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Centro Estadual de Educação Continuada Professor Clotário Guilherme

de Macedo

Apostila de

Ensino médio

Módulo IV

PROFESSORA: VERA PEREIRA BRANDÃO


MÓDULO IV

Arte Popular no Brasil


Arte Naif
História da Arte Naif
Características da Arte Naif
Representantes da Arte Naif no Mundo
Representantes da Arte Naif no Brasil
MPB – Música Popular Brasileira
História da Música Popular Brasileira
O Movimento MPB
Nomes da MPB
Arte Popular no Brasil

Nas camadas populares muitos artistas realizam suas obras, normalmente em


seus dias de folga, nas horas tiradas do trabalho na lavoura ou demais
ocupações, solitariamente ou com a ajuda da família, em alguns casos, há
dedicação integral para a tarefa, entretanto, são poucos os que conseguem
sobreviver somente dos trabalhos artísticos realizados.
Feiras e mercados são os principais compradores desses produtos que
normalmente acabam sendo usados nas decorações de casa, nas brincadeiras
infantis ou até mesmo nos altares de igrejas. Os objetos de arte
popular normalmente têm fins decorativos e as peças ora podem ser
independentes, ora podem ser criadas para enfeitar outros objetos ou substituir
aqueles de uso doméstico. A arte sacra sempre foi importante meio de
expressão de nossos artistas populares.
O culto católico aos santos criou condições propícias para que muitos artistas
populares se expressassem. Além disso, deve se levar em conta que não
existiam escolas de arte acadêmica no Brasil até o século XIX e muitos de
nossos artistas criavam seus trabalhos sem praticamente nenhum contato com
a “arte erudita”. Aleijadinho, um de nossos maiores artistas, pode, sob vários
aspectos, ser considerado um artista popular. Outro fator que espanta na arte
popular é a semelhança observada em algumas peças produzidas por artesãos
sem estudo artístico com obras encontradas em outras épocas e culturas,
podendo dar indícios de fatores inconscientes que atuam nessas criações.

