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Olá, pessoal!
Busquei relacionar aqui os julgados do STJ que reputo mais importantes para a prova da
PCERJ, em direito penal e, principalmente, direito processual penal.
Além de compilar as teses e julgados, fiz algumas observações em alguns deles, apontando
eventuais teses que foram posteriormente superadas por mudança de entendimento, etc.
Bons estudos!
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1) Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua
consumação. (Súmula n. 145/STF)
3) No flagrante esperado, a polícia tem notícias de que uma infração penal será cometida e
passa a monitorar a atividade do agente de forma a aguardar o melhor momento para executar
a prisão, não havendo que se falar em ilegalidade do flagrante.
7) Uma vez decretada a prisão preventiva, fica superada a tese de excesso de prazo na
comunicação do flagrante.
(...) O entendimento desta Corte Superior de Justiça é de que "a não realização
de audiência de custódia no prazo de 24 horas não acarreta a automática
nulidade do processo criminal, assim como que a conversão do flagrante
em prisão preventiva constitui novo título a justificar a privação da
liberdade, ficando superada a alegação de nulidade decorrente da
ausência de apresentação do preso ao Juízo de origem. Precedentes." (RHC
n. 119.091/MG, Rel. Ministro Antonio Saldanha Palheiro, 6ª T., DJe 12/12/2019).
(...) (RHC 154.274/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA,
julgado em 14/12/2021, DJe 17/12/2021)
10) Não há nulidade na hipótese em que o magistrado, de ofício, sem prévia provocação da
autoridade policial ou do órgão ministerial, converte a prisão em flagrante em preventiva,
quando presentes os requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal - CPP. – Tese
SUPERADA. O STJ modificou seu entendimento posteriormente, passando a entender que
é vedado ao Juiz converter a prisão em flagrante em prisão preventiva de ofício, ou seja,
sem provocação. Vejamos:
(...) a Terceira Seção desta Corte firmou entendimento de que não é possível a
decretação da prisão preventiva de ofício em face do que dispõe a Lei
13.964/2019, mesmo se decorrente de prisão em flagrante e se não tiver
ocorrido audiência de custódia. Isso porque não existe diferença entre a
conversão da prisão em flagrante em preventiva e a decretação da prisão
preventiva como uma primeira prisão.
Precedente.
3. Embargos de declaração rejeitados.
(EDcl no AgRg no HC 653.425/MG, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA
TURMA, julgado em 16/11/2021, DJe 19/11/2021)
DECISÕES IMPORTANTES
3) Prisão em flagrante por guardas municipais – O STJ entende ser possível, na medida em
que qualquer pessoa do povo poderia realizar a prisão em flagrante, de forma que nada
impede a realização da prisão em flagrante por guardas municipais:
(...) Com efeito, assente na jurisprudência deste Tribunal Superior que, "Nos
termos do artigo 301 do Código de Processo Penal, qualquer pessoa pode
prender quem esteja em flagrante delito, de modo que inexiste óbice à
realização do referido procedimento por guardas municipais, não
havendo, portanto, que se falar em prova ilícita no caso em tela.
Precedentes" (HC n. 421.954/SP, Quinta Turma, Rel.
Min. Reynaldo Soares da Fonseca, DJe de 2/4/2018).
(...)
(HC 681.625/SP, Rel. Ministro JESUÍNO RISSATO (DESEMBARGADOR
CONVOCADO DO TJDFT), QUINTA TURMA, julgado em 07/12/2021, DJe
15/12/2021)
PRISÃO PREVENTIVA
JURISPRUDÊNCIA EM TESES – EDIÇÃO 32
3) A substituição da prisão preventiva pela domiciliar exige comprovação de doença grave, que
acarrete extrema debilidade, e a impossibilidade de se prestar a devida assistência médica no
estabelecimento penal. – Trata-se de tese que já foi corroborada várias vezes:
4) A prisão preventiva poderá ser substituída pela domiciliar quando o agente for
comprovadamente imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 06 (seis) anos
de idade ou com deficiência.
5) As medidas cautelares diversas da prisão, ainda que mais benéficas, implicam em restrições
de direitos individuais, sendo necessária fundamentação para sua imposição.
6) A citação por edital do acusado não constitui fundamento idôneo para a decretação da
prisão preventiva, uma vez que a sua não localização não gera presunção de fuga. – Não se
deve confundir “revelia” (no sentindo de não ter sido encontrado o réu) com “fuga”. A
fuga denota a intenção de se furtar à aplicação da lei penal. O fato de o réu não ter sido
encontrado não pode ser compreendido como presunção de que ele tenha fugido.
