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Questão 1 - (UEFS)
Eu era ainda muito criança, mas sabia uma infinidade de coisas que os adultos ignoravam. Sabia que
não se deve responder aos cumprimentos dos glimerinos, aquela raça de anões que a gente encontra quando
menos espera e que fazem tudo para nos distrair de nossa missão; sabia que nos lugares onde a mãe-do-
ouro aparece à flor da terra não se deve abaixar nem para apertar os cordões dos sapatos, a cobiça está em
toda parte e morde manso; sabia que ao ouvir passos atrás ninguém deve parar nem correr, mas manter a
marcha normal, quem mostrar sinais de medo estará perdido na estrada.
A estrada é cheia de armadilhas, de alçapões, de mundéus perigosos, para não falar em desvios
tentadores, mas eu podia percorrê-la na ida e na volta de olhos fechados sem cometer o mais leve deslize.
VEIGA, José J. Fronteira. Os cavalinhos de Platiplanto: Contos. 18. ed. Rio de Janeiro: Beirrand Brasil, 1989. p. 61.
Questão 2 - (Puccamp)
I. Depois de uma convivência maior, descobri que a mania de metamorfosear-se em outros bichos era nele
simples desejo de agradar ao próximo. ("Teleco, o coelhinho")
II. Se ao menos ela desviasse para mim parte do carinho dispensado às coisas que eu lhe dava, ou não
engordasse tanto, pouco me teriam importado os sacrifícios que fiz para lhe contentar a mórbida mania.
("Bárbara")
III. Seria necessário que as fundações fossem reforçadas à medidas que se aumentasse o número de
andares. Também isto é impraticável. ("O edifício")
Questão 4 - (PUC-RS) “Bárbara gostava somente de pedir. Pedia e engordava. Por mais absurdo que
pareça, encontrava-me sempre disposto a lhe satisfazer os caprichos. Em troca de tão constante dedicação,
dela recebi frouxa ternura e pedidos que se renovavam continuamente. [...] Pediu o oceano. Não fiz nenhuma
objeção e embarquei no mesmo dia, iniciando longa viagem ao litoral. Mas, frente ao mar, atemorizei-me com
o seu tamanho. Tive receio de que a minha esposa viesse a engordar em proporção ao pedido, e lhe trouxe
somente uma pequena garrafa contendo água do oceano. No regresso, quis desculpar meu procedimento,
porém ela não me prestou atenção. Sofregamente, tomou-me o vidro das mãos e ficou a olhar, maravilhada,
o líquido que ele continha. Não mais o largou. Dormia com a garrafinha entre os braços e, quando acordada,
colocava-o contra a luz, provava um pouco da água. Entrementes, engordava.”
(RUBIÃO, Murilo. “Bárbara”.)
Com base no trecho e em seu contexto, assinale a alternativa incorreta:
a. A reciprocidade no afeto parece ser uma marca do casal retratado no trecho.
b. O marido demonstra não se surpreender com os pedidos de sua esposa, e este comportamento provoca
um estranhamento no leitor.
c. A natureza insólita e ambígua da relação do casal é um elemento que reflete a adesão de Murilo Rubião a
uma estética relacionada à literatura fantástica.
d. O trecho apresenta algumas construções inusitadas, que quebram a lógica de causa e efeito, como, por
exemplo: “pedia e engordava”.
e. Murilo Rubião tem uma produção literária centrada mais em contos do que em romances.
TEXTO1
TEXTO 02
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Questão 12 – Leia.