Um exemplo disso são os santos brasileiros semelhantes às representações


medievais que aparecem na arte popular, como os realizados por Severino de
Iracunhaem. Além disso, são famosos em nossa arte os “santeiros”,
principalmente no interior do país e em Minas Gerais, que realizam suas obras
seguindo as determinações da Igreja. Assim, por exemplo, uma representação
de Santo Antônio deve seguir as características que a tradição religiosa
imprime ao santo.
A arte popular normalmente exprime um sentimento comum ao meio onde se
desenvolve. Não costuma ser esperado do artista popular originalidade ou
expressão individual, mas sim domínio artesanal e capacidade para executar
as obras, normalmente encomendadas e ditadas pela sociedade em que ela se
insere, que determina tanto a temática como, em alguns casos, a própria forma
que o trabalho deva assumir. Bichinhos, figuras humanas e tipos (como o
cangaceiro, a lavadeira, o padre), além de santos são os temas mais
frequentes da arte popular. Normalmente o artista popular tira da realidade em
que vive seus assuntos, podendo às vezes imprimir doses de humor e crítica
social às suas representações, como ilustram pequenas esculturas nordestinas
de moças brancas dançando com negros de nariz tapado.
O artista popular costuma ser autodidata, sem contato com a arte erudita,
retirando da tradição as técnicas que precisa para realizar seu trabalho. Pode
inclusive criar recursos próprios para solucionar seus problemas. A
personalização da tradição da sociedade em que esse artista está inserido
pode gerar obras de grande valor artístico. As pequenas esculturas costumam
ser as manifestações mais frequentes da arte popular, especialmente a
cerâmica. Devido às particularidades do trabalho com o material, existem
pequenas oficinas (pelo menos inicialmente familiares) que se dedicam ao
ofício.
As oficinas de cerâmicas estão presentes em várias localidades do Brasil,
destacando-se as da região oeste do país, as amazônicas, nordestinas e as do
Rio Grande do Sul. Cidades como Caruaru, com suas esculturas mais
sofisticadas, com valorização do movimento e realismo são influentes centros
regionais que acabam por determinar padrões nordestinos. As esculturas em
barro têm centros na região norte do país, em cidades como Belém –
destacando-se principalmente as formas de animais locais, como os jacarés;
no Sudeste, em cidades como Vitória e artistas como Mãe Ana; no Sul, em São
José (Santa Catarina) e as misturas de seres fantásticos com pessoas e
animais no conjunto das treze figuras coloridas do boi-de-mamão (realizadas
por artistas como Anésia de Silveira). Ainda no Sudeste, vemos fortes centros
em lugares como o Vale do Paraíba paulistano, cuja produção é especialmente
intensa no Natal de figuras relacionadas à festa, como anjos, meninos e
estrelas do oriente.
O folclore do vale também é representado através de peças feitas para a
tradicional “Festa do Divino”. No Centro-Sul são famosas as esculturas de
intenção religiosa. No Nordeste são especialmente conhecidas as figuras que,
por seus trajes e atitudes, caracterizam aspectos da vida da região. Chamam a
atenção também pela sofisticação que as representações apresentam, com
detalhes como feições do rosto atentas aos tipos físicos do local. Ainda no
Nordeste, as carrancas nos barcos que cruzam o São Francisco, usadas na
intenção de espantar malefícios ou mesmo monstros folclóricos fluviais, são
outros bons exemplos de arte popular. Os ex-votos também são considerados
uma das mais importantes manifestações artísticas populares. Os milagres
costumam enfatizar a região do corpo a que os fiéis pedem atenção divina. Nas
cabeças, em que se apelam para mortos, tanto pode ser visto padrões comuns
quanto preocupações artísticas em retratar as feições do falecido.
O “Padinho Cícero”, por exemplo, é um tema regional bastante empregado nas
esculturas religiosas nordestinas, especialmente as de Juazeiro do Norte. A
Umbanda também fornece grande inspiração para os artistas populares, como
as figuras de Exus, caboclos e preto- velhos, especialmente fortes na Bahia,
bem representadas por Cândido. É também típico do estado as figuras das
“baianas”, com suas vestes e formas anatômicas mais realistas. Principalmente
através do Modernismo e de sua nacionalidade alguns artistas populares
começaram a ser reconhecidos em círculos de arte erudita, sendo valorizados
e realizando até mesmo exposições dentro e fora do país.
Um dos primeiros desses artistas mais afinados com as tradições populares
descobertos foi Cardosinho (José Bernardo Cardoso Júnior), português que
veio ao Brasil com três anos de idade. Tendo começado a pintar com sessenta
e oito anos, chama a atenção por suas composições fantásticas e misteriosas,
que não se preocupam com o realismo nas proporções (como demonstram as
borboletas enormes de seus quadros, copiadas em tamanho natural). Chegou
mesmo a realizar uma mostra com Portinari. Djanira da Mota e Silva, nascida
no interior de São Paulo e fixa no Rio de Janeiro é outra artista popular que
realizou exposições, inclusive nos Estados Unidos. Entre algumas de suas
obras estão: “Figuras na Rua” (1946) e “A Casa de Farinha” (1956) ou a pintura
da Capela de Santa Bárbara, no túnel Catumbi – Laranjeiras, no Rio de Janeiro
(1961- 1963). Chico da Silva, com seus animais fantásticos, como pássaros e
dragões ligados ao folclore do norte-nordeste do país é mais conhecido na
Europa (graças à intervenção do pintor suíço Jean Pierre Chabloz que o
descobriu em Fortaleza) do que no Brasil.
A tradição afro-brasileira e o aspecto contemplativo das esculturas do baiano
Agnaldo Manuel dos Santos também o caracterizam como importante artista
popular, como suas figuras sobre mãe e filho ou obras como “Totem” de 1973.
Mestre Vitalino (ver verbete) de Caruaru, o carioca Heitor dos Prazeres, o
pernambucano Manezinho Araújo, a paulista Maria Auxiliadora da Silva, são
outros nomes de pintores populares que acabaram por ficar conhecidos em
círculos eruditos.

