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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOTECNIA, ESTRUTURAS
E CONSTRUÇÃO CIVIL

ESTUDO DA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À


TRAÇÃO E AO CISALHAMENTO DE
REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA EM
SUBSTRATOS DE CONCRETO

MARINA DE OLIVEIRA CAMPOS

D0102C14
GOIÂNIA
2014
MARINA DE OLIVEIRA CAMPOS

ESTUDO DA RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À


TRAÇÃO E AO CISALHAMENTO DE
REVESTIMENTOS DE ARGAMASSA EM
SUBSTRATOS DE CONCRETO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Geotecnia, Estruturas e Construção Civil da Universidade
Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Civil.

Área de concentração: Construção Civil

Orientadora: Profa. Dra. Helena Carasek

Co-orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Lauro Vargas

D0102C14
GOIÂNIA
2014
Ao Leandro, papai e mamãe, com todo meu
amor e gratidão.
AGRADECIMENTOS

Uma dissertação de mestrado não se faz sozinha. É o tipo de trabalho que é feito a “quatro
mãos”, e, no meu caso, muitas mãos. Nas muitas etapas da pesquisa e no desenrolar das
atividades de elaboração do trabalho final, foram muitas as pessoas que me ajudaram e me
incentivaram a perseverar. Gostaria de expressar meu sincero agradecimento a todas essas
pessoas que estiveram comigo até aqui.

Ao professor Angelo Just, que tão brilhantemente idealizou a utilização da máquina de


cisalhamento direto para a determinação da resistência de aderência ao cisalhamento em
revestimentos de argamassa. Dizem que grandes ideias são simples... Muito obrigada por
emprestar ideia que alcançará belos vôos.

À professora Helena Carasek, minha orientadora, que acreditou em mim e me confiou


pesquisa tão rica. Muito obrigada pela confiança e por toda a orientação, com valiosos
ensinamentos que me fizeram amadurecer muito. Agora, teremos muito trabalho pela frente,
juntas.

Ao professor Carlos Lauro Vargas pela orientação e auxílio com a máquina e os ensaios de
cisalhamento direto.

Ao laboratório da Carlos Campos Consultoria e Construções Limitada, que me proporcionou


desenvolver todos os ensaios “dentro de casa” e, principalmente, patrocinou um estudo que
ainda era embrionário e sem nenhuma garantia de sucesso, quando do início dessa
empreitada. Muito obrigada, Carlos Campos (papai), nossa empresa sempre sai na frente com
decisões arrojadas e audaciosas como essas. Mérito seu!

Ao meu marido, Leandro, sem o qual esse trabalho não teria sido realizado. Muito obrigada
pelo amor, atenção, paciência e principalmente companheirismo em tudo. Muitas das
epifanias e descobertas da pesquisa eu tive com você ao meu lado, que me ajudou não só
nos ensaios, mas nas análises e no desenvolvimento da pesquisa. Dedico este trabalho a
você.

À engenheira Márcia Peduzzi, colega e amiga, que sempre mostrou disposição e atenção
comigo, principalmente na fase crucial do acabamento final desta dissertação. Obrigada por
me auxiliar até altas horas da madrugada. Ao Júlio César, pelo empenho e dedicação nos
desenhos em CorelDraw.
À Fabíola Teixeira que desenvolveu as planilhas para tratamento estatístico e me auxiliou
muito na etapa final do trabalho.

À Universidade Federal de Goiás (UFG) e ao Programa de Pós-Graduação em Geotecnia,


Estruturas e Construção Civil (PPG-GECON), em especial ao departamento de Construção
Civil, pela disponibilidade dos laboratórios de pesquisa nos ensaios realizados na etapa de
estudos preliminares desta dissertação.

Ao professor Oswaldo Cascudo pelos ensinamentos e apoio nas discussões sobre o concreto.

Aos funcionários do laboratório de materiais da Carlos Campos, principalmente o engenheiro


Denilson e os laboratoristas Alves, César, Romário, Darleson, Joaquim, Edimilson, Carlos e
Bárbara, que me auxiliaram na realização de tantos ensaios.

À Patrícia Carvalho, minha colega de mestrado, que compartilhou das muitas angústias e
apertos no decorrer do trabalho e me auxiliou com os equipamentos de ultrassom e lupa
estereoscópica.

Ao colega de mestrado Renato Araújo, que fez a animação explicativa do ensaio de


cisalhamento para minha apresentação em powerpoint, o que contribuiu muito para o
entendimento do procedimento. Obrigada mesmo, Renato!

Ao mestre (tio) Edison Manso, pelo apoio, ensinamentos e disponibilidade na reta final do
trabalho.

Aos meus queridos pais, que sempre investiram em mim e nortearam meu caminho com
princípios de ética e dedicação. Minha educação foi a melhor do mundo e hoje posso usufruir
e fazer o que faço graças ao empenho de vocês no meu desenvolvimento. Muito obrigada.
Dedico esse trabalho a vocês.

Obrigada, Deus.
“You have to do your best what God has given
you. Be brave, be brave in everything you do.”
(Forrest Gump mama)

Winston Groom
RESUMO
A aderência é a propriedade fundamental de um sistema de revestimento de argamassa
aderido. Por ser a aderência resultado da combinação de várias propriedades da interface
entre argamassa e substrato, estudos isolados, com variáveis únicas, são insuficientes. O
perfeito entendimento do comportamento das tensões, dos materiais e das propriedades de
resistência de aderência (tração e cisalhamento) podem conduzir a avanços na qualidade dos
revestimentos de argamassa. A maioria das tensões atuantes nos sistemas de revestimentos
são cisalhantes e, no entanto, existe uma grande lacuna no conhecimento acerca da
resistência de aderência ao cisalhamento. Ainda não existe nenhum método normalizado para
a avaliação dessa propriedade. Dessa forma, o objetivo principal da dissertação é o de propor
um método de avaliação, em laboratório, da resistência de aderência ao cisalhamento para
revestimentos de argamassa, a partir da adaptação do método normalizado pela ASTM
D 3080 de cisalhamento direto em solo. Ademais, o trabalho visou avaliar a influência das
características do substrato (a/c e rugosidade) e das argamassas (diferentes
proporcionamentos) nas resistências de aderência à tração e ao cisalhamento, além de
correlacionar os resultados obtidos nesses dois ensaios. Para tanto, o programa experimental
abrangeu estudos de resistência de aderência à tração (Rat), empregando o método ABNT
NBR 13528 e estudos de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac), realizados
conforme adaptação do método ASTM D 3080. Para os ensaios de Rat foram moldados 10
substratos simulando pilares, os quais foram revestidos com argamassas projetadas em três
proporcionamentos, em volume, (1:2:9, 1:1:6 e 1:0,5:3,4) cimento, cal e areia úmida. Com
relação ao substrato foram variadas a relação a/c (0,35, 0,50, 0,65 e 0,80) e a rugosidade (lisa
– R1 e rugosa – R2). Para os estudos de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac),
foram moldados 160 substratos de menor dimensão utilizando o concreto de relação
água/cimento de 0,65. Nessa etapa, as variáveis testadas foram a rugosidade (R1 e R2), o
proporcionamento das argamassas (1:1:6 e 1:0,5:3,4), além da tensão normal aplicada
(0,01MPa, 0,06MPa, 0,09MPa e 0,15MPa) Adicionalmente foi realizada uma ampla
caracterização no estado endurecido das argamassas de revestimento e dos concretos dos
substratos. Como principais conclusões da pesquisa, tem-se que o método proposto para
determinação da resistência de aderência ao cisalhamento mostrou-se adequado, com baixo
coeficiente de variação dos resultados (em média 6%) e com sensibilidade às variações
impostas (diferentes argamassas e substratos). Observou-se que o proporcionamento da
argamassa e a rugosidade do concreto dos substratos possuem influência significativa nas
resistências de aderência à tração e ao cisalhamento, sendo o primeiro fator o mais influente.
A relação água/cimento do concreto dos substratos também possui influência na resistência
de aderência à tração. Adicionalmente, foi encontrada uma boa correlação entre Rat e Rac,
com um valor de R2 de 0,87 para uma função do tipo logarítmica (ln).

Palavras-chave: Revestimento. Aderência. Cisalhamento.

CAMPOS, M.O. Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de


revestimentos de argamassa em substratos de concreto. 2016. 327 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.

M. O. CAMPOS Resumo
ABSTRACT
Bond is the crucial property of a rendering system. It is the combining result of several mortar
and concrete substrates`s properties. Then, isolated studies about this subject, with single
variables are insuficient. The ideal perfect understanding of the stresses, of the materials and
of the tensile and shear bond sthength properties can lead to advances in the rendering
system`s quality. Most of the stresses acting in rendering systems are shear stresses and,
however, there is a large gap in shear bond strength knowledge. There is no standard method
for the evaluation of this property. Thus, the main objective of this dissertation is to propose a
laboratory method to evaluate the shear bond strength of rendering mortar in a rendering
system, by the adaptation of the standartized method ASTM D 3080, used for direct shear
tests in soil. Furthermore, this study aimed to evaluate the substrates`s characteristics (water
cement ratio and surface roughness) and the rendering mortar`s characteristics (mix
proportion) in the tensile and shear bond strength, along with doing the correlation between
the two properties. In order to do so, the experimental programme included studies of tensile
bond strength (Rat), using the ABNT NBR 13528 and shear bond strength studies (Rac), using
the ASTM D 3080 adaptation. To the Rat tests it was prepared 10 concrete substrates that
was coated with rendering mortar with 3 mix proportion (1:2:9, 1:1:6 and 1:0,5:3,4). For the
concrete substrates, it was varied the water cement ratio (0,35, 0,50, 0,65 and 0,80) and the
surface roughness (a smooth R1 and a roughened R2 one). For the Rac studies it was
prepared 160 concrete substrates, with a smaller dimension, using the water cement ratio of
0,65. In the Rac tests the studied variables were the surface roughness (R1 and R2), the
mortar mix proportion (1:1:6 and 1:0,5:3,4) and the applied normal tension (0,01 MPa,
0,06 MPa, 0,09 MPa and 0,15 MPa). Besides, it was performed an extensive characterization
of the rendering mortars and the substrate`s concrete. As conclusions, the research proved
that the proposed shear bond method for rendering mortar was apropriate, with low deviation
coefficient of the results (6%) and with sensibility to the imposed variables (diferent mortars
and substrates). The mortar mix proportion and the roughness surface of the substrates do
influence in Rat and Rac, and the first one is the most influent one. The water cement ratio of
the substrates concrete also influences the Rat. Besides, it was found a logarithmic correlation
between Rat and Rac, with R2value of 0,87.

Keywords: Bond. Rendering. Shear.

CAMPOS, M.O. Study of rendering mortar’s shear and bond strength in concrete
substrates. 2016. 327 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal
de Goiás, Goiânia, 2014 (in portuguese).

M. O. CAMPOS Abstract
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Superfícies geométrica, real e efetiva de contato entre o substrato e a camada
aderida (SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011). ........................................ 30

Figura 2.2 – Fatores de influência na aderência das argamassas sobre substratos (CARASEK
et al., 2014).......................................................................................................................... 30

Figura 2.3 – Desenho esquemático de alguns métodos utilizados na determinação de


resistência de aderência em interfaces (BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008). .................. 47

Figura 2.4 – Corpo de prova prismático com ruptura tipo adesiva no ensaio tipo slant-shear
(MOMAYEZ et al, 2005)....................................................................................................... 48

Figura 2.5 – Tipo de ruptura num material compósito submetido a torque, onde a ruptura
ocorre num plano inclinado com formato espiral (NESHVADIAN-BAKHSH, 2010). ............. 50

Figura 2.6 – Ensaio de separação na interface, ou prism splitting test (LI et al., 1999). ....... 50

Figura 2.7 – a) ensaio para determinação da resistência ao cisalhamento FIP modificado, b)


ensaio tipo guilhotina (BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008). ............................................. 52

Figura 2.8 – Desenho esquemático da determinação da resistência de aderência ao


cisalhamento por torção, MR-20 RILEM (SANTANA, 2010)................................................. 52

Figura 2.9 – Desenho esquemático do ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento


pelo método MR-14 RILEM (SANTANA, 2010). ................................................................... 53

Figura 2.10 – Desenho esquemático de: a) preparação para ensaio de cisalhamento e b)


aplicação da tensão de cisalhamento com utilização do braço de alavanca proposto por
Candia (1998). ..................................................................................................................... 54

Figura 2.11 – Ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento realizado com torquímetro


por Dubaj (2000). ................................................................................................................. 54

Figura 2.12 – Dispositivo para ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento utilizado


por Santana (2010): a) distribuição dos corpos de prova no painel; b) aparato para execução
do ensaio a 45º; c) aderímetro utilizado no ensaio. .............................................................. 56

Figura 2.13 – Dispositivo desenvolvido por Stolz (2011): a) aspecto do corpo de prova cortado
por duas serras corpo; b) vista superior do ensaio; c) vista lateral do ensaio. ...................... 56

Figura 2.14 – a) foto do equipamento de cisalhamento direto; b) desenho esquemático da


caixa bipartida (PINTO, 2000). ............................................................................................. 60

M. O. CAMPOS Lista de Figuras


Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

Figura 2.15 – Atrito entre dois corpos sobre uma superfície horizontal (RAMALHO JR;
NICOLAU; SOARES, 2007). ................................................................................................ 61

Figura 2.16 – Representação de ensaio típico do ensaio de cisalhamento direto (PINTO,


2000). .................................................................................................................................. 61

Figura 2.17 – Representação gráfica do critério de ruptura de Mohr-Coulomb (JUNQUEIRA,


2010). .................................................................................................................................. 62

Figura 2.18 – Perfis de rugosidade típicas e valores de JRC (BARTON E CHOUBEY, 1977)
............................................................................................................................................ 65

Figura 3.1 – Fluxograma das atividades desenvolvidas na pesquisa. .................................. 66

Figura 3.2 – Desenho esquemático das variáveis da pesquisa. ........................................... 67

Figura 3.3 – Matriz experimental adotada na pesquisa. ....................................................... 69

Figura 3.4 – Padrões de rugosidade a) R1 (lisa); b) R2 (rugosa). ........................................ 75

Figura 3.5 – Perfis de rugosidade: a) e b) dispositivos utilizados para a obtenção dos


parâmetros; c) perfil R1, d) perfil R2. ................................................................................... 76

Figura 3.6 – Dois tipos de substratos utilizados na pesquisa: a) substrato para Rat, simulando
pilares, b) substrato para Rac. ............................................................................................. 77

Figura 3.7 – Preparação das faces dos substratos de concreto com a fixação da tela para
impressão da rugosidade pretendida; a) faces com e sem aplicação da tela de aço; b) face
com a tela, evidenciando os parafusos atarrachantes; c) forma fechada com as duas faces
lisas; d) forma fechada com as duas faces rugosas. ............................................................ 78

Figura 3.8 – Substratos para Rat: a) desforma após 7 dias; b) instalação em pórticos metálicos.
............................................................................................................................................ 78

Figura 3.9 – Substratos para Rac: a) Formas de dimensões 8 cm x 8 cm x 5 cm com face


rugosa; b) formas dispostas sobre bancada após a moldagem dos substratos.................... 79

Figura 3.10 – Substratos para Rac e a sequência de desforma para exposição da face para
estudo, lisa e rugosa; a) substratos prontos após 28 dias; b) colocação da tampa que
funcionará como fundo na desforma parcial; c) e d) abertura e aspecto final da forma com face
lisa; e) e f) abertura e aspecto final da forma com face rugosa ............................................ 80

Figura 3.11 – Remoção do desmoldante das faces dos substratos: a) para Rat; b) para Rac.
............................................................................................................................................ 82

M. O. CAMPOS Lista de Figuras


Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

Figura 3.12 – Gabaritos para a garantia da espessura: a) tipo metálicos, afixados nos
substratos para ensaio de Rat; b) forma de madeira da confecção dos substratos para ensaio
de Rac, que possui borda para padronização da espessura das argamassas. .................... 83

Figura 3.13 – Padronização da posição dos substratos para projeção das argamassas: a)
Substratos para Rat montados verticalmente em painéis metálicos; b) substratos para Rac
afixados em parede. ............................................................................................................ 83

Figura 3.14 – Limpeza da superfície dos substratos: a) substratos para Rat com vassoura e
sopro de ar comprimido; b) substratos para Rac com aspirador de pó. ............................... 84

Figura 3.15 – Umedecimento com água das superfícies dos substratos com borrifador tipo
spray.................................................................................................................................... 84

Figura 3.16 – Projeção da argamassa de revestimento com recipiente acoplado tipo


canequinha: a) nos substratos para Rat; b) nos substratos para Rac. ................................. 85

Figura 3.17 – Etapa do desempeno das superfícies das argamassas de revestimento


aplicadas: a) sobre os substratos para Rat; b) sobre os substratos para Rac. ..................... 85

Figura 3.18 – Moldagem dos corpos de prova para ensaios de caracterização das argamassas
de revestimento. .................................................................................................................. 85

Figura 3.19 – Ensaio de Rat: a) dispositivo utilizado para nivelamento e padronização dos
furos; b) realização do furo com utilização de dispositivo de nivelamento e aspirador de pó.
............................................................................................................................................ 89

Figura 3.20 – Ensaio de resistência de aderência à tração: a) equipamento DYNA Proceq


utilizado no ensaio; b) painéis após o ensaio realizado. ....................................................... 90

Figura 3.21 – Registros complementares no ensaio de resistência de aderência: a)


profundidade do arrancamento; b) porcentagem relativa à forma de ruptura. ...................... 90

Figura 3.22 – Máquina de cisalhamento direto utilizada na pesquisa................................... 91

Figura 3.23 – Passo-a-passo das operações para o ensaio de cisalhamento direto: a) amostra
e shearbox prontos para o ensaio; b) amostra inserida na caixa; c) colocação de areia normal
do IPT (0,2 mm de dimensão máxima característica) nas laterais para ajuste adequado das
bordas da amostra à caixa; d) montagem do shearbox; e) colocação do capacete, célula de
carga e deflectômetros para medição dos deslocamentos horizontais e verticais e da carga de
ruptura; f) retirada dos dispositivos de medição após a ruptura; g) retirada da amostra
cisalhada de dentro do shearbox; h) análise e descrição da superfície cisalhada. ............... 92

M. O. CAMPOS Lista de Figuras


Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

Figura 3.24 – Amostras para ensaio de cisalhamento direto: a) concreto a/c 0,65 argamassas
de proporcionamento 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4; b) sistema de revestimento sobre substrato de
concreto. .............................................................................................................................. 94

Figura 4.1 – Evolução da absorção capilar ao longo do tempo de ensaio para as diferentes
a/c estudadas. ................................................................................................................... 101

Figura 4.2 – Gráfico dos resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos estudados.
.......................................................................................................................................... 102

Figura 4.3 – Gráfico do coeficiente de capilaridade das argamassas do estudo. ............... 107

Figura 4.4 – Histogramas para visualização da distribuição dos dados de profundidade de


arrancamento: a) argamassa 1 : 2 : 9, b) argamassa 1 : 1 : 6, c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4. . 108

Figura 4.5 – Efeito a/c do concreto na Rat: a) superfície R1; b) superfície R2. .................. 117

Figura 4.6 – Influência dos substratos na Rat: a) a/c do concreto; b) superfície do concreto.
.......................................................................................................................................... 118

Figura 4.7 – Efeito da argamassa na Rat. .......................................................................... 119

Figura 4.8 – Influência da rugosidade da superfície e do proporcionamento da argamassa na


Rat para o substrato de a/c 0,65. ....................................................................................... 120

Figura 4.9 – Tentativa de correlação linear entre a resistência à compressão dos concretos e
a Rat. ................................................................................................................................. 121

Figura 4.10 – Tentativa de correlação entre a taxa inicial de sucção (IRA) dos concretos e a
Rat. .................................................................................................................................... 121

Figura 4.11 – Correlação entre a absorção por capilaridade após 3h e a Rat. ................... 122

Figura 4.12 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat. 123

Figura 4.13 – Correlação entre o módulo dinâmico de elasticidade das argamassas e a Rat.
.......................................................................................................................................... 123

Figura 4.14 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat. 123

Figura 4.15 – Tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal: a) sistema


1 : 1 : 6 R1; b) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R1. .............................................................................. 126

Figura 4.16 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 1 : 6 R1; b) sistema 1 : 1 : 6 R2. ........ 127

Figura 4.17 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R1.; b) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R2.
.......................................................................................................................................... 127

M. O. CAMPOS Lista de Figuras


Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

Figura 4.18 – Correlação de Rac com σ =0 e de tensão de cisalhamento com σ =0,01 MPa.
.......................................................................................................................................... 128

Figura 4.19 – Variáveis influentes na Rac: a) proporcionamento da argamassa; b) rugosidade


da superfície do substrato. ................................................................................................. 130

Figura 4.20 – Resumo da influência das variáveis: a) argamassa*superfície; b)


argamassa*tensão normal*superfície. ............................................................................... 130

Figura 4.21 – Formas de ruptura observadas no ensaio de cisalhamento direto. ............... 131

Figura 4.22 – Padrões de ruptura adesiva: a) concentrada nas bordas; b) disseminada na


interface de aderência. ...................................................................................................... 132

Figura 4.23 – Padrões de ruptura coesiva: a) na argamassa da zona de aderência numa


superfície R2, b) no substrato. ........................................................................................... 132

Figura 4.24 – Argamassa cisalhada da zona de aderência com feição tipo “farinha de falha”.
.......................................................................................................................................... 133

Figura 4.25 – Tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal: a) concreto a/c


0,65; b) argamassa 1 : 1 : 6. .............................................................................................. 134

Figura 4.26 – Regressão linear - tensão cisalhante em função da tensão normal: a) concreto
a/c 0,65; b) argamassa 1 : 1 : 6; c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4................................................ 135

Figura 4.27 – Desenho esquemático da zona de aderência............................................... 136

Figura 4.28 – Correlação entre características das argamassas e a Rac: a) resistência à tração
na flexão, b) módulo dinâmico de elasticidade. .................................................................. 137

Figura 4.29 – Correlação entre Rac e Rat com rupturas na interface de aderência. .......... 138

Figura 4.30 – Correlação entre ensaio Slant Shear e Pull-off realizados por Julio et al. (2004).
.......................................................................................................................................... 138

M. O. CAMPOS Lista de Figuras


LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Valores do módulo de elasticidade estático e coeficiente de variação para
diferentes tipos e traços de argamassas (COSTA, 2007). ................................................... 38

Tabela 2.2 – Efeitos da rugosidade sobre o ensaio de slant-shear, de acordo com Austin,
Robins e Pan (1999). ........................................................................................................... 49

Tabela 2.3 – Principais ensaios e respectivas tensões relacionadas (modificado a partir de


NESHVADIAN-BAKHSH, 2010; BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008). .............................. 57

Tabela 2.4 – Valores de resistência ao cisalhamento em interface de concreto em variados


códigos internacionais (adaptado de SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011).
............................................................................................................................................ 58

Tabela 2.5 – Comparação entre os resultados dos ensaios de resistência de aderência


(modificado a partir de MOMAYEZ et al.,2005). ................................................................... 59

Tabela 3.1 – Características do cimento Portland CP II-F-32 utilizado. ................................ 70

Tabela 3.2 – Características da cal hidratada CH - I. ........................................................... 71

Tabela 3.3 – Características físicas dos agregados miúdos utilizados na produção do concreto
e na preparação das argamassas. ....................................................................................... 72

Tabela 3.4 – Características físicas do agregado graúdo utilizado na produção do concreto


dos substratos. .................................................................................................................... 72

Tabela 3.5 – Características físicas do pigmento utilizado na pesquisa. .............................. 73

Tabela 3.6 – Características e propriedades do aditivo utilizado na pesquisa. ..................... 73

Tabela 3.7 – Dosagem dos materiais utilizados no concreto dos substratos. ....................... 74

Tabela 3.8 – Parâmetros das rugosidades 1 e 2. ................................................................. 76

Tabela 3.9 – Dosagem dos materiais utilizados na argamassa de revestimento. ................. 82

Tabela 3.10 – Resumo e ilustrações dos ensaios de caracterização dos concretos. ........... 87

Tabela 3.11 – Ensaios realizados nas argamassas de revestimento no estado fresco. ....... 88

Tabela 3.12 – Ensaios realizados nas argamassas de revestimento no estado endurecido. 89

Tabela 4.1 – Abatimento dos concretos dos substratos. ...................................................... 96

Tabela 4.2 – Resultados de resistência à compressão dos concretos dos substratos. ........ 97

Tabela 4.3 – Análise de variâncias da resistência à compressão dos concretos estudados. 97

M. O. CAMPOS Lista de Tabelas


Tabela 4.4 – Teste de Duncan para os resultados de Resistência à compressão................ 98

Tabela 4.5 – Resultados do ensaio de módulo estático de elasticidade dos concretos dos
substratos. ........................................................................................................................... 98

Tabela 4.6 – Análise de variâncias dos resultados de módulo estático de elasticidade. ...... 99

Tabela 4.7 – Teste de Duncan para os resultados de módulo estático de elasticidade dos
concretos. ............................................................................................................................ 99

Tabela 4.8 – Resultados dos ensaios de absorção de água e determinações do índice de


vazios e massa específica real médios dos concretos estudados. ....................................... 99

Tabela 4.9 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água. .......................... 100

Tabela 4.10 – Resultados da absorção e profundidade da ascensão capilar média dos


concretos estudados. ......................................................................................................... 100

Tabela 4.11 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água por capilaridade após
3 horas............................................................................................................................... 101

Tabela 4.12 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos da pesquisa. .. 102

Tabela 4.13 – Teste de Duncan para os resultados da taxa inicial de sucção (IRA). ......... 102

Tabela 4.14 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos de outras pesquisas.
.......................................................................................................................................... 103

Tabela 4.15 – Resultados da densidade de massa e do teor de ar incorporado das argamassas


estudadas. ......................................................................................................................... 104

Tabela 4.16 – Índice de consistência das argamassas estudadas no início e no final da


projeção e consistência pela penetração do cone. ............................................................. 104

Tabela 4.17 – Resultados médios do ensaio de resistência à compressão e de resistência à


tração na flexão das argamassas da pesquisa. ................................................................. 105

Tabela 4.18 – Teste de Duncan nos resultados de resistência à tração na flexão. ............ 105

Tabela 4.19 – Resultados médios do ensaio de módulo dinâmico de elasticidade das


argamassas da pesquisa. .................................................................................................. 106

Tabela 4.20 – Teste de Duncan para os resultados de módulo dinâmico de elasticidade das
argamassas. ...................................................................................................................... 106

Tabela 4.21 – Resultados médios de absorção por capilaridade das argamassas da pesquisa.
.......................................................................................................................................... 106

M. O. CAMPOS Lista de Tabelas


Tabela 4.22 – Teste de Duncan para os resultados de absorção por capilaridade aos
10 minutos. ........................................................................................................................ 107

Tabela 4.23 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,35. ...................... 110

Tabela 4.24 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,50. ...................... 111

Tabela 4.25 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65. ...................... 111

Tabela 4.26 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,80. ...................... 112

Tabela 4.27 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,35. ...................... 113

Tabela 4.28 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,50. ...................... 113

Tabela 4.29 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65. ...................... 114

Tabela 4.30 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,80. ...................... 114

Tabela 4.31 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65. ...................... 115

Tabela 4.32 – Resumo dos valores médios de Rat (MPa) na zona de aderência, para cada
caso estudado. .................................................................................................................. 116

Tabela 4.33 – ANOVA, com fator aninhado, para análise dos resultados de Rat. .............. 117

Tabela 4.34 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto na Rat. ............................... 118

Tabela 4.35 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto com a rugosidade da superfície
na Rat. ............................................................................................................................... 119

Tabela 4.36 – Características do concreto correlacionadas com a Rat (tentativas de correlação


linear). ............................................................................................................................... 121

Tabela 4.37 – Resultados médios do ensaio de Rac nos sistemas de revestimento. ......... 125

Tabela 4.38 – Parâmetros de resistência para o sistema 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4. .............. 128

Tabela 4.39 – ANOVA para análise dos resultados de Rac. .............................................. 129

Tabela 4.40 – Resultados médios do ensaio de cisalhamento direto. ................................ 133

Tabela 4.41 – Parâmetros de resistência para o concreto de a/c 0,65 e para as argamassas
1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4. ....................................................................................................... 135

Tabela 4.42 – Resultados de Rac com ruptura em porcentagem superior a 70% na argamassa.
.......................................................................................................................................... 136

M. O. CAMPOS Lista de Tabelas


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABCP Associação Brasileira de Cimento Portland

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

a/c Relação água cimento

ACI American Concrete Institute

ASTM American Society for Testing and Materials

DIN Deutsches Institut für Normung

EN Norma Europeia

FIP Fédération Internationale de la Précontrainte

IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas

ISO International Organization for Standardization

NBR Norma Brasileira

NM Norma Mercosul

R1 Rugosidade 1

R2 Rugosidade 2

Ra Roughness average - Rugosidade média

Rac Resistência de aderência ao cisalhamento

Rat Resistência de aderência à tração

RILEM Reunion International des Laboratories D’essais Et Materiaux

Rmáx Rugosidade máxima

Ry Rugosidade total

M. O. CAMPOS Lista de abreviaturas e siglas


LISTA DE SÍMBOLOS
ln Logaritmo natural ou neperiano

τ Tensão de cisalhamento

φ Ângulo de atrito

σ Tensão normal

c Coesão

M. O. CAMPOS Lista de abreviaturas e siglas


SUMÁRIO
....................................................................................................................... 25

INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25

1.1 JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA .............................................. 25

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 27

1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................... 28

....................................................................................................................... 29

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 29

2.1 FATORES INTERVENIENTES NA ADERÊNCIA ........................................... 30

2.1.1 Características do substrato .................................................................... 31

2.1.1.1 Porosidade dos substratos ..................................................................... 31

2.1.1.2 Composição dos substratos ................................................................... 33

2.1.1.3 Rugosidade dos substratos .................................................................... 33

2.1.2 Características da argamassa de revestimento ...................................... 35

2.1.3 Características de execução .................................................................... 38

2.1.4 Condições climáticas................................................................................ 41

2.2 ADERÊNCIA .................................................................................................. 43

2.2.1 Resistência de aderência ......................................................................... 44

2.2.1.1 Resistência de aderência à tração.......................................................... 44

2.2.1.2 Resistência de aderência ao cisalhamento............................................. 46

2.2.1.3 Comparação entre métodos de resistência de aderência ....................... 57

2.2.2 Ensaio de cisalhamento direto................................................................. 59

....................................................................................................................... 66

PROGRAMA EXPERIMENTAL ........................................................................................... 66

3.1 PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL ............................................................. 67

3.1.1 Variáveis experimentais ........................................................................... 67

3.1.2 Condições fixas do estudo ....................................................................... 68

M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

3.1.3 Estudos preliminares ................................................................................ 69

3.2 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................. 70

3.2.1 Materiais utilizados ................................................................................... 70

3.2.1.1 Cimento .................................................................................................. 70

3.2.1.2 Cal hidratada .......................................................................................... 71

3.2.1.3 Agregado miúdo ..................................................................................... 71

3.2.1.4 Agregado graúdo.................................................................................... 72

3.2.1.5 Pigmento ................................................................................................ 73

3.2.1.6 Aditivo utilizado no concreto ................................................................... 73

3.2.1.7 Água....................................................................................................... 73

3.2.2 Produção dos substratos de concreto .................................................... 73

3.2.2.1 Dosagem dos materiais .......................................................................... 74

3.2.2.2 Caracterização do padrão de rugosidade ............................................... 75

3.2.2.3 Moldagem dos substratos ...................................................................... 77

3.2.3 Produção das argamassas e execução dos revestimentos ................... 81

3.2.4 Ensaios realizados .................................................................................... 86

3.2.4.1 Caracterização do concreto dos substratos ............................................ 86

3.2.4.2 Caracterização das argamassas de revestimento .................................. 88

3.2.4.3 Ensaios de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento ........... 89

3.2.4.3.1 Resistência de aderência à tração........................................................ 89

3.2.4.3.2 Resistência de aderência ao cisalhamento ........................................... 91

3.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA................................................................................ 94

....................................................................................................................... 96

RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................... 96

4.1 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO DOS SUBSTRATOS 96

4.1.1 Caracterização no estado fresco ............................................................. 96

4.1.1.1 Abatimento pelo tronco de cone .............................................................. 96

4.1.2 Caracterização no estado endurecido ..................................................... 97

M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

4.1.2.1 Resistência à compressão ...................................................................... 97

4.1.2.2 Módulo estático de elasticidade à compressão........................................ 98

4.1.2.3 Absorção de água ................................................................................... 99

4.1.2.4 Absorção de água por capilaridade ....................................................... 100

4.1.2.5 Taxa inicial de sucção (IRA) .................................................................. 101

4.2 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DAS ARGAMASSAS DE


REVESTIMENTO ....................................................................................................... 103

4.2.1 Caracterização no estado fresco ........................................................... 103

4.2.1.1 Densidade de massa e teor de ar .......................................................... 104

4.2.1.2 Consistência .......................................................................................... 104

4.2.2 Caracterização no estado endurecido ................................................... 104

4.2.2.1 Resistência à compressão e resistência à tração na flexão ................... 105

4.2.2.2 Módulo dinâmico de elasticidade ........................................................... 105

4.2.2.3 Absorção de água por capilaridade ....................................................... 106

4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE


ADERÊNCIA À TRAÇÃO ........................................................................................... 108

4.3.1 Correlação entre as características dos concretos dos substratos e a Rat


120

4.3.2 Correlação entre as características das argamassas de revestimento e a


Rat 122

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE


ADERÊNCIA AO CISALHAMENTO ........................................................................... 124

4.4.1 Resistência de aderência ao cisalhamento nos sistemas de revestimento


1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3.4.............................................................................................. 125

4.4.2 Cisalhamento direto nas argamassas de revestimento e no concreto do


substrato................................................................................................................ 133

4.4.3 Análise dos resultados de Rac e do cisalhamento direto em argamassa


e concreto .............................................................................................................. 135

4.4.4 Correlação entre as características das argamassas de revestimento e a


Rac 137

M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

4.4.5 Correlação entre os resultados de resistência de aderência à tração e ao


cisalhamento nos sistemas de revestimento ...................................................... 137

..................................................................................................................... 140

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................... 140

5.1 CONCLUSÕES ............................................................................................ 140

5.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO


143

5.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE a RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA AO


CISALHAMENTO ....................................................................................................... 144

5.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................... 145

REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 147

APÊNDICE A – Interferência do uso de pigmento nas propriedades da argamassa e na


visualização da interface de aderência .............................................................................. 156

APÊNDICE B – Caracterização dos concretos dos substratos ....................................... 172

APÊNDICE C – Caracterização das argamassas de revestimento ................................. 184

APÊNDICE D – Resistência de aderência à tração – Sistema 129 R1 ............................ 191

APÊNDICE E – Resistência de aderência à tração – Sistema 129 R2 ............................ 194

APÊNDICE F – Resistência de aderência à tração – Sistema 116 R1 ............................. 197

APÊNDICE G – Resistência de aderência à tração – Sistema 116 R2 ............................ 205

APÊNDICE H – Resistência de aderência à tração – Sistema 1 0,5 3,4 R1 ................... 213

APÊNDICE I – Resistência de aderência à tração – Sistema 1 0,5 3,4 R2 ..................... 216

APÊNDICE J – Resistência de aderência ao cisalhamento – Sistema 1:1:6 L (Referente


à rugosidade R1) .......................................................................................................................... 219

APÊNDICE K – Resistência de aderência ao cisalhamento – Sistema 1:1:6 R (Referente


à rugosidade R2) .......................................................................................................................... 230

APÊNDICE L – Resistência de aderência ao cisalhamento – Sistema 1:0,5:3,4 L


(Referente à rugosidade R1) ..................................................................................................... 241

APÊNDICE M – Resistência de aderência ao cisalhamento – Sistema 1:0,5:3,4 R


(Referente à rugosidade R2) ..................................................................................................... 252

APÊNDICE N – Resistência de aderência ao cisalhamento – Argamassa 1:1:6 ......... 263

M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...

APÊNDICE O – Resistência de aderência ao cisalhamento – Argamassa 1:0,5:3,4 ... 274

APÊNDICE P – Resistência de aderência ao cisalhamento – Concreto a/c 0,65 ......... 285

APÊNDICE Q – Análise estatística de Rat – Dados totais ................................................. 296

APÊNDICE R – Características de aderência e de coesão dos sistemas de revestimento


e argamassas estudadas ................................................................................. 299

APÊNDICE S – Caracterização da rugosidade dos substratos ........................................ 301

APÊNDICE T – Procedimento de ensaio - Determinação da resistência de aderência ao


cisalhamento em revestimentos de argamassa, em laboratório, baseado no método de
cisalhamento direto em solos....................................................................................................308

M. O. CAMPOS Sumário
INTRODUÇÃO

As manifestações patológicas relacionadas à falha da aderência dos revestimentos de


argamassa muitas vezes geram a queda de fragmentos e influenciam aspectos e
características importantes das edificações como durabilidade, estanqueidade e segurança.

A aderência é a propriedade fundamental de um sistema de revestimento. A normalização


vigente no Brasil prevê o ensaio de resistência de aderência à tração como parâmetro para
análise do desempenho de revestimentos de argamassas. O método de ensaio está descrito
na norma NBR 13528 (ABNT, 2010) – Revestimento de paredes e tetos de argamassas
inorgânicas: determinação da resistência de aderência à tração, e a especificação de valores
mínimos exigidos está apresentada na norma NBR 13529 (ABNT, 1997) – Revestimento de
paredes e tetos de argamassas inorgânicas: especificação. Sabe-se que a aderência deriva
da conjunção de três propriedades da interface argamassa/substrato: a resistência de
aderência à tração; a resistência de aderência ao cisalhamento; e a extensão de aderência.

O presente trabalho enfocará o tema aderência de revestimentos, levando em consideração


as duas primeiras propriedades, ligadas à resistência.

1.1. JUSTIFICATIVA E IMPORTÂNCIA DO TEMA

Um dos requisitos básicos para um bom sistema de revestimento é a boa aderência entre os
componentes, sejam eles chapisco/substrato, argamassa/substrato ou até mesmo
cerâmica/argamassa de emboço. As diferenças de propriedades entre os componentes
constituintes podem afetar a distribuição de tensão e a aderência entre eles.

São muitos os diferentes fatores que interferem na resistência de aderência e é o controle e


o conhecimento desses fatores que podem preservar a integridade e o desempenho de um
sistema de revestimento de argamassa.

A aderência é a propriedade mais importante de um sistema de revestimento de argamassa.


Ela é um fenômeno essencialmente mecânico, devido, basicamente, à penetração da pasta
aglomerante ou da própria argamassa nos poros ou entre as rugosidades da base de
aplicação. Quando a argamassa no estado plástico entra em contato com a superfície
absorvente do substrato, parte da água de amassamento, que contém em dissolução ou
M. O. CAMPOS Capítulo 1
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 26

estado coloidal os componentes do aglomerante, penetra pelos poros e pelas cavidades do


substrato. No interior dos poros, ocorrem fenômenos de precipitação dos produtos de
hidratação do cimento e da cal, e, transcorrido algum tempo, esses precipitados intracapilares
exercem ação de ancoragem da argamassa à base (CARASEK, 1996).

O mecanismo de aderência de sistemas de revestimento, bem como os seus fatores influentes


(sucção, porosidade e rugosidade da base, reologia e composição da argamassa, etc.) têm
sido alvo de pesquisas nacionais e internacionais. São inúmeros trabalhos em congressos,
dissertações de mestrado e teses de doutorado publicados nos últimos 20 anos. Neste
sentido, algumas teses de doutorado nacionais e estrangeiras no tema podem ser citadas:
Groot (1993), Carasek (1996), Candia (1998), Sugo (2000), Paes (2004), Silva (2004),
Antunes (2005), Carvalho Jr. (2005), Mauroux (2011) e Pagnussat (2013).

Em um sistema de revestimento de argamassa estão presentes três fases distintas: o


substrato, a argamassa e a zona de aderência. Zona de aderência é o termo que está sendo
utilizado neste trabalho para designar a região que abrange as proximidades da interface de
aderência, geralmente determinada por um plano. Essa zona deve ser capaz de tolerar e
absorver as tensões que estão presentes devido às diferentes movimentações e deformações
do sistema, seja térmica, higroscópica ou de carregamento. A maioria dessas tensões
atuantes nos sistemas de revestimentos são cisalhantes e, no entanto, ainda não existe
nenhum método normalizado para a avaliação dessa propriedade.

Apesar das muitas pesquisas já desenvolvidas, ainda existe uma lacuna no conhecimento
acerca da resistência de aderência ao cisalhamento, importante propriedade nos
revestimentos, já que a tensão atuante de maior preponderância num sistema de revestimento
é a cisalhante, como dito anteriormente. A literatura contempla algumas propostas de métodos
de ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento: RILEM MR 14 e MR 20 (RILEM,
1982); Candia (1998); Dubaj (2000); Santana (2010) e Stolz (2011).

Existe um método para determinação do cisalhamento direto em solo prescrito na norma


D3080 (ASTM, 2011). É um ensaio nacional e internacionalmente aplicado e amplamente
utilizado na área da geotecnia. Just, em 2012 (informação verbal)1, propôs que este método
de ensaio possivelmente pudesse ser utilizado para a determinação da resistência de
aderência à tração de sistemas de revestimentos de argamassa. A partir desta ideia que a
presente dissertação foi planejada; apesar de se tratar de materiais tão diferentes, visto que
o solo é um material granular (descontínuo) e o sistema de revestimento (argamassa aplicada

1 Informação verbal, a partir de observações e testes preliminares, não publicados.


M. O. CAMPOS Capítulo 1
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 27

sobre uma base) pode ser considerado contínuo, acreditou-se que ele poderia ser utilizado,
haja vista esse método também ser utilizado para rochas. Vislumbrou-se como vantagens da
sua utilização a existência do equipamento de cisalhamento direto em muitos laboratórios de
pesquisa do país, além da aplicabilidade das teorias de cisalhamento já definidas na literatura
para este método.

No entanto, devido a tais diferenças, ficam as questões:

é possível utilizar e adaptar o método de cisalhamento direto em solo para utilização na


determinação da resistência de aderência ao cisalhamento em argamassa?

é possível aplicar a tensão de cisalhamento exatamente na interface de aderência entre


argamassa e substrato usando esse método?

é possível estabelecer correlações entre o método proposto e os já existentes?

A pesquisa parte da hipótese de que:

o método de cisalhamento direto realizado em solo é adequado para a determinação da


resistência de aderência ao cisalhamento de revestimentos de argamassa.

Existe também a hipótese de que exista correlação entre a resistência de aderência à tração
e a resistência de aderência ao cisalhamento em revestimentos de argamassa.

1.2. OBJETIVOS

O objetivo geral da dissertação é o de apresentar um método de avaliação, em laboratório, da


resistência de aderência ao cisalhamento para revestimentos de argamassa, a partir da
adaptação do método normalizado D 3080 (ASTM, 2011) de cisalhamento direto em solo.

Os objetivos específicos são:

 avaliar a influência das características ligadas à variação da relação água cimento e à


rugosidade dos substratos em concreto na resistência de aderência à tração e ao
cisalhamento;
 avaliar a influência do proporcionamento de materiais utilizados na preparação das
argamassas de revestimento na resistência de aderência à tração e ao cisalhamento;

 correlacionar resultados de resistência de aderência à tração e de resistência de


aderência ao cisalhamento em revestimentos de argamassa;

M. O. CAMPOS Capítulo 1
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 28

 correlacionar dados de cisalhamento direto dos materiais básicos (argamassa do


revestimento e concreto do substrato) com os resultados de resistência de aderência
ao cisalhamento do sistema de revestimento;

 apresentar um procedimento de ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento


em revestimentos de argamassa, baseado no método de cisalhamento direto em
solos.

