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D0102C14
GOIÂNIA
2014
MARINA DE OLIVEIRA CAMPOS
D0102C14
GOIÂNIA
2014
Ao Leandro, papai e mamãe, com todo meu
amor e gratidão.
AGRADECIMENTOS
Uma dissertação de mestrado não se faz sozinha. É o tipo de trabalho que é feito a “quatro
mãos”, e, no meu caso, muitas mãos. Nas muitas etapas da pesquisa e no desenrolar das
atividades de elaboração do trabalho final, foram muitas as pessoas que me ajudaram e me
incentivaram a perseverar. Gostaria de expressar meu sincero agradecimento a todas essas
pessoas que estiveram comigo até aqui.
Ao professor Carlos Lauro Vargas pela orientação e auxílio com a máquina e os ensaios de
cisalhamento direto.
Ao meu marido, Leandro, sem o qual esse trabalho não teria sido realizado. Muito obrigada
pelo amor, atenção, paciência e principalmente companheirismo em tudo. Muitas das
epifanias e descobertas da pesquisa eu tive com você ao meu lado, que me ajudou não só
nos ensaios, mas nas análises e no desenvolvimento da pesquisa. Dedico este trabalho a
você.
À engenheira Márcia Peduzzi, colega e amiga, que sempre mostrou disposição e atenção
comigo, principalmente na fase crucial do acabamento final desta dissertação. Obrigada por
me auxiliar até altas horas da madrugada. Ao Júlio César, pelo empenho e dedicação nos
desenhos em CorelDraw.
À Fabíola Teixeira que desenvolveu as planilhas para tratamento estatístico e me auxiliou
muito na etapa final do trabalho.
Ao professor Oswaldo Cascudo pelos ensinamentos e apoio nas discussões sobre o concreto.
À Patrícia Carvalho, minha colega de mestrado, que compartilhou das muitas angústias e
apertos no decorrer do trabalho e me auxiliou com os equipamentos de ultrassom e lupa
estereoscópica.
Ao mestre (tio) Edison Manso, pelo apoio, ensinamentos e disponibilidade na reta final do
trabalho.
Aos meus queridos pais, que sempre investiram em mim e nortearam meu caminho com
princípios de ética e dedicação. Minha educação foi a melhor do mundo e hoje posso usufruir
e fazer o que faço graças ao empenho de vocês no meu desenvolvimento. Muito obrigada.
Dedico esse trabalho a vocês.
Obrigada, Deus.
“You have to do your best what God has given
you. Be brave, be brave in everything you do.”
(Forrest Gump mama)
Winston Groom
RESUMO
A aderência é a propriedade fundamental de um sistema de revestimento de argamassa
aderido. Por ser a aderência resultado da combinação de várias propriedades da interface
entre argamassa e substrato, estudos isolados, com variáveis únicas, são insuficientes. O
perfeito entendimento do comportamento das tensões, dos materiais e das propriedades de
resistência de aderência (tração e cisalhamento) podem conduzir a avanços na qualidade dos
revestimentos de argamassa. A maioria das tensões atuantes nos sistemas de revestimentos
são cisalhantes e, no entanto, existe uma grande lacuna no conhecimento acerca da
resistência de aderência ao cisalhamento. Ainda não existe nenhum método normalizado para
a avaliação dessa propriedade. Dessa forma, o objetivo principal da dissertação é o de propor
um método de avaliação, em laboratório, da resistência de aderência ao cisalhamento para
revestimentos de argamassa, a partir da adaptação do método normalizado pela ASTM
D 3080 de cisalhamento direto em solo. Ademais, o trabalho visou avaliar a influência das
características do substrato (a/c e rugosidade) e das argamassas (diferentes
proporcionamentos) nas resistências de aderência à tração e ao cisalhamento, além de
correlacionar os resultados obtidos nesses dois ensaios. Para tanto, o programa experimental
abrangeu estudos de resistência de aderência à tração (Rat), empregando o método ABNT
NBR 13528 e estudos de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac), realizados
conforme adaptação do método ASTM D 3080. Para os ensaios de Rat foram moldados 10
substratos simulando pilares, os quais foram revestidos com argamassas projetadas em três
proporcionamentos, em volume, (1:2:9, 1:1:6 e 1:0,5:3,4) cimento, cal e areia úmida. Com
relação ao substrato foram variadas a relação a/c (0,35, 0,50, 0,65 e 0,80) e a rugosidade (lisa
– R1 e rugosa – R2). Para os estudos de resistência de aderência ao cisalhamento (Rac),
foram moldados 160 substratos de menor dimensão utilizando o concreto de relação
água/cimento de 0,65. Nessa etapa, as variáveis testadas foram a rugosidade (R1 e R2), o
proporcionamento das argamassas (1:1:6 e 1:0,5:3,4), além da tensão normal aplicada
(0,01MPa, 0,06MPa, 0,09MPa e 0,15MPa) Adicionalmente foi realizada uma ampla
caracterização no estado endurecido das argamassas de revestimento e dos concretos dos
substratos. Como principais conclusões da pesquisa, tem-se que o método proposto para
determinação da resistência de aderência ao cisalhamento mostrou-se adequado, com baixo
coeficiente de variação dos resultados (em média 6%) e com sensibilidade às variações
impostas (diferentes argamassas e substratos). Observou-se que o proporcionamento da
argamassa e a rugosidade do concreto dos substratos possuem influência significativa nas
resistências de aderência à tração e ao cisalhamento, sendo o primeiro fator o mais influente.
A relação água/cimento do concreto dos substratos também possui influência na resistência
de aderência à tração. Adicionalmente, foi encontrada uma boa correlação entre Rat e Rac,
com um valor de R2 de 0,87 para uma função do tipo logarítmica (ln).
M. O. CAMPOS Resumo
ABSTRACT
Bond is the crucial property of a rendering system. It is the combining result of several mortar
and concrete substrates`s properties. Then, isolated studies about this subject, with single
variables are insuficient. The ideal perfect understanding of the stresses, of the materials and
of the tensile and shear bond sthength properties can lead to advances in the rendering
system`s quality. Most of the stresses acting in rendering systems are shear stresses and,
however, there is a large gap in shear bond strength knowledge. There is no standard method
for the evaluation of this property. Thus, the main objective of this dissertation is to propose a
laboratory method to evaluate the shear bond strength of rendering mortar in a rendering
system, by the adaptation of the standartized method ASTM D 3080, used for direct shear
tests in soil. Furthermore, this study aimed to evaluate the substrates`s characteristics (water
cement ratio and surface roughness) and the rendering mortar`s characteristics (mix
proportion) in the tensile and shear bond strength, along with doing the correlation between
the two properties. In order to do so, the experimental programme included studies of tensile
bond strength (Rat), using the ABNT NBR 13528 and shear bond strength studies (Rac), using
the ASTM D 3080 adaptation. To the Rat tests it was prepared 10 concrete substrates that
was coated with rendering mortar with 3 mix proportion (1:2:9, 1:1:6 and 1:0,5:3,4). For the
concrete substrates, it was varied the water cement ratio (0,35, 0,50, 0,65 and 0,80) and the
surface roughness (a smooth R1 and a roughened R2 one). For the Rac studies it was
prepared 160 concrete substrates, with a smaller dimension, using the water cement ratio of
0,65. In the Rac tests the studied variables were the surface roughness (R1 and R2), the
mortar mix proportion (1:1:6 and 1:0,5:3,4) and the applied normal tension (0,01 MPa,
0,06 MPa, 0,09 MPa and 0,15 MPa). Besides, it was performed an extensive characterization
of the rendering mortars and the substrate`s concrete. As conclusions, the research proved
that the proposed shear bond method for rendering mortar was apropriate, with low deviation
coefficient of the results (6%) and with sensibility to the imposed variables (diferent mortars
and substrates). The mortar mix proportion and the roughness surface of the substrates do
influence in Rat and Rac, and the first one is the most influent one. The water cement ratio of
the substrates concrete also influences the Rat. Besides, it was found a logarithmic correlation
between Rat and Rac, with R2value of 0,87.
CAMPOS, M.O. Study of rendering mortar’s shear and bond strength in concrete
substrates. 2016. 327 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Federal
de Goiás, Goiânia, 2014 (in portuguese).
M. O. CAMPOS Abstract
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Superfícies geométrica, real e efetiva de contato entre o substrato e a camada
aderida (SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011). ........................................ 30
Figura 2.2 – Fatores de influência na aderência das argamassas sobre substratos (CARASEK
et al., 2014).......................................................................................................................... 30
Figura 2.4 – Corpo de prova prismático com ruptura tipo adesiva no ensaio tipo slant-shear
(MOMAYEZ et al, 2005)....................................................................................................... 48
Figura 2.5 – Tipo de ruptura num material compósito submetido a torque, onde a ruptura
ocorre num plano inclinado com formato espiral (NESHVADIAN-BAKHSH, 2010). ............. 50
Figura 2.6 – Ensaio de separação na interface, ou prism splitting test (LI et al., 1999). ....... 50
Figura 2.13 – Dispositivo desenvolvido por Stolz (2011): a) aspecto do corpo de prova cortado
por duas serras corpo; b) vista superior do ensaio; c) vista lateral do ensaio. ...................... 56
Figura 2.15 – Atrito entre dois corpos sobre uma superfície horizontal (RAMALHO JR;
NICOLAU; SOARES, 2007). ................................................................................................ 61
Figura 2.18 – Perfis de rugosidade típicas e valores de JRC (BARTON E CHOUBEY, 1977)
............................................................................................................................................ 65
Figura 3.6 – Dois tipos de substratos utilizados na pesquisa: a) substrato para Rat, simulando
pilares, b) substrato para Rac. ............................................................................................. 77
Figura 3.7 – Preparação das faces dos substratos de concreto com a fixação da tela para
impressão da rugosidade pretendida; a) faces com e sem aplicação da tela de aço; b) face
com a tela, evidenciando os parafusos atarrachantes; c) forma fechada com as duas faces
lisas; d) forma fechada com as duas faces rugosas. ............................................................ 78
Figura 3.8 – Substratos para Rat: a) desforma após 7 dias; b) instalação em pórticos metálicos.
............................................................................................................................................ 78
Figura 3.10 – Substratos para Rac e a sequência de desforma para exposição da face para
estudo, lisa e rugosa; a) substratos prontos após 28 dias; b) colocação da tampa que
funcionará como fundo na desforma parcial; c) e d) abertura e aspecto final da forma com face
lisa; e) e f) abertura e aspecto final da forma com face rugosa ............................................ 80
Figura 3.11 – Remoção do desmoldante das faces dos substratos: a) para Rat; b) para Rac.
............................................................................................................................................ 82
Figura 3.12 – Gabaritos para a garantia da espessura: a) tipo metálicos, afixados nos
substratos para ensaio de Rat; b) forma de madeira da confecção dos substratos para ensaio
de Rac, que possui borda para padronização da espessura das argamassas. .................... 83
Figura 3.13 – Padronização da posição dos substratos para projeção das argamassas: a)
Substratos para Rat montados verticalmente em painéis metálicos; b) substratos para Rac
afixados em parede. ............................................................................................................ 83
Figura 3.14 – Limpeza da superfície dos substratos: a) substratos para Rat com vassoura e
sopro de ar comprimido; b) substratos para Rac com aspirador de pó. ............................... 84
Figura 3.15 – Umedecimento com água das superfícies dos substratos com borrifador tipo
spray.................................................................................................................................... 84
Figura 3.18 – Moldagem dos corpos de prova para ensaios de caracterização das argamassas
de revestimento. .................................................................................................................. 85
Figura 3.19 – Ensaio de Rat: a) dispositivo utilizado para nivelamento e padronização dos
furos; b) realização do furo com utilização de dispositivo de nivelamento e aspirador de pó.
............................................................................................................................................ 89
Figura 3.23 – Passo-a-passo das operações para o ensaio de cisalhamento direto: a) amostra
e shearbox prontos para o ensaio; b) amostra inserida na caixa; c) colocação de areia normal
do IPT (0,2 mm de dimensão máxima característica) nas laterais para ajuste adequado das
bordas da amostra à caixa; d) montagem do shearbox; e) colocação do capacete, célula de
carga e deflectômetros para medição dos deslocamentos horizontais e verticais e da carga de
ruptura; f) retirada dos dispositivos de medição após a ruptura; g) retirada da amostra
cisalhada de dentro do shearbox; h) análise e descrição da superfície cisalhada. ............... 92
Figura 3.24 – Amostras para ensaio de cisalhamento direto: a) concreto a/c 0,65 argamassas
de proporcionamento 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4; b) sistema de revestimento sobre substrato de
concreto. .............................................................................................................................. 94
Figura 4.1 – Evolução da absorção capilar ao longo do tempo de ensaio para as diferentes
a/c estudadas. ................................................................................................................... 101
Figura 4.2 – Gráfico dos resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos estudados.
.......................................................................................................................................... 102
Figura 4.3 – Gráfico do coeficiente de capilaridade das argamassas do estudo. ............... 107
Figura 4.5 – Efeito a/c do concreto na Rat: a) superfície R1; b) superfície R2. .................. 117
Figura 4.6 – Influência dos substratos na Rat: a) a/c do concreto; b) superfície do concreto.
.......................................................................................................................................... 118
Figura 4.9 – Tentativa de correlação linear entre a resistência à compressão dos concretos e
a Rat. ................................................................................................................................. 121
Figura 4.10 – Tentativa de correlação entre a taxa inicial de sucção (IRA) dos concretos e a
Rat. .................................................................................................................................... 121
Figura 4.11 – Correlação entre a absorção por capilaridade após 3h e a Rat. ................... 122
Figura 4.12 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat. 123
Figura 4.13 – Correlação entre o módulo dinâmico de elasticidade das argamassas e a Rat.
.......................................................................................................................................... 123
Figura 4.14 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat. 123
Figura 4.16 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 1 : 6 R1; b) sistema 1 : 1 : 6 R2. ........ 127
Figura 4.17 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R1.; b) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R2.
.......................................................................................................................................... 127
Figura 4.18 – Correlação de Rac com σ =0 e de tensão de cisalhamento com σ =0,01 MPa.
.......................................................................................................................................... 128
Figura 4.21 – Formas de ruptura observadas no ensaio de cisalhamento direto. ............... 131
Figura 4.24 – Argamassa cisalhada da zona de aderência com feição tipo “farinha de falha”.
.......................................................................................................................................... 133
Figura 4.26 – Regressão linear - tensão cisalhante em função da tensão normal: a) concreto
a/c 0,65; b) argamassa 1 : 1 : 6; c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4................................................ 135
Figura 4.28 – Correlação entre características das argamassas e a Rac: a) resistência à tração
na flexão, b) módulo dinâmico de elasticidade. .................................................................. 137
Figura 4.29 – Correlação entre Rac e Rat com rupturas na interface de aderência. .......... 138
Figura 4.30 – Correlação entre ensaio Slant Shear e Pull-off realizados por Julio et al. (2004).
.......................................................................................................................................... 138
Tabela 2.2 – Efeitos da rugosidade sobre o ensaio de slant-shear, de acordo com Austin,
Robins e Pan (1999). ........................................................................................................... 49
Tabela 3.3 – Características físicas dos agregados miúdos utilizados na produção do concreto
e na preparação das argamassas. ....................................................................................... 72
Tabela 3.7 – Dosagem dos materiais utilizados no concreto dos substratos. ....................... 74
Tabela 3.10 – Resumo e ilustrações dos ensaios de caracterização dos concretos. ........... 87
Tabela 3.11 – Ensaios realizados nas argamassas de revestimento no estado fresco. ....... 88
Tabela 4.2 – Resultados de resistência à compressão dos concretos dos substratos. ........ 97
Tabela 4.5 – Resultados do ensaio de módulo estático de elasticidade dos concretos dos
substratos. ........................................................................................................................... 98
Tabela 4.6 – Análise de variâncias dos resultados de módulo estático de elasticidade. ...... 99
Tabela 4.7 – Teste de Duncan para os resultados de módulo estático de elasticidade dos
concretos. ............................................................................................................................ 99
Tabela 4.9 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água. .......................... 100
Tabela 4.11 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água por capilaridade após
3 horas............................................................................................................................... 101
Tabela 4.12 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos da pesquisa. .. 102
Tabela 4.13 – Teste de Duncan para os resultados da taxa inicial de sucção (IRA). ......... 102
Tabela 4.14 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos de outras pesquisas.
.......................................................................................................................................... 103
Tabela 4.18 – Teste de Duncan nos resultados de resistência à tração na flexão. ............ 105
Tabela 4.20 – Teste de Duncan para os resultados de módulo dinâmico de elasticidade das
argamassas. ...................................................................................................................... 106
Tabela 4.21 – Resultados médios de absorção por capilaridade das argamassas da pesquisa.
.......................................................................................................................................... 106
Tabela 4.23 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,35. ...................... 110
Tabela 4.24 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,50. ...................... 111
Tabela 4.25 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65. ...................... 111
Tabela 4.26 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,80. ...................... 112
Tabela 4.27 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,35. ...................... 113
Tabela 4.28 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,50. ...................... 113
Tabela 4.29 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65. ...................... 114
Tabela 4.30 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,80. ...................... 114
Tabela 4.31 – Resultados e histogramas para Rat no concreto de a/c 0,65. ...................... 115
Tabela 4.32 – Resumo dos valores médios de Rat (MPa) na zona de aderência, para cada
caso estudado. .................................................................................................................. 116
Tabela 4.33 – ANOVA, com fator aninhado, para análise dos resultados de Rat. .............. 117
Tabela 4.34 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto na Rat. ............................... 118
Tabela 4.35 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto com a rugosidade da superfície
na Rat. ............................................................................................................................... 119
Tabela 4.37 – Resultados médios do ensaio de Rac nos sistemas de revestimento. ......... 125
Tabela 4.38 – Parâmetros de resistência para o sistema 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4. .............. 128
Tabela 4.39 – ANOVA para análise dos resultados de Rac. .............................................. 129
Tabela 4.41 – Parâmetros de resistência para o concreto de a/c 0,65 e para as argamassas
1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4. ....................................................................................................... 135
Tabela 4.42 – Resultados de Rac com ruptura em porcentagem superior a 70% na argamassa.
.......................................................................................................................................... 136
EN Norma Europeia
NM Norma Mercosul
R1 Rugosidade 1
R2 Rugosidade 2
Ry Rugosidade total
τ Tensão de cisalhamento
φ Ângulo de atrito
σ Tensão normal
c Coesão
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 25
....................................................................................................................... 29
....................................................................................................................... 66
M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...
3.2.1.7 Água....................................................................................................... 73
....................................................................................................................... 96
RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................... 96
M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...
M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...
..................................................................................................................... 140
M. O. CAMPOS Sumário
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ...
M. O. CAMPOS Sumário
INTRODUÇÃO
Um dos requisitos básicos para um bom sistema de revestimento é a boa aderência entre os
componentes, sejam eles chapisco/substrato, argamassa/substrato ou até mesmo
cerâmica/argamassa de emboço. As diferenças de propriedades entre os componentes
constituintes podem afetar a distribuição de tensão e a aderência entre eles.
Apesar das muitas pesquisas já desenvolvidas, ainda existe uma lacuna no conhecimento
acerca da resistência de aderência ao cisalhamento, importante propriedade nos
revestimentos, já que a tensão atuante de maior preponderância num sistema de revestimento
é a cisalhante, como dito anteriormente. A literatura contempla algumas propostas de métodos
de ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento: RILEM MR 14 e MR 20 (RILEM,
1982); Candia (1998); Dubaj (2000); Santana (2010) e Stolz (2011).
sobre uma base) pode ser considerado contínuo, acreditou-se que ele poderia ser utilizado,
haja vista esse método também ser utilizado para rochas. Vislumbrou-se como vantagens da
sua utilização a existência do equipamento de cisalhamento direto em muitos laboratórios de
pesquisa do país, além da aplicabilidade das teorias de cisalhamento já definidas na literatura
para este método.
Existe também a hipótese de que exista correlação entre a resistência de aderência à tração
e a resistência de aderência ao cisalhamento em revestimentos de argamassa.
1.2. OBJETIVOS
M. O. CAMPOS Capítulo 1
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 28
No quinto capítulo são feitas as considerações finais sobre a pesquisa, bem como conclusões
e sugestões para trabalhos futuros.
M. O. CAMPOS Capítulo 1
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Entende-se por argamassa aquele material composto por aglomerantes (cimento e cal),
agregado miúdo e água que serve para unir elementos de alvenaria e revestí-los, dentre
outras funções. Ora, se uma das funções principais é unir e revestir, depreende-se que a
propriedade mais importante é a aderência.
O fenômeno da adesão tem sido objeto de vários estudos nas últimas décadas. No entanto,
não existe teoria única que explique o conjunto do fenômeno, e muito provavelmente a união
das teorias já estudadas para casos particulares, não explicam a aderência como um todo. A
conciliação entre os estudos em nível microscópico e em nível macroscópico pode formular
um melhor entendimento sobre esse assunto, que envolve o conhecimento de diversas áreas,
como a química, física, mecânica e engenharia.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 30
Figura 2.1 – Superfícies geométrica, real e efetiva de contato entre o substrato e a camada aderida
(SILFWERBRAND; BEUSHAUSEN; COURARD, 2011).