Arte Naif

Arte naïf é um termo usado para designar um tipo de arte popular e


espontânea.
A palavra naïf é uma palavra francesa que tem como significado algo que é
"ingênuo ou inocente".
Possui características baseadas na simplificação dos elementos e costuma
exibir grande quantidade de cores, valorizando a representação de temas
cotidianos e manifestações culturais do povo.
Geralmente é produzida por artistas autodidatas, os seja, que não possuem
conhecimento formal e técnico de arte, mas que exibem produções em que
outros princípios são considerados, como a autenticidade.

História da arte naïf


O sonho (1910), do francês Henri Rousseau é um exemplo de pintura naïf

A arte naïf costuma ser mais associada à pintura e foi instituída no século XIX,
apesar de seus atributos estarem presentes nas pinturas rupestres do
paleolítico.
O pintor francês Henri Rousseau (1844-1910) é considerado o precursor do
estilo e foi reconhecido dessa forma quando expôs suas obras no “Salão dos
Independentes” na França, em 1886.
A tela Um dia de Carnaval (1886), chamou a atenção de vários artistas
modernistas da época, dentre eles Pablo Picasso (1881-1973), Léger (1881-
1955) e também representantes do surrealismo, como Joan Miró.
A tela Um dia de Carnaval, de Henri Rousseau, foi exibida no "Salão dos
Independentes", em 1886

Esta expressão artística, muitas vezes chamada de arte primitiva moderna, é


permeada por imagens do cotidiano, retratados de modo a lembrar desenhos
infantis, dada a espontaneidade e pureza, o que remete a uma "aura" de
ingenuidade.
Lembre-se que essas produções são realizadas por artistas independentes e
sem formação sistemática. Tais artistas geralmente dominam técnicas que lhe
permitem total liberdade de expressão, onde o informalismo acadêmico é
característica marcante.
Dessa maneira, eles renunciam às regras instituídas para a pintura. Isso pode
ocorrer por que não tiveram acesso a elas e resolveram dificuldades técnicas
sem o auxílio daquelas normas.
Ou ainda, atualmente, simplesmente porque artistas contemporâneos
apresentam despojamento da forma e da técnica academicista, o que os
tornam mais próximos da linguagem naïf.
Essa liberdade artística é notada na maneira como são utilizadas as cores nas
composições e na dimensão onírica que é projetada em muitos trabalhos.
Desse modo, a arte naïf pode ser considerada como uma corrente artística com
plena liberdade estética, por estar livre das convenções acadêmicas.
Apesar do direcionamento estético definido, esse desafio à norma acadêmica,
a princípio, não foi intencional nem comercial. Portanto, não é recomendável
enquadrar as criações naïf como sendo de natureza modernista ou popular.
Ainda assim, esse estilo criativo influenciou e deixou-se influenciar pelas
tendências mais eruditas, permitindo à arte contemporânea novas formas de
expressão, tendo em vista que vários pintores com sólida formação acadêmica
usaram procedimentos da arte naïf em suas criações.

Características da arte naïf

A arte naïf é uma expressão tipicamente regional e assume as características


de cada localidade. Entretanto, é possível perceber algumas características
comuns nesse estilo artístico, a saber:
Bidimensionalidade - inexistência de perspectiva;
Uso frequente de cores vibrantes;
Preferência por temas alegres;
Espontaneidade;
Traços figurativos;
Valorização da simetria;
Tendência à idealização da natureza.
Representantes da arte naïf no mundo

Henri Rousseau

À esquerda, autorretrato de Rousseau de 1890. À direita, Mulher de vermelho


na floresta (1907)

Henri Rousseau foi um artista francês que nasceu em 1844. Sem formação
acadêmica, o pintor foi autodidata teve sua produção julgada na época, pois
segundo os críticos, eram obras consideradas "infantis".
Entretanto, ao final de sua vida, teve o reconhecimento das vanguardas
artísticas europeias. Ele é considerado o precursor da arte naïf.
Camille Bombois
Antes de entrar no picadeiro (1935), de Camille Bombois