7) A prisão preventiva não é legítima nos casos em que a sanção abstratamente prevista ou
imposta na sentença condenatória recorrível não resulte em constrição pessoal, por força do
princípio da homogeneidade. – Tal princípio estabelece que a medida cautelar (e a prisão
preventiva é uma medida cautelar de caráter pessoal) não pode ser mais gravosa que a
eventual penal cominada ou imposta ao agente. Logo, se a pena cominada ao crime ou
imposta na sentença não resultaria em constrição pessoal, não seria admissível a prisão
8) Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser contemporâneos à decisão que a
decreta. – Trata-se do princípio da contemporaneidade. Para se decretar uma prisão
preventiva, é necessário demonstrar o risco que a liberdade do imputado representa
(periculum libertatis). Essa demonstração deve estar baseada em fatos novos ou
contemporâneos, de forma que, a princípio, não é lícita a decretação de prisão
preventiva tendo como fundamento fatos ocorridos em lapso temporal muito extenso
em relação à decisão.
9) A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a comoção social não
constituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva.
10) A prisão preventiva pode ser decretada em crimes que envolvam violência doméstica e
familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para
o fim de garantir a execução das medidas protetivas de urgência.
11) A prisão cautelar deve ser fundamentada em elementos concretos que justifiquem,
efetivamente, sua necessidade.
12) A prisão cautelar pode ser decretada para garantia da ordem pública potencialmente
ofendida, especialmente nos casos de: reiteração delitiva, participação em organizações
criminosas, gravidade em concreto da conduta, periculosidade social do agente, ou pelas
circunstâncias em que praticado o delito (modus operandi).
13) Não pode o tribunal de segundo grau, em sede de habeas corpus, inovar ou suprir a falta
de fundamentação da decisão de prisão preventiva do juízo singular.
15) A segregação cautelar é medida excepcional, mesmo no tocante aos crimes de tráfico de
entorpecente e associação para o tráfico, e o decreto de prisão processual exige a especificação
de que a custódia atende a pelo menos um dos requisitos do art. 312 do Código de Processo
Penal.
3) Atos infracionais pretéritos podem ser valorados como fundamento para decretação
da prisão preventiva para a garantia da ordem pública? Sim. O fundamento da garantia da
ordem pública reside na necessidade de evitar a reiteração delitiva, e prognose sobre a maior
ou menor probabilidade de reiteração passa pela análise do passado do agente. Posto isso, o
STJ entende que maus antecedentes, reincidência, atos infracionais pretéritos ou até mesmo
outras ações penais ou inquéritos podem ser valorados para fins de justificar a decretação da
prisão preventiva para a garantia da ordem pública:
(...) Ainda que a Lei 13.964/2019 não leve sempre a essa solução (art. 282, § 4º-
CPP), a jurisprudência desta Corte Superior firmou-se no sentido de que "o
descumprimento de medida cautelar imposta como condição para a
liberdade provisória, demonstra, por si só, a adequação da prisão
preventiva para conveniência da instrução criminal" (AgRg no HC
550.382/RO, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, DJe 13/3/2020).
2. Havendo a indicação de fundamentos concretos para justificar a custódia
cautelar, não se revela cabível a aplicação de medidas cautelares alternativas à
prisão, visto que insuficientes para resguardar a ordem pública: HC 325.754/RS
- 5ª T. - unânime - Rel.
Min. LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (Desembargador convocado do TJ/PE) -
DJe 11/09/2015 e HC n. 313.977/AL - 6ª T. - unânime - Rel. Min.
Maria Thereza de Assis Moura - DJe 16/03/2015.
3. Agravo regimental improvido.
(...) Ora, é certo que em respeito ao princípio da dignidade humana, bem como
ao da presunção de não culpabilidade, o reexame da presença dos requisitos
autorizadores da prisão preventiva deve ser realizado a cada 90 dias, nos
termos da novel norma processual.
Contudo, não se trata de termo peremptório, isto é, eventual atraso na
execução deste ato não implica automático reconhecimento da
ilegalidade da prisão, tampouco a imediata colocação do custodiado
cautelar em liberdade.
(...) (AgRg no RHC 148.120/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 15/06/2021, DJe 21/06/2021)
(...) Nos termos do parágrafo único do art. 316 do CPP, a revisão de ofício da
necessidade de manutenção da prisão cautelar a cada 90 dias cabe tão
somente ao órgão emissor da decisão, ou seja, ao juiz ou tribunal que
decretou a custódia preventiva.
(...) (AgRg no HC 692.009/MG, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,
QUINTA TURMA, julgado em 19/10/2021, DJe 25/10/2021)
(...) Esta eg. Corte Superior, quanto ao art. 316, parágrafo único, do CPP,
entende pela obrigatoriedade de revisão do decreto prisional, a cada 90
dias, seja pelo juízo ou pelo Tribunal que decretar a prisão preventiva,
dever que se estende até o proferimento de juízo de culpabilidade em
desfavor do constrito.
