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Miliandre Garcia
UEPG
Resumo Abstract
Esse artigo é resultado parcial de um trabalho de This article is the partial result of a research
mapeamento dos problemas, das abordagens e dos mapping work of problems, approaches and objects
objetos que contemplam o diálogo entre história e that contemplate the dialogue between history and
teatro, partindo principalmente do caso brasileiro. theater, that start specially from the brazilian case.
Nessa primeira etapa, buscamos refletir sobre o In this first stage, we seek to reflect on theater as a
teatro como uma linguagem específica (não mais specific language (no longer considered a subgenre
considerado subgênero da literatura) e igualmente of literature) and equally complex (not restricted
complexa (não restrito unicamente à dramaturgia). to dramaturgy). Based on these assumptions,
A partir desses pressupostos, procuramos pensá- we try to think of it as an object of historical
lo como objeto de pesquisa histórica contemplando research contemplating issues related to sources,
questões relacionadas às fontes, aos referenciais to theoretical and methodological references,
teórico-metodológicos, à historiografia e as suas to historiography and its internal dynamics
dinâmicas internas (as peças, as encenações etc.) (the pieces, the reenactment etc.) and external
e relações externas (com o Estado, os governos relations (with the State, governments etc.). In a
etc.). Numa segunda etapa, pretendemos dar second stage, we intend to continue the research
continuidade ao levantamento das pesquisas on theater in post-history graduate programs and,
sobre teatro nos programas de pós-graduação em based on this, to define the main lines of brazilian
história e, partir disto, definir linhas mestras da academic production at this intersection.
produção acadêmica brasileira nessa intersecção.
Palavras-chave: Keywords:
Ainda que num ritmo lento, a dinâmica da escrita outro propiciou o desenvolvimento teórico-
da história do teatro (estrangeiro e nacional) vem metodológico das pesquisas acadêmicas que têm
acompanhando os movimentos de renovação levado em consideração as especificidades do
da historiografia no Brasil e no mundo. Até o fenômeno teatral, em conexão com as demandas
século XIX e início do XX, a escrita da história e de seu tempo e sob perspectiva interdisciplinar.
o trabalho dos pesquisadores concentraram-
Na área da história, o predomínio da dramaturgia
se, predominantemente, em textos escritos e
pode estar relacionado à formação do historiador
documentos oficiais que no âmbito da escrita da
que tem longa experiência na análise de fontes
história do teatro resultou na ênfase sobre o texto
escritas e documentos oficiais em detrimento
e na projeção do autor, convertendo-se numa
de textos não escritos e linguagens artísticas.
espécie de capítulo da “história da literatura”,
Também às facilidades de acesso às fontes
escrito em sua maioria por professores e
impressas que se encontram disponíveis em
especialistas dessa área (ver FARIA, 2012, p. 15).
instituições de naturezas diversas, tais como
Nas primeiras décadas do século XX, no entanto, bibliotecas, livrarias, centros de documentação e
iniciou-se um movimento de renovação da escrita arquivos (públicos e privados). Mas esse quadro
da história que se por um lado teve repercussão vem sendo substantiva e paulatinamente alterado,
tardia no diálogo entre a história e o teatro, por sobretudo no âmbito acadêmico, cujas pesquisas
Atualmente, a questão central na história do teatro, Os recortes de jornais, por sua vez, se trazem
portanto, não é destituir o lugar consagrado à informações valiosas acerca do objeto de
dramaturgia e seus autores, mas sim dispor de pesquisa, costumam ocultar questões essenciais
um olhar mais ampliado sobre o fenômeno teatral ao desenvolvimento do trabalho, principalmente
e, consequentemente, sobre a escrita da sua quando não há maiores informações sobre ele,
história que, diante das suas potencialidades de impossibilitando conhecer e analisar a posição do
análise como objeto de pesquisa, apresenta-se de seu autor, o perfil do jornal, a tecnologia da época,
maneira praticamente ilimitada, tal qual acontece a espécie do documento, a origem das demandas
com a própria história. a até mesmo a natureza do ajuntamento. Um
exemplo dessas dificuldades é o depoimento de
No diálogo entre história e teatro, a questão das
Nelson Rodrigues, quando ele se projetou como
fontes interessa particularmente. Durante muito
Cênicas 113
dramaturgo com a peça Vestido de Noiva, de pelo historiador em virtude dos benefícios que
1943, no qual afirmou: “naquele tempo eu ainda trazem às pesquisas nessa área, desde que se
precisava do êxito, do artigo no jornal. Eu fazia precavendo dos riscos do empreendimento.
