1) O documento descreve as Capitanias Hereditárias e Capitanias da Coroa no Brasil Colonial. 2) As Capitanias Hereditárias eram grandes áreas de terra doadas a nobres para exploração e colonização. 3) As Capitanias da Coroa eram áreas controladas diretamente pela coroa portuguesa e foram criadas quando as Capitanias Hereditárias originais falharam.
1) O documento descreve as Capitanias Hereditárias e Capitanias da Coroa no Brasil Colonial. 2) As Capitanias Hereditárias eram grandes áreas de terra doadas a nobres para exploração e colonização. 3) As Capitanias da Coroa eram áreas controladas diretamente pela coroa portuguesa e foram criadas quando as Capitanias Hereditárias originais falharam.
1) O documento descreve as Capitanias Hereditárias e Capitanias da Coroa no Brasil Colonial. 2) As Capitanias Hereditárias eram grandes áreas de terra doadas a nobres para exploração e colonização. 3) As Capitanias da Coroa eram áreas controladas diretamente pela coroa portuguesa e foram criadas quando as Capitanias Hereditárias originais falharam.
CAPITANIAS NO BRASIL logo elevada a categoria de Estado do Maranhão e
Grão-Pará. Em 1654 a Capitania de Pernambuco
passou ao domínio da Coroa porque o seu quarto e último donatário, Duarte Albuquerque Coelho, tomara o partido da Espanha, contra Portugal, por ocasião da Restauração Portuguesa de 1640.
No Extremo-Sul do país, pretendendo a Metrópole
levar os limites do Brasil ao Rio da Prata, fundou na sua margem esquerda, em 1680, a Nova Colônia do Santíssimo Sacramento. Contudo, não só a demarcação de fronteiras, mas também a exploração das minas deslocara o centro de interesse econômico mais para o Sul, o que deu causa, em 1709, à criação de nova Capitania da Coroa, São Paulo e Minas do Ouro, em 1720 dividida nas Capitanias de São Paulo e Minas Gerais. Seguiram-se-lhes, pela mesma razão, a do Rio Grande de São Pedro, em 1738; a de Goiás, em 1744; a de Mato Grosso, em 1748 e a de Santa CAPITANIAS DA COROA Catarina, em 1760. Também chamadas Capitanias Reais. (pertencentes ao próprio Governo Português), resultaram do Em 1799, quando se iniciou o governo direto do desmembramento ou da junção de Capitanias Príncipe-Regente D. João, as antigas Capitanias Hereditárias, por necessidade administrativa ou por Hereditárias, por abandono, compra ou confisco já abandono dos primitivos donatários, incapazes de se tinham incorporado aos domínios da Coroa, conter os reiterados ataques dos selvagens e de portanto, naquele fim de centúria, extinto também o corsários franceses, quase sempre aliados dos Estado do Maranhão eram as seguintes as divisões naturais da terra. Foram estas as Capitanias da territoriais do Brasil: Coroa, criadas ainda no século XVI: Capitanias Gerais 1. Bahia de Todos os Santos, escolhida para sede 1) Grão-Pará; 2) Maranhão; 3) Pernambuco; 4) do governo-geral. Em 1576 Manuel Coutinho, Bahia de Todos os Santos; 5) Minas Gerais; 6) herdeiro do primeiro donatário, cedeu-a à Coroa por Goiás; 7) Mato Grosso; 8) Rio de Janeiro; 9) São um padrão de juros de quatrocentos mil-réis. Paulo.
