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Influências do café na região sudeste na segunda metade do século XIX

O Sudeste é a região mais desenvolvida do Brasil, apresentando as maiores


concentrações industrial e populacional (2/3 da população, cerca de 50% do valor da produção
industrial brasileira). A origem dessa concentração industrial e urbana, principalmente em São
Paulo e no Rio de Janeiro, deve-se à economia cafeeira, que representou a força motriz para o
desenvolvimento de infraestrutura e acúmulo de capitais.

Baseado na monocultura do café, no latifúndio e no trabalho escravo, a colonização do


estado de São Paulo ganhou novas características, inicialmente no Vale do Paraíba e
posteriormente no interior do estado, denominado sertão paulista. A produção cafeeira tornou-
se o carro-chefe da economia nacional e impulsionou a estruturação econômica, política e social
do estado de São Paulo, com o desenvolvimento da malha ferroviária, melhoramento de portos,
configuração do comércio regional. Os lucros e os bons rendimentos durante o ciclo do café
foram extremamente importantes para a industrialização nacional. Se comparada, essa
industrialização, com relação a Europa e os Estados Unidos, ela ocorreu de maneira bastante
atrasada.

Diferentemente dos outros ciclos econômicos do Brasil, o ciclo do café passou por uma
séria carência de mão de obra. Por essa razão, se estabeleceu uma espécie de cooperação, ou
seja, uma parceria com colonos imigrantes. Mas, apesar de todos os esforços, o plano não
evoluiu. Apenas, a partir do ano de 1870, as lavouras que haviam no território paulista,
conseguiram obter uma solução permanente. Isso só aconteceu, com a chegada dos imigrantes
europeus em terras brasileiras, que acordaram em trabalhar em condição de assalariados. A
mão-de-obra imigrante, com destaque para a presença italiana no estado de São Paulo,
representou a passagem do trabalho escravista para a mão-de-obra assalariada, utilizada
posteriormente na constituição das primeiras fábricas paulistas.

No entanto, por causa da lenta abolição da escravatura no Brasil, a mão de obra escrava
utilizada em grande parte do ciclo do café, continuou presente nas plantações. Quando enfim,
a Lei Áurea foi assinada, no ano de 1888, ocorreu uma crise intensa nas regiões mais antigas
de cultivo de café, mais precisamente, na Baixada Fluminense e no Vale do Paraíba.
Caminhando para o final do século XIX, São Paulo já detinha a maior parte da produção de
café. Os imigrantes se tornavam os principais trabalhadores e coletores do gênero nas fazendas,
devido à ameaça de abolição do trabalho escravo e seu posterior decreto. A construção de
estradas de ferro para o seu escoamento começava a dinamizar o processo. E no meio rural, o
produto se tornara alimento típico de populações mais simples; uma prática era empregada no
meio: o café preto era engrossado com farinha de mandioca, produto típico da época, e adoçado
com rapadura, garantindo ao homem, grande fonte energética para o trabalho.

O governo nacional neste período foi constituído pelos grandes fazendeiros de café
existentes na região sudeste e conduziram o país em detrimento de seus próprios interesses.
Toda a imigração foi financiada pelo poder público e por volta do ano de 1886, cerca de 30 mil
pessoas de outras nacionalidades desembarcaram no território brasileiro. O auge da imigração
ocorreu quando aproximadamente 130 mil imigrantes passaram a chegar todos os anos, no
Brasil.

A sua produção se conformou como um negócio extremamente rentável para os barões


de café, por causa do aumento do consumo da bebida nos Estados Unidos da América e na
Europa, na primeira metade do século XIX, se intensificando, primeiramente, no Rio de Janeiro
e Vale do Paraíba. São Paulo e Minas Gerais começaram a produzir e se destacar no segmento
a partir da segunda metade do século. Com um mercado consumidor garantido, a lavoura
cafeeira prosperou na baixada fluminense, em direção ao Vale do Paraíba. Em poucas décadas
espalhou-se, atingindo cidades como Resende, Barra Mansa, Valença e Vassouras (na parte
fluminense do Vale) e Bananal, Guaratinguetá, Lorena, Pindamonhangaba e Taubaté (no trecho
Paulista).