1.3. ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. No primeiro capítulo apresenta-se a


introdução, onde se justifica a importância do tema abordado nessa pesquisa, bem como se
discutem os objetivos e a hipótese.

No segundo capítulo faz-se a fundamentação teórica acerca dos assuntos relacionados à


aderência dos revestimentos, mais especificamente sobre a resistência de aderência à tração
e ao cisalhamento.

O terceiro capítulo aborda o programa experimental, no qual estão relatados os materiais e


métodos utilizados, bem como a descrição dos ensaios e métodos estatísticos utilizados na
pesquisa.

No quarto capítulo estão apresentados os resultados obtidos com os ensaios laboratoriais e


as análises e discussões a respeito destes.

No quinto capítulo são feitas as considerações finais sobre a pesquisa, bem como conclusões
e sugestões para trabalhos futuros.

M. O. CAMPOS Capítulo 1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Entende-se por argamassa aquele material composto por aglomerantes (cimento e cal),
agregado miúdo e água que serve para unir elementos de alvenaria e revestí-los, dentre
outras funções. Ora, se uma das funções principais é unir e revestir, depreende-se que a
propriedade mais importante é a aderência.

No sistema de revestimento, é a zona de aderência que deverá suportar e absorver todos os


esforços, tensões, que o conjunto construído possa sofrer, desde esforços intrínsecos como
extrínsecos.

Por ser a aderência resultado da combinação de várias propriedades da interface entre


argamassa e substrato, estudos isolados, com variáveis únicas, são insuficientes. O perfeito
entendimento do comportamento das tensões, dos materiais e das propriedades de
resistência de aderência (tração e cisalhamento), bem como a extensão da aderência, podem
conduzir a avanços na qualidade dos revestimentos de argamassa.

O fenômeno da adesão tem sido objeto de vários estudos nas últimas décadas. No entanto,
não existe teoria única que explique o conjunto do fenômeno, e muito provavelmente a união
das teorias já estudadas para casos particulares, não explicam a aderência como um todo. A
conciliação entre os estudos em nível microscópico e em nível macroscópico pode formular
um melhor entendimento sobre esse assunto, que envolve o conhecimento de diversas áreas,
como a química, física, mecânica e engenharia.

Geralmente, o interesse numa boa aderência inclui o objetivo da monoliticidade. As


características da aderência podem ser percebidas de dois diferentes ângulos: primeiro, as
condições e cinética da união (contato) de dois materiais, levando em consideração diferentes
mecanismos de aderência, e segundo, a medida quantitativa da magnitude da adesão,
geralmente expressa em tensão ou energia necessária para separar os dois materiais.
Courard (2000) relata que a intensidade da adesão dependerá não somente da energia
utilizada para “criar” o contato, mas também na interação existente na zona de aderência.

Silfwerbrand, Beushausen e Courard (2011) afirmam que todo mecanismo de aderência


depende da real superfície de contato, em detrimento da superfície geométrica, culminando
numa superfície efetiva de contato, conforme ilustrado na Figura 2.1.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 30

Figura 2.1 – Superfícies geométrica, real e efetiva de contato entre o substrato e a camada aderida
(SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011).

Superfície de contato geométrica Superfície de contato real Superfície de contato efetiva

O efeito da aderência mecânica pode ser explicado pelo fato da pasta penetrar através das
rugosidades do substrato, com posterior endurecimento, induzindo a coesão entre as
unidades pelo efeito do intertravamento. Courard (1998) salienta que técnicas de preparação
da superfície podem aumentar a área real de contato e contribuir para um aumento de áreas
potenciais de interação. O autor lembra que medir a real superfície de contato é difícil,
necessitando de escalas muito precisas de medição, área denominada pelos matemáticos de
fractais.

A revisão bibliográfica aqui abordada percorrerá os assuntos acima descritos, com ênfase
para os fatores que afetam a aderência entre os materiais e o estudo da aderência enquanto
resultado das propriedades de resistência de aderência (tração e cisalhamento).

2.1. FATORES INTERVENIENTES NA ADERÊNCIA

A aderência está diretamente relacionada com as características e propriedades da


argamassa e do substrato, com as características e qualidade da execução, com a idade do
revestimento, bem como com aspectos das condições climáticas durante a aplicação da
argamassa e também ao longo da vida útil do revestimento (CARASEK et al., 2014). Uma
representação esquemática dos fatores de influência na aderência está evidenciada na Figura
2.2.

Figura 2.2 – Fatores de influência na aderência das argamassas sobre substratos (CARASEK et al., 2014).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 31

É importante ressaltar também a interferência do método escolhido para medição da


resistência de aderência. Vários autores (COSTA et al., 2007; COSTA; CARASEK, 2009;
DUBAJ, 2000) levantaram a influência de alguns parâmetros de ensaio no resultado final,
incluindo medições com diferentes equipamentos (aderímetros, torquímetros) ou
interferências intrínsecas aos ensaios como excentricidade e velocidade de carregamento.

As subseções a seguir farão uma breve discussão acerca de cada um desses fatores. O
controle desses fatores torna possível a execução de revestimentos de melhor qualidade.
Uma resistência de aderência adequada e eficaz permite que a argamassa desenvolva as
funções para as quais ela foi projetada, com vistas à garantia da durabilidade e desempenho
do revestimento de argamassa.

2.1.1. Características do substrato

Com relação à influência do substrato na aderência, várias pesquisas nacionais (como as de


Carasek (1996), Candia (1998), Scartezini (2002), Paes (2004), Kazmierczak, Brezezinski e
Collatto (2007), Pretto (2007), Pagnussat (2013), por exemplo, já foram desenvolvidas. Elas
têm buscado avaliar a contribuição do tipo e composição da argamassa, da porosidade e da
capacidade de sucção de água ou da rugosidade da base nos resultados de aderência.

2.1.1.1. Porosidade dos substratos

Das propriedades do substrato, as que exercem maior influência na aderência são a


capacidade de sucção de água e a porosidade. Esses fatores estão intimamente relacionados
entre si, uma vez que o movimento de água e outros liq
́ uidos nos sólidos porosos depende,
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 32

em grande parte, da microestrutura do material poroso (tamanho efetivo, configuração e


distribuição dos poros), além das propriedades dos liq
́ uidos, tais como a tensão superficial e
a viscosidade (WHITELEY2 et al. 1978 apud CARASEK, 1996).

Segundo Cincotto3 apud Ioppi (1995), a aderência se dá pela penetração da pasta do
aglomerante nos poros do substrato e endurecimento subsequente. Conseqüentemente, a
interação existente entre o revestimento e a sua base (aderência e absorção inicial) vai
depender da textura e da capacidade de absorção da base, bem como da homogeneidade
dessas propriedades.

Selmo (1989) comenta que a porosidade, que determina a quantidade total de água que pode
ser absorvida, e a força capilar, que depende da natureza e dimensões dos poros e determina
a velocidade de absorção de água, influem na movimentação higroscópica da base quando
afeta a aderência dos revestimentos e deve ser considerada quando da escolha da
composição e da técnica de aplicação das argamassas de revestimento.

Groot (1993) apud Scartezini (2002), explica que, imediatamente após o contato
argamassa/base absorvente, a água começa a fluir da argamassa em direção à base, até que
́ rio seja alcançado entre sucção capilar e as forças fiś ico-quim
o equilib ́ icas de retenção de
água da argamassa. Isso faz com que o raio médio dos capilares da argamassa se torne igual
aos capilares da base, interrompendo o fluxo de água por sucção. No momento em que os
poros da argamassa passam a ser menores do que os presentes no substrato, há uma
inversão de poros ativos e, consequentemente, no fluxo.

O comportamento diferenciado de argamassas idênticas, quando aplicadas em tipos distintos


de blocos sob mesmas condições de aplicação e mão-de-obra foi observado na pesquisa de
Paes et al. (2005) e também em outras pesquisas (CARASEK 1996, SCARTEZINI, 2002 e
GONÇALVES 2004), o que demonstra que a resistência de aderência representa a interação
entre ambos os materiais (argamassa e substrato).

Belair (2005) e Backelandt (2005) ao falarem da interface do material de reparo com o


concreto e de sua porosidade, chamam esta região de zona de transição, justamente por
constituir-se de uma região com porosidade diferenciada do substrato e do material
subsequente. Belair (2005) compara a formação dessa interface com a zona de transição

2WHITELEY, P.; RUSSMAN, H. D.; BISHOP, J. D. Porosity of building materials – a collection of


published results. Jornal on the Oil and Colors Chimists Association, n. 60, p. 142-150, 1977.

3CINCOTTO, M. A. Patologia das argamassas de revestimento: análise e recomendações. 2. Ed. São


Paulo, IPT, 1989 (publicação n. 1801).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 33

entre a pasta hidratada do cimento e o agregado num concreto, justificando a formação do


efeito parede.

Backelandt (2005) mesmo usando resina no reparo do concreto, ao trabalhar com concretos
de diferentes relações água/cimento, observou diferença na porosidade da interface e na
profundidade dessa zona de transição, de acordo com a penetração do material nos capilares
do substrato.

2.1.1.2. Composição dos substratos

O tipo de substrato (composição), se concreto, bloco cerâmico ou bloco de concreto, tem


influência na resistência de aderência. Tal influência advém principalmente da característica
de sucção de água, capilaridade e porosidade dada pela estrutura de cada um. Geralmente
os resultados da resistência de aderência dos revestimentos de argamassa sobre as paredes
em blocos de concreto são satisfatórios e, muitas vezes, superiores aos encontrados quando
a mesma argamassa de revestimento é aplicada sobre blocos cerâmicos (PAES; BAUER;
CARASEK, 2005; PEREIRA; CARASEK; FRANCINETE JR, 2005; SCARTEZINI, 2002).
Kazmierczak, Brezezinski e Collatto (2007) relataram que a resistência de aderência à tração
da argamassa industrializada adotada naquele estudo, aplicada sobre os três tipos de base
(tijolo maciço, bloco cerâmico e bloco de concreto), variou entre 0,11 MPa e 0,25 MPa, em
função do tipo de base e do uso de chapisco. Os autores concluíram que, em geral, o uso de
chapisco propiciou aumento na resistência de aderência dos sistemas ensaiados, inclusive na
base de concreto.

Pagnussat e Masuero (2011) mostraram que uma mesma argamassa, aplicada em um


mesmo tipo de substrato, mas com características de contato diferentes (seja pelo tipo queima
do bloco cerâmico que influencia na absorção de água do mesmo, ou pela ausência de
possibilidade de transferência de água e pasta para o substrato), apresentou, conforme
esperado, comportamentos diferenciados quanto à resistência de aderência à tração
resultante dos revestimentos produzidos. Os autores relataram também que o desempenho
do revestimento de argamassa, quanto à resistência de aderência à tração, foi melhor (maior
incidência de valores elevados) à medida que aumentou a temperatura de queima dos blocos
cerâmicos.

2.1.1.3. Rugosidade dos substratos

A aplicação do revestimento sobre bases lisas de concreto implica em alguns tipos de


tratamento ou texturização, uma vez que a condição da superfície pode dificultar a adesão. A
norma europeia EN 1504-10 (EN, 2003), que fixa requisitos mínimos para a preparação de
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 34

substratos de concreto, estabelece que a superfície deve ser compacta, seca, coesiva e livre
de poeira, óleos ou hidrocarbonetos. Essa mesma norma não define requisitos acerca da
rugosidade desejável. Garbacz, Górka e Courard (2005) resumiram que o objetivo do
tratamento da superfície é o de remover qualquer tipo de camada que possa causar um
decréscimo de aderência, ao mesmo tempo em que aumenta a área de contato pelo
incremento da rugosidade.

Garbacz, Courard e Kostana (2006) afirmam que o termo rugosidade é genérico e pode dar
diferentes informações dependendo da escala de análise que se estuda. A escala milimétrica
permite ao menos distinguir qual o principal tratamento de superfície utilizado e perceber os
dois efeitos principais da rugosidade numa interface de aderência, quais sejam, o
intertravamento mecânico (relacionado à ondulação ou texturização da superfície) e o ângulo
de contato entre a fase fresca/líquida e a fase endurecida/sólida (relacionado principalmente
às micro-rugosidades). A rugosidade pode ser obtida por jateamento de areia, escarificação
mecânica, hidro jateamento, quando do concreto endurecido ou até mesmo com rugosidades
“impressas” em concreto fresco, mais utilizadas em pesquisas, ou impressões com padrões
dados por texturas pré-existentes como as estudadas por Stolz (2011). A técnica utilizada de
tratamento da superfície pode induzir a muitas diferentes formas e configurações.

O efeito da rugosidade da superfície do substrato na aderência não está totalmente elucidado.


Assume-se que um aumento na rugosidade do substrato melhora a aderência entre os dois
materiais. Alguns autores, no entanto, sugerem que a rugosidade, por si só, não contribui
significativamente para o aumento da aderência, mas a criação dessa rugosidade pode sim
induzir micro fissuras que contribuirão para a deterioração da qualidade da aderência
(GARBACZ; GÓRKA; COURARD, 2005; COURARD et al. 2006; SILFWERBRAND;
BEUSHAUSEN; COURARD, 2011).

Diversos autores, dentre eles Gonçalves (2004), propõem que o travamento mecânico, pela
penetração do adesivo nas irregularidades do substrato seja a força principal de atuação na
aderência. Alguns trabalhos como Candia (1998), Scartezini (2002) e Leal (2003) discutem
que, ao se aumentar a rugosidade superficial do substrato, pode-se aumentar a força medida
na interface. Intertravamento mecânico e modificações de ângulo de contato são dois efeitos
fundamentais da rugosidade da superfić ie. O primeiro está relacionado com a "ondulação" da
superfić ie, enquanto o segundo é mais influenciado pela "micro-rugosidade": O valor do
ângulo de contato feito pelo liq
́ uido na superfić ie sólida é modificado pela rugosidade, de
acordo com a relação de Wenzel (GARBACZ, 2006).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 35

Nesse âmbito, o pré-tratamento do substrato, no sentido de se obter uma topografia mais


rugosa e apropriada à ocorrência da aderência, vem a ser um importante fator de influência.
As pesquisas realizadas pelos autores demonstram a preocupação em se verificar a
verdadeira influência do tratamento da base na melhoria da aderência em revestimentos
argamassados.

Pretto (2007) verificou a interferência negativa do uso de desmoldantes na resistência de


aderência junto à superfície de concreto, principalmente em concretos com maior porosidade,
como também fez um levantamento bem completo de comparação entre os métodos de
tratamento superficial (texturização) e concluiu que existe influência dos tratamentos
superficiais na extensão do contato e, consequentemente, na resistência de aderência.
Esquivel (2009) encontrou correlação entre a taxa de macro defeitos provocada no contato e
a resistência de aderência quando o sistema era submetido a ciclos de aquecimento e
resfriamento. Stolz (2011) estudou a interação entre reologia e rugosidade do substrato com
uso de scanner tridimensional e igualmente relata que a rugosidade do substrato também
exerce influência sobre os resultados de resistência de aderência, desde que a argamassa
assentada sobre ele molhe totalmente sua superfície, proporcionando um aumento da área
de contato que incrementará a resistência de aderência do sistema.

2.1.2. Características da argamassa de revestimento

Os materiais constituintes e composição das argamassas, bem como suas propriedades,


como trabalhabilidade, retenção de água, teor de ar incorporado, resistência à compressão e
à tração e módulo de elasticidade exercem influência sobre a aderência das argamassas de
revestimento.

O tipo e as características físicas do cimento podem influenciar os valores de aderência. A


influência de diferentes tipos de cimento fabricados no Brasil na aderência de argamassas foi
estudada por Bolorino e Cincotto (1997) que observaram a interferência das adições do
cimento na evolução das propriedades da argamassa. Carasek, Cascudo e Scartezini. (2001)
afirmaram que um dos parâmetros mais significativos é a finura do cimento, pois quanto mais
fino maior a resistência de aderência obtida e revelaram que maiores valores de resistência
de aderência são conseguidos com o cimento CP V-ARI em comparação com os demais
cimentos. Os autores comentaram, entretanto, que devida cautela deve ser tomada com
relação à utilização desse tipo de cimento, uma vez que cimentos de alta resistência inicial
podem propiciar mais facilmente o desenvolvimento da retração e o aparecimento de fissuras
nos revestimentos. Mattana e Costa (2011), em análise por microtomografia em pastas
cimentícias com cimento CP II-F-32 e CP V-ARI, concluíram que pastas preparadas com o
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 36

primeiro tipo de cimento citado apresentaram maior porosidade quando comparadas àquelas
preparadas com o segundo tipo.

Carasek, Cascudo e Scartezini (2001) relataram que diversos estudos indicam a relação direta
entre o tipo de cal empregada e a resistência de aderência de argamassas mistas. Os autores
comentaram que a argamassa preparada com cal dolomítica tende a apresentar melhores
resultados de aderência quando comparadas àquelas preparadas com cales calcíticas,
devendo este fato estar ligado à dimensão dos cristais de carbonato de cálcio formados, que
são maiores nas argamassas elaboradas com cales dolomíticas, o que elevaria os valores de
retenção de água.

Com relação à areia, Carasek, Cascudo e Scartezini (2001) verificaram que para se obter
bons resultados de aderência esta deve apresentar distribuição granulométrica contínua. Este
fato foi confirmado no estudo de Tristão e Roman (1995), os quais concluíram que
argamassas elaboradas com areia de granulometria não uniforme apresentaram melhores
resultados do que as de uniformidade média, que por sua vez apresentaram resultados
melhores que as muito uniformes. Angelim, Angelim e Carasek (2003) também estudaram a
influência da distribuição granulométrica da areia no comportamento das argamassas de
revestimento, no entanto, registraram que a influência do teor de cimento foi mais significativa
do que a da distribuição granulométrica da areia para os proporcionamentos estudados. Silva
(2006) concluiu que as resistências de aderência à tração, de compressão e de tração na
flexão apresentaram-se maiores nas argamassas com areia britada, em praticamente todos
os traços, quando comparadas com as argamassas produzidas com areia natural, devido,
principalmente, ao menor consumo de água.

Como a variação e a interação entre os materiais afetam a aderência, as propriedades das


argamassas, por conseguinte, também têm influência na resistência de aderência. Dentre as
propriedades das argamassas, já citadas anteriormente, talvez a mais estudada com relação
ao seu efeito na resistência de aderência é o teor de ar incorporado.

Calhau e Tristão (1999) relataram que em estudos com uma argamassa de proporcionamento
1 : 2 : 9 observou-se um aumento na retenção de água com o aumento no teor de ar
incorporado. Hanley e Pavía (2008) afirmaram que um incremento no teor de cal de uma
argamassa, por exemplo, necessitaria de um aumento na demanda de água aumentando
também a fluidez, no entanto, isso acarretaria um decréscimo na resistência com possível
incremento no teor de ar e, consequente, formação de fissuras, o que comprometeria a
durabilidade dessa argamassa. Monte, Uemoto e Selmo (2003) pesquisaram 6 argamassas
com diferentes teores de ar incorporado, das quais somente duas apresentaram valores de

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 37

resistência de aderência maiores que 0,2 MPa, corroborando a ideia de Robinson e Brown
(1988) e Wright, Wilkins e John (1993) de que os agentes incorporadores de ar reduzem a
resistência de aderência.

Sugo, Page e Lawrence (2001) explicaram que a redução da resistência de aderência pelo
uso de agentes incorporadores de ar seria o resultado de uma combinação de fatores. Eles
relatam que a capacidade da pasta em formar uma camada de material cimentício ao longo
da interface é reduzida na medida em que se usa uma grande quantidade de agentes
incorporadores para facilitar a trabalhabilidade com baixas relações água/sólidos. As bolhas
de ar formadas consumiriam os finos cimentícios da argamassa reduzindo a disponibilidade
destes para cobrir as partículas de agregados e gerar uma contínua e aderente interface de
aderência. McGinley (2005), no entanto, ressaltou que, teores de ar incorporado abaixo de
10% não afetam significantemente a resistência de aderência de argamassas mistas sobre
blocos de alvenaria.

Outra propriedade importante que diz respeito à capacidade de recuperação quando da


imposição de esforços é a elasticidade. O módulo de elasticidade está relacionado à
capacidade de absorver deformações da argamassa. Carvalho Jr. (2005) explicou que nas
argamassas fracas as ligações internas são menos resistentes e as tensões poderiam ser
dissipadas na forma de microfissuras que surgem nas interfaces microscópicas entre os grãos
do agregado e a pasta. Nas argamassas fortes (ricas em cimento), as tensões iriam se
acumulando culminando na ruptura na forma de fissuras macroscópicas. Essa fissuração
pode comprometer a capacidade de aderência na região próxima às fissuras.

Selmo (1989) constatou que a relação água/cimento, em massa, das argamassas no estado
fresco pode ser tomada como variável determinante na resistência de aderência à tração.
Fiorito (1994) verificou que as tensões de tração que atuam sobre argamassas muito ricas,
com módulo de elasticidade próximo a 14 GPa seriam da ordem de nove a doze vezes
maiores em relação às argamassas mais elásticas, com módulos aproximados de 1,05 GPa.
Carasek (1996) detectou a influência da resistência à tração na flexão e da resistência à
compressão na resistência de aderência à tração, a qual atribuiu às variações nos teores de
cimento das argamassas. Costa (2007) compilou valores de módulos de elasticidade de vários
trabalhos, resumidos na Tabela 2.1, que concluiu que quanto menor o teor de cimento da
argamassa menor também o módulo de elasticidade, elucidando o fato de as argamassas
mais fracas resistirem ou absorverem melhor as tensões.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 38

Tabela 2.1 – Valores do módulo de elasticidade estático e coeficiente de variação para diferentes tipos e traços
de argamassas (COSTA, 2007).

Traço Módulo de elasticidade estático (GPa)


Argamassa
(em volume) Mínimo Máximo Média
Cimento 1:3 3,10 17,68 8,33
Mista 1:1:6 0,01 5,50 2,18
Mista 1:2:9 1,00 3,50 2,09
Industrializada - 0,72 9,31 3,40

Silva e Campiteli (2008) concluíram que a fissuração nos revestimentos de argamassas é


acentuada com o aumento das resistências mecânicas, que, por sua vez, é proporcional ao
consumo de cimento; e à capacidade de deformação do revestimento de argamassa, que
pode ser avaliada através do módulo de elasticidade, está associada às resistências à
compressão, de tração na flexão e de aderência à tração.

John (2003) concluiu que a argamassa de revestimento ideal possui baixo módulo de
elasticidade. Alternativas para se reduzir o módulo de elasticidade das argamassas é a
substituição de parte do cimento por cal e utilização de aditivos químicos, como plastificantes
e incorporadores de ar.

2.1.3. Características de execução

O processo de execução dos revestimentos de argamassa podem empregar aplicação


mecânica ou manual de argamassa. Geralmente o processo convencional utiliza-se da
aplicação manual, já os processos mecanizados empregam bombas e pistolas de projeção
de argamassa. Tanto os sistemas com aplicação manual quanto os sistemas com aplicação
mecânica de argamassa admitem a utilização de argamassas preparadas em obra,
industrializadas em saco, preparadas em central e de argamassas industrializadas em silo.
No entanto, cada combinação determina uma logística de produção, com dificuldades e
benefícios diferenciados, que pode variar ainda conforme as características das empresas e
da mão-de-obra envolvidas.

O revestimento pode ser feito em duas camadas, com emboço e reboco, ou em apenas uma,
chamada de camada única. O reboco e a camada única podem constituir-se em acabamento
final ou ainda pode ser executado outro tipo de acabamento em etapa a ser realizada após o
período adequado de cura.

Para a mistura da argamassa industrializada em sacos é comum o uso de argamassadeiras.


Já na preparação de argamassa em obra, normalmente utilizam-se betoneiras, muito embora

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 39

tais equipamentos não sejam os mais adequados para essa operação. Segundo Shimizu,
Barros e Cardoso (2001), o mecanismo de mistura da betoneira é por queda e, como a
argamassa não possui agregado graúdo, a mistura dos componentes não ocorre de maneira
eficiente.

Outra dificuldade comum é o respeito ao tempo máximo de utilização da argamassa fresca.


O processo convencional de preparação utiliza um ou mais estoques da argamassa pronta
para o uso, na intenção de garantir o fornecimento contínuo das equipes de produção. No
entanto, esses estoques não são controlados muitas vezes, gerando situações em que a
argamassa ultrapassa o tempo máximo de uso. Tal material deveria ser descartado, mas é
comum o operário adicionar água e reutilizá-lo, podendo comprometer a qualidade do
revestimento.

A aplicação manual de argamassa na execução de revestimento pode ser outra origem de


problemas. Uma das consequências já comprovadas é a variabilidade da qualidade do
revestimento em função da variação da energia de aplicação. Gonçalves (2004) afirma que
existe diferença significativa na resistência de aderência à tração dos revestimentos de
argamassa executados por pedreiros de uma mesma obra. Essa variabilidade pode ocorrer
até mesmo em revestimentos feitos pelo mesmo operário. Gonçalves (2004) constatou
também que a ergonomia influencia na aplicação de argamassa. Nas partes inferiores e
superiores de um pano, o operário não consegue realizar a aplicação com a mesma força que
na altura próxima de seu tórax, tendo como consequência a variabilidade na resistência de
aderência dos revestimentos.

No Brasil, utilizam-se dois tipos de equipamento de projeção, o projetor com recipiente


acoplado e a bomba de argamassa. O mais simples desses equipamentos, o projetor com
recipiente acoplado, também chamado de “canequinha”, é abastecido diretamente no estoque
de argamassa fresca, ou seja, o material não é bombeado. O ar comprimido fornecido por um
compressor é introduzido diretamente no recipiente do projetor para aplicar a argamassa ao
substrato.

Para Fernandes (2007), na definição de um sistema de revestimento seria importante


especificar a argamassa a ser utilizada, o projetor e o compressor de forma conjunta, pois a
interação entre eles determina a energia de lançamento do material, influenciando na
quantidade de perdas de material e na aderência ao substrato. Como esses equipamentos
não bombeiam o material, além do uso de argamassa industrializada, pode ser facilmente
utilizada argamassa produzida em obra (CRESCENCIO et al., 2000).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 40

As bombas de argamassa são equipamentos mais sofisticados e exigem maiores mudanças


no sistema de produção (CRESCENCIO et al., 2000). Normalmente são utilizados
misturadores de argamassa integrados ou dispostos de forma que a argamassa saia do
misturador direto para o recipiente da bomba com o objetivo de atender a grande capacidade
de volume de bombeamento do equipamento. A argamassa fresca é bombeada do recipiente
da bomba continuamente através de mangotes até a pistola de projeção. A projeção é feita
por ar comprimido injetado nessa pistola.

Segundo Duailibe, Cavani e Oliveira (2005), como tais equipamentos podem gerar maior força
de aplicação de argamassa sobre o substrato quando comparado à aplicação manual, eles
teriam o potencial de aumentar a extensão de aderência. Os autores encontraram resistências
de aderência 55% superiores às dos revestimentos executados com aplicação manual, assim,
enquanto os revestimentos com aplicação manual obtiveram média de 0,22 MPa, os com
aplicação mecânica alcançaram 0,34 MPa. Ademais, Duailibe, Cavani e Oliveira (2005)
comprovaram que, através da projeção mecânica de argamassa, seria possível minimizar a
variabilidade da energia de aplicação e controlá-la através de manômetros, tendo
consequentemente, menor variabilidade também na qualidade do revestimento.

Na mesma linha, Lacerda, Cascudo e Carasek (2008) também obtiveram aumento da


resistência de aderência à tração quando compararam a aplicação por projeção mecanizada,
utilizando a canequinha com aplicação manual. Mas o resultado mais importante dessa
pesquisa foi a redução do coeficiente de variação da resistência de aderência, que, no caso
em questão, caiu de 28% para 10%, quando comparados os resultados da aplicação manual
com a aplicação com a canequinha. Carasek (2012 e 2014) também comparou o efeito do
tipo de aplicação da argamassa na resistência de aderência à tração, desta feita em dois
canteiros de obra (Belo Horizonte e Goiânia). A autora encontrou resultados semelhantes aos
descritos anteriormente. A aplicação mecanizada produziu revestimentos com valores médios
mais altos e coeficientes de variação mais baixos do que a aplicação manual. Ao comparar-
se a projeção com bomba com a projeção via caneca, obteve-se uma pequena diferença de
desempenho, com resultados um pouco mais satisfatórios nos revestimentos aplicados com
bomba.

No entanto, Fernandes (2007) identificou que a energia de lançamento de uma argamassa


com um modelo de projetor com recipiente acoplado é bem variável e foi da mesma ordem de
grandeza, porém em média menor, que a medida por Antunes (2005) para a aplicação
manual. Portanto, outros fatores poderiam estar influenciando para a obtenção de melhores
resultados de resistência de aderência à tração dos revestimentos executados com aplicação
mecânica de argamassa. A autora comentou que, ao contrário do que se imaginava, não seria
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 41

a energia de lançamento que aumenta a aderência dos revestimentos por projeção, e sim,
talvez, o tamanho dos grânulos projetados.

2.1.4. Condições climáticas

Na formação dos mecanismos de aderência, além dos fatores intrínsecos relacionados aos
materiais, seu tipo, proporcionamento e propriedades resultantes, bem como interação
substratos/argamassas de revestimento, existem fatores externos capazes de intervir nas
propriedades dos elementos componentes do sistema de revestimento e que, portanto,
podem causar alteração dos mecanismos de aderência.

Muitas pesquisas relacionam a incidência de fissuras em concretos e argamassas com a


mudança de volume do compósito devido à evaporação da água. Topçu e Elgun (2004)
relataram que quando um concreto ou argamassa é aplicado, parte da água sobe até a
superfície. Em condições climáticas com alta temperatura, baixa umidade relativa do ar,
elevada velocidade do vento e com radiação solar, a evaporação da água da superfície do
compósito é acelerada A alta temperatura também acelera a evaporação da água.

Candia (1998) avaliou em obra a influência da incidência de insolação sobre os revestimentos


em argamassa. Foram verificadas duas fachadas com diferentes orientações solares, mesmo
tipo de argamassa e mesmo pedreiro. O revestimento exposto ao sol apresentou menor
resistência de aderência do que aquele à sombra, justificado pelo autor como resultado da
aceleração da evaporação ocasionada pelo calor do sol, o que reduziu a hidratação,
confirmando as demais referências. Somar-se-ia neste contexto também, em situações reais
de obra, uma maior sucção da base por esta também estar exposta ao calor do sol e também
perder água por evaporação mais rapidamente.

Moura (2007) estudou a influência das condições ambientais da ação do vento e da


temperatura elevada durante a cura da argamassa de chapisco na aderência dos
revestimentos de argamassa aplicados em substratos de concreto. A autora moldou
substratos de concreto, de 37 MPa, os quais foram posteriormente chapiscados e revestidos
com argamassa, ambos em três combinações (uma dosada em obra e duas industrializadas
com fabricantes diferentes). Os substratos revestidos foram expostos à ação do vento e, parte
deles, foi também exposta à ação de alta temperatura (40°C). Os demais foram curados à
temperatura de 23°C durante os três dias de cura do chapisco. A autora constatou que as
variáveis estudadas influenciaram de forma significativa na resistência de aderência, tanto de
forma isolada quanto na interação entre elas, propiciando diminuição da aderência, sendo que
o efeito do calor foi predominante sobre o do vento.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 42

Ruduit (2009) também verificou a influência da alta temperatura durante a cura do chapisco
na resistência de aderência de revestimentos de argamassa. Este executou painéis de
concreto com aplicação de quatro diferentes tipos de chapisco, três chapiscos convencionais
(1 : 3 CP IV-32; 1 : 3 CP II-Z e 1 : 2 CP IV-32) e um industrializado. Parte dos painéis foi
submetida à temperatura de 23°C e parte à temperatura de 50°C durante três dias, quando
então foi aplicada a argamassa de revestimento. O autor observou que a temperatura na cura
do chapisco teve influência significativa e negativa; os resultados apresentaram, em média,
valores 50% menores ao aumentar a temperatura de 23°C para 50°C.

Além da temperatura, outro importante efeito é o da umidade relativa do ar. Considerando que
a argamassa em estado fresco está saturada, ou seja, 100% úmida e a umidade relativa do
ar é sempre inferior a 100%, a evaporação ocorre quando há um desequilíbrio de umidade
entre a argamassa em estado fresco e o meio ambiente. Por um mecanismo de transporte a
água migra no sentido do meio mais para o menos saturado, ou seja, ocorre a evaporação da
água da argamassa para o meio e, às vezes, devido à perda prematura da água, as reações
de hidratação do cimento e, consequentemente, a aderência dos revestimentos ficam
prejudicados. Nesse sentido, percebe-se a necessidade da cura úmida dos materiais. Devido
à alta relação superfície/volume, os revestimentos de argamassa são submetidos a condições
de cura particularmente severas.

No estudo realizado por Pereira, Carasek e Francinete Jr. (2005) com o intuito de avaliar a
influência da cura úmida em revestimentos de argamassa, os autores aplicaram em 36
painéis, constituídos de blocos cerâmicos e de concreto, três tipos de argamassa, duas
industrializadas e uma com a inserção de vermiculita. Os painéis foram submetidos a
diferentes curas: ao ar, úmida por três dias e úmida por sete dias. Os autores constataram
que, de um modo geral, a cura úmida contribuiu para o aumento da resistência de aderência,
reduziu significativamente a permeabilidade e a capacidade de absorção de água, bem como
aumentou a resistência superficial à tração de todos os revestimentos avaliados, atingindo
aumentos da ordem de 140%.

Além da influência da temperatura e umidade, em situações reais de superfícies expostas ao


ambiente, outro fator que também pode influenciar o desempenho dos revestimentos, é a
condição de ventilação. Os efeitos desta condição ainda são pouco estudados, mas o trabalho
realizado por Jacobsen e Aarseth (1999) verificou que o vento atua na secagem do material,
analogamente ao efeito gerado pelas altas temperaturas e Zeng et al. (2011) encontraram
relações de proporcionalidade entre a velocidade e direção do vento com a taxa de
carbonatação do concreto.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 43

2.2. ADERÊNCIA

A resistência de aderência depende intrinsicamente da adesão na interface, fricção entre as


partículas, intertravamento de agregados e outros fatores dependentes do tempo. Cada um
desses fatores, por sua vez, depende de outras variáveis. A aderência na interface depende,
dentre outros, da compactação e coesão do material, limpeza, condição de umidade e
rugosidade da superfície do substrato e idade do sistema. A fricção e o intertravamento de
agregados na interface são influenciados por outros parâmetros como tamanho e forma dos
agregados utilizados, além da preparação da superfície (RAMEZANIANPOUR;
SHAHHOSSEINI; NILFOROUSHAN, 2007). A prática comum se resume, no entanto, em
simplesmente selecionar a argamassa e posteriormente aumentar a rugosidade da superfície
do substrato. Entre a escolha dos materiais e a preparação do substrato muitas etapas são
negligenciadas e pouca informação acerca da real resistência de aderência requerida está
disponível.

A aderência do revestimento ao substrato é uma das principais propriedades mecânicas para


a verificação do desempenho dos sistemas de revestimento. No entanto, trata-se de uma
propriedade complexa (ANTUNES, 2005). Não bastasse a complexidade inerente à
propriedade, esse assunto ainda não é amplamente entendido e tampouco existe ensaio
completamente adequado para avaliar a resistência de aderência (ANTUNES, 2005; SUGO;
PAGE; LAWRENCE, 2001; WEISS, 1995).

De acordo com Weiss (1995), as propriedades mecânicas e a aderência determinam o


desempenho das camadas de revestimento. No entanto, durante a realização dos ensaios
surgem tensões devidas às propriedades diferentes dos elementos que participam do sistema;
logo, torna-se importante compreender os mecanismos envolvidos e ajustar os métodos de
ensaio para medir a resistência de aderência.

A resistência de aderência é comumente usada e quantificada com base na resistência de


aderência à tração definida na NBR 13528 (ABNT, 2010). Trata-se de um ensaio de fácil e
simples aplicação, porém com alta variabilidade (coeficiente de variação), como será melhor
abordado mais adiante no texto.

Diante de tais considerações, torna-se relevante o estudo da obtenção de um valor ou


parâmetro de resistência de aderência que não seja tão variável, ou que possa ser
complementado com estudos de cisalhamento e extensão de aderência, por exemplo. Esses
assuntos serão abordados a seguir.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 44

2.2.1. Resistência de aderência

A aderência é a propriedade que permite à argamassa absorver tensões normais ou


tangenciais na superfície de interface com o substrato (ROSELLO, 19764 apud SELMO,
1989). A quantificação da aderência se dá pelos valores de resistência de aderência. Como
já exposto anteriormente pode-se perceber que quanto melhor for o contato entre a
argamassa e o substrato, quanto menor a variabilidade do ensaio e composição de resultados
maior a chance de se obter um valor mais verdadeiro de resistência de aderência.

A resistência de aderência é resultante da composição de duas resistências, quais sejam,


resistência de aderência à tração e resistência de aderência ao cisalhamento combinadas
com a extensão de aderência (CARASEK, 1996).

2.2.1.1. Resistência de aderência à tração

No Brasil, o ensaio para determinação da resistência de aderência à tração, também


conhecido por ensaio de arrancamento, é realizado de acordo com método prescrito na norma
NBR 13528 - Revestimentos de Paredes e Tetos de Argamassas Inorgânicas - Determinação
da Resistência de Aderência à Tração (ABNT, 2010). É caracterizado pela tensão máxima
suportada por um corpo de prova, quando submetida a um esforço normal de tração.

O método prevê a colagem de uma pastilha de 50 mm de diâmetro sobre uma seção de


argamassa previamente cortada, isolando-a do restante do revestimento. O corpo de prova é
então submetido a uma tensão de tração, através de um equipamento mecânico ou hidráulico.
A tensão na qual ocorre a ruptura é registrada, bem como a forma de ocorrência da ruptura.

A norma NBR 13749 - Revestimentos de Paredes e Tetos de Argamassas Inorgânicas-


Especificação (ABNT, 1996) estabelece os limites mínimos de resistência de aderência à
tração para revestimentos constituintes de paredes internas ou externas e tetos, valores estes
de 0,20 MPa e 0,30 MPa, respectivamente.

A norma de resistência de aderência à tração prescreve ainda a retirada de amostras para


determinação da umidade, uma vez que a umidade do revestimento influencia no resultado
do ensaio. No entanto a norma não aponta nenhuma correlação de índices ou valores entre
eles, cabendo ao executante a interpretação do resultado.

4ROSELLO, M. T. V. Morteros de cemento para albanileria. 1976 Monografia, Instituto Eduardo


Torroja de la Construcción y del Cemento. Madri, 1976.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 45

Outro requisito prescrito pela mesma norma é a anotação da forma de ocorrência de ruptura.
Carasek (2010) relatou que quando a ruptura é do tipo coesiva, isto é, quando a ruptura
acontece no interior da argamassa ou do substrato, os valores são menos preocupantes, a
não ser que sejam muito baixos. Para a autora, por outro lado, quando a ruptura é do tipo
adesiva, ocorrendo na interface argamassa/substrato, os valores devem ser mais altos, pois
existe um maior potencial para manifestações patológicas. Quando a ruptura acontece na
interface cola/argamassa e os valores são muito baixos, existe a indicação de inadequada
resistência superficial da argamassa, com possibilidade de pulverulência.

Cincotto, Silva e Carasek (1995) afirmaram que o ensaio de resistência de aderência à tração
é bastante variável, podendo apresentar coeficientes de variação da ordem de 10% a 35%
devidos a fatores inerentes ao procedimento de ensaio, os quais podem interferir no resultado
obtido. Dentre esses fatores, podem ser destacados o ângulo e o equipamento utilizado no
corte do revestimento, além da forma e da velocidade de aplicação da carga de arrancamento.

Gonçalves (2004) complementou que dentre os diversos fatores que podem contribuir para a
variabilidade do ensaio de resistência de aderência à tração pode-se citar o fator humano,
devido ao empirismo na execução das tarefas, o tipo de substrato, bem como o seu preparo,
o tipo de argamassa utilizada e a granulometria do agregado. Além destes fatores, o autor
também citou outros provenientes do método executivo que podem influenciar na resistência
de aderência, quais sejam, tempo de mistura da argamassa (afetando o teor de ar
incorporado), a altura de lançamento no substrato, o tempo de espera para o sarrafeamento,
a existência de cura, etc.

Além dos fatores decorrentes da execução do revestimento, listados anteriormente por


Gonçalves (2004), existe ainda a variabilidade atribuída ao processo de execução do ensaio,
como por exemplo, a falta de verticalidade da serra copo no momento do corte, a aplicação
não ortogonal da força de tração devido à falta de verticalidade do equipamento, a vibração
causada pela furadeira no momento do corte, a elevada retração da cola utilizada para a
colagem das pastilhas e o tipo de equipamento utilizado para a realização dos ensaios, entre
outros.

A intensidade da aderência só pode ser obtida a partir de resultados de ensaios destrutivos.


Cao e Chung (2001) pesquisaram a perda de aderência entre argamassas após
carregamentos cíclicos usando avaliação da resistividade no contato. No referido trabalho, a
tensão de cisalhamento e a resistência elétrica no contato foram simultaneamente medidas
durante carregamentos cíclicos em diferentes amplitudes de tensão de cisalhamento (0,8, 0,9
e 1,2 MPa) durante 20 segundos, amplitudes essas escolhidas a fim de promover degradação

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 46

da aderência, mas não a ruptura. Os autores verificaram que acontecia um aumento abrupto
da resistência elétrica após um dos seis ciclos impostos e outro aumento brusco no
descolamento final da interface. Os autores encontraram também que amplitudes mais altas
de tensão de carregamento causaram a degradação e a ruptura da interface de aderência
com menor número de ciclos aplicados. No entanto, ainda é parco o estudo acerca de
métodos não destrutivos nessa área.

2.2.1.2. Resistência de aderência ao cisalhamento

Resistência ao cisalhamento é a tensão cisalhante ou cortante que ocorre no plano de ruptura


no instante da ruptura. Sua quantificação representa a tensão máxima de cisalhamento no
material, imediatamente antes de seu colapso, sob uma carga de cisalhamento.

Normas como C 882 - Standard Test Method for Bond Strength of Epoxy Resin Systems Used
With Concrete By Slant Shear (ASTM, 2012), D 5607 - Standard Test Method for Performing
Laboratory Direct Shear Strength Tests of Rock Specimens Under Constant Normal Force
(ASTM, 2008) e D 3080 - Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Under
Consolidated Drained Conditions (ASTM, 2011) são exemplos de normas internacionais
acerca da resistência ao cisalhamento em áreas da engenharia.

Internacionalmente, especificamente para as argamassas de revestimento, foram propostos


os dois métodos propostos pela RILEM, quais sejam, a MR-14: Determination of the Bond of
renderings by shear tests e a MR-20: Determination of the bond strenght of rendering by
torsion test (RILEM, 1994) na determinação da resistência de aderência ao cisalhamento em
interfaces de argamassa e substrato.