2. São Sebastião do Rio de Janeiro, composta de Capitanias Subalternas:
terras conquistadas aos franceses e tamoios, e 1) São José do Rio Negro; 2) Piauí; 3) Ceará antes pertencentes à Capitania Hereditária de São (autônoma a partir de 1799; 4) Rio Grande do Norte; Vicente. 5) Paraíba (também autônoma a partir de 1799); 6) Espírito Santo; 7) Santa Catarina; 8) Rio Grande de 3. Paraíba, composta de terras pertencentes às São Pedro (elevada em 1807 a Capitania Geral com Capitanias Hereditárias do Rio Grande e de o nome de São Pedro do Rio Grande). Itamaracá, igualmente conquistadas aos selvagens, frequentemente auxiliados pelos franceses nas lutas Após a chegada do Príncipe-Regente D. João ao Rio contra os luso-brasileiros. Situada em zona de Janeiro, ganharam autonomia as Capitanias do abandonada pelo; primitivos donatários, sua Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte e Santa conquista ultimou- se no governo de Manuel Barreto. Catarina. Mais tarde, elevado o Brasil a categoria de Reino Unido aos de Portugal e Algarve, fundaram-se 4. Rio Grande, formada de terras também mais duas Capitanias Hereditárias: Alagoas e conquistadas aos selvagens e franceses, e antes Sergipe d"El Rei. A Capitania de São José do Rio pertencentes às Capitanias Hereditárias do Negro foi depois suprimida e restaurada como Maranhão (lª e 2ª), do Ceará e do Rio Grande, Província do Amazonas, criando-se também , por abandonadas pelos primitivos donatários. Sua essa época, a Província do Paraná. A divisão conquista ultimou-se no governo de D. Francisco de administrativa do período colonial, pouco modificada Sousa, o último do século XVI. no Império, acrescentar-se-iam, na República, os Territórios e Distrito Federal, bem assim os estados CAPITANIAS DA COROA NOS SÉCULOS XVII e do Acre e da Guanabara. XVIII Durante o século XVI tinham-se criado no Brasil CAPITANIAS HEREDITÁRIAS quatro Capitanias da Coroa: Bahia de Todos os Em setembro de 1532 D. João III mandou carta a Santos, São Sebastião do Rio de Janeiro, Paraíba e Martim Afonso de Sousa, em que lhe comunicava Rio Grande. Em princípios do século XVII fundaram- decisão de dividir a nova terra em tema colonial que se mais três Capitanias Reais: Ceará, Maranhão, consistia dividir as extensas porções de terra em Capitania, sistema colonial que consisti na doação Destarte, por Capitanias Hereditárias de terras a particulares,ilustres marinheiros e verdadeiramente se entendem as que D. João III grandes soldados, fidalgos da Casa Real e altos instituiu entre 1534 e 1536, em execução ao plano funcionários do Reino, dispostos a correr riscos da que anunciara a Martim Afonso de Sousa em 1532. empresa colonizadora. Nos seus 'Capítulos de História Colonial' resume "Quando se fala em doação, escreve Pombo, parece assim as disposições das cartas de doação pelas realmente que se tratam de propriedade territorial; e quais se instituíram as Capitanias Hereditárias no não é isso; o que se fazia. Não é a terra que o Brasil: “Os donatários seriam de juro e herdade soberano doava, mas o benefício, uma parte do senhores de suas terras, teriam jurisdição civil e usufruto apenas. E tanto assim que, na própria carta criminal, com alçada até cem mil-réis na primeira, de doação, concedia também o rei, mediante certas com alçada no crime até morte natural para condições, um pequeno prazo de terras ao escravos, índios, peões e homens livres, para donatário; e estas, sim, como propriedade plena, pessoas de mor qualidade até dez anos de degredo imediata e pessoal" A adoção do novo regime ou cem cruzados de pena; na heresia (se o herege decorria de motivos ponderáveis: Portugal, país fosse entregue pelo eclesiástico), traição, sodomia, pequeno e pobre, achava-se exaurido. Diz Pedro a alçada iria até morte natural, qualquer que fosse a Calmon: “Era negra a situação financeira de D. João qualidade do réu, dando-se apelação ou agravo III, atenazado pela desvalorização das especiarias, somente se a pena não fosse capital. Os donatários pelos infortúnios da Índia, pelos gastos do Estado e podiam fundar vilas, com termo, jurisdição, insígnias, incessante aumento de sua responsabilidade de ao longo das costas e rios navegáveis; seriam além-mar, no trágico e longínquo Oriente" Por outro senhores das ilhas adjacentes até distância de dez lado, continuava o contrabando