Camille Bombois nasceu em 1883, na França. Foi um pintor de origem humilde


que trabalhou na lavoura na adolescência e nas horas livres gostava de pintar
telas.
Tinha demasiado apreço em representar cenas de circo e, mais tarde,
ingressou em um circo itinerante.
Seu trabalho foi comparado ao de Henri Rousseau, devido ao caráter ingênuo
de suas pinceladas.
Séraphine Louis
Retrato de Séraphine Louis. À direita, a obra Árvore do Paraíso (1930)

Séraphine Louis, também chamada de Séraphine de Senlis, foi uma artista


francesa. Ela nasceu em 1864 e vinha de uma família pobre. Órfã de pai e
mãe, foi criada pela irmã mais velha.
Não teve formação acadêmica, mas apreciava pintar. Encontrou na natureza e
na arte uma forma de deixar sua existência mais feliz.
Pilar Sala
Quadro Avó e girafa, da artista argentina Pilar Sala

A artista argentina Pilar Sala é uma pintora contemporânea que utiliza


características da arte naïf para produzir telas carregadas de elementos líricos
e fantásticos.
Representantes da arte naïf no Brasil
O Brasil tem diversos artistas populares que possuem produções artísticas
baseadas nas características da arte naïf. Dentre eles, alguns nomes se
destacam, como:
Djanira
À esquerda, tela Vendedora de flores (1947). À direita, Costureira (1951).
Ambas produções de Djanira

Djanira da Motta e Silva nasceu no interior de São Paulo em 1914. Foi uma
importante artista da primeira metade do século XX e sua obra mescla
religiosidade, paisagens brasileiras e o cotidiano das pessoas comuns.
Maria Auxiliadora

À esquerda, a tela A preparação das meninas (1972). À direita, retrato da


artista
Maria Auxiliadora é uma artista nascida em 1938 em Minas Gerais. Foi pintora
autodidata e em 1968 integra o grupo artístico de Solano Trindade, em Embu
das Artes.
Sua obra é carregada de vitalidade, poesia e cor. A artista conseguiu mesclar
elementos da realidade com o universo dos sonhos em uma produção
fortemente marcada pela representação afro-brasileira.

Mestre Vitalino

Escultura em argila de Mestre Vitalino exibindo uma família nordestina de


retirantes

Mestre Vitalino nasceu em 1909 em Pernambuco. Ainda quando criança


começou a modelar figuras em cerâmica com o barro que sua mãe utilizava
para fazer utensílios. Seus pais eram lavradores.
Foi músico e ceramista e sua obra representa sobretudo o povo nordestino.
O artista Heitor dos Prazeres em frente a uma obra. À esquerda, tela sem
título, pintada em tinta a óleo

Heitor dos Prazeres nasceu no Rio de Janeiro em 1898. Foi sambista, e em


1937 começa a dedicar-se também à pintura. Sua obra é fortemente marcada
pela valorização da cultura popular.

MPB - Música Popular Brasileira

A música popular brasileira resulta de um conjunto de manifestações culturais


de influência indígena, africana e europeia.
Já o movimento MPB (Música Popular Brasileira) é uma referência à produção
musical nacional desenvolvida após o golpe militar de 1964.
Estão enquadradas nesse período todas as músicas de sucesso no rádio e
televisão, independente do posicionamento em relação ao regime militar.

