta-se
que, enquanto a razoabilidade se atém ao aspecto qualitativo (adequação e necessidade) da
relação entre meios e fins (se os meios são adequados a conseguir os fins perseguidos e se
são os meios menos gravosos aos direitos dos administrados), a proporcionalidade se
direciona mais à perquirição sobre o aspecto quantitativo (se os meios foram usados na
medida proporcional aos objetivos juridicamente protegidos).
Sendo assim, como não é possível saber o destino da madeira oriunda dos
desflorestamentos, uma vez que ela pode simplesmente apodrecer no campo ou ser
queimada, como também pode ser vendida como lenha, ser transformada em carvão, ser
serrada, transformada em móveis ou até ser utilizada na confecção de instrumentos nobres
como violinos, etc.; e, ainda, que o valor agregado ao material madeira varia enormemente
com a destinação que se faz dele, optou-se por um uso (VUD) cujo valor econômico
estivesse abaixo da média dos usos possíveis para tal recurso. Por outro lado, o Estado do
Rio de Janeiro apresenta seu território dividido aproximadamente ao meio entre a Floresta
Estacional Semi-decidual e a Floresta Ombrófila Densa. Sabe-se que a Floresta Estacional
Semi-decidual apresenta geralmente um volume de madeira por hectare menor que a
Floresta Ombrófila Densa, razão pela aquela foi escolhida em detrimento desta. Vale
salientar que as florestas não respeitam limites geográficos artificiais criados pelo homem e
que a Floresta Estacional Semi-decidual ocorrente no Estado do Rio de Janeiro avança de
maneira contínua sobre o Estado de Minas Gerais. Outrossim, o Inventário Florestal do
Estado Rio de Janeiro realizado nos anos de 1980 não discerniu com muita precisão as
diferentes formações florestais e seus respectivos volumes de madeira por hectare,
justificando o porquê de ter sido escolhido o recente Inventário Florestal de Minas Gerais
como fonte de dados correlatos ao volume de madeira por hectare utilizado nesta pesquisa.
Recentemente foi fechado um acordo institucional em nível federal para realização de um
novo Inventário Florestal para o Estado do Rio de Janeiro, o qual será de grande valia no
sentido de aumentar a precisão dos esforços de valoração da flora fluminense.
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Alguns danos ambientais são comumente observados quando da ocorrência de
desflorestamentos nas florestas tropicais. Alguns deles são apresentados na Tabela 1, tendo
seu conteúdo baseado em trabalhos citados por Tonhasca Jr. (2005) e Dean (1996).
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Embora nem todos danos ambientais tenham sido contemplados em sua plenitude, os
valores de uso indireto (VUI), de existência (VE) e de opção (VO) utilizados nesta pesquisa
advêm da compilação de dados efetuada por Peixoto e Willmersdorf (2002) e estão
intimamente relacionados com as perdas referentes aos danos ambientais apresentados na
Tabela 1.
Por fim, ressalta-se que todos os valores do VERA (VUD + VUI + VO + VE) foram
calculados proporcionalmente no tempo e no espaço e que o tempo de recuperação da
floresta foi assumido como sendo de 15 anos. Isso quer dizer que o período total
considerado nos cálculos abrangeu 20 anos (5 anos do desflorestamento – 2005 a 2010 – e
15 anos para recuperação da floresta).
No período de 2005 a 2008 a área desflorestada foi divida em três partes iguais (346,33 ha)
e no período de 2008 a 2010 foi dividida por duas partes iguais (157,5 ha). A partir deste
fracionamento é que a capitalização (6% a.a.) do preço médio anual do carvão (VUD) foi
realizada de maio do ano de 2005 até abril de 2010 e, a partir desse ponto, mais 15 anos
(recuperação da floresta), somando-se no final todo período (total 20 anos). Optou-se por
não capitalizar VUI + VO + VE, mas a evolução em termos de contribuição de área
desflorestada ao longo dos anos foi considerada, assim como foi feito para VUD (total 20
anos).
Os dados de preço do carvão do último ano analisado (05/2008 a 04/2010) ainda não
estavam completos (disponíveis na internet) e foram preenchidos com a média aritmética de
todo período analisado.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 2 abaixo são apresentados os valores mensais e suas respectivas médias anuais
do carvão (mdc – metro de carvão) para o Estado do Rio de Janeiro para o período
estudado. As cinco médias anuais foram utilizados para os cálculos do VUD.
Tabela 2: Valores mensais e suas respectivas médias anuais do carvão para o Estado do Rio de Janeiro para o período de 2005 a 2010.
Tabela 3: Capitalização do carvão. O ano 20 representa o somatório do tempo de recuperação da floresta (15 anos) mais os
cinco anos relativos aos desflorestamentos ocorrentes do Estado do Rio de Janeiro no período avaliado por este estudo.
Na Tabela 4, são apresentados os valores dos Serviços Ambientais fracionados por ano e
por área desflorestada para o Estado do Rio de Janeiro para o período estudado. Tais dados
foram utilizados para os cálculos do VUI + VO + VE.
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Tabela 4: Somatório dos serviços Ambientais fracionados por ano e por área desflorestada.