O efeito da aderência mecânica pode ser explicado pelo fato da pasta penetrar através das
rugosidades do substrato, com posterior endurecimento, induzindo a coesão entre as
unidades pelo efeito do intertravamento. Courard (1998) salienta que técnicas de preparação
da superfície podem aumentar a área real de contato e contribuir para um aumento de áreas
potenciais de interação. O autor lembra que medir a real superfície de contato é difícil,
necessitando de escalas muito precisas de medição, área denominada pelos matemáticos de
fractais.
A revisão bibliográfica aqui abordada percorrerá os assuntos acima descritos, com ênfase
para os fatores que afetam a aderência entre os materiais e o estudo da aderência enquanto
resultado das propriedades de resistência de aderência (tração e cisalhamento).
Figura 2.2 – Fatores de influência na aderência das argamassas sobre substratos (CARASEK et al., 2014).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 31
As subseções a seguir farão uma breve discussão acerca de cada um desses fatores. O
controle desses fatores torna possível a execução de revestimentos de melhor qualidade.
Uma resistência de aderência adequada e eficaz permite que a argamassa desenvolva as
funções para as quais ela foi projetada, com vistas à garantia da durabilidade e desempenho
do revestimento de argamassa.
Segundo Cincotto3 apud Ioppi (1995), a aderência se dá pela penetração da pasta do
aglomerante nos poros do substrato e endurecimento subsequente. Conseqüentemente, a
interação existente entre o revestimento e a sua base (aderência e absorção inicial) vai
depender da textura e da capacidade de absorção da base, bem como da homogeneidade
dessas propriedades.
Selmo (1989) comenta que a porosidade, que determina a quantidade total de água que pode
ser absorvida, e a força capilar, que depende da natureza e dimensões dos poros e determina
a velocidade de absorção de água, influem na movimentação higroscópica da base quando
afeta a aderência dos revestimentos e deve ser considerada quando da escolha da
composição e da técnica de aplicação das argamassas de revestimento.
Groot (1993) apud Scartezini (2002), explica que, imediatamente após o contato
argamassa/base absorvente, a água começa a fluir da argamassa em direção à base, até que
́ rio seja alcançado entre sucção capilar e as forças fiś ico-quim
o equilib ́ icas de retenção de
água da argamassa. Isso faz com que o raio médio dos capilares da argamassa se torne igual
aos capilares da base, interrompendo o fluxo de água por sucção. No momento em que os
poros da argamassa passam a ser menores do que os presentes no substrato, há uma
inversão de poros ativos e, consequentemente, no fluxo.
Backelandt (2005) mesmo usando resina no reparo do concreto, ao trabalhar com concretos
de diferentes relações água/cimento, observou diferença na porosidade da interface e na
profundidade dessa zona de transição, de acordo com a penetração do material nos capilares
do substrato.
substratos de concreto, estabelece que a superfície deve ser compacta, seca, coesiva e livre
de poeira, óleos ou hidrocarbonetos. Essa mesma norma não define requisitos acerca da
rugosidade desejável. Garbacz, Górka e Courard (2005) resumiram que o objetivo do
tratamento da superfície é o de remover qualquer tipo de camada que possa causar um
decréscimo de aderência, ao mesmo tempo em que aumenta a área de contato pelo
incremento da rugosidade.
Garbacz, Courard e Kostana (2006) afirmam que o termo rugosidade é genérico e pode dar
diferentes informações dependendo da escala de análise que se estuda. A escala milimétrica
permite ao menos distinguir qual o principal tratamento de superfície utilizado e perceber os
dois efeitos principais da rugosidade numa interface de aderência, quais sejam, o
intertravamento mecânico (relacionado à ondulação ou texturização da superfície) e o ângulo
de contato entre a fase fresca/líquida e a fase endurecida/sólida (relacionado principalmente
às micro-rugosidades). A rugosidade pode ser obtida por jateamento de areia, escarificação
mecânica, hidro jateamento, quando do concreto endurecido ou até mesmo com rugosidades
“impressas” em concreto fresco, mais utilizadas em pesquisas, ou impressões com padrões
dados por texturas pré-existentes como as estudadas por Stolz (2011). A técnica utilizada de
tratamento da superfície pode induzir a muitas diferentes formas e configurações.
Diversos autores, dentre eles Gonçalves (2004), propõem que o travamento mecânico, pela
penetração do adesivo nas irregularidades do substrato seja a força principal de atuação na
aderência. Alguns trabalhos como Candia (1998), Scartezini (2002) e Leal (2003) discutem
que, ao se aumentar a rugosidade superficial do substrato, pode-se aumentar a força medida
na interface. Intertravamento mecânico e modificações de ângulo de contato são dois efeitos
fundamentais da rugosidade da superfić ie. O primeiro está relacionado com a "ondulação" da
superfić ie, enquanto o segundo é mais influenciado pela "micro-rugosidade": O valor do
ângulo de contato feito pelo liq
́ uido na superfić ie sólida é modificado pela rugosidade, de
acordo com a relação de Wenzel (GARBACZ, 2006).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 35
primeiro tipo de cimento citado apresentaram maior porosidade quando comparadas àquelas
preparadas com o segundo tipo.
Carasek, Cascudo e Scartezini (2001) relataram que diversos estudos indicam a relação direta
entre o tipo de cal empregada e a resistência de aderência de argamassas mistas. Os autores
comentaram que a argamassa preparada com cal dolomítica tende a apresentar melhores
resultados de aderência quando comparadas àquelas preparadas com cales calcíticas,
devendo este fato estar ligado à dimensão dos cristais de carbonato de cálcio formados, que
são maiores nas argamassas elaboradas com cales dolomíticas, o que elevaria os valores de
retenção de água.
Com relação à areia, Carasek, Cascudo e Scartezini (2001) verificaram que para se obter
bons resultados de aderência esta deve apresentar distribuição granulométrica contínua. Este
fato foi confirmado no estudo de Tristão e Roman (1995), os quais concluíram que
argamassas elaboradas com areia de granulometria não uniforme apresentaram melhores
resultados do que as de uniformidade média, que por sua vez apresentaram resultados
melhores que as muito uniformes. Angelim, Angelim e Carasek (2003) também estudaram a
influência da distribuição granulométrica da areia no comportamento das argamassas de
revestimento, no entanto, registraram que a influência do teor de cimento foi mais significativa
do que a da distribuição granulométrica da areia para os proporcionamentos estudados. Silva
(2006) concluiu que as resistências de aderência à tração, de compressão e de tração na
flexão apresentaram-se maiores nas argamassas com areia britada, em praticamente todos
os traços, quando comparadas com as argamassas produzidas com areia natural, devido,
principalmente, ao menor consumo de água.
Calhau e Tristão (1999) relataram que em estudos com uma argamassa de proporcionamento
1 : 2 : 9 observou-se um aumento na retenção de água com o aumento no teor de ar
incorporado. Hanley e Pavía (2008) afirmaram que um incremento no teor de cal de uma
argamassa, por exemplo, necessitaria de um aumento na demanda de água aumentando
também a fluidez, no entanto, isso acarretaria um decréscimo na resistência com possível
incremento no teor de ar e, consequente, formação de fissuras, o que comprometeria a
durabilidade dessa argamassa. Monte, Uemoto e Selmo (2003) pesquisaram 6 argamassas
com diferentes teores de ar incorporado, das quais somente duas apresentaram valores de
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 37
resistência de aderência maiores que 0,2 MPa, corroborando a ideia de Robinson e Brown
(1988) e Wright, Wilkins e John (1993) de que os agentes incorporadores de ar reduzem a
resistência de aderência.
Sugo, Page e Lawrence (2001) explicaram que a redução da resistência de aderência pelo
uso de agentes incorporadores de ar seria o resultado de uma combinação de fatores. Eles
relatam que a capacidade da pasta em formar uma camada de material cimentício ao longo
da interface é reduzida na medida em que se usa uma grande quantidade de agentes
incorporadores para facilitar a trabalhabilidade com baixas relações água/sólidos. As bolhas
de ar formadas consumiriam os finos cimentícios da argamassa reduzindo a disponibilidade
destes para cobrir as partículas de agregados e gerar uma contínua e aderente interface de
aderência. McGinley (2005), no entanto, ressaltou que, teores de ar incorporado abaixo de
10% não afetam significantemente a resistência de aderência de argamassas mistas sobre
blocos de alvenaria.
Selmo (1989) constatou que a relação água/cimento, em massa, das argamassas no estado
fresco pode ser tomada como variável determinante na resistência de aderência à tração.
Fiorito (1994) verificou que as tensões de tração que atuam sobre argamassas muito ricas,
com módulo de elasticidade próximo a 14 GPa seriam da ordem de nove a doze vezes
maiores em relação às argamassas mais elásticas, com módulos aproximados de 1,05 GPa.
Carasek (1996) detectou a influência da resistência à tração na flexão e da resistência à
compressão na resistência de aderência à tração, a qual atribuiu às variações nos teores de
cimento das argamassas. Costa (2007) compilou valores de módulos de elasticidade de vários
trabalhos, resumidos na Tabela 2.1, que concluiu que quanto menor o teor de cimento da
argamassa menor também o módulo de elasticidade, elucidando o fato de as argamassas
mais fracas resistirem ou absorverem melhor as tensões.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 38
Tabela 2.1 – Valores do módulo de elasticidade estático e coeficiente de variação para diferentes tipos e traços
de argamassas (COSTA, 2007).
John (2003) concluiu que a argamassa de revestimento ideal possui baixo módulo de
elasticidade. Alternativas para se reduzir o módulo de elasticidade das argamassas é a
substituição de parte do cimento por cal e utilização de aditivos químicos, como plastificantes
e incorporadores de ar.
O revestimento pode ser feito em duas camadas, com emboço e reboco, ou em apenas uma,
chamada de camada única. O reboco e a camada única podem constituir-se em acabamento
final ou ainda pode ser executado outro tipo de acabamento em etapa a ser realizada após o
período adequado de cura.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 39
tais equipamentos não sejam os mais adequados para essa operação. Segundo Shimizu,
Barros e Cardoso (2001), o mecanismo de mistura da betoneira é por queda e, como a
argamassa não possui agregado graúdo, a mistura dos componentes não ocorre de maneira
eficiente.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 40
Segundo Duailibe, Cavani e Oliveira (2005), como tais equipamentos podem gerar maior força
de aplicação de argamassa sobre o substrato quando comparado à aplicação manual, eles
teriam o potencial de aumentar a extensão de aderência. Os autores encontraram resistências
de aderência 55% superiores às dos revestimentos executados com aplicação manual, assim,
enquanto os revestimentos com aplicação manual obtiveram média de 0,22 MPa, os com
aplicação mecânica alcançaram 0,34 MPa. Ademais, Duailibe, Cavani e Oliveira (2005)
comprovaram que, através da projeção mecânica de argamassa, seria possível minimizar a
variabilidade da energia de aplicação e controlá-la através de manômetros, tendo
consequentemente, menor variabilidade também na qualidade do revestimento.
a energia de lançamento que aumenta a aderência dos revestimentos por projeção, e sim,
talvez, o tamanho dos grânulos projetados.
Na formação dos mecanismos de aderência, além dos fatores intrínsecos relacionados aos
materiais, seu tipo, proporcionamento e propriedades resultantes, bem como interação
substratos/argamassas de revestimento, existem fatores externos capazes de intervir nas
propriedades dos elementos componentes do sistema de revestimento e que, portanto,
podem causar alteração dos mecanismos de aderência.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 42
Ruduit (2009) também verificou a influência da alta temperatura durante a cura do chapisco
na resistência de aderência de revestimentos de argamassa. Este executou painéis de
concreto com aplicação de quatro diferentes tipos de chapisco, três chapiscos convencionais
(1 : 3 CP IV-32; 1 : 3 CP II-Z e 1 : 2 CP IV-32) e um industrializado. Parte dos painéis foi
submetida à temperatura de 23°C e parte à temperatura de 50°C durante três dias, quando
então foi aplicada a argamassa de revestimento. O autor observou que a temperatura na cura
do chapisco teve influência significativa e negativa; os resultados apresentaram, em média,
valores 50% menores ao aumentar a temperatura de 23°C para 50°C.
Além da temperatura, outro importante efeito é o da umidade relativa do ar. Considerando que
a argamassa em estado fresco está saturada, ou seja, 100% úmida e a umidade relativa do
ar é sempre inferior a 100%, a evaporação ocorre quando há um desequilíbrio de umidade
entre a argamassa em estado fresco e o meio ambiente. Por um mecanismo de transporte a
água migra no sentido do meio mais para o menos saturado, ou seja, ocorre a evaporação da
água da argamassa para o meio e, às vezes, devido à perda prematura da água, as reações
de hidratação do cimento e, consequentemente, a aderência dos revestimentos ficam
prejudicados. Nesse sentido, percebe-se a necessidade da cura úmida dos materiais. Devido
à alta relação superfície/volume, os revestimentos de argamassa são submetidos a condições
de cura particularmente severas.
No estudo realizado por Pereira, Carasek e Francinete Jr. (2005) com o intuito de avaliar a
influência da cura úmida em revestimentos de argamassa, os autores aplicaram em 36
painéis, constituídos de blocos cerâmicos e de concreto, três tipos de argamassa, duas
industrializadas e uma com a inserção de vermiculita. Os painéis foram submetidos a
diferentes curas: ao ar, úmida por três dias e úmida por sete dias. Os autores constataram
que, de um modo geral, a cura úmida contribuiu para o aumento da resistência de aderência,
reduziu significativamente a permeabilidade e a capacidade de absorção de água, bem como
aumentou a resistência superficial à tração de todos os revestimentos avaliados, atingindo
aumentos da ordem de 140%.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 43
2.2. ADERÊNCIA
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 44
Outro requisito prescrito pela mesma norma é a anotação da forma de ocorrência de ruptura.
Carasek (2010) relatou que quando a ruptura é do tipo coesiva, isto é, quando a ruptura
acontece no interior da argamassa ou do substrato, os valores são menos preocupantes, a
não ser que sejam muito baixos. Para a autora, por outro lado, quando a ruptura é do tipo
adesiva, ocorrendo na interface argamassa/substrato, os valores devem ser mais altos, pois
existe um maior potencial para manifestações patológicas. Quando a ruptura acontece na
interface cola/argamassa e os valores são muito baixos, existe a indicação de inadequada
resistência superficial da argamassa, com possibilidade de pulverulência.
Cincotto, Silva e Carasek (1995) afirmaram que o ensaio de resistência de aderência à tração
é bastante variável, podendo apresentar coeficientes de variação da ordem de 10% a 35%
devidos a fatores inerentes ao procedimento de ensaio, os quais podem interferir no resultado
obtido. Dentre esses fatores, podem ser destacados o ângulo e o equipamento utilizado no
corte do revestimento, além da forma e da velocidade de aplicação da carga de arrancamento.
Gonçalves (2004) complementou que dentre os diversos fatores que podem contribuir para a
variabilidade do ensaio de resistência de aderência à tração pode-se citar o fator humano,
devido ao empirismo na execução das tarefas, o tipo de substrato, bem como o seu preparo,
o tipo de argamassa utilizada e a granulometria do agregado. Além destes fatores, o autor
também citou outros provenientes do método executivo que podem influenciar na resistência
de aderência, quais sejam, tempo de mistura da argamassa (afetando o teor de ar
incorporado), a altura de lançamento no substrato, o tempo de espera para o sarrafeamento,
a existência de cura, etc.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 46
da aderência, mas não a ruptura. Os autores verificaram que acontecia um aumento abrupto
da resistência elétrica após um dos seis ciclos impostos e outro aumento brusco no
descolamento final da interface. Os autores encontraram também que amplitudes mais altas
de tensão de carregamento causaram a degradação e a ruptura da interface de aderência
com menor número de ciclos aplicados. No entanto, ainda é parco o estudo acerca de
métodos não destrutivos nessa área.
Normas como C 882 - Standard Test Method for Bond Strength of Epoxy Resin Systems Used
With Concrete By Slant Shear (ASTM, 2012), D 5607 - Standard Test Method for Performing
Laboratory Direct Shear Strength Tests of Rock Specimens Under Constant Normal Force
(ASTM, 2008) e D 3080 - Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Under
Consolidated Drained Conditions (ASTM, 2011) são exemplos de normas internacionais
acerca da resistência ao cisalhamento em áreas da engenharia.
Momayez et al. (2005) relataram que os ensaios existentes para determinação da resistência
de aderência entre materiais podem ser divididos em muitas categorias, ensaios à tração,
ensaios de cisalhamento com torção, cisalhamento simples e até cisalhamento com
compressão. Muitos autores relatam ser o ensaio à tração o mais utilizado (SILFWERBRAND,
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 47
Figura 2.3 – Desenho esquemático de alguns métodos utilizados na determinação de resistência de aderência
em interfaces (BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008).
5 KREIGH; J.D. Arizona slant shear test: a method to determine epoxy bond strength. ACI Journals.
v 73, p. 372-373, 1976.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 48
uma foto do corpo de prova prismático estudados por Momayez et al. (2005) evidenciando
uma ruptura adesiva.
Figura 2.4 – Corpo de prova prismático com ruptura tipo adesiva no ensaio tipo slant-shear (MOMAYEZ et al,
2005).
Os autores que estudaram esse método comentam que é o método que mais se aproxima
das condições reais de carregamento presentes numa estrutura, uma vez que o componente
de cisalhamento muitas vezes acompanha a tensão de compressão nos materiais aplicados
nas estruturas. No entanto, Austin, Robins e Pan (1999) relataram algumas deficiências no
método. Os autores afirmaram que a ruptura é dependente do ângulo da interface, definido
como 30º nas especificações de norma, o que exclui a possibilidade de obtenção de ruptura
num plano diferente. Salientaram ainda que a norma não contempla a condição de pré-
tratamento da superfície com algum tipo de rugosidade, considerando somente rupturas em
superfícies sem rugosidade e nem mesmo diferenças no módulo de elasticidade entre os
materiais aderidos. Austin, Robins e Pan (1999) defenderam que a rugosidade da superfície
tem efeito sobre o ensaio slant-shear, bem como as diferenças nos módulos de elasticidade
entre os dois materiais, que provocariam concentrações de tensões locais que tem como
efeito resposta semelhante àquela provocada por excentricidade no carregamento. Os efeitos
desses fatores nos resultados do ensaio slant-shear estudados por Austin, Robins e Pan
(1999) estão resumidos no Tabela 2.2.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 49
Tabela 2.2 – Efeitos da rugosidade sobre o ensaio de slant-shear, de acordo com Austin, Robins e Pan (1999).
seria o esperado num ensaio de torção. Ele sugeriu que neste tipo de ensaio a interface seja
colocada não perpendicularmente ao eixo de rotação e sim a 45º do eixo e justifica essa
afirmação utilizando como prova os resultados obtidos por Silfwerbrand em 2003, onde em
mais de 50 corpos de prova ensaiados ao cisalhamento por torção somente um deles teve
ruptura na interface. Segundo o autor, a geometria da amostra utilizada para o ensaio não
seria compatível com o tipo de força aplicada.
Figura 2.5 – Tipo de ruptura num material compósito submetido a torque, onde a ruptura ocorre num plano
inclinado com formato espiral (NESHVADIAN-BAKHSH, 2010).
A norma C 496 – Splitting tensile strength of cilindrical concrete specimens (ASTM, 1991)
descreve o procedimento geral para realização de um teste de separação ou divisão numa
interface de aderência em um corpo de prova cilíndrico composto por uma metade de concreto
antigo e outra metade composta por material de reparo. O objetivo é a determinação da
resistência de aderência entre os dois materiais através da resistência à divisão no compósito
cilíndrico. Li et al. (1999) realizaram modificações neste método e desenvolveu o ensaio de
separação em prismas, ou prism slitting test, conforme exemplificado na Figura 2.6, para
avaliação da durabilidade da aderência entre duas metades de concreto afetados por ciclos
de gelo e degelo.
Figura 2.6 – Ensaio de separação na interface, ou prism splitting test (LI et al., 1999).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 51
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 52
Figura 2.7 – a) ensaio para determinação da resistência ao cisalhamento FIP modificado, b) ensaio tipo
guilhotina (BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008).
a) b)
Figura 2.8 – Desenho esquemático da determinação da resistência de aderência ao cisalhamento por torção,
MR-20 RILEM (SANTANA, 2010).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 53
P
τ= 4ab (2.1)
Em que:
Figura 2.9 – Desenho esquemático do ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento pelo método MR-14
RILEM (SANTANA, 2010).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 54
menores que 25% na maioria dos casos. Uma das dificuldades desse ensaio seria a remoção
da camada de revestimento ao redor dos corpos de prova para realização do ensaio.