Nessa época já era comum, nas ruas do Rio de Janeiro, a venda de porções de café
torrado em pequenas latas, ou mesmo em vasilhas, das quais o vendedor retirava a porção
desejada; as negras eram as responsáveis pela venda do produto. O café também era iguaria
presente em banquetes e festas na corte. Consta, do início do Segundo Império (1840), da festa
de aniversário de D. Pedro II, o relato em diário do imperador sobre suas refeições: “depois
almocei o meu costumado: ovos e café com leite, aprazível bebida”. O café se tornara popular
entre os povos a partir do século XIX, fazendo parte da pós-refeição de inúmeros brasileiros.
Ao fim do jantar, dentro dos costumes e rituais, era de praxe se tomar uma xícara de café como
sedativo após longa e pesada refeição. Os escravos tratavam de servir.

O momento histórico foi marcado pela intensa valorização do café a âmbito nacional.
Do final do Século XIX, se fez popular a expressão “café com leite”, analogia à aliança política
entre Minas Gerais e São Paulo. Acredita-se que o termo provém do fato de São Paulo produzir
café e Minas Gerais, leite. Durante a República, além do café, que era considerada bebida
civilizadora, era popular o mate, a cachaça, a carne seca, o feijão e diversos produtos nativos.

Curiosidades do Café

• A infusão do café foi descoberta no ano 1000, quando se tornou uma bebida;

• Aproximadamente 1,6 bilhões de copos de café são consumidos diariamente, no mundo


todo;

• Cerca de um terço do café mundial, sai do Brasil;

• Durante o século XVI, a igreja católica considerou o café como sendo uma bebida
demoníaca, por causa da sua origem oriental;

• Há uma espécie de leitura e adivinhação do futuro que basicamente ocorre através da


“leitura” das borras do café que ficam nas xícaras e nos copos. Esse procedimento é chamado
de “cafeomancia”;

• No Brasil, no decorrer do governo do presidente Getúlio Vargas, mais de 80 milhões de


sacas de café foram queimadas. Essa atitude foi tomada com intuito de interromper a Crise de
1929;

• O Brasil se tornou o maior exportador de café em 1860, quando produziu cerca de 26


milhões de sacas;

• O café chegou a ser proibido em Meca – cidade da Arábia Saudita, por cerca de 50 anos. Lá,
o café também foi considerado como uma bebida má e diabólica;

• O café é o segundo produto mais negociado do planeta Terra, só perde para o petróleo;

• O primeiro país no mundo a cultivar o café, foi o Iêmen, no ano de 575;

• Os holandeses foram os primeiros a conseguirem as mudas de planta de café;

• Os maiores produtores de café no mundo são: Brasil, Colômbia, México e Vietnã;

• Pessoas que são especialistas em café, são chamadas de “baristas”;


• Quando o café já estava mais conhecido e disseminado, a igreja católica, através do Papa
Clemente VIII, santificou a bebida e tentou transformá-la em uma bebida cristã, ideia essa que
não progrediu. O vinho permanece sendo a bebida utilizada nas cerimônias católicas.

Referências

SILVA, Júlio César Lázaro da. "História Econômica da Região Sudeste: Do Ciclo do Café à
Industrialização"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/brasil/historia-
economica-regiao-sudeste-ciclo-cafe-industrializacao.htm. Acesso em 21 de outubro de 2021.

NASCIMENTO, R. P.; CASTOR, J. T.; MAIA, H. A. O.; PAULA, A. R. V. O café no Brasil:


representação gastronômica de um prato do final do século XIX e criação atual de consumo
difundido. Disponível em:
https://portalatlanticaeditora.com.br/index.php/nutricaobrasil/article/view/190/2031. Acesso
em: 21 de outubro de 2021.

MACEDO, Márcia. Ciclo do café: Principal atividade econômica daquela época. Disponível
em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/ciclo-do-cafe. Acesso em 21 de
outubro de 2021.
MENU DEGUSTAÇÃO - CAFÉ E O SEU CICLO

ENTRADA

Salada de folhas verdes (alface, agrião, rúcula), tomate-cereja regados ao azeite de café e suco
de limão com cubos de queijo minas frescal e croutons.

*Marca a entrada do café no Brasil, com sutileza, estando presente no azeite, e também a
integração do café com a cultura brasileira vinda do queijo de Minas Gerais que será um divisor
de águas como na política do “café com leite”.

PRATO PRINCIPAL

Medalhão de filé mignon ao molho de café e purê de mandioca.

*Ressalta o avanço do café como principal produção no Brasil se juntando também à carne com
altos números de exportação na época, e um dos insumos mais consumidos e originados do
Brasil como a mandioca.

SOBREMESA

Sorvete de café com calda de chocolate e grãos de café torrados cobertos por chocolate.

*Fecha o ciclo retomando mais uma vez a República do “café com leite” e destacando a pureza
do grão em si que se tornou uma grande produção, alcançando 1/3 da produção mundial.

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