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Oficinas de Educação Superior - 2020

LCF-5875 (professor: Marcos Sorrentino)

Objetivos
 Estimular e apoiar os participantes a desenvolverem conhecimentos no campo da
educação e sobre o papel e possibilidades das IES (Instituições de Educação Superior)
planejarem e implantarem processos educadores e de transformação social;
 Proporcionar vivências, reflexões e análises sobre práticas docentes universitárias em
distintas áreas de conhecimento;
 Contribuir para os participantes elaborarem propostas de cursos que possam ser
realizados em sua vida profissional.

Justificativa
Muitos são os pós-graduandos que se dedicam ou irão se dedicar à docência, sem nenhuma
etapa reflexiva sobre o ensino universitário e sobre experiências docentes consolidadas. A
possibilidade de decepção, tanto do futuro docente, quanto dos seus estudantes, poderá ser
creditada, ao menos em parte, à ausência de conhecimentos sobre a prática docente em si,
especificidades de cada área e o contato com sucessos e insucessos de outras experiências.
No sentido de diminuir esta lacuna e incentivar a reflexão sobre educação, ensino e
universidade, é que se fundamenta a presente proposta.

Conteúdos
1. Mapeamento e diagnóstico da realidade: das utopias e conjuntura às políticas
estruturantes; instituído e instituinte; valores e conhecimentos; atores sociais, indivíduos e
grupos.
2. Fundamentos filosóficos e metodológicos: educação, ensino e aprendizagem; IES;
contemporaneidade e modernidade; identidade, comunidade, diálogo e potência de ação.
3. Conteúdos e técnicas: conexão com objetivos e métodos; entre a realidade e a utopia;
tecnologias da informação e os saberes necessários à educação do futuro.
4. Avaliação e sustentabilidade: monitoramento e indicadores; retenção e relevância de
aprendizados.

Atividades
Rotina de Aula: Apresentação da resenha da aula do período anterior e
oferta de presentes (pequenos textos, vídeos, ou outros e reflexões sobre
os mesmos) - momento coordenado pela equipe responsável pela aula,
que também se responsabiliza pelos cuidados com a sala. Diálogos sobre
o tema do período ou palestra. Avaliação da aula, encaminhamentos e
arrumação da sala.

Cada estudante tem a possibilidade de elaborar um diário de bordo, com


as suas reflexões e aprendizados na área. Esse diário e os textos de
resumo e reflexões sobre a literatura estudada deve ser postado no stoa e
entregue periodicamente ao professor, como uma forma de diálogo e de
acompanhamento dos aprendizados.

Aula/período 1 (antes do dia 08/10)


Preparação individual das leituras e dos materiais a serem apresentados na aula do dia 08/10:
1. autobiografia (história de vida e reflexões sobre a educação superior, por meio de um
pequeno vídeo, desenho, pintura, ppt ou outra manifestação que considere pertinente); 2.
leitura do programa e anotação de dúvidas e sugestões; 3. Leitura e fichamento dos três textos
iniciais: Os mestres de Rousseau, de Moacir Gadotti (p. 9 a 28); Universidade Para Quê? De
Darcy Ribeiro (p. 1 a 30); Diálogo e Transição Educadora para Sociedades Sustentáveis, de
Monteiro et al. (prefácio e escolher capítulos de seu interesse); A Universidade pós-
pandêmica, de Boaventura de Sousa Santos (ao final deste Programa).

Aula 2/período (08/10 – manhã)


Apresentações: dos participantes (5 a 10’ para cada estudante apresentar o seu vídeo e/ou ppt
e/ou cartaz, ou ...), diálogos sobre a proposta e o programa da disciplina. Definições sobre a
“rotina de aula” e acordos de convivência. Formação dos grupos (seis grupos de três ou
quatro estudantes) para resenhas, cuidados com a sala e realização das propostas de
intervenção educadora na educação superior. Prova 1.

