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MEMÓRIA E IDENTIDADES INDÍGENAS EM FLOR DA MATA,

DE GRAÇA GRAÚNA

INDIGENOUS MEMORY AND IDENTITIES IN FLOR DA MATA, BY GRAÇA


GRAÚNA

Carlos Augusto de Meloi

Laís Cristina Soaresii

RESUMO: A produção literária indígena contemporânea é um marco considerável para a


história da literatura produzida no Brasil. Logo, pretende-se, aqui, analisar e refletir criticamente
as produções literárias da indígena Graça Graúna, focalizando sua obra Flor da mata (2014).
Serão considerados aspectos da memória e da identidade como forma de afirmação, resistência
e rompimento de estereótipos pré-estabelecidos. Este artigo estuda a forma como essa escritora,
representante dos povos nativos brasileiros, em contexto cultural contemporâneo, apresenta suas
vivências pessoais em suas poesias ao criar uma linguagem literária vinculada à tradição oral. O
intuito deste trabalho é revelar também a importância da leitura da literatura indígena para a
cultura brasileira, proporcionando aos leitores conhecer, compreender e valorizar os povos
originários em seus mais diferentes movimentos de expressão literária.

Palavras-chave: Literatura indígena. Graça Graúna. Memória. Identidade.

ABSTRACT: The contemporaneous indigenous literary production is a considerable mark to


the history of literature produced in Brazil. Therefore, we intend to analyze and reflect critically
the literary productions of Graça Grauna, focusing on her work Flor da mata (2014). Some
aspects of the memory and of the identity as form of affirmation, resistance and severance of
pre-established stereotypes will be considered. This paper studies the form on how this writer,
representative of Brazilian native people, in contemporaneous cultural context presents her
personal experiences in her poetry by creating a literary parlance to the oral tradition. The aim
of this work is also to reveal the importance of reading indigenous literature to the Brazilian
culture, providing the readers the knowledge, comprehension and fondness of native people in
their several different movements of literary expression.

Keywords: Indigenous Literature. Graça Grauna. Memory. Identity.

Submetido em: 02 out. 2019


Aprovado em: 16 jan. 2020

i
Docente de Literatura no Instituto de Letras e Linguística (ILEEL) e do Programa de Pós-graduação em
Estudos Literários na em Letras na Universidade Federal de Uberlândia (PPLET, UFU). ID:
https://orcid.org/0000-0001-9305-9519. E-mail: carlosaug.melo@gmail.com.
ii
Mestranda em Estudos Literários na Universidade Federal de Uberlândia (PPLET, UFU). ID:
https://orcid.org/0000-0002-7875-5927. E-mail: laiscsoares1@gmail.com.
INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, a história da literatura brasileira foi revitalizada intensamente por
meio de vozes artísticas, até antes silenciadas, oriundas das periferias sociais e culturais. É o
caso das instigantes produções literárias indígenas que vêm se consolidando, no circuito
literário do país, como um modo de expressão cujo objetivo central está na busca de
valorização das culturas dos povos ameríndios, colocando em evidência as lutas pela
afirmação de existência/resistência e pela valorização de seus costumes à medida que
realizam a tradução do complexo universo das tradições orais para o contexto - não menos
complexo - da escrita literária em língua portuguesa. A partir do domínio da escrita pelos
povos nativos brasileiros originários, houve a possibilidade de socializar suas vivências a
um público mais amplo, o que possibilitou a visibilidade e a desconstrução do silenciamento
dessas vozes originais, dando (re)significado à história dos povos indígenas, que por muito
tempo estiveram subjugados à posição de “inferioridade” do ponto de vista da elite
intelectual, assim:

[...] a literatura escrita pelos povos indígenas no Brasil pede que se leiam as
várias faces de sua transversalidade, a começar pela estreita relação que
mantém com a literatura de tradição oral, com a história de outras nações
excluídas (as nações africanas, por exemplo), com a mescla cultural e outros
aspectos fronteiriços que se manifestam na literatura estrangeira e,
acentuadamente, no cenário da literatura nacional. (GRAÚNA, 2013, p. 19).