História da Música Popular Brasileira

A música sempre esteve presente na rotina das populações nativas do Brasil


em rituais e festas religiosas, antes do descobrimento. O canto era entoado
para embalar o bate-pau, danças ritmadas com o uso do bambu.
A chegada do colonizador português representou incremento na sonoridade,
com instrumentos como violão, viola, cavaquinho, tambor e pandeiro. Até os
dias atuais, esses são elementos que remetem à identidade musical local,
principalmente no samba.
Somente no século XVII, instrumentos de harmonia mais sofisticada, como o
piano, foram incorporados ao arsenal musical local. Ainda assim, ficavam
restritos às famílias nobres ou abastadas.
O colonizador português utilizou a música como instrumento de catequese. Os
padres jesuítas musicaram peças teatrais e autos como forma de facilitar a
compreensão do evangelho. Padre José de Anchieta é reconhecido como
compositor de muitas dessas peças e autos.
A tradição das danças, do ritmo e do som africanos foram decisivos para as
atuais manifestações da música nacional. O batuque, extraído de instrumentos
como atabaques, cuíca, reco-reco, pandeiro e tambor, formam a base do que
seria, mais tarde, o samba.
A música popular brasileira também recebeu influência francesa, manifestada
nas tradicionais quadrilhas. A dança em pares, comum nas festas de São João,
é uma alegoria às danças da corte francesa.
A partir de 1800, a mistura de influências já resulta na composição de
modinhas e popularizam o ritmo lundu. Entre os mais reconhecidos
compositores de modinha estão Padre José Maurício Nunes, Francisco Manuel
da Silva e Cândido Inácio da Silva.
As composições de modinhas e o lundu foram incrementadas com a
sonoridade erudita e influenciam para o surgimento de novos ritmos, como a
polca, o maxixe e o choro.
O ano de 1870 é tido como ponto de partida do choro, que notabilizou muitos
artistas, entre eles Chiquinha Gonzaga. Em 1899, a maestrina e pianista
carioca lança "Ó Abre Alas", a primeira marchinha de Carnaval.
O pioneirismo de Chiquinha Gonzaga foi reconhecido por meio da Lei Federal
N.º 12.624, que instituiu o dia 17 de outubro como o "Dia da Música Popular
Brasileira". A data lembra o aniversário da artista. A trajetória de Chiquinha
influencia compositores como Anacleto de Medeiros, Irineu Almeida e
Pixinguinha.
As composições de Pixinguinha representaram um divisor de águas na história
da música popular brasileira. Isso ocorreu por estarem diretamente ligadas ao
surgimento do samba.
O gênero samba, que surge a partir de 1917, é considerado uma revolução.
Inspira compositores como Ernesto Joaquim Maria dos Santos e Mauro de
Almeida. Pixinguinha, porém, é sua melhor tradução.
Até 1950, choro e samba revelam nomes que ainda são destaques na música
local, como Jacob do Bandolim e Nelson Gonçalves. Essa é a época da
chamada "Era do Rádio", com a influência de intérpretes como Dalva de
Oliveira, Caubi Peixoto e Ângela Maria.
Os início dos anos 50 também são destacados pela influência de Cartola,
considerado um dos maiores mestres do samba nacional. A melodia de Cartola
é revelada também na voz da gaúcha Elis Regina.
Paralelo ao sucesso do samba e do choro, surge nos anos 50 o movimento que
ficou conhecido como Bossa Nova. O movimento demonstra o cotidiano local,
em especial o carioca e sua malemolência.
A melodia suave foi perpetuada por Tom Jobim, com letras de Vinicius de
Moraes. A Bossa Nova evidenciava a mistura da música erudita aos ritmos
nacionais e recebeu reconhecimento internacional.
Entre seus representantes está também o compositor e intérprete João
Gilberto.
A Bossa Nova é o ponto de partida para movimentos musicais que ocorrem em
paralelo entre o fim da década de 50 e a década de 60. São a Tropicália e
Jovem Guarda, que apontam o cotidiano, mas demonstram a rebeldia, o
questionamento às instituições oficiais.
O Movimento MPB

A década de 60 é considerada um período de ebulição na música brasileira. É


quando passam a coexistir o samba, o jazz, a Bossa Nova, o sertanejo de raiz,
a moda de viola, o baião nordestino, o rock e outros.
Esse período é considerado um marco para a indústria da música nacional.
Compositores e intérpretes passam a contestar o regime militar que cassou
direitos e restringiu a liberdade.
A partir dessa fase é popularizada a sigla MPB como marca de um movimento
próprio de contestação social e política.

Nomes da MPB

O carioca Chico Buarque está entre os maiores representantes da MPB, ao


lado de Caetano Veloso, Geraldo Vandré e Gilberto Gil.
Já o baiano Raul Seixas muda a era do rock nacional revelado pela Jovem
Guarda. O artista impõe letras marcadas pela contrariedade à rotina, à
exploração social e do trabalho.
Como movimento, a MPB também é manifestada pelo romantismo com letras
que abordam as relações amorosas. Entre os nomes estão Roberto Carlos e
Erasmo Carlos. Nessa faceta da MPB, Chico Buarque é elevado a uma espécie
de tradutor da alma feminina, revelando seus desejos, culpas e sonhos no
estilo denominado "cantiga e amigo".
Manifestação semelhante é observada no trabalho de Caetano e Gil, além de
outros, como Djavan, Gal Costa, Simone e Leila Pinheiro.