Entretanto, estudos da resistência da aderência ao cisalhamento em argamassas de


revestimento e substratos ainda são parcos. A maioria dos estudos está focada na resistência
ao cisalhamento entre componentes de alvenaria, barras de aço do concreto armado e em
interfaces de adesão entre concreto e materiais de reparo, cimentícios ou poliméricos. O
estudo do cisalhamento na interface entre concreto antigo e novo é tema de muitas
investigações acerca do mecanismo da aderência e de fatores intervenientes na aderência na
interface. A fundamentação teórica aqui apresentada está baseada nos métodos encontrados
na literatura para ensaiar ao cisalhamento materiais de reparo e concreto.

Momayez et al. (2005) relataram que os ensaios existentes para determinação da resistência
de aderência entre materiais podem ser divididos em muitas categorias, ensaios à tração,
ensaios de cisalhamento com torção, cisalhamento simples e até cisalhamento com
compressão. Muitos autores relatam ser o ensaio à tração o mais utilizado (SILFWERBRAND,

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 47

2003; MOMAYEZ et al. 2005; BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008; NESHVADIAN-BAKHSH,


2010;), e Neshvadian-Bakhsh (2010) justificou o amplo emprego desse método à facilidade
no manuseio, variada gama de aplicação e até mesmo à confiança nos resultados.
Beushausen e Alexander (2008) afirmaram que a escolha do método mais adequado em cada
situação pode ser determinante na caracterização da aderência. O objetivo de cada ensaio é
aplicar uma tensão em determinada direção a fim de provocar uma ruptura e então, realizar a
medição da tensão de ruptura. Talvez, o grande desafio da maioria dos ensaios seja
exatamente posicionar a interface de aderência no ângulo mais correto e provável em que se
dará a ruptura. A Figura 2.3 esquematiza os variados ensaios utilizados na determinação da
resistência de aderência entre dois materiais.

Figura 2.3 – Desenho esquemático de alguns métodos utilizados na determinação de resistência de aderência
em interfaces (BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008).

O método conhecido por slant-shear test combina a aplicação de tensão compressiva e


cisalhante. É um método normalizado pela C 882 (ASTM, 2012) para avaliação da aderência
em materiais de reparo. O corpo de prova é cilíndrico, montado com duas partes
diagonalmente cortadas e aderidas uma contra a outra, com um plano de adesão a 30º do
eixo horizontal de aplicação da compressão. Kreigh (1976)5 apud Momayez et al. (2005)
utilizou esse método com planos de adesão a 60º do eixo de aplicação da força compressiva
e outros pesquisadores variaram a forma do corpo de prova utilizando prismas retangulares,
como estudado por Wall e Shrive (1988) e Momayez et al. (2005). Na Figura 2.4 está mostrada

5 KREIGH; J.D. Arizona slant shear test: a method to determine epoxy bond strength. ACI Journals.
v 73, p. 372-373, 1976.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
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uma foto do corpo de prova prismático estudados por Momayez et al. (2005) evidenciando
uma ruptura adesiva.

Figura 2.4 – Corpo de prova prismático com ruptura tipo adesiva no ensaio tipo slant-shear (MOMAYEZ et al,
2005).

Os autores que estudaram esse método comentam que é o método que mais se aproxima
das condições reais de carregamento presentes numa estrutura, uma vez que o componente
de cisalhamento muitas vezes acompanha a tensão de compressão nos materiais aplicados
nas estruturas. No entanto, Austin, Robins e Pan (1999) relataram algumas deficiências no
método. Os autores afirmaram que a ruptura é dependente do ângulo da interface, definido
como 30º nas especificações de norma, o que exclui a possibilidade de obtenção de ruptura
num plano diferente. Salientaram ainda que a norma não contempla a condição de pré-
tratamento da superfície com algum tipo de rugosidade, considerando somente rupturas em
superfícies sem rugosidade e nem mesmo diferenças no módulo de elasticidade entre os
materiais aderidos. Austin, Robins e Pan (1999) defenderam que a rugosidade da superfície
tem efeito sobre o ensaio slant-shear, bem como as diferenças nos módulos de elasticidade
entre os dois materiais, que provocariam concentrações de tensões locais que tem como
efeito resposta semelhante àquela provocada por excentricidade no carregamento. Os efeitos
desses fatores nos resultados do ensaio slant-shear estudados por Austin, Robins e Pan
(1999) estão resumidos no Tabela 2.2.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 49

Tabela 2.2 – Efeitos da rugosidade sobre o ensaio de slant-shear, de acordo com Austin, Robins e Pan (1999).

O efeito na resistência slant-shear depende da


inclinação da interface estudada
Existe um ângulo crítico de adesão associado a cada
rugosidade provocada

Rugosidade A tensão requerida para produzir uma ruptura por


cisalhamento na interface de aderência varia com o
ângulo de adesão selecionado
Superfícies mais rugosas têm menores ângulos críticos
de adesão, o que reduz a possibilidade de obtenção de
ruptura na interface com a utilização do ângulo de 30º
especificado por norma

Existindo uma discrepância nos módulos dos dois


Módulo de Elasticidade materiais aderidos, existirá excentricidade no
carregamento o que induz a uma menor tensão de
ruptura

Neshvadian-Bakhsh (2010) alertou que a existência de uma tensão compressiva ‘ajuda’ a


interface a adquirir maior atrito e intertravamento, o que possibilitaria a obtenção de altos
valores de resistência mesmo quando as duas superfícies não estão aderidas, falseando os
resultados encontrados.

Outro ensaio para determinação da resistência ao cisalhamento é o ensaio de cisalhamento


por torção, ou twist off, estudado por Silfwerbrand em 2003. O autor comentou que, embora
seja um tipo de ensaio onde a ruptura ocorre em decorrência do desenvolvimento de fraturas
por tração, a tensão na qual o corpo de prova é submetido advém de um esforço de torção.
Apesar da maioria das forças aplicadas a uma estrutura não ser na forma de um torque por
torção, o autor complementou dizendo que a torção pode imprimir um cisalhamento puro numa
superfície, o que pode representar uma boa simulação do comportamento de uma interface
sob tensão de cisalhamento.

O procedimento para realização do ensaio é muito parecido com o procedimento do ensaio


de aderência à tração, desde a dimensão do corpo de prova até a forma de colagem da
pastilha. A diferença entre os dois métodos é o tipo de carregamento e os equipamentos que
proporcionam a torção. Uma das importâncias e vantagens desse ensaio é a possibilidade de
realização in situ, uma vez que outros ensaios para determinação da resistência ao
cisalhamento são desenvolvidos somente em laboratório.

Neshvadian-Bakhsh (2010) argumentou que quando um material compósito como o concreto


é submetido à torção o plano de ruptura não é perpendicular ao eixo de carregamento, este
plano teria uma inclinação próxima a 45º num formato espiral, como mostrado na Figura 2.5.
O autor também complementou que no concreto a expectativa é a de se ter rupturas em
planos inclinados muito mais frequentes do que em planos perpendiculares e isso também
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 50

seria o esperado num ensaio de torção. Ele sugeriu que neste tipo de ensaio a interface seja
colocada não perpendicularmente ao eixo de rotação e sim a 45º do eixo e justifica essa
afirmação utilizando como prova os resultados obtidos por Silfwerbrand em 2003, onde em
mais de 50 corpos de prova ensaiados ao cisalhamento por torção somente um deles teve
ruptura na interface. Segundo o autor, a geometria da amostra utilizada para o ensaio não
seria compatível com o tipo de força aplicada.

Figura 2.5 – Tipo de ruptura num material compósito submetido a torque, onde a ruptura ocorre num plano
inclinado com formato espiral (NESHVADIAN-BAKHSH, 2010).

A norma C 496 – Splitting tensile strength of cilindrical concrete specimens (ASTM, 1991)
descreve o procedimento geral para realização de um teste de separação ou divisão numa
interface de aderência em um corpo de prova cilíndrico composto por uma metade de concreto
antigo e outra metade composta por material de reparo. O objetivo é a determinação da
resistência de aderência entre os dois materiais através da resistência à divisão no compósito
cilíndrico. Li et al. (1999) realizaram modificações neste método e desenvolveu o ensaio de
separação em prismas, ou prism slitting test, conforme exemplificado na Figura 2.6, para
avaliação da durabilidade da aderência entre duas metades de concreto afetados por ciclos
de gelo e degelo.

Figura 2.6 – Ensaio de separação na interface, ou prism splitting test (LI et al., 1999).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 51

Os autores concluíram que independentemente da exposição a ciclos de gelo e degelo, o


ensaio se revela um bom indicador para a avaliação da resistência de aderência entre dois
materiais, com coeficientes de variação menores que 10%. No entanto, cabe aqui salientar
que o esforço predominante é o de compressão e de tração, e não o de cisalhamento.

Beushausen e Alexander (2008) utilizaram dois métodos na determinação da resistência de


aderência ao cisalhamento, o denominado ensaio FIP modificado e o ensaio tipo guilhotina,
conforme ilustrado na Figura 2.7. O primeiro, denominado ensaio FIP modificado, é derivado
de um ensaio desenvolvido pela The Fédération Internationale de la Précontrainte, (FIP,
1982), na qual a interface é teoricamente submetida a forças de cisalhamento puro. O
segundo ensaio, denominado ensaio guilhotina foi utilizado por Delatte, Wade e Fowler (2000)
e consistia na aplicação de uma força de cisalhamento na interface de aderência enquanto
parte do corpo de prova ficava preso numa armação rígida. Este mesmo autor considerou que
este método apresenta muitos inconvenientes, sendo um deles a dificuldade de eliminação
total da tensão de flexão na amostra ou até deslizamento sem a utilização de uma armação
rígida.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 52

Figura 2.7 – a) ensaio para determinação da resistência ao cisalhamento FIP modificado, b) ensaio tipo
guilhotina (BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008).

a) b)

No Brasil, o ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento em revestimentos de


argamassa ainda foi pouco pesquisado e, também por isso, ainda não existe normalização
nacional deste ensaio para argamassa e/ou concreto.

Cincotto, Silva e Carasek (1995) explicaram que no método de determinação da resistência


de aderência ao cisalhamento por torção, normalizado pelo método RILEM MR-20 (RILEM,
1982) o revestimento é submetido a um esforço de torção mediante a rotação de um anel
metálico colado sobre uma superfície, conforme mostrado na Figura 2.8. A rotação do anel se
faz por meio da aplicação de um torque sobre o eixo perpendicular à área circular de ensaio,
usando-se para isso um braço metálico conectado ao anel, forçando este a girar, torcionando
o revestimento. Esta norma prescreve que devem ser realizados no mínimo 3 pontos de
ensaio para cada situação revestimento/substrato e o ensaio é realizado com o conjunto
revestimento/substrato na posição horizontal.

Figura 2.8 – Desenho esquemático da determinação da resistência de aderência ao cisalhamento por torção,
MR-20 RILEM (SANTANA, 2010).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 53

Cincotto, Silva e Carasek (1995) explicaram que no método de ensaio de determinação da


aderência de revestimentos por ensaio de cisalhamento descrito na RILEM MR-14, são
preparados dois blocos de alvenaria revestidos nas faces opostas. Após a cura, quando do
ensaio dos revestimentos, placas metálicas são coladas sobre as faces do bloco revestido,
ligando-os, porém deixando entre eles um espaço livre. O corpo de prova, constituído pelos
dois blocos revestidos nas faces opostas e unidos pelas placas metálicas, é submetido a um
carregamento na direção paralela ao plano dos revestimentos até a ruptura, conforme
mostrado na Figura 2.9. Com a carga de ruptura, a tensão de cisalhamento é calculada de
acordo com a Equação 2.1. Esta norma prescreve que para cada situação analisada devem
ser realizadas no mínimo 5 determinações.

P
τ= 4ab (2.1)

Em que:

 = resistência de aderência ao cisalhamento (MPa);


P = carga de ruptura (N);
a,b = dimensões da área do revestimento solicitado ao cisalhamento, em mm, de
acordo com a Figura 2.9.

Figura 2.9 – Desenho esquemático do ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento pelo método MR-14
RILEM (SANTANA, 2010).

Candia (1998) desenvolveu um dispositivo para a realização do ensaio de resistência de


aderência ao cisalhamento direto, com a aplicação da força através de um braço de alavanca,
conforme mostrado na Figura 2.10, o qual, segundo o autor, apresentou bons resultados. O
autor pesquisou a resistência de aderência ao cisalhamento utilizando duas diferentes
argamassas (industrializada e mista) aplicadas sobre três diferentes substratos (bloco
cerâmico, bloco de concreto e estrutura de concreto) e obteve coeficientes de variação médios

M. O. CAMPOS Capítulo 2
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menores que 25% na maioria dos casos. Uma das dificuldades desse ensaio seria a remoção
da camada de revestimento ao redor dos corpos de prova para realização do ensaio.

Figura 2.10 – Desenho esquemático de: a) preparação para ensaio de cisalhamento e b) aplicação da tensão de
cisalhamento com utilização do braço de alavanca proposto por Candia (1998).

Dubaj (2000) utilizou o método de torção da RILEM, através da utilização de torquímetro


desenvolvido anteriormente por Ioppi (1995), conforme mostrado na Figura 2.11. O cálculo do
resultado obtido por esse método é dado na Equação 2.2.

2𝑀𝑡
𝜏𝑀á𝑥 = (2.2)
𝜋𝑟³

Em que:

máx = Tensão de cisalhamento máxima (MPa);


Mt = Momento torçor lido no instrumento (N.mm);
r = Raio do corpo de prova do revestimento (mm).

Figura 2.11 – Ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento realizado com torquímetro por Dubaj (2000).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 55

Dubaj (2000) encontrou relação de proporcionalidade entre o consumo de cimento e os


resultados de resistência de aderência ao cisalhamento, explicando que, assim como na
resistência de aderência à tração, o alto teor de cimento na pasta, além de conferir resistência,
favorece a penetração das partículas finas nos poros da base, aumentando a ancoragem. Os
resultados de resistência de aderência ao cisalhamento obtidos nesse estudo foram maiores
que os de aderência à tração, com coeficientes de variação menores que 30%, exceto em um
caso estudado (numa argamassa mista com proporcionamento de 1 : 2 : 7) que foi de 39%.

Santana (2010) realizou ensaios de resistência de aderência ao cisalhamento utilizando um


dispositivo criado por ele para esse fim, visando aplicabilidade em laboratório e em campo. O
método desenvolvido consiste na aplicação de uma carga de arrancamento oblíqua (45°),
aplicada a um sistema de revestimento de argamassa (sistema substrato/argamassa) com a
finalidade de relacionar essa carga oblíqua com a tensão de cisalhamento a 0°, obtendo-se
uma constante (ou parâmetro), como mostrado na Equação 2.3 e expressão final como
mostrado na Equação 2.4.

𝐹(0°) = 𝐾×𝐹𝑎 (2.3)

Em que:

F(0°) = carga de cisalhamento a 0°;


Fa= carga de arrancamento a 45°.

√2×𝐹(0°)
𝐾= 𝐹𝑎
(2.4)

K = constante de proporcionalidade;
Fa = carga de arrancamento (45°);
F(0°) =carga de cisalhamento (0°).

Santana (2010) obteve variação relativamente alta nos resultados, da ordem de 35%. Ele
relacionou essa variabilidade aos materiais empregados e ao método, principalmente por esse
último possibilitar a ocorrência de torque quando da aplicação da tensão, devido à
excentricidade de aplicação da carga em relação ao substrato. Na Figura 2.12 estão
mostradas as fotos do dispositivo de ensaio para aplicação da força oblíqua e horizontal.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 56

Figura 2.12 – Dispositivo para ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento utilizado por Santana (2010):
a) distribuição dos corpos de prova no painel; b) aparato para execução do ensaio a 45º; c) aderímetro utilizado
no ensaio.

a) b) c)

Stolz (2011) também desenvolveu um dispositivo para o ensaio de resistência de aderência


ao cisalhamento. A autora usou uma peça adaptadora junto ao aderímetro, comumente
utilizado em determinações de resistência à tração, para aplicação da força cisalhante. O
ensaio requeria um corte prévio do revestimento com duas serras copo de dimensões
diferentes a fim de se garantir área livre suficiente para o deslizamento do equipamento em
torno do corpo de prova a ser ensaiado. A autora salientou que a fixação e o nivelamento do
dispositivo e da amostra a ser ensaiada são importantes para a correta realização do ensaio.
Na Figura 2.13 estão ilustradadas as etapas de ensaio.

Figura 2.13 – Dispositivo desenvolvido por Stolz (2011): a) aspecto do corpo de prova cortado por duas serras
corpo; b) vista superior do ensaio; c) vista lateral do ensaio.

a) b) c)

A autora realizou análise de variância total com os seus resultados para verificar a interação
entre os valores de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento para todas as idades
ensaiadas na pesquisa e verificou que os valores de resistência de aderência à tração se
mostraram superiores aos de resistência de aderência ao cisalhamento.

No entanto, como dito anteriormente, as pesquisas envolvendo resistência ao cisalhamento


ainda são incipientes. Mais estudos precisam ser realizados, com vistas à melhor
compreensão dessa propriedade.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 57

2.2.1.3. Comparação entre métodos de resistência de aderência

Dos métodos relatados anteriormente, já foi dito que, no campo da resistência de aderência
à tração, o ensaio de arrancamento ou pull off test é o mais amplamente utilizado. O método
mais utilizado para determinação da resistência de aderência ao cisalhamento é o slant-shear
test.

Neshvadian-Bakhsh (2010) comentou que para uma mesma amostra o resultado em


diferentes ensaios de resistência de aderência seria também diferente. No entanto, apesar
das diferenças, muitas investigações indicaram existir uma correlação entre resultados de dois
ou três ensaios diferentes.

A Tabela 2.3 resume os principais métodos utilizados na determinação da resistência de


aderência, bem como as principais tensões envolvidas em cada ensaio.

Tabela 2.3 – Principais ensaios e respectivas tensões relacionadas (modificado a partir de NESHVADIAN-
BAKHSH, 2010; BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008).

Categoria Método Tipo de tensão envolvida Tipo de ruptura

Ensaio à tração Pull off Tração


Ensaio à tração indireta Prism splitting shear Compressão Ruptura por tração
Ensaio por torção Twist off Torsão
fib Cisalhamento
Ensaio por cisalhamento
guilhotina Cisalhamento Ruptura por
cisalhamento
Ensaio compressão-
Slant-shear Compressão
cisalhamento

As tentativas de correlação entre os variados testes apresentaram muitas vezes números


discrepantes entre si. Silfwerbrand, Beushausen e Courard (2011) consideraram tais relações
questionáveis. Este tipo de constatação relatado por Neshvadian-Bakhsh (2010) foi devida
principalmente às diferentes condições de ensaio realizadas por cada investigação ou
pesquisador, como condições de cura, pré-tratamento da superfície, dentre outras.

Antes de mencionar resultados de comparação entre os testes é importante lembrar que


existem valores mínimos requeridos relatados por várias normas ou códigos relativos à
resistência ao cisalhamento em interfaces de concreto. Silfwerbrand, Beushausen e Courard
(2011) relataram os valores determinados em alguns códigos internacionais, conforme
mostrado na Tabela 2.4.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 58

As comparações realizadas entre os variados ensaios demonstraram que a resistência de


aderência ao cisalhamento é consideravelmente maior que a resistência de aderência à tração
(SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011). Silfwerbrand (2003) indicou uma
correlação entre resistência de aderência ao cisalhamento e resistência de aderência à tração
de 2,04. O mesmo autor encontrou uma razão entre resistência ao cisalhamento por torção e
resistência à tração variando entre 1,9 e 3,1.

Tabela 2.4 – Valores de resistência ao cisalhamento em interface de concreto em variados códigos


internacionais (adaptado de SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011).

Código Condição Valor

Superfícies limpas com


ACI 318:19996 rugosidade intencionalmente 0,55 MPa
provocada
SWEDISH HANDBOOK FOR Tratamento da superfície com
0,40 MPa
CONCRETE STRUCTURES7 hidrodemolidora
Proporcional à resistência à
CEB-FIP MC 908 Superfícies ásperas ou denteadas
compressão, num coeficiente de 0,06
Proporcional à resistência à tração do
Superfícies ásperas material (concreto) mais fraco, num
coeficiente de 0,45
EUROCODE 29
Proporcional à resistência à tração do
Superfícies denteadas material (concreto) mais fraco, num
coeficiente de 0,50

Momayez et al. (2005) realizaram um estudo de comparação entre os ensaios slant-shear,


splitting shear e pull off utilizando mais de 120 amostras com igual substrato e 6 diferentes
materiais de reparo com dois tipos de tratamento de superfície diferentes, sendo quatro deles
constituídos por argamassa de cimento com adição de 0%, 5%, 7% e 10% de sílica ativa. Na
Tabela 2.5 estão resumidos os resultados encontrados.

6 American Concrete Institute, ACI 318, Building Code Requirements for Structural Concrete (ACI 318-
99) and Commentary (ACI 318R-99). Farmington Hills, Michigan, USA, p. 391 ,1999.
7 Swedish National Board of Housing, Building and Planning and AB Svensk Byggtjänst, BBK 94.

Concrete Structures, Part 1 – Structural Design, Handbook. Karlskrona and Stockholm, Sweden, p. 185,
1994 [in Swedish].
8 Comité Euro-International du Béton & Federation Internationale de la Precontrainte, CEB-FIP. Model

Code 1990, London, p. 437, 1993.


9 European Committee for Standardization, Eurocode 2. Design of Concrete Structures. 2nd draft.

Brussels, Belgium, January 2001.


M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 59

Tabela 2.5 – Comparação entre os resultados dos ensaios de resistência de aderência (modificado a partir de
MOMAYEZ et al.,2005).

Pull off Splitting shear Slant-shear


Material Tipo de Nº Nº Nº
de tratamento da Ra exemp. Ra C.V. exemp. Ra C.V. exemp.
Reparo interface (MPa) c/ ruptura (MPa) (%) c/ ruptura (MPa) (%) c/ ruptura
adesiva adesiva adesiva

0% de <rugosidade 1,18 2 1,19 7,3 4 8,12 15,8 4


sílica ativa >rugosidade 1,32 2 1,36 8,4 4 11,13 9,8 4
<rugosidade 1,25 2 1,27 6,4 4 9,18 9,8 4
5% de
sílica ativa >rugosidade 1,38 2 1,44 7,2 4 11,90 8,4 4

7% de <rugosidade 1,37 2 1,38 10,4 4 10,32 9,4 3


sílica ativa >rugosidade 1,51 2 1,62 9,2 4 13,20 4,7 2

10% de <rugosidade 1,38 2 1,39 9,8 4 10,16 11,6 3


sílica ativa >rugosidade 1,53 2 1,64 11,2 4 13,02 7,3 2

Legenda: Ra - Resistência de Aderência; C.V. - Coeficiente de Variação; exemp. - exemplares

Neste mesmo estudo comparativo realizado por Momayez et al. (2005) verificou-se que as
resistências de aderência encontradas decresciam a partir do slant-shear, splitting shear e as
menores foram as conseguidas com o método de arrancamento, ou pull off. Em todos os
métodos por eles estudados a resistência de aderência aumentava com a adição de sílica
ativa.

Nas pesquisas brasileiras, comparações entre métodos de determinação da resistência de


aderência à tração e ao cisalhamento para revestimentos de argamassa também foram
realizadas. Candia (1998) verificou resultados de resistência de aderência ao cisalhamento
correlacionáveis com a resistência de aderência à tração na ordem de 1,4 vezes superior para
todos os casos estudados, com coeficientes de variação também menores dos obtidos por
tração. Stolz (2011) verificou, ao contrário de Candia (1998), resultados de resistência de
aderência à tração superiores aos resultados de resistência de aderência ao cisalhamento.

2.2.2. Ensaio de cisalhamento direto

O ensaio de cisalhamento direto é muito utilizado na área da geotecnia e é o ensaio mais


comum de determinação da resistência ao cisalhamento de solos. A resistência ao
cisalhamento de um solo pode ser definida pela máxima tensão de cisalhamento que um solo
pode resistir antes da ruptura, ou a tensão de cisalhamento do solo no plano em que estiver
ocorrendo a ruptura (VARGAS, 1977).

A resistência ao cisalhamento em solo é de especial relevância entre as propriedades


geotécnicas dos solos, pois é um dos parâmetros essenciais de análise e resolução de
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 60

problemas de estabilidade. As deformações em um maciço de terra são devidas aos


deslocamentos relativos entre as partículas constituintes do maciço, que podem originar
problemas de estabilidade de aterros e de cortes e empuxos sobre muros de arrimo, por
exemplo.

A norma americana D 3080 - Standard test method for direct shear test of soils under
consolidated drained conditions (ASTM, 2011), bem como a norma alemã DIN 18137-3 Soil,
investigation and testing - Determination of shear strength - Part 3: Direct shear test e a norma
ISO/TS 17892-10 Geotechnical investigation and testing - Laboratory testing of soil- Part 10:
Direct shear tests (ISO, 2010) estabelecem o procedimento de ensaio para a determinação
da resistência ao cisalhamento em solo. O ensaio caracteriza-se por impor um plano de
cisalhamento ao corpo de prova com a utilização de uma caixa metálica bipartida
horizontalmente sob tensão normal constante, na qual a metade inferior da caixa permanece
fixa e a metade superior sofre a aplicação de uma força horizontal. Uma foto de um
equipamento e um desenho esquemático da caixa bipartida estão mostradas na Figura 2.14.

Figura 2.14 – a) foto do equipamento de cisalhamento direto; b) desenho esquemático da caixa bipartida (PINTO,
2000).

b)
a)

O cisalhamento ocorre devido ao deslizamento entre corpos sólidos ou entre partículas do


solo. Os principais fatores que influenciam a resistência do solo ao cisalhamento são a
distribuição de partículas do solo, a densidade, a estrutura e o teor de água no solo (MCKYES;
NYAMUGAFATA; NYAMAPFENE, 1994). Já os principais fenômenos que permitem menor
ou maior deslizamento são o atrito e a coesão (LAMBE, 1972; PINTO, 2000; VARGAS, 1977).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 61

A resistência por atrito entre as partículas depende do coeficiente de atrito, e pode ser definida
como a força tangencial necessária para ocorrer o deslizamento de um plano, em outro
paralelamente a este. Esta força também é proporcional à força normal ao plano. O ângulo
formado entre a força normal e a resultante das forças, tangencial e normal, é chamado de
ângulo de atrito φ, sendo o máximo ângulo que a força cisalhante pode ter com a normal ao
plano, sem que haja deslizamento.

A resistência por atrito entre partículas pode ser demonstrada, de maneira simples, por
analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal,
esquematizado na Figura 2.15.

Figura 2.15 – Atrito entre dois corpos sobre uma superfície horizontal (RAMALHO JR; NICOLAU; SOARES,
2007).

N F
f

Sendo N a força vertical transmitida pelo corpo e  a força horizontal necessária para fazer o
corpo deslizar, a qual tem que ser superior a f x N, em que f é o coeficiente de atrito entre os
dois materiais. De acordo com Ramalho Jr, Nicolau e Soares (2007) existe, portanto,
proporcionalidade entre a força tangencial e a força normal. Esta relação pode ser também
escrita da seguinte forma:

τ = N × tanφ (2.5)

sendo φ, chamado ângulo de atrito, o ângulo formado pela resultante das duas forças com a
força normal. Assim, a resistência ao deslizamento é diretamente proporcional à tensão
normal e pode ser representada por uma linha reta.

De acordo com Lambe (1972), o ensaio de cisalhamento direto baseia-se no critério de Mohr-
Coulomb. A tensão cisalhante pode ser representada em função do deslocamento no sentido
do cisalhamento, como mostra a Figura 2.16. Através da figura podem ser identificadas as
tensões de ruptura, máx, e a tensão residual, res, que o solo ainda resiste após a ruptura,
comportamento típico observado no ensaio.

Figura 2.16 – Representação de ensaio típico do ensaio de cisalhamento direto (PINTO, 2000).

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 62

máx
res

d(mm)

Durante o ensaio, a deformação vertical do corpo de prova também é registrada, a qual indica
se houve variação no volume da amostra durante o cisalhamento, a chamada dilatância.
Realizando-se ensaios com diversas tensões normais, pode-se elaborar um gráfico com as
tensões de ruptura para cada tensão normal, obtendo-se uma envoltória de resistência, a qual
determinará os valores dos parâmetros, ângulo de atrito e coesão do material em estudo,
conforme mostrado na Figura 2.17.

Figura 2.17 – Representação gráfica do critério de ruptura de Mohr-Coulomb (JUNQUEIRA, 2010).



f

c
 

Conforme Lambe (1972) a resistência ao cisalhamento  pode ser dada pela Equação de
Coulomb.

τ = c + σtanφ (2.6)

Em que:

Ƭ = resistência ao cisalhamento no plano de ruptura e no momento da ruptura (kPa);


c = coesão (kPa);
σ = tensão normal no plano de ruptura no momento da ruptura (kPa);
φ = ângulo de atrito interno do material.

A resistência ao cisalhamento dos solos é devida essencialmente ao atrito entre os grãos.


Mas a atração química entre partículas, independente da força normal, tem uma parcela de
resistência significativa em determinados tipos de solos, que é denominada coesão real. A

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 63

coesão real não pode ser confundida com a coesão aparente, presente principalmente em
solos argilosos úmidos não saturados, determinada pela pressão capilar da água. Essa
resistência desaparece na medida em que o solo vai sendo saturado (PINTO, 2000).

A atração química (cimentação) entre estas partículas (ou agregados) pode provocar uma
resistência independente da tensão normal atuante no plano e que constitui uma coesão real,
como se uma cola tivesse sido aplicada entre dois corpos, a qual depende das forças de
atração físico-químicas entre as partículas (JUNQUEIRA, 2010).

O concreto, a argamassa e as rochas podem ser considerados corpos granulares coesos


compostos de agregados graúdos e miúdos intercalados entre si, de tal forma que, ao serem
compactados, proporcionam um elevado intertravamento frente aos esforços mecânicos. Tais
agregados são envolvidos pela pasta de cimento hidratada que confere ao material a
cimentação ou coesão real (JUNQUEIRA, 2010). A resistência por coesão ocorre,
inicialmente, concomitante à resistência por atrito. Ao ser superada a resistência coesiva,
dependendo da tensão normal atuante sobre o corpo de prova, permanece a resistência por
atrito até que ocorra a ruptura do material para valores de ângulo de atrito, no pico de ruptura
do material, entre 35° e 55° (LIMA, 200410 apud JUNQUEIRA, 2010). Após a ruptura do
material, aparece a resistência residual ou cinemática por atrito com valores de ângulo de
atrito menores do que os encontrados no pico de resistência, como esquematizado
generalizadamente na Figura 2.16 anterior.

Em materiais coesos como os citados, anisotropias da amostra podem influenciar o


comportamento ao cisalhamento. Uma interface de aderência e ou uma descontinuidade de
rocha compreendem exemplos de anisotropia. Para a determinação do cisalhamento direto
em rocha e concreto, um método análogo ao descrito para solos estabelece os procedimentos
e parâmetros para a determinação da resistência ao cisalhamento e os requisitos estão
descritos na norma americana D 5607 - Standard test method for performing laboratory direct
shear strength tests of rock specimens under constant normal force (ASTM, 2008). A diferença
principal entre essa norma e a utilizada para solos é a robustez do equipamento, que permite
aplicação de maiores tensões horizontais e verticais, além de amostras maiores.

Devido à sua importância no comportamento dos maciços rochosos, modelos próprios para
interfaces e descontinuidades são fundamentais nas análises de estabilidade (ICHIKAWA et
al., 1990). Desde Patton (1966), pesquisadores têm apresentado diferentes modelos
constitutivos para simular a resposta das descontinuidades às diversas solicitações. De

10
LIMA, F. O. Avaliação do concreto compactado com rolo aplicado em barragens. 2004. 78 f.
Monografia (Graduação em Engenharia Civil), Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, 2004.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 64

acordo com Bandis (1990), existem duas linhas para a descrição quantitativa das
propriedades mecânicas das descontinuidades de rocha: a aproximação teórica, que adota
teorias conhecidas, como plasticidade e teoria do contato e a aproximação empírica, na qual
uma grande quantidade de dados é analisada para derivar correlações entre as variáveis de
influência e formular modelos de acordo com o comportamento observado. O mesmo autor
relatou que outros trabalhos combinam as duas aproximações ou tratam o problema
analiticamente.

O comportamento ao cisalhamento das descontinuidades de rocha e concreto depende das


características da sua superfície, em particular da rugosidade, que é um dos fatores de maior
influência nas suas propriedades mecânicas. Contudo, ainda não estão claros quais aspectos
(angulosidade, forma) da rugosidade influem na resistência ao cisalhamento. Este problema
foi objeto de diversas investigações e numerosos modelos de cisalhamento foram propostos,
entre eles os de Patton (1966), Ladanyi e Archambault (1970), Barton e Choubey (1977) e
Kodikara e Johnston (1994).

Patton (1966) considerou que a interpretação de ensaios de cisalhamento em rochas “reais”


é por vezes complicada, em razão da grande variabilidade na amostragem, mesmo quando
muitas amostras são tomadas de um mesmo bloco de rocha. Para superar essa dificuldade,
o autor ensaiou amostras confeccionadas de materiais artificiais, para que aspectos como
tamanho, forma e irregularidades (dentes) ou rugosidades fossem avaliados separadamente.
O autor utilizou argamassas de gesso e areia e gesso com caulinita moldadas em prismas de
7,5 cm x 4,5 cm x 5,0 cm. Ele concluiu que alterações no modo de ruptura estão relacionadas
a características físicas das irregularidades ao longo da superfície de ruptura. Enquanto a
resistência ao cisalhamento em juntas planas é governada simplesmente pelo ângulo de
fricção da superfície da junta, a resistência ao cisalhamento de uma junta “denteada” é
controlada principalmente pelo ângulo efetivo de fricção, que é o ângulo de fricção da
superfície adicionado do ângulo de dilatância.

Barton e Choubey (1977) desenvolveram um modelo empírico de resistência ao cisalhamento


baseado na descrição de um coeficiente de rugosidade da superfície da junta, ou JRC. A partir
dos valores numéricos desses coeficientes e outros ligados ao ângulo de fricção, tensão
normal e resistência à compressão na junta os autores formularam uma equação de cálculo
da resistência ao cisalhamento e propuseram dez perfis de rugosidade padrão, mostrados na
Figura 2.18. Tais perfis são inclusive propostos na norma americana D 5607 (ASTM, 2008)
como base para parâmetro de rugosidade de juntas, através do uso do JRC, que equivale ao
coeficiente de rugosidade da junta, com valores variando de 0 a 20.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 65

Figura 2.18 – Perfis de rugosidade típicas e valores de JRC (BARTON E CHOUBEY, 1977)

Kimura et al. (1993) também realizaram ensaios utilizando amostras de gesso com os perfis
de rugosidade típicos para valores de tensão normal entre 0,1 MPa e 4 MPa. Os resultados
de Kimura et al. (1993) mostraram, no entanto, que alguns dos perfis típicos da norma não
representaram os valores de coeficiente de rugosidade propostos.

Huang e Doong (1990) realizaram pesquisas em amostras naturais e artificiais e os resultados


mostraram um crescente grau de desgaste das asperezas a medida em que a tensão normal
era aumentada. Em elevados valores de tensão normal, o comportamento ao cisalhamento
em juntas é dominado por rupturas à tração e quebras das asperezas, enquanto em baixas
tensões normais prevalece somente a quebra das asperezas da junta.

M. O. CAMPOS Capítulo 2
PROGRAMA EXPERIMENTAL

O programa experimental foi realizado com a finalidade de verificar a viabilidade de uso do


equipamento e do método de determinação da resistência ao cisalhamento direto em solo,
para determinação da resistência de aderência ao cisalhamento em revestimentos de
argamassa.

Este capítulo relata o planejamento e a realização de todas as etapas de estudo, abordando


etapas desde a escolha e caracterização dos materiais utilizados, como o detalhamento das
condições de ensaio até a descrição dos ensaios de resistência de aderência à tração e ao
cisalhamento propostos. O fluxograma das atividades desenvolvidas na pesquisa está
representado na Figura 3.1.

A pesquisa foi desenvolvida no laboratório da Carlos Campos Consultoria e Construções


Limitada, onde foram realizados todos os procedimentos de caracterização dos materiais e
ensaios nos estados fresco e endurecido nos substratos e nas argamassas de revestimento.

Figura 3.1 – Fluxograma das atividades desenvolvidas na pesquisa.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 67

3.1. PLANEJAMENTO EXPERIMENTAL

O planejamento das atividades, escolha dos materiais e definição das variáveis e condições
fixas dos experimentos estão definidos a seguir. O planejamento envolveu a realização de
estudos preliminares, que auxiliaram na definição do tamanho da amostragem, de alguns
materiais, bem como, em ajustes de metodologia e equipamentos necessários à realização
da pesquisa.

3.1.1. Variáveis experimentais

As variáveis independentes do trabalho experimental se dividem em dois grupos: o primeiro


relacionado à produção dos substratos e o segundo relacionado à argamassa de
revestimento, de forma que as variáveis estudadas foram:

 relação água/cimento (a/c) adotada na elaboração do concreto do substrato, a saber,


quatro relações diferentes: 0,35, 0,50, 0,65 e 0,80;

 rugosidade da superfície do substrato de concreto: duas situações (descritas na


sequência do capítulo);

 proporcionamento da argamassa de revestimento: argamassas mistas 1 : 1 : 6 e


1 : 2 : 9 (cimento, cal hidratada e areia úmida) em volume, para os ensaios de
resistência de aderência à tração com diferentes substratos (a/c) e argamassa mista
1 : 0,5 : 3,4 (cimento, cal hidratada e areia úmida) em volume, para os ensaios de
resistência de aderência ao cisalhamento; essa variável não foi repetida para todas as
situações conforme ilustrado na matriz experimental ilustrada mais adiante no texto.
Um desenho esquemático, representado na Figura 3.2, ilustra as variáveis adotadas na
pesquisa.

Figura 3.2 – Desenho esquemático das variáveis da pesquisa.

A intenção do estudo em substratos com concretos de quatro diferentes relações


água/cimento originou-se no fato da necessidade de se aprofundar nos estudos que

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 68

correlacionem a porosidade do substrato, principalmente devida à relação água/cimento


utilizada na produção do concreto, com a resistência de aderência do revestimento. Somado
a isso, percebe-se o usual emprego de concretos com elevadas relações água/cimento, com
formulações já determinadas pelas concreteiras na região de Goiânia.

A preparação da superfície do substrato com dois tipos de rugosidades diferentes foi estudada
com a finalidade de melhor entender a influência da topografia da superfície do substrato na
resistência de aderência, tanto à tração quanto ao cisalhamento. Somado a isso, a pesquisa
propôs a tentativa de utilização de impressão da rugosidade quando da concretagem dos
substratos ainda no estado fresco, técnica diferente da usualmente empregada em obras, nas
quais se utilizam métodos de escarificação e ou desgaste da superfície após o endurecimento
do concreto, no intuito de garantir melhor aderência entre a base acabada de concreto e o
material sobreaplicado.

Com os três proporcionamentos de argamassa propostos, pôde-se comparar e melhor


entender, dentre outros fatores, a influência do módulo de elasticidade da argamassa de
revestimento na resistência de aderência, fazendo uma comparação entre os resultados à
tração e ao cisalhamento. Os proporcionamentos das argamassas escolhidos para este
trabalho se referem àqueles usualmente utilizados nos canteiros de obra da região da
pesquisa, caso dos proporcionamentos 1 : 1 : 6 e 1 : 2 : 9, em volume, e um mais rico em
cimento, 1 : 0,5 : 3,4, em volume, prescrito pela norma ASTM C 270 como do tipo S, para
alvenaria, escolhido para complementar os estudos de resistência de aderência ao
cisalhamento.

3.1.2. Condições fixas do estudo

As condições de ensaio, definidas a partir das variáveis propostas, que se mantiveram


constantes durante todo o programa experimental foram:

 materiais para produção dos substratos e das argamassas, quais sejam, agregado
graúdo (com composição granulométrica situada na zona 9,5/25) areia artificial (com
distribuição granulométrica situada na zona utilizável), areia natural (com composição
granulométrica situada na mesma zona da areia artificial), cimento Portland composto
com fíler calcário (CP II-F-32) e aditivo polifuncional;

 utilização de pigmento inorgânico amarelo em todas as preparações de argamassa;

 aplicação do revestimento sem chapisco;

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 69

 forma de aplicação do revestimento padronizada, com projeção mecanizada tipo


canequinha;

 espessura do revestimento igual a 20 mm ± 2 mm;

 idade superior a 28 dias do revestimento de argamassa no momento do ensaio de


resistência de aderência à tração e ao cisalhamento.

A utilização do pigmento foi pensada de forma a realçar a interface de aderência entre os


substratos de concreto e as argamassas do estudo, de modo a se comportar como um
marcador. A cor e dosagem do pigmento foram definidas com base em um estudo piloto,
conforme descrito a seguir. As regiões das amostras marcadas com o pigmento indicavam
áreas onde houve contato entre os dois materiais (argamassa e substrato). A utilização desse
marcador favoreceria o contraste entre os materiais, evidenciando comportamentos e análises
durante os ensaios e indicando a extensão da aderência nos pontos estudados.

A partir das condições variáveis e fixas desse trabalho formulou-se uma matriz experimental,
conforme Figura 3.3.

Figura 3.3 – Matriz experimental adotada na pesquisa.

Legenda: Rat – resistência de aderência à tração; Rac – resistência de aderência ao cisalhamento

3.1.3. Estudos preliminares

Estudos preliminares foram realizados a fim de promover uma familiarização quanto aos tipos
e características dos materiais que seriam utilizados, além de validar a experimentação com
as amostras e o equipamento de cisalhamento direto em solo.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 70

O estudo envolveu duas etapas distintas: preparação de painéis de revestimento para estudo
da interferência da adição de pigmentos nas propriedades da argamassa com escolha da
melhor cor para análise da extensão de aderência, e realização de ensaios para validação do
método de determinação da resistência de aderência ao cisalhamento. A descrição e relato
das atividades dos estudos preliminares estão no Apêndice A dessa dissertação de mestrado.

3.2. MATERIAIS E MÉTODOS

Faz-se, a partir deste ponto, a definição dos materiais que foram utilizados, ensaios de
caracterização, descrição das técnicas e equipamentos empregados na produção dos
substratos e painéis de revestimento. São relatados também as adaptações e os
procedimentos de ensaio utilizados na determinação da resistência de aderência à tração e
ao cisalhamento.

3.2.1. Materiais utilizados

Os materiais utilizados na produção dos concretos dos substratos e na preparação das


argamassas estão descritos a seguir.

3.2.1.1. Cimento

O cimento utilizado na produção do concreto dos substratos e na produção das argamassas


foi o cimento Portland CP II-F-32, classificado segundo a NBR 11578 (ABNT, 1991) como
cimento composto com adição de fíler. O cimento foi caracterizado no laboratório participante
dessa pesquisa e suas características estão expressas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Características do cimento Portland CP II-F-32 utilizado.

Método Ensaio Idade Unidade Resultado

ABNT NBR NM 23:2001 Massa específica - g/cm3 3,02


Índice de Finura peneira nº
ABNT NBR NM 11579:2013 - % 0,36
0,075 mm
ABNT NBR NM 65:2003 Início de pega - min 147
ABNT NBR NM 65:2003 Fim de pega - min 183
7 dias MPa 34,0
ABNT NBR 7215:1997 Resistência à compressão
28 dias MPa 43,9

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 71

3.2.1.2. Cal hidratada

A cal utilizada na preparação das argamassas foi do tipo calcítica, da marca Ical, classificada
conforme a NBR 7175 (ABNT, 2003) como hidratada CH - I.