É necessário observar que as produções contemporâneas indígenas estão inseridas no


contexto de constantes movimentos sociais/culturais e os textos produzidos por esses grupos
considerados marginalizados ou “minorias” estão em ascensão no cenário literário. Bernd
(2003) afirma que essas literaturas de minorias estavam voltadas para a formação e a
consolidação de um projeto identitário, no qual o sujeito representado procura se reapropriar
de um espaço existencial. A identidade dos povos autóctones, na história da literatura
brasileira, esteve sempre associada diretamente a um estereótipo, o qual foi formado a partir
das narrativas imagéticas, ficcionais, orais e escritas por autores “brancos”, não-índios, não
correspondendo a maneira como o próprio indígena se vê e percebe sua vivência cotidiana. A
produção literária de escritores aborígenes tem como um de seus focos o rompimento com
esses equivocados estereótipos que “acabam funcionando como marca distintiva ou como
característica principal na composição de uma imagem” (BONIN; VERÔNICA, 2011, p. 89).
A obra de Graça Graúna pertence a esse universo literário de resistência indígena. Ela
se junta às vozes do conjunto de escritores e de escritoras, representantes dos povos nativos,
como são Daniel Munduruku, Eliane Potiguara, Márcia Kambeba, Jekupé, Cristino
Wapichana, entre outros. Nesse sentido, este artigo propõe estudar a contribuição dessa
escritora que, no século XXI, principalmente, tem se mobilizado para reverter a ordem do
discurso dominante por meio do inigualável papel subversivo da literatura e das letras
indígenas contemporâneas. O foco será o livro Flor da mata (2014), uma vez que se constata
a busca pela legítima visão não estereotipada da identidade cultural indígena, baseando-se em
elementos e valores ancestrais nativos: ritos, mitos, danças, adornos, alimentação, narrativas
orais e a sensível conexão do homem com a natureza.
Nesse sentido, a escritora indígena aborda em suas obras a representação da memória e
da identidade indígenas e, também, de outras “minorias”. Assim, este artigo visa observar
aspectos da afirmação e da construção das identidades indígenas, a partir da percepção de que
os povos nativos são naturalmente capazes de produzir textos com valor estético e literário.
Este texto pretende expor as figuras humanas observadas por uma escritora indígena e
relacioná-las às representações indígenas e suas manifestações culturais. O referido livro de
Graça Graúna, em especial, promove a formação de leitores potentes e multiculturais,
possibilitando a reflexão sobre a linguagem literária vinculada à tradição oral, concedendo
relevância à literatura indígena, para conhecer, compreender e valorizar o outro e as diferentes
formas de expressão literária, e mostrar a representação dos indígenas brasileiros na
contemporaneidade, cuja característica central é estarem em movimento, em busca de se
reafirmarem presentes e atuantes na sociedade brasileira atual.