Aula 3/período (08/10 – tarde)


Finalização das atividades da manhã e Diálogos iniciais sobre Propósitos, conjuntura e
utopias e a realidade da educação superior.
Passar o vídeo de encerramento do Simpósio da Oca.
Meditação: em busca de meus propósitos
Avaliação sobre as atividades das três primeiras aulas;
Apresentação das tarefas para a semana:
 Leitura e fichamento, por todos, da Introdução do livro O Ensino Universitário: seu
cenário e seus protagonistas de Miguel A. Zabalza.
 Leituras dos demais capítulos do livro do Zabalza (um por grupo para apresentação na
px aula. O sexto grupo se responsabiliza pela leitura do livro de Boaventura sobre a
Univ. do Séc. XXI).
 Cada um realizar um mapeamento inicial do cenário e protagonistas do caso que
gostaria de estudar, para na px aula definir com a equipe qual será e elaborarem juntos
uma proposta inicial de Projeto, Programa ou de Projeto Político Pedagógico a ser
delineado ao longo do curso, focada na melhoria da Educação Superior: - P orque você
pretende escolher este curso/disciplina/instituição? - Como esta disciplina/curso/instituição
é reconhecido(a)?- Quais são suas principais limitações? - Qual é a opinião do
professor/coordenador/diretor sobre o programa ou projeto político pedagógico vigente
desta disciplina/curso/instituição? (realize entrevistas, consiga documentos sobre a
disciplina/curso/instituição que está propondo ao seu grupo estudar e elaborar a proposta
de um programa ou PPP).

Avaliação do dia.
Convite para as 18 horas participarem da mesa redonda sobre A Resistência à Ditadura em
Piracicaba e os Congressos da UNE em 80 e 82, promovidos pela Frente Democrática Luiz
Hirata.
Acordos Coletivos: Início 9 horas e término 12 horas com 15 minutos de intervalo. No
período da Tarde: das 14 às 17h, com 15 minutos de intervalo. Trazer mais referência
bibliográfica elaborada por mulheres, negras e negros, e outrs que se diferenciem do olhar de
uma parcela da humanidade que é a européia, branca e masculina.
Grupos com os estudantes presentes no dia 08/10: 1. Giovana, Germano e Fridha; 2.
Henrique, Thaiane e Vanessa; 3. Ana Paula, Lyvia e Nádia; 4. Julia, Mariana Saito e
Matheus; 5. Nikolas, Nathália e Bruno Fernandes; 6. Leif, Bruno Garcia e Martina.
Aula/período 4 (antes do dia 15/10)
Realização das tarefas apresentadas na aula anterior:
Sistematização dos Estudos individuais e diálogos em grupos sobre o texto provocador e
complementares para a fundamentação teórica da Proposta de Curso ou de Instituição ou de
Disciplina, que irão desenvolver.
Desafio: Diagnóstico para possível Estudo do Meio e Ensino por Solução de Problemas.
Conhecendo a nossa realidade, interagindo com a comunidade. Mapeamento e diagnóstico
que permita a construção da Proposta. Sugestão de trabalharem o aprendizado da
problemática socioambiental incorporada às áreas de competências nas quais atuam ou
pretendem atuar.
Durante a semana devem elaborar um roteiro para realizarem uma boa fundamentação teórica
e metodológica para a sua proposta de curso/disciplina/instituição a ser apresentada ao final
desta disciplina. Dela devem derivar os objetivos do curso, a serem apresentados, dialogados
e definidos em sua primeira versão na aula de 15/10.
Aulas/períodos 5 e 6 (15/10 – manhã ou tarde on line e no outro período trabalho nos
grupos)
Resenha e presentes: síntese analítica do encontro presencial e das atividades à distância
realizadas na semana anterior (estudantes); Esclarecimentos de dúvidas sobre: a proposta e o
programa da disciplina; sobre a “rotina de aula” e os acordos de convivência; sobre os
trabalhos da semana.
Apresentação sobre os estudos, leituras, fichamentos realizados individualmente e
esclarecimento de dúvidas sobre a proposta a ser realizada pelos grupos. Definições nos
grupos sobre a mesma.
Síntese conceitual: Da filosofia à pedagogia, passando pelos conteúdos técnicos
específicos e pela incidência em políticas públicas – os desafios da educação superior!
Apresentação da tarefa para a semana - leituras e fichamentos para aprofundar e oferecer
respostas à pergunta:
Quais são as propostas do grupo (pedagógicas, de conteúdos técnicos e de incidência em
políticas públicas) para construir uma Universidade (ou IES) sintonizada com a utopia
e o diagnóstico sobre os maiores desafios para a humanidade no mundo atual.
. Vídeo de fechamento do Simpósio da Oca de 2020
. Pelo menos uma leitura por pessoa do grupo escolhida entre os textos disponibilizados e/ou
outros que considerem importantes para a construção dos conhecimentos do grupo - como
exemplos: Boaventura de Sousa Santos; Enrique Leff; Darcy Ribeiro; Nicolescu Basarab;
Edgar Morin; Jacques Delors; Clássicos;
Avaliação do período.