(...) (AgRg no RHC 150.457/SP, Rel. Ministro JESUÍNO RISSATO
(DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJDFT), QUINTA TURMA, julgado em
26/10/2021, DJe 04/11/2021)
No mesmo sentido:
10) Prisão preventiva e condenação pelo Tribunal do Júri – O simples fato de o acusado
ter sido condenado pelo Tribunal do Júri a pena igual ou superior a 15 anos autoriza a
execução provisória de pena ou imposição de prisão preventiva? Não. Para o STJ, é ilegal
a prisão preventiva, ou a execução provisória da pena, como decorrência automática da
condenação proferida pelo Tribunal do Júri:
5) Prisão domiciliar e pessoa debilitada por motivo de doença grave – O STJ vem decidindo
que é lícito ao Juiz indeferir a substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar de
acusado que esteja extremamente debilitado por motivo de doença grave, quando for possível
o tratamento no próprio estabelecimento prisional, o que denotaria a desnecessidade da
medida humanitária (substituição pela prisão domiciliar):
PROVAS
JURISPRUDÊNCIA EM TESES – EDIÇÃO 105
3) A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no art. 366 do CPP
deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso do
tempo. (Súmula n. 455/STJ) – No caso de suspensão do processo em razão de o réu ter sido
citado por edital e não ter se defendido, o Juiz está autorizado a determinar a produção
antecipada de provas, desde que de maneira fundamentada (ex.: alguma testemunha
importante está debilitada e há risco de óbito), de forma que a mera alegação de que o decurso
do tempo traria prejuízos à instrução não é fundamento idôneo (ex.: o Juiz não pode alegar
que irá realizar a oitiva antecipada de todas as testemunhas só porque o passar dos anos pode
prejudicar as lembranças do ocorrido).
9) Para efeitos penais, o reconhecimento da menoridade do réu requer prova por documento
hábil. (Súmula n. 74/STJ)
10) O registro audiovisual de depoimentos colhidos no âmbito do processo penal dispensa sua
degravação ou transcrição, em prol dos princípios da razoável duração do processo e da
celeridade processual, salvo comprovada demonstração de necessidade.
2) O réu não tem direito subjetivo de acompanhar, por sistema de videoconferência, audiência
de inquirição de testemunhas realizada, presencialmente, perante o Juízo natural da causa, por
ausência de previsão legal, regulamentar e principiológica.
5) É possível a antecipação da colheita da prova testemunhal, com base no art. 366 do CPP, nas
hipóteses em que as testemunhas são policiais, tendo em vista a relevante probabilidade de
esvaziamento da prova pela natureza da atuação profissional, marcada pelo contato diário com
fatos criminosos. – De forma complementar à tese nº 03 da edição 105 da jurisprudência em
teses, o STJ firmou entendimento no sentido de que a natureza da profissão da testemunha
(policial) é fundamento idôneo para a determinação da produção antecipada de provas, eis
que os policiais mais facilmente se esquecem dos casos, eis que lidam diariamente com fatos
criminosos.
7) É ilícita a prova colhida mediante acesso aos dados armazenados no aparelho celular,
relativos a mensagens de texto, SMS, conversas por meio de aplicativos (WhatsApp), e obtida
diretamente pela polícia, sem prévia autorização judicial. – Frise-se que se a apreensão do
aparelho decorreu do cumprimento de mandado de busca e apreensão, o acesso ao conteúdo
das mensagens pela autoridade policial será válido.
DECISÕES IMPORTANTES
1) O reconhecimento fotográfico, conquanto seja admitido, não pode ser utilizado como
prova em processo penal, devendo ser visto como etapa antecedente a eventual
reconhecimento pessoal e, portanto, não pode servir como prova em ação penal, ainda que
confirmado em juízo:
“(...) 1. A Sexta Turma desta Corte Superior de Justiça, por ocasião do julgamento
do HC n. 598.886/SC (Rel. Ministro Rogerio Schietti Cruz), realizado em
27/10/2020, propôs nova interpretação do art.
226 do CPP, segundo a qual a inobservância do procedimento descrito no
mencionado dispositivo legal torna inválido o reconhecimento da pessoa
suspeita e não poderá servir de lastro a eventual condenação, mesmo se
confirmado o reconhecimento em juízo. Confiram-se, a propósito, as
conclusões apresentadas por ocasião do mencionado julgamento (HC n.
598.886/SC): (i) O reconhecimento de pessoas deve observar o procedimento
previsto no art. 226 do Código de Processo Penal, cujas formalidades
constituem garantia mínima para quem se encontra na condição de suspeito
da prática de um crime; (ii) À vista dos efeitos e dos riscos de um
No mesmo sentido:
(...) 7. O art. 217 do Código de Processo Penal admite a retirada do réu da sala
de audiência quando qualquer declarante se sentir atemorizado,
humilhado ou constrangido com a sua presença, sem que se possa falar
em nulidade do ato processual. O acórdão combatido alinha-se ao
entendimento desta Corte Superior, porquanto as testemunhas "manifestaram
receio em prestar depoimento na presença dos sentenciados" tendo constado
ainda justificativa sobre a impossibilidade de realização por videoconferência.