qualquer coisa para ter artigo no jornal e escrevi Entre estes, o mais perigoso e desonesto é a
muito artigo sobre mim mesmo, com pseudônimo” manipulação consciente da entrevista, e o mais
(apud BRANDÃO, 2009, p. 92). ingênuo, porém igualmente perigoso, concentra-
se na passividade diante de memória alheia.
Portanto, quando se toma a crítica teatral ou até
mesmo o depoimento dos artistas como fontes É importante ressaltar que no caso das produções
de pesquisa, via recortes de jornais ou outros teatrais nem sempre é possível trabalhar com
suportes e modalidades, tem que se ter claro que fontes inéditas. Na maioria das vezes, delas só
não se tratam simplesmente de um conjunto de restam as que já passaram por processos de
informações sobre o universo teatral, muito mais reconhecimento que lhes garantiram o status
que isto, eles visam a construção de sentidos em de “obra de arte”. Sendo assim, não é comum
torno do teatro e do seu lugar nessa história. que o historiador seja o “primeiro leitor” de um
Como os jornais, tais fontes “aparecem não como documento inédito, que esteja sob a guarda de
folhas mortas, mas dotados de ação” e por isso arquivos de origens diversas, embora em alguns
não podem ser isoladas dessa condição, uma vez casos excepcionais isto possa acontecer2. O
que “são prática política de sujeitos atuantes” mais provável, que normalmente acontece, é
(VESENTINI apud PATRIOTA, 1999, p. 53). que dispomos de objetos já selecionados por
um sistema predeterminado de publicações,
Ao material já disponível ao historiador de teatro,
exposições, curadorias, entre outros, cujos
agrega-se a realização de entrevistas que, através
critérios de seleção nem sempre estiveram (ou
de uma metodologia apropriada, permite identificar
desejou-se que estivessem) disponíveis a todos.
demandas individuais em voga no processo de
Cabendo-nos, portanto, investigar também
construção da memória. Esta que se materializa na
como se deu a constituição dessa memória e em
maioria das vezes por depoimentos antagônicos,
contrapartida seu processo de esquecimento3.
quase nunca por interpretações consensuais, e
que via de regra se dão em momento posterior Ao eleger como objeto de pesquisa a “obra de
quando um dos projetos em confronto já se firmou arte”, de modo geral, e as manifestações teatrais,
como versão hegemônica (ver, por exemplo, a série de modo específico, temos que considerar que
Depoimentos, volumes 1 a 6). estas foram e estão inseridas num “sistema de
referências” cunhado por agentes sociais, com
Portanto, independentemente da natureza da
interesses diversificados, por vezes variáveis,
fonte eleita, cada uma delas requer um tratamento
que definiram uma hierarquia às obras baseado
condizente com sua espécie documental,
em múltiplos critérios, nem sempre objetivos.
especialmente as fontes orais que se materializam
Esse princípio metodológico de tratamento das
através da mediação do pesquisador, cujas
fontes permite reconhecer a constituição de uma
perguntas são formuladas a partir das demandas
“memória histórica” que organiza ordenamentos
de sua pesquisa, e do depoente propriamente dito,
estéticos a partir de princípios valorativos,
cujas perguntas são interpretadas no presente
tais como as noções de “moderno”, “político”,
à luz da memória de eventos passados. Como
“universal”, “clássico”, “engajado”, evidenciou
enfatizou Tania Brandão,
Rosângela Patriota (2008, p. 35-36); ou então em
Existem substâncias um tanto inefáveis norteando generalizações como “teatro brasileiro”, “teatro
as memórias e o dizer: a fama, o encantamento moderno” ou até mesmo “teatro”, sublinhou Tania
do próximo, a admiração dos contemporâneos, o
Brandão (2009, p. 43-44).