aberto de pau-brasil, léguas da costa; os ouvidores, os tabeliães do especialmente pelos franceses, que mostravam público e judicial seriam nomeados pelos respectivos cada vez mais ousados a ponto de estabelecerem donatários, que poderiam livremente dar terras de companhias para maior segurança de suas sesmarias. exceto à própria mulher ou ao filho operações organizando-se inclusive, para herdeiro. Para os donatários poderem sustentar seu resistência armada: basta lembrar que em março de estado e a lei de nobreza, eram-lhes concedidas dez 1532 a Feitoria portuguesa de Pernambuco fora léguas de terra ao longo da costa, de um a outro atacada e tomada pelos tripulantes da nau Le extremo da Capitania, livres ou isentas de qualquer Pèlerine, que a substituíram por um fortim bem direito ou tributo exceto o dizimo, distribuídas em guarnecido (este fortim fora depois,retomados pelos quatro ou cinco lotes, de modo a intercalar-se entre portugueses, quando um ataque de Pêro Lopes de um e outro pelo menos a distância de duas léguas: a Sousa, que teria condenado a morte vinte e um dos redízima (1/10 da dízima) das rendas pertencentes à seus defensores e levando trinta prisioneiros. Tudo Coroa e ao Mestrado (da Ordem de Cristo); a vintena somado,mais o desejo que tinha D. João III de do pau-brasil (declarado monopólio real, como as propagar a fé católica em terras habitadas por especiarias), depois de forro de todas as despesas; indígenas, a solução aparente eram as Donatarias, a dizima do quinto pago à Coroa, por qualquer sorte que assim também se chamavam as Capitanias de pedraria, pérolas, aljôfares, ouro, prata, coral, Hereditárias. Não era novo o sistema: usara-o cobre, estanho, chumbo ou outra qualquer espécie Portugal no povoamento das ilhas desertas do de metal; todas as moendas d’água,marinhas de sal Oceano Atlântico, descobertas durante o século XV: e quaisquer outros engenhos de qualquer qualidade Madeira, Porto Santo, Açores, Cabo Verde e São que na Capitania e governança se viessem a fazer; Tomé; e mesmo no Brasil já se ensaiara o regime, as pensões pagas pelos tabeliães; o preço das quando, em 1504,D. Manuel I doara a Ilha de São passagens dos barcos nos rios que pedissem; certo João, ou da Quaresma, ao armador Fernão de número de escravos que poderiam ser vendidos no Noronha, ou Loronha, cujo nome, depois Reino, livres de todos os direitos; a redizima dos modernizado para Fernando de Noronha prevaleceu direitos pagos pelos gêneros exportados etc". na designação do arquipélago situado a 50 léguas das costas do país. Em 1522 o próprio D. João III Quanto aos forais que acompanhavam as cartas de confirmara a doação, “a fim de que o donatário na doação, diz ainda Capistrano de Abreu: “Os forais ilha lançasse gado e a rompesse e aproveitasse, asseguravam aos solarengos: sesmarias com a segundo lhe aprouvesse, obrigando-se ao tributo do imposição única do dízimo pago ao Mestrado de quarto e dízimo”. Essa foi, na verdade, a primeira Cristo; permissão de explorar as minas, salvo o Capitania Hereditária no Brasil; tanto que em 1559 a quinto real; aproveitamento do pau-brasil dentro do Regente D. Catarina, governante de Portugal na próprio pais; liberdade de exportação para o Reino, menoridade de D. Sebastião, confirmou a doação em exceto de escravos, limitados a numero certo, e favor de outro Fernão de Noronha, neto do primeiro. certas drogas defesas (pau-brasil, especiarias, etc.); Contudo, esclarece Varnhagen, seus donatários não direitos preferenciais que os protegeriam da mandaram colonos, nem inverteram na ilha concorrência estrangeira; entrada livre de cabedais, porquanto, anos depois estava deserta, mantimentos, armas, artilharia, pólvora, salitre, somente no século XVII aparecendo notícias de seu enxofre, chumbo e quaisquer coisas de munições de povoamento”. guerra; liberdade de comunicação entre umas e 14. Santana, do 40 léguas, da Ilha do Mel até 28°20' outras Capitanias do Brasil.” da latitude sul, nas alturas de Laguna, também doada a Pêro Lopes de Sousa. Criaram-se no Brasil 14 Capitanias Hereditárias, divididas em 15 lotes que se distribuíram a 12 Além dessas quinze, mais três pequenas donatarias donatários. Ao longo do litoral, entre os atuais foram criadas no século XVI: Ilha da Trindade, ao Estados do Maranhão e Santa Catarina, assim se largo da