A cal foi caracterizada quanto à massa específica conforme a NBR NM 23 (ABNT, 2001) e
quanto à finura conforme a NBR 9289:2000 no laboratório participante desta pesquisa e as
demais características foram fornecidas pelo fabricante. As características físicas ensaiadas
e as especificações fornecidas pelo fabricante estão resumidas na Tabela 3.2.

Tabela 3.2 – Características da cal hidratada CH - I.

Descrição Unidade Resultado

Massa específica (NBR NM 23:2001) g/cm3 2,42


Finura peneira nº 0,075 mm % 9,56
CaO total % 72,85
MgO total % 0,35
Fe2O3 % 0,14
Al2O3 % 0,33
SO3 % 0,22
Umidade % 0,65

3.2.1.3. Agregado miúdo

A areia utilizada na produção do concreto dos substratos foi uma areia artificial, com
proveniência da jazida de Caturaí-GO e uma areia natural fina, com proveniência da jazida de
Faina-GO. As areias passaram por secagem ao ar com posterior peneiramento para utilização
da porção requerida no estudo.

A areia utilizada na preparação das argamassas foi uma areia natural, com denominação
comercial de “média”, com proveniência da jazida de Faina-GO. A caraterização das areias
foi realizada conforme descrição e normas especificadas na Tabela 3.3. A areia passou por
secagem ao ar com posterior peneiramento para utilização da fração passante na peneira
2,4 mm.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 72

Tabela 3.3 – Características físicas dos agregados miúdos utilizados na produção do concreto e na preparação
das argamassas.

Concreto Argamassa
Método Descrição Areia Areia
Areia
Natural Natural
Artificial
“Fina” “Média”
4,75 mm - 1 -
2,36 mm 1 20 1
1,18 mm 5 23 19
Granulometria
600 µm 21 16 29
(%)
ABNT NBR NM 248:2003 300 µm 42 13 30
150 µm 29 13 19
<150 µm 2 14 2
Módulo de finura 2,01 2,85 2,47
Dimensão máxima (mm) 2,4 4,8 2,4
ABNT NBR NM 45:2006 Massa unitária (g/cm3) 1.40 1,69 1,47
ABNT NBR NM 52:2009 Massa específica (g/cm³) 2,66 2,70 2,68
ABNT NBR NM 46:2003 Material pulverulento (%) 0,30 6,0 0,3
ABNT NBR 7218:2010 Teor de argila em torrões 0,04 0,19 0,06
(%)
3.2.1.4. Agregado graúdo

O agregado graúdo utilizado na produção do concreto dos substratos foi de origem granito-
gnássica da região de Caturaí-GO, denominado comercialmente por “brita 0”. A caraterização
do agregado graúdo foi realizada conforme descrição e normas especificadas na Tabela 3.4.

Tabela 3.4 – Características físicas do agregado graúdo utilizado na produção do concreto dos substratos.

Método Descrição Resultado


19 mm -
12,5 mm -
9,5 mm 23
Granulometria (%) 6,3 mm 44
ABNT NBR NM 248:2003 4,75 mm 20
2,36 mm 11
< 2,36 mm 2
Módulo de finura 6,1
Dimensão máxima (mm) 12,50
ABNT NBR NM 45:2006 Massa unitária (g/cm3) 1,46
ABNT NBR NM 53:2009 Massa específica (g/cm³) 2,60

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 73

3.2.1.5. Pigmento

O pigmento foi escolhido durante os estudos preliminares (CAMPOS et al., 2013) que estão
relatados nos Apêndices deste trabalho e se trata de um pigmento do tipo inorgânico amarelo
da marca Xadrez. Na Tabela 3.5 estão mostradas as características físicas do pigmento
utilizado na pesquisa.

Tabela 3.5 – Características físicas do pigmento utilizado na pesquisa.

Ensaio Método Resultado


Massa específica (g/cm3) adaptado da NBR NM 23:2001 4,17
Finura peneira nº 200 (%) adaptado da NBR NM 11579:2013 2,62

3.2.1.6. Aditivo utilizado no concreto

O aditivo utilizado na produção do concreto dos substratos foi do tipo líquido plastificante,
polifuncional, da marca BAUTECH R, compatível com o tipo de cimento utilizado na pesquisa.
A Tabela 3.6 mostra as características e propriedades deste produto, fornecidas pelo
fabricante.

Tabela 3.6 – Características e propriedades do aditivo utilizado na pesquisa.

Descrição Resultado

Cor Marron escuro


Densidade (g/cm3) 1,18 ± 0,03
pH 4
Sólidos (%) 40

3.2.1.7. Água

A água utilizada na produção do concreto dos substratos e na preparação das argamassas


foi a fornecida pela empresa de abastecimento local - SANEAGO - Saneamento de Goiás S/A.

3.2.2. Produção dos substratos de concreto

A produção do concreto dos substratos se deu em duas etapas diferentes. Inicialmente foi
realizada a etapa de dosagem dos materiais para que se chegasse a um proporcionamento
contemplando quatro diferentes relações água/cimento. Em seguida foram realizadas as
etapas de moldagem e conseguinte impressão de rugosidade nos substratos.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 74

3.2.2.1. Dosagem dos materiais

A dosagem do concreto utilizado para a confecção dos substratos foi realizada de acordo com
o método experimental utilizado pelo laboratório Carlos Campos, que se trata do método
ABCP1 adaptado para os materiais disponíveis na região de Goiânia. A dosagem foi realizada
no objetivo de produzir substratos com quatro diferentes relações água/cimento, com
padronização das características de trabalhabilidade, fixando-se a consistência em
100 mm ± 10 mm, determinado conforme a norma NBR NM 67 (ABNT, 1998). O concreto de
a/c igual a 0,65 foi formulado com um valor de abatimento levemente maior, pelo motivo de
ser essa a formulação utilizada nos substratos para o ensaio de determinação da resistência
de aderência ao cisalhamento (Rac). Estes substratos eram de dimensões menores e isto
favoreceu o total preenchimento das formas. Na Tabela 3.7 estão mostradas as quantidades
utilizadas para a produção de 250 litros de concreto, bem como os teores e abatimentos
apurados de cada estudo.

Tabela 3.7 – Dosagem dos materiais utilizados no concreto dos substratos.

a/c 0,35 0,50 0,65 0,80


Traço (volume) 1:0,46:1,14:0,35 1:1,27:1,52:0,50 1:1,96:1,80:0,65 1:2,64:2,07:0,80
Traço (massa) 1:1,58:0,62:0,35 1:2,10:1,70:0,50 1:2,50:2,60:0,65 1:2,88:3,52:0,80
m 2,20 3,80 5,10 6,40
Cimento (kg) 116,0 68,0 50,0 40,0
Agregado graúdo (kg) 183,3 142,8 125,0 115,2
Agregado miúdo (kg) 72,0 115,6 130,0 140,8
Água (ml) 40,6 34,0 32,5 32,0
Aditivo (ml) 510,4 170,0 100,0 55,0
Teor de argamassa (%) 50,6 56,3 59,0 61,1
Consumo de cimento (kg/m3) 657,0 439,0 342,0 281,0
Abatimento (mm) 110 95 130 105

1 O método ABCP está baseado no texto da norma ACI 211.1-81 - Standard Practice for Selecting
Proportions for Normal, Heavyweight, and Mass Concrete, constitui-se numa adaptação prática do
método americano às condições brasileiras e permite a utilização de agregados graúdos britados e
areia de rio que se enquadram na norma NBR 7211 (ABNT, 2009). O método considera tabelas e
gráficos elaborados a partir de valores médios de resultados experimentais e constitui-se numa
ferramenta de dosagem de concretos convencionais, adequada aos materiais mais utilizados em várias
regiões do Brasil. O método pode ser apresentado numa seqüência de etapas bem definidas, que
incorporam um conjunto de tabelas, que facilitam a determinação dos parâmetros necessários para a
obtenção do traço de partida.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 75

3.2.2.2. Caracterização do padrão de rugosidade

Os dois padrões de rugosidade utilizados neste trabalho foram os denominados R1 e R2. A


rugosidade 1 (R1) consistia no padrão liso, a qual foi obtida a partir da impressão deixada pelo
fundo liso de uma forma de madeira plastificada no concreto (situação convencional de obra).
A rugosidade 2 (R2) consistia no padrão rugoso, que foi obtida a partir da utilização de uma
tela tipo peneira no fundo da forma de madeira, para impressão da rugosidade no concreto
no estado fresco. A Figura 3.4 ilustra os dois padrões estudados.

Figura 3.4 – Padrões de rugosidade a) R1 (lisa); b) R2 (rugosa).

10 mm 10 mm

a) b)

Para a caracterização de rugosidade das duas superfícies foram utilizadas duas placas de
concreto com as duas rugosidades mencionadas. Um dispositivo composto por mesa para
deslocamento da placa e relógio apalpador foi utilizado para a medição em milímetros relativa
aos valores de máximo (picos da rugosidade) e mínimos (vales da rugosidade). Para o caso
das medições da R1 foi utilizado um relógio apalpador com precisão de 0,01 mm e para as
medições da R2 foi utilizado um relógio comparador com precisão de 0,01 mm. As medidas
foram registradas a cada 0,5 mm de deslocamento horizontal. Os perfis foram obtidos com
medições em três linhas pré-determinadas de aproximadamente 50 mm em cada placa de
estudo. O dispositivo utilizado para essa determinação e os perfis de rugosidade resultado
dessa caracterização estão mostrados na Figura 3.5. Os resultados individuais da
caracterização das rugosidades deste trabalho estão apresentadas no Apêndice S.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 76

Figura 3.5 – Perfis de rugosidade: a) e b) dispositivos utilizados para a obtenção dos parâmetros; c) perfil R1, d)
perfil R2.

a) b)

1,00 Perfil de rugosidade R1

0,50
Altura (mm)

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00

-0,50

-1,00

c) Percurso de medição (mm)

Perfil de rugosidade R2

2,50
2,00
1,50
Altura (mm)

1,00
0,50
0,00
-0,500,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00

-1,00
-1,50
Percurso de medição (mm)
d)

As medições e os perfis obtidos permitiram caracterizar e definir alguns parâmetros como


rugosidade média (Ra)2, rugosidade máxima (Rmáx) e rugosidade total (Ry), conforme
mostrado na Tabela 3.8.

Tabela 3.8 – Parâmetros das rugosidades 1 e 2.

Parâmetro Rugosidade 1 Rugosidade 2

2 Preto (2007) citando Mello et al. (2002) comenta que Ra é um parâmetro de rugosidade
universalmente reconhecido e o mais utilizado, definido segundo DIN 4768 (1990-05) e DIN EN ISO
4287 (1998-10), como média aritmética absoluta das ordenadas de afastamento dos pontos do perfil
de rugosidade em relação à linha média, dentro do percurso de medição. É usualmente expressa em
micrômetros. Rmáx é o maior valor das rugosidades parciais que se apresenta no percurso da medição.
Ry é máxima distância pico vale, dentro do comprimento de avaliação, também denominado R total.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
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Rmáx Rmáx
Ra (mm) Ry (mm) Ra (mm) Ry (mm)
(mm) (mm)
Resultado (mm) 26 0,07 0,12 780 2,28 3,34
D.P. (mm) 13,23 0,04 0,06 85,51 0,14 0,36
C.V. (%) 50,8 51,1 46,1 11,0 6,1 10,8

Legenda: Ra – rugosidade média, Rmáx – rugosidade máxima, Ry – rugosidade total, D.P. – desvio padrão, C.V. – coeficiente de
variação.

3.2.2.3. Moldagem dos substratos

A moldagem dos substratos foi realizada em laboratório, com ambiente controlado de


temperatura e umidade (23 ± 2 °C de temperatura e 60 ± 15% de umidade relativa do ar),
sempre no mesmo horário do dia e mesma mão de obra e tipo de formas. A mistura dos
materiais foi feita em betoneira de 400 litros de capacidade do tambor, da marca Menegotti
com rotação de 28 rpm.

Foram moldados dois tipos de substrato: um substrato para realização de ensaios de


resistência de aderência à tração (Rat), simulando pilares e um substrato de menor dimensão
para a realização dos ensaios de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac). Ambos os
substratos foram confeccionados em madeira plastificada, conforme ilustrado na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Dois tipos de substratos utilizados na pesquisa: a) substrato para Rat, simulando pilares, b)
substrato para Rac.

a) b)

Para os ensaios de Rat foram moldados 10 substratos de dimensões 100 cm x 40 cm x 10 cm


simulando pilares de concreto, sendo 5 deles com superfície R1 e outros 5 com superfície R2
nos dois lados dos pilares (1 par R1 e R2 pra cada relação água/cimento adotada na
pesquisa).

Para impressão da rugosidade proposta (R2) neste trabalho foi utilizado uma tela de aço com
espessura do fio de 1,8 mm e abertura de 4 mm, comercialmente denominada de tela peneira
de 14. Essa tela foi fixada nas faces dos substratos com parafusos do tipo autoatarrachante

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 78

a cada 100 mm, conforme mostrado na Figura 3.7, de forma a permitir a impressão do relevo
na superfície do concreto estando este ainda no estado fresco.

Figura 3.7 – Preparação das faces dos substratos de concreto com a fixação da tela para impressão da
rugosidade pretendida; a) faces com e sem aplicação da tela de aço; b) face com a tela, evidenciando os
parafusos atarrachantes; c) forma fechada com as duas faces lisas; d) forma fechada com as duas faces
rugosas.

a) b)

c) d)

Os substratos para Rat foram desformados após sete dias e mantidos ao ar em área coberta
do laboratório até a idade de ensaio. Os substratos foram instalados em pórticos móveis
metálicos para facilitação das atividades para a execução dos revestimentos, conforme
mostrado na Figura 3.8.

Figura 3.8 – Substratos para Rat: a) desforma após 7 dias; b) instalação em pórticos metálicos.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 79

a) b)

Para os estudos de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac) foram moldados 160


substratos de dimensões 80 mm x 80 mm x 50 mm utilizando o concreto relação
água/cimento de 0,65, proporcionamento este fixo e escolhido para esta etapa da pesquisa.
Destes 160 substratos, 80 substratos foram moldados com superfície R1 e os outros 80
substratos com superfície R2.

As formas foram idealizadas e fabricadas de forma que pudessem receber a tela para
impressão da rugosidade numa das faces e que permitisse a posterior utilização para
aplicação da argamassa em espessura de 20 mm ± 2 mm sobre a face em questão. A Figura
3.9 ilustra as formas utilizadas, evidenciando a superfície com tela (R2) e o panorama dos
substratos para os ensaios de cisalhamento após a moldagem.

Figura 3.9 – Substratos para Rac: a) Formas de dimensões 8 cm x 8 cm x 5 cm com face rugosa; b) formas
dispostas sobre bancada após a moldagem dos substratos.

a) b)

Na desforma parcial dos substratos para Rac, a face que recebia a tela era retirada,
possibilitando que a superfície lisa e/ou rugosa ficasse disponível e preparada pra a aplicação

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 80

da argamassa na espessura desejada. A Figura 3.10 ilustra o passo a passo da desforma dos
substratos, evidenciando o processo de preservação e preparação da superfície de estudo.

Figura 3.10 – Substratos para Rac e a sequência de desforma para exposição da face para estudo, lisa e rugosa;
a) substratos prontos após 28 dias; b) colocação da tampa que funcionará como fundo na desforma parcial; c) e
d) abertura e aspecto final da forma com face lisa; e) e f) abertura e aspecto final da forma com face rugosa

a) b)

c) d)

e) f)

Após a etapa de desforma parcial dos substratos, ocorrida após sete dias da moldagem dos
substratos, estes foram mantidos ao ar em ambiente de laboratório (23 ± 2 °C de temperatura
e 60 ± 15% de umidade relativa do ar) até a idade de ensaio.

O adensamento de todos os substratos (para Rat e Rac) foi realizado com uso de vibrador de
imersão, com tempo de adensamento padronizado e realizado pelo mesmo operador em
todas as moldagens. O desmoldante utilizado tanto para os substratos de face lisa como para
os de face rugosa de Rat e Rac foi um desmoldante em forma de emulsão de ácidos graxos,

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 81

diluído em água na proporção de 1 : 8, considerado um desmoldante próprio para utilização


em superfícies que recebem revestimentos.

Adicionalmente, foram moldados, à época da produção de cada concreto, 40 corpos de prova


de cada proporcionamento adotado, para os ensaios de caracterização dos substratos. Deste
montante para cada a/c, 04 corpos de prova foram moldados para ensaio de resistência à
compressão conforme NBR 5738 (ABNT, 2003) e NBR 5739 (ABNT, 2007), 04 corpos de
prova para ensaio de absorção de água conforme NBR 9778 (ABNT, 2005), 10 corpos de
prova para ensaio de absorção de água por capilaridade conforme NBR 9779 (ABNT, 2012),
10 corpos de prova para ensaio da taxa inicial de sucção conforme C67 (ASTM, 2013), 3
corpos de prova para ensaio da determinação do módulo estático de elasticidade à
compressão do concreto conforme NBR 8522 (ABNT, 2008) e 09 corpos de prova extras para
possíveis ensaios de contra-prova ou continuidade das caracterizações em idades mais
avançadas.

Os corpos de prova utilizados para a caracterização dos concretos permaneceram em


ambiente fechado de laboratório por 24 horas e foram posteriormente desformados. Após
desforma, os corpos de prova foram submetidos à cura imersa com água saturada de cal
durante 7 dias e posterior manutenção ao ar em condições de laboratório (23 ± 2 °C de
temperatura e 60 ± 15% de umidade relativa do ar).

3.2.3. Produção das argamassas e execução dos revestimentos

Três argamassas mistas de proporcionamento 1 : 1 : 6, outra de 1 : 2 : 9 e outra de


1 : 0,5 : 3,4 (cimento, cal hidratada e areia) em volume, posteriormente transformado para
massa, foram preparadas com mistura em betoneira estacionária de 400 l, com tempo de
mistura aproximado de 20 minutos. Os três proporcionamentos foram adotados para o estudo
da resistência de aderência à tração (Rat) com diferentes relações água/cimento e aplicados
nos 10 substratos de concreto, simulando pilares. Os proporcionamentos de 1 : 1 : 6 e
1 : 0,5 : 3,4 (cimento, cal hidratada e areia) em volume, foram adotados para o estudo de
resistência de aderência à tração e ao cisalhamento. Neste último caso a relação
água/cimento dos substratos era somente a de 0,65.

As argamassas foram misturadas em betoneira estacionária de 400 l e a quantidade de água


foi medida em massa e controlada através do ensaio de consistência pelo espalhamento na
mesa ABNT - flow table, conforme NBR 13276 (ABNT, 2005). Este procedimento foi adotado
a fim de padronizar a trabalhabilidade das argamassas do estudo, sendo a consistência fixada
em 265 mm ± 5 mm. Esse valor, além de ser compatível com projeção mecanizada, foi

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 82

experimentado e validado por um oficial pedreiro, que julgou e avalizou a trabalhabilidade dos
três proporcionamentos utilizados nesta pesquisa.

Em todas as preparações foi utilizado um pigmento de cor amarelo, descrito no item anterior.
Por ser mais fino e para tornar mais eficiente a pigmentação da argamassa, o pigmento foi
previamente diluído em parte da água de amassamento. Foi utilizado um teor de adição de
pigmento de 6% em relação à massa de cimento, teor este recomendado pelo fabricante do
pigmento.

Na Tabela 3.9 estão mostradas as quantidades de material em massa utilizadas na


preparação das argamassas de revestimento utilizadas neste estudo.

Tabela 3.9 – Dosagem dos materiais utilizados na argamassa de revestimento.

Traço em Água/materiais Teor de


Traço em massa (kg)
volume secos (%) cimento (%)

1:1:6 1 : 0,4 : 8,25: 1,86 : 0,06 19,2 10,4


1:2:9 1 : 0,8 : 12,37 : 2,73 : 0,06 19,2 6,9
1 : 0,5 : 3,4 1 : 0,2 : 4,9 : 0,98 : 0,06 15,9 16,4

As faces dos dois tipos de substratos passaram por uma limpeza prévia com jato de água a
10 kgf/cm2 (9,8 bar) de pressão a uma distância de aproximadamente 2 metros, a fim de retirar
o desmoldante que porventura pudesse influenciar nos ensaios de resistência de aderência.
A Figura 3.11 ilustra esse procedimento de remoção adotado. Tal procedimento foi realizado
7 dias antes da projeção da argamassa de revestimento sobre os substratos.

Figura 3.11 – Remoção do desmoldante das faces dos substratos: a) para Rat; b) para Rac.

a) b)

Para simular uma espessura de revestimento prevista em norma, esta foi fixada em
20 mm ± 2 mm, e, para isto, gabaritos metálicos foram afixados junto aos substratos (pilares)
para garantirem uma espessura constante da camada quando da aplicação da argamassa.
No caso dos substratos para os ensaios de Rac, a própria forma utilizada para confecção dos
substratos foi utilizada para a garantia da espessura da argamassa de revestimento. A Figura

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 83

3.12 ilustra os dispositivos utilizados para a padronização da espessura da argamassa de


revestimento nos dois casos.

Figura 3.12 – Gabaritos para a garantia da espessura: a) tipo metálicos, afixados nos substratos para ensaio de
Rat; b) forma de madeira da confecção dos substratos para ensaio de Rac, que possui borda para padronização
da espessura das argamassas.

a) b)

As argamassas foram projetadas em painéis previamente montados com os substratos de


concreto. Os substratos para ensaios de Rat, foram instalados verticalmente em painéis
metálicos móveis de aproximadamente 1,3 m x 1,5 m, que continham entre dois a quatro
substratos em cada um. Os substratos para ensaio de Rac foram afixados em uma parede, a
fim de permitir a padronização da forma de projeção da argamassa, conforme mostrado na
Figura 3.13.

Figura 3.13 – Padronização da posição dos substratos para projeção das argamassas: a) Substratos para Rat
montados verticalmente em painéis metálicos; b) substratos para Rac afixados em parede.

a) b)

Momentos antes da aplicação das argamassas de revestimento, as faces dos substratos para
Rat foram limpas com vassoura de cerdas duras e em seguida assoprados com o ar
comprimido utilizado para projeção das argamassas, de forma a remover possíveis materiais
e poeiras impregnadas na superfície dos substratos. A superfície dos substratos para os
ensaios de Rac foram limpas com equipamento aspirador de pó, conforme ilustrado na Figura
3.14.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 84

Figura 3.14 – Limpeza da superfície dos substratos: a) substratos para Rat com vassoura e sopro de ar
comprimido; b) substratos para Rac com aspirador de pó.

a) b) c)

As superfícies dos substratos passaram por um umedecimento prévio com água antes da
projeção das argamassas de revestimento, simulando a boa prática adotada por alguns
oficiais pedreiros no momento da aplicação das argamassas, com a finalidade de aprimorar a
aderência entre os dois materiais. O umedecimento com água foi realizado aproximadamente
5 minutos antes da projeção das argamassas de revestimento, em quantidade de
0,025 ml/cm2, com a utilização de um borrifador tipo spray. A Figura 3.15 ilustra esse
procedimento de umedecimento prévio das superfícies, adotado para as duas dimensões de
substratos.

Figura 3.15 – Umedecimento com água das superfícies dos substratos com borrifador tipo spray.

A aplicação da argamassa nos dois tipos de substratos (para Rat e Rac) se deu com projeção
mecanizada com equipamento de projeção com recipiente acoplado, também chamado de
canequinha, de marca ANVI-Spray. Nesse tipo de sistema, o recipiente é abastecido
diretamente no estoque de argamassa fresca, ou seja, o material não é bombeado. O ar
comprimido fornecido por um compressor é introduzido diretamente no recipiente do projetor
para aplicar a argamassa ao substrato, com pressão de aproximadamente 100 bar. A Figura
3.16 ilustra a projeção da argamassa de revestimento nas superfícies lisa e rugosa dos dois
tipos de substratos de concreto.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 85

Figura 3.16 – Projeção da argamassa de revestimento com recipiente acoplado tipo canequinha: a) nos
substratos para Rat; b) nos substratos para Rac.

a) b)

As argamassas de revestimentos foram sarrafeadas e desempenadas com o uso de régua e


desempenadeira por um oficial pedreiro, aproximadamente 2 horas após a aplicação,
conforme mostrado na Figura 3.17.

Figura 3.17 – Etapa do desempeno das superfícies das argamassas de revestimento aplicadas: a) sobre os
substratos para Rat; b) sobre os substratos para Rac.

a) b)

Adicionalmente, para os ensaios de caracterização das argamassas, foram moldadas 24


formas prismáticas de 40 mm x 40 mm x 160 mm, conforme ilustrado na Figura 3.18.

Figura 3.18 – Moldagem dos corpos de prova para ensaios de caracterização das argamassas de revestimento.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 86

3.2.4. Ensaios realizados

Na caracterização e controle do concreto dos substratos e das argamassas de revestimento


foram realizados diversos ensaios. Os subtítulos a seguir relatam os ensaios de
caracterização realizados, bem como os ensaios de avaliação adotados no estudo da
aderência, propostos nessa dissertação.

3.2.4.1. Caracterização do concreto dos substratos

O concreto utilizado na produção dos substratos foi caracterizado nos estados fresco e
endurecido, conforme Tabela 3.10.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 87

Tabela 3.10 – Resumo e ilustrações dos ensaios de caracterização dos concretos.

Ensaio/método Ilustração Tamanho da amostra Observações

Determinação de Normativo: 1 Foram realizadas duas


abatimento pelo determinação a cada determinações no intuito de
tronco de cone – amassada verificar a variação da
ABNT NBR NM trabalhabilidade ao longo do
67:1998 Ensaiada: 2 tempo de moldagem.
determinações por
betonada: uma no
início e outra no final
da moldagem

Determinação da Normativo: 1 exemplar Foi utilizado papel carbono entre


resistência à (2 corpos de prova) a placa de compressão e o
compressão ABNT para cada amassada corpo de prova durante o
NBR 5739:2007 ensaio, no intuito de verificar a
Ensaiada: 4 corpos de distribuição de carga no topo
prova por amassada das amostras. O resultado foi
satisfatório.

Módulo estático de Normativo: 3 corpos de Foi determinado o módulo


elasticidade ABNT prova estático de elasticidade pela
NBR 13279:2005 metodologia A.
Ensaiada: 3 corpos de
prova

Determinação da Normativo: 3 corpos de As amostras foram secas em


absorção de água prova estufa por 72 h em temperatura
ABNT NBR de 60 ± 3 °C.
9778:2005 Ensaiada: 4 corpos de
prova

Determinação da Normativo: 3 corpos de Todos os corpos de prova


absorção de água prova passaram por limpeza das faces
por capilaridade para ensaio.
ABNT NBR Ensaiada: 10 corpos de
9779:2012 prova As amostras foram secas em
estufa por 72 h em temperatura
de 60 ± 3 °C.
O topo do corpo de prova foi a
face utilizada para o ensaio em
todas as determinações.

Taxa de sucção Normativo: 3 corpos de Todos os corpos de prova


inicial (IRA) ASTM prova passaram por limpeza das faces
C67:2013 adaptado para ensaio.
Ensaiada: 10 corpos de
prova As amostras foram secas ao ar,
conforme prescrito em norma.
O topo do corpo de prova foi a
face utilizada para o ensaio em
todas as determinações.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 88

3.2.4.2. Caracterização das argamassas de revestimento

As argamassas de revestimento foram caracterizadas no estado fresco, conforme ilustrado e


resumido na Tabela 3.11.

Tabela 3.11 – Ensaios realizados nas argamassas de revestimento no estado fresco.

ESTADO FRESCO
Ensaio/Método Ilustração Amostragem

Densidade de Massa
Normativo: 1 determinação
ABNT NBR
Ensaiada: 1 determinação
13278:2005

Teor de Ar ABNT Normativo: 1 determinação


NBR 13278:2005 Ensaiada: 1 determinação

Índice de Normativo: 1 determinação


Consistência (flow Ensaiada: 2 determinações (uma no início e outra
table) ABNT NBR no final da aplicação
13276:2005

Consistência por Normativo: 1 determinação


penetração do cone Ensaiada: 1 determinação a cada 15 min até o final
ASTM C780:2014 da aplicação

As argamassas de revestimento foram caracterizadas no estado endurecido, conforme


ilustrado e resumido na Tabela 3.12.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 89

Tabela 3.12 – Ensaios realizados nas argamassas de revestimento no estado endurecido.

ESTADO ENDURECIDO
Ensaio/Método Ilustração Tamanho da amostra

Determinação da resistência à tração Normativo: 3 corpos de prova


na flexão - ABNT NBR 13279:2005 Ensaiada: 6 corpos de prova

Determinação da resistência à
Normativo: 3 corpos de prova
compressão axial - ABNT NBR
Ensaiada: 6 corpos de prova
13279:2005

Absorção de água por capilaridade – Normativo: 3 corpos de prova


ABNT NBR 9779:2012 Ensaiada: 6 corpos de prova

Módulo de elasticidade dinâmico - Normativo: 3 corpos de prova


ABNT 15630:2009 Ensaiada: 6 corpos de prova

3.2.4.3. Ensaios de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento

Estes ensaios foram realizados no objetivo de se obter as variáveis de resposta deste estudo,
sendo eles a resistência de aderência à tração e a resistência de aderência ao cisalhamento.

3.2.4.3.1 Resistência de aderência à tração

A determinação da resistência de aderência à tração (Rat) seguiu o método prescrito na NBR


13528 (ABNT, 2010). Em cada placa de concreto foram delimitadas 24 áreas circulares para
corte perpendicular através de serra de copo diamantada. Para padronizar, nivelar e evitar
efeitos de excentricidade causados por um operador do dispositivo de corte, este foi acoplado
a uma estrutura afixada no chão que possuía movimento horizontal e vertical nivelados para
melhor padronização dos furos, conforme ilustrado na Figura 3.19.

Figura 3.19 – Ensaio de Rat: a) dispositivo utilizado para nivelamento e padronização dos furos; b) realização do
furo com utilização de dispositivo de nivelamento e aspirador de pó.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 90

a) b)

Para reduzir o efeito das tensões geradas durante o corte com a serra foi utilizado um
dispositivo aspirador de pó, no intuito de diminuir o nível de vibração durante o corte, devido
ao acúmulo do pó na cavidade. As pastilhas foram coladas com massa plástica e os ensaios
de resistência de aderência à tração foram realizados aos 30 dias ± 2 dias de idade do
revestimento, com aderímetro DYNA Z16, marca Proceq, de capacidade 1600 kg, conforme
ilustrado na Figura 3.20.

Figura 3.20 – Ensaio de resistência de aderência à tração: a) equipamento DYNA Proceq utilizado no ensaio; b)
painéis após o ensaio realizado.

a) b)

Foram realizados 24 arrancamentos para cada situação de substrato e de tipo de argamassa


estudados, totalizando 480 arrancamentos nos 10 substratos para estudo de Rat. Em cada
ensaio anotou-se, além da carga de ruptura, a profundidade da ruptura, medida com um
paquímetro de profundidade e a porcentagem relativa à forma de ruptura. Para esta última
análise utilizou-se um gabarito transparente graduado com a porcentagem da área do furo,
para furos de 50 mm, conforme mostrado na Figura 3.21. O objetivo da utilização desse
gabarito foi a padronização da leitura das porcentagens relativas às áreas de ruptura no
substrato, argamassa ou interface de aderência.

Figura 3.21 – Registros complementares no ensaio de resistência de aderência: a) profundidade do


arrancamento; b) porcentagem relativa à forma de ruptura.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 91

a) b)

3.2.4.3.2 Resistência de aderência ao cisalhamento

A determinação da resistência de aderência ao cisalhamento (Rac) seguiu os requisitos


estabelecidos na norma D 3080 (ASTM, 2011) para o ensaio de cisalhamento em solo. De
acordo com este método, a amostra foi submetida a um esforço vertical (tensão normal) e um
esforço cisalhante horizontal (tensão de cisalhamento) simultâneos, a fim de se caracterizar
a resistência ao cisalhamento do material sob um determinado carregamento vertical. A
amostra foi colocada dentro de uma caixa bipartida, denominada shearbox, que permite o
movimento cisalhante no material. Na medida em que o carregamento foi aplicado,
deflectômetros verticais e horizontais registravam os movimentos impostos à amostra. A
máquina de cisalhamento direto utilizada na pesquisa foi a da marca Milestone, com
capacidade de carregamento horizontal de 30 kN e carregamento vertical de 300 kN/m2,
conforme ilustrado na Figura 3.22.

Figura 3.22 – Máquina de cisalhamento direto utilizada na pesquisa.

Esse método foi utilizado para a determinação da resistência ao cisalhamento do concreto de


a/c 0,65, das argamassas de revestimento com proporcionamento 1 : 1 : 6 e 1 : 0.5 : 3.4 e
para determinação da resistência de aderência ao cisalhamento (Rac) dos sistemas de
revestimento formados por estes materiais.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 92

Na tentativa de se obter uma boa correlação entre as duas forças atuantes (normal e
cisalhante), utilizou-se a aplicação de quatro diferentes tensões normais para cada
determinação de Rac, no caso dos sistemas de revestimento e dos materiais em separado.

Para os ensaios em sistema de revestimento foram ensaiadas 10 amostras para cada situação
de força normal perfazendo 40 ensaios de cisalhamento direto em cada situação de
rugosidade de substrato de concreto e proporcionamento de argamassa, totalizando 160
ensaios de cisalhamento direto em sistema de revestimento, 80 para cada tipo de argamassa
de revestimento.

Os corpos de prova para ensaio constituíam-se de amostras de sistema de revestimento de


80 mm x 80 mm x 70 mm que foram colocados na caixa bipartida para cisalhamento de forma
a coincidir a interface de aderência com o plano de cisalhamento imposto pela caixa. A partir
dos ajustes dos deflectômetros horizontais e verticais e aplicação da força normal escolhida,
o carregamento era aplicado a uma velocidade de 0,50 mm/min. O passo-a-passo de
atividades para o ensaio de cisalhamento direto em sistema de revestimento está ilustrado na
Figura 3.23. Os requisitos e o método utilizado nesse ensaio estão relatados no procedimento
de ensaio apresentado no Apêndice T desta dissertação.

Figura 3.23 – Passo-a-passo das operações para o ensaio de cisalhamento direto: a) amostra e shearbox
prontos para o ensaio; b) amostra inserida na caixa; c) colocação de areia normal do IPT (0,2 mm de dimensão
máxima característica) nas laterais para ajuste adequado das bordas da amostra à caixa; d) montagem do

M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 93

shearbox; e) colocação do capacete, célula de carga e deflectômetros para medição dos deslocamentos
horizontais e verticais e da carga de ruptura; f) retirada dos dispositivos de medição após a ruptura; g) retirada da
amostra cisalhada de dentro do shearbox; h) análise e descrição da superfície cisalhada.

a) b)

c) d)

e) f)

g) h)

No caso dos ensaios de cisalhamento direto dos materiais individualmente, em concreto e


argamassa, foram ensaiadas 5 amostras para cada situação de força normal. Foram
ensaiados 20 corpos de prova por tipo de material (argamassas 1 : 1 : 6 e 1 : 0.5 : 3.4 e
concreto a/c 0,65), totalizando 60 ensaios de cisalhamento direto em concreto e argamassa.
As dimensões do corpo de prova para este caso era de 50 mm x 50 mm x 50 mm e
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 94

consequentemente, o shearbox utilizado para o ensaio nas amostras desta dimensão era
menor. A Figura 3.24 ilustra os corpos de prova para ensaio em cada caso estudado.

Figura 3.24 – Amostras para ensaio de cisalhamento direto: a) concreto a/c 0,65 argamassas de
proporcionamento 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4; b) sistema de revestimento sobre substrato de concreto.

a) b)

A partir da regressão linear dos resultados médios obtidos com as forças normais e as forças
de cisalhamento para cada sistema de revestimento, o ensaio forneceu informações sobre o
ângulo de atrito entre as partículas e também o valor da coesão da amostra. A coesão da
amostra, para o caso do sistema de revestimento é a resistência de aderência ao
cisalhamento.

3.3. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Após a realização dos ensaios, os resultados de todas as determinações foram organizados


em planilhas. No intuito de apurar a confiabilidade na análise e interpretação dos dados, os
valores individuais de cada determinação passaram por uma identificação de valores
espúrios, considerados dados não legítimos, e que interferem na interpretação dos dados de
ensaio.

Os resultados dos ensaios de caracterização foram analisados por gráficos de controle e pela
aplicação do teste T de Student, que identificaram possíveis valores espúrios, dentro de cada
população definida. A decisão final por incluir ou não um dado identificado como espúrio pelos
métodos acima mencionados coube ao pesquisador.

Os resultados dos ensaios de avaliação, Rat e Rac não foram analisados somente por estes
dois métodos, por entender que uma avaliação mais complexa envolveria a interpretação
desses dados. Para estes casos foram utilizadas fotografias, planilhas de dados e
histogramas a fim de incrementar o conhecimento acerca do comportamento dos materiais no
ensaio.

Adicionalmente, o tratamento estatístico dos resultados foi realizado através do método de


análise de variâncias (ANOVA) com posterior aplicação de comparação de múltiplas médias
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 95

(Duncan). A análise de variância é um procedimento geral para isolar as fontes de


variabilidade em um conjunto de medições (GIRDEN, 1992) e é frequentemente utilizado
devido à sua adequação a diferentes tipos de projetos de pesquisa experimentais e não
experimentais (RUTHERFORD, 2001).

O objetivo da análise estatística foi o de identificar as variáveis que influenciam as variáveis


avaliadas, para que se conclua sobre os resultados encontrados.

M. O. CAMPOS Capítulo 3
RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo estão demonstradas as discussões acerca dos resultados encontrados na


pesquisa. Por meio de análises estatísticas dos resultados, a pesquisa permitiu fazer
correlações entre as características do substrato e das argamassas e as resistências de
aderência à tração e ao cisalhamento, bem como correlações entre a resistência de aderência
à tração e a resistência de aderência ao cisalhamento em revestimentos de argamassa.

4.1 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO DOS SUBSTRATOS

Relata-se a partir deste ponto, as análises das caracterizações dos concretos dos substratos
evidenciadas e constatadas a partir dos ensaios realizados.

4.1.1 Caracterização no estado fresco

A caracterização dos concretos dos substratos no estado fresco está descrita no item a seguir.

4.1.1.1 Abatimento pelo tronco de cone

A determinação do abatimento pelo tronco de cone foi realizada ao término do tempo de


mistura dos concretos e se configurou como importante parâmetro para a formulação de
concretos de vários a/c com mesma característica de trabalhabilidade. Os resultados dos
ensaios estão apresentados na Tabela 4.1.

Tabela 4.1 – Abatimento dos concretos dos substratos.

a/c Abatimento (mm)

0,35 110
0,50 95
0,65 130
0,80 105

O concreto de a/c igual a 0,65 foi formulado com um abatimento de valor levemente maior,
pelo motivo de que essa era a formulação a ser usada nos substratos para estudos de Rac.
Estes substratos eram de dimensões menores e isto favoreceu o total preenchimento das

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 97

formas. Com essa diferenciação, o intervalo de abatimento utilizado na pesquisa foi de


110 mm ± 20 mm.

4.1.2 Caracterização no estado endurecido

A caracterização dos concretos dos substratos no estado endurecido está descrita nos itens
seguintes. Ao longo dessa seção são apresentados e discutidos os resultados médios. Alguns
resultados individuais dessa etapa estão reunidos no Apêndice B.

4.1.2.1 Resistência à compressão

Os ensaios de resistência à compressão foram realizados aos 28 dias de idade do concreto.


O resultado do exemplar e resultado médio calculado após análise estatística estão
apresentados na Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Resultados de resistência à compressão dos concretos dos substratos.

Resultado do Resultado Médio


a/c D.P. (MPa C.V. (%)
Exemplar (MPa) (MPa)
0,35 79,8 77,6 3,07 4,0
0,50 57,1 54,9 1,84 3,4
0,65 35,6 35,0 0,74 2,1
0,80 25,7 25,1 0,47 1,9

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

Esta Tabela 4.2 ilustra o crescimento da resistência à compressão com o incremento na


relação água/cimento dos concretos, evidenciando a lei de Abrahms relatada por Neville
(1994). A análise estatística por variâncias permite afirmar que os resultados de resistência à
compressão dos concretos com as diferentes a/c estudadas possuem diferença significativa
entre si, conforme mostrado na Tabela 4.3.

Tabela 4.3 – Análise de variâncias da resistência à compressão dos concretos estudados.

Fonte da variação SQ gl MQ F valor - P F crítico


Entre grupos 6486,046875 3 2162,015625 637,17535 1,72421E-13 3,4902948
Dentro dos grupos 40,7175 12 3,393125
Total 6526,764375 15

Igualdade das médias rejeitada

Legenda: SQ – soma quadrática, gl – grau de liberdade, MQ – média quadrática, F – valor de F.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 98

Descartando a possibilidade da igualdade entre as médias, procedeu-se à análise dos dados


pelo teste de Duncan, que permite definir se existem grupo (s) de resistência (s) igual (is). O
resultado do teste confirmou a existência de quatro grupos distintos de resultados de
resistência à compressão, evidenciando diferenças significativas entre eles, conforme
mostrado na Tabela 4.4.

Tabela 4.4 – Teste de Duncan para os resultados de Resistência à compressão.

Teste de Duncan: Resistência à compressão


a/c
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a/c 0,35 S S S
a/c 0,50 S S S
a/c 0,65 S S S
a/c 0,80 S S S

Legenda: S – diferença significativa.

4.1.2.2 Módulo estático de elasticidade à compressão

Os ensaios para determinação do módulo estático de elasticidade à compressão foram


realizados aos 28 dias de idade do concreto e estão apresentados na Tabela 4.5.

Tabela 4.5 – Resultados do ensaio de módulo estático de elasticidade dos concretos dos substratos.

Resultado Médio
a/c D.P. (GPa) C.V. (%)
(GPa)
0,35 30,6 0,86 2,8
0,50 26,9 0,72 2,7
0,65 22,4 1,31 5,8
0,80 19,4 0,31 1,6

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

Como esperado, os resultados evidenciam o declínio do módulo estático de elasticidade à


compressão com o incremento no a/c, demonstrando que o módulo de elasticidade do
concreto diminui com o aumento da resistência à compressão dos concretos. Na Tabela 4.6
está apresentada a análise de variâncias realizada a partir dos dados obtidos.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 99

Tabela 4.6 – Análise de variâncias dos resultados de módulo estático de elasticidade.

Fonte da variação SQ gl MQ F valor - P F crítico


Entre grupos 218,0825 3 72,6941667 94,921654 1,35701E-06 4,0661806
Dentro dos grupos 6,126666667 8 0,765833333
Total 224,2091667 11

Igualdade das médias rejeitada

Legenda: SQ – soma quadrática, gl – grau de liberdade, MQ – média quadrática, F – valor de F

O resultado do teste confirmou a existência de quatro grupos distintos de resultados de


módulo estático de elasticidade, evidenciando diferenças significativas entre eles, conforme
mostrado na Tabela 4.7.

Tabela 4.7 – Teste de Duncan para os resultados de módulo estático de elasticidade dos concretos.

Teste de Duncan: Módulo estático de elasticidade


a/c
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a/c 0,35 S S S
a/c 0,50 S S S
a/c 0,65 S S S
a/c 0,80 S S S

Legenda: S – diferença significativa.

