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SUMÁRIO
2 ECONOMIA CAFEEIRA..................................................................... 5
7 BIBLIOGRAFIA ................................................................................ 26
8 LEITURA COMPLEMENTAR........................................................... 27
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1 A CAFEICULTURA E A INDUSTRIALIZAÇÃO
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ampliação das linhas férreas que ocorreu neste período, por exemplo, foi
planejada para tornar mais fluido esse processo.
Fonte: revistacafeicultura.com.br
A presença dos imigrantes nos centros urbanos, por sua vez, como
informa o historiador Boris Fausto, em sua História do Brasil, proporcionou o
aparecimento de empregos urbanos assalariados e outras fontes de renda como
artesanato, fabriquetas de fundo de quintal e a proliferação de profissões liberais.
A junção dessas novas formas de trabalho do imigrante com a estrutura urbana
desenvolvida pelo complexo cafeeiro favoreceu o fluxo de produtos
manufaturados e o consequente desenvolvimento das indústrias nos centros
urbanos.
Por volta de 1880, já existia a presença de várias fábricas no Brasil, mas
sem uma estrutura realmente significativa. Contudo, por volta das décadas de
1910 e 1920, as atividades industriais já eram bastante expressivas no Rio de
Janeiro e em São Paulo. Por meio da intensa exportação de café e importação
de outros produtos necessários ao mercado interno brasileiro, várias estruturas
de maquinário fabril também aportavam em terras brasileiras, já que muitos
produtores de café também passaram a investir nas fábricas.
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Os principais tipos de atividades industriais do período estavam
relacionados aos setores: têxtil (produção de tecido), de bebidas e de alimentos.
A modernização agrícola contribuiu decisivamente para a que indústria se
desenvolvesse no âmbito dos setores referidos. E, para que houvesse
estabilidade na produção industrial, também foi necessário o controle do valor
da moeda brasileira. O motivo para esse controle era não correr o risco de ter o
principal produto de exportação, o café, desvalorizado no mercado internacional.
Então, por vezes, o governo brasileiro priorizava o café, preterindo a atividade
industrial. Esse fato demonstra que apenas na Era Vargas, a partir da década de
1930, é que se teve no Brasil uma política econômica realmente voltada ao
desenvolvimento industrial pleno.
2 ECONOMIA CAFEEIRA
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de gêneros alimentícios destinados ao consumo interno, sendo as demais terras
inteiramente voltadas para a produção do café.
A produção fluminense, dependente de uma exploração sistemática das
terras, logo começaria a sentir seus primeiros sinais de crise. Ao mesmo tempo,
a proibição do tráfico de escravos, em 1850, inviabilizou os moldes produtivos
que inauguraram a produção cafeeira do Brasil. No entanto, nesse meio tempo,
a região do Oeste Paulista ofereceu condições para que a produção do café
continuasse a crescer significativamente.
Os cafeicultores paulistas deram uma outra dinâmica à produção do café
incorporando diferentes parcelas da economia capitalista. A mentalidade
fortemente empresarial desses fazendeiros introduziu novas tecnologias e
formas de plantio favoráveis a uma nova expansão cafeeira. Muitos deles
investiam no mercado de ações, dedicavam-se a atividades comerciais urbanas
e na indústria. Para suprir a falta de escravos atraíram mão-de-obra de
imigrantes europeus e recorriam a empréstimos bancários para financiar as
futuras plantações.
Fonte: resumoescolar.com.br
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Primeiro Reinado. Depois de se fixar nos mercados da Europa, o café brasileiro
também conquistou o paladar dos norte-americanos, fazendo com que os
Estados Unidos se tornassem nosso principal mercado consumidor. Ao longo
dessa trajetória de ascensão, o café, nos finais do século XIX, representou mais
da metade dos ganhos com exportação.
A adoção da mão-de-obra assalariada, na principal atividade econômica
do período, trouxe uma nova dinâmica à nossa economia interna. Ao mesmo
tempo, o grande acúmulo de capitais obtido com a venda do café possibilitou o
investimento em infra-estrutura (estradas, ferrovias...) e o nascimento de novos
setores de investimento econômico no comércio e nas indústrias. Nesse sentido,
o café contribuiu para o processo de urbanização do Brasil.
A predominância desse produto na economia nacional ainda apresenta
resultados significativos no cenário econômico contemporâneo. Somente nas
primeiras décadas do século XX que o café perdeu espaço para outros ramos
da economia nacional. Mesmo assinalando um período de crescimento da nossa
economia, o café concentrou um grande contingente de capitais, preservando os
traços excessivamente agrários e excludentes da economia nacional.
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café”. Cercavam-se de luxo, vivendo em imensas fazendas ornamentadas com
objetos importados da Europa.
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Paraíba. A topografia também era mais favorável, permitindo o cultivo em
grandes extensões contínuas de terra, em lugar das encostas de montes do vale
do Paraíba.
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dom João declarou o fim do monopólio português sobre o comércio colonial,
permitindo o comércio direto dos ingleses com o Brasil.
No século XIX, o capital inglês tomou-se ainda mais presente na economia
brasileira, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo, com investimentos
na construção de ferrovias, portos e no transporte urbano. A feição dos centros
urbanos se modificou, contando com mais estabelecimentos comerciais, bancos,
iluminação, telégrafos, um novo traçado das ruas e, já no final do século XIX, a
presença de bondes elétricos, em substituição aos de tração animal.
A modernização, contudo, produziu contrastes sociais: as mansões dos
barões do café e as melhorias urbanas conviviam com a proliferação dos
cortiços.
Um dos grandes empresários brasileiros que se destacaram no processo
de modernização do Brasil foi Irineu Evangelista de Souza, o barão de Mauá,
depois visconde de Mauá.
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manutenção da estrutura latifundiária e da monocultura, que orientavam o tipo
de implantação industrial no país. Assim, a indústria brasileira nasceu da fusão
de tecnologias importadas com velhos procedimentos herdados do período
colonial. Ricos latifundiários dedicados à monocultura cafeeira foram ao mesmo
tempo proprietários das primeiras indústrias.
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No começo do século XX, o segundo centro urbano do Brasil era Salvador
(BA). Por ter sido uma das economias coloniais de maior desenvolvimento do
país, a Bahia dispunha de matérias-primas (como algodão e fumo), de capital
(originário da economia de exportação) e de trabalhadores livres capazes de
assegurar a criação do setor fabril.
Outra cidade nordestina em que a indústria se desenvolveu foi Recife
(PE). Lá havia grande quantidade de trabalhadores livres, vindos do interior
pernambucano, expulsos do campo pelo processo de modernização dos
engenhos de cana-de-açúcar, que se transformaram em usinas.