Figura 2.10 – Desenho esquemático de: a) preparação para ensaio de cisalhamento e b) aplicação da tensão de
cisalhamento com utilização do braço de alavanca proposto por Candia (1998).
2𝑀𝑡
𝜏𝑀á𝑥 = (2.2)
𝜋𝑟³
Em que:
Figura 2.11 – Ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento realizado com torquímetro por Dubaj (2000).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 55
Em que:
√2×𝐹(0°)
𝐾= 𝐹𝑎
(2.4)
K = constante de proporcionalidade;
Fa = carga de arrancamento (45°);
F(0°) =carga de cisalhamento (0°).
Santana (2010) obteve variação relativamente alta nos resultados, da ordem de 35%. Ele
relacionou essa variabilidade aos materiais empregados e ao método, principalmente por esse
último possibilitar a ocorrência de torque quando da aplicação da tensão, devido à
excentricidade de aplicação da carga em relação ao substrato. Na Figura 2.12 estão
mostradas as fotos do dispositivo de ensaio para aplicação da força oblíqua e horizontal.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 56
Figura 2.12 – Dispositivo para ensaio de resistência de aderência ao cisalhamento utilizado por Santana (2010):
a) distribuição dos corpos de prova no painel; b) aparato para execução do ensaio a 45º; c) aderímetro utilizado
no ensaio.
a) b) c)
Figura 2.13 – Dispositivo desenvolvido por Stolz (2011): a) aspecto do corpo de prova cortado por duas serras
corpo; b) vista superior do ensaio; c) vista lateral do ensaio.
a) b) c)
A autora realizou análise de variância total com os seus resultados para verificar a interação
entre os valores de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento para todas as idades
ensaiadas na pesquisa e verificou que os valores de resistência de aderência à tração se
mostraram superiores aos de resistência de aderência ao cisalhamento.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 57
Dos métodos relatados anteriormente, já foi dito que, no campo da resistência de aderência
à tração, o ensaio de arrancamento ou pull off test é o mais amplamente utilizado. O método
mais utilizado para determinação da resistência de aderência ao cisalhamento é o slant-shear
test.
Tabela 2.3 – Principais ensaios e respectivas tensões relacionadas (modificado a partir de NESHVADIAN-
BAKHSH, 2010; BEUSHAUSEN; ALEXANDER, 2008).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 58
6 American Concrete Institute, ACI 318, Building Code Requirements for Structural Concrete (ACI 318-
99) and Commentary (ACI 318R-99). Farmington Hills, Michigan, USA, p. 391 ,1999.
7 Swedish National Board of Housing, Building and Planning and AB Svensk Byggtjänst, BBK 94.
Concrete Structures, Part 1 – Structural Design, Handbook. Karlskrona and Stockholm, Sweden, p. 185,
1994 [in Swedish].
8 Comité Euro-International du Béton & Federation Internationale de la Precontrainte, CEB-FIP. Model
Tabela 2.5 – Comparação entre os resultados dos ensaios de resistência de aderência (modificado a partir de
MOMAYEZ et al.,2005).
Neste mesmo estudo comparativo realizado por Momayez et al. (2005) verificou-se que as
resistências de aderência encontradas decresciam a partir do slant-shear, splitting shear e as
menores foram as conseguidas com o método de arrancamento, ou pull off. Em todos os
métodos por eles estudados a resistência de aderência aumentava com a adição de sílica
ativa.
A norma americana D 3080 - Standard test method for direct shear test of soils under
consolidated drained conditions (ASTM, 2011), bem como a norma alemã DIN 18137-3 Soil,
investigation and testing - Determination of shear strength - Part 3: Direct shear test e a norma
ISO/TS 17892-10 Geotechnical investigation and testing - Laboratory testing of soil- Part 10:
Direct shear tests (ISO, 2010) estabelecem o procedimento de ensaio para a determinação
da resistência ao cisalhamento em solo. O ensaio caracteriza-se por impor um plano de
cisalhamento ao corpo de prova com a utilização de uma caixa metálica bipartida
horizontalmente sob tensão normal constante, na qual a metade inferior da caixa permanece
fixa e a metade superior sofre a aplicação de uma força horizontal. Uma foto de um
equipamento e um desenho esquemático da caixa bipartida estão mostradas na Figura 2.14.
Figura 2.14 – a) foto do equipamento de cisalhamento direto; b) desenho esquemático da caixa bipartida (PINTO,
2000).
b)
a)
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 61
A resistência por atrito entre as partículas depende do coeficiente de atrito, e pode ser definida
como a força tangencial necessária para ocorrer o deslizamento de um plano, em outro
paralelamente a este. Esta força também é proporcional à força normal ao plano. O ângulo
formado entre a força normal e a resultante das forças, tangencial e normal, é chamado de
ângulo de atrito φ, sendo o máximo ângulo que a força cisalhante pode ter com a normal ao
plano, sem que haja deslizamento.
A resistência por atrito entre partículas pode ser demonstrada, de maneira simples, por
analogia com o problema de deslizamento de um corpo sobre uma superfície plana horizontal,
esquematizado na Figura 2.15.
Figura 2.15 – Atrito entre dois corpos sobre uma superfície horizontal (RAMALHO JR; NICOLAU; SOARES,
2007).
N F
f
Sendo N a força vertical transmitida pelo corpo e a força horizontal necessária para fazer o
corpo deslizar, a qual tem que ser superior a f x N, em que f é o coeficiente de atrito entre os
dois materiais. De acordo com Ramalho Jr, Nicolau e Soares (2007) existe, portanto,
proporcionalidade entre a força tangencial e a força normal. Esta relação pode ser também
escrita da seguinte forma:
τ = N × tanφ (2.5)
sendo φ, chamado ângulo de atrito, o ângulo formado pela resultante das duas forças com a
força normal. Assim, a resistência ao deslizamento é diretamente proporcional à tensão
normal e pode ser representada por uma linha reta.
De acordo com Lambe (1972), o ensaio de cisalhamento direto baseia-se no critério de Mohr-
Coulomb. A tensão cisalhante pode ser representada em função do deslocamento no sentido
do cisalhamento, como mostra a Figura 2.16. Através da figura podem ser identificadas as
tensões de ruptura, máx, e a tensão residual, res, que o solo ainda resiste após a ruptura,
comportamento típico observado no ensaio.
Figura 2.16 – Representação de ensaio típico do ensaio de cisalhamento direto (PINTO, 2000).
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 62
máx
res
d(mm)
Durante o ensaio, a deformação vertical do corpo de prova também é registrada, a qual indica
se houve variação no volume da amostra durante o cisalhamento, a chamada dilatância.
Realizando-se ensaios com diversas tensões normais, pode-se elaborar um gráfico com as
tensões de ruptura para cada tensão normal, obtendo-se uma envoltória de resistência, a qual
determinará os valores dos parâmetros, ângulo de atrito e coesão do material em estudo,
conforme mostrado na Figura 2.17.
f
c
Conforme Lambe (1972) a resistência ao cisalhamento pode ser dada pela Equação de
Coulomb.
τ = c + σtanφ (2.6)
Em que:
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 63
coesão real não pode ser confundida com a coesão aparente, presente principalmente em
solos argilosos úmidos não saturados, determinada pela pressão capilar da água. Essa
resistência desaparece na medida em que o solo vai sendo saturado (PINTO, 2000).
A atração química (cimentação) entre estas partículas (ou agregados) pode provocar uma
resistência independente da tensão normal atuante no plano e que constitui uma coesão real,
como se uma cola tivesse sido aplicada entre dois corpos, a qual depende das forças de
atração físico-químicas entre as partículas (JUNQUEIRA, 2010).
Devido à sua importância no comportamento dos maciços rochosos, modelos próprios para
interfaces e descontinuidades são fundamentais nas análises de estabilidade (ICHIKAWA et
al., 1990). Desde Patton (1966), pesquisadores têm apresentado diferentes modelos
constitutivos para simular a resposta das descontinuidades às diversas solicitações. De
10
LIMA, F. O. Avaliação do concreto compactado com rolo aplicado em barragens. 2004. 78 f.
Monografia (Graduação em Engenharia Civil), Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, 2004.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 64
acordo com Bandis (1990), existem duas linhas para a descrição quantitativa das
propriedades mecânicas das descontinuidades de rocha: a aproximação teórica, que adota
teorias conhecidas, como plasticidade e teoria do contato e a aproximação empírica, na qual
uma grande quantidade de dados é analisada para derivar correlações entre as variáveis de
influência e formular modelos de acordo com o comportamento observado. O mesmo autor
relatou que outros trabalhos combinam as duas aproximações ou tratam o problema
analiticamente.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 65
Figura 2.18 – Perfis de rugosidade típicas e valores de JRC (BARTON E CHOUBEY, 1977)
Kimura et al. (1993) também realizaram ensaios utilizando amostras de gesso com os perfis
de rugosidade típicos para valores de tensão normal entre 0,1 MPa e 4 MPa. Os resultados
de Kimura et al. (1993) mostraram, no entanto, que alguns dos perfis típicos da norma não
representaram os valores de coeficiente de rugosidade propostos.
M. O. CAMPOS Capítulo 2
PROGRAMA EXPERIMENTAL
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 67
O planejamento das atividades, escolha dos materiais e definição das variáveis e condições
fixas dos experimentos estão definidos a seguir. O planejamento envolveu a realização de
estudos preliminares, que auxiliaram na definição do tamanho da amostragem, de alguns
materiais, bem como, em ajustes de metodologia e equipamentos necessários à realização
da pesquisa.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 68
A preparação da superfície do substrato com dois tipos de rugosidades diferentes foi estudada
com a finalidade de melhor entender a influência da topografia da superfície do substrato na
resistência de aderência, tanto à tração quanto ao cisalhamento. Somado a isso, a pesquisa
propôs a tentativa de utilização de impressão da rugosidade quando da concretagem dos
substratos ainda no estado fresco, técnica diferente da usualmente empregada em obras, nas
quais se utilizam métodos de escarificação e ou desgaste da superfície após o endurecimento
do concreto, no intuito de garantir melhor aderência entre a base acabada de concreto e o
material sobreaplicado.
materiais para produção dos substratos e das argamassas, quais sejam, agregado
graúdo (com composição granulométrica situada na zona 9,5/25) areia artificial (com
distribuição granulométrica situada na zona utilizável), areia natural (com composição
granulométrica situada na mesma zona da areia artificial), cimento Portland composto
com fíler calcário (CP II-F-32) e aditivo polifuncional;
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 69
A partir das condições variáveis e fixas desse trabalho formulou-se uma matriz experimental,
conforme Figura 3.3.
Estudos preliminares foram realizados a fim de promover uma familiarização quanto aos tipos
e características dos materiais que seriam utilizados, além de validar a experimentação com
as amostras e o equipamento de cisalhamento direto em solo.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 70
O estudo envolveu duas etapas distintas: preparação de painéis de revestimento para estudo
da interferência da adição de pigmentos nas propriedades da argamassa com escolha da
melhor cor para análise da extensão de aderência, e realização de ensaios para validação do
método de determinação da resistência de aderência ao cisalhamento. A descrição e relato
das atividades dos estudos preliminares estão no Apêndice A dessa dissertação de mestrado.
Faz-se, a partir deste ponto, a definição dos materiais que foram utilizados, ensaios de
caracterização, descrição das técnicas e equipamentos empregados na produção dos
substratos e painéis de revestimento. São relatados também as adaptações e os
procedimentos de ensaio utilizados na determinação da resistência de aderência à tração e
ao cisalhamento.
3.2.1.1. Cimento
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 71
A cal utilizada na preparação das argamassas foi do tipo calcítica, da marca Ical, classificada
conforme a NBR 7175 (ABNT, 2003) como hidratada CH - I.
A cal foi caracterizada quanto à massa específica conforme a NBR NM 23 (ABNT, 2001) e
quanto à finura conforme a NBR 9289:2000 no laboratório participante desta pesquisa e as
demais características foram fornecidas pelo fabricante. As características físicas ensaiadas
e as especificações fornecidas pelo fabricante estão resumidas na Tabela 3.2.
A areia utilizada na produção do concreto dos substratos foi uma areia artificial, com
proveniência da jazida de Caturaí-GO e uma areia natural fina, com proveniência da jazida de
Faina-GO. As areias passaram por secagem ao ar com posterior peneiramento para utilização
da porção requerida no estudo.
A areia utilizada na preparação das argamassas foi uma areia natural, com denominação
comercial de “média”, com proveniência da jazida de Faina-GO. A caraterização das areias
foi realizada conforme descrição e normas especificadas na Tabela 3.3. A areia passou por
secagem ao ar com posterior peneiramento para utilização da fração passante na peneira
2,4 mm.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 72
Tabela 3.3 – Características físicas dos agregados miúdos utilizados na produção do concreto e na preparação
das argamassas.
Concreto Argamassa
Método Descrição Areia Areia
Areia
Natural Natural
Artificial
“Fina” “Média”
4,75 mm - 1 -
2,36 mm 1 20 1
1,18 mm 5 23 19
Granulometria
600 µm 21 16 29
(%)
ABNT NBR NM 248:2003 300 µm 42 13 30
150 µm 29 13 19
<150 µm 2 14 2
Módulo de finura 2,01 2,85 2,47
Dimensão máxima (mm) 2,4 4,8 2,4
ABNT NBR NM 45:2006 Massa unitária (g/cm3) 1.40 1,69 1,47
ABNT NBR NM 52:2009 Massa específica (g/cm³) 2,66 2,70 2,68
ABNT NBR NM 46:2003 Material pulverulento (%) 0,30 6,0 0,3
ABNT NBR 7218:2010 Teor de argila em torrões 0,04 0,19 0,06
(%)
3.2.1.4. Agregado graúdo
O agregado graúdo utilizado na produção do concreto dos substratos foi de origem granito-
gnássica da região de Caturaí-GO, denominado comercialmente por “brita 0”. A caraterização
do agregado graúdo foi realizada conforme descrição e normas especificadas na Tabela 3.4.
Tabela 3.4 – Características físicas do agregado graúdo utilizado na produção do concreto dos substratos.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 73
3.2.1.5. Pigmento
O pigmento foi escolhido durante os estudos preliminares (CAMPOS et al., 2013) que estão
relatados nos Apêndices deste trabalho e se trata de um pigmento do tipo inorgânico amarelo
da marca Xadrez. Na Tabela 3.5 estão mostradas as características físicas do pigmento
utilizado na pesquisa.
O aditivo utilizado na produção do concreto dos substratos foi do tipo líquido plastificante,
polifuncional, da marca BAUTECH R, compatível com o tipo de cimento utilizado na pesquisa.
A Tabela 3.6 mostra as características e propriedades deste produto, fornecidas pelo
fabricante.
Descrição Resultado
3.2.1.7. Água
A produção do concreto dos substratos se deu em duas etapas diferentes. Inicialmente foi
realizada a etapa de dosagem dos materiais para que se chegasse a um proporcionamento
contemplando quatro diferentes relações água/cimento. Em seguida foram realizadas as
etapas de moldagem e conseguinte impressão de rugosidade nos substratos.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 74
A dosagem do concreto utilizado para a confecção dos substratos foi realizada de acordo com
o método experimental utilizado pelo laboratório Carlos Campos, que se trata do método
ABCP1 adaptado para os materiais disponíveis na região de Goiânia. A dosagem foi realizada
no objetivo de produzir substratos com quatro diferentes relações água/cimento, com
padronização das características de trabalhabilidade, fixando-se a consistência em
100 mm ± 10 mm, determinado conforme a norma NBR NM 67 (ABNT, 1998). O concreto de
a/c igual a 0,65 foi formulado com um valor de abatimento levemente maior, pelo motivo de
ser essa a formulação utilizada nos substratos para o ensaio de determinação da resistência
de aderência ao cisalhamento (Rac). Estes substratos eram de dimensões menores e isto
favoreceu o total preenchimento das formas. Na Tabela 3.7 estão mostradas as quantidades
utilizadas para a produção de 250 litros de concreto, bem como os teores e abatimentos
apurados de cada estudo.
1 O método ABCP está baseado no texto da norma ACI 211.1-81 - Standard Practice for Selecting
Proportions for Normal, Heavyweight, and Mass Concrete, constitui-se numa adaptação prática do
método americano às condições brasileiras e permite a utilização de agregados graúdos britados e
areia de rio que se enquadram na norma NBR 7211 (ABNT, 2009). O método considera tabelas e
gráficos elaborados a partir de valores médios de resultados experimentais e constitui-se numa
ferramenta de dosagem de concretos convencionais, adequada aos materiais mais utilizados em várias
regiões do Brasil. O método pode ser apresentado numa seqüência de etapas bem definidas, que
incorporam um conjunto de tabelas, que facilitam a determinação dos parâmetros necessários para a
obtenção do traço de partida.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 75
10 mm 10 mm
a) b)
Para a caracterização de rugosidade das duas superfícies foram utilizadas duas placas de
concreto com as duas rugosidades mencionadas. Um dispositivo composto por mesa para
deslocamento da placa e relógio apalpador foi utilizado para a medição em milímetros relativa
aos valores de máximo (picos da rugosidade) e mínimos (vales da rugosidade). Para o caso
das medições da R1 foi utilizado um relógio apalpador com precisão de 0,01 mm e para as
medições da R2 foi utilizado um relógio comparador com precisão de 0,01 mm. As medidas
foram registradas a cada 0,5 mm de deslocamento horizontal. Os perfis foram obtidos com
medições em três linhas pré-determinadas de aproximadamente 50 mm em cada placa de
estudo. O dispositivo utilizado para essa determinação e os perfis de rugosidade resultado
dessa caracterização estão mostrados na Figura 3.5. Os resultados individuais da
caracterização das rugosidades deste trabalho estão apresentadas no Apêndice S.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 76
Figura 3.5 – Perfis de rugosidade: a) e b) dispositivos utilizados para a obtenção dos parâmetros; c) perfil R1, d)
perfil R2.
a) b)
0,50
Altura (mm)
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
-0,50
-1,00
Perfil de rugosidade R2
2,50
2,00
1,50
Altura (mm)
1,00
0,50
0,00
-0,500,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-1,00
-1,50
Percurso de medição (mm)
d)
2 Preto (2007) citando Mello et al. (2002) comenta que Ra é um parâmetro de rugosidade
universalmente reconhecido e o mais utilizado, definido segundo DIN 4768 (1990-05) e DIN EN ISO
4287 (1998-10), como média aritmética absoluta das ordenadas de afastamento dos pontos do perfil
de rugosidade em relação à linha média, dentro do percurso de medição. É usualmente expressa em
micrômetros. Rmáx é o maior valor das rugosidades parciais que se apresenta no percurso da medição.
Ry é máxima distância pico vale, dentro do comprimento de avaliação, também denominado R total.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 77
Rmáx Rmáx
Ra (mm) Ry (mm) Ra (mm) Ry (mm)
(mm) (mm)
Resultado (mm) 26 0,07 0,12 780 2,28 3,34
D.P. (mm) 13,23 0,04 0,06 85,51 0,14 0,36
C.V. (%) 50,8 51,1 46,1 11,0 6,1 10,8
Legenda: Ra – rugosidade média, Rmáx – rugosidade máxima, Ry – rugosidade total, D.P. – desvio padrão, C.V. – coeficiente de
variação.
Figura 3.6 – Dois tipos de substratos utilizados na pesquisa: a) substrato para Rat, simulando pilares, b)
substrato para Rac.
a) b)
Para impressão da rugosidade proposta (R2) neste trabalho foi utilizado uma tela de aço com
espessura do fio de 1,8 mm e abertura de 4 mm, comercialmente denominada de tela peneira
de 14. Essa tela foi fixada nas faces dos substratos com parafusos do tipo autoatarrachante
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 78
a cada 100 mm, conforme mostrado na Figura 3.7, de forma a permitir a impressão do relevo
na superfície do concreto estando este ainda no estado fresco.
Figura 3.7 – Preparação das faces dos substratos de concreto com a fixação da tela para impressão da
rugosidade pretendida; a) faces com e sem aplicação da tela de aço; b) face com a tela, evidenciando os
parafusos atarrachantes; c) forma fechada com as duas faces lisas; d) forma fechada com as duas faces
rugosas.
a) b)
c) d)
Os substratos para Rat foram desformados após sete dias e mantidos ao ar em área coberta
do laboratório até a idade de ensaio. Os substratos foram instalados em pórticos móveis
metálicos para facilitação das atividades para a execução dos revestimentos, conforme
mostrado na Figura 3.8.
Figura 3.8 – Substratos para Rat: a) desforma após 7 dias; b) instalação em pórticos metálicos.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 79
a) b)
As formas foram idealizadas e fabricadas de forma que pudessem receber a tela para
impressão da rugosidade numa das faces e que permitisse a posterior utilização para
aplicação da argamassa em espessura de 20 mm ± 2 mm sobre a face em questão. A Figura
3.9 ilustra as formas utilizadas, evidenciando a superfície com tela (R2) e o panorama dos
substratos para os ensaios de cisalhamento após a moldagem.