4.1.2.3 Absorção de água

Os ensaios de absorção de água, bem como as determinações do índice de vazios e da


massa específica real médios nos concretos dos substratos foram realizados aos 29 dias ± 2
dias de idade dos concretos e os resultados estão apresentados na Tabela 4.8.

Tabela 4.8 – Resultados dos ensaios de absorção de água e determinações do índice de vazios e massa
específica real médios dos concretos estudados.

Absorção de água Índice de vazios Massa específica real


a/c
D.P. C.V. D.P. C.V. D.P. C.V.
Média (%) Média (%) Média (g)
(%) (%) (%) (%) (g) (%)

0,35 2,6 0,14 5,5 6,1 0,32 5,2 2,47 0,01 0,3
0,50 3,3 0,08 2,4 7,4 0,16 2,1 2,43 0,01 0,4
0,65 5,5 0,37 6,6 11,6 0,72 6,2 2,40 0,01 0,3
0,80 6,0 0,35 5,7 12,7 0,62 4,9 2,39 0,01 0,4

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

Os resultados demonstram que com o aumento da a/c, a absorção de água dos concretos
também aumenta, padrão este que se repete para o índice de vazios nesses concretos. Por

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 100

outro lado, os resultados das determinações da massa específica real evidenciam relação
inversamente proporcional, ou seja, com o aumento da a/c dos concretos ocorre a diminuição
da massa específica real desses concretos. Esse fato é explicado pelo aumento da
porosidade: quanto maior a porosidade, menor a massa dos concretos e maior a quantidade
de vazios, culminando numa maior absorção de água.

A análise de variâncias dos resultados de absorção de água rejeitou a igualdade das médias
e o teste de Duncan confirmou a existência de diferenças significativas entre os quatro
concretos da pesquisa, conforme mostrado na Tabela 4.9.

Tabela 4.9 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água.

Teste de Duncan: Absorção de água


a/c
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a/c 0,35 S S S
a/c 0,50 S S S
a/c 0,65 S S S
a/c 0,80 S S S

Legenda: S – diferença significativa.

4.1.2.4 Absorção de água por capilaridade

O ensaio de determinação da absorção de água por capilaridade foi realizado aos 29 dias ± 3
dias de idade dos concretos estudados. Na Tabela 4.10 estão apresentados os resultados
médios obtidos em 3 h, 6 h, 24 h, 48 h e 72 horas e a profundidade média da ascensão capilar,
obtido após ruptura diametral ao final do ensaio.

Tabela 4.10 – Resultados da absorção e profundidade da ascensão capilar média dos concretos estudados.

3h 6h 24h 48h 72h Profundidade média da


a/c Determinação
(g/cm2) (g/cm2) (g/cm2) (g/cm2) (g/cm2) ascensão capilar (mm)

Média 0,12 0,14 0,21 0,24 0,27


0,35 D.P. 0,01 0,02 0,03 0,04 0,04 31,4
C.V. 11,3 11,8 13,9 15,6 15,7
Média 0,16 0,19 0,29 0,34 0,35
0,50 D.P. 0,01 0,02 0,03 0,03 0,04 33,9
C.V. 8,5 8,8 9,2 9,6 10,0
Média 0,21 0,27 0,46 0,58 0,63
0,65 D.P. 0,03 0,04 0,07 0,09 0,09 68,0
C.V. 14,4 15,1 15,1 14,9 14,0
Média 0,29 0,38 0,64 0,79 0,84
0,80 D.P. 0,03 0,04 0,07 0,07 0,13 83,3
C.V. 11,6 10,7 10,7 9,3 15,4
Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 101

Os resultados mostram que tanto a absorção capilar como a profundidade da absorção capilar
dos concretos estudados aumentam com o aumento da a/c, demostrando que a
proporcionalidade direta entre eles está relacionada com a porosidade: quanto maior a
porosidade nesses concretos, maior é a absorção de água e a ascensão capilar, conforme
mostrado na Figura 4.1.

Figura 4.1 – Evolução da absorção capilar ao longo do tempo de ensaio para as diferentes a/c estudadas.

Evolução da absorção de água por capilaridade nas 72h de ensaio


1,0

0,9
Absorção de água por capilaridade (g/cm²)

0,8

0,7

0,6

0,5

0,4

0,3

0,2

0,1
Cap 3h
Cap 6h
0,0
Cap 24h
C1-0,35 C2-0,50 C3-0,65 C4-0,80
Cap 48h
a/c Cap 72h

A análise de variâncias dos resultados de absorção por capilaridade em todas as horas


estudadas e a posterior avaliação por teste de Duncan evidenciou diferenças significativas
entre os concretos para todas as faixas de tempo, conforme mostrado na Tabela 4.11, que
contém o resultado da comparação de médias para os resultados de absorção por
capilaridade após 3 horas.

Tabela 4.11 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água por capilaridade após 3 horas.

Teste de Duncan: Absorção de água por capilaridade – 3h


a/c
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a/c 0,35 S S S
a/c 0,50 S S S
a/c 0,65 S S S
a/c 0,80 S S S

Legenda: S – diferença significativa.

4.1.2.5 Taxa inicial de sucção (IRA)

O ensaio para determinação da taxa inicial de sucção, denominado IRA, foi realizado aos 28
dias de idade dos concretos dos substratos. Na Tabela 4.12 estão apresentados os resultados
médios de IRA para as diferentes a/c dos concretos estudados. Alguns resultados individuais
estão apresentados no Apêndice B.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 102

Tabela 4.12 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos da pesquisa.

IRA Médio
a/c D.P. (%) C.V.(%)
(g/193,55cm²/min)

0,35 6,4 0,38 6,0


0,50 9,3 0,89 9,6
0,65 12,0 1,35 11,3
0,80 18,5 1,41 7,6

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

A Figura 4.2 ilustra o crescimento da taxa inicial de sucção dos concretos com o aumento da
a/c dos concretos dos substratos. Esse resultado se traduz na explicação de que, quanto
maior a porosidade do concreto maior é a quantidade de água que é succionada por unidade
de tempo (1 min) para os concretos estudados.

Figura 4.2 – Gráfico dos resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos estudados.

21
Taxa inicial de sucção -IRA

18
(g/193,55cm²/min)

15

12

9
y = 2,8343e2,3097x
6 R² = 0,9911

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Relação água/cimento

Pela Figura pode-se observar que a partir de um valor de a/c próximo de 0,80 o valor do IRA
tende a crescer rapidamente, deixando de ter uma tendência linear.

A análise de variâncias dos resultados da taxa inicial de sucção e a posterior avaliação pelo
teste de Duncan evidenciou diferenças significativas entre os concretos para todas as faixas
de tempo, conforme mostrado na Tabela 4.13, que contém o resultado da comparação de
médias para os resultados da taxa inicial de sucção.

Tabela 4.13 – Teste de Duncan para os resultados da taxa inicial de sucção (IRA).

Teste de Duncan: Taxa inicial de sucção - IRA


a/c
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a/c 0,35 S S S
a/c 0,50 S S S
a/c 0,65 S S S
a/c 0,80 S S S

Legenda: S – diferença significativa.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 103

O IRA costuma ser uma característica amplamente associada com a resistência de aderência
de revestimentos de argamassa. Nesse sentido, são comparados os resultados obtidos para
os concretos desta pesquisa com os obtidos em outras pesquisas conforme Tabela 4.14.

Tabela 4.14 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos de outras pesquisas.

IRA
Autores Material
(g/193,55 cm2/min)

Bloco de concreto vedação 51


Bloco cerâmico vedação (S) 12
Carasek (1996) Bloco cerâmico vedação (T) 14
Bloco de concreto celular autoclavado 68
Bloco sílico calcário estrutural 45
Bloco de concreto vedação 103
Bloco cerâmico vedação (V1) 16
Honório e Carasek
Bloco cerâmico vedação (V2) 11
(2010)
Bloco cerâmico vedação (V3) 9
Bloco cerâmico estrutural 9
Carasek, Cascudo, Substrato padrão em concreto (de acordo com NBR
4
Oliveira (2009) 14082)

Observa-se que os resultados de IRA obtidos para os concretos desta pesquisa variaram de
6 a 19 g/193,55 cm2/min. Estes valores são próximos aos obtidos em outras pesquisas para
blocos cerâmicos, principalmente os das relações a/c de 0,50 e 0,65. O concreto de a/c 0,35
apresentou uma taxa de sucção maior do que a obtida para o substrato-padrão, no entanto,
naquele caso o concreto estava com idade superior a 6 meses.

4.2 ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DAS ARGAMASSAS DE


REVESTIMENTO

As argamassas de revestimento foram caracterizadas no estado fresco e endurecido e os


resultados e discussões dessas caracterizações estão descritas nos itens seguintes.

4.2.1 Caracterização no estado fresco

As argamassas foram caracterizadas no estado fresco quanto à densidade de massa, teor de


ar incorporado, índice de consistência e consistência pela penetração do cone. Essas
caracterizações estão apresentadas a seguir com base nos valores médios. Alguns valores
individuais estão apresentados no Apêndice C.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 104

4.2.1.1 Densidade de massa e teor de ar

Os ensaios para determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado das


argamassas de revestimento estudadas estão apresentadas na Tabela 4.15.

Tabela 4.15 – Resultados da densidade de massa e do teor de ar incorporado das argamassas estudadas.

Densidade de massa Teor de ar incorporado


Proporcionamento (volume)
Média (g/cm3) Média (%)
1:2:9 1,86 12,1
1:1:6 1,88 11,4
1 : 0,5 : 3,4 1,92 12,8

4.2.1.2 Consistência

A trabalhabilidade das argamassas foi controlada e caracterizada através do ensaio de


determinação do índice de consistência, prescrito na norma NBR 13276:2005 e pela
consistência por penetração do cone, prescrita na norma ASTM C780:2014, na intenção da
padronização da trabalhabilidade das argamassas estudadas. Em todos os dois casos foi
realizada uma determinação no início da projeção (aproximadamente 20 minutos após
mistura) e outra no final da projeção (aproximadamente 1 hora e 20 minutos após a mistura).

Os resultados das duas determinações para cada proporcionamento das argamassas estão
apresentados na Tabela 4.16.

Tabela 4.16 – Índice de consistência das argamassas estudadas no início e no final da projeção e consistência
pela penetração do cone.

Proporcionamento Consistência pela


Tempo Índice de consistência
(volume) penetração do cone

Início 261 46
1:2:9
Final 251 42
Início 261 46
1:1:6
Final 244 38
Início 270 49
1 : 0,5 : 3,4
Final 223 45

4.2.2 Caracterização no estado endurecido

As argamassas do estudo foram caracterizadas no estado endurecido quanto à resistência à


compressão, resistência à tração na flexão, módulo dinâmico de elasticidade e absorção de
água por capilaridade. Os resultados estão apresentados nos itens a seguir e alguns valores
individuais de cada determinação estão compilados no Apêndice C.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 105

4.2.2.1 Resistência à compressão e resistência à tração na flexão

Os ensaios de resistência à compressão e de resistência à tração na flexão foram realizados


aos 29 dias de idade das argamassas e na Tabela 4.17 estão mostrados os resultados médios
desta determinação.

Tabela 4.17 – Resultados médios do ensaio de resistência à compressão e de resistência à tração na flexão das
argamassas da pesquisa.

Proporcionamento Resistência à compressão média Resistência à tração na flexão


(volume) (MPa) média (MPa)
Média 2,19 Média 0,87
1:2:9 D.P (MPa) 0,33 D.P (MPa) 0,14
C.V (%) 15,2 C.V(%) 15,9
Média 4,11 Média 1,34
1:1:6 D.P (MPa) 0,14 D.P( MPa) 0,02
C.V (%) 3,3 C.V(%) 1,5
Média 10,80 Média 2,84
1 : 0,5 : 3,4 D.P (MPa) 0,10 D.P (MPa) 0,04
C.V (%) 0,9 C.V (%) 1,3

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

A análise de variâncias dos resultados de resistência à compressão e de resistência à tração


na flexão e a posterior avaliação pelo teste de Duncan evidenciou diferenças significativas
entre as argamassas estudadas, conforme mostrado na Tabela 4.18, que contém o resultado
da comparação de médias para os resultados de tração na flexão.

Tabela 4.18 – Teste de Duncan nos resultados de resistência à tração na flexão.

Teste de Duncan: Resistência à tração na flexão


Argamassa
129 116 1 0,5 3,4
129 S S
116 S S
1 0,5 3,4 S S

Legenda: S – diferença significativa.

4.2.2.2 Módulo dinâmico de elasticidade

O ensaio para determinação do módulo dinâmico de elasticidade foi realizado aos 30 dias ± 1
dias de idade nas argamassas da pesquisa. Os resultados médios estão apresentados na
Tabela 4.19.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 106

Tabela 4.19 – Resultados médios do ensaio de módulo dinâmico de elasticidade das argamassas da pesquisa.

Proporcionamento Módulo dinâmico de


D.P. (MPa) C.V. (%)
(volume) elasticidade médio (MPa)

1:2:9 5956,51 230,76 3,9


1:1:6 7517,26 288,06 3,8
1 : 0,5 : 3,4 12005,00 104,55 0,9

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

A análise de variâncias dos resultados de módulo dinâmico de elasticidade e a posterior


avaliação pelo teste de Duncan evidenciou diferenças significativas entre as argamassas
estudadas, conforme mostrado na Tabela 4.20, que contém o resultado da comparação de
médias para os resultados encontrados.

Tabela 4.20 – Teste de Duncan para os resultados de módulo dinâmico de elasticidade das argamassas.

Teste de Duncan: Módulo dinâmico de elasticidade


Argamassa
129 116 1 0,5 3,4
129 S S
116 S S
1 0,5 3,4 S S

Legenda: S – diferença significativa.

4.2.2.3 Absorção de água por capilaridade

O ensaio de absorção de água por capilaridade foi realizado aos 30 dias ± 1 dias de idade
das argamassas e na Tabela 4.21 estão mostrados os resultados médios desta determinação.

Tabela 4.21 – Resultados médios de absorção por capilaridade das argamassas da pesquisa.

Coeficiente de
Proporcionamento 10 min 90 min
Determinação capilaridade
(volume) (g/cm2) (g/cm2)
g/dm2.min1/2

Média 0,34 1,05


1:2:9 D.P. (g/cm2) 0,09 0,25 11,31
C.V. (%) 25,4 23,9
Média 0,28 0,98
1:1:6 D.P (g/cm2) 0,04 0,06 11,36
C.V (%) 14,1 5,9
Média 0,24 0,65
1 : 0,5 : 3,4 D.P (g/cm2) 0,01 0,02 6,27
C.V (%) 3,80 2,6

Legenda: D.P. – desvio padrão; C.V. – coeficiente de variação.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 107

A análise de variâncias dos resultados de absorção por capilaridade e a posterior avaliação


pelo teste de Duncan não evidenciou diferenças significativas entre as argamassas 1 : 2 : 9,
1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4 nos dez primeiros minutos de absorção, conforme mostrado na Tabela
4.22, que mostra o resultado da comparação de médias para os resultados encontrados.

Tabela 4.22 – Teste de Duncan para os resultados de absorção por capilaridade aos 10 minutos.

Teste de Duncan: Absorção por capilaridade – 10 min


Argamassa
129 116 1 0,5 3,4
129 NS NS
116 NS NS
1 0,5 3,4 NS NS

Legenda: NS – diferença não significativa.

No teste de Duncan para a determinação da absorção por capilaridade aos 90 minutos, os


resultados apontaram que as argamassas 1 : 2 : 9 e 1 : 1 : 6 não possuem diferenças
significativas entre elas e somente a argamassa 1 : 0,5 : 3,4 é diferente. A Figura 4.3 permite
evidenciar o comportamento do coeficiente de capilaridade para as três argamassas,
ilustrando um ponto de inflexão na curva, a partir do qual o coeficiente decresce. Isto significa
que, à medida em que aumenta-se a compacidade das argamassas (menores a/c) os poros
vão ficando menores. Poros menores contribuem para uma maior força de sucção capilar, no
entanto essa sucção é facilitada até certo ponto, a partir do qual o tamanho dos poros não
tem contribuição na capacidade de água absorvida.

Figura 4.3 – Coeficiente de capilaridade das argamassas do estudo.

13,0

12,0
Coeficiente de capilaridade

11,0
(g/dm2.min1/2)

10,0

9,0

8,0

7,0

6,0

5,0
129 116 10,53,4
Argamassa

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 108

4.3 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE


ADERÊNCIA À TRAÇÃO

O ensaio de resistência de aderência à tração (Rat) foi realizado aos 30 dias ± 2 dias de idade
nas argamassas de revestimento do estudo. Alguns resultados individuais obtidos neste
ensaio estão apresentados no Apêndice D.

Durante os ensaios, como esperado, ocorreram duas formas de ruptura: ora na argamassa,
ora na interface de aderência argamassa/substrato. Além disso, observou-se também que no
tocante às profundidades de arrancamento, estas também estavam bem definidas: ou
aconteciam aproximadamente no meio da camada de revestimento ou nas proximidades da
interface de aderência.

Tal fato motivou a elaboração de histogramas para melhor compreender a distribuição dos
dados nas classes de profundidades ocorridas durante o ensaio.

Primeiramente, elaborou-se histogramas com os dados totais para cada proporcionamento de


argamassa, não se distinguindo nesse momento, as diferentes a/c dos substratos e tampouco,
o tipo de superfície associada. A Figura 4.4 ilustra o primeiro estudo para observação da
distribuição das profundidades de arrancamento.

Figura 4.4 – Histogramas para visualização da distribuição dos dados de profundidade de arrancamento: a)
argamassa 1 : 2 : 9, b) argamassa 1 : 1 : 6, c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4.

Estudo das profundidades totais de Estudo das profundidades totais de


arrancamento (Argamassa 1:2:9) arrancamento (Argamassa 1:1:6)
50% acima de 17 mm
70 40
88% até 17 mm 50% até 17 mm
Frequência (und)

Frequência (und)

60 35
50 30
25
40
20
30
12% acima de 17 mm 15
20 10
10 5
0 0
9 |----- 10 |--- 11 |--- 12 |--- 13 |--- 14 |--- 15 |--- 16 |--- 17 |--- 18 |--- 19 |--- 20 |--- 21 |--- 8 |---- 9 |---- 10 |-- 11 |-- 12 |-- 13 |-- 14 |-- 15 |-- 16 |-- 17 |-- 18 |-- 19 |-- 20 |-- 21 |--
- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 22 -- -- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
22
a) Classes de profundidade (mm) b) Classes de profundidade (mm)

Estudo das profundidades totais de arrancamento


(Argamassa 1:0,5:3,4)
20 72% acima de 17 mm
18
16
Frequência (und)

14
12
10 28% até 17 mm
8
6
4
2
0
6,6 |------ 8,6 |------ 10,6 |---- 12,6 |---- 14,6 |---- 16,6 |---- 18,6 |---- 20,6 |---- 22,6 |----
c) -- -- -- -- -- -- -- 24,6
Classes de profundidade (mm)

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 109

Histogramas do tipo bimodal ou “dois picos” se caracterizam por duas regiões distintas com
uma região de pouca frequência entre eles. Esse tipo de histograma revela situações em que
há mistura de dados, com médias diferentes obtidas em duas condições distintas. Com base
nessa interpretação, entende-se que os resultados de Rat que aconteceram em
profundidades próximas ao meio da argamassa de revestimento não poderiam ser
considerados nos resultados médios finais de Rat em cada situação de revestimento, uma
vez que tratam-se de rupturas coesivas no interior da argamassa.

Os histogramas contribuíram com a separação dos resultados de diferentes situações, e


permitiu evidenciar que os resultados de Rat quando a ruptura se dava no interior da
argamassa de revestimento eram diferentes daqueles encontrados na argamassa situada nas
proximidades da interface de aderência, denominada neste trabalho de zona de aderência. A
argamassa da zona de aderência é a argamassa que se encontra nas proximidades da
interface de aderência e que, muito possivelmente, apresenta características diferentes
daquela que se encontra mais distante da interface.

A análise dos histogramas permitiu evidenciar que as rupturas na argamassa (em


profundidade menor que 17 mm) ocorriam com mais frequência nas argamassas com
menores teores de aglomerante.

Analisando-se cada proporcionamento de argamassa adotado no estudo e cada a/c do


substrato em separado, esse comportamento se manteve, ficando mais evidente a diferença
entre as condições. Notou-se que a diferença (formação de picos distintos) ocorria na
profundidade aproximada de 17 mm, com pequenas variações caso a caso. Adotou-se,
portanto, a profundidade de 17 mm como “profundidade de corte” para a separação entre as
duas situações: ocorrências em profundidades acima de 17 mm eram consideradas rupturas
na interface de aderência e ocorrências em profundidades menores que 17 mm eram
consideradas rupturas na argamassa. Importante salientar que a profundidade de corte de
17 mm foi decidida com base na necessidade de padronização de estudo, aliada à
visualização in situ de cada corpo-de-prova de ensaio. Esta escolha não exclui a possibilidade
de realização de trabalhos futuros para melhor determinar uma possível faixa de profundidade
da zona de aderência, tampouco a existência de profundidades variáveis, dependendo de
cada sistema de revestimento.

Ficou evidente que a análise de dados de Rat deve considerar não somente a carga e a forma
de ruptura, sendo determinante a análise das profundidades de arrancamento no estudo para
determinação da resistência de aderência à tração. Essa observação vai ao encontro da
definição de resistência de aderência estabelecida na “terminologia de argamassas” por Bonin

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 110

(2009) como “o máximo esforço que a interface entre uma camada de argamassa no estado
endurecido e uma base sobre a qual ela foi aplicada pode resistir a um carregamento que
provoca tensões axiais de tração ou transversais de cisalhamento”.

Desta feita, os resultados de Rat considerados para cálculo das médias em cada caso
estudado foram aqueles que ocorreram na interface de aderência, portanto com
profundidades acima de 17 mm de profundidade.

Os resultados de Rat para cada a/c do concreto dos substratos estudados para a argamassa
de proporcionamento 1 : 2 : 9, juntamente com os histogramas de profundidades estão
apresentados nas Tabelas 4.23 a 4.26.

Tabela 4.23 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,35.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,35 Arg 1 2 9 R1
12 11
Frequência (unid)

10
8
6 5
0,35 R1 1:2:9 0,12 0,09 4
4
2 1 1 1 1

0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21 21 |------23

71% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 29% acima


de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa) substrato


13 a/c 0,35 Arg 1 2 9 R2
14
12
Frequência (unid)

10
7
8
6
0,35 R2 1:2:9 0,09 0,08 4
1 1 1 1
2
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21

92% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 8%


acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 111

Tabela 4.24 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,50.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa) substrato


a/c 0,50 Arg 1 2 9 R1
13
14
12

Frequência (unid)
10
7
8
0,50 R1 1:2:9 0,11 0,07 6
4
1 1 1
2 0
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
91% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 9%
acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,50 Arg 1 2 9 R2
20 17

Frequência (unid)
15

10
0,50 R2 1:2:9 0,11 0,17 6
5
1
0 0 0
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
96% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 4%
acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

Tabela 4.25 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,65 Arg 1 2 9 R1
12
11
10
10
Frequência (unid)

8
6
0,65 R1 1:2:9 0,12 0,08 4 2
2
1
0
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19
96% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 4%
acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,65 Arg 1 2 9 R2
20
16
Frequência (unid)

15

10
6
0,65 R2 1:2:9 0,15 0,17 3
5
1 1
0
9 |------12 12 |------15 15 |------18 18 |------21 21 |------24
74% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
26% acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

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Tabela 4.26 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,80.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa) substrato


a/c 0,80 Arg 1 2 9 R1
10
8
8

Frequência (unid)
6
6
4
3 3
0,80 R1 1:2:9 0,19 0,19 4

0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19

88% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 13%


acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa) substrato


a/c 0,80 Arg 1 2 9 R2
8 7
7

Frequência (unid)
6 5 5
5 4
4
0,80 R2 1:2:9 0,18 0,20 3 2
2 1
1
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
88% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
13% acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

Os resultados de Rat para cada a/c do concreto dos substratos estudados para a argamassa
de proporcionamento 1 : 1 : 6, juntamente com os histogramas de profundidades estão
apresentados nas Tabelas 4.27 a 4.30.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 113

Tabela 4.27 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,35.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,35 Arg 1 1 6 R1
19
20

Frequência (unid)
15

10
0,35 R1 1:1:6 0,20 0,18
5 3
1 1
0 0
0
10 |------12 12 |------14 14 |------16 16 |------18 18 |------20 20 |------22
13% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 88%
acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,35 Arg 1 1 6 R2
10
8
7

Frequência (unid)
8

6
3 3
0,35 R2 1:1:6 0,27 0,26 4
2
2 1
0
0
8 |------10 10 |------ 12 |------ 14 |------ 16 |------ 18 |------ 20 |------
12 14 16 18 20 22
83% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 17%
acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

Tabela 4.28 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,50.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,50 Arg 1 1 6 R1
10 9
Frequência (unid)

6 5
4 4
0,50 R1 1:1:6 0,31 0,23 4

2 1 1
0
0
8 |------10 10 |------ 12 |------ 14 |------ 16 |------ 18 |------ 20 |------
12 14 16 18 20 22
50% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
50% acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,50 Arg 1 1 6 R2

16 14
Frequência (unid)

14
12
10
0,50 R2 1:1:6 0,30 0,41 8
6
5
4 2 2
1
2
0
8 |------11 11 |------14 14 |------17 17 |------20 20 |------23
88% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 13%
acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 114

Tabela 4.29 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,65 Arg 1 1 6 R1 total
30 27

Frequência (unid)
25
20
15
9
0,65 R1 1:1:6 0,31 0,17 10
4
5 2 1 2 2
0
9 |------ 11 |------ 13 |------ 15 |------ 17 |------ 19 |------ 21 |------
11 13 15 17 19 21 23
15% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
85% acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,65 Arg 1 1 6 R2 total
25 21

Frequência (unid)
20
18

15

0,65 R2 1:1:6 0,31 0,18 10


5
4
5 2 1
0
8 |------10 10 |------12 12 |------14 14 |------16 16 |------18 18 |------20

47% até 17 mm Classes de profundidade (mm)


53% acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

Tabela 4.30 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,80.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,80 Arg 1 1 6 R1
12
11
Frequência (unid)

10 8
8
6
0,80 R1 1:1:6 0,29 0,17 4
4
2
1
0 0
0
10 |------12 12 |------14 14 |------16 16 |------18 18 |------20 20 |------22

4% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 96%


acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa)


substrato a/c 0,80 Arg 1 1 6 R2
6 5
Frequência (unid)

5 4 4 4
4 3
3 2 2
0,80 R2 1:1:6 0,23 0,32 2
1
0
9 |------ 11 |------ 13 |------ 15 |------ 17 |------ 19 |------ 21 |------
11 13 15 17 19 21 23

54% até 17 cm Classes de profundidade (mm) 46%


acima de 17 cm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 115

Os resultados de Rat para a argamassa de proporcionamento 1 : 0,5 : 3,4, juntamente com


os histogramas de profundidades estão apresentados nas Tabelas 4.31.

Tabela 4.31 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65.

Substrato Rat Rat


média média
Arg. Histograma
ARG ZA
a/c Sup. (MPa) (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa) substrato


a/c 0,65 Arg 1 0,5 3,4 R1 19
20

Frequência (unid)
15

10

0,65 R1 1 : 0,5 : 3,4 0,77 0,35 5 3


1 0 0
0
7 |------10 10 |------13 13 |------16 16 |------19 19 |------22
-5
4% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 96%
acima de 17 mm

Resistência de aderência à tração (MPa) substrato


a/c 0,65 Arg 1 0,5 3,4 R2
8 7 7
7
Frequência (unid)

6
5
4
0,65 R2 1 : 0,5 : 3,4 0,92 0,73 3 2 2
2
1 0
0
6 |------9 9 |------12 12 |------15 15 |------18 18 |------21
33% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 67%
acima de 17 mm

Legenda: Sup. – Superfície; R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2; Arg. – Argamassa; ZA – Zona de aderência.

Os histogramas permitem visualizar que na argamassa menos resistente (caso da 1 : 2 : 9) a


maioria das rupturas acontecem na argamassa e nas argamassas mais resistentes (caso das
arg. 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4) a porcentagem de rupturas na zona de aderência é maior. Os
histogramas também permitem afirmar que a porcentagem de rupturas na argamassa é maior
para as superfícies R2, quando comparadas à superfície R1. Um resumo das médias dos
resultados de Rat na zona de aderência para cada caso estudado pode ser visualizado na
Tabela 4.32. O Apêndice R apresenta uma tabela com os valores de resistência de aderência
à tração na zona de aderência e os respectivos valores encontrados no interior das amostras,
evidenciando resultados maiores para o segundo caso, que implicaria numa interpretação
mais apurada de duas propriedades diferentes, aderência e coesão.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 116

Tabela 4.32 – Resumo dos valores médios de Rat (MPa) na zona de aderência, para cada caso estudado.

Concreto

Argamassa a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80

Rat R1 Rat R2 Rat R1 Rat R2 Rat R1 Rat R2 Rat R1 Rat R2

1:2:9 0,09 0,08 0,07 0,17 0,08 0,17 0,19 0,20


1:1:6 0,18 0,26 0,23 0,41 0,17 0,18 0,17 0,32

1 : 0,5 : 3,4 ____ ____ ____ ____ 0,35 0,73 ____ ____

Os resultados de resistência de aderência à tração para a argamassa 1 : 2 : 9 evidenciam


discreto aumento com a impressão da rugosidade da superfície, sendo mais evidente nos
concretos de a/c 0,50 e a/c 0,65. Os resultados de Rat na zona de aderência para essa
argamassa são muito próximos numericamente, não evidenciando nenhum comportamento
de acréscimo ou diminuição dos valores de Rat com a variação da a/c dos concretos.

Os resultados de resistência de aderência à tração para a argamassa 1 : 1 : 6 aumentam


discretamente com a impressão da rugosidade nos substratos, comportamento este mais
evidente nos concretos de a/c 0,35, a/c 0,50 e a/c 0,80. A variação da a/c dos concretos não
mostrou consequências muito evidentes na Rat.

No caso da argamassa 1 : 0,5 : 3,4, os resultados de Rat são maiores nas superfícies com
impressão de rugosidade.

Para que os comportamentos (ou efeitos) de influência na resistência de aderência à tração


fossem melhor analisados, os valores de Rat foram submetidos a uma análise estatística de
variâncias – ANOVA, conforme descrito anteriormente no item 3.3, a fim de se identificar a
significância das variáveis (efeitos) na Rat.

Analisando-se o efeito do tipo de concreto utilizado no substrato na Rat, tentou-se, num


primeiro momento, a distinção por tipo de superfície, separando-se todos os concretos com
mesma característica de rugosidade. A Figura 4.5 ilustra o comportamento da Rat nos
variados concretos da pesquisa.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 117

Figura 4.5 – Efeito a/c do concreto na Rat: a) superfície R1; b) superfície R2.

Influência da a/c do concreto com a superfície R1 na Rat Influência da a/c do concreto com a superfície R2 na Rat
Efeito estudado: F(3, 101)=,72433, p=,53977 Efeito estudado: F(3, 22)=2,9374, p=,05575
0,26 0,45

0,24
0,40

Resistência de aderência à tração (MPa)


Resistência de aderência à tração (MPa)

0,22
0,20 0,35
0,18
0,30
0,16
0,14
0,25
0,12
0,10 0,20

0,08
0,15
0,06
0,04 0,10
0,02
0,00 0,05
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80 a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80

a) CONCRETO
Concreto SUPERFÍCIE
superfície R1R1 b) CONCRETO R2
Concreto superfície R2

A Figura 4.5 aponta para uma tênue influência da a/c do concreto na Rat no caso de R1 que,
quando levada em consideração a variabilidade típica nos resultados desse ensaio, esta
influência poderia ficar mascarada. Esta influência não foi evidente no caso do concreto com
a superfície R2.

Entendendo-se que o efeito da rugosidade da superfície é um efeito dependente da a/c do


concreto, ou seja, a rugosidade 1 (e também a R2) é única para cada tipo de a/c estudado,
utilizou-se um modelo para análise de variâncias tipo aninhado, considerado mais apropriado
neste caso. Neste modelo, a a/c do concreto e sua respectiva superfície são consideradas
variáveis-efeito na Rat. A Tabela 4.33 mostra o resultado dessa análise, evidenciando os
efeitos estudados que foram significativos na Rat.

Tabela 4.33 – ANOVA, com fator aninhado, para análise dos resultados de Rat.

Significância das variáveis estudadas na Resistência de aderência à tração (dados


Efeito gerais para modelo aninhado). Nível de significância de 5% e 95% de confiança.
estudado

SQ gl MQ Fcalc Ftab Resultado


Argamassa 0,131480 1 0,131480 16,7558 3,84 Significativo
Concreto 0,093133 3 0,031044 3,9563 3,60 Significativo
Superfície
0,247068 4 0,061767 7,8716 2,37 Significativo
(concreto)
Erro (Resíduo) 1,020090 130 0,007847 - - -

Legenda: SQ – soma quadrática, gl – grau de liberdade, MQ – média quadrática, Fcalc.- valor de F calculado, Ftab – valor de F
tabelado na tabela de distribuição F de Snedecor.

A análise estatística demostrou que, para um nível de significância de 5% (Ftab = Fα = 0,05(ν1,


ν2), sendo ν1 e ν2 os graus de liberdade do efeito avaliado e do resíduo, respectivamente,
todos os efeitos estudados são significativos na Rat. Essa análise permitiu a constatação de

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 118

que existe influência do tipo de argamassa, do tipo de concreto e do tipo de superfície do


concreto nos resultados de Rat.

Os gráficos ilustrados na Figura 4.6 mostram a influência dos substratos na Rat, evidenciando
a influência da a/c do concreto e da superfície do concreto dos substratos.

Figura 4.6 – Influência dos substratos na Rat: a) a/c do concreto; b) superfície do concreto.

Influência da a/c do concreto (aninhado com a superfície) na Rat Influência da superfície do concreto (modelo aninhado) na Rat
Efeito estudado: F(3, 130)=3,9563, p=,00974 Efeito estudado: F(4, 130)=7,8716, p=,00001
0,34 0,45
0,32
0,40
0,30
Resistência de aderência à tração (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


0,28
0,35
0,26

0,24 0,30

0,22
0,25
0,20

0,18 0,20
0,16
0,15 CONCRETO
0,14
a/c 0,35
0,12 CONCRETO
0,10
0,10 a/c 0,50
CONCRETO
0,08 0,05
R1 R2 a/c 0,65
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
CONCRETO
SUPERFÍCIE
a) CONCRETO
b) a/c 0,80

O teste de Duncan para cada variável em separado, neste caso para a a/c dos concretos,
evidenciou diferenças significativas entre o concreto de a/c 0,35 e a/c 50, não resultando em
diferenças significativas entre os resultados de Rat para os demais concretos, conforme
mostrado na Tabela 4.34 e na representação gráfica do teste.

Tabela 4.34 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto na Rat.

Teste de Duncan: Resistência de aderência à tração


a/c
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a/c 0,35 S NS S
a/c 0,50 S S NS
a/c 0,65 NS S NS
a/c 0,80 S NS NS a/c0,35 a/c0,65 a/c0,80 a/c50
Legenda: S – diferença significativa, NS – diferença não significativa.

Quando confrontadas as várias rugosidades em suas respectivas a/c dos concretos, somente
os concretos com a/c 0,50 e a/c 0,80 e de superfície R2 se mostraram significativos em relação
aos demais concretos, conforme mostrado na Tabela 4.35.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 119

Tabela 4.35 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto com a rugosidade da superfície na Rat.

Teste de Duncan: Rugosidade com a Resistência de aderência à tração

a/c a/c 0,35 a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,65 a/c 0,80 a/c 0,80
R1 R2 R1 R2 R1 R2 R1 R2

a/c 0,35 R1 NS NS S NS NS NS S
a/c 0,35 R2 NS NS S NS NS NS S
a/c 0,50 R1 NS NS S NS NS NS S
a/c 0,50 R2 S S S S S S NS
a/c 0,65 R1 NS NS NS S NS NS S
a/c 0,65 R2 NS NS NS S NS NS S
a/c 0,80 R1 NS NS NS S NS NS S
a/c 0,80 R2 S S S NS S S S

Legenda: S – diferença significativa, NS – diferença não significativa.

a/c0,35R1 a/c0,80R1 a/c0,65R2 a/c0,65R1 a/c0,35R2 a/c0,50R1 a/c0,80R2 a/c0,50R2

A análise estatística também permitiu constatar que o efeito mais significativo na Rat, para o
estudo dessa dissertação, foi a argamassa, uma vez que o Fcalc foi superior aos obtidos para
os demais efeitos do estudo. A Figura 4.7 ilustra a influência do proporcionamento das
argamassas na Rat.

Figura 4.7 – Efeito do proporcionamento da argamassa na Rat.


Inf luência do proporcionamento da argamassa na Rat
Ef eito estudado: F(1, 130)=16,756, p=,00007
0,28

0,26
Resistência de aderência à tração (MPa)

0,24

0,22

0,20

0,18

0,16

0,14

0,12

0,10

0,08
116 129

ARGAMASSA

A argamassa de proporcionamento 1 : 0,5 : 3,4 não foi incluída na análise estatística


anteriormente apresentada por ter sido aplicada somente nos substratos de concreto com a/c
0,65. A Figura 4.8 ilustra a análise de variâncias ANOVA realizada para o concreto de a/c
0,65, contemplando tal argamassa e comparando-a às demais para o substrato de concreto
com a/c 0,65.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 120

Figura 4.8 – Influência da rugosidade da superfície e do proporcionamento da argamassa na Rat para o


substrato de a/c 0,65.

Proporcionamento da argamassa vs Rat


Influência da rugosidade da superfície do substrato na Rat, em revestimentos com direrentes argamassas.
Ef eito estudado: F(2, 78)=23,133, p=,00000
Ef eito estudado: F(2, 78)=5,5068, p=,00579
0,7
1,0
0,6
Resistência de aderência à tração (MPa)

Resistência de aderência à tração (MPa)


0,8
0,5

0,6
0,4

0,3 0,4

0,2
0,2

0,1
0,0
0,0

-0,2 ARGAMASSA
-0,1
1 0,5 3,4
-0,2 -0,4 ARGAMASSA
1 0,5 3,4 116 129 R1 R2 116
ARGAMASSA
a) ARGAMASSA b) SUPERFÍCIE 129

Como base para comparação, os resultados totais de Rat, considerando todas as rupturas
(adesivas – na zona de aderência – e coesivas – no interior da camada de argamassa), foram
submetidos aos mesmos tratamentos estatísticos de análise de variâncias e os resultados
estão apresentados no Apêndice Q desta dissertação. Isto foi realizado, por ser o modelo de
análise tradicional de Rat, empregada em muitas pesquisas. No entanto, entende-se que a
análise realizada neste trabalho, separando dados de Rat relativos à zona de aderência, é
mais adequada.

4.3.1 Correlação entre as características dos concretos dos substratos e a Rat

Uma vez definido que a a/c dos concretos dos substratos exerce influência nos resultados de
resistência de aderência à tração (Rat), buscou-se verificar a possibilidade da contribuição de
características do concreto nos valores de Rat.

Gráficos de correlação foram examinados, a fim de se evidenciar comportamentos entre as


variáveis estudadas. Na Tabela 4.36 estão mostrados as características dos concretos que
foram correlacionadas à Rat e os respectivos valores de “r” e “R2” encontrados. Valores
negativos de “r” indicam a associação negativa entre os dados correlacionados.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 121

Tabela 4.36 – Características do concreto correlacionadas com a Rat (tentativas de correlação linear).

Argamassa de revestimento
Característica do concreto 1 : 2 : 9 R1 1 : 2 : 9 R2 1 : 1 : 6 R1 1 : 1 : 6 R2
r R2 r R2 r R2 r R2
Resistência à compressão (MPa) -0,70 0,48 -0,91 0,82 0,36 0,13 0,07 0,005
Módulo estático de elasticidade (GPa) -0,71 0,50 -0,88 0,77 0,42 0,17 0,12 0,01
Absorção de água (%) 0,69 0,47 0,78 0,61 -0,56 0,31 -0,30 0,08
Taxa inicial de sucção
0,88 0,77 0,84 0,70 -0,44 0,19 0,02 0,0006
(g/193,55cm²/min)
Absorção por capilaridade (g/cm²) em
0,85 0,71 0,84 0,70 -0,48 0,23 -0,06 0,003
3h

Legenda: R1 – rugosidade 1, R2 – rugosidade 2, r – coeficiente de correlação, R2 – coeficiente de determinação.

Correlacionando-se os resultados de resistência à compressão com a Rat, conforme ilustrado


na Figura 4.9, pode-se evidenciar que houve correlação para o caso da argamassa 1 : 2 : 9,
mais evidente na superfície R2. Para esta argamassa os valores de Rat decrescem com o
aumento da resistência à compressão do concreto dos substratos. No caso da argamassa
1 : 1 : 6, não houve correlação linear entre os resultados. O mesmo comportamento foi
encontrado para os resultados de módulo de elasticidade à compressão dos concretos.

Figura 4.9 – Tentativa de correlação linear entre a resistência à compressão dos concretos e a Rat: a)
argamassa 1 : 2 : 9 e b) argamassa 1 : 1 : 6.

0,25 0,45
Resistência de aderência à tração

Resistência de aderência à tração

0,40
0,20 0,35 R² = 0,005

0,30
0,15
R² = 0,8238 0,25
(MPa)

(MPa)

Arg 129 R1 Arg 116 R1


R² = 0,4874 0,20
0,10 Arg 129 R2 R² = 0,1327 Arg 116 R2
0,15

0,10
0,05
0,05

0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100

Resistência à compressão (MPa) Resistência à compressão (MPa)


a) b)

Correlacionando-se os resultados relativos à absorção de água (absorção total, IRA e


absorção capilar) com a Rat, pode-se evidenciar que houve boa correlação linear para o caso
da argamassa 1 : 2 : 9. Para esta argamassa os valores de Rat aumentam com o aumento da
absorção de água dos substratos. No caso da argamassa 1 : 1 : 6, a correlação linear entre
os resultados foi considerada fraca ou inexistente. A Figura 4.10 ilustra a associação positiva
dos dados de IRA com a Rat.

Figura 4.10 – Tentativa de correlação entre a taxa inicial de sucção (IRA) dos concretos e a Rat: a) argamassa
1 : 2 : 9 e b) argamassa 1 : 1 : 6.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 122

0,25 0,45
Resistência de aderência à tração
0,40

Resistência de aderência à tração


R² = 0,7082
0,20 0,35
R² = 0,0006
0,30
0,15
0,25
(MPa)

Arg 129 R1 Arg 116 R1

(MPa)
R² = 0,7764 0,20
0,10 Arg 129 R2 Arg 116 R2
0,15
R² = 0,1973

0,05 0,10

0,05

0,00 0,00
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Taxa inicial de sucção-IRA (g/193,55cm²/min) Taxa inicial de sucção-IRA (g/193,55cm²/min)
a) b)

Entendendo-se que a característica de absorção por capilaridade poderia ter maior influência
nas primeiras horas após a aplicação da argamassa de revestimento, verificou-se a correlação
dessa característica na determinação referente a 3 horas. Houve maior correlação para a
argamassa 1 : 2 : 9, conforme mostrado na Figura 4.11. No caso da argamassa 1 : 1 : 6, a
correlação entre os resultados foi fraca a inexistente.