A existência de matéria-prima (algodão) e de um mercado interno regional
(representado pela crescente população urbana) permitiu o surgimento das
primeiras indústrias pernambucanas de grande porte: o setor têxtil. A companhia
têxtil do grupo Lundgrenn, por exemplo, foi o mais bem-sucedido
empreendimento fabril da região, pois conseguiu aliar produção e comércio. A
fábrica vendia no atacado e no varejo através da criação de uma vasta rede
comercial denominada.
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outros pequenos empresários que acabaram criando as primeiras indústrias de
porte moderno do Rio Grande do Sul.
A capital, Porto Alegre, destacou-se pela diversificação da produção
(fábricas de charutos, de alimentos, curtumes, moinhos, tecelagens) em
pequenos estabelecimentos. A preocupação predominante dos setores
industriais porto-alegrenses era conquistar o mercado local. Uma indústria
gaúcha têxtil e de vestuário que se projetou nacionalmente na década de 10 foi
a Rener, mas na década de 20 entrou em declínio devido à concorrência das
indústrias similares de São Paulo. Nesse processo de industrialização regional,
o Estado de Santa Catarina teve um significativo desenvolvimento fabril.
Semelhante à do Rio Grande do Sul, a colonização catarinense baseou-
se na imigração europeia, sobretudo a germânica: A produção se destinava a
mercados locais constituídos por grande número de pequenos proprietários
rurais. A região de Blumenau, em vez de concorrer com as indústrias do eixo
Rio-São Paulo, especializou-se num tipo de produção pioneira ligada à malharia,
materiais para medicina (gazes, ataduras), tecidos de lã (especiais para os
períodos de inverno), porcelana, instrumentos musicais. Por sua especialização,
a indústria Hering (de origem germânica) superou as barreiras regionais,
conquistando o mercado do Rio Grande do Sul e de São Paulo na primeira
década do século XX.
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Com exceção de Santa Catarina, as demais regiões acabariam sofrendo
a concorrência do eixo Rio-São Paulo, tendo que se submeter ao controle
especialmente dos paulistas. Mas como ocorreu esse processo de liderança
econômica da região de São Paulo? A resposta está na economia cafeeira.
A crescente expansão cafeeira, principalmente nos fins do século XIX,
permitiu que os grandes fazendeiros paulistas diversificassem suas atividades,
investindo em estradas de ferro, em companhias de seguro, em instalações
comerciais dos portos brasileiros, na organização de bancos, nos setores
industriais têxteis e alimentares.
Visando incentivar a industrialização, Rui Barbosa, ministro da Fazenda
do governo do Marechal Deodoro da Fonseca, abriu linhas de crédito para
financiar a implantação de fábricas. Para isso o governo teve de aumentar a
emissão de papel-moeda, gerando um processo inflacionário.
A facilidade de créditos levou a uma desenfreada especulação com
papéis e ações das novas empresas. Essa especulação recebeu o nome de
Encilhamento, pois a euforia barulhenta da Bolsa de Valores lembrava o local de
apostas do jóquei-clube, quando os cavalos se preparavam para a corrida.
Empréstimos estrangeiros desenvolveram indústrias e cidades. Muitas
fábricas foram construídas com empréstimos de companhias de exportação e
importação estrangeiras sediadas no país que, na maioria das vezes, se
associavam aos projetos industriais brasileiros. Muitos capitalistas ingleses
investiram diretamente no setor industrial brasileiro: de moinhos de trigo até
fábricas de calçados, passando pelas instalações das primeiras usinas de
açúcar.
Além destas duas importantes características (associação de empresas
nacionais com estrangeiras e investimento estrangeiro na instalação fabril),
destaca-se uma outra, inerente ao processo de desenvolvimento capitalista: a
concentração de capitais, que exigiu a instalação de infra-estrutura (energia,
transporte) nas cidades.
As cidades constituíam o fator básico de implantação industrial, pois,
ofereciam os serviços necessários à circulação e
distribuição de mercadorias e de capital (dinheiro, matérias-primas e máquinas).
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Todo o sistema comercial e financeiro (armazéns, lojas, bancos, créditos etc.)
instalou-se nos centros urbanos.
Fonte: espressodiario.wordpress.com
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cada vez mais, porém os preços do produto no mercado internacional estavam
em plena queda devido ao excesso de oferta e à valorização da moeda nacional
levada a cabo pelo governo para combater a inflação provocada pelo
Encilhamento.
Em fevereiro desse ano, os cafeicultores reuniram-se em Taubaté (Vale
do Paraíba) para exigir do governo federal medidas que garantissem a
valorização do café e a manutenção dos lucros dessa lavoura. O encontro ficou
conhecido como Convênio de Taubaté.
Os cafeicultores pressionaram o governo a adotar medidas protecionistas
para garantir o preço do café:
Proibição de novas plantações cafeeiras para não diminuir o preço do
produto;
Promoção publicitária do produto a nível governamental visando estimular
o consumo no mercado externo e interno;
Compra dos excedentes de café pelo governo para criar estoques
reguladores que seriam colocados no mercado quando a produção
diminuísse, garantindo a estabilidade dos preços;
Empréstimo externo de 15 milhões de libras esterlinas para custear as
compras de café feitas pelos Estados.
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Isso estimulou a acumulação de capitais em dois setores da economia: a
agricultura e a indústria. "Está com isto definitivamente esclarecido o problema
das condições de realização da produção industrial: indústria e agricultura se
apoiam mutuamente criando mercados uma para a outra:' Diante dessas
condições, seguiu-se uma euforia que resultou em novo aumento da produção
de café entre 1911 e 1913. As consequências puderam ser sentidas a partir de
1914. Houve um aumento da inflação, pois, para cumprir seus compromissos, o
governo federal emitiu papel-moeda.
A história econômica do Brasil entre 1889 e 1914 pode ser resumida na
seguinte dinâmica: sucessivas crises do café, seguidas de movimentos dos
cafeicultores visando a valorização do produto; paralelamente as crises, houve
a instalação de indústrias em várias regiões do país devido à presença de capital
estrangeiro no desenvolvimento da acumulação de capitais. Embora a região de
São Paulo fosse menos industrializada que a do Rio de Janeiro, nota-se já nesse
período uma tendência favorável à concentração do setor fabril na região
paulista.
O período de 1889 a 1914 foi marcado por duas renegociações da dívida
externa, chamadas funding loans, isto é, "dívidas flutuantes". A primeira
renegociação ocorreu em 1898 durante o governo Campos Salles, em
consequência do fracasso do Encilhamento. No fim do século XIX e no início do
XX, o país estava com suas finanças falidas.