Aula/período 7 (22/10)
Trabalhos autogestionados em grupo para prepararem apresentações das leituras e da
Proposta de curso/disciplina/instituição.

Aulas 8 e 9 (29/10 – dia todo)


Resenha e presentes: síntese analítica do encontro anterior e esclarecimentos sobre os
trabalhos realizados na semana.
Desafio do dia: Apresentação e diálogos sobre os textos lidos e sobre os trabalhos dos grupos.

Aulas/períodos 10 e 11 (05/11 – manhã e tarde)


Resenha e presentes Estudos: Continuidade das apresentações dos textos
Intervalo e cuidados com a sala: (grupos 1 e 2)
Síntese conceitual e apresentação do desafio para a semana:
Avaliação do dia.

Aulas/períodos 12 e 13 (12/11 – manhã e tarde)


Resenha e presentes síntese analítica dos encontros anteriores. Esclarecimentos de dúvidas.
Apresentação das propostas dos grupos e debates sobre elas!
Intervalo e cuidados com a sala: (grupos 3 e 4)
Avaliação do dia.

Aulas/períodos 14 e 15 (19/11 – manhã e tarde)


Apresentação das propostas dos grupos e debates sobre elas!
Intervalo e cuidados com a sala: (grupos 5 e 6)

Aula 16 (26/11 - manhã)


Resenha e presentes: todos
Síntese conceitual de finalização da disciplina.
Intervalo: lanche (todos)
Avaliação da disciplina.

Entrega dos trabalhos escritos: 10/01


Devolução: 18/01
Notas finais: 20/01

Bibliografia
ADICHIE, Chimamanda. Disponível em
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GIL, Antonio Carlos. Didática do Ensino Superior. São Paulo: Atlas, 2008.

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MONTEIRO, Rafael; SORRENTINO, Marcos; JACOBI, Pedro. Diálogos e transição educadora para
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MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez, 2000.

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Restoration of Degraded Areas: Public Policies Committed to Diversity. In: RODRIGUES, Ricardo
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ZABALZA,

Avaliação
Participação em todas as atividades da disciplina e fora dela (aulas, fichamentos de leituras,
estudos, diagnósticos, reuniões), reflexões analíticas e intuições sobre as mesmas, expostas no
diário de bordo.

Apresentação escrita e oral da Proposta de Curso/Disciplina/Instituição na sua área de atuação.