Figura 3.9 – Substratos para Rac: a) Formas de dimensões 8 cm x 8 cm x 5 cm com face rugosa; b) formas
dispostas sobre bancada após a moldagem dos substratos.
a) b)
Na desforma parcial dos substratos para Rac, a face que recebia a tela era retirada,
possibilitando que a superfície lisa e/ou rugosa ficasse disponível e preparada pra a aplicação
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 80
da argamassa na espessura desejada. A Figura 3.10 ilustra o passo a passo da desforma dos
substratos, evidenciando o processo de preservação e preparação da superfície de estudo.
Figura 3.10 – Substratos para Rac e a sequência de desforma para exposição da face para estudo, lisa e rugosa;
a) substratos prontos após 28 dias; b) colocação da tampa que funcionará como fundo na desforma parcial; c) e
d) abertura e aspecto final da forma com face lisa; e) e f) abertura e aspecto final da forma com face rugosa
a) b)
c) d)
e) f)
Após a etapa de desforma parcial dos substratos, ocorrida após sete dias da moldagem dos
substratos, estes foram mantidos ao ar em ambiente de laboratório (23 ± 2 °C de temperatura
e 60 ± 15% de umidade relativa do ar) até a idade de ensaio.
O adensamento de todos os substratos (para Rat e Rac) foi realizado com uso de vibrador de
imersão, com tempo de adensamento padronizado e realizado pelo mesmo operador em
todas as moldagens. O desmoldante utilizado tanto para os substratos de face lisa como para
os de face rugosa de Rat e Rac foi um desmoldante em forma de emulsão de ácidos graxos,
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 81
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 82
experimentado e validado por um oficial pedreiro, que julgou e avalizou a trabalhabilidade dos
três proporcionamentos utilizados nesta pesquisa.
Em todas as preparações foi utilizado um pigmento de cor amarelo, descrito no item anterior.
Por ser mais fino e para tornar mais eficiente a pigmentação da argamassa, o pigmento foi
previamente diluído em parte da água de amassamento. Foi utilizado um teor de adição de
pigmento de 6% em relação à massa de cimento, teor este recomendado pelo fabricante do
pigmento.
As faces dos dois tipos de substratos passaram por uma limpeza prévia com jato de água a
10 kgf/cm2 (9,8 bar) de pressão a uma distância de aproximadamente 2 metros, a fim de retirar
o desmoldante que porventura pudesse influenciar nos ensaios de resistência de aderência.
A Figura 3.11 ilustra esse procedimento de remoção adotado. Tal procedimento foi realizado
7 dias antes da projeção da argamassa de revestimento sobre os substratos.
Figura 3.11 – Remoção do desmoldante das faces dos substratos: a) para Rat; b) para Rac.
a) b)
Para simular uma espessura de revestimento prevista em norma, esta foi fixada em
20 mm ± 2 mm, e, para isto, gabaritos metálicos foram afixados junto aos substratos (pilares)
para garantirem uma espessura constante da camada quando da aplicação da argamassa.
No caso dos substratos para os ensaios de Rac, a própria forma utilizada para confecção dos
substratos foi utilizada para a garantia da espessura da argamassa de revestimento. A Figura
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 83
Figura 3.12 – Gabaritos para a garantia da espessura: a) tipo metálicos, afixados nos substratos para ensaio de
Rat; b) forma de madeira da confecção dos substratos para ensaio de Rac, que possui borda para padronização
da espessura das argamassas.
a) b)
Figura 3.13 – Padronização da posição dos substratos para projeção das argamassas: a) Substratos para Rat
montados verticalmente em painéis metálicos; b) substratos para Rac afixados em parede.
a) b)
Momentos antes da aplicação das argamassas de revestimento, as faces dos substratos para
Rat foram limpas com vassoura de cerdas duras e em seguida assoprados com o ar
comprimido utilizado para projeção das argamassas, de forma a remover possíveis materiais
e poeiras impregnadas na superfície dos substratos. A superfície dos substratos para os
ensaios de Rac foram limpas com equipamento aspirador de pó, conforme ilustrado na Figura
3.14.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 84
Figura 3.14 – Limpeza da superfície dos substratos: a) substratos para Rat com vassoura e sopro de ar
comprimido; b) substratos para Rac com aspirador de pó.
a) b) c)
As superfícies dos substratos passaram por um umedecimento prévio com água antes da
projeção das argamassas de revestimento, simulando a boa prática adotada por alguns
oficiais pedreiros no momento da aplicação das argamassas, com a finalidade de aprimorar a
aderência entre os dois materiais. O umedecimento com água foi realizado aproximadamente
5 minutos antes da projeção das argamassas de revestimento, em quantidade de
0,025 ml/cm2, com a utilização de um borrifador tipo spray. A Figura 3.15 ilustra esse
procedimento de umedecimento prévio das superfícies, adotado para as duas dimensões de
substratos.
Figura 3.15 – Umedecimento com água das superfícies dos substratos com borrifador tipo spray.
A aplicação da argamassa nos dois tipos de substratos (para Rat e Rac) se deu com projeção
mecanizada com equipamento de projeção com recipiente acoplado, também chamado de
canequinha, de marca ANVI-Spray. Nesse tipo de sistema, o recipiente é abastecido
diretamente no estoque de argamassa fresca, ou seja, o material não é bombeado. O ar
comprimido fornecido por um compressor é introduzido diretamente no recipiente do projetor
para aplicar a argamassa ao substrato, com pressão de aproximadamente 100 bar. A Figura
3.16 ilustra a projeção da argamassa de revestimento nas superfícies lisa e rugosa dos dois
tipos de substratos de concreto.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 85
Figura 3.16 – Projeção da argamassa de revestimento com recipiente acoplado tipo canequinha: a) nos
substratos para Rat; b) nos substratos para Rac.
a) b)
Figura 3.17 – Etapa do desempeno das superfícies das argamassas de revestimento aplicadas: a) sobre os
substratos para Rat; b) sobre os substratos para Rac.
a) b)
Figura 3.18 – Moldagem dos corpos de prova para ensaios de caracterização das argamassas de revestimento.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 86
O concreto utilizado na produção dos substratos foi caracterizado nos estados fresco e
endurecido, conforme Tabela 3.10.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 87
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 88
ESTADO FRESCO
Ensaio/Método Ilustração Amostragem
Densidade de Massa
Normativo: 1 determinação
ABNT NBR
Ensaiada: 1 determinação
13278:2005
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 89
ESTADO ENDURECIDO
Ensaio/Método Ilustração Tamanho da amostra
Determinação da resistência à
Normativo: 3 corpos de prova
compressão axial - ABNT NBR
Ensaiada: 6 corpos de prova
13279:2005
Estes ensaios foram realizados no objetivo de se obter as variáveis de resposta deste estudo,
sendo eles a resistência de aderência à tração e a resistência de aderência ao cisalhamento.
Figura 3.19 – Ensaio de Rat: a) dispositivo utilizado para nivelamento e padronização dos furos; b) realização do
furo com utilização de dispositivo de nivelamento e aspirador de pó.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 90
a) b)
Para reduzir o efeito das tensões geradas durante o corte com a serra foi utilizado um
dispositivo aspirador de pó, no intuito de diminuir o nível de vibração durante o corte, devido
ao acúmulo do pó na cavidade. As pastilhas foram coladas com massa plástica e os ensaios
de resistência de aderência à tração foram realizados aos 30 dias ± 2 dias de idade do
revestimento, com aderímetro DYNA Z16, marca Proceq, de capacidade 1600 kg, conforme
ilustrado na Figura 3.20.
Figura 3.20 – Ensaio de resistência de aderência à tração: a) equipamento DYNA Proceq utilizado no ensaio; b)
painéis após o ensaio realizado.
a) b)
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 91
a) b)
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 92
Na tentativa de se obter uma boa correlação entre as duas forças atuantes (normal e
cisalhante), utilizou-se a aplicação de quatro diferentes tensões normais para cada
determinação de Rac, no caso dos sistemas de revestimento e dos materiais em separado.
Para os ensaios em sistema de revestimento foram ensaiadas 10 amostras para cada situação
de força normal perfazendo 40 ensaios de cisalhamento direto em cada situação de
rugosidade de substrato de concreto e proporcionamento de argamassa, totalizando 160
ensaios de cisalhamento direto em sistema de revestimento, 80 para cada tipo de argamassa
de revestimento.
Figura 3.23 – Passo-a-passo das operações para o ensaio de cisalhamento direto: a) amostra e shearbox
prontos para o ensaio; b) amostra inserida na caixa; c) colocação de areia normal do IPT (0,2 mm de dimensão
máxima característica) nas laterais para ajuste adequado das bordas da amostra à caixa; d) montagem do
M. O. CAMPOS Capítulo 3
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 93
shearbox; e) colocação do capacete, célula de carga e deflectômetros para medição dos deslocamentos
horizontais e verticais e da carga de ruptura; f) retirada dos dispositivos de medição após a ruptura; g) retirada da
amostra cisalhada de dentro do shearbox; h) análise e descrição da superfície cisalhada.
a) b)
c) d)
e) f)
g) h)
consequentemente, o shearbox utilizado para o ensaio nas amostras desta dimensão era
menor. A Figura 3.24 ilustra os corpos de prova para ensaio em cada caso estudado.
Figura 3.24 – Amostras para ensaio de cisalhamento direto: a) concreto a/c 0,65 argamassas de
proporcionamento 1 : 1 : 6 e 1 : 0,5 : 3,4; b) sistema de revestimento sobre substrato de concreto.
a) b)
A partir da regressão linear dos resultados médios obtidos com as forças normais e as forças
de cisalhamento para cada sistema de revestimento, o ensaio forneceu informações sobre o
ângulo de atrito entre as partículas e também o valor da coesão da amostra. A coesão da
amostra, para o caso do sistema de revestimento é a resistência de aderência ao
cisalhamento.
Os resultados dos ensaios de caracterização foram analisados por gráficos de controle e pela
aplicação do teste T de Student, que identificaram possíveis valores espúrios, dentro de cada
população definida. A decisão final por incluir ou não um dado identificado como espúrio pelos
métodos acima mencionados coube ao pesquisador.
Os resultados dos ensaios de avaliação, Rat e Rac não foram analisados somente por estes
dois métodos, por entender que uma avaliação mais complexa envolveria a interpretação
desses dados. Para estes casos foram utilizadas fotografias, planilhas de dados e
histogramas a fim de incrementar o conhecimento acerca do comportamento dos materiais no
ensaio.
M. O. CAMPOS Capítulo 3
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Relata-se a partir deste ponto, as análises das caracterizações dos concretos dos substratos
evidenciadas e constatadas a partir dos ensaios realizados.
A caracterização dos concretos dos substratos no estado fresco está descrita no item a seguir.
0,35 110
0,50 95
0,65 130
0,80 105
O concreto de a/c igual a 0,65 foi formulado com um abatimento de valor levemente maior,
pelo motivo de que essa era a formulação a ser usada nos substratos para estudos de Rac.
Estes substratos eram de dimensões menores e isto favoreceu o total preenchimento das
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 97
A caracterização dos concretos dos substratos no estado endurecido está descrita nos itens
seguintes. Ao longo dessa seção são apresentados e discutidos os resultados médios. Alguns
resultados individuais dessa etapa estão reunidos no Apêndice B.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 98
Tabela 4.5 – Resultados do ensaio de módulo estático de elasticidade dos concretos dos substratos.
Resultado Médio
a/c D.P. (GPa) C.V. (%)
(GPa)
0,35 30,6 0,86 2,8
0,50 26,9 0,72 2,7
0,65 22,4 1,31 5,8
0,80 19,4 0,31 1,6
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 99
Tabela 4.7 – Teste de Duncan para os resultados de módulo estático de elasticidade dos concretos.
Tabela 4.8 – Resultados dos ensaios de absorção de água e determinações do índice de vazios e massa
específica real médios dos concretos estudados.
0,35 2,6 0,14 5,5 6,1 0,32 5,2 2,47 0,01 0,3
0,50 3,3 0,08 2,4 7,4 0,16 2,1 2,43 0,01 0,4
0,65 5,5 0,37 6,6 11,6 0,72 6,2 2,40 0,01 0,3
0,80 6,0 0,35 5,7 12,7 0,62 4,9 2,39 0,01 0,4
Os resultados demonstram que com o aumento da a/c, a absorção de água dos concretos
também aumenta, padrão este que se repete para o índice de vazios nesses concretos. Por
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 100
outro lado, os resultados das determinações da massa específica real evidenciam relação
inversamente proporcional, ou seja, com o aumento da a/c dos concretos ocorre a diminuição
da massa específica real desses concretos. Esse fato é explicado pelo aumento da
porosidade: quanto maior a porosidade, menor a massa dos concretos e maior a quantidade
de vazios, culminando numa maior absorção de água.
A análise de variâncias dos resultados de absorção de água rejeitou a igualdade das médias
e o teste de Duncan confirmou a existência de diferenças significativas entre os quatro
concretos da pesquisa, conforme mostrado na Tabela 4.9.
O ensaio de determinação da absorção de água por capilaridade foi realizado aos 29 dias ± 3
dias de idade dos concretos estudados. Na Tabela 4.10 estão apresentados os resultados
médios obtidos em 3 h, 6 h, 24 h, 48 h e 72 horas e a profundidade média da ascensão capilar,
obtido após ruptura diametral ao final do ensaio.
Tabela 4.10 – Resultados da absorção e profundidade da ascensão capilar média dos concretos estudados.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 101
Os resultados mostram que tanto a absorção capilar como a profundidade da absorção capilar
dos concretos estudados aumentam com o aumento da a/c, demostrando que a
proporcionalidade direta entre eles está relacionada com a porosidade: quanto maior a
porosidade nesses concretos, maior é a absorção de água e a ascensão capilar, conforme
mostrado na Figura 4.1.
Figura 4.1 – Evolução da absorção capilar ao longo do tempo de ensaio para as diferentes a/c estudadas.
0,9
Absorção de água por capilaridade (g/cm²)
0,8
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
Cap 3h
Cap 6h
0,0
Cap 24h
C1-0,35 C2-0,50 C3-0,65 C4-0,80
Cap 48h
a/c Cap 72h
Tabela 4.11 – Teste de Duncan para os resultados de absorção de água por capilaridade após 3 horas.
O ensaio para determinação da taxa inicial de sucção, denominado IRA, foi realizado aos 28
dias de idade dos concretos dos substratos. Na Tabela 4.12 estão apresentados os resultados
médios de IRA para as diferentes a/c dos concretos estudados. Alguns resultados individuais
estão apresentados no Apêndice B.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 102
Tabela 4.12 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos da pesquisa.
IRA Médio
a/c D.P. (%) C.V.(%)
(g/193,55cm²/min)
A Figura 4.2 ilustra o crescimento da taxa inicial de sucção dos concretos com o aumento da
a/c dos concretos dos substratos. Esse resultado se traduz na explicação de que, quanto
maior a porosidade do concreto maior é a quantidade de água que é succionada por unidade
de tempo (1 min) para os concretos estudados.
Figura 4.2 – Gráfico dos resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos estudados.
21
Taxa inicial de sucção -IRA
18
(g/193,55cm²/min)
15
12
9
y = 2,8343e2,3097x
6 R² = 0,9911
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
Relação água/cimento
Pela Figura pode-se observar que a partir de um valor de a/c próximo de 0,80 o valor do IRA
tende a crescer rapidamente, deixando de ter uma tendência linear.
A análise de variâncias dos resultados da taxa inicial de sucção e a posterior avaliação pelo
teste de Duncan evidenciou diferenças significativas entre os concretos para todas as faixas
de tempo, conforme mostrado na Tabela 4.13, que contém o resultado da comparação de
médias para os resultados da taxa inicial de sucção.
Tabela 4.13 – Teste de Duncan para os resultados da taxa inicial de sucção (IRA).
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 103
O IRA costuma ser uma característica amplamente associada com a resistência de aderência
de revestimentos de argamassa. Nesse sentido, são comparados os resultados obtidos para
os concretos desta pesquisa com os obtidos em outras pesquisas conforme Tabela 4.14.
Tabela 4.14 – Resultados médios da taxa inicial de sucção dos concretos de outras pesquisas.
IRA
Autores Material
(g/193,55 cm2/min)
Observa-se que os resultados de IRA obtidos para os concretos desta pesquisa variaram de
6 a 19 g/193,55 cm2/min. Estes valores são próximos aos obtidos em outras pesquisas para
blocos cerâmicos, principalmente os das relações a/c de 0,50 e 0,65. O concreto de a/c 0,35
apresentou uma taxa de sucção maior do que a obtida para o substrato-padrão, no entanto,
naquele caso o concreto estava com idade superior a 6 meses.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 104
Tabela 4.15 – Resultados da densidade de massa e do teor de ar incorporado das argamassas estudadas.
4.2.1.2 Consistência
Os resultados das duas determinações para cada proporcionamento das argamassas estão
apresentados na Tabela 4.16.
Tabela 4.16 – Índice de consistência das argamassas estudadas no início e no final da projeção e consistência
pela penetração do cone.
Início 261 46
1:2:9
Final 251 42
Início 261 46
1:1:6
Final 244 38
Início 270 49
1 : 0,5 : 3,4
Final 223 45
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 105
Tabela 4.17 – Resultados médios do ensaio de resistência à compressão e de resistência à tração na flexão das
argamassas da pesquisa.
O ensaio para determinação do módulo dinâmico de elasticidade foi realizado aos 30 dias ± 1
dias de idade nas argamassas da pesquisa. Os resultados médios estão apresentados na
Tabela 4.19.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 106
Tabela 4.19 – Resultados médios do ensaio de módulo dinâmico de elasticidade das argamassas da pesquisa.
Tabela 4.20 – Teste de Duncan para os resultados de módulo dinâmico de elasticidade das argamassas.
O ensaio de absorção de água por capilaridade foi realizado aos 30 dias ± 1 dias de idade
das argamassas e na Tabela 4.21 estão mostrados os resultados médios desta determinação.
Tabela 4.21 – Resultados médios de absorção por capilaridade das argamassas da pesquisa.
Coeficiente de
Proporcionamento 10 min 90 min
Determinação capilaridade
(volume) (g/cm2) (g/cm2)
g/dm2.min1/2
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 107
Tabela 4.22 – Teste de Duncan para os resultados de absorção por capilaridade aos 10 minutos.
13,0
12,0
Coeficiente de capilaridade
11,0
(g/dm2.min1/2)
10,0
9,0
8,0
7,0
6,0
5,0
129 116 10,53,4
Argamassa
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 108
O ensaio de resistência de aderência à tração (Rat) foi realizado aos 30 dias ± 2 dias de idade
nas argamassas de revestimento do estudo. Alguns resultados individuais obtidos neste
ensaio estão apresentados no Apêndice D.
Durante os ensaios, como esperado, ocorreram duas formas de ruptura: ora na argamassa,
ora na interface de aderência argamassa/substrato. Além disso, observou-se também que no
tocante às profundidades de arrancamento, estas também estavam bem definidas: ou
aconteciam aproximadamente no meio da camada de revestimento ou nas proximidades da
interface de aderência.
Tal fato motivou a elaboração de histogramas para melhor compreender a distribuição dos
dados nas classes de profundidades ocorridas durante o ensaio.
Figura 4.4 – Histogramas para visualização da distribuição dos dados de profundidade de arrancamento: a)
argamassa 1 : 2 : 9, b) argamassa 1 : 1 : 6, c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4.
Frequência (und)
60 35
50 30
25
40
20
30
12% acima de 17 mm 15
20 10
10 5
0 0
9 |----- 10 |--- 11 |--- 12 |--- 13 |--- 14 |--- 15 |--- 16 |--- 17 |--- 18 |--- 19 |--- 20 |--- 21 |--- 8 |---- 9 |---- 10 |-- 11 |-- 12 |-- 13 |-- 14 |-- 15 |-- 16 |-- 17 |-- 18 |-- 19 |-- 20 |-- 21 |--
- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 22 -- -- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ---- ----
22
a) Classes de profundidade (mm) b) Classes de profundidade (mm)
14
12
10 28% até 17 mm
8
6
4
2
0
6,6 |------ 8,6 |------ 10,6 |---- 12,6 |---- 14,6 |---- 16,6 |---- 18,6 |---- 20,6 |---- 22,6 |----
c) -- -- -- -- -- -- -- 24,6
Classes de profundidade (mm)
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 109
Histogramas do tipo bimodal ou “dois picos” se caracterizam por duas regiões distintas com
uma região de pouca frequência entre eles. Esse tipo de histograma revela situações em que
há mistura de dados, com médias diferentes obtidas em duas condições distintas. Com base
nessa interpretação, entende-se que os resultados de Rat que aconteceram em
profundidades próximas ao meio da argamassa de revestimento não poderiam ser
considerados nos resultados médios finais de Rat em cada situação de revestimento, uma
vez que tratam-se de rupturas coesivas no interior da argamassa.