VUD = Estimativa
a) 145,32 m3 madeira/ha x 1,77 (fator de conversão – metro cúbico para metro estéreo) =
257,22 metros estéreos (st) de lenha/ha;
b) Relação lenha (metro estéreo): carvão é de 3:1;
c) 257,22 metros estéreos de lenha/ha correspondem a 85,74 metros de carvão (mdc)/ha;
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d) Preços médios anuais do carvão entre 2005 e 2010 (RJ) = R$ 89,04 - 93,54 - 96,08 -
140,92 e 104,08/mdc (vide Tabela 2);
e) Somatório dos preços médios anuais do carvão entre 2005 e 2010 x 85,74 mdc x área
(ha) desflorestada correspondente a cada ano x capitalização proporcional no tempo e no
espaço (6% a.a) + 15 anos para recuperação da floresta degradada também capitalizados
(6% a.a) = R$ 33.722.436,59 (vide Tabela 3);
Logo, a estimativa do valor total do recurso ambiental (flora), considerando a área de 1.354
hectares (área desflorestada na Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro entre 2005 e
2010) e mais 15 anos para recuperação da floresta degradada será:
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desmatamentos e a degradação florestal geram um custo anual entre US$ 2 trilhões e US$
4,5 trilhões (R$ 3,6 trilhões e R$ 8,2 trilhões). Ressalta-se que valor é maior do que os
prejuízos provocados pela recente crise financeira mundial.
É importante observar que existem muitos trabalhos publicados sobre valoração de bens e
serviços ambientais, mas a imensa maioria trata de conceitos, metodologias e discussões,
sendo pouquíssimos os que apresentam valores discriminados. Essa contabilidade, no
entanto, é fundamental para se estabelecer parâmetros para a valoração econômica (De
Groot, 1995; Costanza, 1994).
Buscou-se neste trabalho a conformidade com o pressuposto colocado por LIMA & SILVA
(1999) quando da escolha dos fatores de valoração econômica utilizados, os quais destacam
que “a empreitada de valorar bens naturais não é simples, mas nem por isso menos
necessária. Uma boa norma de conduta em modelagem é começar estabelecendo modelos
simples que, embora não sejam tão abrangentes ou realistas quanto seria desejável, podem
ser derivados de início para considerar minimamente a avaliação de impactos. Modelos
assim podem avaliar apenas os danos mais visíveis e óbvios, resultando em valorações
subdimensionadas, ou seja, a valores monetários menores do que aqueles instintivamente
percebidos. Mas isso é um avanço em relação à antiga prática de considerar tanto o
consumo de recursos naturais como a produção de poluição como um custo nulo e,
conseqüentemente, não impondo limites a estas atividades.”
Esse "desafio da valoração", segundo SEROA DA MOTTA (1998), deve ser enfrentado
com a consciência de que os resultados estarão passiveis de críticas e a certeza de que, qual
seja o ponto de vista em que se coloquem seus elaboradores, os cálculos serão reflexos das
múltiplas variáveis que forem utilizadas.
Cabe lembrar que, de acordo com Marques (2005), identificam-se duas áreas de
conhecimento onde os estudos e exercícios sobre valoração têm evoluído – a economia do
meio ambiente e a economia ecológica. Assim, os resultados desta pesquisa foram pautados
e devem ser pensados sob a ótica da ciência denominada economia do meio ambiente,
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como será visto adiante. Deste modo, os estudos da economia do meio ambiente e dos
recursos naturais baseiam-se no entendimento do meio ambiente como um bem público e
dos efeitos ambientais, como externalidades geradas pelo funcionamento da economia.
Sendo assim, os valores dos bens e recursos ambientais e dos impactos ambientais, não
captados na esfera de funcionamento do mercado, devido a falhas em seu funcionamento,
podem ser estimados, na medida em que se possa descobrir qual a disposição da sociedade
e dos indivíduos a pagar pela preservação ou conservação dos recursos e serviços
ambientais. De forma geral, o valor econômico dos recursos ambientais tem sido
desagregado na literatura da seguinte maneira: Valor econômico total (VET) = Valor de uso
(VU) + Valor de opção (VO) + Valor de Existência (VE) - equivalente ao VERA utilizado
neste estudo.
A Economia Ecológica, por sua vez, constitui-se em uma abordagem que procura
compreender a economia e sua interação com o ambiente a partir dos princípios físicos e
ecológicos, em meio aos quais os processos econômicos se desenvolvem. Em termos
gerais, os métodos de valoração baseados nesta abordagem utilizam o montante de energia
capturada pelos ecossistemas como uma estimativa do seu potencial para a realização do
trabalho útil para a economia. Este processo de valoração, geralmente, utiliza do conceito
de Produção Primária Bruta de um ecossistema (Marques, 2005).
A Produção Primária Bruta é uma medida da energia solar utilizada pelas plantas para fixar
carbono. Assim, a energia solar capturada pelo sistema é convertida em equivalente de
energia fóssil. Posteriormente, faz-se a transformação deste equivalente em energia fóssil
em unidades monetárias, utilizando-se uma relação entre o Produto Interno Bruto e o total
de energia usada pela economia. O método da análise energética propõe definir os valores
ecológicos dos ecossistemas em função dos custos da energia envolvida na sua produção: a
quantidade de energia necessária para a organização de estrutura complexa, como o
ecossistema, pode servir como medida de seu custo de energia, de sua organização e de seu
valor (Marques, 2005).