costa do Espírito Santo, doada, em 1539, a repartiu o país: Belchior Camacho. Ilha de Itaparica, sesmaria na Capitania da Bahia de Todos os Santos, 1. Primeira do Maranhão, de 50 léguas de costa, transformada, em 1556, em Donataria concedida a entre a Abra de Diogo Leite e o Cabo de Todos os D. Antônio de Ataíde, l° Conde da Castanheira. Santos, doada a Aires da Cunha, que se associou ao Peroaçu, Paraguaçu ou Recôncavo da Bahia, antes escritor João de Barros. sesmaria na Bahia de Todos os Santos, doada, em 1556, a D. Álvaro da Costa, como prêmio pelos seus 2. Segunda do Maranhão, de 75 léguas, entre o esforços nas lutas contra os indígenas. Cabo de Todos os Santos e o Rio da Cruz (hoje Camocim), concedida a Fernando Álvares de À exceção de São Vicente e Pernambuco, não Andrade. alcançaram êxito as Capitanias em geral, sendo que em alguns lotes então distribuídos não houve sequer 3. Ceará, de 40 léguas, entre o Rio da Cruz e a Angra começo de povoamento. Não obstante, em várias dos Negros, doada a Antônio Cardoso de Barros. delas se fundaram vilas e povoados que contribuíram, de modo mais ou menos eficaz, para o 4. Rio Grande, de 100 léguas, entre a Angra dos malogro das tentativas de invasão do território por Negros e a Baía da Traição, também concedida a piratas estrangeiros. Quase que invariavelmente João de Barros. atenazados pela falta de recursos materiais para um trabalho contínuo e demorado; carecendo dos meios 5. Itamaracá, de 30 léguas, entre a Baía da Traição indispensáveis para combater eficazmente a e o Rio Iguaçu, doada a Pêro Lopes de Sousa. pirataria estrangeira, a hostilidade dos índios e a ação dos criminosos favorecidos pelo direito de 6. Pernambuco, também chamada Nova Lusitânia, homizio (quando alguém cometia um delito numa de 60 léguas, entre os Rios Igaraçu e São Francisco, Capitania, não podia ser preso numa outra, para outorgada a Duarte Coelho. onde fugisse), ainda assim conseguiram os donatários proporcionar ao futuro país, além de um 7. Bahia de Todos os Santos, de 50 léguas, entre o princípio de defesa do território, a base da sua Rio São Francisco e a Ponta do Padrão, doada a população agropecuária pelo povoamento com Francisco Pereira Coutinho. sesmeiros, e a riqueza econômica da indústria açucareira. Escreve Rocha Pombo: “Decerto que 8. Ilhéus, de 50 léguas, entre a Bahia de Todos os nem todos puderam levar com igual fortuna a sua Santos e o Rio Santo Antonio, doada a Jorge de tarefa. Mas nenhum deles deixou por si mesmo ou Figueiredo Correia. por preposto) de tomar muito a sério a sua obra na América. Muitos, como Duarte Coelho, Pêro de Gois, 9. Porto Seguro, de 50 léguas de costa, entre os Rios Pêro de Campo e outros, entravam aqui de alma Santo Antonio e Mucuri, concedida a Pêro do Campo aberta, num vivo entusiasmo pela terra. Outros, Tourinho. como Francisco Pereira Coutinho, Vasco Fernandes Coutinho, Aires da Cunha, tiveram a pagar com o 10. Espírito Santo, de 50 léguas, entre os Rios sacrifício da própria vida aquela temeridade de vir Mucuri e Itapemirim, outorgada a Vasco Fernandes para aqui afrontando tão desabridamente o destino. Coutinho. É justo, pois, que recordemos hoje aqueles heróis, 11. São Tomé, do. 30 léguas entre os baixos dos que ficaram na obscuridade do seu papel, e quantas Pargos (Itapemirim) e Rio Macaé, doada a Pêro de vêzes do infortúnio, sem uma lembrança que vale Góis. por eles na terra, que foram os primeiros a desbravar para as multidões que depois vieram.” Vigentes no 12. São Vicente, de 100 léguas de costa em dois Brasil durante dois séculos e meio, até sua total lotes: o primeiro, entre os Rios Macaé e Curupacé ou extinção, devida ao Ministro Marquês de Pombal, as Juqueriquerê com 55 léguas; o segundo, do Rio de Capitanias Hereditárias tiveram sua São Vicente à Ilha do Mel, à entrada da Baia de complementação no regime do governo-geral, criado Paranaguá, com 45 léguas, doada á Martim Afonso por D.João III, em 1548. de Sousa. Bahia de Todos os Santos. 