Ficou evidente que a análise de dados de Rat deve considerar não somente a carga e a forma
de ruptura, sendo determinante a análise das profundidades de arrancamento no estudo para
determinação da resistência de aderência à tração. Essa observação vai ao encontro da
definição de resistência de aderência estabelecida na “terminologia de argamassas” por Bonin
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 110
(2009) como “o máximo esforço que a interface entre uma camada de argamassa no estado
endurecido e uma base sobre a qual ela foi aplicada pode resistir a um carregamento que
provoca tensões axiais de tração ou transversais de cisalhamento”.
Desta feita, os resultados de Rat considerados para cálculo das médias em cada caso
estudado foram aqueles que ocorreram na interface de aderência, portanto com
profundidades acima de 17 mm de profundidade.
Os resultados de Rat para cada a/c do concreto dos substratos estudados para a argamassa
de proporcionamento 1 : 2 : 9, juntamente com os histogramas de profundidades estão
apresentados nas Tabelas 4.23 a 4.26.
10
8
6 5
0,35 R1 1:2:9 0,12 0,09 4
4
2 1 1 1 1
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21 21 |------23
10
7
8
6
0,35 R2 1:2:9 0,09 0,08 4
1 1 1 1
2
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 111
Frequência (unid)
10
7
8
0,50 R1 1:2:9 0,11 0,07 6
4
1 1 1
2 0
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
91% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 9%
acima de 17 mm
Frequência (unid)
15
10
0,50 R2 1:2:9 0,11 0,17 6
5
1
0 0 0
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
96% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 4%
acima de 17 mm
8
6
0,65 R1 1:2:9 0,12 0,08 4 2
2
1
0
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19
96% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 4%
acima de 17 mm
15
10
6
0,65 R2 1:2:9 0,15 0,17 3
5
1 1
0
9 |------12 12 |------15 15 |------18 18 |------21 21 |------24
74% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
26% acima de 17 mm
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 112
Frequência (unid)
6
6
4
3 3
0,80 R1 1:2:9 0,19 0,19 4
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19
Frequência (unid)
6 5 5
5 4
4
0,80 R2 1:2:9 0,18 0,20 3 2
2 1
1
0
9 |------11 11 |------13 13 |------15 15 |------17 17 |------19 19 |------21
88% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
13% acima de 17 mm
Os resultados de Rat para cada a/c do concreto dos substratos estudados para a argamassa
de proporcionamento 1 : 1 : 6, juntamente com os histogramas de profundidades estão
apresentados nas Tabelas 4.27 a 4.30.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 113
Frequência (unid)
15
10
0,35 R1 1:1:6 0,20 0,18
5 3
1 1
0 0
0
10 |------12 12 |------14 14 |------16 16 |------18 18 |------20 20 |------22
13% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 88%
acima de 17 mm
Frequência (unid)
8
6
3 3
0,35 R2 1:1:6 0,27 0,26 4
2
2 1
0
0
8 |------10 10 |------ 12 |------ 14 |------ 16 |------ 18 |------ 20 |------
12 14 16 18 20 22
83% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 17%
acima de 17 mm
6 5
4 4
0,50 R1 1:1:6 0,31 0,23 4
2 1 1
0
0
8 |------10 10 |------ 12 |------ 14 |------ 16 |------ 18 |------ 20 |------
12 14 16 18 20 22
50% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
50% acima de 17 mm
16 14
Frequência (unid)
14
12
10
0,50 R2 1:1:6 0,30 0,41 8
6
5
4 2 2
1
2
0
8 |------11 11 |------14 14 |------17 17 |------20 20 |------23
88% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 13%
acima de 17 mm
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 114
Frequência (unid)
25
20
15
9
0,65 R1 1:1:6 0,31 0,17 10
4
5 2 1 2 2
0
9 |------ 11 |------ 13 |------ 15 |------ 17 |------ 19 |------ 21 |------
11 13 15 17 19 21 23
15% até 17 mm Classes de profundidade (mm)
85% acima de 17 mm
Frequência (unid)
20
18
15
10 8
8
6
0,80 R1 1:1:6 0,29 0,17 4
4
2
1
0 0
0
10 |------12 12 |------14 14 |------16 16 |------18 18 |------20 20 |------22
5 4 4 4
4 3
3 2 2
0,80 R2 1:1:6 0,23 0,32 2
1
0
9 |------ 11 |------ 13 |------ 15 |------ 17 |------ 19 |------ 21 |------
11 13 15 17 19 21 23
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 115
Frequência (unid)
15
10
6
5
4
0,65 R2 1 : 0,5 : 3,4 0,92 0,73 3 2 2
2
1 0
0
6 |------9 9 |------12 12 |------15 15 |------18 18 |------21
33% até 17 mm Classes de profundidade (mm) 67%
acima de 17 mm
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 116
Tabela 4.32 – Resumo dos valores médios de Rat (MPa) na zona de aderência, para cada caso estudado.
Concreto
1 : 0,5 : 3,4 ____ ____ ____ ____ 0,35 0,73 ____ ____
No caso da argamassa 1 : 0,5 : 3,4, os resultados de Rat são maiores nas superfícies com
impressão de rugosidade.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 117
Figura 4.5 – Efeito a/c do concreto na Rat: a) superfície R1; b) superfície R2.
Influência da a/c do concreto com a superfície R1 na Rat Influência da a/c do concreto com a superfície R2 na Rat
Efeito estudado: F(3, 101)=,72433, p=,53977 Efeito estudado: F(3, 22)=2,9374, p=,05575
0,26 0,45
0,24
0,40
0,22
0,20 0,35
0,18
0,30
0,16
0,14
0,25
0,12
0,10 0,20
0,08
0,15
0,06
0,04 0,10
0,02
0,00 0,05
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80 a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
a) CONCRETO
Concreto SUPERFÍCIE
superfície R1R1 b) CONCRETO R2
Concreto superfície R2
A Figura 4.5 aponta para uma tênue influência da a/c do concreto na Rat no caso de R1 que,
quando levada em consideração a variabilidade típica nos resultados desse ensaio, esta
influência poderia ficar mascarada. Esta influência não foi evidente no caso do concreto com
a superfície R2.
Tabela 4.33 – ANOVA, com fator aninhado, para análise dos resultados de Rat.
Legenda: SQ – soma quadrática, gl – grau de liberdade, MQ – média quadrática, Fcalc.- valor de F calculado, Ftab – valor de F
tabelado na tabela de distribuição F de Snedecor.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 118
Os gráficos ilustrados na Figura 4.6 mostram a influência dos substratos na Rat, evidenciando
a influência da a/c do concreto e da superfície do concreto dos substratos.
Figura 4.6 – Influência dos substratos na Rat: a) a/c do concreto; b) superfície do concreto.
Influência da a/c do concreto (aninhado com a superfície) na Rat Influência da superfície do concreto (modelo aninhado) na Rat
Efeito estudado: F(3, 130)=3,9563, p=,00974 Efeito estudado: F(4, 130)=7,8716, p=,00001
0,34 0,45
0,32
0,40
0,30
Resistência de aderência à tração (MPa)
0,24 0,30
0,22
0,25
0,20
0,18 0,20
0,16
0,15 CONCRETO
0,14
a/c 0,35
0,12 CONCRETO
0,10
0,10 a/c 0,50
CONCRETO
0,08 0,05
R1 R2 a/c 0,65
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
CONCRETO
SUPERFÍCIE
a) CONCRETO
b) a/c 0,80
O teste de Duncan para cada variável em separado, neste caso para a a/c dos concretos,
evidenciou diferenças significativas entre o concreto de a/c 0,35 e a/c 50, não resultando em
diferenças significativas entre os resultados de Rat para os demais concretos, conforme
mostrado na Tabela 4.34 e na representação gráfica do teste.
Quando confrontadas as várias rugosidades em suas respectivas a/c dos concretos, somente
os concretos com a/c 0,50 e a/c 0,80 e de superfície R2 se mostraram significativos em relação
aos demais concretos, conforme mostrado na Tabela 4.35.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 119
Tabela 4.35 – Teste de Duncan para o efeito a/c do concreto com a rugosidade da superfície na Rat.
a/c a/c 0,35 a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,65 a/c 0,80 a/c 0,80
R1 R2 R1 R2 R1 R2 R1 R2
a/c 0,35 R1 NS NS S NS NS NS S
a/c 0,35 R2 NS NS S NS NS NS S
a/c 0,50 R1 NS NS S NS NS NS S
a/c 0,50 R2 S S S S S S NS
a/c 0,65 R1 NS NS NS S NS NS S
a/c 0,65 R2 NS NS NS S NS NS S
a/c 0,80 R1 NS NS NS S NS NS S
a/c 0,80 R2 S S S NS S S S
A análise estatística também permitiu constatar que o efeito mais significativo na Rat, para o
estudo dessa dissertação, foi a argamassa, uma vez que o Fcalc foi superior aos obtidos para
os demais efeitos do estudo. A Figura 4.7 ilustra a influência do proporcionamento das
argamassas na Rat.
0,26
Resistência de aderência à tração (MPa)
0,24
0,22
0,20
0,18
0,16
0,14
0,12
0,10
0,08
116 129
ARGAMASSA
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 120
0,6
0,4
0,3 0,4
0,2
0,2
0,1
0,0
0,0
-0,2 ARGAMASSA
-0,1
1 0,5 3,4
-0,2 -0,4 ARGAMASSA
1 0,5 3,4 116 129 R1 R2 116
ARGAMASSA
a) ARGAMASSA b) SUPERFÍCIE 129
Como base para comparação, os resultados totais de Rat, considerando todas as rupturas
(adesivas – na zona de aderência – e coesivas – no interior da camada de argamassa), foram
submetidos aos mesmos tratamentos estatísticos de análise de variâncias e os resultados
estão apresentados no Apêndice Q desta dissertação. Isto foi realizado, por ser o modelo de
análise tradicional de Rat, empregada em muitas pesquisas. No entanto, entende-se que a
análise realizada neste trabalho, separando dados de Rat relativos à zona de aderência, é
mais adequada.
Uma vez definido que a a/c dos concretos dos substratos exerce influência nos resultados de
resistência de aderência à tração (Rat), buscou-se verificar a possibilidade da contribuição de
características do concreto nos valores de Rat.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 121
Tabela 4.36 – Características do concreto correlacionadas com a Rat (tentativas de correlação linear).
Argamassa de revestimento
Característica do concreto 1 : 2 : 9 R1 1 : 2 : 9 R2 1 : 1 : 6 R1 1 : 1 : 6 R2
r R2 r R2 r R2 r R2
Resistência à compressão (MPa) -0,70 0,48 -0,91 0,82 0,36 0,13 0,07 0,005
Módulo estático de elasticidade (GPa) -0,71 0,50 -0,88 0,77 0,42 0,17 0,12 0,01
Absorção de água (%) 0,69 0,47 0,78 0,61 -0,56 0,31 -0,30 0,08
Taxa inicial de sucção
0,88 0,77 0,84 0,70 -0,44 0,19 0,02 0,0006
(g/193,55cm²/min)
Absorção por capilaridade (g/cm²) em
0,85 0,71 0,84 0,70 -0,48 0,23 -0,06 0,003
3h
Figura 4.9 – Tentativa de correlação linear entre a resistência à compressão dos concretos e a Rat: a)
argamassa 1 : 2 : 9 e b) argamassa 1 : 1 : 6.
0,25 0,45
Resistência de aderência à tração
0,40
0,20 0,35 R² = 0,005
0,30
0,15
R² = 0,8238 0,25
(MPa)
(MPa)
0,10
0,05
0,05
0,00 0,00
0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
Figura 4.10 – Tentativa de correlação entre a taxa inicial de sucção (IRA) dos concretos e a Rat: a) argamassa
1 : 2 : 9 e b) argamassa 1 : 1 : 6.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 122
0,25 0,45
Resistência de aderência à tração
0,40
(MPa)
R² = 0,7764 0,20
0,10 Arg 129 R2 Arg 116 R2
0,15
R² = 0,1973
0,05 0,10
0,05
0,00 0,00
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Taxa inicial de sucção-IRA (g/193,55cm²/min) Taxa inicial de sucção-IRA (g/193,55cm²/min)
a) b)
Entendendo-se que a característica de absorção por capilaridade poderia ter maior influência
nas primeiras horas após a aplicação da argamassa de revestimento, verificou-se a correlação
dessa característica na determinação referente a 3 horas. Houve maior correlação para a
argamassa 1 : 2 : 9, conforme mostrado na Figura 4.11. No caso da argamassa 1 : 1 : 6, a
correlação entre os resultados foi fraca a inexistente.
Figura 4.11 – Correlação entre a absorção por capilaridade após 3h e a Rat: a) argamassa 1 : 2 : 9 e b)
argamassa 1 : 1 : 6.
0,45
Resistência de aderência à tração
0,25
Resistência de aderência à tração
0,40
0,20 0,35
R² = 0,7016 R² = 0,0036
0,30
Arg 129 R1
0,15 0,25 Arg 116 R1
(MPa)
(MPa)
0,00 0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40
a) Absorção por capilaridade (g/cm²) 3h b) Absorção por capilaridade (g/cm²) 3h
Assim como o concreto dos substratos, a análise estatística permitiu afirmar que existe
influência das argamassas de revestimento na Rat. Desta forma, buscou-se verificar a
possibilidade da contribuição de características das argamassas nos valores de Rat.
A correlação entre os dados ficou comprometida, uma vez que utilizou-se duas argamassas
de revestimento sobre os variados concretos dos substratos. Partindo-se de dois pontos o
coeficiente de determinação é sempre igual a um, ou seja, o ajuste a uma reta é inevitável.
Diante disso, os gráficos de correlação que foram estudados foram utilizados para
conhecimento do comportamento das características das argamassas em relação à Rat: se
de proporcionalidade direta ou não.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 123
Figura 4.12 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat: a) argamassa superfície
R1 e b) argamassa superfície R2.
0,40 0,80
Resistência de aderência à tração
0,30 0,60
Arg 1:0,5:3,4
0,25 0,35 R1 0,50 0,35 R2
(MPa)
(MPa)
0,20 0,50 R1 0,40 0,50 R2
0,15 0,65 R1 0,30 0,65 R2
Arg 1:1:6
0,10 0,80 R1 0,20 0,80 R2
0,05 0,10
Arg 1:2:9 Arg 1:1:6
Arg 1:2:9
0,00 0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00
Figura 4.13 – Correlação entre o módulo dinâmico de elasticidade das argamassas e a Rat: a) argamassa
superfície R1 e b) argamassa superfície R2.
0,40 0,80
Resistência de aderência à tração
0,35 0,70
0,30 0,60
Arg 1:0,5:3,4
0,25 0,35 R1 0,50 0,35 R2
(MPa)
(MPa)
Pode-se afirmar que a característica possui proporcionalidade direta com a Rat, ou seja, o
aumento nos valores de resistência à tração na flexão contribui para o aumento nos valores
de Rat, tanto para a superfície R1 como para a R2. Comportamento análogo foi verificado
para as características de resistência à compressão e módulo dinâmico de elasticidade. Isto
indica que a medida que se aumenta a resistência das argamassas, de modo geral, aumenta-
se a resistência de aderência dos revestimentos. A Figura 4.14 mostra, para os resultados
obtidos dos revestimentos aplicados sobre o concreto com a/c 0,65, a correlação obtida entre
o teor de cimento das argamassas e a Rat. Observa-se que com o substrato liso obteve-se
uma correlação maior.
Figura 4.14 – Correlação entre a resistência à tração na flexão das argamassas e a Rat.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 124
Superfície R1 Superfície R2
0,40 0,80
0,35 0,70
0,30 0,60
Rat (MPa)
Rat (MPa)
0,25 0,50
y = 0,0165x y = 0,0309x
0,20 0,40
R² = 0,9115 R² = 0,7469
0,15 0,30
0,10 0,20
0,05 0,10
0,00 0,00
0 5 10 15 20 25 0 5 10 15 20 25
Teor de cimento (%) Teor de cimento(%)
Resultado semelhante foi obtido por Carasek (1996) e Silva (2006) que, com a diminuição do
teor de cimento (ocasionado pelo aumento das relações cal/cimento e agregado/aglomerante)
ocorreu uma redução da resistência de aderência à tração. Cabe destacar, que existem
trabalhos como o de Antunes (2005) com resultados aparentemente contrários aos obtidos na
presente pesquisa e nos outros trabalhos citados. Antunes (2005) não obteve correlação entre
a resistência de aderência à tração e a resistência à tração na flexão das argamassas. No
entanto, as variações da resistência à tração na flexão das argamassas obtidas pela referida
autora foram impostas não com a variação do proporcionamento das argamassas (teor de
cimento) e sim pela variação no teor de aditivos (incorporador de ar e dispersante). Nesse
caso, parece que a taxa de defeitos da interface, inversamente proporcional à trabalhabilidade
das argamassas, foi preponderante na resistência de aderência à tração dos revestimentos.
O revestimento quando aplicado, sofre tensões de cisalhamento sob ação de força normal (σ)
quase nula. O ideal seria que o ensaio também fosse realizado sob essas condições. Todavia,
a premissa do ensaio de cisalhamento direto, utilizado nesse trabalho para a determinação
da Rac, é que se utilize variadas tensões normais, no intuito da obtenção da curva de
correlação entre a tensão normal (σ) e a tensão de cisalhamento (t). O intercepto coesivo,
dado pelo “c” na equação de correlação (t = σ tanφ + c), é a tensão de cisalhamento sob
tensão normal nula, ou coesão. Num sistema de revestimento, a argamassa está sujeita a
tensões de cisalhamento sob tensão normal nula. Desta forma, e para uma interface de
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 125
A escolha da tensão normal que foi utilizada em cada ensaio se baseou no critério da
existência de pelo menos um ponto próximo à tensão normal nula (neste trabalho
representado pela tensão igual a 0,01 MPa) e as demais com valores superiores a esse, mas
ainda baixos (neste trabalho representado pelas tensões 0,06 MPa, 0,09 MPa e 0,15 MPa).
Em cada ensaio, para cada tensão normal (σ) constante aplicada, obtiveram-se os valores da
tensão de cisalhamento (t) e os valores de deslocamento vertical para cada amostra. Na
Tabela 4.37 estão apresentados os valores médios obtidos.
Tensão de Deformação
Tensão Normal
Amostra cisalhamento D.P. (MPa) C.V. (%) vertical máxima
aplicada (MPa)
Média (MPa) média (mm)
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 126
Figura 4.15 – Tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal: a) sistema 1 : 1 : 6 R1; b) sistema
1 : 0,5 : 3,4 R1.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 127
Os ensaios demonstraram baixo coeficiente de variação, com média de 6,4% para o sistema
1 : 1 : 6 e 4,2% para o sistema 1 : 0,5 : 3,4. O maior C.V. foi de 10,4%, considerado muito
satisfatório para este tipo de medida. A título de comparação, são citadas as pesquisas de
Ioppi (1996), Candia (1998), Santana (2010), que obtiveram coeficientes de variação máximos
de 27,5%, 40%, e 32%, respectivamente, para os ensaios de resistência de aderência ao
cisalhamento de sistemas de revestimento de argamassa.
Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal (MPa)
(MPa) - Sistema 1:1:6 R1 - Sistema 1:1:6 R2
0,9 0,9
0,8
Tensão Cisalhante MPa
0,8
Tensão Cisalhante MPa
0,7 0,7
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4
y = 1,18x + 0,49 0,4 y = 0,52x + 0,57
0,3
R² = 0,98 0,3 R² = 0,80
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0,0
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
a) Tensão Normal MPa
b) Tensão Normal MPa
Figura 4.17 – Regressão linear σ x t: a) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R1.; b) sistema 1 : 0,5 : 3,4 R2.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 128
Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal (MPa)
(MPa) - Sistema 1:0,5:3,4 R1 1,8 - Sistema 1:0,5:3,4 R2
2,0 1,6
1,6
1,2
1,4
1,0
1,2
1,0
y = 2,02x + 1,02 0,8 y = 2,34x + 1,16
0,8
R² = 0,95 0,6 R² = 0,97
0,6
0,4
0,4
0,2 0,2
0,0 0,0
0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 0,16 0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16
a) Tensão Normal MPa b) Tensão Normal MPa
Nos sistemas de revestimento não foram obtidos resultados que pudessem justificar uma
possibilidade de aumento ou diminuição do ângulo de atrito com a rugosidade do substrato.
Os valores são muito próximos (com exceção do sistema 116R2 que apresentou um valor de
ângulo mais baixo, muito provavelmente pelo fato da regressão linear não ter sido tão boa
quanto às demais). Isto evidencia que os parâmetros de resistência levantados pelo ensaio
de cisalhamento direto devem ser analisados em conjunto, a fim de evitar conclusões
precipitadas.