A título de exemplo cito abaixo algumas possibilidades de atividades extras que podem ser
contabilizadas nas atividades realizadas como parte do amadurecimento para realizar um bom
trabalho na disciplina:

1. Seminários na sua área de atuação;


2. Salão do Humor de Piracicaba;
3. Estudos do Meio;
4.

Mapeamentos e Diagnósticos

1. Ana Carolina Murad Lima; ana.murad.lima@usp.br


2. Ana Clara Nery da Silva; anaclaranery@usp.br
3. Ana Paula Negri; ana.negri@usp.br
4. Anna Fridha Santos Ott; annafridha@usp.br
5. Bruno Fernandes; bruno.pira@usp.br
6. Bruno Oliveira Garcia; garciabrunooliveira@usp.br
7. Fabiana Gonçalves Bastos; fabiana.bastos@usp.br
8. Germano de Freitas Chagas; germano.chagas@usp.br
9. Giovana Reali Stuani; giovanarstuani@usp.br
10. Henrique Curi Penna; hcpenna@usp.br
11. Júlia Benfica Senra; juliabenficas@usp.br
12. Juliana Cristina dos Santos; juliana.cristina.santos@usp.br
13. Leif Armando Portal Cahuana; leifportal@usp.br
14. Lyvia Amado de Oliveira; lyvia.oliveira@usp.br
15. Mariana Shizue Gouveia Saito; mariana.shizue.saito@usp.br
16. Martina Croso Mazzuco; martina@crosomazzucco.com
17. Matheus Vieira de Souza; matheusvieira@usp.br
18. Nadia Rosário de Oliveira; nadia.rosario.oliveira@usp.br
19. Nathalia Formenton da Silva; nathalia.formenton@usp.br
20. Níkolas de Souza Mateus; nikolas.mateus@usp.br
21. Thaiane Defalco; thaidefalco@usp.br
22. Thaís Naliato Chequer; thais.chequer@usp.br

Ana Carolina Murad Lima ana.murad.lima@usp.br 6826562 -

anaclaranery@usp.br 9560082 -
Ana Clara Nery da Silva

ana.negri@usp.br 6884196 -
Ana Paula Negri

annafridha@usp.br 11456396 -
Anna Fridha Santos Ott

bruno.pira@usp.br 9193548 -
Bruno Fernandes

garciabrunooliveira@usp.br 11151198 -
Bruno Oliveira Garcia

fabiana.bastos@usp.br 8017924 -
Fabiana Gonçalves Bastos

Germano de Freitas germano.chagas@usp.br 6459510 -


Chagas

giovanarstuani@usp.br 12026467 -
Giovana Reali Stuani

hcpenna@usp.br 11494739 -
Henrique Curi Penna

juliabenficas@usp.br 11551399 -
Julia Benfica Senra
Juliana Cristina dos juliana.cristina.santos@usp.br 8967813 -
Santos

lyvia.oliveira@usp.br 8923950 -
Lyvia Amado de Oliveira

Mariana Shizue Gouveia mariana.shizue.saito@usp.br 8017987 -


Saito

matheusvieira@usp.br 10827449 -
Matheus Vieira de Souza

nadia.rosario.oliveira@usp.br 8563538 -
Nádia Rosário de Oliveira

Nathalia Formenton da nathalia.formenton@usp.br 4771961 -


Silva

nikolas.mateus@usp.br 8018136 -
Nikolas de Souza Mateus

thaidefalco@usp.br 11713357 -
Thaiane Defalco

thais.chequer@usp.br 7276092 -
Thaís Naliato Chequer

Boaventura: A universidade pós-


pandêmica
Poucas instituições estarão tão ameaçadas. Mas nenhuma será tão
importante para ajudar as sociedades pensar um mundo regido
por novas lógicas. Mais: para transformar, a universidade
precisará revolucionar-se. Eis algumas pistas
OUTRASPALAVRAS
ALÉM DA MERCADORIA
por Boaventura de Sousa Santos
Publicado 02/07/2020 às 20:51 - Atualizado 02/07/2020 às 21:06
Por Boaventura de Sousa Santos