GRAÇA GRAÚNA

A escritora indígena, conhecida pelo seu nome indígena Graça Graúna, é pesquisadora
na área de Letras, com ênfase em Estudos Comparados. Sua atuação é relacionada
principalmente em literatura e direitos humanos, literatura e cultura indígena, além da poesia
brasileira. Além disso, ela lidera o Grupo de Estudos Comparados: Literatura e
Interdisciplinaridade (GRUPEC-UPE). Em seu registro civil é chamada Maria das Graças
Ferreira, poeta de origem potiguar, nasceu na cidade de São José do Campestre, no Rio
Grande do Norte, em 1948. Por conta de sua vida difícil no interior, precisou partir, ainda
jovem, entre os anos de 1958 e 1959, rumo a Pernambuco, região onde atualmente vive.
O gosto pela literatura sempre esteve presente na vida da escritora indígena, porque ela
percebe a poesia em todas as situações que vive ou viveu, uma vez que conhece diversas
histórias contadas pelos mais velhos, como os versos de cordel. Por conseguinte, Graúna fez
alguns vestibulares, passou em todos, no entanto, não tinha condições financeiras de estudar.
Ao prestar o último, optou por Letras, ingressando na UFPE, seguindo pelo campo da
Literatura, dedicando-se à cultura e à história indígenas. Atualmente, ela se dedica, entre
outras atividades, a apresentar a palavra indígena por meio do campo virtual, alimentando
constantemente dois blogs: http://ggrauna.blogspot.com.br/ e
http://www.tecidodevozes.blogspot.com.br/, além de interagir com diversos escritores
indígenas, apresentando sua cultura a nível mundial. Em 2009, o seu blog recebeu do
Topblog, um certificado como um dos cem mais votados do Brasil.
Ela possui formação em Letras pela UFPE e apresentou como defesa da dissertação de
Mestrado o trabalho Mitos Indígenas na Literatura Infantil Brasileira, em 1991, e de
Doutorado, a tese Literatura Indígena Contemporânea no Brasil, em 2001. Atualmente, é
professora adjunta em Literaturas de Língua Portuguesa e Cultura Brasileira na Universidade
de Pernambuco - UPE - Campus Garanhuns, onde atua em diversos projetos que abordam a
produção literária indígena e a área dos Direitos Humanos. Em seu cotidiano, possui como
atividade dar aulas de literatura na universidade, fonte de sua ocupação e preocupação
constantes, principalmente ao abordar em suas práticas a denominada “literatura periférica”.
Graça Graúna vem se destacando no engajamento frente à produção literária indígena
brasileira, produzindo livros teóricos a respeito da temática citada, como: Contrapontos da
literatura indígena contemporânea no Brasil (2013), Impressões de leitura do texto (2015),
Um flagrante do marginalizado na literatura brasileira (1999), Diálogo Multiétnico: história
e memória de negros e índios (2001), Literatura indígena no Brasil contemporâneo e outras
questões em aberto (2012) e Direitos humanos em movimento (2011). Além de produzir livros
literários, dentre eles: Canto mestizo (1999), Tessituras da terra (2001), Tear da palavra
(2007), Flor da mata: poesia indígena (2014), Criatura de Ñanderu (2010) e Lugar e
memória (2008).
A poeta potiguar e suas obras provocam em seus leitores a reflexão sobre a exclusão
de determinados povos de maneira geral, ajudando a romper estereótipos e perceber os povos
nativos como capazes de produzir textos com valor estético e literário. Em suas produções há
o rompimento com determinados preconceitos, que ocorrem muitas vezes por falta de
conhecimento sobre a cultura abordada. Ademais, os livros da escritora rompem com a
antropologia mais tradicional, apresentando aos leitores uma nova visão sobre os povos
ancestrais brasileiros. Sua obra afeta a realidade social ao causar reflexão e revela
representações das vozes exiladas e não reconhecidas por mais de 500 anos de exclusão em
nossa sociedade. Dessa maneira, as obras literárias de Graça Graúna são ricas em aspectos
relacionados à preservação da memória cultural indígena, visto que permitem desconstruir as
“cegueiras”, ou falhas, culturais que muitas vezes impedem o reconhecimento da presença e
da voz do outro, do diferente. Vale dizer que, de acordo com Guimarães e melo (2018, p.
189), as produções da autora apresentam um projeto literário criativo, sofisticado e complexo,
explorando características nas quais se entrelaçam questões de estilísticas, de hibridismos e de
metalinguagem.
Por meio da uma subversão poética que adota a forma e o conteúdo, Graça
busca pela “reapropriação” dos lugares e memórias ancestrais, reencontrando
as matrizes indígenas, a fim de que haja a reconstrução identitária do
indígena em outro espaço. A poética da alteridade baseia-se no “estrangeiro
de dentro”, no desconhecido de si.

Dessa maneira, os livros da escritora mobilizam as tradições orais, o caráter


performático de tais tradições e reúnem a etnicidade das nações indígenas de pertencimento
ao “traduzir” para a produção escrita uma voz coletiva, de forma que o leitor a “experimente”
e, dessa maneira, recupere-a em forma de pronunciamento. Os poemas se relacionam a um
povo inteiro, a sua sensibilidade e a toda sua história, ao revelar uma voz coletiva, como
afirma a autora ao citar que “todo texto indígena de autoria individual implica um tecido de
vozes” (GRAÚNA, 2013, p. 88). Observar os textos literários da autora Graça Graúna é
considerar que a escrita é uma forma de libertação, indispensável para sobrevivência de sua
memória ancestral.

FLOR DA MATA: MEMÓRIAS E IDENTIDADES

Vejamos o haicai abaixo:

Dançar o toré
perto da gameleira
entre os encantados
(GRAÚNA, 2014, p. 43).