Figura 4.11 – Correlação entre a absorção por capilaridade após 3h e a Rat: a) argamassa 1 : 2 : 9 e b)
argamassa 1 : 1 : 6.

0,45
Resistência de aderência à tração

0,25
Resistência de aderência à tração

0,40

0,20 0,35
R² = 0,7016 R² = 0,0036
0,30
Arg 129 R1
0,15 0,25 Arg 116 R1
(MPa)

(MPa)

R² = 0,714 Arg 129 R2 0,20 Arg 116 R2


0,10
0,15
R² = 0,2335
0,10
0,05
0,05

0,00 0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40
a) Absorção por capilaridade (g/cm²) 3h b) Absorção por capilaridade (g/cm²) 3h

4.3.2 Correlação entre as características das argamassas de revestimento e a


Rat

Assim como o concreto dos substratos, a análise estatística permitiu afirmar que existe
influência das argamassas de revestimento na Rat. Desta forma, buscou-se verificar a
possibilidade da contribuição de características das argamassas nos valores de Rat.

A correlação entre os dados ficou comprometida, uma vez que utilizou-se duas argamassas
de revestimento sobre os variados concretos dos substratos. Partindo-se de dois pontos o
coeficiente de determinação é sempre igual a um, ou seja, o ajuste a uma reta é inevitável.
Diante disso, os gráficos de correlação que foram estudados foram utilizados para
conhecimento do comportamento das características das argamassas em relação à Rat: se
de proporcionalidade direta ou não.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 123

A Figura 4.12 ilustra a característica de resistência à tração na flexão das argamassas de


revestimento e sua influência na Rat. Ressalta-se que para o concreto de a/c 0,65 R1 e R2
obteve-se três valores relativos à característica estudada, já que nesta condição também foi
utilizada a argamassa de proporcionamento 1 : 0,5 : 3,4.

Figura 4.12 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat: a) argamassa superfície
R1 e b) argamassa superfície R2.

0,40 0,80
Resistência de aderência à tração

Resistência de aderência à tração


0,35 0,70

0,30 0,60
Arg 1:0,5:3,4
0,25 0,35 R1 0,50 0,35 R2
(MPa)

(MPa)
0,20 0,50 R1 0,40 0,50 R2
0,15 0,65 R1 0,30 0,65 R2
Arg 1:1:6
0,10 0,80 R1 0,20 0,80 R2

0,05 0,10
Arg 1:2:9 Arg 1:1:6
Arg 1:2:9
0,00 0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00

a) Resistência à tração na flexão (MPa) b) Resistência à tração na flexão (MPa)

Figura 4.13 – Correlação entre o módulo dinâmico de elasticidade das argamassas e a Rat: a) argamassa
superfície R1 e b) argamassa superfície R2.

0,40 0,80
Resistência de aderência à tração

Resistência de aderência à tração

0,35 0,70

0,30 0,60
Arg 1:0,5:3,4
0,25 0,35 R1 0,50 0,35 R2
(MPa)

(MPa)

0,20 0,50 R1 0,40 0,50 R2


0,15 0,65 R1 0,30 0,65 R2
Arg 1:1:6
0,10 0,80 R1 0,20 0,80 R2

0,05 0,10 Arg 1:1:6


Arg 1:2:9
Arg 1:2:9
0,00 0,00
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000

a) Módulo dinâmico de elasticidade (MPa) b) Módulo dinâmico de elasticidade (MPa)

Pode-se afirmar que a característica possui proporcionalidade direta com a Rat, ou seja, o
aumento nos valores de resistência à tração na flexão contribui para o aumento nos valores
de Rat, tanto para a superfície R1 como para a R2. Comportamento análogo foi verificado
para as características de resistência à compressão e módulo dinâmico de elasticidade. Isto
indica que a medida que se aumenta a resistência das argamassas, de modo geral, aumenta-
se a resistência de aderência dos revestimentos. A Figura 4.14 mostra, para os resultados
obtidos dos revestimentos aplicados sobre o concreto com a/c 0,65, a correlação obtida entre
o teor de cimento das argamassas e a Rat. Observa-se que com o substrato liso obteve-se
uma correlação maior.

Figura 4.14 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 124

Superfície R1 Superfície R2
0,40 0,80

0,35 0,70

0,30 0,60
Rat (MPa)

Rat (MPa)
0,25 0,50
y = 0,0165x y = 0,0309x
0,20 0,40
R² = 0,9115 R² = 0,7469
0,15 0,30

0,10 0,20

0,05 0,10

0,00 0,00
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Teor de cimento (%) Teor de cimento(%)

Resultado semelhante foi obtido por Carasek (1996) e Silva (2006) que, com a diminuição do
teor de cimento (ocasionado pelo aumento das relações cal/cimento e agregado/aglomerante)
ocorreu uma redução da resistência de aderência à tração. Cabe destacar, que existem
trabalhos como o de Antunes (2005) com resultados aparentemente contrários aos obtidos na
presente pesquisa e nos outros trabalhos citados. Antunes (2005) não obteve correlação entre
a resistência de aderência à tração e a resistência à tração na flexão das argamassas. No
entanto, as variações da resistência à tração na flexão das argamassas obtidas pela referida
autora foram impostas não com a variação do proporcionamento das argamassas (teor de
cimento) e sim pela variação no teor de aditivos (incorporador de ar e dispersante). Nesse
caso, parece que a taxa de defeitos da interface, inversamente proporcional à trabalhabilidade
das argamassas, foi preponderante na resistência de aderência à tração dos revestimentos.

4.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO ENSAIO DE RESISTÊNCIA DE


ADERÊNCIA AO CISALHAMENTO

O ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac) nos sistemas de revestimento foi


realizado após 28 dias de idade da argamassa de revestimento. Pela quantidade de amostras
e tempo dispendido em cada ensaio (aproximadamente 40 minutos) os ensaios foram
realizados ao longo de 15 dias, contados a partir da data de 28 dias de idade das argamassas
de revestimento.

O revestimento quando aplicado, sofre tensões de cisalhamento sob ação de força normal (σ)
quase nula. O ideal seria que o ensaio também fosse realizado sob essas condições. Todavia,
a premissa do ensaio de cisalhamento direto, utilizado nesse trabalho para a determinação
da Rac, é que se utilize variadas tensões normais, no intuito da obtenção da curva de
correlação entre a tensão normal (σ) e a tensão de cisalhamento (t). O intercepto coesivo,
dado pelo “c” na equação de correlação (t = σ tanφ + c), é a tensão de cisalhamento sob
tensão normal nula, ou coesão. Num sistema de revestimento, a argamassa está sujeita a
tensões de cisalhamento sob tensão normal nula. Desta forma, e para uma interface de

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 125

aderência de um sistema de revestimento argamassa/substrato, o valor da coesão é o valor


da resistência de aderência ao cisalhamento (Rac).

A escolha da tensão normal que foi utilizada em cada ensaio se baseou no critério da
existência de pelo menos um ponto próximo à tensão normal nula (neste trabalho
representado pela tensão igual a 0,01 MPa) e as demais com valores superiores a esse, mas
ainda baixos (neste trabalho representado pelas tensões 0,06 MPa, 0,09 MPa e 0,15 MPa).

Os dados foram organizados em planilhas e os itens a seguir explicitam os resultados médios


obtidos em cada material estudado, de um total de 160 corpos de prova ensaiados . Alguns
valores individuais de cada determinação em cada amostra, bem como a deformação
horizontal e registro fotográfico, estão apresentados nos Apêndices J ao M.

4.4.1 Resistência de aderência ao cisalhamento nos sistemas de revestimento


1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3.4

Em cada ensaio, para cada tensão normal (σ) constante aplicada, obtiveram-se os valores da
tensão de cisalhamento (t) e os valores de deslocamento vertical para cada amostra. Na
Tabela 4.37 estão apresentados os valores médios obtidos.

Tabela 4.37 – Resultados médios do ensaio de Rac nos sistemas de revestimento.

Tensão de Deformação
Tensão Normal
Amostra cisalhamento D.P. (MPa) C.V. (%) vertical máxima
aplicada (MPa)
Média (MPa) média (mm)

0,01 0,50 0,05 10,4 1,38


1 : 1 : 6 R1
0,06 0,55 0,03 6,0 0,56
0,09 0,61 0,03 5,6 0,70

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 126

0,15 0,66 0,03 4,3 0,51


0,01 0,58 0,02 4,0 1,44

1 : 1 : 6 R2 0,06 0,62 0,05 8,1 0,71


0,09 0,60 0,04 7,3 0,68
0,15 0,66 0,03 5,3 0,65
0,01 1,10 0,02 2,3 1,51

1 : 0,5 : 3,4 R1 0,06 1,19 0,11 9,3 0,67


0,09 1,19 0,03 2,3 0,81
0,15 1,33 0,05 3,9 0,69
0,01 1,20 0,03 2,4 2,56

1 : 0,5 : 3,4 R2 0,06 1,29 0,08 6,3 1,34


0,09 1,34 0,05 3,8 1,20
0,15 1,53 0,05 3,3 1,17

Legenda: D.P. – desvio padrão, C.V. – coeficiente de variação.

Analogamente ao ensaio de resistência de aderência à tração, os valores da tensão de


cisalhamento são maiores com o aumento do teor de aglomerantes da argamassa de
revestimento. Os valores também aumentam com a impressão de rugosidade na superfície.
No tocante à deformação vertical, percebe-se um aumento dos valores de deformação vertical
máxima quando os sistemas de superfície R1 são comparados aos sistemas de superfície R2
para uma mesma tensão normal aplicada, explicado pelo galgar das asperezas da superfície
com rugosidade mais acentuada (R2), após a ruptura (PATTON, 1966).

Foram elaborados gráficos de tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal


para cada tensão normal utilizada, evidenciando-se que a resistência aumenta até o ponto de
ruptura, a partir do qual, continuado o deslocamento, a tensão cisalhante é mínima, não se
evidenciando resistência cisalhante residual. Na Figura 4.15 estão mostrados exemplos
típicos de gráficos obtidos para cada um dos sistemas, na tensão normal de 0,06 MPa.

Figura 4.15 – Tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal: a) sistema 1 : 1 : 6 R1; b) sistema
1 : 0,5 : 3,4 R1.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 127

Tensão de Cisalhamento (MPa) x Deslocamento Tensão de Cisalhamento (MPa) x Deslocamento


Horizontal (mm) Normal de 0.06MPa - sistema 116 Horizontal (mm) de 0.06MPa - sistema 1 0,5 3,4 R1
1,60
R1 1 0,5 3,4 L 16

Tensão de Cisalhamento (MPa)


0,8
Tensão de Cisalhamento (MPa)

116 L 17 1,40 1 0,5 3,4 L 17


0,7
116 L 18 1,20 1 0,5 3,4 L 18
0,6
116 L 19 1 0,5 3,4 L 19
1,00
0,5 116 L 20 1 0,5 3,4 L 20
0,80
0,4 116 L 21 1 0,5 3,4 L 21
116 L 22 0,60
0,3 1 0,5 3,4 L 22
116 L 23 0,40
0,2 1 0,5 3,4 L 23
116 L 24
0,20 1 0,5 3,4 L 24
0,1
116 L 25
1 0,5 3,4 L 25
0,0 0,00
116 L 26
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00
a) Deslocamento Horizontal (mm) b) Deslocamento Horizontal (mm)

Os ensaios demonstraram baixo coeficiente de variação, com média de 6,4% para o sistema
1 : 1 : 6 e 4,2% para o sistema 1 : 0,5 : 3,4. O maior C.V. foi de 10,4%, considerado muito
satisfatório para este tipo de medida. A título de comparação, são citadas as pesquisas de
Ioppi (1996), Candia (1998), Santana (2010), que obtiveram coeficientes de variação máximos
de 27,5%, 40%, e 32%, respectivamente, para os ensaios de resistência de aderência ao
cisalhamento de sistemas de revestimento de argamassa.

Os resultados médios de tensão de cisalhamento foram correlacionados com as respectivas


tensões normais, que resultou numa equação de regressão linear (Mohr-Coulomb), que
caracteriza os parâmetros de resistência do sistema ensaiado, conforme mostrado nas
Figuras 4.16 e 4.17.

Figura 4.16 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 1 : 6 R1; b) sistema 1 : 1 : 6 R2.

Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal (MPa)
(MPa) - Sistema 1:1:6 R1 - Sistema 1:1:6 R2

0,9 0,9
0,8
Tensão Cisalhante MPa

0,8
Tensão Cisalhante MPa

0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4
y = 1,18x + 0,49 0,4 y = 0,52x + 0,57
0,3
R² = 0,98 0,3 R² = 0,80
0,2 0,2

0,1 0,1

0 0,0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
a) Tensão Normal MPa
b) Tensão Normal MPa

Figura 4.17 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R1.; b) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R2.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 128

Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal (MPa)
(MPa) - Sistema 1:0,5:3,4 R1 1,8 - Sistema 1:0,5:3,4 R2
2,0 1,6

Tensão Cisalhante MPa


1,8 1,4
Tensão Cisalhante MPa

1,6
1,2
1,4
1,0
1,2
1,0
y = 2,02x + 1,02 0,8 y = 2,34x + 1,16
0,8
R² = 0,95 0,6 R² = 0,97
0,6
0,4
0,4
0,2 0,2

0,0 0,0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
a) Tensão Normal MPa b) Tensão Normal MPa

A equação de Mohr-Coulomb dá a relação entre a resistência ao cisalhamento e a tensão


normal, em que t = σ tanφ + c, que representa exatamente a equação da regressão linear. Na
Tabela 4.38 estão demonstrados os valores dos parâmetros de resistência c (coesão) e φ
(ângulo de atrito) para os sistemas 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4. A coesão (c) é dada pela tensão
cisalhante máxima para uma tensão normal nula, que para o sistema de revestimento
argamassa/substrato é a resistência de aderência ao cisalhamento (Rac).

Tabela 4.38 – Parâmetros de resistência para o sistema 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4.

c Coeficientes Resistência de aderência ao


Sistema φ (°)
(MPa) r R2 cisalhamento (MPa)

1 : 1 : 6 R1 0,49 50 0,99 0,98 0,49


1 : 1 : 6 R2 0,57 27 0,89 0,80 0,57
1 : 0,5 : 3,4 R1 1,02 64 0.97 0.95 1,02
1 : 0,5 : 3,4 R2 1,16 67 0.99 0.97 1,16

Legenda: c – coesão; φ – ângulo de atrito, r – coeficiente de correlação; R2 – coeficiente de determinação.

Nos sistemas de revestimento não foram obtidos resultados que pudessem justificar uma
possibilidade de aumento ou diminuição do ângulo de atrito com a rugosidade do substrato.
Os valores são muito próximos (com exceção do sistema 116R2 que apresentou um valor de
ângulo mais baixo, muito provavelmente pelo fato da regressão linear não ter sido tão boa
quanto às demais). Isto evidencia que os parâmetros de resistência levantados pelo ensaio
de cisalhamento direto devem ser analisados em conjunto, a fim de evitar conclusões
precipitadas.

A Figura 4.18 apresenta uma correlação entre os resultados obtidos de resistência de


aderência ao cisalhamento (calculados com base na tensão normal nula pela equação de
Mohr-Coulomb) e a tensão de cisalhamento obtida no ensaio quando aplicada a menor tensão
normal (σ = 0,01 MPa).

Figura 4.18 – Correlação de Rac com σ =0 e de tensão de cisalhamento com σ =0,01 MPa.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 129

1,40

cisalhamento - com σ=0 (MPa)


Resistência de aderência ao
1,20

1,00

0,80
y = 0,975x
R² = 0,99
0,60

0,40

0,20

0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40

Tensão de cisalhamento com σ = 0,01 (MPa)

Observa-se na Figura 4.18 uma correlação muito forte entre os valores (R2 ~1) e uma
constante de proporcionalidade de 0,975, próxima de 1,0. Com base nestes resultados,
poderia se supor que para determinação da resistência de aderência ao cisalhamento de
sistemas de argamassa utilizando o método proposto nesta dissertação, não é necessária a
realização dos ensaios com quatro (ou três) normais e sim, bastaria executar o ensaio com
uma tensão normal próxima de zero. Neste caso, poderia ser adotado este valor (admitindo
um erro menor do que 3%) ou mesmo poderia ser aplicado o coeficiente de correção (0,975)
minorando os resultados. Esta hipótese, no entanto, deve ser comprovada com novas
pesquisas.

A análise estatística por ANOVA realizada com os dados de resistência de aderência ao


cisalhamento está resumida na Tabela 4.39.

Tabela 4.39 – ANOVA para análise dos resultados de Rac.

Significância para Resistência de aderência ao cisalhamento – Rac


(MPa)
Efeito
SQ gl MQ Fcalc Ftab Resultado
Argamassa 8,377 1 8,377 3174,08 4,00 Significativo
Tensão Normal 0,398 1 0,132 50,33 4,00 Significativo
Superfície 0,15637 3 0,156 59,25 2,76 Significativo
Argamassa*Tensão Normal 0,071 1 0,023 9,08 4,00 Significativo
Argamassa*Superfície 0,059 3 0,059 22,54 2,76 Significativo
Tensão Normal*Superfície 0,002 1 0,0009 0,37 4,00 Não Significativo
Argamassa*Tensão
Normal*Superfície 0,020 3 0,006 2,57 2,76 Não Significativo

Erro (Resíduo) 0,168 64 0,002

Legenda: SQ – soma quadrática, gl – grau de liberdade, MQ – média quadrática, Fcalc.- valor de F calculado, Ftab – valor de F
tabelado na tabela de distribuição F de Snedecor.

A análise estatística demonstrou as variáveis que possuem influência na Rac, para um nível
de significância de 5% (Ftab = Fα = 0,05 (v1, v2)), sendo v1 e v2 os graus de liberdade do
efeito avaliado e do resíduo, respectivamente. Esta análise permitiu a constatação de que

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 130

existe influência do tipo de argamassa, da tensão normal e do tipo de superfície do substrato.


A combinação das variáveis também produz efeitos na Rac, com exceção da tensão
normal*superfície e da interação tripla argamassa*tensão normal*superfície.

O proporcionamento da argamassa de revestimento interfere na Rac, em que, argamassas


mais resistentes contribuem para maior Rac, analogamente ao encontrado para Rat. Esse
comportamento se alinha à interpretação do incremento de resistência de aderência com o
aumento do teor de cimento nas argamassas.

A análise também permitiu concluir que o tipo de superfície do substrato possui interferência
na Rac. A Rac foi maior nas interfaces com rugosidade R2, ou seja, a superfície mais rugosa
do substrato colabora para o aprimoramento da resistência de aderência ao cisalhamento. A
Figura 4.19 ilustra os dois comportamentos mencionados.

Figura 4.19 – Variáveis influentes na Rac: a) proporcionamento da argamassa; b) rugosidade da superfície do


substrato.

Inf luência da argamassa na Rac Inf luência da rugosidade da superf ície na Rac
Ef eito estudado: F(1, 64)=3174,1, p=0,0000 Ef eito estudado: F(1, 64)=59,245, p=,00000
1,4 1,02
Resistência de aderência ao cisalhamento (MPa)

Resistência de aderência ao cisalhamento (MPa)

1,3 1,00

1,2 0,98

1,1 0,96

1,0 0,94

0,9 0,92

0,8 0,90

0,7 0,88

0,6 0,86

0,5 0,84
1 0,5 3,4 116 R1 R2

Argamassa Superf ície


a) b)

Quando analisado o proporcionamento da argamassa de revestimento, aliado à rugosidade


da superfície do substrato, o comportamento de aumento da Rac com o aumento do teor de
cimento e da rugosidade também fica evidenciado, conforme ilustrado na Figura 4.20 Essa
mesma figura mostra o comportamento da Rac para cada argamassa e superfície utilizada no
sistema de revestimento em cada tensão normal utilizada no ensaio.

Figura 4.20 – Resumo da influência das variáveis: a) argamassa*superfície; b) argamassa*tensão


normal*superfície.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 131

Influência da argamassa e superfície na Rac Inf luência da argamassa, tensão Normal e superf ície na Rac
Efeito estudado: F(1, 64)=22,537, p=,00001 Ef eito estudado: F(3, 64)=2,5676, p=,06211
1,5
1,8
Resistência de aderência ao cisalhamento (MPa)

1,4 1,6

Resistência de aderência ao
1,4

cisalhamento (MPa)
1,3

1,2 1,2

1,0
1,1
0,8
1,0
0,6
0,9
0,4
0,8 0,2

Normal 0,01

Normal 0,06

Normal 0,09

Normal 0,15

Normal 0,01

Normal 0,06

Normal 0,09

Normal 0,15
Tensão Normal (MPa):

Tensão Normal (MPa):


0,7

0,6

0,5
Superfície Argamassa
0,4
1 0,5 3,4 116 R1 1 0,5 3,4
Superfície Argamassa
a) Argamassa R2 b) Superf ície: R1 Superf ície: R2 116

Um registro fotográfico foi realizado ao final de cada ensaio com uma descrição de cada
interface cisalhada, juntamente com a análise das formas de ruptura ocorridas. Como o ensaio
induz que haja ruptura exatamente na interface de aderência, as formas possíveis de ruptura
observadas foram na argamassa da zona de aderência (ruptura coesiva), ou na interface de
aderência (ruptura adesiva), ou no substrato (ruptura coesiva), conforme ilustrado na Figura
4.21.

Figura 4.21 – Formas de ruptura observadas no ensaio de cisalhamento direto.

Na descrição das amostras pôde-se observar quatro padrões de cisalhamento. Padrão de


ruptura adesiva concentrada nas bordas, presente naquelas amostras onde não houve
perfeita projeção da argamassa nas regiões de canto. Neste caso, a observação foi facilitada
pelo uso do pigmento, que se comportou como marcador, evidenciando regiões onde não
houve extensão de aderência. Em algumas amostras com rugosidade R2, a imperfeita
colocação da tela para impressão da rugosidade gerava uma região lisa (aproximadamente
1 mm) nas bordas, que pode ter contribuído com a ruptura adesiva nesses pontos. Algumas
amostras de rugosidade R2 evidenciavam sulcos da rugosidade não preenchidos pelo
marcador, caso do sulco provocado pelo parafuso que fixava a tela. O padrão de ruptura
adesiva disseminada na interface de aderência, era caracterizado e evidenciado pela
presença de superfície lisa ou rugosa exposta em todas as regiões (internas e de borda) da
amostra. A Figura 4.22 ilustra esses dois padrões mencionados.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 132

Figura 4.22 – Padrões de ruptura adesiva: a) concentrada nas bordas; b) disseminada na interface de aderência.

a) b)

O padrão de ruptura coesiva na argamassa da zona de aderência foi observado quando


a interface de aderência (lisa ou rugosa) não ficava aparente e a argamassa era “cortada” na
região do cisalhamento. Algumas vezes, a morfologia da argamassa neste caso conservava
a feição da rugosidade R2, denotando uma conformação da argamassa de revestimento à
rugosidade do substrato. Também foi observado o padrão de ruptura coesiva no substrato,
evidenciado por pontos de coloração acinzentada em meio à argamassa amarela. A ruptura
coesiva no substrato ocorreu, na maioria das vezes, na película superficial do concreto ou nos
picos da rugosidade R2. A Figura 4.23 ilustra os dois últimos padrões mencionados.

Figura 4.23 – Padrões de ruptura coesiva: a) na argamassa da zona de aderência numa superfície R2, b) no
substrato.

a) b)

Nos ensaios sob tensão normal de 0,15 MPa, a argamassa da zona de cisalhamento
apresentou feições tipo “farinha de falha”, termo geológico utilizado para caracterizar um
material sem coesão, de feição típica de zonas de cisalhamento (falha, fratura), onde o
movimento cisalhante entre as rochas ocasiona fragmentação dos materiais, provocando uma
cominuição generalizada. No caso das argamassas de revestimento, era caracterizada por
excesso de material sem coesão de aparência friável na zona de aderência. A Figura 4.24
ilustra o caso mencionado.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 133

Figura 4.24 – Argamassa cisalhada da zona de aderência com feição tipo “farinha de falha”.

4.4.2 Cisalhamento direto nas argamassas de revestimento e no concreto do


substrato

Na intenção de se conhecer melhor o comportamento dos materiais componentes do sistema


de revestimento no cisalhamento, as argamassas estudadas e o concreto dos substratos
foram ensaiados por cisalhamento direto, conforme explicitado no capítulo de Materiais e
Métodos.

O ensaio foi realizado com as tensões normais de 0,09 MPa, 0,15 MPa, 0,21 MPa e 0,41 MPa,
e os resultados médios estão mostrados na Tabela 4.40. Alguns resultados individuais estão
apresentados nos Apêndices N a P.

Tabela 4.40 – Resultados médios do ensaio de cisalhamento direto.

Tensão de
Tensão Normal
Amostra cisalhamento D.P (MPa) C.V (%)
(MPa)
Média (MPa)

0,09 4,00 0,25 6,2

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 134

0,15 4,39 0,10 2,4


Concreto
0,21 4,41 0,64 14,6
a/c 0,65
0,41 5,83 0,15 2,6
0,09 0,91 0,11 12,4

Argamassa 0,15 0,87 0,05 6,2


1:1:6 0,21 1,08 0,01 1,3
0,41 1,25 0,04 3,5
0,09 2,39 0,17 6,9

Argamassa 0,15 2,53 0,41 16,1


1 : 0,5 : 3,4 0,21 2,53 0,35 14,2
0,41 2,79 0,11 3,8

Legenda: D.P. – desvio padrão, C.V. – coeficiente de variação.

Os gráficos de tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal para cada


tensão normal utilizada evidenciou o comportamento esperado, que a resistência aumenta até
o ponto de ruptura, a partir do qual, continuado o deslocamento, a tensão cisalhante é mínima,
não se evidenciando resistência cisalhante residual. Na Figura 4.25 estão mostrados
exemplos típicos de gráficos obtidos para cada um dos sistemas, na tensão normal de
0,15 MPa, evidenciando maiores valores de tensão de cisalhamento para o concreto, como
esperado.

Figura 4.25 – Tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal: a) concreto a/c 0,65; b)
argamassa 1 : 1 : 6.

Concreto - Tensão de Cisalhamento (MPa) x Argamassa 116 - Tensão de Cisalhamento (MPa) x


Deslocamento Horizontal (mm) 0,15 MPa Deslocamento Horizontal (mm) 0,15 MPa
5,0
1,2
Tensão de Cisalhamento (MPa)

4,5
Tensão de Cisalhamento (MPa)

4,0 1,0 116 - 1


ac 0,65 - 1
3,5
116 - 2
3,0 0,8
ac 0,65 - 2
2,5 116 - 3
ac 0,65 - 3 0,6
2,0
116 - 4
1,5 ac 0,65 - 4 0,4
116 - 5
1,0
ac 0,65 - 5 0,2
0,5
0,0
0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0
a) Deslocamento Horizontal (mm) b) Deslocamento Horizontal (mm)

Os ensaios demonstraram baixo coeficiente de variação, com média de 6,5% para o concreto,
de 5,8% para a argamassa 1 : 1 : 6 e 10,2% para a argamassa 1 : 0,5 : 3,4.

Os resultados médios de tensão de cisalhamento foram correlacionados com as respectivas


tensões normais, que resultou numa equação de regressão linear (Mohr-Coulomb), que
caracteriza os parâmetros de resistência do sistema ensaiado, conforme mostrado na Figura
4.26.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 135

Figura 4.26 – Regressão linear - tensão cisalhante em função da tensão normal: a) concreto a/c 0,65; b)
argamassa 1 : 1 : 6; c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4.

Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal


7,0 (MPa) - Concreto a/c 0,65
6,0

Tensão Cisalhante MPa


5,0

4,0

3,0

2,0 y = 5,66x + 3,46


R² = 0,96
1,0

0,0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
a) Tensão Normal MPa

Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal
(MPa) - Argamassa 1:1:6 3,0
(MPa) - Argamassa 1:0,5:3,4
1,40

Tensão Cisalhante MPa


2,5
1,20
Tensão Cisalhante MPa

1,00 2,0

0,80
1,5
0,60

0,40
y = 1,19x + 0,78 1,0 y = 1,18x + 2,31
0,20
R² = 0,88 0,5
R² = 0,96
0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
b) Tensão Normal MPa
c) Tensão Normal MPa

Diante disso, foram estabelecidos os parâmetros de resistência para cada material estudado,
conforme mostrado na Tabela 4.41.

Tabela 4.41 – Parâmetros de resistência para o concreto de a/c 0,65 e para as argamassas 1 : 1 : 6 e
1 : 0,5 : 3,4.

Coeficientes
Sistema c (MPa) φ (°)
r R2
Concreto a/c 0,65 3,46 80 0,98 0,96
Argamassa 1 : 1 : 6 0,78 50 0,94 0,88
Argamassa 1 : 0,5 : 3,4 2,31 50 0,97 0,96

Legenda: c – coesão; φ – ângulo de atrito, r – coeficiente de correlação; R2 – coeficiente de determinação.

4.4.3 Análise dos resultados de Rac e do cisalhamento direto em argamassa e


concreto

Os resultados dos ensaios de cisalhamento direto permitiram conhecer o comportamento


desses materiais no cisalhamento, além de fornecer subsídios para interpretação dos dados
desses mesmos materiais quando unidos por uma interface de aderência.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 136

Na separação dos dados de Rac para os sistemas de revestimento, de acordo com a forma
de ruptura, pode-se observar que os resultados de Rac na argamassa da zona de aderência
eram diferentes daqueles encontrados para argamassa ensaiada isoladamente. Na Tabela
4.42 estão mostrados os valores de Rac em cada sistema, quando a ruptura se deu com
porcentagem acima de 70% na argamassa e os respectivos resultados de cisalhamento na
argamassa ensaiada isoladamente.

Tabela 4.42 – Resultados de Rac com ruptura em porcentagem superior a 70% na argamassa.

Rac Sistema de
Rac Sistema de
Coesão revestimento 1 : 0,5 : 3,4
revestimento 1 : 1 : 6 (MPa) Coesão Argamassa
Argamassa (MPa)
1 : 0,5 : 3,4 (MPa)
1 : 1 : 6 (MPa)
R1 R2 R1 R2

0,49 0,57 0,78 1,08 1,16 2,31

Legenda: Rac – resistência de aderência ao cisalhamento, R1 – rugosidade 1; R2 – rugosidade 2.

Os resultados evidenciam que a resistência ao cisalhamento da argamassa da zona de


aderência apresenta valores menores que na argamassa ensaiada isoladamente. Esta
constatação evidencia a existência da denominada zona de aderência, na qual os materiais
nela envolvidos, possuem diferenças de características entre si, conforme Figura 4.27.

Figura 4.27 – Desenho esquemático da zona de aderência.

Essa diferença pode ser explicada pela interferência química e física que acontece na
aproximação de dois materiais porosos diferentes, principalmente, no que diz respeito ao
transporte de água. A argamassa de revestimento, quando em contato com um substrato
plano e poroso, pode sofrer um “efeito parede” e ter alterada sua relação água/cimento
naquela região próxima à interface de aderência. Esta ocorrência (efeito) poderia implicar em
menor densidade, maior porosidade, culminando em menor resistência nessa área. A
hipótese da existência de um efeito parede ou de um efeito de superfície também foi levantada
por Carasek (1996).

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 137

4.4.4 Correlação entre as características das argamassas de revestimento e a


Rac

A análise de variâncias apontou ser significativa a influência do proporcionamento da


argamassa na resistência de aderência ao cisalhamento, sendo esta a contribuinte de maior
efeito dentre as variáveis estudadas. Essa constatação motivou a preparação de estudos de
correlação, para verificar qual das características das argamassas estudadas teria
contribuição na Rac.

Como foram estudados dois proporcionamentos diferentes de argamassas, o estudo de


correlação ficou comprometido, pois dois resultados não poderiam ser considerados para
conclusão sobre os comportamentos. Portanto, os gráficos foram utilizados para
entendimento da proporcionalidade entre os resultados, se direta ou não.

A inclinação das retas obtidas apontaram para proporcionalidade direta entre as


características de resistência à tração na flexão, compressão e módulo dinâmico de
elasticidade, conforme ilustrado na Figura 4.28.

Figura 4.28 – Correlação entre características das argamassas e a Rac: a) resistência à tração na flexão, b)
módulo dinâmico de elasticidade.

1,40
Arg 1:0,5:3,4
Resistência de aderência ao
Resistência de aderência ao

1,40
Arg 1:0,5:3,4 1,20
cisalhamento (MPa)
cisalhamento (MPa)

1,20
1,00
1,00
0,65 R1 0,65 R1
0,80
0,80
0,65 R2 0,65 R2
0,60
0,60
0,40
0,40 Arg 1:1:6
Arg 1:1:6 0,20
0,20

0,00 0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000

a) Resistência à tração na flexão (MPa) b) Módulo dinâmico de elasticidade (MPa)

4.4.5 Correlação entre os resultados de resistência de aderência à tração e ao


cisalhamento nos sistemas de revestimento

A separação dos resultados de Rat por profundidade, permitiu analisar os dados


genuinamente de interface. O ensaio de Rac informa resultados exatamente nessa região,
uma vez que o cisalhamento é induzido na interface de aderência, não permitindo outras
regiões para ruptura. Desta feita, estudos de correlação podem ser analisados para
entendimento do comportamento entre estas variáveis.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 138

Na análise da correlação entre os resultados de Rat e a Rac foi possível a observação da


proporcionalidade direta entre essas duas propriedades, ou seja, a resistência de aderência
ao cisalhamento aumenta com o aumento da resistência de aderência à tração num
comportamento logarítmico, conforme evidenciado na Figura 4.29.

Figura 4.29 – Correlação entre Rac e Rat com rupturas na interface de aderência.

1,40

1,20
Resistência de aderência ao

1,00
cisalhamento (MPa)

0,80
y = 0,47ln(x) + 1,40
0,60 R² = 0,87
0,40

0,20

0,00
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8

Resistência de aderência à tração (MPa)

A correlação logarítmica entre Rac e Rat encontrada neste trabalho, é dada de acordo com a
equação y = 0,47 ln (x) + 1,4, com coeficiente de determinação de 0,87.

Candia (1998) encontrou relação entre Rac e Rat de 1,71 sobre blocos cerâmicos, 1,28 para
blocos de concreto e 1,18 para substrato de concreto. Stolz (2011) encontrou que os
resultados de tração eram superiores ao de cisalhamento. Júlio et al. (2004) estudou
aderência entre concreto novo e antigo e encontrou resultados de cisalhamento maiores que
os de tração, com relação de 5,4 conforme mostrado na Figura 4.30.

Figura 4.30 – Correlação entre ensaio Slant Shear e Pull-off realizados por Julio et al. (2004).

Ioppi (1995) utilizou um torquímetro para determinação da Rac e encontrou uma correlação
exponencial entre Rat e Rac. Utilizando a ideia do valor admissível mínimo por norma para
Rat em revestimentos de fachada (0,30 MPa), o autor sugeriu (utilizando a equação
exponencial de correlação entre Rat e Rac) um valor de 0,8 MPa como valor limite mínimo

M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 139

para resistência de aderência ao cisalhamento por torção aos 28 dias. Na mesma ideia
(apesar de se tratar de métodos de obtenção de Rac diferentes) e utilizando a função de
correlação logarítmica entre Rat e Rac definida no presente trabalho, o valor mínimo de Rac
seria de 0,83 MPa, valor muito próximo ao encontrado por aquele autor.

M. O. CAMPOS Capítulo 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos resultados do programa experimental e nas análises realizadas, as conclusões
finais são apresentadas a seguir, válidas para os materiais e condições utilizados nesta
pesquisa. Na sequência, também são apresentadas considerações sobre os ensaios de
determinação da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento, bem como as
sugestões para trabalhos futuros no tema.

5.1. CONCLUSÕES

O presente trabalho permitiu concluir acerca dos pontos enumerados a seguir.

Com relação ao método de avaliação da resistência de aderência ao cisalhamento para


revestimentos de argamassa, a partir da adaptação do método D 3080 (ASTM, 2011) de
cisalhamento direto em solo

A utilização do método e do equipamento proposto para determinação da Rac em sistemas


de revestimento foi satisfatória. Os coeficientes de variação encontrados foram muito baixos
(da ordem de 6 %) e as adaptações realizadas na máquina para aplicação da força de
cisalhamento exatamente na interface de aderência foram bem sucedidas. A equação da
regressão linear entre t e σ (Mohr-Coulomb) para obtenção dos parâmetros de resistência
para os sistemas de revestimento utilizados na pesquisa também foi satisfatória, com
obtenção de coeficientes de determinação muito próximos de 1.

Com relação às características ligadas à variação da relação água/cimento e à


rugosidade dos substratos em concreto na resistência de aderência à tração e ao
cisalhamento

Os concretos dos substratos, preparados com a/c diferentes, possuem diferenças


significativas entre si, no tocante às características de resistência à compressão, módulo de
elasticidade e absorção de água (total, capilar e IRA). As características estudadas
demonstraram proporcionalidade direta com a variação da a/c para as características de
absorção de água e proporcionalidade indireta para as características de resistência à
compressão e módulo de elasticidade. Os resultados de IRA para os concretos de a/c 0,50 e

M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 141

0,65 foram próximos aos encontrados na literatura para blocos cerâmicos de vedação. A partir
da a/c 0,80 os valores aumentam muito, sugerindo uma função exponencial para a explicação
do comportamento de IRA com o aumento da a/c dos concretos. A absorção de água por
capilaridade tem proporcionalidade direta com o a/c dos concretos, sendo significativamente
diferente entre elas em cada caso. Os valores de profundidade média de ascensão capilar
foram próximos para os concretos de a/c 0,35 e de a/c 0,50.

Na correlação entre características de resistência à compressão e módulo estático de


elasticidade e a Rat pôde-se evidenciar proporcionalidade indireta entre elas e para as
características de absorção de água (total, capilar e IRA) dos concretos dos substratos e a
Rat pôde-se evidenciar proporcionalidade direta entre eles para a argamassa de
proporcionamento 1 : 2 : 9 em volume, sem correlação para as demais argamassas testadas.

A rugosidade R2 (obtida a partir da colocação de tela no fundo da forma de concreto ainda no


estado fresco) levou a maiores resultados de Rat e de Rac, nos concretos com variados a/c
estudados nesta pesquisa.

Com relação à influência do proporcionamento de materiais utilizados na preparação


das argamassas de revestimento na resistência de aderência à tração e ao
cisalhamento

O proporcionamento das argamassas foi o efeito de maior contribuição (significância) na Rat


e na Rac. Os proporcionamentos com maiores teores de cimento conduziram a mais altos
valores de Rat e de Rac.

A correlação entre as resistências à compressão e à tração na flexão e módulo dinâmico de


elasticidade das argamassas com a Rac, para o substrato de concreto com a/c 0,65 e com a
Rat para os demais substratos estudados evidenciou proporcionalidade direta entre elas.

Com relação aos resultados de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento

O proporcionamento da argamassa, a relação água/cimento e a rugosidade da superfície dos


concretos dos substratos possuem influência na Rat, sendo o proporcionamento da
argamassa o mais significativo entre eles.

O proporcionamento da argamassa, a variação da tensão normal e o tipo de superfície do


substrato exerceram influência na Rac, sendo a primeira o fator de maior contribuição. A
combinação das variáveis também produz efeitos na Rac.
M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 142

Foi decisiva a separação dos dados por profundidade de arrancamento na análise de


resultados de Rat, onde foram desconsiderados os valores de ruptura no interior da
argamassa, entendendo-se que estes não se referem à aderência e sim à coesão da
argamassa.

A análise de Rat por histogramas de frequência de profundidade de arrancamento foi


satisfatória e preponderante na visualização do comportamento do revestimento e na
separação dos dados pertencentes à zona de aderência. O termo zona de aderência foi
utilizado nesse trabalho para denominar a região próxima à interface de aderência, na qual
estão presentes fases diferentes dos materiais que compõem o sistema de revestimento.

Acerca da correlação dos dados de cisalhamento direto dos materiais básicos


(argamassa do revestimento e concreto do substrato) com os resultados de resistência
de aderência ao cisalhamento do sistema de revestimento.

Os resultados de Rac naquelas amostras onde houve rupturas com porcentagem superior a
70% na argamassa da zona de aderência foram mais baixos que o valor da coesão das
argamassas ensaiadas isoladamente, evidenciando a presença da denominada zona de
aderência.

A diferença entre a argamassa do interior da amostra e a argamassa da zona de aderência


pode ser explicada por diferenças nas características de porosidade e densidade, muito
possivelmente explicadas pelo efeito parede, implicando em menor resistência nessa região.

Quanto à correlação dos resultados de resistência de aderência à tração e de


resistência de aderência ao cisalhamento em revestimentos de argamassa.

Na análise da correlação entre os resultados de Rat e a Rac foi possível observar que a
resistência de aderência ao cisalhamento aumenta com o aumento da resistência de
aderência à tração. Os resultados apontam para uma correlação logarítmica entre Rac e Rat,
dada de acordo com a equação y = 0,47 ln (x) + 1,4, com coeficiente de determinação de
0,87.

M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 143

5.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA À TRAÇÃO

Os ensaios de Rat realizados nas pesquisas permitiram identificar situações diferentes de


ruptura (local ou profundidade) que podem estar presentes e influenciar os resultados do
ensaio Rat.

Sendo possível a ocorrência de rupturas tanto na interface de aderência, quanto no interior


dos materiais envolvidos no sistema, torna-se preponderante a separação das condições
quando da análise dos dados. No ensaio, quando a ruptura se dá nos materiais e não na
interface, os valores obtidos se referem às propriedades coesivas desses materiais, não
caracterizando neste caso, efetivamente a propriedade de aderência. É importante e
determinante a distinção (diferenciação) das duas propriedades – aderência e coesão, na
análise da resistência de aderência à tração em revestimentos de argamassa. Os resultados
referentes às rupturas adesivas no interior dos materiais (concreto e/ou argamassa) se
referem à propriedade de coesão. Os resultados referentes à ruptura adesiva (interface zona
de aderência) se referem à propriedade de aderência.

Na separação dos dados, mais especificamente nas rupturas adesivas, pôde-se observar que
uma parcela da argamassa de revestimento atua na região em que ocorre a ruptura, abrindo
espaço para o entendimento de que exista uma “zona” ou região, em que os materiais se
interagem química e mecanicamente, promovendo a aderência entre eles, denominada de
zona de aderência neste trabalho. Assim, defende-se que os resultados que devem ser
considerados para análise da resistência de aderência à tração são aqueles situados nessa
zona.

Os resultados escolhidos para média de Rat (referentes àqueles acima da profundidade de


corte de 17mm) não implicam na conclusão de que a zona de aderência possui espessura de
exatamente 3 mm. A pesquisa permitiu concluir que nessa espessura foram observados os
comportamentos mecânicos oriundos da existência dessa zona, evidenciados pelos
histogramas de profundidade de ruptura e pelos resultados mais baixos de coesão. A
dimensão exata da zona de aderência proposta deve ser determinada a partir de estudos ao
microscópio ótico e de varredura, a fim de se evidenciar variações químicas e físicas desta
fase presente na região da interface de aderência.

Na análise das porcentagens relativas à forma de ruptura, foi utilizado um gabarito graduado
com as porcentagens relativas à área do furo, para furos de 50 mm. A utilização desse
gabarito foi satisfatória e permitiu a padronização da leitura das porcentagens relativas às

M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 144

áreas de ruptura no substrato, argamassa ou interface de aderência. O uso do gabarito


facilitou muito a análise das formas.