Mafalda é criação do cartunista argentino Quino. Menina precoce, serviu como porta-voz de seu criador nos tempos da Ditadura Militar argentina
Assinale a alternativa que mais se adéqua à tirinha.
a) Mafalda emprega o mesmo valor semântico para o vocábulo “indicador” no primeiro e no último quadrinho.
b) Mafalda não sabe a importância do dedo indicador.
c) A expressão “dedo indicador” é utilizada de maneira metafórica pelo autor da tirinha.
d) Mafalda ainda não sabe exatamente o significado da expressão “indicador de desemprego”
e) Apesar de ser uma criança, Mafalda já percebe as injustas relações de trabalho estabelecidas entre
patrões e operários.
a) metálicos, em repouso, formam uma superfície refletora de luz, como os pelos dos gatos.
b) têm volume constante e forma variável, propriedade que os gatos aparentam ter.
c) moleculares são muito viscosos, como aparentam ser os gatos em repouso.
d) são muito compressíveis, mantendo forma, mas ajustando o volume ao do recipiente, como os gatos
aparentam ser.
e) moleculares são voláteis, necessitando estocagem em recipientes fechados, como os gatos aparentam ser.
Questão 14 –
Calvin e Haroldo é criação do desenhista Will Watterson
A partir da leitura da tirinha de Calvin e Haroldo, criação do desenhista Will Watterson, é possível inferir
apenas:
a) A linguagem verbal é predominante. Sendo assim, a linguagem não verbal não auxilia na construção de
sentidos da tirinha.
b) O desenhista, por meio da personificação da personagem Haroldo, discute sobre a importância da indústria
da guerra para a promoção da paz mundial.
c) A ironia é a figura de linguagem predominante na linguagem verbal, presente nas falas de Calvin no
terceiro e quarto quadrinhos. Por meio de metáforas, Bill Watterson faz uma dura crítica à indústria norte-
americana de guerra.
d) A linguagem verbal não contribui para o melhor entendimento da tirinha, pois todo efeito de humor está
contido na linguagem não verbal por meio das expressões exibidas por Calvin e Haroldo no último quadrinho.
Questão 15 – ( ENEM-2012)
Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará.
Ele está comprometido de monge.
De tarde deambula no azedal entre torsos de
cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros,
de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas
albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos,
linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em
gotas de orvalho etc. etc.
Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento
Foi encontrado em osso.
Ele tinha uma voz de oratórios perdidos.
BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002.
Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque:
a) entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios perdidos.
b) elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina.
c) valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas e a tradição.
d) necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza.
e) acompanha-o na opção pela insignificância das coisas.
O texto apresenta uma reflexão sobre saúde e aponta o excesso de peso e de gordura corporal dos
indivíduos como um problema, relacionando-o ao:
a) padrão estético, pois o modelo de beleza dominante na sociedade requer corpos magros.
b) equilíbrio psíquico da população, pois esse quadro interfere na autoestima das pessoas.
c) quadro clínico da população, pois a obesidade é um fator de risco para o surgimento de diversas doenças
crônicas.
d) preconceito contra a pessoa obesa, pois ela sofre discriminação em diversos espaços sociais.
e) desempenho na realização das atividades cotidianas, pois a obesidade interfere na performance.
Questão 17 – (FUVEST-2013)
A essência da teoria democrática é a supressão de qualquer imposição de classe, fundada no postulado ou
na crença de que os conflitos e problemas humanos – econômicos, políticos, ou sociais – são solucionáveis
pela educação, isto é, pela cooperação voluntária, mobilizada pela opinião pública esclarecida. Está claro que
essa opinião pública terá de ser formada à luz dos melhores conhecimentos existentes e, assim, a pesquisa
científica nos campos das ciências naturais e das chamadas ciências sociais deverá se fazer a mais ampla, a
mais vigorosa, a mais livre, e a difusão desses conhecimentos, a mais completa, a mais imparcial e em
termos que os tornem acessíveis a todos.
Anísio Teixeira, Educação é um direito. Adaptado.
No trecho “chamadas ciências sociais”, o emprego do termo “chamadas” indica que o autor
a) vê, nas “ciências sociais”, uma panaceia, não uma análise crítica da sociedade.
b) considera utópicos os objetivos dessas ciências.
c) prefere a denominação “teoria social” à denominação “ciências sociais”.
d) discorda dos pressupostos teóricos dessas ciências.
e) utiliza com reserva a denominação “ciências sociais”.