Figura 4.18 – Correlação de Rac com σ =0 e de tensão de cisalhamento com σ =0,01 MPa.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 129
1,40
1,00
0,80
y = 0,975x
R² = 0,99
0,60
0,40
0,20
0,00
0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00 1,20 1,40
Observa-se na Figura 4.18 uma correlação muito forte entre os valores (R2 ~1) e uma
constante de proporcionalidade de 0,975, próxima de 1,0. Com base nestes resultados,
poderia se supor que para determinação da resistência de aderência ao cisalhamento de
sistemas de argamassa utilizando o método proposto nesta dissertação, não é necessária a
realização dos ensaios com quatro (ou três) normais e sim, bastaria executar o ensaio com
uma tensão normal próxima de zero. Neste caso, poderia ser adotado este valor (admitindo
um erro menor do que 3%) ou mesmo poderia ser aplicado o coeficiente de correção (0,975)
minorando os resultados. Esta hipótese, no entanto, deve ser comprovada com novas
pesquisas.
Legenda: SQ – soma quadrática, gl – grau de liberdade, MQ – média quadrática, Fcalc.- valor de F calculado, Ftab – valor de F
tabelado na tabela de distribuição F de Snedecor.
A análise estatística demonstrou as variáveis que possuem influência na Rac, para um nível
de significância de 5% (Ftab = Fα = 0,05 (v1, v2)), sendo v1 e v2 os graus de liberdade do
efeito avaliado e do resíduo, respectivamente. Esta análise permitiu a constatação de que
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 130
A análise também permitiu concluir que o tipo de superfície do substrato possui interferência
na Rac. A Rac foi maior nas interfaces com rugosidade R2, ou seja, a superfície mais rugosa
do substrato colabora para o aprimoramento da resistência de aderência ao cisalhamento. A
Figura 4.19 ilustra os dois comportamentos mencionados.
Inf luência da argamassa na Rac Inf luência da rugosidade da superf ície na Rac
Ef eito estudado: F(1, 64)=3174,1, p=0,0000 Ef eito estudado: F(1, 64)=59,245, p=,00000
1,4 1,02
Resistência de aderência ao cisalhamento (MPa)
1,3 1,00
1,2 0,98
1,1 0,96
1,0 0,94
0,9 0,92
0,8 0,90
0,7 0,88
0,6 0,86
0,5 0,84
1 0,5 3,4 116 R1 R2
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 131
Influência da argamassa e superfície na Rac Inf luência da argamassa, tensão Normal e superf ície na Rac
Efeito estudado: F(1, 64)=22,537, p=,00001 Ef eito estudado: F(3, 64)=2,5676, p=,06211
1,5
1,8
Resistência de aderência ao cisalhamento (MPa)
1,4 1,6
Resistência de aderência ao
1,4
cisalhamento (MPa)
1,3
1,2 1,2
1,0
1,1
0,8
1,0
0,6
0,9
0,4
0,8 0,2
Normal 0,01
Normal 0,06
Normal 0,09
Normal 0,15
Normal 0,01
Normal 0,06
Normal 0,09
Normal 0,15
Tensão Normal (MPa):
0,6
0,5
Superfície Argamassa
0,4
1 0,5 3,4 116 R1 1 0,5 3,4
Superfície Argamassa
a) Argamassa R2 b) Superf ície: R1 Superf ície: R2 116
Um registro fotográfico foi realizado ao final de cada ensaio com uma descrição de cada
interface cisalhada, juntamente com a análise das formas de ruptura ocorridas. Como o ensaio
induz que haja ruptura exatamente na interface de aderência, as formas possíveis de ruptura
observadas foram na argamassa da zona de aderência (ruptura coesiva), ou na interface de
aderência (ruptura adesiva), ou no substrato (ruptura coesiva), conforme ilustrado na Figura
4.21.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 132
Figura 4.22 – Padrões de ruptura adesiva: a) concentrada nas bordas; b) disseminada na interface de aderência.
a) b)
Figura 4.23 – Padrões de ruptura coesiva: a) na argamassa da zona de aderência numa superfície R2, b) no
substrato.
a) b)
Nos ensaios sob tensão normal de 0,15 MPa, a argamassa da zona de cisalhamento
apresentou feições tipo “farinha de falha”, termo geológico utilizado para caracterizar um
material sem coesão, de feição típica de zonas de cisalhamento (falha, fratura), onde o
movimento cisalhante entre as rochas ocasiona fragmentação dos materiais, provocando uma
cominuição generalizada. No caso das argamassas de revestimento, era caracterizada por
excesso de material sem coesão de aparência friável na zona de aderência. A Figura 4.24
ilustra o caso mencionado.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 133
Figura 4.24 – Argamassa cisalhada da zona de aderência com feição tipo “farinha de falha”.
O ensaio foi realizado com as tensões normais de 0,09 MPa, 0,15 MPa, 0,21 MPa e 0,41 MPa,
e os resultados médios estão mostrados na Tabela 4.40. Alguns resultados individuais estão
apresentados nos Apêndices N a P.
Tensão de
Tensão Normal
Amostra cisalhamento D.P (MPa) C.V (%)
(MPa)
Média (MPa)
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 134
Figura 4.25 – Tensão de cisalhamento em função do deslocamento horizontal: a) concreto a/c 0,65; b)
argamassa 1 : 1 : 6.
4,5
Tensão de Cisalhamento (MPa)
Os ensaios demonstraram baixo coeficiente de variação, com média de 6,5% para o concreto,
de 5,8% para a argamassa 1 : 1 : 6 e 10,2% para a argamassa 1 : 0,5 : 3,4.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 135
Figura 4.26 – Regressão linear - tensão cisalhante em função da tensão normal: a) concreto a/c 0,65; b)
argamassa 1 : 1 : 6; c) argamassa 1 : 0,5 : 3,4.
4,0
3,0
0,0
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50
a) Tensão Normal MPa
Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal Tensão de cisalhamento (MPa) x Tensão normal
(MPa) - Argamassa 1:1:6 3,0
(MPa) - Argamassa 1:0,5:3,4
1,40
1,00 2,0
0,80
1,5
0,60
0,40
y = 1,19x + 0,78 1,0 y = 1,18x + 2,31
0,20
R² = 0,88 0,5
R² = 0,96
0,00
0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,0
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5
b) Tensão Normal MPa
c) Tensão Normal MPa
Diante disso, foram estabelecidos os parâmetros de resistência para cada material estudado,
conforme mostrado na Tabela 4.41.
Tabela 4.41 – Parâmetros de resistência para o concreto de a/c 0,65 e para as argamassas 1 : 1 : 6 e
1 : 0,5 : 3,4.
Coeficientes
Sistema c (MPa) φ (°)
r R2
Concreto a/c 0,65 3,46 80 0,98 0,96
Argamassa 1 : 1 : 6 0,78 50 0,94 0,88
Argamassa 1 : 0,5 : 3,4 2,31 50 0,97 0,96
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 136
Na separação dos dados de Rac para os sistemas de revestimento, de acordo com a forma
de ruptura, pode-se observar que os resultados de Rac na argamassa da zona de aderência
eram diferentes daqueles encontrados para argamassa ensaiada isoladamente. Na Tabela
4.42 estão mostrados os valores de Rac em cada sistema, quando a ruptura se deu com
porcentagem acima de 70% na argamassa e os respectivos resultados de cisalhamento na
argamassa ensaiada isoladamente.
Tabela 4.42 – Resultados de Rac com ruptura em porcentagem superior a 70% na argamassa.
Rac Sistema de
Rac Sistema de
Coesão revestimento 1 : 0,5 : 3,4
revestimento 1 : 1 : 6 (MPa) Coesão Argamassa
Argamassa (MPa)
1 : 0,5 : 3,4 (MPa)
1 : 1 : 6 (MPa)
R1 R2 R1 R2
Essa diferença pode ser explicada pela interferência química e física que acontece na
aproximação de dois materiais porosos diferentes, principalmente, no que diz respeito ao
transporte de água. A argamassa de revestimento, quando em contato com um substrato
plano e poroso, pode sofrer um “efeito parede” e ter alterada sua relação água/cimento
naquela região próxima à interface de aderência. Esta ocorrência (efeito) poderia implicar em
menor densidade, maior porosidade, culminando em menor resistência nessa área. A
hipótese da existência de um efeito parede ou de um efeito de superfície também foi levantada
por Carasek (1996).
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 137
Figura 4.28 – Correlação entre características das argamassas e a Rac: a) resistência à tração na flexão, b)
módulo dinâmico de elasticidade.
1,40
Arg 1:0,5:3,4
Resistência de aderência ao
Resistência de aderência ao
1,40
Arg 1:0,5:3,4 1,20
cisalhamento (MPa)
cisalhamento (MPa)
1,20
1,00
1,00
0,65 R1 0,65 R1
0,80
0,80
0,65 R2 0,65 R2
0,60
0,60
0,40
0,40 Arg 1:1:6
Arg 1:1:6 0,20
0,20
0,00 0,00
0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50 3,00 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 138
Figura 4.29 – Correlação entre Rac e Rat com rupturas na interface de aderência.
1,40
1,20
Resistência de aderência ao
1,00
cisalhamento (MPa)
0,80
y = 0,47ln(x) + 1,40
0,60 R² = 0,87
0,40
0,20
0,00
0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8
A correlação logarítmica entre Rac e Rat encontrada neste trabalho, é dada de acordo com a
equação y = 0,47 ln (x) + 1,4, com coeficiente de determinação de 0,87.
Candia (1998) encontrou relação entre Rac e Rat de 1,71 sobre blocos cerâmicos, 1,28 para
blocos de concreto e 1,18 para substrato de concreto. Stolz (2011) encontrou que os
resultados de tração eram superiores ao de cisalhamento. Júlio et al. (2004) estudou
aderência entre concreto novo e antigo e encontrou resultados de cisalhamento maiores que
os de tração, com relação de 5,4 conforme mostrado na Figura 4.30.
Figura 4.30 – Correlação entre ensaio Slant Shear e Pull-off realizados por Julio et al. (2004).
Ioppi (1995) utilizou um torquímetro para determinação da Rac e encontrou uma correlação
exponencial entre Rat e Rac. Utilizando a ideia do valor admissível mínimo por norma para
Rat em revestimentos de fachada (0,30 MPa), o autor sugeriu (utilizando a equação
exponencial de correlação entre Rat e Rac) um valor de 0,8 MPa como valor limite mínimo
M. O. CAMPOS Capítulo 4
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 139
para resistência de aderência ao cisalhamento por torção aos 28 dias. Na mesma ideia
(apesar de se tratar de métodos de obtenção de Rac diferentes) e utilizando a função de
correlação logarítmica entre Rat e Rac definida no presente trabalho, o valor mínimo de Rac
seria de 0,83 MPa, valor muito próximo ao encontrado por aquele autor.
M. O. CAMPOS Capítulo 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados do programa experimental e nas análises realizadas, as conclusões
finais são apresentadas a seguir, válidas para os materiais e condições utilizados nesta
pesquisa. Na sequência, também são apresentadas considerações sobre os ensaios de
determinação da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento, bem como as
sugestões para trabalhos futuros no tema.
5.1. CONCLUSÕES
M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 141
0,65 foram próximos aos encontrados na literatura para blocos cerâmicos de vedação. A partir
da a/c 0,80 os valores aumentam muito, sugerindo uma função exponencial para a explicação
do comportamento de IRA com o aumento da a/c dos concretos. A absorção de água por
capilaridade tem proporcionalidade direta com o a/c dos concretos, sendo significativamente
diferente entre elas em cada caso. Os valores de profundidade média de ascensão capilar
foram próximos para os concretos de a/c 0,35 e de a/c 0,50.
Os resultados de Rac naquelas amostras onde houve rupturas com porcentagem superior a
70% na argamassa da zona de aderência foram mais baixos que o valor da coesão das
argamassas ensaiadas isoladamente, evidenciando a presença da denominada zona de
aderência.
Na análise da correlação entre os resultados de Rat e a Rac foi possível observar que a
resistência de aderência ao cisalhamento aumenta com o aumento da resistência de
aderência à tração. Os resultados apontam para uma correlação logarítmica entre Rac e Rat,
dada de acordo com a equação y = 0,47 ln (x) + 1,4, com coeficiente de determinação de
0,87.
M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 143
Na separação dos dados, mais especificamente nas rupturas adesivas, pôde-se observar que
uma parcela da argamassa de revestimento atua na região em que ocorre a ruptura, abrindo
espaço para o entendimento de que exista uma “zona” ou região, em que os materiais se
interagem química e mecanicamente, promovendo a aderência entre eles, denominada de
zona de aderência neste trabalho. Assim, defende-se que os resultados que devem ser
considerados para análise da resistência de aderência à tração são aqueles situados nessa
zona.
Na análise das porcentagens relativas à forma de ruptura, foi utilizado um gabarito graduado
com as porcentagens relativas à área do furo, para furos de 50 mm. A utilização desse
gabarito foi satisfatória e permitiu a padronização da leitura das porcentagens relativas às
M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 144
A utilização do valor correspondente à coesão “c”, dado na equação de regressão linear entre
tensão normal e tensão cisalhamento (Mohr-Coulomb) como resultado de Rac do sistema de
revestimento é adequada. Ressalta-se porém, que essa associação deve ser feita quando o
coeficiente de correlação e de determinação forem altos, uma vez que a precisão do valor de
“c” irá depender muito da qualidade dessa reta.
É preponderante que o tamanho da amostra preparada para esse ensaio seja bem pensado
e definido de forma a possibilitar a exclusão de valores espúrios, caso ocorra. A inclusão de
resultados não genuínos (motivados por erros inerentes ao ensaio, como má execução do
revestimento, presença de brocas nos materiais do sistema, colocação e ajuste da amostra
no shear box e empenamento das superfícies laterais da amostra) podem resultar em pouco
ajuste à reta, e, consequentemente, a não obtenção de um valor de “c” (Rac) confiável.
Com relação ao equipamento utilizado para determinação da Rac é importante relatar que a
capacidade nominal de força de cisalhamento da máquina deve ser levada em consideração.
A utilização de máquinas com baixa capacidade implica na utilização de amostras pequenas,
uma vez que o cálculo das tensões se dá em função da área.
M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 145
com outra superfície do substrato. Comportamento similar foi observado também nos ensaios
de Rat.
O ensaio para determinação do cisalhamento direto em solo, utilizado nessa pesquisa para a
determinação da Rac em sistemas de revestimento utiliza o resultado da relação entre
variadas forças normais e a tensão de cisalhamento, expressa na forma de uma regressão
linear, que determina os parâmetros de resistência. Dada a boa aproximação obtida com os
valores de “c”, aqui considerados como Rac, calculados a partir de variadas normais (neste
trabalho 4 valores diferentes) com a tensão de cisalhamento referente à tensão normal de
0,01 MPa, pôde-se perceber que são valores muito próximos.
A utilização da tensão de cisalhamento obtida com tensão normal baixa (até 0,01 MPa) como
valor correspondente à Rac do sistema de revestimento poderia ser uma forma mais rápida e
mais prática da obtenção da propriedade de Rac nos sistemas estudados. Como se sabe que
no ensaio de cisalhamento direto, tensão normal e tensão de cisalhamento são diretamente
proporcionais, ao se obter a tensão de cisalhamento sob tensão normal não nula (até
0,01 MPa) o valor obtido estaria majorado. Isto significa que a análise de Rac pode ficar
comprometida, resultando em valores mais altos que aqueles obtidos pela regressão linear,
onde a tensão normal é nula. De toda forma, e pela proximidade entre os valores de t0,01 e c
(Rac) pode-se pensar na utilização de índices de correção ou de ajuste, em prol da segurança
e da confiabilidade do resultado, no caso da obtenção de Rac a partir do ensaio de
cisalhamento direto com aplicação de apenas um valor de tensão normal.
M. O. CAMPOS Capítulo 5
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 146
M. O. CAMPOS Capítulo 5
REFERÊNCIAS
M. O. CAMPOS Referências
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 148
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M. O. CAMPOS Referências
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M. O. CAMPOS Referências
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M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 157
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo analisar interferências do uso de pigmento inorgânico
nas propriedades de argamassas de revestimento. Visa também fazer uma análise qualitativa
acerca da cor mais favorável para visualizações da interface de aderência
argamassa/substrato em lupa estereoscópica. Foram estudadas quatro argamassas, sendo
uma de referência, sem uso de pigmento e três outras, de diferentes cores. A pesquisa
experimental envolveu a caracterização dos materiais utilizados no preparo das argamassas,
bem como a caracterização quanto à resistência à compressão axial, tração na flexão e
resistência de aderência à tração, além da análise na lupa estereoscópica. A pesquisa
mostrou que a adição do pigmento orgânico interferiu significantemente nas propriedades do
estado endurecido da argamassa de revestimento em detrimento do pigmento inorgânico e
permitiu concluir ser a cor amarela a mais adequada para avaliação da interface de aderência
para os variados substratos utilizados.
ABSTRACT
This paper presents an experimental research that studies the use of pigments in rendering
mortar and its influence on rendering mortar´s properties. It also aims at a qualitative analysis
on the most favorable color to visualize the bond’s interface on a trinocular microscop. The
experimental research enfolded the rendering mortar´s materials characterization, as well as
the characterization of axial compression strength, flexural strength and the tensile bond
strength of rendering mortar. This research showed that the organic pigment addition affects
significantly the cured properties of rendering mortar when compared with the inorganic one
and enable the choose of yellow pigment as the most favorable color for visualizations of
mortar/substrate interface in the studied substrates.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 158
1. INTRODUÇÃO
O uso de pigmentos na construção civil tem aumentado nos últimos anos. Utiliza-se o
pigmento na confecção de argamassas, pisos intertravados de concreto, telhas de concreto
enfim, materiais e peças pré-fabricadas de concreto em geral.
Com o avanço da tecnologia dos materiais, os pigmentos vão ganhando aliados na tentativa
de se conseguir materiais com cores cada vez mais puras, com o uso do cimento branco e
agregados coloridos por exemplo. Quanto maior a utilização de cimento e agregados brancos,
maior a possibilidade de se obter um material com realce de cor. Em contrapartida, o uso de
adições como cinza volante e escória de alto forno, pelas suas cores caracteristicamente mais
escuras, pode atrapalhar no resultado final da cor(1), originando cores enegrecidas e
cinzentas(2).
Segundo Lee, Lee e Yu(4), os pigmentos são partículas muito mais finas que o cimento e as
variações entre eles dependem do tamanho e forma da partícula. Essas partículas ficam
depositadas na superfície do grão de cimento e constituem partículas de aproximadamente
um décimo do tamanho das partículas de cimento(2).
Isto significa que quanto menor a partícula do pigmento maior o poder de tingimento.
Pigmentos mais finos contribuem para obtenção de cores mais pronunciadas no produto final.
No entanto, o desempenho do pigmento, bem como o poder de tingimento e a intensidade da
cor dependem não só do tamanho da partícula como também da pureza do produto(4) e da
propriedade de absorção do substrato(5).
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 159
Muitos autores afirmam que o aumento da intensidade da cor pode ser obtida a partir da
adição de maiores quantidades de pigmento(2), (3), (4)
. No entanto, os mesmos autores
comentam que existe um ponto de saturação, acima do qual o aumento da intensidade da cor
não pode mais ser percebida. Para alguns tipos de pigmentos sintéticos fortes o ponto de
saturação fica em torno de 5% de adição em relação à massa de cimento(3). O teor de
saturação varia por tipo de pigmento e tipicamente está entre 8% e 9% para os tons
amarelados e 5% e 7% para os tons avermelhados(2).
A demanda por água em conjunto com o teor adicionado define o poder de influência de um
pigmento nas propriedades do concreto(4). A adição de pigmentos provoca uma densificação
da estrutura interna de uma pasta, explicado pelo efeito microfíler desse tipo de adição (4). Na
densificação, maiores resistências à compressão são conseguidas, no entanto, a resistência
só aumenta até certo nível de teor de adição, que tipicamente fica em torno de 10% de adição
de pigmento em relação à massa de cimento(2). Para a resistência à flexão, teores de adição
por volta de 4% são responsáveis por um incremento na resistência(4).
O presente trabalho teve como objetivo a análise da interferência do uso de pigmentos nas
propriedades da argamassa de revestimento. Ao serem analisados em lupa estereoscópica,
os materiais de mesma natureza (substrato e argamassa cimentício), não permitem boas
visualizações a ponto de se obter respostas quanto ao nível de penetração da argamassa nos
poros do substrato. Por permitirem melhor visualização, as argamassas pigmentadas também
foram analisadas em lupa estereoscópica para caracterização do intertravamento mecânico
entre os materiais, bem como para realização de uma análise acerca de qual cor contribui
com melhor visualização da zona de aderência.
2. PROGRAMA EXPERIMENTAL
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 160
2.1 Substratos
Foram utilizados dois tipos de substratos para essa pesquisa, quais sejam, bloco vazado de
concreto estrutural e bloco cerâmico de vedação. Ambos pertenciam a um mesmo lote de
fabricação e tinham mais de 28 dias de idade quando da realização dos ensaios. A Tabela
A.1 mostra as informações sobre os substratos e a caracterização física dos blocos de
concreto e cerâmico.