O acordo com os Rothschilds, banqueiros ingleses, previa que o
pagamento de todos os empréstimos contraídos nos anos anteriores deveria ser
efetuado em 1911. Outro destaque era o pagamento dos juros, a partir de 1901,
três anos após o acordo. Como garantia, o governo do presidente Campos Salles
ofereceu as rendas alfandegárias brasileiras. O acordo proibia também que o
Brasil realizasse novos empréstimos.
O segundo funding loan foi acertado no ano de 1914 no governo de
Hermes da Fonseca. Em decorrência do Convênio de Taubaté, o Estado foi
obrigado a contrair novos empréstimos, onerando a balança de pagamentos
durante o período de 1913 a 1914.
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Seguiu-se nova renegociação da dívida com os credores internacionais,
mediante o empréstimo de 14 milhões de libras esterlinas. Os juros começariam
a ser pagos após três anos e a dívida seria ressarcida em treze anos.
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Fonte: senhorespresso.com.br
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Fonte: oextensionista.blogspot.com
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Em 1920 e 1921 houve uma superprodução cafeeira que não encontrou
saída, pois os EUA, principais compradores das mercadorias brasileiras depois
de 1918, estavam aplicando capitais em programas de recuperação econômica
da Europa. A solução foi retomar a tradicional política de valorização do produto
(a terceira entre 1921 e 1923), proporcionada por um crédito especial do Banco
do Brasil, e os mesmos mecanismos anteriores, isto é, retirada do produto do
mercado e diminuição de impostos aos exportadores.
Assim, após um período de recessão internacional (1920-1921) no qual
diminuíram as compras de café, a política da terceira valorização cafeeira
conseguiu aumentar as exportações e a capacidade de importar, principalmente
maquinários. Dessa forma, no final de 1921, o Estado de São Paulo passou a
responsabilizar-se pela defesa permanente do café e manteve essa política até
a crise do final da década de 20.
As safras cafeeiras de 1925-1926 foram grandes e as de 1927-1928
maiores ainda (uma produção de aproximadamente 26 milhões de sacas),
contrariando as tendências de que, após um período de grandes colheitas (como
as de 1925-1926), as safras diminuiriam. Houve queda no período 1928-1929
(14 milhões de sacas) e um novo aumento em 1929-1930 (30 milhões de sacas).
Os capitais advindos das exportações foram utilizados para os
investimentos na indústria de transformação, ou seja, na
instalação de máquinas e equipamentos. A consequência mais imediata do
aumento de capitais foi a acelerada industrialização na década de 20.
Novas indústrias de algodão, tecidos de lã, de seda e até de fios de seda
artificial (raiom) foram implantadas. Também se desenvolveram as indústrias de
calçados, elevando os investimentos e a produção das décadas anteriores do
século XX. A modernização industrial também atingiu a moagem do trigo, a
fabricação do açúcar (com maciça instalação de usinas no Nordeste), a indústria
de bebidas (cerveja, refrigerantes etc.) de fósforos, de peças de vestuário, os
setores metalúrgicos (pregos, parafusos, porcas etc.), a produção de cimento,
ferro e aço, os produtos de borracha, os óleos vegetais, as pastas e papel, os
frigoríficos, os móveis, as editoras e gráficas e, ainda, a química e a farmácia.
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Industrialização: cinco fatores Os setores que se desenvolveram depois
da I Guerra demonstram a diversificação do parque fabril e uma gradativa
passagem
para a estruturação de uma economia com forte predominância industrial ao
longo das décadas seguintes.
Embora dependentes do capital cafeeiro, é possível constatar um lento
desprendimento dos setores fabris, que"já não eram simplesmente
complementares ou subsidiários da economia exportadora de produtos
agrícolas, mas estavam progressivamente relacionados com o crescimento da
demanda interna por matérias-primas industriais (cimento, ferro e aço, produtos
químicos, papel e pasta de papel etc.) e maquinaria em geral (para agricultura,
indústria, construção etc.).
Algumas indústrias, tais como as de carnes congeladas e industrializadas
e de óleo de caroço de algodão, foram mesmo estabelecidas com o propósito de
processar novos produtos de exportação': Cinco principais fatores explicam o
crescimento industrial do Brasil na década de 1920, em especial no eixo Rio-São
Paulo e predominantemente nesta última região: energia, acumulação de
capitais, mão-de-obra barata, matérias-primas e proteção governamental para a
indústria.
- Energia: no século XIX e início do XX, o processo de instalação fabril
utilizava predominantemente máquinas a vapor, o que obrigava à importação de
carvão. Com isso, grande parte do dinheiro arrecadado nas exportações era
gasto na compra desse combustível. Já entre 1900 e 1910, a implantação de
usinas de produção de energia hidrelétrica foi fundamental para garantir o
crescimento fabril que se processaria na década de 20, pois o encarecimento do
carvão durante a I Guerra inviabilizou o uso dessa matéria-prima vegetal como
fonte de energia.
A instalação de usinas elétricas ocorreu no eixo Rio de Janeiro-São Paulo,
o que possibilitou o aumento da capacidade produtiva dos setores industriais do
Centro-Sul, contribuindo para distanciar esta região das demais em termos de
competitividade fabril, pois os outros Estados da Federação levaram mais tempo
para gerar eletricidade, comprometendo sua produtividade.
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- Acumulação de capitais: os cafeicultores paulistas diversificaram
amplamente as aplicações dos capitais que ganhavam com as exportações,
abrangendo um grande leque de investimentos, desde a fabricação de tecidos
de algodão e juta, até o comércio (empresas de exportação/ importação, bancos,
ferrovias), passando pelas instalações de indústrias metalúrgicas (maquinário
para agricultura, para beneficiamento agrícola, ferramentas, equipamentos de
transporte como vagões, carroças, barcos etc.).
E assim o parque industrial de São Paulo sobrepujou o resto do país e as
instalações urbanas da cidade conheceram grande desenvolvimento (imóveis,
empresas de serviços públicos, além das indústrias de transformação).
A principal parcela dos capitais destinados à indústria provinha da
atividade mercantil (incluindo os investimentos feitos por imigrantes), "que, em
geral, se acumulava originariamente nos negócios de exportação e importação
ou no comércio interno', o que São Paulo já vinha realizando desde a segunda
metade do século XIX.
- Mão-de-obra barata: a vinda de imigrantes (italianos, espanhóis,
portugueses etc.), durante as três primeiras décadas do século XX, foi de
fundamental importância para o rebaixamento salarial dos operários e a
consequente elevação dos lucros dos donos de indústria. A mão-de-obra era
farta e barata, e havia um grande contingente de mulheres e crianças operárias
que trabalhavam em jornadas de dez ou mais horas com salários inferiores aos
dos homens, que já eram irrisórios.