Na brevidade filosófica de um instante poético, característica própria desse tipo de


poema, os versos levam o leitor ao universo do Toré – um ritual da tradição indígena que une
dança, religião, luta e brincadeira – variando de acordo com a cultura de cada povo. Muitos
indígenas cultuam essa prática, como os Kariri-Xocó, os Xukuru-Kariri, os Xocó, os
Potiguara, os Pankararé, os Pankakarú, os Truká e os Funil-ô. Essa prática ritualística pode
durar várias horas e os participantes materializam os seres espirituais ou, como na voz
poética, os “encantados”. A dança do Toré é seguida por uma música denominada Toante, a
qual é expressa por apenas um “cantador” ou “cantadora”, podendo ser acompanhada por
fortes gritos ritmados.
Esse poema faz parte da mais recente obra de Graça Graúna: A cura da Terra,
publicado em 2014 pela editora Penninha Edições. A obra é relativamente pequena, com a
capa desenvolvida pela ilustradora e designer de produtos Carmen Barbi, composta por
ilustrações alegres e cheias de sensibilidade que se apresentam também ao longo da leitura
dos haicais. Um dos poemas apresentado no livro é exposto na composição externa da obra, a
qual se destaca com a cor azul, que remete ao céu e contrasta com as flores nos cabelos da
indiazinha e nos outros espaços da capa. Além disso, a autora inicia dedicando seu livro a
Ñanderu, Deus, Tupã e à Mãe Natureza, elementos valorizados pela autora e tidos como
fundamentais em sua vivência. Em seguida, há um breve texto de apresentação feito por
Graúna, em que ela expõe os motivos para a publicação da obra e retrata brevemente a sua
abordagem temática; sua obra é uma forma de resistência e apresenta a todos leitores as vozes
ancestrais.
Dessa maneira, é notável a presença da ancestralidade na obra da autora, por isso,
percebe-se o destaque da importância de existirem produções literárias dos povos originários
na literatura brasileira, visto que é uma forma de apresentar a toda população do Brasil a
cultura indígena, abordando assuntos como a territorialidade, a natureza e as tradições que
traduzem quem são os povos indígenas. De acordo com Guimarães e Melo (2018, p. 193),

Nos indígenas contemporâneos há o cultivo pela tradição e a preparação para


o futuro, que revela o trânsito pelas cidades e pelas comunidades indígenas e
o protagonismo, o papel visível na sociedade. Com isso, a literatura de
autoria indígena pretende circular entre os indígenas e, em especial, entre os
não-indígenas, a fim de que possa existir para “além da existência”.

Os trinta e cinco poemas são produzidos em forma de haicai – um haicai latino, como
a própria autora nos apresenta em uma de suas composições:

Dias de sol
distendo as velhas asas
num haicai latino
(GRAÚNA, 2014, p. 13).
Observar essa escrita da autora é considerar que a produção poética é uma forma de
libertação, indispensável para sobrevivência de sua memória ancestral e da adquirida ao longo
de sua vivência. Ao escrever, a escritora “distende suas asas” e põe em funcionamento uma
memória literária que expõe sua vivência coletiva (dos ancestrais indígenas) e individual,
possibilitando a recriação do tempo que passou e “revivendo” algumas experiências,
trazendo-as para o tempo presente. As temáticas, por conseguinte, perpassam costumes
indígenas, suas crenças, costumes, valores e concepções, que Graça Graúna desenvolve de
acordo com as experiências vivenciadas em suas peregrinações – a natureza e as diferenças
étnicas e sociais são expostas em todos os poemas lidos. Ademais, a transculturalidade, a qual
decorre dos deslocamentos vividos pela autora, é exposta em alguns haicais, que pela
estrutura poética do gênero mostra a pluralidade da escrita desenvolvida pela autora.
A literatura criada por uma escritora indígena, de origem Potiguar, revela, sob
perspectivas bastante sensíveis e particulares, as culturas e os valores dos povos originários
em comunhão, confirmando que a formação das identidades se dá por meio da interação entre
o indivíduo e o mundo, em diferentes espaços e diferentes instâncias sociais, de acordo com o
que é analisado por Hall (2013). É possível afirmar que a obra da escritora problematiza as
construções de culturas indígenas, pontuando as distorções e os equívocos ocorridos pelos
estereótipos formados socialmente, no sentido de colocar em movimento a dinâmica
multicultural nacional. Em vários momentos, essa poeta potiguar reafirma que o indígena sai
de sua aldeia, mas carrega em si sua origem indígena e seus costumes. O indígena sai da
aldeia para buscar condições de vida para si e para sua família mais dignas, entretanto ele leva
consigo todo seu povo, seus ensinamentos transmitidos de geração em geração, a espera de
um retorno para sua terra, sua casa, seus irmãos.
O poema a seguir sussurra em sua inquietude que:

O tempo de chegada
Transborda o olhar
No tempo de partida
(GRAÚNA, 2014, p. 27).