(…) (AgRg no AREsp 746.463/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
julgado em 22/06/2021, DJe 29/06/2021)
6) O STJ firmou entendimento no sentido de que, embora possa haver inversão eventual da
ordem de oitiva das testemunhas, em razão da expedição de carta precatória (ouvir as
testemunhas de defesa antes que alguma testemunha de acusação tenha sido ouvida por carta
precatória), isso não autoriza a realização do interrogatório antes da oitiva de qualquer
testemunha, pois o interrogatório do réu sempre deve ser o último ato da instrução, de
maneira que deve ser aguardado o retorno da carta para que seja realizado o interrogatório
do acusado:
7) O STJ firmou entendimento no sentido de que, nos crimes sexuais e também naqueles
praticados no contexto de violência doméstica e familiar, a palavra da vítima ganha
especial relevância, na medida em que esses crimes geralmente são praticados às escondidas,
sem testemunhas:
(...) No caso, a produção antecipada de prova oral foi determinada nos termos
da jurisprudência deste Superior Tribunal de Justiça, no sentido da
"necessidade da oitiva antecipada das testemunhas, que são agentes
policiais, tendo em vista a possibilidade de as provas se fragilizarem com
o esquecimento dos fatos pela própria natureza do ofício de quem atua
diariamente no combate à criminalidade." (RHC 97.893/RR, Rel. Ministro
ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2019, DJe
19/12/2019.) 3. Tal fundamento é válido, apto a determinar a antecipação de
provas, sem qualquer ofensa à Súmula n. 455 desta Corte, primeira parte ([a]
decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo
366 do CPP deve ser concretamente fundamentada [...]).
4. Recurso ordinário em habeas corpus desprovido.
(RHC 128.325/SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em
08/09/2020, DJe 22/09/2020)
10) O STJ possui entendimento no sentido de que se a defesa alega a ausência de potencial
lesivo da arma, cabe a ela a juntada aos autos para a realização de perícia:
11) O STJ firmou entendimento no sentido de que a simples apreensão de aparelho celular
por conta de prisão em flagrante não autoriza o acesso ao conteúdo das mensagens nele
contidas, que dependerá de autorização judicial ou do consentimento do proprietário do
aparelho:
12) O STJ firmou entendimento no sentido de que a agenda telefônica, ou seja, o registro dos
contatos do proprietário do aparelho celular não está abrangida pela garantia do sigilo de
dados telefônicos, eis que é mera facilitação tecnológica (é uma simples caderneta de
contatos, só que virtual), de forma que o acesso a estes dados não depende de autorização
judicial:
(...) No caso, como autorizado pelo Código de Processo Penal ? CPP foi
apreendido o telefone celular de um acusado e analisados os dados
constantes da sua agenda telefônica, a qual não tem a garantia de
proteção do sigilo telefônico ou de dados telemáticos, pois a agenda é uma
das facilidades oferecidas pelos modernos aparelhos de smartphones a
seus usuários.
5. Assim, deve ser reconhecida como válida a prova produzida com o acesso à
agenda telefônica do recorrido, com o restabelecimento da sentença
condenatória, determinando-se que a Corte a quo continue a apreciar a
apelação.
6. Recurso especial provido.
(REsp 1782386/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado
em 15/12/2020, DJe 18/12/2020)
12) O STJ firmou entendimento no sentido de que, embora retratável a confissão, o Juiz poderá,
cotejando-a com os demais elementos dos autos, considerá-la para fins de condenação, pelo
princípio do livre convencimento motivado. Nesse caso, mesmo tendo havido retratação, caso
utilizada pelo Juiz a confissão como elemento de convicção para a condenação, fará jus o réu
à atenuante genérica do art. 65, III, “d” do CP:
1) Compete aos Tribunais de Justiça ou aos Tribunais Regionais Federais o julgamento dos
pedidos de habeas corpus quando a autoridade coatora for Turma Recursal dos Juizados
Especiais.
3) No âmbito dos Juizados Especiais Criminais, não se exige a intimação pessoal do defensor
público, admitindo-se a intimação na sessão de julgamento ou pela imprensa oficial.
4) Não há óbice a que se estabeleçam, no prudente uso da faculdade judicial disposta no art.
89, § 2º, da Lei n. 9.099/1995, obrigações equivalentes, do ponto de vista prático, a sanções
penais (tais como a prestação de serviços comunitários ou a prestação pecuniária), mas que,
para os fins do sursis processual, se apresentam tão somente como condições para sua
incidência. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 TEMA 930)
5) A perda do valor da fiança constitui legítima condição do sursis processual, nos termos do
art. 89, § 2º, da Lei n. 9.099/95.
7) A transação penal não tem natureza jurídica de condenação criminal, não gera efeitos para
fins de reincidência e maus antecedentes e, por se tratar de submissão voluntária à sanção
penal, não significa reconhecimento da culpabilidade penal nem da responsabilidade
civil.