13. Santo Amaro, de 10 léguas, encravada na Quando Francisco Pereira Coutinho chegou à sua Capitania anterior, entre os Rios Curupacé e de São Donataria ali encontrou uma verdadeira colônia de Vicente, concedida a Pêro Lopes de Sousa. portugueses e espanhóis, que viviam em perfeitas relações com os indígenas, todos sob o ascendência sucessão foi nomeado governador-geral e até de Diogo Álvares Correia, o Caramuru. chegou a embarcar rumo ao Brasil em 1588, mas Estabelecendo-se na povoação já fundada, erigiu-a aqui não chegou a desembarcar. Sempre Pereira Coutinho em vila e capital da Donataria, administrada por prepostos dos titulares, não espalhando-se em colonos pelas vizinhanças. obstante progrediu relativamente bem: fornecia Durante seis anos tudo andou bem: aplicaram-se os farinha de mandioca e gado à capital, sendo também moradores ao trabalho, fundaram-se engenhos, boa produtora de açúcar. Sua principal povoação era desenvolveu-se a cultura da cana-de-açúcar, a do São Jorge dos Ilhéus. algodão, a do tabaco e de outros gêneros; cresceu o numero de imigrantes e ampliou-se o povoamento, Itamaracá. explorando-se aquela parte do litoral até quase o Embora donatário de três Capitanias, Itamaracá, sertão. Mas, passados os primeiros tempos, Santo Amaro e Santana, não cuidou Pêro Lopes de dissenções entre os colonos e lutas contra os Sousa de nenhuma delas, pois faleceu em naufrágio indígenas forçaram o capitão-mor com sua gente a nas costas africanas. Cabendo à sua viúva Isabel de fugir para as Capitanias de Ilhéus e Porto Seguro. Gamboa, providenciar a respeito. Nomeou ela para Cerca de um ano depois, julgando pacificados os Itamaracá um lugar-tenente, João Gonçalves, que ânimos, lá foi buscá-los o Caramuru; de volta à logo entrou em dissensões com Duarte Coelho, Bahia, naufragou o navio em que viajava Coutinho e donatário de Pernambuco. Progrediu com alguns a sua comitiva; sobrevivendo ao naufrágio, engenhos de açúcar e teve povoação um tanto recolheram-se à Ilha de Itaparica e ali foram mortos florescente, a Vila da Conceição (hoje pelos selvagens (1547). No ano seguinte D. João III desaparecida), ao sul da Ilha de Itamaracá, que deu escolheu essa Capitania para sede do governo- nome à Capitania. geral, dada a sua posição quase central na costa brasileira; e em 1576 o herdeiro natural, Manuel Maranhão (1ª) e (2ª). Coutinho, cedeu-a definitivamente à Coroa por um Liga-se a sorte desta Capitania à do Maranhão (2ª) padrão de juros de 400$000. e à do Rio Grande. Associando-se os seus donatários, Aires da Cunha e João de Barros (que Ceará. recebera também a do Rio Grande) ao donatário da No decurso do século XVI não houve ensaios de segunda do Maranhão, Fernando Álvares de colonização nesta Capitania. Seu donatário, Antônio Andrade, organizaram eles uma expedição de 10 Cardoso de Barros, só veio ao Brasil em 1549, na navios e 900 homens, que, sob o comando de Aires companhia do primeiro governador, Tomé de Sousa. da Cunha veio ao Brasil em 1535. Tocou em Viajando para a Metrópole em 1556, no mesmo Pernambuco, onde recebeu auxílio de Duarte navio em que ia D. Pêro Fernandes Sardinha, com Coelho, velejando depois para o Norte; atingindo este foi morto pelos caetés, quando do naufrágio que Aires da Cunha as costas do Rio Grande do Norte, sofreram na costa alagoana. que constituía o seu lote juntamente com João de Barros, encontrou forte oposição dos potiguares, que Espírito Santo. ali se tinham aliado a franceses contrabandistas de Vasco Fernandes Coutinho chegou a fundar duas pau-brasil. Resolveu então tentar melhor sorte, vilas na sua Capitania: Espírito Santo (depois dirigindo-se a terras do terceiro sócio, Fernando chamada Vila Velha) e Nossa Senhora da Vitória, Álvares de Andrade, mas naufragou e pereceu com nas quais montou engenhos de açúcar e deu outras toda a tripulação. Em 1554 Luís de Melo da Silva de providências para a continuidade da colonização. novo tentou o povoamento do Maranhão, mas Contudo, logo entrou em sérias dissensões com o fracassou. Abandonada pelos portugueses, nela principal dos sesmeiros, Duarte de Lemos, como na do Rio Grande andaram os franceses a agravadas por ferozes ataques de índios. pilhar com desenvoltura, fato que determinou a Desanimado, transferiu o senhorio a um seu filho e conquista oficial de ambas as donatarias no século homônimo, que por sua vez o deixou à sua mãe, seguinte. viúva do primeiro donatário, Luísa Grinalda ou Grimaldi; também esta se retirou logo para a Pernambuco ou Nova Lusitânia. Metrópole, ficando na Donataria o Capitão Miguel de Duarte Coelho chegou à sua Capitania em março de Azeredo. De Vasco Fernandes Coutinho diz o 1535, ali encontrando uns começos