Nesses concisos versos, retoma-se a ideia de que o indígena carrega consigo em seus
deslocamentos o tempo de seus ensinamentos, de suas crenças e de suas vivências. Vê-se que
a identidade cultural na literatura indígena está associada muitas vezes à diáspora, a
características de escritas migrantes, que experiencia os espaços vividos pelos povos
excluídos socialmente a favor de que ocupem um lugar central nas vivências em movimento.
Tematizam-se, por meio desse poema, a densidade da sensibilidade revelada em silêncio entre
o movimento de chegada e de partida instaurado no tempo dos povos indígenas. Daniel
Munduruku afirma que:

Para o indígena existem dois tempos: o passado e o presente. O passado é


memorial. Serve para nos lembrar quem somos, de onde viemos e para onde
caminhamos. Um povo sem memória ancestral é um povo perdido no tempo
e no espaço. Não sabe para onde caminha e por isso se preocupa tanto onde
vai chegar. O passado é a ordenação de nosso ser no mundo. É ele que nos
obriga a sermos gratos, a cantar e dançar ao Espírito Criador. É ele que nos
lembra o tempo todo que somos seres de passagem. O outro tempo é o
presente. Para esses povos o tempo que importa é o presente. [...] Os
indígenas são, portanto, seres do presente. Só sabem viver o e no presente.
(MUNDURUKU, 2017, p.49-50, grifos do autor).

Observa-se a possibilidade de analisar também que o presente é uma composição de


outros tempos, é uma construção que se faz muito necessária cotidianamente, a qual necessita
ser continuada na afirmação e reafirmação identitárias. Essa continuidade possui nas
produções literárias a viabilidade de sobrevivência e de atualização do passado no presente.
Para Silva (2000, p.115), a identidade é, então, marcada pela diferença na formação da
identidade que é tanto simbólica quanto social. Assim, os indígenas buscam a construção das
identidades que lutam por espaço, afirmação e reafirmação.
Os constantes deslocamentos vividos proporcionam, de acordo com Hall (2013), certa
crise de identidade para aqueles que se sentem deslocados de seu lugar, tanto no mundo social
e cultural quanto de si mesmos

[...] as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social,
estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o
indivíduo moderno até aqui visto como sujeito unificado. Assim a chamada
“crise de identidade” é vista como parte de um processo mais amplo de
mudança, que está deslocando as estruturas centrais das sociedades
modernas e abalando os quadros de referência que davam aos indivíduos
uma ancoragem estável no mundo social (HALL, 2013, p. 9).

Para este autor, a identidade não se constitui fixa e imutável, coerente e estável, de
forma que liberta o aborígene da condição de obrigatoriamente manter-se etnicamente “puro”
para ser considerado indígena. Os sujeitos não deveriam ser imaginados como sendo
compostas de uma única identidade social, mas de inúmeras delas, que podem ser, algumas
vezes, contraditórias, e em outras, não resolvidas, o que possibilita a transformação e
surgimento de novas formas de representar sua cultura.
Nesse dinamismo dos deslocamentos, tem-se o sujeito lírico que afirma sua identidade
deambulante:
Mais uma viagem:
nesse vai e vem a utopia
me faz andarilha.
(GRAÚNA, 2014, p. 12).

Esses versos se aproximam das vivências da própria poeta que viaja por diversos
lugares para apresentar a cultura indígena. Graça tem se apresentado constantemente em
congressos, conferências e eventos, com o objetivo de divulgar os valores indígenas. Vê-se
que, numa concepção ainda utópica, ela acredita que suas caminhadas são uma forma de
demonstrar o reconhecimento e a valorização necessários aos seus parentes indígenas.
É interessante notar que as poesias de Graça Graúna apresentam a transculturalidade
contemporânea que proporciona uma nova maneira de entrecruzar os conhecimentos
indígenas e suas expressões artísticas com elementos das culturas não indígenas. Flor da mata
(2014) permite analisar a articulação recriativa entre o imaginário do espaço da mata e as
estratégias de (re)construção das identidades ameríndias na contemporaneidade, a partir de
práticas imemoriais da história:

Em volta da fogueira
memória, história
o mundo se recria
(GRAÚNA, 2014, p. 14)