Para compreendermos o que pode vir a passar-se com a universidade é necessário


lembrar os ataques principais de que era alvo a moderna universidade pública (UP)
antes da pandemia. Foram dois os ataques globais. Provinham de duas forças que se
podem sintetizar em dois conceitos: capitalismo universitário e ultradireita
ideológica. O primeiro ataque intensificou-se nos últimos quarenta anos com a
consolidação do neoliberalismo como lógica dominante do capitalismo global. A
universidade passou a ser concebida como área de investimento potencialmente
lucrativo. Iniciou-se então um processo multifacetado que incluiu, entre outras, as
seguintes medidas [que variaram de país para país]: permitir e promover a criação de
universidades privadas e permitir-lhes acesso a fundos públicos; invocar a crise
financeira do Estado para sub-financiar as UPs; degradar os salários dos professores
e flexibilizar a sua ligação à UP de modo a poderem dar aulas nas universidades
privadas, promovendo assim uma transferência do investimento público na formação
dos professores para o setor privado; instituir o pagamento de taxas onde antes o
ensino era gratuito e incentivar as UPs a obter receitas próprias; introduzir a lógica
mercantil na gestão das UPs, o que foi feito em diferentes fases: as UPs devem ser
mais relevantes para a sociedade, sobretudo formando pessoal qualificado para o
mercado; o estatuto de professor e de investigador deve ser flexibilizado (quer dizer:
precarizado), acompanhando a lógica global do mercado de trabalho; os estudantes
devem ser vistos como consumidores de um serviço e os professores devem ser
sujeitos a critérios globais de produtividade; as UPs devem ser geridas como uma
empresa como qualquer outra; as UPs devem integrar sistemas de ranking global
para permitir aferir “objetivamente” o valor mercantil dos serviços universitários. Na
Europa, e apesar de toda a retórica em contrário, o principal objetivo do processo de
Bolonha foi consolidar a nível europeu o modelo de universidade neoliberal. No caso
português, este processo envolveu o fim da eleição democrática dos reitores, talvez a
única medida fatalmente errada do saudoso ministro Mariano Gago.

As razões mais profundas do ataque do neoliberalismo às UPs residem em que estas


tinham sido tradicionalmente as formuladoras de projetos nacionais, projetos sem
dúvida elitistas e por vezes altamente excludentes (racistas, colonialistas, sexistas)
mas que procuravam dar consistência à economia capitalista nacional e à sociedade
em que ela assentava. Acontece que para o neoliberalismo a ideia de projeto
nacional, tal como a ideia de capitalismo nacional, era anátema. O objetivo era a
globalização das relações econômicas, em termos de livre circulação de capitais e de
bens e serviços (não de trabalhadores). Em consequência de tudo isto, as UPs
estavam antes da pandemia muito desfiguradas, sem qualquer visão de missão social,
a braços com crises financeiras crônicas. Em geral, os reitores refletiam este
panorama, gestores de crises financeiras, incapazes de pôr em prática ideias
inovadoras mesmo se as tivessem, o que passou a ser raro, sobretudo onde deixaram
de ser eleitos pela comunidade universitária.

O segundo ataque, mais recente, veio da direita ultraliberal ideológica, portadora de


uma ideologia extremamente conservadora, quando não reacionária, por vezes
formulada em termos religiosos. Esta direita, apoiada socialmente por grupos
radicais, de extrema-direita, de tipo neo-nazi ou de proselitismo religioso. Esta ultra-
direita chegou ao governo em diferentes países, da Hungria à Turquia, do Brasil à
Índia, da Polónia aos EUA. Mas em alguns países, como, por exemplo, nos EUA,
vinha há muito influenciando a política universitária, ao nível dos estados da
federação e a partir das estruturas de governação das UPs. Este ataque, apesar de
altamente ideológico, apresentou-se como anti-ideológico e foi formulado de duas
formas principais. A primeira foi a de que todo o pensamento crítico, livre e
independente visa subverter as instituições e desestabilizar a ordem social. A UP é o
ninho onde se alimentam os esquerdistas e se propaga o “Marxismo cultural”, uma
expressão usada pelo Nazismo para demonizar os intelectuais de esquerda, muitos
dos quais eram judeus. A segunda tem sido particularmente dominante na Índia e
concebe como ideologia tudo o que não coincide com entendimento político
conservador do Hinduísmo político. Tanto o iluminismo eurocêntrico como o Islã são
considerados perigosamente subversivos. Noutros contextos, é o Islã político que faz
o papel de guardião ideológico contra as ideologias.