9) O prazo de 5 (cinco) anos para a concessão de nova transação penal, previsto no art. 76, §
2º, inciso II, da Lei n. 9.099/95, aplica-se, por analogia, à suspensão condicional do processo.
11) Nos casos de aplicação da Súmula n. 337/STJ, os autos devem ser encaminhados ao
Ministério Público para que se manifeste sobre a possibilidade de suspensão condicional do
processo ou de transação penal.
2) É cabível a suspensão condicional do processo e a transação penal aos delitos que preveem
a pena de multa alternativamente à privativa de liberdade, ainda que o preceito
secundário da norma legal ultrapasse os parâmetros mínimo e máximo exigidos em lei para a
incidência dos institutos em comento. – Quanto à suspensão condicional do processo, se a
pena mínima for superior a 01 ano, mas houver previsão de pena de multa ALTERNATIVA (ex.:
reclusão de 02 a 05 anos OU multa), caberá o benefício do sursis processual. De igual forma,
de acordo com a referida tese, caberá transação penal mesmo que se trate de crime com pena
máxima superior a 02 anos, desde que haja previsão alternativa da pena de multa. Quanto a
este último ponto (transação penal), trata-se de um entendimento polêmico, pois a previsão
alternativa de multa não altera o “pior cenário” para o réu (que continua sendo a pena máxima
cominada). Já quanto ao sursis processual, acertado o entendimento, já que o critério é a pena
mínima, e ao cominar pena alternativa de multa, o legislador permite que o condenado não
receba nenhuma pena privativa de liberdade, somente a multa, de forma que a multa se
tornaria a “pena mínima” para o caso, ou seja, o “melhor cenário” em caso de condenação.
9) É constitucional o art. 90-A da Lei n. 9.099/95, que veda a aplicação desta aos crimes
militares.
11) O crime de uso de entorpecente para consumo próprio, previsto no art. 28 da Lei n.
11.343/06, é de menor potencial ofensivo, o que determina a competência do juizado especial
12) A conduta prevista no art. 28 da Lei n. 11.343/06 admite tanto a transação penal quanto
a suspensão condicional do processo.
No mesmo sentido:
Tese 13) A falta de comunicação ao acusado sobre o direito de permanecer em silêncio é causa
de nulidade relativa, cujo reconhecimento depende da comprovação do prejuízo.
Tese 19) São nulas as provas obtidas por meio da extração de dados e de conversas privadas
registradas em correio eletrônico e redes sociais (v.g. whatsapp e facebook) sem a prévia
autorização judicial.
Tese 20) O compartilhamento de dados obtidos pela Receita Federal com fundamento no art.
6º da Lei Complementar n. 105/2001, mediante requisição direta às instituições bancárias no
âmbito de processo administrativo fiscal, é considerado nulo, para fins penais, se não decorrer
de expressa determinação judicial.
1) Para a configuração dos crimes contra a honra, exige-se a demonstração mínima do intento
positivo e deliberado de ofender a honra alheia (dolo específico), o denominado animus
caluniandi, diffamandi vel injuriandi.
2) Nos casos em que a inexistência da intenção específica de ofender a honra alheia é flagrante,
admite-se, excepcionalmente, em sede de habeas corpus, a análise da presença do dolo
específico exigido para a caracterização dos crimes contra a honra.
3) Para a caracterização do crime de calúnia, é indispensável que o agente que atribui a alguém
fato definido como crime tenha conhecimento da falsidade da imputação.
4) O crime de calúnia não se contenta com afirmações genéricas e de cunho abstrato, devendo
a inicial acusatória conter a descrição de fato específico, marcado no tempo, que teria sido
falsamente praticado pela pretensa vítima.
9) A não recepção pela Constituição Federal de 1988 da Lei de Imprensa (Lei n. 5. 250/1967)
não implicou na abolitio criminis dos delitos contra a honra praticados por meio da
imprensa, pois tais ilícitos permanecem tipificados na legislação penal comum.
13) A parte não responde por crime contra a honra decorrente de peças caluniosas,
difamatórias ou injuriosas apresentadas em juízo por advogado credenciado.
3) A despeito de o agente não querer o resultado no dolo eventual, o STJ possui entendimento
no sentido de que o homícidio doloso por dolo eventual pode ser praticado por motivo
fútil ou torpe (ex.: José agride Pedro com na cabeça, usando um taco de beisebol. O fato se
deu por conta de desavenças envolvendo uma pizza. José alega que não teve dolo de matar.
