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FESTIVAIS ESTUDANTIS EM PETRÓPOLIS NOS ANOS 60

Oazinguito Ferreira da Silveira Filho, professor, historiador, publicado pela Tribuna de


Petrópolis, 26/08/2008

Petrópolis foi Rio, Rio foi Petrópolis! O final dos anos 50 e inicio dos 60, se reproduzia na serra
com grande fidelidade. A casa de Petrópolis de Vinicius de Morais e de outros componentes da
Bossa Nova sempre foram concorridas. Muitos dos componentes do CPC criado em 1961, e da
própria UNE, reuniam-se também nos APs ou mansões petropolitanas. O contato e a permuta
cultural com nossos estudantes sempre se fizeram sentir e produzir.
Das canções nos bancos das praças, do violão amigo nas casas, às representações nas
próprias escolas e na universidade. As manifestações de cultura nacional-popular já estavam
organizadas. Grupos desciam e tomavam contacto com as manifestações do centro sobre a
arte popular que evoluiu para revolucionária com o desenvolvimento do sistema opressivo do
Estado a partir de 1964.
26/08/2008

Em Petrópolis, diretórios acadêmicos foram organizados a partir do curso de direito da própria


Faculdade Católica. A divisão se fazia presente constantemente entre os ideologos de direita,
conservadores, tradicionais seguidores junto com seus pais dos movimentos da UDN, e
aqueles que em sua maioria possuíam uma origem mais humilde, funcionários públicos,
operários-sindicalizados, que aderiam aos movimentos de esquerda ou se incorporavam ao
próprios movimentos sindicais ou do PTB.
O campo musical destacava-se como alvo da vigilância no decorrer dos anos 60, sobretudo os
artistas e eventos ligados à MPB (Música Popular Brasileira), sigla que, desde meados dos
anos 60, passou a identificar para os membros de vigilância, música crítica de esquerda,
resultado da politização da Bossa Nova, traduzida sob a égide do “nacional-popular”.
As fotos do Arquivo da UCP, neste ensaio reproduzidas, nos apresentam alguns destes
momentos quando os estudantes organizavam seus festivais universitários, muitas vezes nas
dependências da própria Universidade, outras no Ginásio do Serrano, outras foram proibidas,
censuradas, reprimidas.
Os movimentos de canção em Petrópolis saíram da esfera universitária e seguiram para o meio
estudantil dos colégios locais onde instituições como o CENIP e o LICEU encontraram o meio
oportuno para o desenvolvimento das expressões e parcerias. Até mesmo o mais importante
festival da canção estudantil foi realizado no inicio dos anos 70 no Teatro Santa Cecília, com a
apresentação de nomes da MPB como jurados. A presença de Clementina de Jesus foi
apoteótica em um destes festivais.

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