reconhecimento e até mesmo o lugar na história
depois do lugar ao sol”, nas quais os sujeitos
históricos, “gente de teatro, não são inocentes do
No tratamento das fontes, se não podemos
verbo, passaram suas vidas em intimidade com a ignorar o processo de consolidação da obra
alquimia das palavras (BRANDÃO, 2009, p. 35). em arte, também não podemos ignorar a sua
dimensão histórica, evitando-se de um lado
De todo modo, esse complexo processo de
subestimar seu potencial como linguagem, e de
rememoração do passado deve ser enfrentado
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consideração outras práticas culturais e estéticas com os agentes intermediários, as mediações das
não coincidentes com o cânone oficial e o cânone técnicas de impressão e os modos de transmissão
da hegemonia cultural” (VILLEGAS, 2010, p. 97). do texto, bem como a natureza do destinatário
Também que “cada cultura tem suas próprias da mensagem, as transformações das práticas de
teatralidades, e algumas delas adquirem maior leitura e as relações entre as palavras e as coisas
relevância pela sua associação com os grupos (CHARTIER, 2002, p. 18-19).
de poder dentro dos setores onde é praticada”
A partir desses referenciais teóricos, novas
(VILLEGAS, 2010, p. 108). Essa gama de
abordagens vêm se estruturando no âmbito
teatralidades é, então, selecionada pelos poderes
das pesquisas acadêmicas. Nesse momento,
culturais que as dividem entre aquelas “com
gostaríamos de voltar a atenção para os principais
eficácia estética e com capacidade potencial
trabalhos que na área de história e em trabalhos
de ser portadora da ideologia do grupo cultural
recentes tem contemplado o diálogo entre história
a que pertencem os artistas”, e aquelas que se
e teatro, a partir da seleção e análise de fontes e
encontram à margem dessas “teatralidades não
de critérios metodológicos bem definidos.
legitimadas esteticamente” (VILLEGAS, 2010, p.
108) que, por vezes, mas não necessariamente, As expectativas por uma nova história do teatro
costuma incorporar as culturas não hegemônicas brasileiro têm sido depositadas na intersecção
ao seu projeto cultural (VILLEGAS, 2010, p. 89). de contribuições do passado, sob perspectiva
Cabe destacar que o multiculturalismo no teatro generalizante, com as pesquisas acadêmicas
não só dialoga com realidades culturais múltiplas que vem priorizando estudos de caso, seja na
como também articula referenciais teóricos forma de teses e dissertações (FARIA, 2012,
plurais que vão desde os estudos culturais e a p. 19-20), ou como tem sido mais frequente a
semiologia, até conceitos de tradição marxista, partir da publicação de coletâneas e artigos.
como o de hegemonia (GRAMSCI, 1978). Na escrita desse artigo, destacamos, além de
teses, dissertações e dossiês temáticos, quatro
Na história cultural do teatro e na sua transição do
coletâneas que reúnem um conjunto substantivo
“palco à página”, destaca-se o trabalho de Roger
de análises sobre teatro e sintetizam esse
Chartier que, além de considerar o conteúdo do
movimento de renovação do diálogo entre história
material impresso e sua ênfase sobre o texto e
e teatro, são elas: A história invade a cena,
o autor, busca incorporar o estudo morfológico
organizada por Alcides Freire Ramos, Fernando
dos suportes e as modalidades de inscrição do
Peixoto e Rosangela Patriota (2008)4; Por uma
texto, bem como a recepção dos públicos e suas
história cultural do teatro, organizada por Edélcio
práticas de leitura. Ao se aproximar da “sociologia
Mostaço (2010)5; História do Teatro Brasileiro,
dos textos”, definida por D. F. MacKenzie, como
dirigida por João Roberto Faria (2012); e História,
“a disciplina que estuda os textos como formas
teatro e política, organizada por Kátia Rodrigues
impressas e seus processos de transmissão,
Paranhos (2012)6.