Veja, mesmo que não tenha querido a morte, assumiu o risco ao agredir dessa forma na
cabeça, ou seja, dolo eventual. A conduta se deu por motivo fútil. Logo, perfeitamente
compatíveis):
4) Igualmente, o STJ entende que o dolo eventual é compatível com a qualificadora do meio
cruel:
5) Embora o tema não seja considerado uma unanimidade doutrinária, o STJ firmou
entendimento no sentido de que o dolo eventual é compatível com a figura da tentativa,
de forma que é possível a ocorrência de homicídio tentado praticado por dolo eventual:
2. Consoante o entendimento jurisprudencial desta Corte Superior, é
compatível com a imputação de homicídio tentado o dolo eventual
atribuído à conduta do acusado, hipótese na qual houve a demonstração
do consentimento no resultado por parte do agente.
(...)
4. Não obstante a existência de julgados desta Corte Superior a respeito da
incompatibilidade entre o dolo eventual e a qualificadora objetiva referente ao
recurso que dificultou a defesa da vítima, tem-se a recente orientação no
sentido de que: "elege-se o posicionamento pela compatibilidade, em tese, do
dolo eventual também com as qualificadoras objetivas (art. 121, § 2º, III e IV, do
CP). Em resumo, as referidas qualificadoras serão devidas quando constatado
que o autor delas se utilizou dolosamente como meio ou como modo específico
mais reprovável para agir e alcançar outro resultado, mesmo sendo previsível
e tendo admitido o resultado morte" (AgRg no AgRg no REsp 1.836.556/PR, Rel.
Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, Quinta Turma, julgado em 15/6/2021, DJe de
22/6/2021).
5. No caso, as instâncias de origem fundamentaram adequadamente a
preservação da qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima,
notadamente diante dos suficientes indicativos de que os golpes de
instrumento cortante realizados pelo acusado teriam ocorrido de inopino, sem
a vítima esperar ataque semelhante, sendo incabível, portanto, a sua exclusão
no presente momento processual.
6. Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 678.195/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
QUINTA TURMA, julgado em 14/09/2021, DJe 20/09/2021)
2) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que possam ser
considerados delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie – O STJ possui
entendimento majoritário no sentido de que crimes da mesma espécie, para fins de
continuidade delitiva, são aqueles que protegem o mesmo bem jurídico e se encontram no
mesmo dispositivo legal, na forma simples, qualificada ou privilegiada (ex.: furto e furto
qualificado):
Porém, curiosamente, o STJ possui julgados reconhecendo que estupro (art. 213) e estupro
de vulnerável (art. 217-A) são crimes da mesma espécie para fins de continuidade delitiva:
4) Todos os instrumentos utilizados como dispositivo para abrir fechadura são abrangidos
pelo conceito de chave falsa, incluindo as mixas.
Como dito, com relação ao emprego de fraude ser qualificadora subjetiva, trata-se de ponto
controvertido, pois há, no próprio STJ, várias decisões reconhecendo que apenas a
qualificadora do abuso de confiança teria natureza subjetiva (logo, as demais não):
7) O princípio da insignificância deve ser afastado nos casos em que o réu faz do crime o seu
meio de vida, ainda que a coisa furtada seja de pequeno valor. – Embora a tese se refira a
pequeno valor, devemos entender “valor insignificante”, já que para eventual aplicação do
princípio da insignificância seria necessária a insignificância do valor (10% do salário mínimo
vigente à época do fato).
11) Para a caracterização do furto privilegiado, além da primariedade do réu, o valor do bem
subtraído não deve exceder à importância correspondente ao salário mínimo vigente à época
dos fatos.
(...) Em relação à figura do furto privilegiado, o art. 155, § 2º, do Código Penal
impõe a aplicação do benefício penal na hipótese de adimplemento dos
requisitos legais da primariedade e do pequeno valor do bem furtado,
assim considerado aquele inferior ao salário mínimo ao tempo do fato. Trata-
se, em verdade, de direito subjetivo do réu, não configurando mera
faculdade do julgador a sua concessão, embora o dispositivo legal empregue
o verbo "poder".
(...) (HC 633.407/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em
02/02/2021, DJe 08/02/2021)
14) A lesão jurídica resultante do crime de furto não pode ser considerada insignificante
quando o valor dos bens subtraídos perfaz mais de 10% do salário mínimo vigente à época dos
fatos.
15) Nos casos de continuidade delitiva o valor a ser considerado para fins de concessão do
privilégio (artigo 155, § 2º, do CP) ou do reconhecimento da insignificância é a soma dos bens
subtraídos.
3) Há concurso material entre os crime de roubo e extorsão quando o agente, após subtrair
bens da vítima, mediante emprego de violência ou grave ameaça, a constrange a entregar
o cartão bancário e a respectiva senha para sacar dinheiro de sua conta corrente.
5) O roubo praticado em um mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas
diferentes, enseja o reconhecimento do concurso formal de crimes, e não a ocorrência de
crime único. – Havia discussão sobre a natureza do concurso de crimes nesse caso (ou eventual
reconhecimento de crime único). Porém, tal discussão encontra-se superada, já que o STJ
firmou entendimento no sentido de tratar-se de concurso formal próprio:
7) Cabe a defesa o ônus da prova de demonstrar que a arma empregada para intimidar a vítima
é desprovida de potencial lesivo.