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Outro ponto importante na matéria, a ser examinado, é a definição de dano ambiental, uma
vez que não se encontra no ordenamento jurídico brasileiro uma definição expressa para o
referido termo. Destaca-se que a legislação ambiental utiliza as seguintes expressões:
poluidor, degradação ambiental e poluição. A Lei 6.938/81 que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente, estabelece no seu artigo 3, inciso IV que poluidor “é a pessoa
física ou jurídica,de direito público ou privado,responsável,direta ou indiretamente,por
atividade causadora de degradação ambiental”. Ainda, conceitua a degradação ambiental
como a “alteração adversa das características do meio ambiente” (inciso II, do artigo 3 da
citada lei). Assim sendo, é importante mencionar a definição legal de poluição prevista no
artigo I, da Lei 6.938/81: “Poluição-a degradação da qualidade ambiental resultante das
atividades que direta ou indiretamente”:
Como se vê, a legislação define poluidor como a pessoa (física ou jurídica) causadora da
degradação ambiental, por conseguinte, poluidor é o degradador ambiental ou a pessoa que
altera adversamente as características do ambiente. A Constituição Federal de 1988 no
capítulo dedicado ao Meio Ambiente estabelece como forma de reparação do dano
ambiental três tipos de responsabilidade, a saber: civil, penal e administrativa, todas
independentes e autônomas entre si. Ou seja, com uma única ação ou omissão pode-se
cometer os três tipos de ilícitos autônomos e também receber as sanções cominadas.
Por outro lado, o dano ambiental apresenta características diferentes do dano tradicional,
principalmente porque é considerado bem de uso comum do povo. Trata-se, aqui, de
direitos difusos, em que o indivíduo tem o direito de usufruir o bem ambiental e também
tem o dever de preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
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CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O valor econômico estimado para o dano ambiental por desflorestamento da Mata Atlântica
no Estado do Rio de Janeiro nos últimos cinco anos foi de R$ 182.762.653,90 (cento e
oitenta e dois milhões, setecentos e sessenta e dois mil, seiscentos e cinqüenta e três reais e
noventa centavos), equivalendo a um valor médio por hectare de R$ 134.979,80 (cento e
trinta e quatro mil, novecentos e setenta e nove reais e oitenta centavos) ou US$
73.358,58/ha.
Como forma de, no futuro, aprimorar as estimativas realizadas neste estudo, recomenda-se
refazer os cálculos aqui desenvolvidos tão logo o Inventário Florestal do Estado do Rio de
Janeiro seja executado e disponibilizado ao público. Com tais informações talvez seja
possível refinar as estimativas utilizando volumes de madeira específicos para cada
fitofisionomia (Floresta Ombrófila Densa, Floresta Semidecidual, Restingas, Manguezal,
etc) e estágio de sucessão ecológica (Floresta Pioneira, Secundária Inicial, Secundária
Tardia ou Clímax, etc). Sugere-se, ainda, que estudos futuros incluam a dimensão temporal
nas estimativas, passando de uma medida monetária equivalente ao dano ambiental por
unidade de área (como foi feito neste trabalho), para um resultado que inclua além destas
últimas, também uma unidade de tempo (R$/ha/ano, por exemplo).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT, NBR 14653 – Avaliação de bens – Parte 6: Recursos naturais e ambientais (Fixa
diretrizes para a valoração de recursos naturais e ambientais), 2008.
CONSTANZA, R. et al. The value of world’s ecosystem services and natural capital.
Nature, v. 387, p. 253-20, 1997.
CONSTANZA, R. Economia Ecológica: Uma Agenda de Pesquisa. In: P.H.May & R.S.
Motta (orgs.), Valorando a Natureza: Análise Econômica para o Desenvolvimento
Sustentado. Campus, Rio de Janeiro, p. 11-144, 1994.
Fundação SOS Mata Atlântica/INPE. 2009. Atlas dos remanescentes florestais da Mata
Atlântica e ecossistemas associados no período de 2005-2008. São Paulo.
Fundação SOS Mata Atlântica/INPE. 2010. Atlas dos remanescentes florestais da Mata
Atlântica e ecossistemas associados no período de 2008-2010. São Paulo.
30
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Econômica de Impactos Ambientais:Impacto e Perícia Ambiental, Antonio J.T. Guerra e
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SITES CONSULTADOS
Todos os sites abaixo foram acessados nos meses de abril, maio e junho do ano de 2010.
http://www.ciflorestas.com.br
http://inventarioflorestal.meioambiente.mg.gov.br
www.sosma.org.br
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http://www.bcb.gov.br/
Cunha, N. C.; Loures, A. L.. Valoração Ambiental: Estudo de caso. Ministério Público do
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Marques, J. F.. Valoração ambiental, 2005. (Disponível em: http://www.cienciahoje.pt/)
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