Os dois ataques, apesar de diferentes na formulação e na base de sustentação, são


convergentes no mesmo objetivo: impedir que a UP continue a produzir
conhecimento crítico, livre, plural e independente. Muitas das críticas anti-
ideológicas usaram a crise financeira das UPs para reduzir o ensino às matérias
básicas, supostamente isentas de ideologia e mais úteis para o mercado de trabalho.
Muitas das matérias ditas ideológicas eram dadas em cursos optativos, em
departamentos de literatura e de filosofia ou em departamentos recém-criados. O
ataque consistiu em eliminar as opções e fechar esses departamentos por supostas
razões financeiras.

Durante a pandemia, estes ataques atenuaram-se e as UPs centraram as suas


prioridades em adaptar-se às mudanças causadas pela pandemia. Muitas viram a sua
visibilidade pública aumentar graças ao protagonismo dos cientistas com
investigação em áreas relevantes para a covid-19. O período que se vai seguir não
será um tempo livre de pandemia e com a UP a regressar rapidamente ao seu normal.
Vai ser um período de pandemia intermitente. Para projetar o que está em causa no
próximo período há que responder a várias perguntas.

Como se comportou a universidade durante a pandemia? É muito difícil


generalizar, mas pode-se dizer que se aprofundou o centralismo e não se alterou um
milímetro a lógica burocrática, que domina hoje nas relações intra-universitárias;
cuidou-se pouco dos estudantes fora dos breves momentos online ou a braços com as
exclusões que suposta cidadania digital provocou; os professores que dedicaram mais
tempo aos estudantes fizeram-no por iniciativa própria e espírito de missão;
descuidou-se totalmente a situação dos professores, enfrentando alterações na vida
familiar, recorrendo a tecnologias de ensino com que a maioria estava pouco
familiarizada, com uma carga burocrática imensa, com a vontade de inovar, quase
por necessidade ante os desafios da pandemia, mas barrados pelo muro de
burocracia. Em suma, a pandemia veio agravar as tendências de degradação da
universidade que já se vinham a notar há muito.

Como vai a UP posicionar-se na disputa da narrativa? Logo que passe a fase aguda


da pandemia vai haver um conflito ideológico e político sobre a natureza da crise e os
caminhos de futuro. A especificidade da UP é ter que responder a esta pergunta a
dois níveis: ao nível da sociedade em geral e ao nível da universidade em especial.
Desenham-se três cenários: vai tudo voltar ao normal rapidamente; vai haver
mudanças mínimas para que tudo fique na mesma; a pandemia é a oportunidade
para pensar numa alternativa ao modelo de sociedade e de civilização em que temos
vivido, assente numa exploração sem precedentes dos recursos naturais que, em
conjunto com a iminente catástrofe ecológica, vai lançar-nos num inferno de
pandemias recorrentes. Como vai a UP expor os cenários e posicionar-se perante
eles?

Como vai responder aos ataques que precederam a pandemia? O modo como a UP
interpretar a crise e lhe responder vai ser decisivo para ela se posicionar perante os
dois ataques precedentes: o neoliberalismo universitário e a ultra-direita ideológica.
Tenho para mim que a UP só se defenderá eficazmente deles na medida em que se
centrar no terceiro cenário. Não é apenas a instituição que melhor pode equacionar o
terceiro cenário e caracterizar o período de transição que ele implica. É a única
instituição que o pode fazer. Se ela o não fizer, será devorada pela vertigem
neoliberal que agora se vê fortalecida pela orgia tecnológica de zoom, streamyard,
webex, webinar, etc. Virão os vendedores do primeiro e do segundo cenários. E, para
eles, a UP do futuro é online: imensas poupanças em pessoal docente, técnico, e em
instalações; modo expedito de acabar com matérias “ideológicas” e com os protestos
universitários (não há estátuas online); eliminação de processos deliberativos
presenciais disfuncionais. Finalmente, o fim da crise financeira. Mas também o fim
da universidade como a conhecemos.