Literatura de cordel
A literatura de cordel foi popularizada no Brasil por volta do século 18 e
também ficou conhecida como poesia popular, porque contava histórias com
os folclores regionais de maneira simples, possibilitando que a população mais
simples entendesse. Seus autores ficaram conhecidos como poetas de
bancada ou de gabinete. Aqui no Brasil, a literatura de cordel popularizou-se
por meio dos repentistas (ou violeiros), que se assemelham muito
aos trovadores medievais por contarem uma história musicada e rimada nas
ruas das cidades, popularizando os poemas que depois viriam a ser os cordéis.

Origem
A literatura de cordel como conhecemos hoje teve sua origem ainda
em Portugal com os trovadores medievais (poetas que cantavam poemas no
século 12 e 13), os quais espalhavam histórias para a população, que, na
época, era em grande parte analfabeta. Na Renascença, com os avanços
tecnológicos que permitiram a impressão em papéis, possibilitou-se a grande
distribuição de textos, que, até então, eram apenas cantados.
Essas pequenas impressões de poemas rimados que eram apresentadas
penduradas em cordas – ou cordéis, como é chamado em Portugal –
chegaram ao Nordeste brasileiro junto com os colonizadores portugueses,
dando origem à literatura de cordel como conhecemos hoje, famosa em
Pernambuco, Ceará, Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.
Principais características
O texto é escrito com métrica fixa e rimas que fazem a musicalidade dos
versos;
É de grande importância para o folclore, já que os cordéis tratam dos costumes
locais, fortalecendo as identidades regionais;
A literatura de cordel é muito conhecida por suas xilogravuras (gravuras em
madeira), que ilustram as páginas dos poemas.

Principais autores
Leandro Gomes de Barros
Conforme documentos, foi o primeiro brasileiro a escrever cordéis, produzindo
240 obras campeãs de vendas. Seus cordéis são muito populares no
imaginário popular do Nordeste brasileiro, tendo Ariano Suassuna, grande
dramaturgo nordestino, popularizado a todo Brasil as histórias de Leandro em
sua peça ‘Auto da compadecida’, que contava com cordéis de Leandro: ‘O
testamento do cachorro’ e ‘O cavalo que defecava dinheiro’.
João Martins de Athayde
Fazendo parte da primeira geração de autores que tinham sua própria editora
especializada em cordéis, ficou popular por utilizar imagens de artistas de
Hollywood.
João Martins de Athayde, após a morte de Leandro Gomes de Barros, comprou
os direitos de publicar vários dos cordéis do autor. A verdadeira autoria de
Leandro foi recentemente descoberta, mas nem por isso a figura de João
Athayde é de menor importância.
Banca que vende cordéis no Rio de Janeiro.**
Resumo
A literatura de cordel veio para o Brasil com os portugueses, criando no
Nordeste brasileiro essa cultura do cordel, que ainda hoje é tradicional. Por ser
uma literatura local, sua existência fortalece o folclore e o imaginário regional,
além de incentivar a leitura. Hoje, a literatura de cordel é reconhecida como
patrimônio cultural imaterial, tendo até mesmo uma Academia Brasileira de
Literatura de Cordel. Graças à impressão em grande quantidade, o cordel
popularizou-se por imprimir em papel as histórias rimadas dos repentistas que
improvisavam rimas nas ruas e, depois, continuou sendo muito popular por
contar histórias de maneira simplificada para seus leitores.