5.3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A RESISTÊNCIA DE ADERÊNCIA AO


CISALHAMENTO

A utilização do valor correspondente à coesão “c”, dado na equação de regressão linear entre
tensão normal e tensão cisalhamento (Mohr-Coulomb) como resultado de Rac do sistema de
revestimento é adequada. Ressalta-se porém, que essa associação deve ser feita quando o
coeficiente de correlação e de determinação forem altos, uma vez que a precisão do valor de
“c” irá depender muito da qualidade dessa reta.

É preponderante que o tamanho da amostra preparada para esse ensaio seja bem pensado
e definido de forma a possibilitar a exclusão de valores espúrios, caso ocorra. A inclusão de
resultados não genuínos (motivados por erros inerentes ao ensaio, como má execução do
revestimento, presença de brocas nos materiais do sistema, colocação e ajuste da amostra
no shear box e empenamento das superfícies laterais da amostra) podem resultar em pouco
ajuste à reta, e, consequentemente, a não obtenção de um valor de “c” (Rac) confiável.

Com relação ao equipamento utilizado para determinação da Rac é importante relatar que a
capacidade nominal de força de cisalhamento da máquina deve ser levada em consideração.
A utilização de máquinas com baixa capacidade implica na utilização de amostras pequenas,
uma vez que o cálculo das tensões se dá em função da área.

A utilização de amostras pequenas pode levar ao efeito escala e tamanho, culminando em


resultados que não têm correlação com as dimensões características do sistema de
revestimento, tampouco podendo ser utilizadas com as dimensões de agregados usuais
utilizados em obras. A dimensão da amostra escolhida para esta pesquisa levou em
consideração a análise desse possível efeito, necessitando de mais estudos que demonstrem
a escolha da dimensão mais adequada.

Os valores de Rac encontrados, quando da ocorrência de rupturas coesivas na argamassa


da zona de aderência, foram menores que aqueles obtidos nos ensaios de cisalhamento direto
da argamassa ensaiada separadamente. Essa constatação vislumbra a ocorrência de um tipo
de argamassa diferente junto à interface. Dada a diminuição dos valores de tensão de
cisalhamento nessa zona, deve-se pensar na presença de uma espessura de argamassa com
características de densidade e porosidade diferentes daquela situada no interior da amostra,
podendo ser explicado pelo efeito parede que ocorre quando do contato dessa argamassa

M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 145

com outra superfície do substrato. Comportamento similar foi observado também nos ensaios
de Rat.

O ensaio para determinação do cisalhamento direto em solo, utilizado nessa pesquisa para a
determinação da Rac em sistemas de revestimento utiliza o resultado da relação entre
variadas forças normais e a tensão de cisalhamento, expressa na forma de uma regressão
linear, que determina os parâmetros de resistência. Dada a boa aproximação obtida com os
valores de “c”, aqui considerados como Rac, calculados a partir de variadas normais (neste
trabalho 4 valores diferentes) com a tensão de cisalhamento referente à tensão normal de
0,01 MPa, pôde-se perceber que são valores muito próximos.

A utilização da tensão de cisalhamento obtida com tensão normal baixa (até 0,01 MPa) como
valor correspondente à Rac do sistema de revestimento poderia ser uma forma mais rápida e
mais prática da obtenção da propriedade de Rac nos sistemas estudados. Como se sabe que
no ensaio de cisalhamento direto, tensão normal e tensão de cisalhamento são diretamente
proporcionais, ao se obter a tensão de cisalhamento sob tensão normal não nula (até
0,01 MPa) o valor obtido estaria majorado. Isto significa que a análise de Rac pode ficar
comprometida, resultando em valores mais altos que aqueles obtidos pela regressão linear,
onde a tensão normal é nula. De toda forma, e pela proximidade entre os valores de t0,01 e c
(Rac) pode-se pensar na utilização de índices de correção ou de ajuste, em prol da segurança
e da confiabilidade do resultado, no caso da obtenção de Rac a partir do ensaio de
cisalhamento direto com aplicação de apenas um valor de tensão normal.

5.4. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

A partir do estudo realizado, sugere-se os seguintes temas para o desenvolvimento de


trabalhos futuros:

 Estudo de Rac em sistemas de revestimento mais complexos (usando chapisco) e com


outros tipos de rugosidade dos substratos;

 Verificação da possibilidade de determinação da Rac a partir do ensaio de


cisalhamento direto utilizando apenas um valor de tensão normal; fazendo testes com
outros sistemas de forma a obter vários pontos de ensaio;

 Verificação do número mínimo de amostras para a determinação de Rac;

 Análise do efeito escala para os ensaios de resistência de aderência à tração e ao


cisalhamento;

M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 146

 Estudo sobre características coesivas das argamassas no estado endurecido; e

 Estudos por meio de microscópio ótico e eletrônico de varredura, a fim de se evidenciar


variações químicas e físicas na zona de aderência (região da interface argamassa-
substrato).

M. O. CAMPOS Capítulo 5
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APÊNDICE A – Interferência do uso de pigmento nas


propriedades da argamassa e na visualização da interface
de aderência

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar interferências do uso de pigmento inorgânico
nas propriedades de argamassas de revestimento. Visa também fazer uma análise qualitativa
acerca da cor mais favorável para visualizações da interface de aderência
argamassa/substrato em lupa estereoscópica. Foram estudadas quatro argamassas, sendo
uma de referência, sem uso de pigmento e três outras, de diferentes cores. A pesquisa
experimental envolveu a caracterização dos materiais utilizados no preparo das argamassas,
bem como a caracterização quanto à resistência à compressão axial, tração na flexão e
resistência de aderência à tração, além da análise na lupa estereoscópica. A pesquisa
mostrou que a adição do pigmento orgânico interferiu significantemente nas propriedades do
estado endurecido da argamassa de revestimento em detrimento do pigmento inorgânico e
permitiu concluir ser a cor amarela a mais adequada para avaliação da interface de aderência
para os variados substratos utilizados.

Palavras-chave: pigmento, aderência, interface argamassa/substrato, revestimento.

ABSTRACT

This paper presents an experimental research that studies the use of pigments in rendering
mortar and its influence on rendering mortar´s properties. It also aims at a qualitative analysis
on the most favorable color to visualize the bond’s interface on a trinocular microscop. The
experimental research enfolded the rendering mortar´s materials characterization, as well as
the characterization of axial compression strength, flexural strength and the tensile bond
strength of rendering mortar. This research showed that the organic pigment addition affects
significantly the cured properties of rendering mortar when compared with the inorganic one
and enable the choose of yellow pigment as the most favorable color for visualizations of
mortar/substrate interface in the studied substrates.

Key-words: pigment, bond, mortar/substrate interface, rendering.

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1. INTRODUÇÃO

O uso de pigmentos na construção civil tem aumentado nos últimos anos. Utiliza-se o
pigmento na confecção de argamassas, pisos intertravados de concreto, telhas de concreto
enfim, materiais e peças pré-fabricadas de concreto em geral.

Com o avanço da tecnologia dos materiais, os pigmentos vão ganhando aliados na tentativa
de se conseguir materiais com cores cada vez mais puras, com o uso do cimento branco e
agregados coloridos por exemplo. Quanto maior a utilização de cimento e agregados brancos,
maior a possibilidade de se obter um material com realce de cor. Em contrapartida, o uso de
adições como cinza volante e escória de alto forno, pelas suas cores caracteristicamente mais
escuras, pode atrapalhar no resultado final da cor(1), originando cores enegrecidas e
cinzentas(2).

Existem dois tipos de pigmento comumente utilizados no mercado, os orgânicos e os


inorgânicos. Os pigmentos orgânicos, antigamente derivados unicamente de extrações de
fontes animais e vegetais, constituem compostos da “química do carbono” e possuem um forte
poder de coloração. Entretanto, os pigmentos orgânicos possuem algumas desvantagens
quando utilizado em materiais cimentícios. Tais pigmentos se tornam sensíveis em meio
alcalino, meio predominante nesse caso, culminando na deterioração da substância, além de
instabilidade frente às condições ambientais(3).

Os pigmentos inorgânicos, antes provenientes de extração de depósitos minerais de metais e


óxidos têm maior durabilidade e são inertes quimicamente no concreto(2). Atualmente são
produzidos sinteticamente, o que reduz a variabilidade natural, oriunda das extrações
minerais, e contribuem para maior homogeneidade da composição química, isolando
materiais indesejáveis às argamassas e aos concretos, como sais solúveis, alumínio e argilas,
por exemplo(3).

Segundo Lee, Lee e Yu(4), os pigmentos são partículas muito mais finas que o cimento e as
variações entre eles dependem do tamanho e forma da partícula. Essas partículas ficam
depositadas na superfície do grão de cimento e constituem partículas de aproximadamente
um décimo do tamanho das partículas de cimento(2).

Isto significa que quanto menor a partícula do pigmento maior o poder de tingimento.
Pigmentos mais finos contribuem para obtenção de cores mais pronunciadas no produto final.
No entanto, o desempenho do pigmento, bem como o poder de tingimento e a intensidade da
cor dependem não só do tamanho da partícula como também da pureza do produto(4) e da
propriedade de absorção do substrato(5).

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 159

Muitos autores afirmam que o aumento da intensidade da cor pode ser obtida a partir da
adição de maiores quantidades de pigmento(2), (3), (4)
. No entanto, os mesmos autores
comentam que existe um ponto de saturação, acima do qual o aumento da intensidade da cor
não pode mais ser percebida. Para alguns tipos de pigmentos sintéticos fortes o ponto de
saturação fica em torno de 5% de adição em relação à massa de cimento(3). O teor de
saturação varia por tipo de pigmento e tipicamente está entre 8% e 9% para os tons
amarelados e 5% e 7% para os tons avermelhados(2).

A demanda por água em conjunto com o teor adicionado define o poder de influência de um
pigmento nas propriedades do concreto(4). A adição de pigmentos provoca uma densificação
da estrutura interna de uma pasta, explicado pelo efeito microfíler desse tipo de adição (4). Na
densificação, maiores resistências à compressão são conseguidas, no entanto, a resistência
só aumenta até certo nível de teor de adição, que tipicamente fica em torno de 10% de adição
de pigmento em relação à massa de cimento(2). Para a resistência à flexão, teores de adição
por volta de 4% são responsáveis por um incremento na resistência(4).

O presente trabalho teve como objetivo a análise da interferência do uso de pigmentos nas
propriedades da argamassa de revestimento. Ao serem analisados em lupa estereoscópica,
os materiais de mesma natureza (substrato e argamassa cimentício), não permitem boas
visualizações a ponto de se obter respostas quanto ao nível de penetração da argamassa nos
poros do substrato. Por permitirem melhor visualização, as argamassas pigmentadas também
foram analisadas em lupa estereoscópica para caracterização do intertravamento mecânico
entre os materiais, bem como para realização de uma análise acerca de qual cor contribui
com melhor visualização da zona de aderência.

2. PROGRAMA EXPERIMENTAL

Este trabalho compreendeu um programa experimental, visando estudar as interferências do


uso de pigmento inorgânico nas propriedades do estado fresco e endurecido de argamassas
de revestimento. Para tanto, as variáveis da pesquisa foram:

a) Tipo de substrato: bloco de concreto estrutural de 14 MPa e bloco cerâmico de vedação;

b) Cor do pigmento: vermelho, amarelo e azul;

c) Teor de adição do pigmento: 0% (referência), 3%, 6%, 7,5% e 9% de adição, em relação à


massa de cimento.

As condições fixas do experimento foram:

M. O. CAMPOS Apêndices
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a) Aplicação do revestimento sem chapisco;

b) Espessura do revestimento igual a 2 cm;

c) Energia de aplicação do revestimento padronizada, através da utilização de projeção


mecanizada tipo “canequinha” (pressão 100 bar);

d) Ensaios realizados aos 28 dias de preparação da argamassa e/ou aplicação da argamassa.

2.1 Substratos

Foram utilizados dois tipos de substratos para essa pesquisa, quais sejam, bloco vazado de
concreto estrutural e bloco cerâmico de vedação. Ambos pertenciam a um mesmo lote de
fabricação e tinham mais de 28 dias de idade quando da realização dos ensaios. A Tabela
A.1 mostra as informações sobre os substratos e a caracterização física dos blocos de
concreto e cerâmico.

Tabela A.1 – Caracterização dos substratos.

RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO ABSORÇÃO MÉDIA DE ÁGUA


SUBSTRATO TIPO DIMENSÕES (mm) MÉDIA (NBR 12118/2011) (NBR 12118/2011)
Rc (MPa) σ (MPa) CV (%) Abs (%) σ (%) CV (%)
Bloco de concreto Estrutural - 14 MPa 18,3 1,3 7,1 7,1% 0 0
140x190x290
Bloco cerâmico Vedação 2,6 0,8 30,4 19,5% 1,1 5,8

2.2 Argamassa mista de cimento, cal e areia

Para a confecção das argamassas utilizou-se um proporcionamento de 1:1:6 (cimento, cal


hidratada e areia) em volume, que transformado para massa corresponde a 1:0,55:6,4. O
cimento utilizado foi do tipo CPII-Z-32, enquanto a cal do tipo CH-III e a areia do tipo natural
proveniente de depósitos aluvionares com granulometria média, denominação baseada na
norma brasileira NBR NM 248 (ABNT, 2003). A água também foi medida em massa e
controlada através do ensaio de consistência pelo espalhamento na mesa ABNT - flow table.
As Tabelas A.2 e A.3 mostram as caracterizações do cimento e da cal, bem como da areia
utilizada, respectivamente.

Tabela A.2 – Caracterização física do cimento CPII-Z-32 e da cal hidratada CH-III.

RESULTADOS
CARACTERÍSTICA FÍSICA MÉTODO DE ENSAIO
CIMENTO CAL
Massa Unitária (g/cm³) Adaptada de ABNT NBR NM 45/2006 1,05 0,58
Massa Específica (g/cm³) ABNT NBR NM 23/2001 2,98 2,33

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Tabela A.3 – Caracterização física da areia.

CARACTERÍSTICA FÍSICA MÉTODO DE ENSAIO RESULTADOS


Massa Unitária (kg/dm³) ABNT NBR NM 45/2006 1,44
Massa Específica (kg/dm³) ABNT NBR NM 52/2003 2,65
Módulo de Finura ABNT NBR NM 248/2003 2,4
Dimensão Máxima Característica (mm) ABNT NBR NM 248/2003 2,4
Material Pulverulento (%) ABNT NBR NM 46/2003 4,1
Teor de Argila em Torrões (%) ABNT NBR 7218/2010 0,9

Foram preparadas 4 argamassas, quais sejam, a argamassa de referência sem uso de


pigmento, argamassa com adição de pigmento vermelho, argamassa com adição de pigmento
amarelo e argamassa com adição de pigmento azul. Os pigmentos utilizados foram dos tipos
orgânico e inorgânico de marca usual no mercado. Os pigmentos vermelho e amarelo são
inorgânicos e à base de Fe2O3 sintético e o pigmento azul é orgânico à base de ftalocianina.
Os teores de adição variaram para mais e para menos da quantidade especificada pelo
fabricante, o qual indica adição de 6% de pigmento em relação à massa de cimento utilizada.
As argamassas foram caracterizadas no estado fresco quanto ao espalhamento pela mesa
ABNT (flow table), para todos os teores de adição, e quanto à densidade de massa e o teor
de ar para o teor de 9% de adição e para a argamassa de referência, as quais foram usadas
no revestimento. As argamassas estudadas apresentaram consistência de 265 (± 20) mm. A
Tabela A.4 mostra a caracterização no estado fresco pelo método de espalhamento pela mesa
ABNT para as argamassas de referência e com 9% de adição de pigmento, bem como a
densidade de massa e o teor de ar.

Tabela A.4 - Caracterização da argamassa no estado fresco com 9% de pigmento.


PIGMENTO CONSISTÊNCIA (mm) DENSIDADE DE MASSA (g/cm³) TEOR DE AR (%) ABNT
ABNT NBR 13276/2005 ABNT NBR 13278/2005 NBR 13278/2005
Azul 282 1,59 24
Amarelo 280 1,93 7
Vermelho 282 1,93 8
Referência 283 1,95 7

A Tabela A.5 mostra os ensaios realizados para as argamassas no estado endurecido, nos
respectivos teores, bem como as respectivas normas de execução.

Tabela A.5 - Caracterização da argamassa no estado endurecido.

M. O. CAMPOS Apêndices
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PIGMENTO TEOR ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Referência 0%
Determinação da resistência à tração na flexão (ABNT NBR 13279/2005)
Azul, Determinação da resistência à compressão axial (ABNT NBR 13279/2005)
Amarelo e 9% Determinação da resistência de aderência à tração (ABNT NBR 13528/2010)
Vermelho
3%, Determinação da resistência à tração na flexão (ABNT NBR 13279/2005)
Azul e
6% e Determinação da resistência à compressão axial (ABNT NBR 13279/2005)
Amarelo
7,5%

Na caracterização no estado endurecido, nos teores de 3%, 6%, e 7,5% de adição, utilizou-
se somente as argamassas pigmentadas em azul e amarelo, por entender que as
características químicas dos pigmentos amarelo e vermelho, ambos à base de Fe2O3, são
muito semelhantes entre si, interferindo sob mesmo teor adicionado, somente no poder de
coloração(2). Foram ensaiados 6 corpos de prova prismáticos para cada um desses teores em
cada pigmento (azul e amarelo). Para a argamassa de referência e para as argamassas
pigmentadas em azul, amarelo e vermelho com 9% de adição foram ensaiados 12 corpos de
prova prismáticos por condição, totalizando 84 corpos de prova prismáticos.

2.3 Execução dos revestimentos

A argamassa foi projetada em dois painéis previamente montados, um de alvenaria de blocos


de concreto e outro cerâmico. Em cada face do painel foram projetadas duas argamassas de
cores diferentes, conforme Figura A.1. Os painéis metálicos móveis tinham aproximadamente
1,5 m x 1,2 m e continham aproximadamente 35 blocos nas dimensões já especificadas.

Figura A.1 – Fotos dos painéis com argamassa projetada: (a) argamassas de referência e azul; (b) argamassas
amarela e vermelha.

(a) (b)
A aplicação da argamassa se deu com projeção mecanizada, com equipamento tipo
“canequinha” ANVI-Spray. A argamassa foi aplicada sob pressão de aproximadamente
100 bar. Este procedimento foi escolhido pois a aplicação por projeção a ar comprimido leva
a um aumento significativo da propriedade de resistência de aderência a tração quando

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 163

comparada à aplicação manual(6), (7), (8). Todos os substratos foram previamente umedecidos
antes da aplicação da argamassa.

Para simular uma espessura de revestimento prevista em norma, a espessura foi fixada em
20 (±5) mm de cobrimento em todos os substratos. Os painéis montados foram
acondicionados em sala com ventilação natural e temperatura e umidade ambiente, 26 (±3)°C
e 65 (±5)% respectivamente.

2.4 Ensaio de resistência de aderência

Os ensaios de resistência de aderência à tração foram realizados para as argamassas de


referência e com 9% de adição para os pigmentos azul, amarelo e vermelho, de acordo com
a norma ABNT NBR 13528:2010. Em cada bloco foram delimitadas 2 áreas circulares para
corte perpendicular através de serra de copo diamantada até atingir o substrato. Após limpeza
da superfície de revestimento, as pastilhas foram coladas com massa plástica epoxídica,
como ilustrado na Figura A.2. Os ensaios foram realizados somente depois do tempo de
secagem especificado pelo fabricante da cola. Os resultados foram obtidos com a utilização
de um aparelho de arrancamento, aderímetro, PROCEQ DYNA modelo Z16 capacidade de
1600 kg e indicador digital. Foram ensaiados 24 corpos de prova por situação, totalizando 192
corpos de prova de resistência de aderência à tração.

Figura A.2 - Fotos do ensaio de resistência de aderência à tração: (a) corte; (b) colagem das pastilhas; (c) ensaio
com aderímetro; (d) evidência de ruptura na interface.

(a) (b) (c) (d)

2.5 Análise em lupa estereoscópica

A avaliação da cor mais favorável para visualizações da interface de aderência foi feita com
lupa estereoscópica Leica modelo MZ12.5, de capacidade máxima de magnificação 640x com
processamento de imagens no programa Leica Application Suite, LAS-EZ, versão 1.8. As
amostras de revestimento foram reduzidas com serra circular manual, conforme Figura A.3.
As análises foram feitas através de comparação entre amostras, utilizando uma mesma escala
de aumento e com umedecimento da superfície de visualização a fim de ressaltar as cores e
a interface de aderência.

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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 164

Figura A.3 – Seção plana das amostras reduzidas de revestimento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados dos ensaios realizados em corpos de prova na argamassa no estado


endurecido permitiram a percepção da interferência da adição de pigmento nas propriedades
físicas desta. A Figura A.4 mostra os resultados dos ensaios para cada cor na adição de 6%
de pigmento em relação à massa de cimento, teor recomendado pelo fabricante, confrontados
com a argamassa de referência, sem adição de pigmento.

Figura A.4 – Argamassas de referência e com adição de 6% de pigmento: (a) resistência à compressão axial
média; (b) resistência à tração na flexão média das argamassas.

Resistência à compressão axial média Resistência à tração na flexão média


(MPa)
Resistência à tração (MPa)

(MPa)
Resistência à compressão

2,0
6,0 σ=0,2 σ=0,1
5,0 σ=0,4 σ=0,1
1,5
4,0
(MPa)

1,0 σ=0,1
3,0
2,0 0,5
σ=0,2
1,0
0,0 0,0
Azul 6% Amarelo 6% Referência Azul 6% Amarelo 6% Referência
CV=12,5% CV=3,2% CV=8,3% CV=9,4% CV=8,8% CV=8,6%
Argamassa Argamassa

A resistência à compressão axial média, bem como a resistência à tração na flexão média
aumentou com o teor de adição recomendado pelo fabricante para a argamassa inorgânica
em detrimento da argamassa de referência. Isto pode ser explicado pelo comportamento de
fíler que este tipo de pigmento possui, que contribui para a compacidade da argamassa,
conforme também constatado por Fjeld(2). A argamassa elaborada com pigmento orgânico
demostrou baixo desempenho no tocante às resistências estudadas, com um decréscimo de
aproximadamente 73% para a resistência à compressão axial média e 43% para a resistência
à tração na flexão média, mesmo na porcentagem indicada pelo fabricante, fato também
observado por Fjeld(2).

M. O. CAMPOS Apêndices
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A Tabela A.6 mostra os resultados dos ensaios de resistência à compressão axial e de


resistência à tração na flexão, para as argamassas de referência e com as adições de 3%,
6%, 7,5% e 9% de pigmento, evidenciando o desvio-padrão (σ) e o coeficiente de variação
(CV). A Figura A.5 ilustra com um gráfico os comportamentos de resistência dessas
argamassas.

Tabela A.6 – Valores de resistência à compressão axial e à tração na flexão para as argamassas de referência e
com as adições de 3%, 6%, 7,5% e 9% de pigmento.

Resistência à compressão axial


Azul Amarelo Vermelho Referência
Teor
Rca σ Rca σ Rca σ Rca σ
CV (%) CV (%) CV (%) CV (%)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
0% - - - - - - - - - 4,4 0,4 8,3
3% 2,1 0,2 8,4 5,7 0,3 5,9 - - - - - -
6% 1,2 0,2 12,5 5,5 0,2 3,2 - - - - - -
7,5% 1,5 0,1 3,8 5,2 0,2 4,3 - - - - - -
9% 1,8 0,1 7,7 4,3 0,3 6,4 5,4 0,3 6,3 - - -
Resistência à tração na flexão
Azul Amarelo Vermelho Referência
Teor
Rtf σ Rtf σ Rtf σ Rtf σ
CV (%) CV (%) CV (%) CV (%)
(MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
0% - - - - - - - - - 1,4 0,1 8,6
3% 1,3 0,1 8,6 1,8 0,2 9,7 - - - - - -
6% 0,8 0,1 9,4 1,7 0,1 8,8 - - - - - -
7,5% 0,8 0,0 5,1 1,8 0,2 8,6 - - - - - -
9% 1,2 0,1 6,3 1,4 0,2 13,5 1,7 0,2 9,7 - - -

Figura A.5 – Gráfico das resistências à compressão axial e à tração na flexão para as argamassas de referência
e com as adições de 3%, 6%, 7,5% e 9% de pigmento.

Resistência à compressão axial média Resistência à tração na flexão média


7,0 (MPa) 2,5 (MPa)
Resistência à tração (MPa)
Resistência à compressão

6,0
2,0
5,0
4,0 1,5
(MPa)

3,0 3 6% 7,5% 9% 9% 1,0 3 6% 7,5% 9% 9%


2,0
0,5
1,0
3 6% 7,5% 9% 3 6% 7,5% 9%
0,0 0,0
Azul Amarelo Vermelho Ref. Azul Amarelo Vermelh Ref.
Argamassa Argamassa o

Os resultados de resistência, tanto à tração na flexão como à compressão axial, foram


superiores para as argamassas elaboradas com pigmento inorgânico em detrimento do
orgânico (azul). Na situação de 9% de adição de pigmento inorgânico, a argamassa elaborada
com o pigmento vermelho foi a que apresentou maiores resultados, comparada à outra
argamassa. Assim como comentado anteriormente que a adição de pigmento a 6% criou um
efeito fíler com consequente aumento da resistência, comparado à referência, esse mesmo

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efeito pode explicar o comportamento com as adições a 3% e 7,5% nas argamassas com
pigmento inorgânico amarelo. Entretanto, isto não foi constatado para a argamassa com
adição de 9% de pigmento amarelo. Existe um teor máximo de adição no qual o efeito fíler
deixa de existir e o excesso de finos prejudica a resistência. Para o pigmento orgânico essa
conclusão não é válida, pois outros fatores como incorporação de ar, conforme pode ser visto
na Tabela A.4, e a composição química podem influenciar a análise.

Na correlação entre os resultados de resistência à compressão axial e de resistência à tração


na flexão da argamassa entre os teores de adição utilizados, como mostrado na Figura A.6,
pode-se perceber um decréscimo nas resistências em função dos acréscimos em pigmento
inorgânico (amarelo), ou seja as resistências, tanto à flexão quanto à compressão axial são
inversamente proporcionais à adição de pigmento inorgânico na argamassa. Não se observou
correlação significativa para a argamassa elaborada com o pigmento orgânico (azul).

Figura A.6 – Correlação entre: (a) resistência à compressão axial média x teor de adição; (b) resistência à tração
na flexão média x teor de adição.

Resistência à compressão axial média Resistência à tração na flexão média


(MPa) x Teor de adição (%) (MPa) x Teor de adição (%)
Resistência à tração (MPa)
Resistência à compressão

8,0 2,0
6,0 1,5
4,0
(MPa)

1,0
2,0 0,5
0,0 0,0
3% 6% 7,5% 9% 3% 6% 7,5% 9%
Teor (%) Teor (%)
Azul Amarelo Azul Amarelo

Somente a argamassa com adição de 9% de pigmento foi aplicada em painéis de


revestimento, pois foi o teor que visivelmente permitiu melhor coloração da argamassa. No
ensaio de resistência de aderência à tração, realizado para a argamassa de referência e para
a argamassa com adição de 9% de pigmento, percebeu-se que a aderência também é afetada
pela adição de pigmentos sob essas condições. A Figura A.7 mostra os resultados obtidos da
resistência de aderência para as condições analisadas. Os gráficos mostram que tanto a
argamassa elaborada com pigmento orgânico como inorgânico sofrem decréscimo de
resistência de aderência se comparadas à argamassa de referência. Entretanto, devido à
variabilidade já conhecida nos resultados desse ensaio, evidenciada pelo desvio-padrão e
coeficiente de variação, os resultados se sobrepõem em alguns casos para argamassas
elaboradas com pigmento inorgânico. A forma de ruptura predominante das argamassas
sobre blocos cerâmicos foi adesiva. No caso dos blocos de concreto as rupturas foram mistas.

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Figura A.7 – Resistência de aderência à tração: (a) para o substrato de bloco de concreto; (b) para o substrato de
bloco cerâmico.
Substrato - bloco de concreto Substrato - bloco cerâmico
Resistência de aderência à tração média (MPa) Resistência de aderência à tração média (MPa)
Resistência de aderência à

Resistência de aderência à
1,20 1,20
σ=0,24
1,00 1,00
tração (MPa)

tração (MPa)
σ=0,18
0,80 0,80
2 σ=0,18
0,60 σ=0,17 0,60
σ=0,18 σ=0,12 σ=0,14
0,40 0,40
σ=0,09
0,20 0,20
0,00 0,00
Azul Amarelo Vermelho Referência Azul Amarelo Vermelho Referência
CV=44,8% CV=31,8% CV=24,1 CV=25,5% CV=40,3 CV=40,8% CV=51,3% CV=33,6%
% %

A dosagem ou o teor de pigmento utilizado tem efeito sobre a coloração final da argamassa.
Um acréscimo no teor de pigmento contribui para um incremento na intensidade da cor.
Entretanto, pela análise da Figura A.8, percebe-se que existe um teor máximo de adição de
pigmento, no qual existe a chamada saturação da cor, onde a olho desarmado, não é possível
perceber alterações da intensidade da cor a partir daquele teor. Fjeld(2) denominou tal situação
como ponto de saturação da cor e afirma que este ponto deve estar bem próximo de 9% de
adição para pigmentos inorgânicos amarelos. A Figura A.8(a) mostra o gráfico de saturação
da cor proposta para o pigmento orgânico e inorgânico, a partir da análise visual das amostras.
A Figura A.8(b) mostra de forma esquemática as cores, lado a lado dispostas, em cada
porcentagem de adição, para percepção da saturação para as argamassas azul e amarela.
As imagens foram obtidas por recorte das fotos tomadas dos corpos de prova prismáticos, e
podem apresentar diferenças de matiz e brilho se comparadas com a tonalidade percebida
pelo olho humano.

Figura A.8 – (a) Saturação da cor proposta a partir da análise visual das amostras; (b) Seção do CP prismático
para visualização da intensidade da cor para os dois pigmentos.

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40

30
Intensidade da cor

20

10

0
0 1 2 3 4 5 6 77,58 99 10
% pigmento
Pigmento azul

(a) (b)
Nas imagens obtidas em lupa estereoscópica foi possível analisar alguns aspectos da
interface de aderência, bem como avaliar qual a melhor cor para a visualização da interface
de aderência, tanto para blocos de concreto como para blocos cerâmicos.

Na Figura A.9 estão as imagens da argamassa projetada sobre o substrato de bloco de


concreto. Na Figura A.9(a) evidencia-se a difícil visualização da interface para materiais de
mesma natureza e cor. Na Figura A.9(b) está mostrada a interface de aderência entre a
argamassa azul e bloco, evidenciando a penetração da argamassa nas cavidades do bloco.
A Figura A.9(c) evidencia a formação de vazios provocada pela dimensão do agregado da
argamassa amarela em contato com a interface. Na Figura A.9(d) também está ressaltada a
penetração da argamassa vermelha nos interstícios entre agregados do bloco.

As três cores, azul, amarelo e vermelho se mostraram favoráveis para visualização da


interface de aderência para o bloco de concreto em lupa estereoscópica. Devido à resolução
das fotos utilizadas neste artigo, bem como diferenças de brilho observadas em meio digital e
impresso as fotos aqui publicadas podem não corresponder totalmente à realidade obtida na
lupa estereoscópica.

Figura A.9 – Visualização da interface argamassa/bloco de concreto: (a) argamassa de referência; (b) argamassa
azul; (c) argamassa amarela; (d) argamassa vermelha.

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(a) (b)

(c) (d)

Na Figura A.10 estão as imagens da argamassa projetada sobre o substrato de bloco


cerâmico. Na Figura A.10(a) evidencia-se a interface de aderência entre o bloco e argamassa
de referência, mostrando a superfície ondulada do bloco de vedação. Na Figura A.10(b) estão
mostrados os vazios existentes na interface de aderência que prejudicam a extensão de
aderência entre a argamassa orgânica azul e o bloco. Tais vazios podem representar tanto
reologia inadequada da argamassa para penetração entre as saliências do bloco, como a
presença de ar incorporado na argamassa. Na Figura A.10(c) é apresentada a interface de
aderência para argamassa amarela/bloco evidenciando a distância constatada entre
saliências do bloco cerâmico. Na Figura A.10(d) estão evidenciados os agregados da
argamassa vermelha contornando a saliência do bloco cerâmico, culminando em boa
extensão de aderência nesse ponto.

Com exceção da argamassa vermelha, que não favoreceu o contraste entre os dois materiais,
todas as outras cores favoreceram a visualização da interface de aderência para o bloco
cerâmico, inclusive o de referência, devido ao contraste de cores evidenciado nas figuras.

Figura A.10 – Visualização da interface argamassa/bloco cerâmico: (a) argamassa de referência; (b) argamassa
azul; (c) argamassa amarela; (d) argamassa vermelha.

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(a) (b)

(c) (d)

Os pigmentos inorgânicos foram aqueles que apresentaram melhor desempenho na


manutenção ou aumento das propriedades da argamassa no estado endurecido, bem como
para a resistência de aderência, com destaque para o pigmento vermelho. Em contrapartida,
o pigmento vermelho não favorece a visualização da interface quando utilizado sobre
substrato de blocos cerâmicos.

Considerando a escolha de uma única cor para visualização da interface nos dois tipos de
substrato proposto, bloco cerâmico e de concreto, a cor mais apropriada no teor utilizado, para
análises em lupa estereoscópica é o amarelo. Essa cor evidenciou o contraste entre os
materiais e mantém ou incrementa as propriedades da argamassa no estado endurecido. Um
decréscimo nos resultados de resistência de aderência à tração foi evidenciado para a
argamassa dessa cor quando comparada à argamassa de referência, no entanto, ainda
assim, os resultados são superiores aos requisitados pela norma ABNT NBR 13749:1996.

4. CONCLUSÕES

Após a análise dos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que:

a) os resultados de resistência, tanto à tração na flexão como à compressão axial, foram


superiores para as argamassas elaboradas com pigmento inorgânico em detrimento do
orgânico;

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b) a resistência à compressão axial média, bem como a resistência à tração na flexão média
das argamassas inorgânicas aumentou com o teor de adição recomendado pelo fabricante e
com os demais teores estudados, em detrimento da argamassa de referência;

c) as resistências, tanto à flexão quanto à compressão axial são inversamente proporcionais


à adição de pigmento inorgânico na argamassa. Não se observou correlação significativa para
a argamassa elaborada com o pigmento orgânico;

d) em todos os casos estudados a adição de pigmento, orgânico ou inorgânico, culminou em


diminuição de resistência de aderência se comparadas à argamassa de referência;

e) a cor mais favorável para visualização da interface de aderência para ambos substratos
estudados foi o amarelo, que preservou as propriedades no estado endurecido e, embora
tenha diminuído a resistência de aderência à tração, ainda manteve resultados acima do valor
mínimo especificado por norma.

5. REFERÊNCIAS

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INTERNATIONAL CONFERENCE CONCRETE BLOCK PAVING, 1988, Rome, Italy, p. 37–
40.
2. FJELD, I. E. Performance and durability of natural iron oxide pigments in concrete.
Durability of building materials and components 6, p. 167–174, 1993.
3. VON SZADKOWSKI, G. The effect of pigments on the quality of concrete blocks. In Proc.:
1st INTERNATIONAL CONFERENCE. OF CONCRETE BLOCK PAVING, 1980, Newcastle-
Upon-Tyne, England, p. 155–156.
4. LEE H.-S.; LEE J.-Y.; YU M.-Y. Influence of iron oxide pigments on the properties of
concrete interlocking blocks. Cement and Concrete Research, v 33, n. 11, p. 1889–1896,
2003.
5. BREA, F. M.; FERRER, L. F.; GRUNIG, B. Fatores que afetam a aparência das
argamassas industrializadas coloridas. In: VI Simpósio Brasileiro de Tecnologia das
Argamassas, 2005, Florianópolis. Anais. ANTAC, 2005. v.1. p.599.
6. FERNANDES, H.C.; COSTA, E. B. C.; ARA, A. B.; CAMPORA, F. L.; JOHN, V. M.
Influência da forma de aplicação e da reologia da argamassa nas propriedades mecânicas
dos revestimentos. In: VIII Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2009,
Curitiba. Anais. ANTAC, 2009. v.1. p.1– 21.
7. GASPERIN, J. Aderência de revestimentos de argamassa em substrato de concreto:
influência da forma de aplicação e composição do chapisco. 2011. 194 f. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2011.
8. CARASEK, H. CASCUDO,O.; OLIVEIRA, N. Avaliação de diferentes técnicas de
aplicação de argamassa de revestimento sobre chapisco colante. In: VIII Simpósio
Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2009, Curitiba. Anais. ANTAC, 2009. v.1. p.1– 14.

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APÊNDICE B – Caracterização dos concretos dos


substratos

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APÊNDICE C – Caracterização das argamassas de


revestimento

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APÊNDICE D – Resistência de aderência à tração – Sistema


1:2:9 R1

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APÊNDICE E – Resistência de aderência à tração – Sistema


1:2:9 R2

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APÊNDICE F – Resistência de aderência à tração – Sistema


1:1:6 R1

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APÊNDICE G – Resistência de aderência à tração – Sistema


1:1:6 R2

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APÊNDICE H – Resistência de aderência à tração – Sistema


1:0,5:3,4 R1

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APÊNDICE I – Resistência de aderência à tração – Sistema


1:0,5:3,4 R2

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APÊNDICE J – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Sistema 1:1:6 L (Referente à rugosidade R1)

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APÊNDICE K – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Sistema 1:1:6 R (Referente à rugosidade R2)

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APÊNDICE L – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Sistema 1:0,5:3,4 L (Referente à rugosidade R1)

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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 243

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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 244

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APÊNDICE M – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Sistema 1:0,5:3,4 R (Referente à rugosidade R2)

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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 254

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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 255

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 256

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 257

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 258

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 259

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 260

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 261

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 262

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 263

APÊNDICE N – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Argamassa 1:1:6

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 264

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 265

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 266

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 267

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 268

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 269

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 270

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 271

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 272

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 273

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 274

APÊNDICE O – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Argamassa 1:0,5:3,4

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 275

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 276

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 277

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 278

Tensão de Cisalhamento (MPa) para argamassa 1 0,5 3,4 em 145 kPa

Análise de dados da tensão de cisalhamento para a argamassa 1:0,5:3,4


Profundidade Forma de ruptura (%) Identificação dos espúrios por:
Força Tensão de
Teste T de Student - de
Amostra Cisalhamento Cisalhament Intervalo Gráficos Análise crítica
significância de 95% Arrancamento
(kg) o (MPa) Arg Inter Subs de de pelo
(mm)
confiança controle pesquisador
1 0,5 3,4 - 6 562 2,24800 -1,91364 NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 7 700 2,80000 0,33196 NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 8 530 2,12000 -2,43435 NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 9 868 3,47200 3,06572 NA NA NA NA fora Desconsiderar
1 0,5 3,4 - 10 738 2,95200 0,95031 NA NA NA NA

Dados experimentais
Tensão de Cisalhamento (MPa) para argamassa 1 0,5 3,4 em 145 kPa
Média (MPa) 2,71840

Desvio-padrão (MPa) 0,54966


Tensão de cisalhamento (MPa)
4
Coeficiente de variação (%) 20,22 3,5
3
Quantidade de amostras 5
2,5
Grau de liberdade 4 2
Significância desejada 95,00% 1,5
Fator crítico do teste T 1
2,77645
0,5
Margem de erro 0,68249
0
1 0,5 3,4 - 6

1 0,5 3,4 - 7

1 0,5 3,4 - 8

1 0,5 3,4 - 9

1 0,5 3,4 - 10
3,40089
Intervalo de confiança
2,03591
Amostra
Limite superior Limite inferior Dados observados

Dados após análise crítica


Dados considerados Dados considerados
Dados considerados Dados considerados
Dados considerados pelo Dados considerados pela pela forma de pela forma de
pelos Gráficos de pela profundidade de
teste t análise crítica do pesquisador ruptura na ruptura na Interface
Controle 1 arrancamento
Argamassa de aderência2
Tensão de Tensão de Tensão de Tensão de Tensão de Tensão de
Amostr
Amostra Cisalhamento Amostra Cisalhame Amostra Cisalhamento Amostra Cisalhame Cisalhame Amostra Cisalhamento
a
(MPa) nto (MPa) (MPa) nto (MPa) nto (MPa) (MPa)
1 0,5 3,4 - 6 2,25 1 0,5 3,4 - 6 2,25 1 0,5 3,4 - 6 2,25 NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 7 2,80 1 0,5 3,4 - 7 2,80 1 0,5 3,4 - 7 2,80 NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 8 2,12 1 0,5 3,4 - 8 2,12 1 0,5 3,4 - 8 2,12 NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 9 3,47 NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 10 2,95 1 0,5 3,4 - 10 2,95 1 0,5 3,4 - 10 2,95 NA NA NA NA NA NA

Média 2,53 Média 2,72 Média 2,53 Média - Média - Média -


D.P. 0,41 D.P. 0,55 D.P. 0,41 D.P. - D.P. - D.P. -
C.V. (%) 16,1 C.V. (%) 20,2 C.V. (%) 16,1 C.V. (%) - C.V. (%) - C.V. (%) -

Legenda: NA - Não aplicável; Arg-Argamassa; Inter-Interface de aderência; Subs-Substrato

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 279

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 280

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 281

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 282

Tensão de Cisalhamento (MPa) para argamassa 1 0,5 3,4 em 405 kPa

Análise de dados da tensão de cisalhamento para a argamassa 1:0,5:3,4


Profundidade Forma de ruptura (%) Identificação dos espúrios por:
Força Tensão de Teste T de Student -
de
Amostra Cisalhamento Cisalhament significância de Intervalo Gráficos Análise crítica
Arrancamento
(kg) o (MPa) 95% Arg Inter Subs de de pelo
(mm)
confiança controle pesquisador
1 0,5 3,4 - 16 664 2,65600 0,11096 NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 17 710 2,84000 1,32619 NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 18 514 2,05600 -3,85176 NA NA NA NA fora Espúrio Desconsiderar
1 0,5 3,4 - 19 687 2,74800 0,71857 NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 20 724 2,89600 1,69604 NA NA NA NA

Dados experimentais
,
Média (MPa) 2,63920

Desvio-padrão (MPa) 0,33857 Tensão de cisalhamento (MPa) 3,5


Coeficiente de variação (%) 12,83 3
Quantidade de amostras 5 2,5

Grau de liberdade 2
4
1,5
Significância desejada 95,00%
1
Fator crítico do teste T 2,77645
0,5
Margem de erro 0,42039
0
1 0,5 3,4 - 16

1 0,5 3,4 - 17

1 0,5 3,4 - 18

1 0,5 3,4 - 19

1 0,5 3,4 - 20
3,05959
Intervalo de confiança
2,21881
Amostra
Limite superior Limite inferior Dados observados

Dados após análise crítica


Dados considerados Dados considerados
Dados considerados Dados considerados Dados considerados
Dados considerados pelo pela forma de pela forma de
pelos Gráficos de pela análise crítica do pela profundidade de
teste t ruptura na ruptura na Interface
Controle pesquisador 1 arrancamento
Argamassa de aderência2
Tensão de Tensão de Tensão de Tensão de Tensão de Tensão de
Amostr
Amostra Cisalhamento Amostra Cisalhame Amostra Cisalhamento Amostra Cisalhame Cisalhame Amostra Cisalhamento
a
(MPa) nto (MPa) (MPa) nto (MPa) nto (MPa) (MPa)
1 0,5 3,4 - 16 2,66 1 0,5 3,4 - 16 2,66 1 0,5 3,4 - 16 2,66 NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 17 2,84 1 0,5 3,4 - 17 2,84 1 0,5 3,4 - 17 2,84 NA NA NA NA NA NA
NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 19 2,75 1 0,5 3,4 - 19 2,75 1 0,5 3,4 - 19 2,75 NA NA NA NA NA NA
1 0,5 3,4 - 20 2,90 1 0,5 3,4 - 20 2,90 1 0,5 3,4 - 20 2,90 NA NA NA NA NA NA

Média 2,79 Média 2,79 Média 2,79 Média - Média - Média -


D.P. 0,11 D.P. 0,11 D.P. 0,11 D.P. - D.P. - D.P. -
C.V. (%) 3,8 C.V. (%) 3,8 C.V. (%) 3,8 C.V. (%) - C.V. (%) - C.V. (%) -

Legenda: NA - Não aplicável; Arg-Argamassa; Inter-Interface de aderência; Subs-Substrato

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 283

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 284

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 285

APÊNDICE P – Resistência de aderência ao cisalhamento –


Concreto a/c 0,65

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 286

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 287

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 288

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 289

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 290

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 291

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 292

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 293

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 294

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 295

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 296

APÊNDICE Q – Análise estatística de Rat - Dados totais

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 297

Inf luência da argamassa na Rat (modelo aninhado). Dados totais


Ef eito estudado: F(1, 424)=195,44, p=0,0000
0,28

0,26

Resistência de aderência à tração (MPa)


0,24

0,22

0,20

0,18

0,16

0,14

0,12

0,10
116 129

ARGAMASSA

Influência do a/c do concreto na Rat (modelo aninhado). Dados totais


Efeito estudado: F(3, 424)=4,6371, p=,00334
0,23

0,22
Resistência de aderência à tração (MPa)

0,21

0,20

0,19

0,18

0,17

0,16

0,15

0,14

0,13
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
CONCRETO

Inf luência da rugosidade da superf ície na Rat (modelo aninhado). Dados totais
Ef eito estudado: F(4, 424)=12,879, p=,00000
0,28

0,26
Resistência de aderência à tração (MPa)

0,24

0,22

0,20

0,18

0,16

0,14

0,12

0,10 SUPERFÍCIE
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80 R1
SUPERFÍCIE
CONCRETO R2

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 298

Inf luência da rugosidade da superf ície na Rat (modelo aninhado). Dados totais
Ef eito estudado: F(4, 424)=12,879, p=,00000
0,28

0,26

Resistência de aderência à tração (MPa)


0,24

0,22

0,20

0,18

0,16

0,14 CONCRETO
a/c 0,35
0,12 CONCRETO
a/c 0,50
0,10 CONCRETO
R1 R2 a/c 0,65
CONCRETO
SUPERFÍCIE a/c 0,80

Teste de Significancia para Resistência de aderência à tração (MPa)


Efeito estudado SQ gl MQ F p
Intercepto 15,04800 1 15,04800 2174,589 0,000000
ARGAMASSA 1,35241 1 1,35241 195,437 0,000000
CONCRETO 0,09627 3 0,03209 4,637 0,003337
SUPERFÍCIE(CONCRETO) 0,35650 4 0,08912 12,879 0,000000
Erro (Resíduo) 2,93405 424 0,00692

Duncan test; variável Resistência de aderência à tração (MPa) Error: Between MSE = ,00692, df = 424,00

{1} {2} {3} {4} {5} {6} {7} {8}


Cell CONCRETO SUPERFÍCIE
,14738 ,17995 ,18822 ,21258 ,16935 ,25744 ,18215 ,22572
No.
1 a/c 0,35 R1 0,057407 0,022777 0,000174 0,176614 0,000005 0,049441 0,000009
2 a/c 0,35 R2 0,057407 0,635455 0,066096 0,514720 0,000009 0,892396 0,009949
3 a/c 0,50 R1 0,022777 0,635455 0,134181 0,296623 0,000042 0,708850 0,027866
4 a/c 0,50 R2 0,000174 0,066096 0,134181 0,015450 0,008036 0,076457 0,418951
5 a/c 0,65 R1 0,176614 0,514720 0,296623 0,015450 0,000004 0,462564 0,001404
6 a/c 0,65 R2 0,000005 0,000009 0,000042 0,008036 0,000004 0,000013 0,051100
7 a/c 0,80 R1 0,049441 0,892396 0,708850 0,076457 0,462564 0,000013 0,012503
8 a/c 0,80 R2 0,000009 0,009949 0,027866 0,418951 0,001404 0,051100 0,012503

Duncan test; variável Resistência de aderência à tração (MPa) Error: Between MSE = ,00692, df = 424,00
{1} {2} {3} {4}
CONCRETO
Cell No. ,16366 ,20053 ,21461 ,20394
1 a/c 0,35 0,001350 0,000021 0,000675
2 a/c 0,50 0,001350 0,250817 0,766969
3 a/c 0,65 0,000021 0,250817 0,353421
4 a/c 0,80 0,000675 0,766969 0,353421

Duncan test; variável Resistência de aderência à tração (MPa) Error: Between MSE = ,00692, df = 424,00
{1} {2}
ARGAMASSA
Cell No. ,24880 ,13331
1 116 0,000009
2 129 0,000009

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 299

APÊNDICE R – Características de aderência e de coesão


dos sistemas de revestimento e argamassas estudadas

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 300

Fazendo-se uma análise da parcela de corpos de prova que tiveram ruptura do tipo coesiva, no interior da argamassa, conforme mostrado na
Tabela R.1, observa-se que existe uma forte correlação entre a Rat (coesiva), a Rtração na flexão da argamassa, e a coesão dos materiais.