Recria-se, por sua vez, o universo indígena através da contação de histórias, cujas
possibilidades são de retomar a realidade indígena, tanto no passado quanto no presente. Toda
a base da formação educacional indígena se encontra viva no processo de contar histórias, em
que adultos e crianças se reúnem em torno de uma fogueira para ouvi-las, apresentando mitos
ou lendas, apropriados em uma prática criativa ancestral pelos pajés e anciãos. A prática em
literatura dos indígenas sempre existiu e se efetuou por meio da oralidade, nas vozes
ancestrais que estavam registradas na memória coletivamente, bem como pelo grafismo, pelos
ritos, pelos cantos, pelas danças e pelos costumes; partes fundamentais da produção literária
indígena, que se propaga na atualidade em forma de livros. Segundo Daniel Munduruku
(2002, p. 41), “somos a continuação de um fio que nasceu há muito tempo atrás... Vindo de
outros lugares... Iniciado por outras pessoas... Complementado, remendado, costurado e...
Continuando uma ancestralidade, um passado uma tradição que precisa ser continuada,
costurada, bricolada todo dia”:

No cerrado à tardinha
cantigas de roda
de mãe para filha
(GRAÚNA, 2014, p. 22)

Os ensinamentos transmitidos pelos anciãos, por meio da tradição oral, são a essência
desse poema em que as danças e as canções aparecem como garantias de que as memórias e
as identidades dos povos indígenas se preservam em dispositivos da memória artística ao
longo dos tempos. Torna-se mecanismo poético fundamental que permite compreender as
relações afetivas familiares em espaços naturais acolhedores como o “cerrado à tardinha”.
Esse texto literário aciona no leitor a atenção para questões que perpassam o passado, de
opressão vivido pelos povos nativos, o presente, com os inúmeros desafios apresentados, e o
futuro imprevisível; três elementos temporais que sensibilizam a todos (indígenas, negros,
brancos, mestiços), para o respeito à natureza, às crenças, às diferenças.
Desse modo, é possível afirmar que a literatura indígena possui o caráter de auto-
história, uma vez que se caracteriza como o exercício de representação de si, sob a ótica e as
sensibilidades de quem está dentro, daqueles que realmente vivenciaram e ainda vivenciam as
histórias de resistência e autoafirmação étnica diante do cultivo mnemônico ancestral. Assim
como é apresentado por Melo e Costa (2017, p. 368),

[...] a reafirmação da tradição e da memória torna-se ato de resistência


cultural por promover o fortalecimento dos indivíduos e de suas
comunidades e possibilitar tanto um retorno simbólico às origens quanto o
reencontro com a identidade indígena primitiva. Esse reencontrar-se com a
identidade primeira – obscurecida pela mescla cultural resultante dos
processos diaspóricos nos contextos colonial e global – fortalece as
subjetividades e as noções de pertencimento desses indivíduos oprimidos na
dinâmica das movências humanas [...]

Portanto, nota-se um exercício identitário instigante que toma corpo, no qual a


proposição de organizar as memórias em uma materialidade de escrita literária fortalece as
identidades fragilizadas ou apagadas no percurso da história, que foi imposta pelo outro, o não
indígena, por quem está do lado de fora. Encara-se prática legítima de cultivar as tradições
indígenas cultura e realizar necessária denúncia das violências sofridas em anos de exclusão.
Graça Graúna é contundente ao afirmar que:

A literatura indígena contemporânea no Brasil pode e deve ser lida na


interface da auto-história, da luta e da literatura ameríndia. [...] a sua visão
da natureza, da educação, do sagrado, da política e da cultura, por exemplo,
mostra uma confluência com o pensamento indígena no Brasil. É uma
confluência natural, pois, sendo filhos da terra trabalham para manter o
equilíbrio da Mãe-Terra, como sugere o pensador Daniel Munduruku [...]
(GRAÚNA, 2013, p. 61-62).

A produção indígena, então, pode suscitar a reflexão e o questionamento sobre a


posição literária hegemônica, desconstruindo estereótipos criados violentamente na história
cultural brasileira. Como é perceptível nos estudos de Boaventura Sousa Santos (2010, p.
103), que remetem à literatura que busca resgatar e expor a ancestralidade de a re-centralidade
dos povos originários brasileiros, associadas aos saberes indígenas da natureza, ao mencionar