Texto I
O Juiz Valério alegrava-se com a aproximação da comissão. Acreditava em justiça, em lei, achava que o
governo fosse dotado de uma clarividência que o comum dos homens não possuía, de uma reta intenção de
punir o mal e premiar o bem. Daquele recanto tão afastado, Governo era assim algo de sobre-humano e
inatacável. Antes porém que a Comissão chegasse ao [Vila do] Duro, aportaram ali notícias do que era ela.
Era como o vento que precede a chuva braba. Quem vinha chefiando a comissão era um juiz togado, com
assento em Porto Nacional, formado pela Faculdade do Recife, com militança no Foro de Salvador e Belém
do Pará, homem de estudo, homem de preparo, homem sabido e corrido.
ÉLIS, Bernardo. O tronco. Rio de Janeiro: José Olympio, 2008, p.15. (fragmento). (adaptado).
Texto II
Sucedeu então vir o grande sujeito entrando no lugar, capiau de muito longínquo: tirado à arreata o cavalo
raposo, que mancara, apontava de noroeste, pisando o arenoso. Seus bigodes ou a rustiquez – roupa parda,
botinões de couro de anta, chapéu toda a aba – causavam riso e susto. Tomou fôlego, feito burro entesa
orelhas, no avistar um fiapo de povo mas a rua, imponente invenção humana. Tinha vergonha de frente e de
perfil, todo o mundo viu, devia também de alentar internas desordens no espírito.
ROSA, João Guimarães. Tutaméia (Terceiras estórias). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001, p. 58. (fragmento).
Os fragmentos das obras de Bernardo Élis e de João Guimarães Rosa narram, respectivamente, a notícia da
chegada de um viajante e a chegada de outro viajante. É CORRETO afirmar que os narradores:
a) descrevem a valentia desses viajantes.
b) constroem imaginários desses viajantes.
c) delineiam as características físicas desses viajantes.
d) explicam as relações entre esses viajantes e o governo.
Questão 19 – (UNIVAG-2021)
Leia o início do conto “Músculos e nervos”, de Aluísio Azevedo, para responder à questão.
Terminava a primeira parte do espetáculo, quando D. Olímpia entrou no circo, pelo braço do pai.
Havia grande enchente. O público vibrava ainda sob a impressão do último trabalho exibido, que devia ter
sido maravilhoso, porque o entusiasmo explodia por toda a plateia e de todos os lados gritavam ferozmente:
“Scott! À cena Scott!” Dois sujeitos de libré azul com alamares dourados conduziam para o interior do teatro
um cavalo que acabava de servir. Muitos espectadores, de chapéu no alto da cabeça, estavam de pé e
batiam com a bengala nas costas das cadeiras; as cocotes pareciam loucas e soltavam guinchos, que
ninguém entendia; das galerias trovejava um barulho infernal, e, por entre aquela descarga atroadora, só o
nome do idolatrado acrobata sobressaía, exclamado com delírio por mil vozes.
— Scott! Scott!
Olímpia sentiu-se aturdida; o pai, no íntimo, arrependia-se de lhe ter feito a vontade, consentindo em
levá-la ao circo, mas o médico recomendara tanto que não a contrariassem… e ela havia mostrado tanto
empenho no capricho de ir aquela noite ao Politeama…
De repente, um grito uníssono partiu da multidão. Estalaram as palmas com mais ímpetos; choveram
chapéus; arremessaram-se leques e ramalhetes, Scott havia reaparecido.
— Bravo! Bravo, Scott!
E os aplausos recrudesceram ainda.
O ginasta, que entrara de carreira, parou em meio da arena, aprumou o corpo, sacudiu a cabeleira
anelada, e, voltando-se para a direita e para a esquerda, atirava beijos, sorrindo, no meio daquela
tempestade gloriosa.
Demônios, 2007.
“De repente, um grito uníssono partiu da multidão. Estalaram as palmas com mais ímpetos; choveram
chapéus; arremessaram-se leques e ramalhetes, Scott havia reaparecido.”
(5° parágrafo)
A palavra sublinhada tem o sentido equivalente ao de:
a) surgido novamente.
b) surgido inesperadamente.
c) surgido apoteoticamente.
d) surgido finalmente.
e) surgido magicamente.