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Sexta-feira, 29/4/2011
REGINALD ARMSTRONG

Hora de evitar a ilusão e os perigos CHARGE charge@oparana.com.br

O pior que pode acontecer ao Brasil
é voltar aos tempos da Ilha da Fanta-
sia. Quando eclodiu a crise do petró-
leo, na década de 70 do século passa-
do, o governo ditatorial não quis reco-
nhecer a gravidade do problema, que in-
cidia fortemente sobre a dívida externa,
então um sério entrave na economia.
O resultado de tapar o sol com a
peneira e fingir que a crise não iria afe-
tar o Brasil deu numa crise interna tão
grave que os resultados eleitorais logo
se abateram sobre o “milagre brasilei-
ro”, o equivalente à era Lula da época:
o partido do governo (Arena) foi liquida-
do nas urnas a partir de então.
O ditador Médici, mais sincero que
alguns próceres da atualidade, afirmou
então: “O Brasil vai bem, mas o povo
vai mal”. No fundo, os dois iam mal e
só não continuam porque o operoso povo
brasileiro e nossos empreendedores
sur fam compulsoriamente nas ondas
fortes dos juros e de uma carga tributá-
ria agressiva, já beirando o intolerável.
O risco que se observa agora, frente
aos problemas combinados da inflação,
queda no ritmo do crescimento, persis-
tência do imbróglio cambial, ameaças de
desindustrialização e desnacionalização
da economia, é o governo tentar vender
a ideia, que já fracassou na década de
70, de que sua política funciona, a opo-
sição que se cale e assunto encerrado.
A inflação, nos próximos três ou qua-
tro meses, depois de um pico entre abril
e maio, tende a descer até a 0,25% na
primavera, o que poderá redundar na
enganosa propaganda do “tudo vai
bem”. Médici reconheceria, mesmo
parcialmente, que não vai, mas de lá
para cá a propaganda parece valer mais
que a realidade.
E qual é essa realidade? É de uma
crise muito for te lá fora, com grande
impacto na situação interna. Isso preci-
sa ser encarado com firmeza e verda-
de: obriga-nos a fortalecer o mercado
interno e agregar valor ao que se venda
lá para fora. Há que evitar a perda de
fortunas com uma dívida suspeita, o ralo
da corrupção, o primarismo exportador
e as hesitações, incongruências e ino-
cuidades no plano gerencial.
Mesmo que a inflação descendo por
alguns meses seja fator natural de oti-
mismo, seria um crime ver nisso os lou-
ros sobre os quais dormir. O final do
segundo semestre será desafiador. E
2012, ano de eleições municipais,
mesmo tendo peso local, será afetado
pela conjuntura nacional e internacional.
O governo e sociedade não podem fes-
tejar em meio a tiroteios.

Revisão do Tratado de Itaipu -

“O PT não defende pena perpétua para ninguém”
oportunidade para o fortalecimento do Deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) sobre o retorno de

Paraguai e Brasil Delúbio Soares ao partido.