incluindo seus modos de produção e de recepção”
(apud Chartier, 2002, p. 12), Roger Chartier Como já afirmamos, não é o caso de se destituir
afirmou que se distancia “tanto da história o lugar da dramaturgia nos estudos de teatro,
literária tradicional, apegada à toda-poderosa mas sim torná-la um dos elementos constitutivos
soberania do autor, como da crítica semiótica do fenômeno teatral. Como exemplo do uso da
que atribui a significação dos textos unicamente dramaturgia, como fonte de pesquisa, podemos
ao funcionamento impessoal e automático da citar um artigo de Adriana Facina que parte
linguagem” (CHARTIER, 2002, p. 12). da obra de Nelson Rodrigues e do conceito de
“estrutura de sentimento” (WILLIAMS, 1979,
O resultado dessa abordagem para a pesquisa
2002), para analisar questões inerentes ao texto
histórica, especialmente para o diálogo entre
teatral e à relação intrínseca com elementos
história e teatro, é a ampliação das possibilidades
externos a ele, partindo da ideia central de que
de análise que não mais se limitam ao texto fixo e
“a linguagem e a significação são elementos
impresso, às normas estéticas e formais, à leitura
indissociáveis do próprio processo social,
individual e silenciosa e à busca de significados e
envolvidos permanentemente na produção e na
sentidos, mas estendem-se para as negociações
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Costa (2009), considerou que o “nascimento” do existentes não só aceitaram como reproduziram a
teatro moderno no Brasil não foi um movimento periodização proposta por um dos seus principais
espontâneo de modernização teatral que se integrantes: as etapas definidas por Augusto Boal
consagrou com a encenação de Vestido de Noiva, para as atividades do Teatro de Arena em fins dos
pelo grupo Os Comediantes, em 1943, de acordo anos 1960, com os acontecimentos ainda em curso
com a versão construída pelos protagonistas desse (PATRIOTA, 2005, p. 21)8. O artigo de Rosangela
teatro ou então por críticos simpatizantes dele, Patriota é bastante elucidativo no que concerne
cuja dimensão histórica de produção das obras tem às referências bibliográficas sobre o Teatro de
sido sublimada até hoje pela maioria dos trabalhos Arena em particular e à escrita da história do
sobre teatro brasileiro, inclusive e temerariamente teatro brasileiro como um todo, pois evidencia
pelas pesquisas acadêmicas da área de história, os problemas decorrentes de uma assimilação
que supostamente deveriam problematizar tais acrítica dos textos de época pela historiografia
“versões oficiais” e não assimilá-las sem as devidas do teatro brasileiro. Esse automatismo analítico
problematizações. Desconstruir como se deu esse resulta, segundo uma das principais historiadoras
processo de construção de uma “história oficial”, do teatro, da ausência de um tratamento crítico
aceita por grande parte da bibliografia específica7, das fontes documentais, que ora são tomadas
bem como resgatar a participação ativa de outros como interpretações “mais corretas” dos
sujeitos históricos foram objetivos da autora nesse acontecimentos, ora como figuras ilustrativas da
trabalho que é fruto de uma tese de doutorado. narração (PATRIOTA, 2005, p. 23); raramente como
análises passíveis de problematização. Em suma:
Outra grande contribuição foi evidenciar como
“em momento algum, os estudiosos questionam-
a análise do moderno no teatro brasileiro só
se a respeito do lugar em que estas interpretações
é possível pela via da história da cena ou do
ocorreram” (PATRIOTA, 2005, p. 21).
espetáculo, não mais e somente pela história da
dramaturgia e seu autor. Assim, O mesmo pode-se dizer da divisão do “teatro
engajado” dos anos 1960 em dois grupos não só
Se a história do teatro pôde, em larga medida,
ser história da dramaturgia, a história do teatro distintos como também antagônicos (um vinculado
moderno não pode de forma alguma ser reduzida a ao nacional-popular e outro à contracultura) que,
tal condição, sob a pena de que não se compreenda por ter sido aceita pela historiografia do teatro
o seu movimento essencial, definidor, [no qual] só
a cena – vale dizer, a presença densa e articulada e ter se cristalizado no imaginário social, traz
– poderá traduzir os movimentos próprios da consigo problemas fundamentais às pesquisas
percepção e da conceituação do ser ocidental, cada na área como analisou Rosângela Patriota
vez mais fragmentário, cada vez mais sinônimo de
(1999, 2008, 2012) e Miliandre Garcia e (2012,
multiplicidade (BRANDÃO, 2009, p. 42).