Características de aderência e de coesão dos sistemas e argamassas utilizados.

CONCRETO

a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80 Resistência Resistênc
à tração no ia à
Argamassa interior das tração na Coesão
Ra Ra Ra Ra Ra Ra Ra Ra argamassas flexão
Rat Rat Rat Rat Rat Rat Rat Rat
interior interior interior interior interior interior interior interior MÉDIA MÉDIA
R1 R2 R1 R2 R1 R2 R1 R2
arg R1 arg R2 arg R1 arg R2 arg R1 arg R2 arg R1 arg R2

1:2:9 0,12 0,09 0,09 0,08 0,11 0,11 0,07 0,17 0,12 0,15 0,08 0,17 0,19 0,18 0,19 0,20 0,13 0,87 ____

1:1:6 0,20 0,27 0,18 0,26 0,31 0,30 0,23 0,41 0,31 0,31 0,17 0,18 0,29 0,23 0,17 0,32 0,27 1,34 0,78

1 : 0,5 : 3,4 ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____ 0,77 0,92 0,35 0,73 ____ ____ ____ ____ 0,84 2,84 2,32

Os dados permitiram analisar resultados médios por argamassa ou seja, o valor médio de resistência à tração (não de aderência, mas obtido
por este método), que caracterizaria a coesão do interior dessa argamassa.

Na interpretação dos dados e na comparação com o que foi obtido na interface, pode-se perceber que quando a ruptura acontecia na argamassa
(ruptura coesiva), nem sempre o valor da interface era maior. Essa observação vai contra à ideia da interpretação dos dados de Rat utilizada
corriqueiramente, que, quando a ruptura se dá na argamassa o valor de Rat na interface seria maior. Às vezes, alguma ocorrência ligada à
execução da argamassa de revestimento, como brocas, pulverulência localizada, má homogeneização da argamassa, tempo inadequado para
aplicação, sobreposição de camadas de projeção (para garantia da espessura) podem diminuir o valor da resistência à tração da argamassa e,
ainda assim, os resultados de Rat na interface podem ser mais baixos. Os resultados de Rat na interface de aderência podem estar ainda mais
baixos que nos possíveis “defeitos” do interior da argamassa. A ordem de grandeza, 0,10, 0,30, 0,80 dos resultados de resistência à tração no
interior das três argamassas, nem sempre são menores que os obtidos na interface de aderência.

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 301

APÊNDICE S – Caracterização da rugosidade dos


substratos

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 302

Medições de rugosidade
Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento
Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)
horizontal (mm) Vertical (mm) horizontal (mm) Vertical (mm)
0,00 0,01 8,00 0,03
0,50 0,01 8,50 -0,01
0,03 0,06 16
1,00 0,01 9,00 -0,01
1,50 0,01 9,50 -0,01
2,00 0,00 10,00 -0,01
2,50 0,01 10,50 -0,01
3,00 0,01 11,00 -0,03
3,50 0,03 11,50 -0,01
4,00 0,01 12,00 -0,01
4,50 0,01 12,50 -0,03
5,00 0,02 13,00 -0,03
5,50 0,03 13,50 -0,02
6,00 0,02 14,00 -0,01
6,50 0,01 14,50 -0,03
7,00 0,01 15,00 -0,03
7,50 0,03

0,04
Perfil de rugosidade R1 - 1
0,02
Y (mm)

0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00
-0,02

-0,04
Percurso de medição (mm)

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 303

Medições de rugosidade
Deslocame Deslocame Deslocame
Deslocame Deslocame Deslocame
nto nto nto
nto Vertical nto Vertical nto Vertical
horizontal horizontal horizontal
(mm) (mm) (mm)
(mm) (mm) (mm)
0,00 0,00 15,50 -0,03 31,00 -0,04
0,50 0,03 16,00 0,00 31,50 -0,04
1,00 0,06 16,50 -0,01 32,00 -0,03
1,50 0,05 17,00 -0,01 32,50 -0,02
2,00 0,04 17,50 0,00 33,00 -0,03
2,50 0,04 18,00 0,01 33,50 -0,04
3,00 0,05 18,50 0,00 34,00 -0,05
3,50 0,06 19,00 0,00 34,50 -0,04
4,00 0,07 19,50 0,01 35,00 -0,05
4,50 0,06 20,00 -0,01 35,50 -0,05
5,00 0,06 20,50 -0,03 36,00 -0,04
5,50 0,06 21,00 -0,04 36,50 -0,04
6,00 0,03 21,50 -0,06 37,00 -0,04
6,50 0,07 22,00 -0,03 37,50 -0,06
7,00 0,00 22,50 -0,04 38,00 -0,08
7,50 0,03 23,00 -0,05 38,50 -0,06
8,00 0,04 23,50 -0,05 39,00 -0,07
8,50 0,03 24,00 -0,05 39,50 -0,09
9,00 0,03 24,50 -0,03 40,00 -0,10
9,50 0,03 25,00 -0,03
10,00 0,02 25,50 -0,06
10,50 0,06 26,00 -0,08
11,00 0,02 26,50 -0,08
11,50 -0,01 27,00 -0,09
12,00 -0,03 27,50 -0,09
12,50 -0,03 28,00 -0,08
13,00 -0,01 28,50 -0,06
13,50 -0,01 29,00 -0,04
14,00 -0,04 29,50 -0,03
14,50 -0,05 30,00 -0,03
15,00 -0,04 30,50 -0,04

Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)

0,10 0,17 41

0,10
Perfil de rugosidade R1 - 2
Y (mm)

0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
-0,10
-0,20
Percurso de medição (mm)

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 304

Medições de rugosidade
Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame
Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame
nto nto nto nto nto
nto Vertical nto Vertical nto Vertical nto Vertical nto Vertical
horizontal horizontal horizontal horizontal horizontal
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
0,00 0,00 8,50 0,06 17,00 -0,01 25,50 0,01 34,00 0,02
0,50 0,01 9,00 0,06 17,50 0,00 26,00 0,01 34,50 0,01
1,00 0,01 9,50 0,06 18,00 0,00 26,50 -0,01 35,00 0,00
1,50 -0,01 10,00 0,03 18,50 0,00 27,00 0,01 35,50 -0,01
2,00 0,01 10,50 0,05 19,00 -0,01 27,50 0,00 36,00 0,00
2,50 0,01 11,00 0,03 19,50 -0,01 28,00 -0,01 36,50 -0,03
3,00 0,03 11,50 0,03 20,00 -0,01 28,50 -0,01 37,00 0,00
3,50 0,03 12,00 0,01 20,50 -0,01 29,00 -0,02 37,50 -0,04
4,00 0,03 12,50 -0,01 21,00 0,00 29,50 -0,04 38,00 -0,06
4,50 0,03 13,00 -0,01 21,50 0,01 30,00 -0,03 38,50 -0,05
5,00 0,04 13,50 0,00 22,00 0,01 30,50 -0,03 39,00 -0,03
5,50 0,06 14,00 0,01 22,50 0,00 31,00 -0,03 39,50 -0,03
6,00 0,06 14,50 0,01 23,00 0,00 31,50 -0,03 40,00 -0,03
6,50 0,06 15,00 0,01 23,50 0,00 32,00 -0,03
7,00 0,06 15,50 -0,01 24,00 0,00 32,50 -0,02 Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)
7,50 0,08 16,00 -0,02 24,50 -0,01 33,00 -0,01
0,08 0,14 21
8,00 0,08 16,50 -0,01 25,00 0,00 33,50 -0,01

Perfil de rugosidade R1 - 3
0,10
Y (mm)

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00

-0,10
Percurso de medição (mm)

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 305

Medições de rugosidade
Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento
horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm)
0,00 0,00 16,00 0,52 32,00 0,21 48,00 0,78 64,00 -0,37
0,50 0,18 16,50 0,85 32,50 0,15 48,50 1,05 64,50 -0,39
1,00 1,18 17,00 0,90 33,00 -0,33 49,00 0,45 65,00 1,05
1,50 1,34 17,50 0,80 33,50 -0,28 49,50 0,27 65,50 1,12
2,00 1,52 18,00 0,85 34,00 -0,05 50,00 0,24 66,00 1,22
2,50 1,81 18,50 0,11 34,50 -0,14 50,50 0,05 66,50 1,40
3,00 1,88 19,00 0,10 35,00 0,29 51,00 -0,27 67,00 1,10
3,50 1,91 19,50 0,17 35,50 0,35 51,50 -0,70 67,50 1,22
4,00 2,16 20,00 0,06 36,00 0,41 52,00 -0,60 68,00 1,27
4,50 2,20 20,50 0,22 36,50 0,60 52,50 1,02 68,50 0,90
5,00 2,08 21,00 0,24 37,00 0,76 53,00 1,19 69,00 0,60
5,50 1,57 21,50 0,19 37,50 -0,05 53,50 1,38 69,50 0,40
6,00 0,91 22,00 0,24 38,00 -0,01 54,00 1,44 70,00 0,64
6,50 0,23 22,50 0,25 38,50 0,10 54,50 1,62 70,50 0,05
7,00 0,32 23,00 0,37 39,00 0,04 55,00 1,44 71,00 0,20
7,50 0,54 23,50 0,41 39,50 -0,15 55,50 1,35 71,50 0,15
8,00 0,61 24,00 0,43 40,00 -0,28 56,00 1,24 72,00 -0,01
8,50 1,42 24,50 0,38 40,50 -0,20 56,50 0,84 72,50 0,15
9,00 1,84 25,00 -0,20 41,00 0,86 57,00 0,78 73,00 0,64
9,50 1,92 25,50 -0,05 41,50 1,18 57,50 0,92 73,50 0,60
10,00 1,87 26,00 0,05 42,00 0,98 58,00 0,82 74,00 0,58
10,50 1,72 26,50 0,13 42,50 1,07 58,50 0,78 74,50 0,61
11,00 1,42 27,00 0,42 43,00 0,83 59,00 1,13 75,00 0,60
11,50 1,12 27,50 0,48 43,50 0,99 59,50 1,08 75,50 0,28
12,00 0,83 28,00 0,50 44,00 1,02 60,00 1,41 76,00 -0,77
12,50 -0,01 28,50 0,30 44,50 0,94 60,50 1,39
13,00 0,01 29,00 -0,01 45,00 0,92 61,00 1,42
13,50 0,59 29,50 0,22 45,50 0,79 61,50 0,72
14,00 0,62 30,00 0,00 46,00 0,78 62,00 0,75
14,50 0,63 30,50 0,09 46,50 0,74 62,50 0,73
15,00 0,76 31,00 0,27 47,00 0,70 63,00 0,59
15,50 0,78 31,50 0,18 47,50 0,86 63,50 -0,39
Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)
2,2 2,97 712

Perfil de rugosidade R2 -1
3,00

2,00
Y (mm)

1,00

0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00
-1,00
Percurso de medição (mm)

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 306

Medições de rugosidade
Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento
horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm)
0,00 0,00 12,50 -2,40 25,00 -0,02 37,50 -0,28
0,50 0,05 13,00 -2,37 25,50 0,04 38,00 -0,42
1,00 0,23 13,50 -2,34 26,00 -0,22 38,50 -0,41
1,50 0,17 14,00 -2,24 26,50 0,00 39,00 -0,05
2,00 0,07 14,50 -1,90 27,00 0,39 39,50 -0,20
2,50 0,00 15,00 -1,73 27,50 0,33 40,00 -0,15
3,00 -0,44 15,50 -1,60 28,00 0,35 40,50 -0,13
3,50 -0,65 16,00 -1,40 28,50 0,65 41,00 -0,77
4,00 -0,45 16,50 -1,50 29,00 1,22 41,50 -0,86
4,50 -0,60 17,00 -0,42 29,50 1,25 42,00 -0,77
5,00 -0,85 17,50 -0,12 30,00 0,34 42,50 -0,95
5,50 -0,89 18,00 -0,06 30,50 0,80 43,00 -0,85
6,00 -1,12 18,50 0,18 31,00 0,73 43,50 -0,68
6,50 -1,29 19,00 0,26 31,50 0,12 44,00 -0,70
7,00 -1,53 19,50 0,06 32,00 -0,27 44,50 -1,05
7,50 -1,52 20,00 0,45 32,50 0,47 45,00 -1,07
8,00 -1,78 20,50 0,83 33,00 0,40 45,50 -0,61
8,50 -2,04 21,00 0,84 33,50 0,50 46,00 -0,72
9,00 -2,19 21,50 0,81 34,00 0,59 46,50 -0,69
9,50 -2,33 22,00 0,80 34,50 0,55 47,00 -0,67
10,00 -2,44 22,50 0,50 35,00 0,24 47,50 -0,41
10,50 -2,12 23,00 0,20 35,50 0,10 48,00 -0,33
11,00 -2,22 23,50 0,26 36,00 -0,01 48,50 0,10
11,50 -2,27 24,00 0,16 36,50 -0,27 49,00 0,50
12,00 -2,38 24,50 0,07 37,00 -0,41 49,50 0,04
50,00 -0,01
Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm) 50,50 -0,63
2,44 3,69 752 51,00 -0,59
51,50 0,16

Perfil de rugosidade R2 - 2
2,00

1,00
Y (mm)

0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00
-1,00

-2,00

-3,00
Percurso de medição (mm)

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 307

Medições de rugosidade
Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen
to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
0,00 0,00 14,50 2,20 29,00 1,45 43,50 -0,65 58,00 -0,20 72,50 1,13
0,50 0,22 15,00 2,03 29,50 1,48 44,00 -0,65 58,50 -0,15 73,00 0,78
1,00 1,45 15,50 1,95 30,00 1,51 44,50 -0,71 59,00 -0,05 73,50 0,58
1,50 1,52 16,00 1,87 30,50 1,32 45,00 -0,53 59,50 -0,26 74,00 0,75
2,00 1,67 16,50 1,49 31,00 0,68 45,50 -0,43 60,00 0,13 74,50 0,70
2,50 1,90 17,00 1,39 31,50 0,55 46,00 0,32 60,50 0,06 75,00 -0,63
3,00 1,95 17,50 1,39 32,00 0,35 46,50 1,23 61,00 0,11 75,50 -0,45
3,50 1,71 18,00 0,95 32,50 0,38 47,00 1,05 61,50 0,00 76,00 0,85
4,00 1,69 18,50 0,90 33,00 0,23 47,50 1,07 62,00 0,10 76,50 1,10
4,50 1,89 19,00 0,88 33,50 0,13 48,00 0,97 62,50 -0,55 77,00 1,20
5,00 1,67 19,50 0,75 34,00 0,23 48,50 0,87 63,00 -0,30 77,50 1,02
5,50 1,05 20,00 0,87 34,50 0,20 49,00 0,90 63,50 0,39 78,00 1,95
6,00 0,75 20,50 0,78 35,00 0,17 49,50 -0,17 64,00 0,58 78,50 1,30
6,50 0,85 21,00 0,73 35,50 0,21 50,00 -0,05 64,50 1,46 79,00 1,33
7,00 0,88 21,50 0,53 36,00 -0,37 50,50 -0,27 65,00 1,62 79,50 1,29
7,50 1,11 22,00 0,50 36,50 -0,33 51,00 1,27 65,50 1,33 80,00 0,85
8,00 1,09 22,50 0,40 37,00 -0,53 51,50 1,45 66,00 1,29 80,50 0,80
8,50 1,20 23,00 0,24 37,50 -0,50 52,00 1,49 66,50 1,65 81,00 0,97
9,00 0,85 23,50 0,20 38,00 -0,58 52,50 0,95 67,00 1,53 81,50 -0,60
9,50 1,01 24,00 0,24 38,50 -0,94 53,00 1,10 67,50 1,23
10,00 0,80 24,50 0,05 39,00 -0,99 53,50 1,06 68,00 1,13 Rmáx (mm)
10,50 0,52 25,00 0,05 39,50 -1,17 54,00 1,05 68,50 0,68 2,2
11,00 0,45 25,50 1,28 40,00 -1,12 54,50 1,16 69,00 0,39
11,50 0,15 26,00 1,34 40,50 -0,22 55,00 0,60 69,50 0,70 Ry (mm)
12,00 -0,07 26,50 1,17 41,00 -1,11 55,50 0,66 70,00 1,32 3,37
12,50 0,18 27,00 1,13 41,50 -1,10 56,00 0,79 70,50 1,75
13,00 1,05 27,50 1,38 42,00 -1,05 56,50 0,51 71,00 0,95 Ra (μm)
13,50 1,23 28,00 1,45 42,50 -1,00 57,00 0,35 71,50 1,23 876
14,00 1,09 28,50 1,38 43,00 -0,80 57,50 0,35 72,00 1,37

Perfil de rugosidade R2 - 3
3,00
2,00
Y (mm)

1,00
0,00
-1,00 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-2,00
Percurso de medição (mm)

M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 308

APÊNDICE T – Procedimento de ensaio - Determinação da


resistência de aderência ao cisalhamento em
revestimentos de argamassa, em laboratório, baseado no
método de cisalhamento direto em solos.

M. O. CAMPOS
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 309

SUMÁRIO

1 Objetivo e Resumo

2 Referências Normativas

3 Aparelhagem

4 Preparação da amostra

5 Execução do ensaio

6 Cálculos

7 Resultados

1. OBJETIVO E RESUMO

Este procedimento prescreve o método pelo qual se determina a resistência de aderência ao


cisalhamento de argamassa de revestimento, baseado no método de cisalhamento direto em
solos. O método é aplicável para determinação em laboratório.

O método de ensaio consiste no posicionamento de uma amostra de sistema de revestimento


no dispositivo de cisalhamento direto com aplicação de uma força normal predeterminada e
consequente aplicação do cisalhamento. O cisalhamento é promovido pelo deslocamento de
uma caixa bipartida, denominada shearbox, contendo a amostra sob uma taxa constante de
deformação cisalhante. São medidas a força de cisalhamento e os deslocamentos verticais e
horizontais relativos.

Por este método, três ou mais ensaios são realizados em amostras de um mesmo sistema de
revestimento, cada um dos ensaios sob uma diferente força normal, a fim de se determinar os
efeitos sobre determinado deslocamento e força de cisalhamento aplicada. Os resultados de
uma série de ensaios são combinados para a determinação das propriedades de resistência,
utilizando a envoltória de resistência de Mohr.

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Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 310

2. REFERÊNCIAS NORMATIVAS

Na aplicação deste procedimento é necessário consultar:

ABNT NBR 7200: Revestimentos de parede e tetos de argamassa inorgânica - Procedimento.


Rio de Janeiro, 1998.

ABNT NBR 13528: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas -


Determinação da resistência de aderência à tração. Rio de Janeiro, 2010.

ABNT NBR 13529 : Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas.


Terminologia Rio de janeiro, 2013.

ABNT NBR 13749: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas -


Especificação. Rio de Janeiro, 2013.

ABNT NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e
com utilização de argamassa colante - Procedimento -. Rio de Janeiro, 1997.

ASTM D3080: Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated
Drained Conditions. Philadelphy, 2011.

ASTM D5607: Standard Test Method for Performing Laboratory Direct Shear Strength Tests
of Rock Specimens Under Constant Normal Force. Philadelphy, 2008.

3. APARELHAGEM

São os seguintes os equipamentos, dispositivos e aparatos utilizados no ensaio:

3.1 Equipamento (máquina) de cisalhamento

Equipamento capaz de receber e fixar a amostra de forma que o torque não seja aplicado à
amostra. O equipamento deve promover a aplicação da força normal na face superior da
amostra de forma a coibir a movimentação rotacional da amostra e medir movimentações e/ou
alterações horizontais dadas pelo cisalhamento de um material sobre o outro após a ruptura.
O equipamento deve ser capaz de aplicar uma força cisalhante ao longo de um plano
predeterminado de cisalhamento paralelo às faces da amostra. As armações e suportes que
seguram a amostra devem ser suficientemente rígidos a fim de prevenir quaisquer distorções
durante o ensaio. A capacidade nominal da força de cisalhamento da máquina deve ser
compatível com as dimensões da amostra e com as propriedades de resistência do material
a ser ensaiado. Recomenda-se que, para dimensões de amostra entre 50 mm e 100 mm e na

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utilização de sistemas de revestimento que, caracterizados pela resistência de aderência à


tração, apresentem resultados acima de 1 MPa, a capacidade nominal da força de
cisalhamento seja maior que 30 kN.

3.2 Caixa de cisalhamento, shearbox

Caixa para cisalhamento, quadrada, feita de inox, bronze ou alumínio. A caixa deve ser
bipartida, isto é, dividida por um plano reto e liso, em duas metades de igual espessura que
são ajustados um ao outro por parafusos alinhados, conforme ilustrado na Figura 1. A caixa
também deve conter parafusos de ajuste da folga entre as duas metades da caixa, que
promoverão o espaço entre a parte superior e inferior da caixa, que serão previamente
recolhidos antes do cisalhamento. As duas metades devem promover uma superfície de
deslizamento entre si, ao longo do plano escolhido de cisalhamento para a amostra, durante
o deslocamento lateral. O diâmetro mínimo da amostra quadrada deve preferencialmente
considerar a granulometria dos agregados utilizados (substrato e revestimento) e a
representatividade da amostra. Recomenda-se observar a capacidade nominal de força de
cisalhamento do equipamento para evitar seções incompatíveis de amostra. Sugere-se a
utilização de diâmetros de amostra não inferiores a 3 vezes o diâmetro máximo do agregado
e dimensões aproximadas das utilizadas para determinação da resistência de aderência à
tração, ABNT NBR 13528 e ABNT NBR 13755.

Figura 1: Shearbox: caixa metálica bipartida, dividida por plano reto e liso, com parafusos de ajuste de folga entre
a parte superior e inferior da caixa.

3.3 Dispositivos de carregamento

São dois os dispositivos de carregamento necessários para realização do ensaio:

3.3.1 Dispositivo para aplicação da força normal

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A força normal é tipicamente aplicada utilizando pesos mortos, alavanca de carregamento


ativada por peso morto (massas), cilindro pneumático de força ou parafusos de força
acionadores. O dispositivo deve ser capaz de manter a força especificada, com erro máximo
admissível de + ou - 1% da força especificada. Pesos mortos devem ser periodicamente
checados e verificados através de tabelas. Todos os outros sistemas de aplicação ajustável
de força (por exemplo, os pneumáticos e de parafusos forçados) requerem dispositivos
indicadores de força, como anéis dinamométricos, células de carga ou sensores de pressão.

3.3.2 Dispositivo para aplicação da força de cisalhamento

O dispositivo deve ser capaz de promover o cisalhamento da amostra sob uma taxa uniforme
de deslocamento, com limite de + ou – 5% de variação. A velocidade a ser aplicada depende
das características de coesão/resistência da amostra e deve seguir parâmetros de velocidade
utilizados em outros ensaios de concreto e argamassa. Geralmente, a velocidade é mantida
por motor elétrico e caixa de engrenagens e a força de cisalhamento é determinada e indicada
pelo posicionamento de um anel dinamométrico ou célula de carga. Sugere-se que o
equipamento tenha capacidade para ajuste da velocidade entre 0,0025 a 1,0 mm/minuto.

3.4 Tampa do shearbox, “capacete”

O peso da tampa da caixa de cisalhamento ou shearbox deve ser menor que 1% da força
normal aplicada durante o cisalhamento.

3.5 Dispositivo de medição da força normal

Um anel dinamométrico, célula de carga ou sensor de pressão calibrado, com precisão de 2,5
N ou 1% da força normal aplicada durante o cisalhamento, a que for maior, é requerido para
a medição quando da utilização de qualquer outro peso que não somente a tampa ou capacete
da caixa de cisalhamento.

3.6 Dispositivo de medição da força cisalhante

Um anel dinamométrico, célula de carga ou sensor de pressão calibrado, com precisão de 2,5
N ou 1% da força cisalhante prevista para ruptura, a que for maior, é requerido para a medição.

3.7 Indicadores de deformação

Relógios comparadores ou transdutores de deslocamento acoplados a indicadores digitais


capazes de realizar medição da altura da amostra (deslocamento normal), com resolução

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mínima de 0,002 mm e para realizar medição do deslocamento horizontal relativo com


resolução mínima de 0,02mm.

3.8 Plataforma deslizante de acoplamento da caixa de cisalhamento ou shearbox

Plataforma metálica que suporte e ampare a shearbox e promova a reação contrária em uma
das metades da caixa que não está fixa. A plataforma é a responsável por aplicar o movimento
horizontal na amostra. Esta plataforma deve conter as provisões que garantam o alinhamento
das duas metades da caixa, na qual uma ficará fixa e a outa estará livre para o movimento
coincidente com a força cisalhante aplicada ao longo do plano horizontal de cisalhamento,
conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2: Plataforma deslizante com as provisões de afixação e alinhamento do shearbox: a) plataforma ajustada
ao braço de movimentação horizontal, b) base de fixação que compreende a parte inferior do shearbox onde é
inserida a amostra.

a) b)

3.9 Placas de ajuste de altura

Placas metálicas maciças, de variadas espessuras (1,2 mm, 2,0 mm, 5,0 mm e 9,5 mm) que
podem ser usadas para correção de desvios na altura da amostra, quando da colocação desta
na caixa de cisalhamento, para coincidência da interface de aderência do sistema de
revestimento com o plano de cisalhamento imposto pela bipartição na caixa.

3.10 Areia normal brasileira (número 100)

Areia preparada conforme NBR7214, que compreende o material retido na peneira 0,15 mm
que é utilizada para preenchimento dos espaços entre as paredes do shearbox e as faces da
amostra, para permitir melhor ajuste e evitar possíveis movimentações da amostra durante o
ensaio.

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3.11 Espátula

Espátula metálica fina, com dimensão compatível com a dimensão do shearbox para
distribuição e acomodação da areia junto às faces da amostra.

3.12 Pincel/Escova e recipiente recolhedor

Pincel ou escova para recolhimento da areia utilizada e recipiente acolhedor para reutilização
da areia após o término do ensaio.

3.13 Escala ou régua

Escala para medição das dimensões da amostra, para cálculo das tensões finais, com
resolução de 1 mm.

3.14 Cronômetro digital

Cronômetro para registro do tempo de ensaio (quando necessário) e conferência da taxa de


carregamento (velocidade) aplicada, quando a máquina não possuir acionamento servo-
controlado e/ou não dispuser de monitoramento da deformação via computador.

3.15 Ferramentas diversas

Chaves, escovas, máquina fotográfica.

4. PREPARAÇÃO DA AMOSTRA

Os corpos de prova para ensaio devem constituir amostras do sistema de revestimento


contendo material do substrato e material de revestimento, podendo ou não conter camadas
intermediárias, como camada de chapisco ou camada de emboço.

Como o conceito do método se baseia na realização do ensaio sob variadas tensões normais,
é necessário que as amostras sejam produzidas sob rigoroso controle, a fim de se obter
amostras homogêneas, com maiores condições de similaridade entre elas, para garantia da
reprodutibilidade e prevenção de grandes variações.

O material do substrato, no caso da utilização de concreto, deve ser preparado e moldado


com máxima aproximação possível ao especificado pelas normas ABNT no que diz respeito
à preparação, homogeneização, adensamento, dimensão máxima dos agregados
constituintes, rasamento, condições de cura e proteção. Para o caso da utilização de
substratos como blocos de concreto, cerâmicos ou prismas deve-se atentar para a realização

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Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 315

de cortes precisos para conformação às dimensões da caixa de cisalhamento, a fim de evitar


inadequações de planicidade das faces e eventuais empenamentos.

O material de revestimento, no caso da utilização de argamassas mistas inorgânicas


preparadas no local, deve ser preparado e moldado com a aproximação às recomendações
especificadas nas normas ABNT.

No caso da preparação de substratos moldáveis, recomenda-se que as amostras sejam


preparadas utilizando-se moldes de material não aderente e não deformável, que permitam a
aplicação do material de revestimento após a consolidação do material de substrato nas
dimensões da caixa de cisalhamento.

Na preparação da amostra do sistema de revestimento é necessário que as faces laterais do


substrato e do material de revestimento estejam planas, alinhadas, coincidentes e
esquadrejadas uma com a outra, de maneira a se formar um corpo único, para evitar espaços
vazios quando da colocação da amostra dentro da caixa de cisalhamento. No caso de
substratos moldáveis (concreto, gesso, argamassa) isto pode ser obtido utilizando formas
deslizantes ou sistema de formas acoplantes que permitam a aplicação do material de
revestimento tão logo o substrato esteja plenamente consolidado dentro da forma.

A fim de manutenção das condições aplicáveis em obra, recomenda-se que as dimensões


(espessura=altura) do substrato sejam maiores que as dimensões do material de
revestimento, e que esse último não ultrapasse a espessura recomendada pela ABNT NBR
13749. Neste caso, o capacete da caixa de cisalhamento deverá ter dimensões de maior altura
para compensar o vazio da caixa de cisalhamento, que porventura possua as duas metades
de mesma dimensão, como ilustrado na Figura 3. Recomenda-se ainda que o material de
revestimento seja aplicado com energia aproximada às condições de aplicação em obra,
conseguida por meio da utilização de caixa de queda ou projeção mecânica.

Figura 3 – tampa do shearbox “capacete: a) capacete antes da colocação dentro do shearbox, b) condição em
que amostra e capacete ficam inseridos dentro do shearbox.

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a) b)

A Figura 4 ilustra exemplo de molde acoplante, em que o material de revestimento foi aplicado
após 28 dias de idade do concreto do substrato, o qual permaneceu na forma até essa
aplicação. Neste tipo de molde, o substrato é aplicado primeiro e, depois de endurecido recebe
a aplicação do revestimento, amparado pela forma que está acoplada à forma do substrato,
para garantia do paralelismo e coincidência entre as faces laterais da amostra na desforma.

Figura 4 – Molde acoplante, que contém o molde do substrato e o gabarito para aplicação do revestimento na
espessura desejada.

a) b)

5. EXECUÇÃO DO ENSAIO

Acomodar e fixar a caixa de cisalhamento na plataforma deslizante de acoplamento, por meio


de encaixes em relevo ou parafusos, conforme exemplificado na Figura 5. Como a caixa de
cisalhamento é bipartida, deve-se fixar a parte inferior da ca`ixa na plataforma. A plataforma
deslizante de acoplamento deve encostar no braço de avanço horizontal da máquina.

Figura 5 – Shearbox e plataforma: a) fixação e ajuste da metade inferior do shearbox na plataforma, b)


aproximação da plataforma no braço de avanço horizontal da máquina.

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a) b)

Acomodar a amostra de sistema de revestimento dentro da metade inferior da caixa de


cisalhamento, de forma a coincidir o plano da descontinuidade substrato/material de
revestimento (interface de aderência) com o limite superior da metade da caixa, conforme
ilustrado na Figura 6. Caso haja diferenças entre a altura da metade inferior da caixa de
cisalhamento com a altura da amostra, placas metálicas de ajuste devem ser utilizadas. Para
garantia da acomodação das faces da amostra junto às faces da caixa de cisalhamento deve-
se utilizar a areia normal, de forma a preencher os espaços vazios existentes.

NOTA 1: é recomendável que as amostras de sistema de revestimento sejam


preparadas com altura do substrato um tanto menor que a altura da metade da caixa
de cisalhamento, permitindo utilizar as placas de ajuste de altura. No caso do substrato
da amostra possuir altura maior, correções com corte e desbaste na amostra deverão
ser realizadas mas, neste caso a amostra pode ficar comprometida. Recomenda-se
evitar tal prática.

Acomodar a metade superior da caixa de cisalhamento, envolvendo toda a amostra dentro da


caixa. A bipartição da caixa deve estar coincidente com o plano da amostra o qual se pretende
cisalhar, ou seja, coincidente com a interface de aderência.

Figura 6 – Amostra e o shearbox: a) acomodação da amostra dentro do shearbox, b) amostra inserida no


shearbox, c) coincidência da interface de aderência com o plano de bipartição do shearbox.

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a) b)

c)

Após colocação e ajuste da amostra dentro da caixa de cisalhamento, fixar o braço de reação
que contém o dispositivo de medição da força cisalhante (célula de carga) na metade superior
da caixa de cisalhamento.

Colocar a tampa da caixa de cisalhamento, capacete, sobre a amostra e posicionar o indicador


de deformação vertical junto à tampa. Na utilização das outras forças normais pode-se colocar
os pesos mortos sobre o capacete ou utilizar a alavanca de carregamento para aplicação da
força desejada. Posicionar o indicador de deformação horizontal junto à metade inferior da
caixa de cisalhamento. Zerar os indicadores de deformação e dispositivos de medição.

Selecionar a velocidade desejada na caixa de engrenagens, conforme combinação


especificada na máquina.

Quando posicionados o “capacete”, os indicadores horizontais e verticais de deformação, os


pesos relativos à força normal, o dispositivo para medição da força cisalhante e selecionada
a velocidade de carregamento o botão acionador da máquina deve ser ligado e, a partir desse
instante, o ensaio é iniciado.

Caso a máquina não possua sistema informatizado de aquisição dos dados e na utilização de
dispositivos analógicos, o laboratorista executor do ensaio deve estar preparado para adquirir
mais de um dado ao mesmo tempo, visto que as medições são realizadas a partir de tempos
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de ensaio pré-estabelecidos ou em intervalos de força predeterminados, o que for melhor (por


exemplo: registro do deslocamento vertical, deslocamento horizontal e carga de cisalhamento
a cada 10 s ou a cada incremento de 10 N na carga).

Continuar as anotações e o carregamento até a total ruptura da amostra. Recomenda-se


continuar o carregamento após a ruptura para obtenção da curva de deformação e para
observação de cargas residuais porventura ocasionadas pela topografia (rugosidade) da
superfície do substrato (raro neste caso).

NOTA 2: Os indicadores de deformação vertical e horizontal irão indicar uma


significativa alteração na leitura após a ruptura, considerados normais, visto que a
amostra se rompe horizontalmente e há um “descolamento” brusco na interface de
aderência e, verticalmente, as metades se sobrepõem deslizando por sobre os “novos
relevos” oriundos da ruptura brusca.

Deve-se registrar os deslocamentos horizontais e verticais bem como a carga de cisalhamento


nos intervalos especificados e a carga de ruptura final.

Realizar a retirada dos dispositivos de medição após a ruptura e retirar a amostra cisalhada
de dentro da caixa de cisalhamento. A amostra deve ser levada para bancada para análise,
descrição e registro fotográfico (opcional) da superfície cisalhada, com informações sobre o
local da ruptura, percentagem relativa à forma de ruptura e padrão de cisalhamento (coesivo
ou adesivo). A Figura 7 ilustra as formas possíveis de ruptura para esse ensaio.

Figura 7 – Formas de ruptura no ensaio de cisalhamento em sistemas de revestimento.

6. CÁLCULOS

Para o cálculo dos resultados, utilizam-se os valores das cargas de cisalhamento obtidas para
cada força normal ensaiada, expressos como tensão de cisalhamento, pela expressão:

𝐹𝑐
𝑇= 𝐴
(6.1)

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em que: T é a tensão de cisalhamento;

Fc é a força de cisalhamento máxima (ruptura);

A é a área da seção cisalhada da amostra

Desta forma, o ensaio resultará em resultados individuais de tensão de cisalhamento para


cada tensão normal escolhida (para cada corpo de prova).

NOTA 3: Recomenda-se realizar, para uma mesma amostragem, no mínimo três


ensaios de cisalhamento sob uma mesma tensão normal e utilizar no mínimo três
tensões normais distintas, atentando-se para que sejam próximas da tensão nula.

NOTA 4: A recomendação da escolha de valores de força normal próximas à força


normal nula se dá pelo fato de que o sistema de revestimento, quando aplicado e em
uso, está sujeito à ações de força normal nula.

O resultado médio de tensão de cisalhamento é calculado para correlação com a respectiva


tensão normal aplicada.

Realizando-se ensaios com diversas tensões normais, deve-se elaborar um gráfico com as
tensões médias de ruptura para cada tensão normal, obtendo-se uma envoltória de
resistência, a qual determinará os valores dos parâmetros, ângulo de atrito e coesão do
material do ensaio.

Os resultados médios de tensão de cisalhamento devem ser correlacionados com as


respectivas tensões normais utilizadas, o que resulta numa equação de regressão linear
(Mohr-Coulomb), que caracteriza os parâmetros de resistência do sistema ensaiado.

NOTA 5: A equação de Mohr-Coulomb dá a relação entre a resistência ao


cisalhamento e a tensão normal, em que T = σ tanφ + c, que representa exatamente
a equação da regressão linear. Nesta expressão, σ representa a tensão normal e os
valores dos parâmetros de resistência estão representados pelas letras c (coesão) e
φ (ângulo de atrito).

A coesão (c) é dada pela tensão cisalhante máxima para uma tensão normal nula, que para
o sistema de revestimento material de revestimento/substrato é a resistência de aderência ao
cisalhamento (Rac).

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𝑐 = 𝑅𝑎𝑐 (6.2)

7. RESULTADOS

No relatório de ensaio devem estar claramente especificados:

1) Interessado, projeto, estudo/pesquisa;


2) Data;
3) Identificação dos equipamentos utilizados, incluindo o tipo de máquina de cisalhamento
utilizada;
4) Identificação e descrição da amostra, contendo no mínimo as informações:
a) Dimensão;
b) Procedência;
c) Tipo de sistema de revestimento utilizado;
d) Descrição dos materiais utilizados no sistema de revestimento (concreto, bloco,
argamassa, gesso, etc);
e) Idade;
f) Tipo de preparo da amostra (moldado, extraído).
5) Tabelas com as tensões normais utilizadas e respectivas tensões de cisalhamento
(individuais e médias);
6) Tabelas com os deslocamentos verticais e horizontais (opcional);
7) Equação de regressão linear, correlacionando tensão normal e tensão de cisalhamento;
8) Parâmetros de resistência do sistema;
9) Resistência de aderência ao cisalhamento, expresso em MPa.
10) Descrição da superfície cisalhada, contendo o local de ruptura (interface, chapisco,
material de revestimento ou substrato), padrão de cisalhamento predominante (coesiva ou
adesiva) e a percentagem relativa à forma de ruptura;
11) Registros fotográficos (opcional).

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