8) A utilização de arma sem potencialidade lesiva, atestada por perícia, como forma de
intimidar a vítima no delito de roubo, caracteriza a elementar grave ameaça, porém, não
permite o reconhecimento da majorante de pena. – Resumidamente:
O emprego de arma de fogo sem potencialidade lesiva:
Þ Não caracteriza a majorante, mas serve para configurar a “grave ameaça” inerente ao
roubo;
Þ Cabe à defesa provar a ausência de potencialidade lesiva
9) O crime de porte de arma é absorvido pelo de roubo quando restar evidenciado o nexo de
dependência ou de subordinação entre as duas condutas e que os delitos foram praticados
em um mesmo contexto fático o que caracteriza o princípio da consunção – Como se vê,
a consunção de um (porte de arma de fogo) pelo outro (roubo majorado) somente se dará
quando um for praticado apenas como meio necessário para a prática do outro (ex.: José pega
um revólver emprestado apenas para praticar um roubo). Caso contrário, o agente responderá
pelos dois delitos em concurso material (ex.: José adquire uma arma de fogo e passa a transitar
com ela. Certo dia, resolve roubar uma loja de conveniência usando a arma. Nesse caso,
responderá pelos dois delitos).
10) A gravidade do delito de roubo circunstanciado pelo concurso de pessoas e/ou emprego
de arma de fogo não constitui motivação suficiente, por si só, para justificar a imposição de
regime prisional mais gravoso, na medida em que constituem circunstâncias comuns à espécie.
11) Não há continuidade delitiva entre roubo e furto, porquanto, ainda que possam ser
considerados delitos do mesmo gênero, não são da mesma espécie.
13) Há tentativa de latrocínio quando a morte da vitima não se consuma por razões alheias à
vontade do agente – Nos termos da súmula 610 do STF, o latrocínio se consuma quando, em
14) Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a
subtração de bens da vítima. (Súmula n. 610/STF)
15) Há concurso formal impróprio no crime de latrocínio nas hipóteses em que o agente,
mediante uma única subtração patrimonial provoca, com desígnios autônomos, dois ou mais
resultados morte.
1) Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido. (Súmula n. 17/STJ)
11) A emissão de cheques pré-datados, como garantia de dívida e não como ordem de
pagamento à vista, não constitui crime de estelionato previsto no art. 171, § 2°, VI, do CP, uma
vez que a matéria deixa de ter interesse penal quando não há fraude, conforme a Súmula n.
246/STF.
12) O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia,
não obsta ao prosseguimento da ação penal. (Súmula n. 554/STF)
2) No crime de extorsão, a ameaça a que se refere o caput do art. 158 do CP, exercida com o
fim de obter a indevida vantagem econômica, pode ter por conteúdo grave dano aos bens da
vítima. – No crime de extorsão, a grave ameaça deve ser compreendida sob o prisma da vítima,
ou seja, se a vítima, considerando-se suas peculiaridades, poderia ter se sentido ameaçada.
Até por conta disso, o STJ possui julgados no sentido de que mesmo a ameaça de mal espiritual
(ex.: rezas, trabalhos espirituais, etc.), podem configurar grave ameaça no crime de extorsão,
desde que a vítima tenha se sentido ameaçada:
3) O delito de dano ao patrimônio público, quando praticado por preso para facilitar a fuga do
estabelecimento prisional, demanda a demonstração do dolo específico de causar prejuízo ao
bem público (animus nocendi), sem o qual a conduta é atípica. – A fuga do indivíduo preso, por
si só, não configura crime, posto que dependeria do emprego de violência contra a pessoa (art.
352 do CP). E se houver violência contra coisa? Não haveria crime de dano? De acordo com
a tese que ora trabalhamos, não, a menos que fique comprovado que o preso agiu como dolo
específico de causar prejuízo ao bem público (o que geralmente não ocorre, já que o preso está
mais preocupado em apenas fugir, naturalmente J).
10) O pagamento integral dos débitos oriundos de apropriação indébita previdenciária, ainda
que efetuado após o recebimento da denúncia, mas antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória, extingue a punibilidade, nos termos do art. 9º, § 2º, da Lei n. 10.684/03.
12) O delito de receptação (art. 180 do CP), nas modalidades transportar, conduzir ou ocultar,
é crime permanente, cujo flagrante perdura enquanto o agente se mantiver na posse do bem
que sabe ser produto de crime.
13) No crime de receptação, se o bem houver sido apreendido em poder do acusado, caberá
à defesa apresentar prova acerca da origem lícita da res ou de sua conduta culposa (art.
156 do CPP), sem que se possa falar em inversão do ônus da prova.
14) Talonário de cheques pode ser objeto material do crime de receptação, dada a existência
de valor econômico do bem e a possibilidade de posterior utilização fraudulenta para obtenção
de vantagem ilícita.