2013). Em primeiro lugar, a crítica ao teatro
Também no que se refere ao teatro engajado, a nacional-popular supôs-se a existência de uma
maioria dos trabalhos foi produzida por pessoas “hegemonia cultural de esquerda” que, apesar de
vinculadas ao teatro nos anos 1960 e, portanto, assumir a dianteira da resistência cultural contra
agentes daquele contexto histórico. Ao longo dos as arbitrariedades do regime militar, teve uma
anos, esse conjunto de referências ganhou um atuação localizada enquanto oposição, foi acusada
lugar privilegiado na historiografia do teatro, na de se aproveitar das benesses do governo vigente
medida em que deixou de ser tratada como fonte que iam desde a aprovação de uma peça teatral
documental passível de crítica e se transformou pela censura de diversões públicas, à indicação
em principais referências para as análises de representantes do setor para a direção de
subsequentes. Tamanha influência, ao invés de instituições culturais, até o recebimento de apoio
contribuir para a formulação de novos problemas material para a produção de espetáculos teatrais
e revisão de teses já consagradas, resultou no (ver depoimentos de Escobar e Marcos, 1981). Em
assentamento de determinadas interpretações segundo lugar, a historiografia do teatro brasileiro
e na redução, quando não reprodução, de seus não discutiu se, de fato, existiu uma “hegemonia
antagonismos estético-ideológicos. cultural de esquerda” que se definia em oposição
a outros núcleos teatrais e, se existiu, como ela se
Num estudo de caso do Teatro de Arena, deu, mas assimilou-a passivamente.
Rosangela Patriota concluiu que todos os trabalhos
Cênicas 119
Em linhas gerais, os estudos da teatralidade, sob a período (Garcia, 2008; Garcia, Souza, 2019).
influência da semiologia, especialmente de Roland
03. Essa questão foi tratada por Rosângela
Barthes (1977), incorporam
Patriota em pelo menos dois momentos (1999 e
A análise do discurso, das linguagens, das imagens, 2008. p. 35).
da retórica, da pragmática, da performatividade
que reveste os atos da interação social, tornando-a 04. Rosângela Patriota e Alcides Freire Ramos vêm
apreensível não apenas no universo específico
do palco como também [...] junto à sociologia, a
reunindo um grupo de pesquisadores no Núcleo de
antropologia, a história, em outras modalidades de Estudos em História da Arte e da Cultura (NEHAC)
relações humanas nas quais a representação faz- da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
se presente (MOSTAÇO, 2010, p. 47-48), que, desde 1994, tem contribuído com pesquisas
que se pautam mais por instâncias intangíveis significativas na área de história, a exemplo da
visando captar os sentimentos, gestos, egos, coletânea Patriota, Alcides, 2002.
mentalidades e sensibilidades do que por registros 05. Edélcio Mostaço é um dos poucos autores que
convencionais como gravuras, fotografias e vídeos a um só tempo é analisado como fonte de pesquisa,
que impossibilitam observar a “qualidade presencial/ a partir dos trabalhos Teatro e política: Arena,
convivial do ato vivo e tridimensional” (Idem, p. 51). Oficina e Opinião (uma interpretação da cultura de
Como buscamos enfatizar até aqui e por diferentes esquerda) (1982), e O espetáculo autoritário: pontos,
caminhos, em sua maioria convergentes, riscos, fragmentos críticos (1983), bem como é
pesquisadores da área da história ou áreas afins têm considerado referência basilar da nova história do
cada vez mais demonstrado interesse no diálogo teatro com seus estudos sobre performatividade
entre história e teatro. Ao contrário de alguns campos (2009), teatralidade, performance, história cultural
artísticos como o cinema, a música, a literatura e as do teatro (2010), entre outros.
artes plásticas que, sob perspectiva interdisciplinar, 06. Kátia Rodrigues Paranhos e Adalberto
já dispõem de uma gama considerável de trabalhos, Paranhos são editores da revista ArtCultura que,
outros como o teatro e suas conexões com a desde 1999, já publicou 39 números e tem prestado
história só recentemente vem desenvolvendo seu um grande serviço a pesquisadores da cultura,
aparato teórico-metodológico, porém, como vimos inclusive, a estudiosos do teatro, através de seus
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