Alvaro J. Cabrini Jr Brasil e o abandono intelectual

Neste mês o Brasil acompanhou uma o Brasil de contar com fronteiras desen-
decisão histórica, relacionada à aprova- volvidas. Quanto mais for talecido esti- Felipe Antunes Chaves e Michel Ernesto Flumian
ção por parte da Câmara dos Deputa- ver o Paraguai, país cuja logística de es-
dos do projeto de decreto legislativo que coamento passa e depende do território Ante a péssima qualidade da educa- possam explorar ao máximo o seu po-
prevê o reajuste dos royalties estabele- paranaense, mais trabalho e dividendos ção básica pública, algumas famílias tencial? É fácil julgar e condenar. Difícil
cidos no Tratado de Itaipu, que dizem ele gerará também ao nosso Estado. Al- têm preferido educar suas crianças em é notar que a educação familiar/domi-
respeito ao dinheiro pago pelo Brasil ao mejamos nosso desenvolvimento inter- casa, o que muitas vezes sur tem re- ciliar traz resultados muitas vezes su-
Paraguai pela energia que este país não no, mas não devemos deixar de lado o sultados infinitamente melhores do que periores ao ensino tradicional.
utiliza. Com 285 votos favoráveis con- suporte a nossos fronteiriços, de forma o ensino convencional. A educação tra- O bem que esses pais fizeram por
tra 54 não favoráveis, o projeto segue a atuarmos como propulsores do forta- dicional é generalista, o que acarreta seus filhos é imensurável. Esses jovens
agora à apreciação do Senado. lecimento social e econômico da Améri- no desinteresse dos alunos que são tiveram educação de berço que escola
Assinado em 1973, o tratado foi re- ca do Sul como um todo. entupidos de informações que sequer nenhuma substitui. Eles poderiam es-
ajustado financeiramente por duas ou- O Paraguai é um país de extensão e usarão na faculdade ou na área de tra- tar matriculados na melhor escola des-
tras vezes - em 1985 e 2005 - e a ques- população menor que o Paraná. Por ou- balho que optarem. te País, mas, ainda assim, poderiam
tão tramitava na Câmara desde 2009. tro lado, é a fronteira mais populosa que Apesar de não regulamentada, a edu- ser jovens problemáticos, repetentes e
A Usina Hidrelétrica de Itaipu é um o Brasil possui. O dinheiro da venda da cação doméstica colhe bons frutos, mas desinteressados pelo aprendizado. Não
marco das relações internacionais do energia será utilizado em obras de infra- ainda assim causa repulsa em alguns está havendo aqui uma inversão de va-
Brasil com os países vizinhos. Itaipu é estrutura para dotar aquele país de mais e o pior de tudo: punem lores? Punem-se pessoas
uma obra de engenharia. É um marco da condições para o desenvolvimento eco- aqueles que educaram de que educaram bem seus fi-
engenharia brasileira, símbolo do traba- nômico e social. E essas obras serão re- forma satisfatória sua pro-
Tem-se escola lhos, enquanto obriga-se a
lho de profissionais das áreas tecnológi- alizadas justamente na área em que está le. É o que aconteceu recen- para quê? Para escola a educar desde o
berço os filhos de outrem.
cas que engrandece o Estado e o País. a maioria dos 350 mil brasileiros que lá temente com a família de
Após anos de inflação, vivem - na produção de grãos Cleber de Andrade Nunes e substituir os Sim, porque, atualmente,
uma imensa dívida externa e de gado, que somente em o que se vê é ter um filho,
e dificuldades de gestão in-
O Brasil deve 2010 cresceu aproximada-
de Bernadeth Amorim Nu-
nes, os quais foram conde- pais ausentes? colocá-lo na escola e es-
terna, acredito que o Brasil assumir um papel mente 14%. Ou seja, esse nados civilmente por deixa- perar que o professor se
atingiu um patamar que o crescimento se deu pela aju- rem de matricular seus fi- Muito cômodo! encarregue de impor limi-
obriga ao auxílio a países vi- de liderança e da de mãos de brasileiras. lhos na escola, e penalmen- tes, compre a fralda, ali-
zinhos. É determinante que, Mais uma razão para o in- te por crime de abandono intelectual mente-o seis vezes ao dia, deixe a cri-
para continuarmos fortes e de relação vestimento que lá fazemos. pela Justiça de MG. ança às 6h30 na por ta da creche e
seguindo nessa marcha de O Brasil deve assumir um Abandono intelectual?! Dos filhos do só venha buscar às 17h30.
desenvolvimento, tenhamos ganha-ganha papel de liderança e de rela- casal, Jônatas (16) já trabalha como Tem-se escola para quê? Para subs-
vizinhos fortalecidos e par- webdesigner e Davi (17) é programa- tituir os pais ausentes? Muito cômodo!
ceiros. A adequação feita com os vizinhos ção ganha-ganha com os vi-
zinhos sul-americanos. E dor, e atualmente já desenvolve um Abandono intelectual, a bem da ver-
pelos deputados aumenta com o Paraguai, outros paí- software comercial. A filha de três anos dade, é constatar que 9,7% da popula-
em três vezes o valor pago anteriormen- ses já cobiçam e disputam esse relacio- está praticamente alfabetizada em por- ção brasileira acima de 15 anos de ida-
te pela energia não consumida pelo Pa- namento. Já investem em acordos ain- tuguês e inglês. Mais uma vez, aban- de é totalmente analfabeta, ou seja,
raguai. Nada mais justo, uma vez que o da mais generosos. Um exemplo é a dono intelectual?! Qual centro de edu- são pelo menos 14,1 milhões de pes-
Brasil consome praticamente toda a China, que lá pretende instalar suas fá- cação infantil, por melhor que seja, já soas, sendo que, quando se considera
energia produzida em Itaipu. Ou seja, bricas e movimentar seus negócios. Per- teria alfabetizado uma criança de três o analfabetismo funcional, tal índice
não se trata de mero assistencialismo, guntamos: o Brasil vai mais uma vez anos? Qual escola teria formado um pro- sobe para 20,3%; que entre a faixa etá-
e sim de uma esperar ou vai fazer dessa ameaça uma gramador e um webdesigner? ria dos 10 aos 14 anos, 13% dos alu-
renovação de oportunidade? Por que não envidar es- Embora se tenham muitas escolas nos estão com mais de dois anos de
DO um relaciona- forços para ampliar as relações comer-
mento comer- ciais com o nosso vizinho Paraguai?
exemplares e que ser vem de modelo atraso escolar; e que de cada dez alu-
às demais, grande parte só consegue nos que ingressam no primeiro ano do

LEITOR
editoria@oparana.com.br nosso país.
Espaço do leitor apoio a atua- fortalecida, em condições de concorrer
Caro leitor
leitor,, este espaço é
destinado para críticas, su-
gestões, elogios e opiniões.
Os comentários podem ser
enviados para o e-mail
editoria@oparana.com.br
editoria@oparana.com.br,,
com a identificação do autorautor..
cial com refle- Melhor que investir em policiamento
xos visíveis e nas fronteiras é desejarmos países for-
positivos ao tes, emergentes, com economia for te
traduzida em desenvolvimento. Assim
Acredito e podemos imaginar uma América do Sul
lização do tra- ativa e eficazmente junto aos atores do
tado por en- desenvolvimento econômico mundial.
tender a im-
por tância es- Álvaro J. Cabrini Jr é engenheiro agrônomo e
tratégica para presidente do Crea-PR
“fabricar” alunos desinteressados por ensino fundamental, apenas três con-
matemática, química, física, fora a ques- cluem o ensino médio, ou seja, são
tão da violência nos estabelecimentos, 70% que se perdem durante os 11
falta de professores, de instalações fí- anos de ensino obrigatório.
sicas apropriadas, etc... Para se ter uma
noção, somente 11% dos alunos que Felipe Antunes Chaves é professor voluntário
concluem o ensino médio têm conheci- de Direito da UFMS -Campus de Três Lagoas -
mento adequado de matemática. felipeac18@yahoo.com.br;
Será que o Estado realmente cum- Michel Ernesto Flumian é professor de Direito
pre seu dever de fornecer uma educa-
da UFMS - flumian@cptl.ufms.br
ção de qualidade em que os discentes