de povoação no historiador Frei Vicente do Salvador que morreu Porto dos Marcos e em Igaraçu. Instalou-se pobremente em Lisboa, sem “um lençol seu em que primeiramente neste segundo núcleo; depois, o amortalhassem”. procurando local mais aprazível e seguro para se estabelecer definitivamente, atingiu, perto da entrada Ilhéus. ou barra do Pernambuco, uma colina a que os índios Jorge de Figueiredo Correia não cuidou davam o nome de Marim, ou Mair-i, que significa, pessoalmente de sua Capitania, nem o fez um seu segundo Varnhagen, água ou rio dos franceses, e filho homônimo; outro filho e herdeiro, Jerônimo isto indica que foram eles que ali primeiramente se Figueiredo de Alarcão, vendeu-a ao antigo sesmeiro estabeleceram. Desalojando os índios aldeados Lucas Giraldes, comerciante italiano de Lisboa, cujo naquelas terras, no que teria sido auxiliado por um filho, Francisco, quinto donatário por ordem de certo Vasco Lucena, português que, como o Caramuru, desde muito vivia entre os selvagens, pau-brasil, contudo, logo entrou em atrito com os mandou edificar uma praça forte, capela e outros colonos, que o prenderam e remeteram a Portugal, edifícios, bem assim casario para os colonos. Diz sob a acusação de heresia, seu herdeiro, de nome Rocha Pombo: “Com muita solicitude empenhou-se Fernão, passou a Capitania à irmã, Leonor, que a Duarte Coelho em organizar a colônia, instituindo vendeu a D.João de Lencastre, l° Duque de Aveiro. uma ordem perfeita nas duas povoações (a de Marim Continuamente atacada pelos aimorés, ali só se e a de Igaraçu, onde deixara uma guarnição), e pode manter a Vila de Porto Seguro, sede da regulando principalmente a vida econômica da Donataria e ponto de partida das primeiras entradas Capitania. Todo o seu cuidado consistiu em formar a que se dirigiram ao sertão brasileiro. Seu último propriedade agrária, e em prescrever certas regras donatário foi D. Pedro Dinis de Lencastre. especiais para as relações entre os moradores. Criou o tombamento das terras, e o registro civil das Santana. famílias e dos indivíduos que entrassem na Pertencente o benefício desta Capitania aos Capitania com ânimo de nela estabelecer-se, e para donatários da de Itamaracá, permaneceram suas isso instalando um edifício especial, a cargo do terras abandonadas até fins do século XVI. próprio almoxarifado régio, a fim de que as notas e certificados valessem no Reino. Organizou as Santo Amaro. justiças; proveu à administração local, criando Por estar encravada na de São Vicente, prosperou almotacerias, e dando regimentos para todos os um pouco esta Capitania, cujos donatários foram os serviços, e superintendendo ele próprio, com mesmos da de Itamaracá e Santana. prudência e discernimento, a tudo quanto interessasse à vitalidade das suas povoações.” Em São Tomé. 1537 a povoação de Marim foi constituída O Donatário Pêro de Góis, antigo companheiro de oficialmente em vila, com o nome de Olinda, Martim Afonso de Sousa e morador de São Vicente, proveniente, segundo Frei Vicente do Salvador, da fundou a Vila da Rainha junto ao Rio Managé exclamação de “um galego, criado de Duarte Coelho, (atualmente Itabapoana), posteriormente atacada e porque, andando com outros por entre o mato, completamente destruída pelos goitacases. Em 12- buscando o sítio onde se edificasse, achando este, 5-1548 Luís de Góis, irmão do donatário, escrevia ao que é um monte alto, disse com exclamação e Rei D. João III: “Senhor, se com tempo e brevidade alegria: “Ó linda!” . O filólogo Leite de Vasconcelos V.A. não socorre a estas Capitanias e costas do diz que Olinda provém do árabe 'Al-hind', que apenas Brasil, ainda que nós percamos as vidas e fazendas, significa a espada. Em princípios do século XVI já V.A. perderá a terra... Socorra V. A., e com braço havia em Portugal um lugar chamado Olinda, donde forte, que tudo há mister, e se não mover a terra e os certamente se originou o nome da antiga capital inconvenientes acima ditos, haja V.A. piedade de pernambucana. Fundada Olinda, progrediu muitas almas cristãs.” O segundo donatário desta rapidamente a colônia, tomando largo incremento a Capitania, Gil de Góis, filho do primeiro, despendeu lavoura e a criação de gado; em poucos anos se inúteis esforços para estabelecer nova povoação, desenvolveu a cultura do fumo, do algodão e a em Pargo. indústria do