Como vai a UP lutar pelo seu futuro? Como disse, o futuro da UP está vinculado à
credibilização do terceiro cenário. A estratégia pode resumir-se nas seguintes
palavras-chaves: democratizar, desmercantilizar, descolonizar, despatriarcalizar.

Democratizar. A democratização da UP tem múltiplas dimensões. A UP tem de


democratizar a eleição dos seus reitores e dirigentes. Instituições não democráticas
para eleições indiretas estão historicamente condenadas. São, no pior dos casos,
antros de compadrio e cooptação e, no melhor, espelhismos de irrelevância. Só a
comunidade universitária no seu conjunto tem legitimidade para eleger os reitores e
demais dirigentes. A UP tem de democratizar as suas relações com a sociedade. A UP
produz conhecimento válido que é tanto mais precioso quanto melhor souber
dialogar com os outros saberes que circulam na sociedade. Uma UP encerrada em si
é um instrumento fácil dos poderes econômicos e políticos que a querem pôr ao seu
serviço. A UP tem de democratizar as suas relações com os estudantes que uma
pedagogia retrógrada e rançosa ainda vê como ignorantes vazios onde os professores
enfiam o recheio do conhecimento. A verdade é que se aprende-com e se ensina-com.
Nada é unilateral, tudo é recíproco.

Desmercantilizar. As UPs têm de passar a avaliar os seus docentes por outros


critérios de produtividade que não excluam a responsabilidade social da
universidade, sobretudo no domínio da extensão universitária. Não podem
privilegiar as ciências e a investigação que geram patentes, mas antes, a ciência que
contribui para o bem comum de toda a população e cria cidadania. Neste domínio, as
humanidades, as artes e as ciências sociais voltarão a ter o destaque que já tiveram.
Os estudantes nacionais e os que vêm [em Portugal] das antigas colônias não devem
pagar propinas. Não podem cobiçar estudantes estrangeiros na lógica de caça-
mensalidades. Esta é uma estratégia central para a democratização analisada acima e
para a descolonização analisada a seguir.
Descolonizar. As UPs europeias e de inspiração eurocêntrica nasceram ou
prosperaram com o colonialismo e continuam hoje a ensinar e legitimar a história
dos vencedores da expansão europeia. São cúmplices do epistemicídio que
acompanhou o genocídio colonial. As estátuas (e amanhã os edifícios, os museus, os
arquivos e coleções coloniais) são os alvos errados de muita justa revolta. O
importante é que o poder que elas representam seja deslegitimado e contextualizado
na aprendizagem universitária. Por isso têm os curriculos de ser descolonizados. Não
se trata de destruir conhecimento, trata-se antes de acrescentar conhecimento para
que se torne evidente que o conhecimento dominante é muitas vezes uma ignorância
especializada e intencional. As UPs têm de iniciar com urgência políticas de ação
afirmativa para uma maior justiça cognitiva e etno-racial, tanto entre estudantes
como entre professores.

Despatriarcalizar. Em muitas universidades as mulheres são a maioria, mas os


lugares de governo administrativo e científico continuam dominados por homens. Os
curriculos continuam a ser misóginos e cheios de preconceitos sexistas. Onde estão
as cientistas, as artistas, as escritoras, as lutadoras, as heroínas? E as relações entre o
pessoal docente, técnico e discente também não estão livres dos mesmos
preconceitos. Estas e muitas outras iniciativas que emergirão dos processos de
democracia universitária constituem um caderno de encargos pesado, mas a
alternativa é a universidade não ter futuro.

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