De uma proposta alternativa ao eurocentrismo não se depreende,


consequentemente, que uma população afectada, num momento e numa
forma do processo de classificação social, não chegue a ter os traços de um
grupo real, de uma comunidade e de um sujeito social. Mas tais traços só se
constituem como parte e resultado de uma história de conflitos, de um
padrão de memória associado a essa história e que é entendido como uma
identidade e que produz uma vontade e uma decisão de entrançar as
heterogéneas e descontínuas experiências particulares numa articulação
subjectiva colectiva, que se constitui num elemento das relações reais
materiais. As lutas colectivas de sectores de trabalhadores, que chegam a
organizar-se em sindicatos, em partidos políticos; ou as de identidades
chamadas ‘nacionais’ e/ou ‘étnicas’; de comunidades inclusive muito mais
amplas que se agrupam como identidades religiosas e que perduram por
longos prazos, são exemplos históricos de tais processos de subjectificação
de amplas e heterogéneas populações, que são inclusive descontínuos no
tempo e no espaço. E, muito notoriamente, aquelas identidades que
chegaram a constituir-se nos últimos 500 anos, precisamente, em torno das
‘raças’.

Em Flor da mata, percebe-se, muitas vezes nas entrelinhas poéticas, a caminhada


identitária de Graça Graúna em busca de resgatar, no espaço contemporâneo, as lembranças
silenciadas, apagadas, esquecidas de suas origens nativas, como estratégia de se deslocar do
incômodo entre-lugar das movências culturais e sociais, permitindo que se crie uma
identidade fluida de seus “eus” enquanto mulher, professora, poetisa, mãe, vó, pássaro,
natureza, matriarca, cuja linhagem que os tece encontra-se exatamente nos valores
mnemônicos indígenas. É considerada a sensível busca da indigeneidade perdida pela selva de
suas memórias, apagadas no contexto histórico e social de completa violência contra os povos
nativos brasileiros. Esses movimentos configuram em Graça Graúna o que Rita Olivieri-
Godet (2017, p. 101) considera como:

poética da alteridade, característica das escritas migrantes, nas quais a


experiência do espaço ocupa um lugar central. É através da experiência do
espaço, frequentemente tomado como metonímia da nação ou do Ocidente,
que o personagem do ameríndio, o “estrangeiro de dentro”, questiona seu
lugar.
De certo modo, a escritora apropria-se da cultura, sempre com respeito e licença
poéticos, de seus parentes, mais especificamente a dos povos indígenas da região Nordeste,
como os Potiguara e os Xucuru de Orubá. Graça Graúna põe em funcionamento uma memória
literária de recriação do tempo passado, refazendo as experiências do passado e trazendo-as
para o presente em construção, em processo de reconfiguração das emoções identitárias. De
acordo com Durigan e Guerra (2008, p. 150), “a identidade vai sendo tecida a partir da
memória que emerge em determinados momentos, sempre lembrando que em cada
emergência ocorre a produção de um novo sentido”. Assim, a memória não é sonho, é
exercício poético. A lembrança é uma imagem trazida do passado, mas que vem à tona em
razão de juízos de realidade e de valor do tempo presente (BOSI, 2009).
Legitimando o imaginário em prol de construir sentidos, sensibilidades, sentimentos
identitários, como afirma Lucas (1998, p. 96), a “memória funciona como espaço (...) que
atualiza e reorganiza o imaginário”. Daniel Munduruku (2017) afirma que “a memória é, pois,
ao mesmo tempo passado e presente que se encontram para atualizar os repertórios e
encontrar novos sentidos que se perpetuarão em novos rituais que abrigarão elementos novos
num circular movimento repetido à exaustão ao longo de sua história”.
Nos poemas de Graça Graúna, os elementos identitários indígenas, como a natureza,
instrumentos de trabalho, os costumes (como danças, brincadeiras, produções artesanais), os
valores ancestrais e tradicionais são extremamente valorizados. A natureza é sempre
lembrada, ainda mais por estar intimamente ligada aos fundamentos do gênero Haicai:

Ipê amarelo,
sonho de primavera
o sol espelha
(GRAÚNA, 2014, p. 22).