RESULTADOS
CARACTERÍSTICA FÍSICA MÉTODO DE ENSAIO
CIMENTO CAL
Massa Unitária (g/cm³) Adaptada de ABNT NBR NM 45/2006 1,05 0,58
Massa Específica (g/cm³) ABNT NBR NM 23/2001 2,98 2,33
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 161
A Tabela A.5 mostra os ensaios realizados para as argamassas no estado endurecido, nos
respectivos teores, bem como as respectivas normas de execução.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 162
Referência 0%
Determinação da resistência à tração na flexão (ABNT NBR 13279/2005)
Azul, Determinação da resistência à compressão axial (ABNT NBR 13279/2005)
Amarelo e 9% Determinação da resistência de aderência à tração (ABNT NBR 13528/2010)
Vermelho
3%, Determinação da resistência à tração na flexão (ABNT NBR 13279/2005)
Azul e
6% e Determinação da resistência à compressão axial (ABNT NBR 13279/2005)
Amarelo
7,5%
Na caracterização no estado endurecido, nos teores de 3%, 6%, e 7,5% de adição, utilizou-
se somente as argamassas pigmentadas em azul e amarelo, por entender que as
características químicas dos pigmentos amarelo e vermelho, ambos à base de Fe2O3, são
muito semelhantes entre si, interferindo sob mesmo teor adicionado, somente no poder de
coloração(2). Foram ensaiados 6 corpos de prova prismáticos para cada um desses teores em
cada pigmento (azul e amarelo). Para a argamassa de referência e para as argamassas
pigmentadas em azul, amarelo e vermelho com 9% de adição foram ensaiados 12 corpos de
prova prismáticos por condição, totalizando 84 corpos de prova prismáticos.
Figura A.1 – Fotos dos painéis com argamassa projetada: (a) argamassas de referência e azul; (b) argamassas
amarela e vermelha.
(a) (b)
A aplicação da argamassa se deu com projeção mecanizada, com equipamento tipo
“canequinha” ANVI-Spray. A argamassa foi aplicada sob pressão de aproximadamente
100 bar. Este procedimento foi escolhido pois a aplicação por projeção a ar comprimido leva
a um aumento significativo da propriedade de resistência de aderência a tração quando
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 163
comparada à aplicação manual(6), (7), (8). Todos os substratos foram previamente umedecidos
antes da aplicação da argamassa.
Para simular uma espessura de revestimento prevista em norma, a espessura foi fixada em
20 (±5) mm de cobrimento em todos os substratos. Os painéis montados foram
acondicionados em sala com ventilação natural e temperatura e umidade ambiente, 26 (±3)°C
e 65 (±5)% respectivamente.
Figura A.2 - Fotos do ensaio de resistência de aderência à tração: (a) corte; (b) colagem das pastilhas; (c) ensaio
com aderímetro; (d) evidência de ruptura na interface.
A avaliação da cor mais favorável para visualizações da interface de aderência foi feita com
lupa estereoscópica Leica modelo MZ12.5, de capacidade máxima de magnificação 640x com
processamento de imagens no programa Leica Application Suite, LAS-EZ, versão 1.8. As
amostras de revestimento foram reduzidas com serra circular manual, conforme Figura A.3.
As análises foram feitas através de comparação entre amostras, utilizando uma mesma escala
de aumento e com umedecimento da superfície de visualização a fim de ressaltar as cores e
a interface de aderência.
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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Figura A.4 – Argamassas de referência e com adição de 6% de pigmento: (a) resistência à compressão axial
média; (b) resistência à tração na flexão média das argamassas.
(MPa)
Resistência à compressão
2,0
6,0 σ=0,2 σ=0,1
5,0 σ=0,4 σ=0,1
1,5
4,0
(MPa)
1,0 σ=0,1
3,0
2,0 0,5
σ=0,2
1,0
0,0 0,0
Azul 6% Amarelo 6% Referência Azul 6% Amarelo 6% Referência
CV=12,5% CV=3,2% CV=8,3% CV=9,4% CV=8,8% CV=8,6%
Argamassa Argamassa
A resistência à compressão axial média, bem como a resistência à tração na flexão média
aumentou com o teor de adição recomendado pelo fabricante para a argamassa inorgânica
em detrimento da argamassa de referência. Isto pode ser explicado pelo comportamento de
fíler que este tipo de pigmento possui, que contribui para a compacidade da argamassa,
conforme também constatado por Fjeld(2). A argamassa elaborada com pigmento orgânico
demostrou baixo desempenho no tocante às resistências estudadas, com um decréscimo de
aproximadamente 73% para a resistência à compressão axial média e 43% para a resistência
à tração na flexão média, mesmo na porcentagem indicada pelo fabricante, fato também
observado por Fjeld(2).
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Tabela A.6 – Valores de resistência à compressão axial e à tração na flexão para as argamassas de referência e
com as adições de 3%, 6%, 7,5% e 9% de pigmento.
Figura A.5 – Gráfico das resistências à compressão axial e à tração na flexão para as argamassas de referência
e com as adições de 3%, 6%, 7,5% e 9% de pigmento.
6,0
2,0
5,0
4,0 1,5
(MPa)
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efeito pode explicar o comportamento com as adições a 3% e 7,5% nas argamassas com
pigmento inorgânico amarelo. Entretanto, isto não foi constatado para a argamassa com
adição de 9% de pigmento amarelo. Existe um teor máximo de adição no qual o efeito fíler
deixa de existir e o excesso de finos prejudica a resistência. Para o pigmento orgânico essa
conclusão não é válida, pois outros fatores como incorporação de ar, conforme pode ser visto
na Tabela A.4, e a composição química podem influenciar a análise.
Figura A.6 – Correlação entre: (a) resistência à compressão axial média x teor de adição; (b) resistência à tração
na flexão média x teor de adição.
8,0 2,0
6,0 1,5
4,0
(MPa)
1,0
2,0 0,5
0,0 0,0
3% 6% 7,5% 9% 3% 6% 7,5% 9%
Teor (%) Teor (%)
Azul Amarelo Azul Amarelo
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Figura A.7 – Resistência de aderência à tração: (a) para o substrato de bloco de concreto; (b) para o substrato de
bloco cerâmico.
Substrato - bloco de concreto Substrato - bloco cerâmico
Resistência de aderência à tração média (MPa) Resistência de aderência à tração média (MPa)
Resistência de aderência à
Resistência de aderência à
1,20 1,20
σ=0,24
1,00 1,00
tração (MPa)
tração (MPa)
σ=0,18
0,80 0,80
2 σ=0,18
0,60 σ=0,17 0,60
σ=0,18 σ=0,12 σ=0,14
0,40 0,40
σ=0,09
0,20 0,20
0,00 0,00
Azul Amarelo Vermelho Referência Azul Amarelo Vermelho Referência
CV=44,8% CV=31,8% CV=24,1 CV=25,5% CV=40,3 CV=40,8% CV=51,3% CV=33,6%
% %
A dosagem ou o teor de pigmento utilizado tem efeito sobre a coloração final da argamassa.
Um acréscimo no teor de pigmento contribui para um incremento na intensidade da cor.
Entretanto, pela análise da Figura A.8, percebe-se que existe um teor máximo de adição de
pigmento, no qual existe a chamada saturação da cor, onde a olho desarmado, não é possível
perceber alterações da intensidade da cor a partir daquele teor. Fjeld(2) denominou tal situação
como ponto de saturação da cor e afirma que este ponto deve estar bem próximo de 9% de
adição para pigmentos inorgânicos amarelos. A Figura A.8(a) mostra o gráfico de saturação
da cor proposta para o pigmento orgânico e inorgânico, a partir da análise visual das amostras.
A Figura A.8(b) mostra de forma esquemática as cores, lado a lado dispostas, em cada
porcentagem de adição, para percepção da saturação para as argamassas azul e amarela.
As imagens foram obtidas por recorte das fotos tomadas dos corpos de prova prismáticos, e
podem apresentar diferenças de matiz e brilho se comparadas com a tonalidade percebida
pelo olho humano.
Figura A.8 – (a) Saturação da cor proposta a partir da análise visual das amostras; (b) Seção do CP prismático
para visualização da intensidade da cor para os dois pigmentos.
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40
30
Intensidade da cor
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 77,58 99 10
% pigmento
Pigmento azul
(a) (b)
Nas imagens obtidas em lupa estereoscópica foi possível analisar alguns aspectos da
interface de aderência, bem como avaliar qual a melhor cor para a visualização da interface
de aderência, tanto para blocos de concreto como para blocos cerâmicos.
Figura A.9 – Visualização da interface argamassa/bloco de concreto: (a) argamassa de referência; (b) argamassa
azul; (c) argamassa amarela; (d) argamassa vermelha.
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(a) (b)
(c) (d)
Com exceção da argamassa vermelha, que não favoreceu o contraste entre os dois materiais,
todas as outras cores favoreceram a visualização da interface de aderência para o bloco
cerâmico, inclusive o de referência, devido ao contraste de cores evidenciado nas figuras.
Figura A.10 – Visualização da interface argamassa/bloco cerâmico: (a) argamassa de referência; (b) argamassa
azul; (c) argamassa amarela; (d) argamassa vermelha.
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(a) (b)
(c) (d)
Considerando a escolha de uma única cor para visualização da interface nos dois tipos de
substrato proposto, bloco cerâmico e de concreto, a cor mais apropriada no teor utilizado, para
análises em lupa estereoscópica é o amarelo. Essa cor evidenciou o contraste entre os
materiais e mantém ou incrementa as propriedades da argamassa no estado endurecido. Um
decréscimo nos resultados de resistência de aderência à tração foi evidenciado para a
argamassa dessa cor quando comparada à argamassa de referência, no entanto, ainda
assim, os resultados são superiores aos requisitados pela norma ABNT NBR 13749:1996.
4. CONCLUSÕES
Após a análise dos resultados obtidos nesta pesquisa, pode-se concluir que:
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b) a resistência à compressão axial média, bem como a resistência à tração na flexão média
das argamassas inorgânicas aumentou com o teor de adição recomendado pelo fabricante e
com os demais teores estudados, em detrimento da argamassa de referência;
e) a cor mais favorável para visualização da interface de aderência para ambos substratos
estudados foi o amarelo, que preservou as propriedades no estado endurecido e, embora
tenha diminuído a resistência de aderência à tração, ainda manteve resultados acima do valor
mínimo especificado por norma.
5. REFERÊNCIAS
1. KURZ, G. E.; JUNGK, A. E. The use of coloured concrete in creative design. In Proc.: 3rd
INTERNATIONAL CONFERENCE CONCRETE BLOCK PAVING, 1988, Rome, Italy, p. 37–
40.
2. FJELD, I. E. Performance and durability of natural iron oxide pigments in concrete.
Durability of building materials and components 6, p. 167–174, 1993.
3. VON SZADKOWSKI, G. The effect of pigments on the quality of concrete blocks. In Proc.:
1st INTERNATIONAL CONFERENCE. OF CONCRETE BLOCK PAVING, 1980, Newcastle-
Upon-Tyne, England, p. 155–156.
4. LEE H.-S.; LEE J.-Y.; YU M.-Y. Influence of iron oxide pigments on the properties of
concrete interlocking blocks. Cement and Concrete Research, v 33, n. 11, p. 1889–1896,
2003.
5. BREA, F. M.; FERRER, L. F.; GRUNIG, B. Fatores que afetam a aparência das
argamassas industrializadas coloridas. In: VI Simpósio Brasileiro de Tecnologia das
Argamassas, 2005, Florianópolis. Anais. ANTAC, 2005. v.1. p.599.
6. FERNANDES, H.C.; COSTA, E. B. C.; ARA, A. B.; CAMPORA, F. L.; JOHN, V. M.
Influência da forma de aplicação e da reologia da argamassa nas propriedades mecânicas
dos revestimentos. In: VIII Simpósio Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2009,
Curitiba. Anais. ANTAC, 2009. v.1. p.1– 21.
7. GASPERIN, J. Aderência de revestimentos de argamassa em substrato de concreto:
influência da forma de aplicação e composição do chapisco. 2011. 194 f. Dissertação
(Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2011.
8. CARASEK, H. CASCUDO,O.; OLIVEIRA, N. Avaliação de diferentes técnicas de
aplicação de argamassa de revestimento sobre chapisco colante. In: VIII Simpósio
Brasileiro de Tecnologia das Argamassas, 2009, Curitiba. Anais. ANTAC, 2009. v.1. p.1– 14.
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Dados experimentais
Tensão de Cisalhamento (MPa) para argamassa 1 0,5 3,4 em 145 kPa
Média (MPa) 2,71840
1 0,5 3,4 - 7
1 0,5 3,4 - 8
1 0,5 3,4 - 9
1 0,5 3,4 - 10
3,40089
Intervalo de confiança
2,03591
Amostra
Limite superior Limite inferior Dados observados
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Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 280
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Dados experimentais
,
Média (MPa) 2,63920
Grau de liberdade 2
4
1,5
Significância desejada 95,00%
1
Fator crítico do teste T 2,77645
0,5
Margem de erro 0,42039
0
1 0,5 3,4 - 16
1 0,5 3,4 - 17
1 0,5 3,4 - 18
1 0,5 3,4 - 19
1 0,5 3,4 - 20
3,05959
Intervalo de confiança
2,21881
Amostra
Limite superior Limite inferior Dados observados
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 283
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 284
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 285
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 286
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 287
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 288
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 289
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 290
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 291
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 292
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 293
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 294
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 295
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 296
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 297
0,26
0,22
0,20
0,18
0,16
0,14
0,12
0,10
116 129
ARGAMASSA
0,22
Resistência de aderência à tração (MPa)
0,21
0,20
0,19
0,18
0,17
0,16
0,15
0,14
0,13
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80
CONCRETO
Inf luência da rugosidade da superf ície na Rat (modelo aninhado). Dados totais
Ef eito estudado: F(4, 424)=12,879, p=,00000
0,28
0,26
Resistência de aderência à tração (MPa)
0,24
0,22
0,20
0,18
0,16
0,14
0,12
0,10 SUPERFÍCIE
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80 R1
SUPERFÍCIE
CONCRETO R2
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 298
Inf luência da rugosidade da superf ície na Rat (modelo aninhado). Dados totais
Ef eito estudado: F(4, 424)=12,879, p=,00000
0,28
0,26
0,22
0,20
0,18
0,16
0,14 CONCRETO
a/c 0,35
0,12 CONCRETO
a/c 0,50
0,10 CONCRETO
R1 R2 a/c 0,65
CONCRETO
SUPERFÍCIE a/c 0,80
Duncan test; variável Resistência de aderência à tração (MPa) Error: Between MSE = ,00692, df = 424,00
Duncan test; variável Resistência de aderência à tração (MPa) Error: Between MSE = ,00692, df = 424,00
{1} {2} {3} {4}
CONCRETO
Cell No. ,16366 ,20053 ,21461 ,20394
1 a/c 0,35 0,001350 0,000021 0,000675
2 a/c 0,50 0,001350 0,250817 0,766969
3 a/c 0,65 0,000021 0,250817 0,353421
4 a/c 0,80 0,000675 0,766969 0,353421
Duncan test; variável Resistência de aderência à tração (MPa) Error: Between MSE = ,00692, df = 424,00
{1} {2}
ARGAMASSA
Cell No. ,24880 ,13331
1 116 0,000009
2 129 0,000009
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 299
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 300
Fazendo-se uma análise da parcela de corpos de prova que tiveram ruptura do tipo coesiva, no interior da argamassa, conforme mostrado na
Tabela R.1, observa-se que existe uma forte correlação entre a Rat (coesiva), a Rtração na flexão da argamassa, e a coesão dos materiais.
CONCRETO
a/c 0,35 a/c 0,50 a/c 0,65 a/c 0,80 Resistência Resistênc
à tração no ia à
Argamassa interior das tração na Coesão
Ra Ra Ra Ra Ra Ra Ra Ra argamassas flexão
Rat Rat Rat Rat Rat Rat Rat Rat
interior interior interior interior interior interior interior interior MÉDIA MÉDIA
R1 R2 R1 R2 R1 R2 R1 R2
arg R1 arg R2 arg R1 arg R2 arg R1 arg R2 arg R1 arg R2
1:2:9 0,12 0,09 0,09 0,08 0,11 0,11 0,07 0,17 0,12 0,15 0,08 0,17 0,19 0,18 0,19 0,20 0,13 0,87 ____
1:1:6 0,20 0,27 0,18 0,26 0,31 0,30 0,23 0,41 0,31 0,31 0,17 0,18 0,29 0,23 0,17 0,32 0,27 1,34 0,78
1 : 0,5 : 3,4 ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____ ____ 0,77 0,92 0,35 0,73 ____ ____ ____ ____ 0,84 2,84 2,32
Os dados permitiram analisar resultados médios por argamassa ou seja, o valor médio de resistência à tração (não de aderência, mas obtido
por este método), que caracterizaria a coesão do interior dessa argamassa.