16) Justifica-se a opção do legislador pela imposição de pena mais grave ao delito de receptação
qualificada em relação à figura simples pois a comercialização ou industrialização do produto
de origem ilícita lesiona o mercado e os consumidores.
6) Após o advento da Lei n. 12.015/2009, que tipificou no mesmo dispositivo penal (art. 213 do
CP) os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor, é possível o reconhecimento de
11) O beijo lascivo integra o rol de atos libidinosos e configura o crime de estupro se obtido
mediante emprego de força física do agressor contra vítima maior de 14 anos. – Nos parece
que a tese deve ser analisada à luz dos elementos do crime de estupro, ou seja, deve haver
emprego de violência ou grave ameaça à pessoa para a configuração do crime de estupro
nessas circunstâncias. Caso contrário, haverá crime de importunação ofensiva ao pudor.
3) O delito de estupro de vulnerável (art. 217-A do CP) se consuma com a prática de qualquer
ato de libidinagem ofensivo à dignidade sexual da vítima.
4) A contemplação lasciva configura o ato libidinoso constitutivo dos tipos dos art. 213 e
art. 217-A do CP, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico
entre ofensor e vítima.
5) É possível a configuração do crime de assédio sexual (art. 216-A do CP) na relação entre
professor e aluno. – O STJ passou a entender que a relação de ascendência do professor
perante o aluno é elemento que possibilita a configuração do crime de assédio sexual. Haverá,
6) A prática de crime contra a dignidade sexual por professor faz incidir a causa de aumento
de pena prevista no art. 226, II, do Código Penal, por sua evidente posição de autoridade e
ascendência sobre os alunos.
7) Não há bis in idem na incidência da agravante genérica do art. 61, II, f, concomitantemente
com a causa de aumento de pena do art. 226, II, ambas do CP, no crime de estupro. – Segundo
o STJ, é válida a aplicação concomitante da agravante e da majorante, não configurando bis in
idem, desde que fundamentadas em elementos diversos (ex.: a agravante aplicada pela relação
doméstica e a majorante pela ascendência inerente ao fato de ser padrasto da vítima):
(...) Não caracteriza bis in idem a utilização da agravante genérica prevista no
art. 61, inciso II, alínea "f", do Código Penal e da majorante específica do art.
226, inciso II, do Código Penal, tendo em vista que a circunstância utilizada
pelas instâncias ordinárias para agravar a pena foi a prevalência de
relações domésticas no ambiente familiar, enquanto para aumentá-la na
terceira fase, em razão da majorante específica, utilizou-se da condição de
padrasto da vítima, que são situações distintas. Precedentes.
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no REsp 1929310/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
julgado em 24/08/2021, DJe 30/08/2021)
8) No estupro de vulnerável (art. 217-A, caput, do CP), a condição de a vítima ser criança é
elemento ínsito ao tipo penal, tornando impossível a aplicação da agravante genérica prevista
no art. 61, II, h, do Código Penal Brasileiro, sob pena de bis in idem.
9) O fato de o ofensor valer-se de relações domésticas para a prática do crime de estupro não
pode, ao mesmo tempo, ser usado como circunstância judicial desfavorável (art. 59 do CP) e
como agravante genérica (art. 61, II, f, do CP), sob pena de bis in idem.
10) No estupro de vulnerável, o trauma psicológico que justifica a valoração negativa das
consequências do crime (art. 59 do CP) é aquele cuja intensidade for superior à inerente ao
tipo penal.
11) No estupro de vulnerável, a tenra idade da vítima pode ser utilizada como
circunstância judicial do art. 59 do CP e, portanto, incidir sobre a pena-base do réu. – De
acordo com a referida tese, embora o estupro de vulnerável tenha como elemento do tipo a
idade da vítima (menor de 14 anos), a eventual tenra idade (03 anos, 04 anos, etc.) pode ser
utilizada como circunstância judicial desfavorável, de forma a aumentar a pena-base.
4) A orientação da Súmula n. 593/STJ não importa na retroatividade de lei penal mais gravosa
(novatio legis in pejus) e apresenta adequada interpretação jurisprudencial das modificações
introduzidas pela Lei n. 12.015/2009.
9) A conduta daquele que pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com menor de 18
anos e maior de 14 anos em situação de prostituição ou de exploração sexual somente foi
tipificada com a entrada em vigor da Lei n. 12.015/2009, que incluiu o art. 218-B, § 2º, I,
10) O segredo de justiça previsto no art. 234-B do Código Penal abrange o autor e a vítima de
crimes sexuais, devendo constar da autuação apenas as iniciais de seus nomes.
13) Nos crimes sexuais praticados contra criança e adolescente, admite-se a oitiva da vítima
por profissional preparado e em ambiente diferenciado na modalidade do "depoimento sem
dano", prevista na Lei n. 13.431/2017, medida excepcional que respeita sua condição especial
de pessoa em desenvolvimento.