O florescimento do Ipê, em seu momento amarelado, belo, vital, majestoso, forte e


impactante pode remeter, dentro dos limites metafóricos, à representação da literatura
indígena à medida que floresce como instituição no circuito literário nacional. Claro que, além
dessa motivação de representação, os valores expressos nos versos acima confirmam a
tradicional intersecção entre a vida indígena e ao Ipê, que se impõe no processo metonímico a
uma das partes da mata. Essa sensibilidade de criar uma leitura poética na qual a grandeza da
natureza aparece provocadora da cor do astro sol, muitas vezes, na cultura indígena, visto
como o próprio Deus. Terra e astro, Mãe Terra e Deus Sol interligam-se, complementam-se
para o eu-lírico. Tal perspectiva revela a potência indígena de Graça Graúna, uma vez que se
compromete a:

[...] contribuir com a criação de uma literatura indígena propriamente dita


pois, [...] é a literatura como linguagem e como instituição, que se confiam
os diferentes imaginários, as diferentes sensibilidades, valores e
comportamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute,
simbolicamente seus impasses, seus desejos, suas utopias. [...] (LAJOLO,
2005, p. 106).

Nos versos abaixo:

Água, terra, fogo e ar


Labirintos do ser
Em todos os tempos
(GRAÚNA, 2014, p. 16).

Os elementos da natureza são reflexos dos vários planos de existência do ser humano
em planos temporais. Os quatro elementos da terra são trazidos à medida que podem compor
as indeterminações da constituição da existência humana: a água está relacionada às emoções
e aos sentimentos; o elemento fogo associa-se à energia, à intuição, ao plano espiritual; o ar
reporta-se à mente – aos pensamentos, ao entendimento e ao conhecimento; e a terra ligada à
materialidade, remetendo à perseverança, à vitalidade e à força necessária para sobrevivência
humana. Põe-se em evidência que, nos tempos ancestrais, a observação da natureza, como
campo de aprendizagens, é a ferramenta de construir conhecimentos empíricos sobre a
subsistência espiritual.
A obra de Graúna compreende, por conseguinte, a literatura indígena, em seu
movimento de criação e socialização, como forma de alterar o conhecimento em relação à
história dos povos originários e como meio de oferecer novos conceitos para uma educação
que valorize as identidades dos povos brasileiros, apresentando novos olhares a eles. Observa-
se que as produções indígenas são bem mais abrangentes:

A literatura indígena no Brasil faz parte da luta identitária, com base no


saber coletivo que é testemunho também de uma expressão maior: a
pajelança”. A produção textual indígena brasileira floresceu na última
década do século XX, entre o século XXI como movimento literário e
também político, de afirmação de identidade e cidadania, o que faz com que
sua inserção na escola, nas leituras propostas para os alunos, se torne ainda
mais relevante. (THIÉL; QUIRINO, 2011, p. 6636).
Nota-se que as produções de autores indígenas contam histórias que afirmam tradições
e culturas, ensinam sobre o passado e preparam para o futuro, primeiro oralmente, até o
momento em que a escrita viesse tornar possível a fixação destas histórias em papel
(ALMEIDA, 2008, p. 9-10). Segundo Santos (2012), a literatura indígena tem como intenção
coletar, traduzir e publicar a memória ancestral, fornecendo meios de construção de
“identidades indígenas” contemporâneas e de desconstrução de estigmas e dos preconceitos
que foram formados em torno da figura do nativo brasileiro.

ÚLTIMAS PALAVRAS

A literatura indígena ainda pouco conhecida socialmente é diversas vezes


desvalorizada como uma literatura à margem, silenciada. De acordo com Rui (1987), a
literatura de autoria indígena tem poder:

Não posso matar o meu texto com a arma do outro. Vou é minar a arma do
outro com todos os elementos possíveis do meu texto. Invento outro texto.
Interfiro, desescrevo para que conquiste a partir do instrumento escrita um
texto escrito meu, da minha identidade. Os personagens do meu texto têm de
se movimentar como no outro texto inicial. Têm de cantar. Dançar. Em suma
temos de ser nós. “Nós mesmos”. Assim reforço a identidade com a
literatura. (RUI, 1987, p. 310).

É possível analisar, pela afirmação do escritor, que a literatura possui a potência para
fortalecer identidades. Essa prática valoriza e promove a continuidade das culturas, tradições
e saberes. No caso de Graça Graúna, cultura nativa é importante e deve ser valorizada na
história da literatura brasileira, no que tange ao rompimento de estereótipos criados por anos
de silenciamento e ao reconhecimento de que os sujeitos nativos são capazes de produzir
textos, orais e escritos, com valores estético e literário multifacetados. Em Flor da mata
(2014), os poemas são uma criação individual, como porta-voz das vozes ancestrais
recuperadas da tradição oral e da contação de histórias, a partir do direito de se reativarem e
se recriarem a memória e as identidades.

REFERÊNCIAS
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