açúcar, artigos desde logo exportados para o Reino e para as outras capitanias. Tendo São Vicente. ampliado o povoamento e praticamente explorado Embora sem a presença do seu donatário, Martim todas as riquezas da Capitania, retornou Duarte Afonso de Sousa, e governada por prepostos Coelho à Europa (morreu em Lisboa, em 1554), tomados por sua mulher e procuradora, Ana deixando aqui como lugar-tenente um seu cunhado, Pimentel, progrediu consideravelmente, no início, Jerônimo de Albuquerque, e levando todos os filhos, esta Capitania. A partir do engenho de açúcar Duarte e Jorge, nascidos já no Brasil. Da Capitania construído por Martim Afonso quando da expedição de Pernambuco ou Nova Lusitânia diz Helio Vianna: colonizadora de 1530-1532 (engenho denominado “Favorecida pela maior proximidade da Europa; do Senhor Governador, depois dos Armadores e possuindo muito pau-brasil nas matas litorâneas e afinal de São Jorge dos Erasmos, por ter passado à excelentes terras adaptáveis ao cultivo da cana-de- posse de um rico alemão de nome Erasmo Schetz), açúcar; beneficiada, acima de tudo, por donatários e cresceu a povoação com a montagem de outros povoadores à alma de sua missão de pioneiros, foi a engenhos por novos colonos, que iam fundando capitania de Pernambuco a mais importante do núcleos de povoamento em vários pontos do litoral e Brasil, durante o século XVI.” Com efeito, ao findar o do planalto, entre os quais Todos os Santos, ou século XVI, Pernambuco contava com mais de 60 simplesmente Santos, fundado por Brás Cubas, engenhos e vivia intensamente a importante fase da antigo companheiro de Martim Afonso e fundador da História do Brasil conhecida por Ciclo do Açúcar. primeira Casa de Misericórdia do Brasil e talvez da América. Assim descreve Frei Gaspar da Madre de Porto Seguro. Deus a fundação de Santos: “ ...com esmolas e O Donatário Pêro do Campo Tourinho era um rico adjutórios dos confrades, edificou uma igreja com o proprietário em Viana e quando veio para o Brasil título de Nossa Senhora da Misericórdia, e junto a ela trouxe todos os seus haveres, a família e muitos um hospital com o apelido de Santos, à imitação de colonos. Plantou cana, (construiu engenhos e cortou outro que, em Lisboa, tinha o mesmo nome. Este título, que somente era próprio do hospital, depressa se comunicou à povoação e, daí por diante, entraram 3. Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém. a chamar-lhe Porto de Santos” , e, depois, Situada ao sul de São Vicente, resultou de uma simplesmente Santos. Seguiram-se-lhe Santo André questão judicial entre os herdeiros de Martim Afonso da Borda do Campo, São Paulo do Campo de de Sousa. Primeiramente, teve o seu beneficio a Piratininga, Nossa Senhora da Conceição de Condessa de Vimieiro, D. Mariana de Sousa da Itanhaém e Iguape, Ilha Grande de Angra dos Reis, Guerra. não obstante os continuados ataques dos índios instigados pelos franceses, e os quais ocorreram até 4. Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, cerca de 1570; os guaianases perturbaram diversas resultante da mesma questão judicial, levantada pelo vezes a vida de São Paulo, que incorporou os l° Marquês de Cascais, herdeiro das Capitanias de moradores de Santo André; e ante a séria ameaça Santana, São Vicente e Itamaracá. dos tamoios, Nóbrega e Anchieta tiveram de pacificá-los em Iperoig, hoje Ubatuba. Nos seus 5. Ilha de Santa Catarina, concedida por D. Afonso primórdios, sofrerá a Capitania um ataque dos VI, em 1664, a Agostinho Barbalho Bezerra e da qual espanhóis de Iguape, que chegaram a saquear São também não se conhecem providências Vicente, mas foram afinal repelidos por forças do administrativas. comando de Pêro de Góis e Francisco Pinto. Posteriormente, também corsários ingleses 6. Rio da Prata, lote na foz do Rio da Prata, para o atacaram os portos vicentinos: Eduardo Fenton, em norte, concedido também a descendentes de 1583; Cavendish, entre 1591 e 1592. A Capitania de Salvador Correia de Sá, sem nenhum resultado São Vicente, segundo observa Almeida Prado, “ prático. divergiu desde os seus primórdios das demais do Brasil, pelo fato de dirigir os seus filhos para o interior No Estado do Maranhão da colônia, ao invés de medrar na orla costeira dependente do oceano”. Realmente, a descoberta 1. Cumá ou Cumã, também chamada Tapuitapera e de ouro de