Na interpretação dos dados e na comparação com o que foi obtido na interface, pode-se perceber que quando a ruptura acontecia na argamassa
(ruptura coesiva), nem sempre o valor da interface era maior. Essa observação vai contra à ideia da interpretação dos dados de Rat utilizada
corriqueiramente, que, quando a ruptura se dá na argamassa o valor de Rat na interface seria maior. Às vezes, alguma ocorrência ligada à
execução da argamassa de revestimento, como brocas, pulverulência localizada, má homogeneização da argamassa, tempo inadequado para
aplicação, sobreposição de camadas de projeção (para garantia da espessura) podem diminuir o valor da resistência à tração da argamassa e,
ainda assim, os resultados de Rat na interface podem ser mais baixos. Os resultados de Rat na interface de aderência podem estar ainda mais
baixos que nos possíveis “defeitos” do interior da argamassa. A ordem de grandeza, 0,10, 0,30, 0,80 dos resultados de resistência à tração no
interior das três argamassas, nem sempre são menores que os obtidos na interface de aderência.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 301
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 302
Medições de rugosidade
Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento
Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)
horizontal (mm) Vertical (mm) horizontal (mm) Vertical (mm)
0,00 0,01 8,00 0,03
0,50 0,01 8,50 -0,01
0,03 0,06 16
1,00 0,01 9,00 -0,01
1,50 0,01 9,50 -0,01
2,00 0,00 10,00 -0,01
2,50 0,01 10,50 -0,01
3,00 0,01 11,00 -0,03
3,50 0,03 11,50 -0,01
4,00 0,01 12,00 -0,01
4,50 0,01 12,50 -0,03
5,00 0,02 13,00 -0,03
5,50 0,03 13,50 -0,02
6,00 0,02 14,00 -0,01
6,50 0,01 14,50 -0,03
7,00 0,01 15,00 -0,03
7,50 0,03
0,04
Perfil de rugosidade R1 - 1
0,02
Y (mm)
0,00
0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00
-0,02
-0,04
Percurso de medição (mm)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 303
Medições de rugosidade
Deslocame Deslocame Deslocame
Deslocame Deslocame Deslocame
nto nto nto
nto Vertical nto Vertical nto Vertical
horizontal horizontal horizontal
(mm) (mm) (mm)
(mm) (mm) (mm)
0,00 0,00 15,50 -0,03 31,00 -0,04
0,50 0,03 16,00 0,00 31,50 -0,04
1,00 0,06 16,50 -0,01 32,00 -0,03
1,50 0,05 17,00 -0,01 32,50 -0,02
2,00 0,04 17,50 0,00 33,00 -0,03
2,50 0,04 18,00 0,01 33,50 -0,04
3,00 0,05 18,50 0,00 34,00 -0,05
3,50 0,06 19,00 0,00 34,50 -0,04
4,00 0,07 19,50 0,01 35,00 -0,05
4,50 0,06 20,00 -0,01 35,50 -0,05
5,00 0,06 20,50 -0,03 36,00 -0,04
5,50 0,06 21,00 -0,04 36,50 -0,04
6,00 0,03 21,50 -0,06 37,00 -0,04
6,50 0,07 22,00 -0,03 37,50 -0,06
7,00 0,00 22,50 -0,04 38,00 -0,08
7,50 0,03 23,00 -0,05 38,50 -0,06
8,00 0,04 23,50 -0,05 39,00 -0,07
8,50 0,03 24,00 -0,05 39,50 -0,09
9,00 0,03 24,50 -0,03 40,00 -0,10
9,50 0,03 25,00 -0,03
10,00 0,02 25,50 -0,06
10,50 0,06 26,00 -0,08
11,00 0,02 26,50 -0,08
11,50 -0,01 27,00 -0,09
12,00 -0,03 27,50 -0,09
12,50 -0,03 28,00 -0,08
13,00 -0,01 28,50 -0,06
13,50 -0,01 29,00 -0,04
14,00 -0,04 29,50 -0,03
14,50 -0,05 30,00 -0,03
15,00 -0,04 30,50 -0,04
0,10 0,17 41
0,10
Perfil de rugosidade R1 - 2
Y (mm)
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00
-0,10
-0,20
Percurso de medição (mm)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 304
Medições de rugosidade
Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame
Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame Deslocame
nto nto nto nto nto
nto Vertical nto Vertical nto Vertical nto Vertical nto Vertical
horizontal horizontal horizontal horizontal horizontal
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
0,00 0,00 8,50 0,06 17,00 -0,01 25,50 0,01 34,00 0,02
0,50 0,01 9,00 0,06 17,50 0,00 26,00 0,01 34,50 0,01
1,00 0,01 9,50 0,06 18,00 0,00 26,50 -0,01 35,00 0,00
1,50 -0,01 10,00 0,03 18,50 0,00 27,00 0,01 35,50 -0,01
2,00 0,01 10,50 0,05 19,00 -0,01 27,50 0,00 36,00 0,00
2,50 0,01 11,00 0,03 19,50 -0,01 28,00 -0,01 36,50 -0,03
3,00 0,03 11,50 0,03 20,00 -0,01 28,50 -0,01 37,00 0,00
3,50 0,03 12,00 0,01 20,50 -0,01 29,00 -0,02 37,50 -0,04
4,00 0,03 12,50 -0,01 21,00 0,00 29,50 -0,04 38,00 -0,06
4,50 0,03 13,00 -0,01 21,50 0,01 30,00 -0,03 38,50 -0,05
5,00 0,04 13,50 0,00 22,00 0,01 30,50 -0,03 39,00 -0,03
5,50 0,06 14,00 0,01 22,50 0,00 31,00 -0,03 39,50 -0,03
6,00 0,06 14,50 0,01 23,00 0,00 31,50 -0,03 40,00 -0,03
6,50 0,06 15,00 0,01 23,50 0,00 32,00 -0,03
7,00 0,06 15,50 -0,01 24,00 0,00 32,50 -0,02 Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)
7,50 0,08 16,00 -0,02 24,50 -0,01 33,00 -0,01
0,08 0,14 21
8,00 0,08 16,50 -0,01 25,00 0,00 33,50 -0,01
Perfil de rugosidade R1 - 3
0,10
Y (mm)
0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
-0,10
Percurso de medição (mm)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 305
Medições de rugosidade
Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento
horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm)
0,00 0,00 16,00 0,52 32,00 0,21 48,00 0,78 64,00 -0,37
0,50 0,18 16,50 0,85 32,50 0,15 48,50 1,05 64,50 -0,39
1,00 1,18 17,00 0,90 33,00 -0,33 49,00 0,45 65,00 1,05
1,50 1,34 17,50 0,80 33,50 -0,28 49,50 0,27 65,50 1,12
2,00 1,52 18,00 0,85 34,00 -0,05 50,00 0,24 66,00 1,22
2,50 1,81 18,50 0,11 34,50 -0,14 50,50 0,05 66,50 1,40
3,00 1,88 19,00 0,10 35,00 0,29 51,00 -0,27 67,00 1,10
3,50 1,91 19,50 0,17 35,50 0,35 51,50 -0,70 67,50 1,22
4,00 2,16 20,00 0,06 36,00 0,41 52,00 -0,60 68,00 1,27
4,50 2,20 20,50 0,22 36,50 0,60 52,50 1,02 68,50 0,90
5,00 2,08 21,00 0,24 37,00 0,76 53,00 1,19 69,00 0,60
5,50 1,57 21,50 0,19 37,50 -0,05 53,50 1,38 69,50 0,40
6,00 0,91 22,00 0,24 38,00 -0,01 54,00 1,44 70,00 0,64
6,50 0,23 22,50 0,25 38,50 0,10 54,50 1,62 70,50 0,05
7,00 0,32 23,00 0,37 39,00 0,04 55,00 1,44 71,00 0,20
7,50 0,54 23,50 0,41 39,50 -0,15 55,50 1,35 71,50 0,15
8,00 0,61 24,00 0,43 40,00 -0,28 56,00 1,24 72,00 -0,01
8,50 1,42 24,50 0,38 40,50 -0,20 56,50 0,84 72,50 0,15
9,00 1,84 25,00 -0,20 41,00 0,86 57,00 0,78 73,00 0,64
9,50 1,92 25,50 -0,05 41,50 1,18 57,50 0,92 73,50 0,60
10,00 1,87 26,00 0,05 42,00 0,98 58,00 0,82 74,00 0,58
10,50 1,72 26,50 0,13 42,50 1,07 58,50 0,78 74,50 0,61
11,00 1,42 27,00 0,42 43,00 0,83 59,00 1,13 75,00 0,60
11,50 1,12 27,50 0,48 43,50 0,99 59,50 1,08 75,50 0,28
12,00 0,83 28,00 0,50 44,00 1,02 60,00 1,41 76,00 -0,77
12,50 -0,01 28,50 0,30 44,50 0,94 60,50 1,39
13,00 0,01 29,00 -0,01 45,00 0,92 61,00 1,42
13,50 0,59 29,50 0,22 45,50 0,79 61,50 0,72
14,00 0,62 30,00 0,00 46,00 0,78 62,00 0,75
14,50 0,63 30,50 0,09 46,50 0,74 62,50 0,73
15,00 0,76 31,00 0,27 47,00 0,70 63,00 0,59
15,50 0,78 31,50 0,18 47,50 0,86 63,50 -0,39
Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm)
2,2 2,97 712
Perfil de rugosidade R2 -1
3,00
2,00
Y (mm)
1,00
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00
-1,00
Percurso de medição (mm)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 306
Medições de rugosidade
Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento Deslocamento
horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm) horizontal (mm) vertical (mm)
0,00 0,00 12,50 -2,40 25,00 -0,02 37,50 -0,28
0,50 0,05 13,00 -2,37 25,50 0,04 38,00 -0,42
1,00 0,23 13,50 -2,34 26,00 -0,22 38,50 -0,41
1,50 0,17 14,00 -2,24 26,50 0,00 39,00 -0,05
2,00 0,07 14,50 -1,90 27,00 0,39 39,50 -0,20
2,50 0,00 15,00 -1,73 27,50 0,33 40,00 -0,15
3,00 -0,44 15,50 -1,60 28,00 0,35 40,50 -0,13
3,50 -0,65 16,00 -1,40 28,50 0,65 41,00 -0,77
4,00 -0,45 16,50 -1,50 29,00 1,22 41,50 -0,86
4,50 -0,60 17,00 -0,42 29,50 1,25 42,00 -0,77
5,00 -0,85 17,50 -0,12 30,00 0,34 42,50 -0,95
5,50 -0,89 18,00 -0,06 30,50 0,80 43,00 -0,85
6,00 -1,12 18,50 0,18 31,00 0,73 43,50 -0,68
6,50 -1,29 19,00 0,26 31,50 0,12 44,00 -0,70
7,00 -1,53 19,50 0,06 32,00 -0,27 44,50 -1,05
7,50 -1,52 20,00 0,45 32,50 0,47 45,00 -1,07
8,00 -1,78 20,50 0,83 33,00 0,40 45,50 -0,61
8,50 -2,04 21,00 0,84 33,50 0,50 46,00 -0,72
9,00 -2,19 21,50 0,81 34,00 0,59 46,50 -0,69
9,50 -2,33 22,00 0,80 34,50 0,55 47,00 -0,67
10,00 -2,44 22,50 0,50 35,00 0,24 47,50 -0,41
10,50 -2,12 23,00 0,20 35,50 0,10 48,00 -0,33
11,00 -2,22 23,50 0,26 36,00 -0,01 48,50 0,10
11,50 -2,27 24,00 0,16 36,50 -0,27 49,00 0,50
12,00 -2,38 24,50 0,07 37,00 -0,41 49,50 0,04
50,00 -0,01
Rmáx (mm) Ry (mm) Ra (μm) 50,50 -0,63
2,44 3,69 752 51,00 -0,59
51,50 0,16
Perfil de rugosidade R2 - 2
2,00
1,00
Y (mm)
0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00
-1,00
-2,00
-3,00
Percurso de medição (mm)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo da resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa ... 307
Medições de rugosidade
Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen Deslocamen
to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical to horizontal to vertical
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm)
0,00 0,00 14,50 2,20 29,00 1,45 43,50 -0,65 58,00 -0,20 72,50 1,13
0,50 0,22 15,00 2,03 29,50 1,48 44,00 -0,65 58,50 -0,15 73,00 0,78
1,00 1,45 15,50 1,95 30,00 1,51 44,50 -0,71 59,00 -0,05 73,50 0,58
1,50 1,52 16,00 1,87 30,50 1,32 45,00 -0,53 59,50 -0,26 74,00 0,75
2,00 1,67 16,50 1,49 31,00 0,68 45,50 -0,43 60,00 0,13 74,50 0,70
2,50 1,90 17,00 1,39 31,50 0,55 46,00 0,32 60,50 0,06 75,00 -0,63
3,00 1,95 17,50 1,39 32,00 0,35 46,50 1,23 61,00 0,11 75,50 -0,45
3,50 1,71 18,00 0,95 32,50 0,38 47,00 1,05 61,50 0,00 76,00 0,85
4,00 1,69 18,50 0,90 33,00 0,23 47,50 1,07 62,00 0,10 76,50 1,10
4,50 1,89 19,00 0,88 33,50 0,13 48,00 0,97 62,50 -0,55 77,00 1,20
5,00 1,67 19,50 0,75 34,00 0,23 48,50 0,87 63,00 -0,30 77,50 1,02
5,50 1,05 20,00 0,87 34,50 0,20 49,00 0,90 63,50 0,39 78,00 1,95
6,00 0,75 20,50 0,78 35,00 0,17 49,50 -0,17 64,00 0,58 78,50 1,30
6,50 0,85 21,00 0,73 35,50 0,21 50,00 -0,05 64,50 1,46 79,00 1,33
7,00 0,88 21,50 0,53 36,00 -0,37 50,50 -0,27 65,00 1,62 79,50 1,29
7,50 1,11 22,00 0,50 36,50 -0,33 51,00 1,27 65,50 1,33 80,00 0,85
8,00 1,09 22,50 0,40 37,00 -0,53 51,50 1,45 66,00 1,29 80,50 0,80
8,50 1,20 23,00 0,24 37,50 -0,50 52,00 1,49 66,50 1,65 81,00 0,97
9,00 0,85 23,50 0,20 38,00 -0,58 52,50 0,95 67,00 1,53 81,50 -0,60
9,50 1,01 24,00 0,24 38,50 -0,94 53,00 1,10 67,50 1,23
10,00 0,80 24,50 0,05 39,00 -0,99 53,50 1,06 68,00 1,13 Rmáx (mm)
10,50 0,52 25,00 0,05 39,50 -1,17 54,00 1,05 68,50 0,68 2,2
11,00 0,45 25,50 1,28 40,00 -1,12 54,50 1,16 69,00 0,39
11,50 0,15 26,00 1,34 40,50 -0,22 55,00 0,60 69,50 0,70 Ry (mm)
12,00 -0,07 26,50 1,17 41,00 -1,11 55,50 0,66 70,00 1,32 3,37
12,50 0,18 27,00 1,13 41,50 -1,10 56,00 0,79 70,50 1,75
13,00 1,05 27,50 1,38 42,00 -1,05 56,50 0,51 71,00 0,95 Ra (μm)
13,50 1,23 28,00 1,45 42,50 -1,00 57,00 0,35 71,50 1,23 876
14,00 1,09 28,50 1,38 43,00 -0,80 57,50 0,35 72,00 1,37
Perfil de rugosidade R2 - 3
3,00
2,00
Y (mm)
1,00
0,00
-1,00 0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00 70,00 80,00 90,00
-2,00
Percurso de medição (mm)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 308
M. O. CAMPOS
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 309
SUMÁRIO
1 Objetivo e Resumo
2 Referências Normativas
3 Aparelhagem
4 Preparação da amostra
5 Execução do ensaio
6 Cálculos
7 Resultados
1. OBJETIVO E RESUMO
Por este método, três ou mais ensaios são realizados em amostras de um mesmo sistema de
revestimento, cada um dos ensaios sob uma diferente força normal, a fim de se determinar os
efeitos sobre determinado deslocamento e força de cisalhamento aplicada. Os resultados de
uma série de ensaios são combinados para a determinação das propriedades de resistência,
utilizando a envoltória de resistência de Mohr.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 310
2. REFERÊNCIAS NORMATIVAS
ABNT NBR 13755: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e
com utilização de argamassa colante - Procedimento -. Rio de Janeiro, 1997.
ASTM D3080: Standard Test Method for Direct Shear Test of Soils Under Consolidated
Drained Conditions. Philadelphy, 2011.
ASTM D5607: Standard Test Method for Performing Laboratory Direct Shear Strength Tests
of Rock Specimens Under Constant Normal Force. Philadelphy, 2008.
3. APARELHAGEM
Equipamento capaz de receber e fixar a amostra de forma que o torque não seja aplicado à
amostra. O equipamento deve promover a aplicação da força normal na face superior da
amostra de forma a coibir a movimentação rotacional da amostra e medir movimentações e/ou
alterações horizontais dadas pelo cisalhamento de um material sobre o outro após a ruptura.
O equipamento deve ser capaz de aplicar uma força cisalhante ao longo de um plano
predeterminado de cisalhamento paralelo às faces da amostra. As armações e suportes que
seguram a amostra devem ser suficientemente rígidos a fim de prevenir quaisquer distorções
durante o ensaio. A capacidade nominal da força de cisalhamento da máquina deve ser
compatível com as dimensões da amostra e com as propriedades de resistência do material
a ser ensaiado. Recomenda-se que, para dimensões de amostra entre 50 mm e 100 mm e na
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 311
Caixa para cisalhamento, quadrada, feita de inox, bronze ou alumínio. A caixa deve ser
bipartida, isto é, dividida por um plano reto e liso, em duas metades de igual espessura que
são ajustados um ao outro por parafusos alinhados, conforme ilustrado na Figura 1. A caixa
também deve conter parafusos de ajuste da folga entre as duas metades da caixa, que
promoverão o espaço entre a parte superior e inferior da caixa, que serão previamente
recolhidos antes do cisalhamento. As duas metades devem promover uma superfície de
deslizamento entre si, ao longo do plano escolhido de cisalhamento para a amostra, durante
o deslocamento lateral. O diâmetro mínimo da amostra quadrada deve preferencialmente
considerar a granulometria dos agregados utilizados (substrato e revestimento) e a
representatividade da amostra. Recomenda-se observar a capacidade nominal de força de
cisalhamento do equipamento para evitar seções incompatíveis de amostra. Sugere-se a
utilização de diâmetros de amostra não inferiores a 3 vezes o diâmetro máximo do agregado
e dimensões aproximadas das utilizadas para determinação da resistência de aderência à
tração, ABNT NBR 13528 e ABNT NBR 13755.
Figura 1: Shearbox: caixa metálica bipartida, dividida por plano reto e liso, com parafusos de ajuste de folga entre
a parte superior e inferior da caixa.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 312
O dispositivo deve ser capaz de promover o cisalhamento da amostra sob uma taxa uniforme
de deslocamento, com limite de + ou – 5% de variação. A velocidade a ser aplicada depende
das características de coesão/resistência da amostra e deve seguir parâmetros de velocidade
utilizados em outros ensaios de concreto e argamassa. Geralmente, a velocidade é mantida
por motor elétrico e caixa de engrenagens e a força de cisalhamento é determinada e indicada
pelo posicionamento de um anel dinamométrico ou célula de carga. Sugere-se que o
equipamento tenha capacidade para ajuste da velocidade entre 0,0025 a 1,0 mm/minuto.
O peso da tampa da caixa de cisalhamento ou shearbox deve ser menor que 1% da força
normal aplicada durante o cisalhamento.
Um anel dinamométrico, célula de carga ou sensor de pressão calibrado, com precisão de 2,5
N ou 1% da força normal aplicada durante o cisalhamento, a que for maior, é requerido para
a medição quando da utilização de qualquer outro peso que não somente a tampa ou capacete
da caixa de cisalhamento.
Um anel dinamométrico, célula de carga ou sensor de pressão calibrado, com precisão de 2,5
N ou 1% da força cisalhante prevista para ruptura, a que for maior, é requerido para a medição.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 313
Plataforma metálica que suporte e ampare a shearbox e promova a reação contrária em uma
das metades da caixa que não está fixa. A plataforma é a responsável por aplicar o movimento
horizontal na amostra. Esta plataforma deve conter as provisões que garantam o alinhamento
das duas metades da caixa, na qual uma ficará fixa e a outa estará livre para o movimento
coincidente com a força cisalhante aplicada ao longo do plano horizontal de cisalhamento,
conforme ilustrado na Figura 2.
Figura 2: Plataforma deslizante com as provisões de afixação e alinhamento do shearbox: a) plataforma ajustada
ao braço de movimentação horizontal, b) base de fixação que compreende a parte inferior do shearbox onde é
inserida a amostra.
a) b)
Placas metálicas maciças, de variadas espessuras (1,2 mm, 2,0 mm, 5,0 mm e 9,5 mm) que
podem ser usadas para correção de desvios na altura da amostra, quando da colocação desta
na caixa de cisalhamento, para coincidência da interface de aderência do sistema de
revestimento com o plano de cisalhamento imposto pela bipartição na caixa.
Areia preparada conforme NBR7214, que compreende o material retido na peneira 0,15 mm
que é utilizada para preenchimento dos espaços entre as paredes do shearbox e as faces da
amostra, para permitir melhor ajuste e evitar possíveis movimentações da amostra durante o
ensaio.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 314
3.11 Espátula
Espátula metálica fina, com dimensão compatível com a dimensão do shearbox para
distribuição e acomodação da areia junto às faces da amostra.
Pincel ou escova para recolhimento da areia utilizada e recipiente acolhedor para reutilização
da areia após o término do ensaio.
Escala para medição das dimensões da amostra, para cálculo das tensões finais, com
resolução de 1 mm.
4. PREPARAÇÃO DA AMOSTRA
Como o conceito do método se baseia na realização do ensaio sob variadas tensões normais,
é necessário que as amostras sejam produzidas sob rigoroso controle, a fim de se obter
amostras homogêneas, com maiores condições de similaridade entre elas, para garantia da
reprodutibilidade e prevenção de grandes variações.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 315
Figura 3 – tampa do shearbox “capacete: a) capacete antes da colocação dentro do shearbox, b) condição em
que amostra e capacete ficam inseridos dentro do shearbox.
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 316
a) b)
A Figura 4 ilustra exemplo de molde acoplante, em que o material de revestimento foi aplicado
após 28 dias de idade do concreto do substrato, o qual permaneceu na forma até essa
aplicação. Neste tipo de molde, o substrato é aplicado primeiro e, depois de endurecido recebe
a aplicação do revestimento, amparado pela forma que está acoplada à forma do substrato,
para garantia do paralelismo e coincidência entre as faces laterais da amostra na desforma.
Figura 4 – Molde acoplante, que contém o molde do substrato e o gabarito para aplicação do revestimento na
espessura desejada.
a) b)
5. EXECUÇÃO DO ENSAIO
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 317
a) b)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 318
a) b)
c)
Após colocação e ajuste da amostra dentro da caixa de cisalhamento, fixar o braço de reação
que contém o dispositivo de medição da força cisalhante (célula de carga) na metade superior
da caixa de cisalhamento.
Caso a máquina não possua sistema informatizado de aquisição dos dados e na utilização de
dispositivos analógicos, o laboratorista executor do ensaio deve estar preparado para adquirir
mais de um dado ao mesmo tempo, visto que as medições são realizadas a partir de tempos
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 319
Realizar a retirada dos dispositivos de medição após a ruptura e retirar a amostra cisalhada
de dentro da caixa de cisalhamento. A amostra deve ser levada para bancada para análise,
descrição e registro fotográfico (opcional) da superfície cisalhada, com informações sobre o
local da ruptura, percentagem relativa à forma de ruptura e padrão de cisalhamento (coesivo
ou adesivo). A Figura 7 ilustra as formas possíveis de ruptura para esse ensaio.
6. CÁLCULOS
Para o cálculo dos resultados, utilizam-se os valores das cargas de cisalhamento obtidas para
cada força normal ensaiada, expressos como tensão de cisalhamento, pela expressão:
𝐹𝑐
𝑇= 𝐴
(6.1)
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 320
Realizando-se ensaios com diversas tensões normais, deve-se elaborar um gráfico com as
tensões médias de ruptura para cada tensão normal, obtendo-se uma envoltória de
resistência, a qual determinará os valores dos parâmetros, ângulo de atrito e coesão do
material do ensaio.
A coesão (c) é dada pela tensão cisalhante máxima para uma tensão normal nula, que para
o sistema de revestimento material de revestimento/substrato é a resistência de aderência ao
cisalhamento (Rac).
M. O. CAMPOS Apêndices
Estudo de resistência de aderência à tração e ao cisalhamento de revestimentos de argamassa... 321
𝑐 = 𝑅𝑎𝑐 (6.2)
7. RESULTADOS
M. O. CAMPOS Apêndices