- Matérias-primas: não foi por acaso que as indústrias têxteis e de
alimentos iniciaram o processo fabril brasileiro, pois estavam intimamente
relacionadas com a produção desse país tipicamente agrário.
Mas mesmo esses setores industriais precisavam importar outras
matérias-primas que não eram fabricadas aqui, como anilinas, corantes, fios de
juta, feltros (para chapéus), malte (cerveja), ferro e aço (para os setores
metalúrgicos). A obtenção desses produtos vinculava-se à capacidade
exportadora das regiões, e nesse ponto São Paulo também se destacava pelas
atividades cafeeiras.
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A I Guerra, entretanto, interrompeu o fornecimento desses insumos,
exigindo que o governo e os empresários se engajassem num esforço para
produzir aqui muitas matérias-primas antes importadas. Isso aconteceu ao longo
da década de 20 (com maiores resultados a partir de 1930), caracterizando um
processo de substituição de importações.
Proteção governamental para a indústria: durante o período de 1889 a
1914, o Setor industrial têxtil predominou em várias regiões do Brasil porque
utilizava matéria-prima (algodão) produzida no local. Nessa época, entretanto, o
governo não isentava as indústrias brasileiras de impostos e aplicava taxas
alfandegárias quase simbólicas aos produtos importados, principalmente aos da
Inglaterra.
Já na década de 20, a proteção governamental resultou nos aumentos
dos preços das importações como conseqüência da desvalorização da moeda
brasileira. Diante da recuperação da economia européia e do crescimento da
economia norteamericana, o governo federal não tinha um programa econômico
para desenvolver a industrialização de forma geral, por isso passou a incentivar
as iniciativas fabris individuais.
Mas os estímulos com subsídios e empréstimos de capitais não eram
constantes e não produziram grandes efeitos no processo de industrialização.
Assim "a formação de capital na indústria de transformação ainda era em grande
escala baseada no capital originalmente acumulado em atividades ligadas ao
setor exportador, pelo menos até o fim da década de 1920".
No descontentamento dos cafeicultores, o fim da República Velha Embora
ocorresse de forma descentralizada, um amplo processo de industrialização
estava em curso no Brasil dos anos 20. Mas a crise de 1929 - marcada pela
superprodução de mercadorias sem compradores acelerou as contradições
entre os setores agrários e industriais.
Mais uma vez, diante de outra crise, os cafeicultores paulistas exigiram
nova valorização do produto, concessões de créditos, subsídios ao pagamento
das dívidas, juros baixos, prorrogação dos prazos para pagar os empréstimos.
Mas o presidente Washington Luís (1926-1930), notadamente favorável à
política econômica de São Paulo, não compreendeu claramente a extensão da
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crise econômica e não atendeu aos pedidos do setor cafeeiro, preferindo
acreditar que os importadores ampliariam a compra do café para elevar os
estoques e, no momento adequado, aumentar os preços, compensando, desta
forma, os prejuízos momentâneos. Nada disso aconteceu e o presidente acabou
por perder o apoio político, econômico e social dos latifundiários paulistas, sendo
deposto pela Revolução de 30.
Por isso, a república do Café-com-Leite (aliança dos cafeicultores de São
Paulo com os latifundiários de Minas Gerais produtores de leite, queijo e
indústrias de laticínios) não sustentou o modelo de república no Brasil, baseado
na monocultura cafeeira, em latifúndios e na mão-de-obra barata.
Afinal, o Brasil já não era apenas um exportador de complementos de
sobremesa. "Podemos dizer que, graças às ampliações e sua capacidade
produtiva, através da importação de bens de capital" (máquinas e equipamentos)
"e pela sua diversificação, o campo industrial preparou-se para a recuperação
da economia como um todo depois da crise de 1929", bem como os setores
agrícolas.
De 1930 até a década de 80, o Brasil continuou implementando novas
relações produtivas, adequando sua economia aos quadros da completa
internacionalização do capitalismo. A região brasileira permanecerá cumprindo
sua função histórica essencial à organização capitalista, ou seja, vender
matérias-primas. Só que, nos dias atuais, ao invés de importar manufaturas -
como fazia ao longo dos séculos coloniais até 1870, data do início de nossa
industrialização -, o Brasil consome produtos sofisticados como computadores,
videocassetes, antenas parabólicas e outros.
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7 BIBLIOGRAFIA
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8 LEITURA COMPLEMENTAR
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Fonte: historiabruno.blogspot.com
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Nesse momento o país estagnado precisava de uma economia
sustentável com expansão no comércio internacional.
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produção do café, no final do século XIX, remete devidamente à aceitação
comercial em vários países europeus, e também no EUA, que nesse período se
encontrava no auge progresso econômico, assim pode dizer que a economia
cafeeira assim como toda economia estava relativamente dependente de outros
países, tanto no progresso, quanto no seu declínio, pois economia é dependente
de amplos laços comerciais internos ou externos, como aconteceu com a
produção do café.
Ainda segundo autor, o desenvolvimento da economia cafeeira levou a
um processo de fracionamento da elite cafeeira, o capital cafeeiro, no qual se
tornou ao mesmo tempo comercial, industrial e agrária. Desta forma, que essa
elite direcionou por diferentes segmentos econômicos que possuíam o café
como elo, sendo capaz de satisfazer às necessidades do complexo econômico
assim formado.
É incontestável a importância da economia cafeeira para o processo de
transformação e desenvolvimento da economia brasileira, este produto tornou-
se fator determinante no processo da formação do capitalismo brasileiro, sendo
por isso, alvo de constantes intervenções, articulações e regulamentações de
acordo com a importância que esse produto assumia na posição prioritária no
contexto da economia nacional, levando ao surgimento de um Estado
Oligárquico que valia tanto para o caso do governo federal, quanto para os
estaduais e principalmente os municipais, e no contexto da política, foi por muito
tempo esse núcleo econômico que esteve no comando, no entanto que quem
quisesse exercer um papel político precisava negociar com os coronéis, esses
grandes produtores de café. Para a grande maioria destas elites, a política
apesar da República, continuava a ser um negócio, por vezes bem lucrativo.
Para o autor Sergio Silva (1986: 53), sobre a questão do núcleo
econômico brasileiro, é necessária uma análise aprofundada para chegar ao
entendimento que o desenvolvimento da economia
cafeeira foi completamente diferente da economiaaçucareira, transformando ra
dicalmente pensamentos ideológicos, percebe-se assim que a economia
cafeeira propiciou um novo desenvolvimento político e social nos grandes
proprietários de terras, levando esses á grandes homens de negócio na defesa
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do café, gerando a denominada “burguesia cafeeira”, fazendo com que mais
tarde, essa economia de capital cafeeira ultrapassasse as lavouras.