lavagem na Capitania, e a crescente situada nos limites de São Luís; tinha sede na Vila importância das bandeiras de caça ao índio fariam, de Alcântara e foi doada a Antônio Coelho de de São Vicente, a entrada principal do Sul, do Oeste Carvalho. e do Centro da Colônia, ainda desconhecidos. Falecendo Martim Afonso de Sousa em 1571, 2. Caeté ou Gurupi, entre os Rios Turiaçu e Caeté, herdou a Capitania seu filho Pêro Lopes de Sousa, em terras dos atuais estados do Maranhão e Pará, que morreu em lutas contra os mouros na Península. concedida a Álvaro de Sousa. O terceiro donatário foi Lopo de Sousa, também herdeiro de Itamaracá, Santo Amaro e Santana. 3. Cametá ou Camutá, situada à margens do Rio Tocantins e doada a Feliciano Coelho de Carvalho. CAPITANIAS HEREDITÁRIAS NOS SÉCULOS XVII e XVIII 4. Cabo do Norte, em terras pertencentes ao atual Ao terminar o século XVI existiam no Brasil apenas Território Federal do Amapá, concedida, em 1637, a onze Capitanias Hereditárias: Fernando de Noronha, Bento Maciel Parente. Itamaracá, Pernambuco ou Nova Lusitânia, Paraguaçu ou Recôncavo da Bahia, Itaparica, Ilhéus, 5. Ilha Grande de Joanes ou Marajó, doada a Antônio Porto Seguro, Espirito Santo, São Tomé, São de Sousa de Macedo. Vicente e Santo Amaro, incluindo as terras de Santana,ainda despovoadas. No século XVII dividiu- 6. Xingu, à margem direita do rio deste nome, doada se o país em dois Estados: o Estado do Brasil por D.Pedro II, em 1685, a Gaspar de Abreu de propriamente dito, e o Estado do Maranhão, com Freitas, que a destinou ao seu filho Luís; porém, sem governo separado. Em ambos esses Estados nenhum resultado prático. criaram-se então mais doze Capitanias Hereditárias, assim distribuídas: No século XVIII, por determinação de D. João V e do Marquês de Pombal não mais se concederam No Estado do Brasil Capitanias Hereditárias; e por compra, abandono ou 1. Rio Grande (atual Rio Grande do Norte), que até confisco, extinguiram-se as ainda existentes. São fins do século XVI fora Capitania da Coroa; Vicente, Santo Amaro e Nossa Senhora do Rosário concedida a Francisco Barreto, que a destinara à sua de Paranaguá, anexas também as terras de filha com o título de condado; não se conhece Santana, foram adquiridas pela Coroa ao 2º Marquês nenhuma providência administrativa tomada pelo de Cascais: a transferência, iniciada em 1701) donatário. (quando D. João V ali criou a nova Capitania Real de São Paulo e Minas do Ouro), ultimou-se em 1711, 2. Campos dos Goitacases. Composta de terras mediante o pagamento de 44.000 cruzados ao antes pertencentes à Capitania de São Tomé, então donatário. extinta; dividida em dois lotes, foi concedida a descendentes de Salvador Correia de Sá. Pernambuco passou ao domínio da Coroa em 1654, por ter o seu quarto e último donatário, Duarte de Albuquerque Coelho, tomado o partido da Espanha, contra Portugal, quando da restauração portuguesa de 1640.
A Capitania do do Espírito Santo passou ao domínio
da Coroa em 1718, mediante o pagamento de 40.000 cruzados ao seu ultimo titular, Cosme Rolim de Moura.
Fernando de Noronha reverteu à Coroa no reinado
de D. João V, e a Capitania de Porto Seguro foi confiscada ao último Duque de Aveiro, acusado de tentativa de regicídio.
As demais foram adquiridas pela Coroa aos seus
respectivos titulares e posteriormente incorporadas a territórios de Capitanias Reais já existentes: Ilha de Joanes, ou Marajó, comprada a Luís de Sousa Macedo, 3º Barão da Ilha Grande de Joanes; Cametá e Cumã ou Tapuitapera, adquiridas ao Donatário Francisco de Albuquerque Coelho de Carvalho; Caeté ou Gurupi, vendida à Coroa pelo Porteiro-Mor Manuel Antônio de Sousa e Melo; Itamaracá e Itaparica, obtidas ao 2º Marquês de Louriçal, descendente dos Marqueses de Cascais; Paraguaçu ou Recôncavo da Bahia, adquirida ao Armeiro-Mor D. José da Costa e Sousa; Ilhéus, obtida de D. Antônio José de Castro; Campos dos Goitacases, adquirida ao 4° Visconde de Asseca; Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém, vendida pelo 5° Conde da Ilha do Príncipe.
Texto organizado pelo Departamento Editorial das
Edições Melhoramentos com redação de Brasil Bandecchi, Leonardo Arroyo e Ubiratan Rosa em "Novo Dicionário de História do Brasil", Editora Melhoramentos, São Paulo, 1970, excertos pp.135- 143. Digitalizado, adaptado e ilustrado por Leopoldo Costa.