XILOGRAVURA
Xilogravura é a técnica de gravura na qual se utiliza madeira como matriz e
possibilita a reprodução da imagem gravada sobre o papel ou outro suporte
adequado. É um processo muito parecido com um carimbo.
É uma técnica em que se entalha na madeira, com ajuda de um instrumento
cortante, a figura ou forma (matriz) que se pretende imprimir. Após este
procedimento, usa-se um rolo de borracha embebida em tinta, tocando só as
partes elevadas do entalhe. O final do processo é a impressão em alto
relevo em papel ou pano especial, que fica impregnado com a tinta, revelando
a figura. Entre as suas variações do suporte pode-se gravar
em linóleo (linoleogravura) ou qualquer outra superfície plana. Além de
variações dentro da técnica, como a "xilogravura de topo".
Litogravura
Essa técnica de gravura envolve a criação de marcas (ou desenhos) sobre
uma matriz (pedra calcária) com um lápis gorduroso. A base dessa técnica é o
princípio da repulsão entre água e óleo.

Maxixe: o tango brasileiro


O maxixe é uma dança de salão brasileira que esteve na moda
entre o fim do século XIX e o início do século XX e, com o passar
do tempo, além de alguns passos terem sido absorvidos
pelo samba, o gênero se mantém até hoje presente na cultura do
país.

A dança surgiu no Rio de Janeiro e teve influência do tango que


na mesma época despontava na Argentina e Uruguai. Por conta
disso, apelidaram o maxixe de “tango brasileiro”.

O maxixe surgiu primeiro como dança porque na verdade sua


execução coreográfica estava a princípio condicionada à polca, à
habanera, ao lundu e posteriormente ao tango brasileiro
(conhecido como tanguinho), ou seja, a dança foi formada
assimilando elementos rítmicos e melódicos de outras danças.
Algum tempo depois, por volta de 1902 a 1903, surgiram as
primeiras partituras a apresentarem o nome maxixe como gênero
musical.

Alguns estudiosos levantam a hipótese do maxixe ter tido sua


origem nos ritmos africanos. Lira ( p.253) nos apresenta a
seguinte definição: “estilização brasileira com aproveitamento do
batuque dos negros, o maxixe é pura dança tropical”. Por ser
uma dança de caráter tanto lúdico quanto sensual, foi alvo de
preconceitos por boa parte da sociedade que a julgava
“indecente”, o que motivou o apelido "tango brasileiro" para que
as composições fossem aceitas.
O maxixe tem sua origem no batuque estilizado. É dançado em
ritmo sincopado e lembra a polca e a habanera. A influência do
temperamento ardente do africano nesta dança empresta-lhe um
quê de sensualismo, motivo pelo qual foi excluída do repertório
das danças sociais de salão. E o samba, de estilo coreográfico
menos excitante, passou a ocupar o seu lugar. (FELICITAS,
1968, p. 212).
O preconceito com a dança fez com que o maxixe se
popularizasse apenas através dos clubes carnavalescos e do
teatro de revista e fosse divulgada pelos grupos de choro,
bandas de música e pianistas populares. Sendo a primeira dança
urbana do Brasil, segundo Maxixe (2013, p.1), era dançado no
Rio de Janeiro, por volta de 1875, em locais que não atendiam a
moral e aos bons costumes da época, tais como: forrós, gafieiras
da cidade nova e cabarés da Lapa. Curiosamente os homens de
classes mais abastadas frequentavam esses bailes buscando a
sensualidade da dança.
Por enlaçar pelas pernas e braços e apoiarem as testas dos
pares, a maneira de dançar lhe valeu o título de dança
escandalosa e excomungada. Foi perseguida pela polícia, igreja,
chefes de família e educadores. Para que pudessem ser tocadas
em casa de família, as partituras de maxixe eram chamadas com
o impróprio nome de "Tango Brasileiro", por exemplo: “Odeon” e
“Brejeiro” de Ernesto Nazareth e ”O corta jaca” de Chiquinha
Gonzaga. (MAXIXE, 2013, p. 1).
Chiquinha Gonzaga, a primeira maestrina brasileira,
compreendendo o valor e a cadencia do ritmo, compôs alguns
sucessos desse gênero musical, a exemplo de “Lição de
Maxixe”, porém, a letra de Corta Jaca é a que mais revela a
magia do ritmo e a disfarçada cobiça da sensualidade por trás
dos movimentos:

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