Sendo que os produtores de café, esses os principais líderes dessa
nova economia brasileira, não se limitaram somente no plantio do produto, e sim
se organizando e dirigindo essas plantações de café, além de
adquirir experiência comercial e política de acordo com seus interesses, sendo
esses bem mais abrangentes.
O setor do complexo cafeeiro em expansão foi determinante na
influência do desenvolvimento em vários setores do país, com relação às novas
tecnologias, como a construção das ferrovias tanto, quanto aos maquinários
modernos em função das necessidades com o aumento desse produto e sua
demanda no mercado internacional.
Fonte: historiabruno.blogspot.com
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de açúcar, primeiro porque se utilizava da mesma mão de obra escrava,
mas com um diferencial relevante, a cultura do café, era permanente e os
equipamentos utilizados na sua manutenção era de pouco custo
e que muitas vezes era produzido nos próprios locais do plantio do café.
A elevação do preço do café, que acorreu nos fins do século XVIII,
foi fator determinante para o aumento da produção de café em várias partes
da América e da Ásia, devido ao bom preço, ocorrendo assim, uma elevação
significativa na produção de café, em contrapartida ocorreu um aumento na
demanda desse produto, demanda essa significativa para que mais
tarde ocorresse queda no valor do produto. A partir desse período, o café
começou a experimentar diversos períodos de oscilações de preços, mas ainda
assim nos anos de 1857 a 1868, 1869 a 1885, 1886 a 1906 foram caracterizados
por preços ascendentes.
Porém, de acordo com o aumento do valor do café, ocorre à duplicação
das áreas plantadas no Estado de São Paulo, e a produção do país continuava
a aumentar, os produtores brasileiros viam no café a oportunidade para utilizar
os recursos produtivos ociosos provenientes da decadência da mineração e de
outras economias que se encontravam em retração, para utilizá-los na expansão
dos cafezais e produzir mais e mais café. Porém, no percurso da produção
ocorreram também grandes dificuldades, como por exemplo, o escoamento do
produto em algumas áreas do plantio até os portos, um exemplo dessas áreas
é Minas Gerais, fazendo com que os grandes produtores de café repensassem
em uma disponibilidade de capital para a construção de estradas, tanto terrestres
quanto o início das primeiras ferrovias.
Na última década do século XIX criou-se uma situação excepcionalmente
favorável à expansão da cultura do café no Brasil. Sendo que a produção
asiática passava por dificuldades, em consequência da destruição ocorrida nos
cafezais na ilha do Ceilão. Enquanto isso no oeste paulista o café encontrava
condições naturais que favoreceram ainda mais expansão cafeeira, devido ao
grande desenvolvimento de ações dos chamados "barões do café". Eles
haviam acumulado um elevado estoque de capitais, decorrente do
café, tornando-se ricos e poderosos, passando a interferir na política obtendo
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facilidades como acesso ao crédito, inclusive estrangeiro, que lhes
permitiam expandir as áreas plantadas. Essas ações colaboram também no
sentido de facilitar o transporte e a exportação da produção de café, acelerando
o processo das construções de ferrovias e de aparelhamento dos portos. No
auge desta fase, o Brasil chegou a praticamente monopolizar o comércio do café
com a Europa e os Estados Unidos, período em que o país
experimentou elevado crescimento econômico, iniciando um processo de
modernização do país.
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decomposição das rochas vulcânicas. Assim, embora o sistema de cultivo fosse
o mesmo, a regularidade do relevo favorecia a melhor conservação do solo no
Oeste paulista, assegurando por mais tempo a qualidade do café. A isso se
deve acrescentar uma maior facilidade no escoamento do produto, que era
beneficiado por um custo menor, graças às redes viárias disponíveis, como por
exemplo, o deslocamento do produto para o porto de Santos. (PRADO
JUNIOR, 1998:161).
Porém, as relações entre São Paulo e as regiões com as quais pretendia
manter e expandir o comércio do café dependia da expansão do setor de
transportes paulista. Nesse aspecto, havia a coincidência entre os interesses do
setor ferroviário, do setor comercial, de grande parte do setor agrícola e do
governo paulista, diferentes frações do capital cafeeiro ganharam com a
concretização deste circuito de comércio.
Com a expansão do plantio do café para o interior de São Paulo, tornou-
se necessário encontrar solução para a problemática do transporte até o porto
de Santos, pois no início se utilizava transporte animal, porém à medida que as
distâncias aumentaram e o volume da safra se multiplicou, por iniciativa dos
próprios cafeicultores foram construídas as estradas de ferro, a São Paulo
Railway, ligando Santos á Jundiaí (1868), Ituana, ligando Itu a Campinas (1873)
e a Mogiana, ligando Campinas a Ribeirão Preto e a Sorocabana, que
começaram a ser construídas em 1875.
O momento de surgimento das ferrovias em substituição ao transporte
feito por animais se deu quando os senhores do café, diante da necessidade de
ampliação da área plantada, buscaram soluções que não se
limitaram somente no problema de transporte, ou da mão-de-obra, mas ao
conjunto da produção cafeeira, também no que se refere à descentralização
republicana.
Os grandes produtores de café foram uns dos maiores defensores da
instauração do regime republicano no Brasil, onde problema da imigração
passou a ser controlado pelos estados, sendo abordado de forma mais ampla e
positiva pelo Estado de São Paulo. As ferrovias representavam então, nova
oportunidade de inversão para o capital cafeeiro, ao mesmo tempo em que
34
provocava uma redução apreciável nos custos do transporte do café. Surge
então, como parte dessa economia o complexo cafeeiro, contribuindo para a
realização do sistema de produção agroexportador.
Assim, apesar de sua formação enquanto empresa, formando o complexo
cafeeiro a construção e implantação das ferrovias, passaram por concessão
estatal, atendendo basicamente às necessidades dessa elite empresarial que se
torna hegemônica no aparelho de Estado até 1930. A ferrovia em São Paulo
surge após a primeira metade do Século XIX e ocupa geograficamente todos os
pontos cardeais do Estado, montando uma verdadeira rede de captação de café
em direção ao porto. Seu período de construção e de expansão também é
limitado ao tempo já citado, em que as oligarquias dominaram o aparelho de
Estado. De 1867 até a década de 1930 estava "concluída" a ocupação ferroviária
paulista. Nesse período, dezoito ferrovias foram construídas para atender
basicamente ao transporte de café, desse total, nove com menos de cem
quilômetros, serviam praticamente de ramais de captação de cargas para as
grandes e médias companhias.
