Você está na página 1de 3

ECONOMIA CAFEEIRA NO BRASIL

O Brasil nas primeiras décadas de sua independência sofreu uma grave crise
econômica, resultado da decadência da mineração e da produção de açúcar. Entretanto,
o interesse do mercado europeu e, posteriormente, dos EUA pelo café, proporcionou um
novo impulso à economia do Brasil. A partir da década de 1830, o café transformou-se
no motor da economia do Segundo Reinado.
O hábito do consumo do café começa na Europa com a elite, a primeiro
momento, este produto era de alto custo, pois, seu cultivo ainda era baixo. Com a
expansão da produção, os EUA passou a ser grande consumidor do produto,
favorecendo a grande procura e influenciando no surgimento de várias áreas de cultivo
pelo mundo. Com o aumento da oferta, o preço do café caiu e o consumo foi ampliado.
Os países europeus estimularam a produção em suas colônias, e essas regiões depois de
independentes, não ficaram para trás. No Brasil, a partir da década de 1830, o valor do
café ultrapassou o do açúcar na pauta da exportação passando a ser o principal produto
cultivado dando grande impulso a esta economia.

Solo favorável

A produção do
café exigia grande
extensão de terras, solo
favorável e condições
climáticas adequadas,
fatores que foram
encontrados nas regiões
do Vale do Paraíba: área
cujo auge ocorreu entre Figura 1 - Escravos em fazenda de café no Vale do Paraíba

1830 e 1870. Os
fazendeiros do Vale do Paraíba, chamados de Elite Tradicional ou Barões do Café pela
historiografia especializada, eram antigos membros da elite açucareira e mineradora,
utilizavam a mão de obra negra escravizada e modelos de transporte animal.
Excelentes condições para o cultivo também foram encontradas no Oeste
Paulista: área cujo auge ocorreu entre 1840 e 1930. Dada sua maior distância em
relação aos principais portos exportadores (Santos e Rio de Janeiro), inovações eram
necessárias para o escoamento da produção. O solo fértil do Oeste era mais abundante e
vasto, a chamada terra roxa, mas não havia formas simples de transportar a produção
para as regiões exportadoras. Assim, essa necessidade gerou soluções inovadoras e
industriais: a criação de ferrovias que cortavam todo o estado, transportando a carga
para os portos.

Mão de obra escrava e imigrante

A força de trabalho utilizada na


produção do café foi inicialmente a de
africanos escravizados e, até o fim do
Império, eles compuseram a maior parte da
força de trabalho nos cafezais. Porém, a
pressão inglesa pelo fim do tráfico de
escravos no Atlântico e as lei de proibição
do tráfico, como a Lei Eusébio de Queiróz
de 1850, dificultavam o acesso aos
escravos. Seus preços subiram, tornando-se
uma força de trabalho extremamente
dispendiosa. Com a proibição definitiva do
tráfico Atlântico de escravos, surgiu o Figura 2O Lavrador de Café, obra de Candido
Portinari (1939).
tráfico inter e intraprovincial: propriedades
de áreas menos dinâmicas e pequenos senhores escravistas passaram a vender seus
escravos para os grandes cafeicultores, por preços muito altos.

Era necessária outra forma de organizar a força de trabalho nos cafezais, que
passasse para a utilização de trabalhadores livres. A saída foi estimular a imigração de
famílias europeias, principalmente em São Paulo. O trabalho livre era mais dinâmico
economicamente que o trabalho escravo por estimular o mercado interno e pela
possibilidade de introduzir novas técnicas de plantio, como a mecanização. Não havia
interesse do escravo em trabalhar dessa forma, o que impedia o aumento da
produtividade. Além do mais, essas novas técnicas fomentavam a produção de
ferramentas e outros utensílios necessários às lavouras, nas regiões próximas às
fazendas.

A mão de obra que trabalhou no Ciclo do


Café na região Oeste de São Paulo foi
praticamente toda imigrante. Inicialmente,
entre 1847 e 1870, vigorou um sistema de
parcerias, criado pelo senador Vergueiro,
importante político paulista da época. Nesse
modelo, vieram para São Paulo muitos

Figura 3 - Imigrantes nas lavouras de café. imigrantes suíços e austríacos. O modelo,


porém, fracassou: em uma relação de parceria,
os trabalhadores não recebem salários, mas uma parte do lucro final da produção. O que
ocorreu na época foi que os imigrantes, sem salários e vindos de condições já
empobrecidas em seus países de origem, se endividaram muito. Isso ocasionou muitas
revoltas e crises diplomáticas, que levaram ao fim do modelo.

Decadência do vale
A partir de 1870, com a acelerada diminuição de oferta de escravos, os
cafeicultores, principalmente os das novas fazendas de café do Oeste Paulista, passaram
a pressionar o governo imperial para instaurar uma política eficaz de imigração de
trabalhadores livres subvencionada pelo estado. A relutância de d. Pedro II em atender
aos cafeicultores, ajudou a fragilizar o Império. Esse poderoso grupo de cafeicultores
passou então a apoiar uma solução republicana de governo. No final do século XIX o
aumento do preço do escravo e a diminuição da produtividade dos cafezais reduzia a
importância do Vale do Paraíba. O declínio do vale e de seus cafeicultores simbolizou o
próprio declínio do Império.

REFERENCIAS

CAMPOS, Tiago Soares. Ciclo do café. Mundo Educação, 2020. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiadobrasil/economia-cafeeira.htm Acesso em:
28 de Agosto de 2023.

VAINFAZ, Ronaldo. et al. História 2: ensino médio. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2016.

Você também pode gostar