Com a expansão de áreas plantadas, consequentemente, houve um
aumento da produção, a oferta de café existente no mercado era demasiada,
sinalizando para uma queda acentuada dos preços do café em curto prazo. Os
produtores do café, ciente dessa realidade, cujo poder político e financeiro fora
amplamente acrescido com a descentralização política, tendo inclusive vários
cafeicultores tendo se tornado governadores e até presidentes da
república, celebraram em fevereiro de 1906, na cidade paulista de
Taubaté, um convênio visando à valorização dos preços, que em resumo,
consistia, ao restabelecimento e o equilíbrio entre oferta e demanda do café,
através de intervenção do governo, comprando os excedentes da produção. O
financiamento destas compras seria feito através de empréstimos contraídos no
exterior pelo governo, o serviço deste empréstimo seria coberto com um novo
imposto cobrado em ouro sobre cada saca de café exportada, a fim de solucionar
o problema num maior prazo.
O primeiro esquema de valorização foi posto em prática pelos estados
cafeicultores, liderado por São Paulo, esse esquema não teve o apoio do
35
governo federal, obtendo êxito financeiro da experiência no qual essa
consolidação de vitória dos cafeicultores que reforçou seus poderes por mais
um quarto de século, até 1930, quando Getúlio Vargas chegou ao poder. O
complicado mecanismo de defesa da economia cafeeira funcionou com relativa
eficiência até fins de 1930.
36
Unidos, assim como em toda Europa, justamente os maiores compradores
do café, além de diminuir a demanda, ocorreram também à interrupção dos
empréstimos internacionais ao Brasil, que se viu sem recursos para continuar
adquirindo o excedente produzido pela indústria cafeeira, causando assim
excesso de oferta e preços em acentuado declínio. Começou então a grande
crise da economia cafeeira no país, tendo como um dos reflexos o
enfraquecimento das oligarquias dos cafeicultores e o abalo das estruturas da
República Velha, cujo, a oportunidade de domínio estava nas mãos desses
produtores.
Fonte: gbnnews.com.br
37
O setor da industrial surgiu, ainda que de modo não hegemônico, com
uma expansão capitalista voltada para uma nova economia sobressaindo de um
comércio interno da acumulação vinda da produção do café, para a
indústria nacional de bens de consumo, isto é, produtos que visavam o mercado
interno, para consumo interno. Nesse período já se verificava uma diversificação
do setor, que passou a inserir bens de capital e insumos, em algo que já tinha
certo andamento para essa concretização no comércio de produtos, mas que
com a crise de 1929 obteve a possibilidade de adentrar ao setor
industrial com uma maior visibilidade e desenvolvimento para o comércio
interno.
A crise mundial atinge o setor cafeeiro no Brasil no momento em que já
se definia uma situação de superprodução estrutural, como resultado, há
um declínio do preço do café no mercado internacional e a formação de
excedente de produção. Mas após a Revolução de 1930, o Governo de Vargas
decide investir na defesa do café tendo em vista não só pela pressão das
oligarquias cafeeiras, mas também pelo interesse nacional, por meio de novas
articulações na política. Essa nova política de investimento do café, seria
a compra dos estoques excedentes do produto e da queima de parte desses
estoques, utilizando recursos provenientes, que segundo Celso Furtado foi
da expansão do crédito. O autor tem uma visão desse episódio, como uma
estratégia política, onde o governo transformava a política de defesa do setor
cafeeiro em programa de promoção rural, construindo as famosas pirâmides
com objetivo, keynesiano, no qual é de uma visão futura de intervenção
estatal na economia do país, que mais tarde veio acontecer. (FURTADO 1976:
203).
38
8.5 Mão de obra cafeeira
Durante toda Brasil colônia, a mão de obra era escrava, inicialmente todos
os trabalhadores das fazendas de café eram escravos, sendo assim capital, que
os fazendeiros adquiriram no período do tráfico, ou já adquiriram dos
mineradores, visto que o plantio de café exigia elevada quantidade de
trabalhadores. Sem abundância de capital, o escravo representava para os
cafeicultores mão de obra de baixo custo, uma vez que o principal fator de
produção da lavoura cafeeira era a terra e esta os fazendeiros possuíam em
grande quantidade. A prosperidade da lavoura cafeeira acabava estimulando a
transferência de trabalhadores escravos da região nordeste proveniente da
lavoura de cana-de-açúcar, já em decadência, para os cafezais da região
sudeste, tendo em vista que o escravo tinha duplo valor, além de mercadoria em
caso de necessidade, podendo ser vendido ou alugado, esse em grandes
quantidades servia de status e poder, seus senhores (VIOTTI 1998: 69).
O plantio do café se deu com a mesma mão de obra das economias
anteriores, que era a mão obra escrava, mas tendo em vista que no início do
século XIX havia a possibilidade da proibição do tráfico que não
era nenhuma novidade para as classes dominantes. A questão do tráfico já era
discutida desde 1815 com a assinatura do Tratado de Viena, com a lei de
novembro de 1831, e a promulgação da Lei Bill Aberdeen de 1845, mas só
validada finalmente com a lei Eusébio de Queirós do dia quatro de setembro de
1850. De certo modo, o problema da colonização do Brasil, e consequentemente
a substituição da mão-de-obra escrava, já estava sendo ensaiada desde a
experiência no período de D. João VI, mas que fracassou (VIOTTI, 1998, p. 70).
Segundo Emília Viotti (1998), a imigração para o Brasil não chegava a
entusiasmar, tendo em vista a precariedade das condições brasileiras em
relação à possibilidade da imigração para os EUA, para onde se dirigia
espontaneamente as correntes imigratórias. Enquanto isso, a convivência com
medidas momentâneas, como o tráfico interprovincial, enquanto os ensaios de
colonização arrastaram-se até a década de 1840, quando a pressão pela
abolição chega ao limite. É diante da necessidade de ampliação da produção do
café conforme a demanda do mercado, sendo a imigração solução do problema
39
da escassez de mão de obra, que o senador Vergueiro, fazendeiro da região de
Limeira, apresenta em 1845 uma emenda ao orçamento autorizando o governo a
despender de verbas para a importação de colonos, para o trabalho nas
lavouras de café em forma de parcerias.
Com a chegada das primeiras levas de imigrantes para o setor cafeeiro
em primeira fase, os descontentamentos, não tardaram a aparecer devido o
objetivo e anseios dos imigrantes europeus, era em fazer riqueza, chocava-se
frontalmente com os interesses dos fazendeiros, que viam nos
imigrantes somente uma forma de reprodução do capital, ainda com
pensamentos escravocratas. No entanto, há indícios de que os barões do
café prepararam o “terreno” para o recebimento dos imigrantes europeus, pode
ser constatado com a promulgação da Lei Nº. 601 de 1850, regulamentada em
1854 que dispunha sobre a ocupação da terra a partir daquele período. Enquanto
até 1822 vigorou o regime de sesmaria, onde a apropriação legítima da terra era
concessão do poder público, a partir de 1822, a falta de uma forma institucional
específica de legitimação da apropriação, acabava sendo as ocupações ou
posses.
Nesse sentido, a Lei de 1850/54, vem na prática, impedir o acesso a terra
pelos seguimentos marginalizados uma vez que a apropriação legítima passa a
ser feita através da compra junto ao Estado, ou através da compra de terras de
pequenos produtores onde a opressão e os argumentos das armas eram de
formas a serem negociadas. A partir da Constituição de 1891, ocorre
a transferência para os Estados federados o domínio das terras devolutas. No
caso do Estado de São Paulo, a Lei Nº. 323 de 22 de junho de
1895 dispunha sobre as terras devolutas, sua medição, marcação, aquisição e
legitimação. A ela seguiram mais cinco leis e dezesseis decretos até 1930,
sintoma de que o poder público não conseguia regular com eficácia o processo
real de apropriação de terras no Estado de São Paulo até esse período.
Segundo Emília Viotti (1998), com a proibição do tráfico internacional de
escravos, decretado pela Inglaterra, já descrito anteriormente e posteriormente
a abolição da escravatura no Brasil, a utilização de mão de obra escrava já não
era mais possível e representava alto custo, visto que era necessária agora,
40
remuneração do negro liberto. Os fazendeiros por sua vez preferiram estimular
a imigração de trabalhadores provenientes da Europa, principalmente Itália e
Alemanha ao invés de remunerar o negro liberto, tendo sido o Estado de São
Paulo o principal estimulador e facilitador da importação desses imigrantes, e ao
contrário do que aconteciam com os escravos, esses imigrantes trabalhavam em
troca de salário ou mesmo participação na colheita.
Segundo a autora Emília Viotti (1998) a mão de obra utilizada para o
plantio do café durante o século XIX no Vale do Paraíba foi à mão de obra
escrava, essa mão de obra foi durante esse período de grande importância para
expansão cafeeira e contribuindo ativamente com o desenvolvimento do país,
sendo assim o escravo teve desde tempos da colônia um papel importante no
que se refere á economia. Mas, esse legado histórico, destacou também
em outras cidades do interior de Minas Gerais e São Paulo, essas por ter
sido fazendas de café conectadas a duas regiões importantes. A primeira
próxima ao oeste de São Paulo, e a segunda, próxima à Zona da Mata e Poços
de Caldas em Minas Gerais e a cidade de Ubá em São
Paulo. Esses territórios foram registrados como berço da tradição senhorial que
enfrentou a questão da emancipação dos escravos tradicionalmente
dependentes do trabalho escravo, mas esses senhores do café também não
encontraram alternativa, a não ser o recurso de mudança à mão-de-
obra estrangeira, da imigração. “Emancipação e imigração ficavam, dessa
forma, intimamente relacionadas.” (VIOTTI, 1998: 109).
Todavia, o fato da imigração teve grandes turbulências, num longo
processo de adaptação, porque os fazendeiros “Barões do café”, assim
chamados, haviam herdado de seus antepassados a mentalidade escravista da
época das lavouras da cana de açúcar e das Minas, mas com a expansão do
plantio do café era exigido uma grande quantidade de mão de obra, que na
época, possuir escravos também significava prestígio social já citado
acima. Nesse processo de demolição das concepções escravistas, permaneceu
a concepção da dominação pessoal do fazendeiro. Através do endividamento do
trabalhador, estes foram subjugados. Nesse caso o imigrante italiano esteve,
41
portanto diretamente inserido nos dilemas criados pela substituição do trabalho
escravo.
42
chegado o momento em que se abriam oportunidades econômicas, com a
liberação de capitais decorrentes do fim do tráfico negreiro, a partir de 1850.
Com o fim progressivo da escravidão, considerando as baixas taxas de
crescimento vegetativo da população escrava e das crescentes dificuldades de
importação de escravos a partir de 1850, os produtores começaram a introduzir
o trabalhador livre assalariado. Recorrendo, sobretudo, à imigração européia,
dadas as dificuldades associadas ao recrutamento de mão de obra no setor
cafeeiro. A partir de então, com a abolição em conjunto com o trabalho livre
passa a ser predominante, oferecendo condições para a criação de um mercado
interno com sistema capitalista. Remunerações monetárias atingem uma classe
com alta propensão a consumir produtos de primeira necessidade, produtos
esses produzidos no país, visando uma nova possibilidade na economia com
“eixo” oficial a produção do café. Assim, os gastos dos assalariados do setor
exportador o “café” se transforma em renda de produtores locais, no qual por sua
vez, têm alta propensão a consumir bens (FURTADO, 1976: 151).
43
A cafeicultura que estava em pleno desenvolvimento necessitava de
mão de obra. Isso estimulou a entrada de um número considerável de
imigrantes, que trouxe novas técnicas de produção de manufaturados. Assim
constituíram um mercado consumidor indispensável ao desenvolvimento
industrial, bem como força de trabalho especializada. O setor que mais cresceu
foi o têxtil, favorecido em parte pelo crescimento da agricultura. Acumulação de
capital necessário para o processo e criação de infraestrutura, formação de
mercado de consumo, mão de obra utilizada, especialmente dos migrantes
europeus como os italianos.
A produção, cafeeira, segundo Furtado (1976), passa a ser responsável
pela formação de uma nova classe empresarial. Diferentemente dos produtores
de açúcar do nordeste, que se limitavam ao polo da produção, deixando as
atividades comerciais aos monopólios holandês ou português, os produtores de
café desde muito cedo entrelaçaram os interesses da produção e do comércio
essa esses produtores de café estruturou-se com a aquisição de
terras recrutamento de mão de obra, organização e direção da
produção, transportes e comercialização nos portos e interferência na
política econômica e financeira.
Para Sergio Silva (1986), no final do século XIX, esse quadro dominado
pela economia agroexportadora começou a se transformar. Entre 1886 e 1894,
a industrialização ganhou impulso, embora a sua origem fosse anterior a
1880. Ainda segundo o autor, o surgimento das indústrias e todo
desenvolvimento dessas sempre estiveram relacionados ao desempenho da
economia exportadora sobre o complexo cafeeiro, mesmo as primárias. Isso até
a crise de 1929, quando então a economia agroexportadora foi superada
avançando no setor industrial, que passou a ocupar o centro vital da economia
no país, a industrialização não ocorreu em todo o país simultaneamente e com
a mesma intensidade. O seu polo dinâmico situava-se no sudeste, área essa de
grande produção de café, particularmente em São Paulo, onde se localizava a
mais poderosa economia exportadora, os grandes “Barões” do café, que a partir
desses houve um maior desempenho nas indústrias devido o capital cafeeiro já
44
antes citado, com consequência gerando uma nova classe econômica no país,
sendo essa a burguesia comercial.
A economia cafeeira paulista em questão desenvolveu, no contexto da
transição do trabalho escravo para o livre, ampla possibilidade de expansão nas
terras férteis e ao mesmo tempo no setor industrial, em uma conversão próspera
das economias agroexportadoras para uma economia industrial. Que por esses
fatores, e essa razão, foi ali que por consequência a
industrialização desenvolveu-se com mais rapidez. No início, a industrialização
fazia parte da economia cafeeira, ou melhor, do "complexo cafeeiro", pois a
produção e a exportação do café dependiam de uma complexa organização de
fatores favorecendo o crescimento industrial. Além da sua própria organização
assim dizendo, o complexo cafeeiro incluía ainda em seu processamento
organizacional, outros fatores contribuintes para o setor industrial, como o
sistema de transporte, assim as ferrovias tinham como função no comércio de
importação e exportação, os bancos e, por consequência um aumento,
industrial.
Ainda segundo Sergio Silva (1986), todo processo de industrialização
foi acompanhado no ritmo do setor exportador, nos momentos de expansão
cafeeira, os investimentos industriais aumentavam e se contraíam em momentos
de retração do mercado internacional. Até a Primeira Guerra Mundial (1914-
1918), o Estado não adotou nenhuma política de estímulo à industrialização. No
entanto, ela era estimulada direta ou indiretamente quando o governo
aumentava as tarifas alfandegárias e, sem pretensão, consequentemente
protegendo as indústrias da concorrência estrangeira, sendo assim quando
desvalorizava a moeda nacional desestimulando as importações, ou então
quando adotava as duas medidas ao mesmo tempo.
A questão é que para Furtado (1976) não ocorreu uma grande diferença
do governo em relação à industrialização com o modelo econômico
agroexportador que o Brasil herdara da colônia. Segundo esse modelo, o Brasil
exportava produtos tropicais e, em troca, importava produtos manufaturados.
Essa tradição persistiu na economia cafeeira, o fazendeiro, através de seu
comissário, realizava compras para si e para os escravos nas grandes casas
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importadoras, que forneciam a quase totalidade dos produtos de consumo de
origem industrial. Portanto, segundo o modelo agroexportador não havia
necessidade de desenvolver a industrialização, contudo, a produção em
pequena escala de produtos manufaturados estava disseminada pelo Brasil em
pequenas oficinas artesanais.
O primeiro passo no sentido da industrialização foi dado com a
substituição dessa pequena produção por unidades industriais maiores. E isso
começou a acontecer no final da década de 1870 com fortalecimento do
complexo cafeeiro, e sua grande desenvoltura, quando então a abolição
encontrava-se no fim, e a chegada dos imigrantes começou a ser considerada
como alternativa principal. No alargamento desse processo, alterou-se também
a estrutura do mercado consumidor, com a gradual eliminação desse comissário
como intermediário no comércio exportador e importador, os exportadores foram
direto aos produtores e os importadores espalharam representantes pelo
interior.
O processo de industrialização, que vinha, desde o final do século XIX,
crescendo de acordo com a expansão das exportações, ganhou uma nova
direção a partir da Primeira Guerra. O primeiro efeito da guerra foi à drástica
redução dos investimentos industriais. A produção do café que se expandia a
partir de então com a utilização plena da capacidade instalada, teve seu declínio,
mas começou a declínio por consequência pelo rápido crescimento tornando-o
muitas vezes com aspectos negativos, por falta de matérias-primas, máquinas e
equipamentos importados.
O principal efeito da Primeira Guerra Mundial sobre a indústria
foi a mudança da atitude do governo, mas o principal fator foi o capital
acumulado da produção do café. Até então, não existia o que poderíamos
chamar de política industrial que mais tarde em conjunto com crise de 1929,
esses fatores contribuíram para o mercado interno e o avanço industrial. Esse
conjunto de fatores, entretanto, evidenciou os limites e as inconveniências de um
país destituído de um mercado interno e um campo industrial compatível. Por
esse motivo, o governo começou a adotar conscientemente e deliberadamente
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um incentivo para o desenvolvimento industrial, a fim de promover a
diversificação de um mercado interno.
Mas a industrialização ainda era incipiente, era mais vantajoso investir no
café, por exemplo, do que na indústria, e somente com a crise de 1929, que
ocorre uma real transformação da economia brasileira com apoio do Governo ao
setor industrial e o desenvolvimento para um comércio interno. Com a subida ao
poder Vargas, que emerge o pensamento urbano industrial, na chamada era
Vargas, o processo de industrialização é impulsionado, com base políticas de
caráter keynesiano. A partir de então, o intervencionismo estatal na economia é
cada vez maior, momento das empresas estatais como, Petrobrás,
Eletrobrás, com o objetivo de industrializar o país.
Porém, a importância do investimento industrial só veio se
acentuar após o golpe de 1964, pois o governo ditatorial utilizou desse
investimento como instrumento de ação econômica e política, e por essa
consciência clara de seus próprios interesses que eles se diferenciam dos
grupos dominantes as oligarquias cafeeiras anteriores. De acordo com a
historiografia clássica, a industrialização de São Paulo jamais teria ocorrido na
forma que ocorreu se não fosse à acumulação do capital cafeeiro, apontado
assim as relações econômicas entre o café e indústria, sendo esses processos
históricos bem desenvolvidos por Sérgio Silva (1986) e Celso Furtado (1976).
No entanto, estes estudos não apenas reconhecem a origem dos
empresários industriais através do capital cafeeiro, mas também a relação desse
capital cafeeiro com os imigrantes, e afirmando claramente que “a burguesia”
industrial nascente encontra suas origens na imigração europeia (SILVA,1976:
91), mas principalmente percebeu o caráter eminentemente contraditório
ou dialético do café com a indústria no Brasil. Segundo Sergio Silva (1986) diz
que é preciso falar a respeito dos fatos, ao examinar os diferentes aspectos da
questão concluindo que as relações entre o comércio exterior de um lado e o
capital cafeeiro do outro, está a indústria nascente, do outro lado, esses fatores
implicam, ao mesmo tempo, a contradição, na influência dos imigrantes e nos
produtores do café.
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Sendo questão fundamental discutida o desenvolvimento capitalista
baseado na expansão cafeeira, não só provoca o nascimento eo
desenvolvimento das indústrias, nos limites impostos ao desenvolvimento
industrial pela posição dominante da economia cafeeira e na acumulação de
capital (SILVA, 1976: 103). Assim, segundo Sergio Silva (1986), assim como
Celso Furtado (1976), o desenvolvimento da nascente indústria nacional estará
sempre relacionado com o capital cafeeiro.
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