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e salubridade, sendo, consequentemente, a esperança
de vida dos seus habitantes muito reduzidas.
Emergiu, no contexto histórico do Liberalismo
Económico, o modelo individualista de relacionamento
com a natureza, segundo o qual esta só fazia sentido na
perspectiva de obejecto susceptível de apropriação pelos
particulares, sendo que o ambiente era concebido como
“bem livre e ilimitadamente renovável, disponível a toda
e qualquer forma de consumo dos particulares, que a
intervenção do homem nunca conseguia esgotar”.
A partir do século XIX, começaram a aparecer os
primeiros movimentos e associações de protecção das
espécies animais e vegetais ou da natureza no seu todo.
Só com a segunda metade do século XX, depois da 2.ª
Guerra Mundial, é que surgiram os grandes movimentos
mundiais de protecção do ambiente e de defesa da
ecologia, baseando-se numa filosofia em que a protecção
da Natureza deve ser feita em função da própria
Natureza e não apenas enquanto objecto útil ao Homem
e tendo presente o pressuposto que a causa ambiental é
verdadeiramente global. Foram, assim, lançadas as
bases da corrente ecocéntrica, defensora da protecção
do ambiente enquanto tal, independentemente do
proveito que o Homem dela retira.
Em 1952, na cidade de Londres, capital da Grã-
Bretanha, deu-se o “smog”, designação atribuída a um
dos primeiros grandes desastres ambientais que
preencheram o século XX, provocando pressões elevadas
no Inverno, nevoeiros intensos e prolongados,
acumulação de enormes quantidades de fumo no ar,
causando morte à aproximadamente 1600 pessoas.
Depois de várias chamadas de atenção da humanidade,
na década de 60, surge a problemática do ambiente,
decorrente da tomada de consciência das proporções
alarmantes que caracterizavam a degradação do meio
ambiente, devido, essencialmente, a três factores: a
urbanização acelerada, a rapidez do crescimento
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económico e a utilização insustentável de novas técnicas
de produção e de novos produtos. Entre os novos
produtos, destaca-se o petróleo, que tem estado
associado, pela negativa, a inúmeras catástrofes
ambientais em diversos pontos do mundo, como
consequência de acidentes com navios petroleiros.
Em 1968, registaram-se dois marcos que importa reter:
o primeiro foi quando a OUA aprovou a Convenção
Africana sobre a Conservação da Natureza e dos
Recursos naturais, que tem por objectivo assegurar a
conservação, utilização e o desenvolvimento dos solos,
das águas, dos recursos florestais e faunísticos dos
Estados membros, tendo presente os princípios gerais
da conservação da natureza e os interesses das próprias
populações; o segundo foi a realização em França e na
Alemanha, de um enorme movimento de pretexto
estudantil, que ficou conhecido para a história como o
Maio de 68, no qual a problemática ambiental foi um
dos principais temas das reivindicações.
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das reuniões envolvendo representantes de diversos
Estados para o debate sobre a questão ambiental no
mundo.
Durante os anos 80, a discussão sobre a questão
ambiental frente ao desenvolvimento económico foi
retomada. E, em 1983, a Organização das Nações
Unidas, em Assembleia Geral, indicou a então Primeira-
ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, para a
presidência da Comissão Mundial sobre o Meio
Ambiente e o Desenvolvimento (CMMAD), criada para
estudar o tema. Esta comissão, apresentou, em 1987,
seu relatório intitulado “Nosso futuro comum”, que
cunhou a expressão desenvolvimento sustentável.
Em 1992, o Brasil recebeu e realizou a Conferência das
Nações Unidas para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento (CNUMAD), mais conhecida como
ECO-92 ou Rio-92, na qual participaram mais de 150
países. Esta é considerada uma das mais importantes
conferências sobre o assunto, na qual vários
documentos foram produzidos, entre eles a Convenção
da Biodiversidade e a Agenda 21.
Em Junho de 2012 o Brasil será novamente anfitrião da
ONU, recebendo representantes de todo o planeta para
debater o futuro do Direito Ambiental, em conferência
que vem sendo chamada de "Rio + 20". Trata-se de um
período particularmente crítico para o Brasil, já que
enfrentam nos últimos anos uma série de retrocessos na
área ambiental.
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que o sustentava como o ser principal do planeta terra,
razão pela qual poderia explorar ilimitadamente todos os
recursos naturais.
Foram após as catástrofes ambientais, a escassez dos
recursos naturais, o crescimento populacional, a
desigualdade social e outros problemas que o homem
atentou para o facto de que a sua existência dependia
da conservação dos recursos naturais, reconheceu
então, que estes são esgotáveis e que se torna
insustentável o desenvolvimento económico e social sem
a protecção do meio ambiente.
Diante disso, ocorreu a evolução da visão meramente
antropocêntrica para o estágio da preocupação com o
meio ambiente ecologicamente equilibrado para as
presentes e futuras gerações, por isso que as mais
variadas Constituições Políticas regulam a relação entre
homem, desenvolvimento e meio ambiente.
Ecologia é definida nas leis ambientais, como parte da
biologia que estuda a relação dos seres vivos entre si e a
destes com o espaço que lhes envolve, ou seja, o estudo
da casa dos seres vivos.
Para efeitos jurídicos, o art. 17.º, da Lei n.º 10 / 99,
conceitua o Ambiente como um conjunto dos sistemas
físicos, químicos, biológicos e suas relações factores
económico, sociais e culturais com efeito directos ou
indirectos, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a
qualidade de vida do homem.
Esse conceito legal, entretanto, restringe-se ao chamado
ambiente natural, dado a existência de outros tipos de
ambiente, tais como o ambiente artificial (as cidades por
exemplo), o ambiente cultural (as tradições culturais) e o
ambiente do trabalho.
Direito Ambiental é um ramo do Direito que estuda as
relações jurídicas ambientais, observando a natureza
constitucional, difusa e transindividual dos direitos e
interesses ambientais, buscando a sua protecção e
efectividade.
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O Direito Ambiental é também a área do conhecimento
jurídico que estuda as interacções do homem com a
natureza e os mecanismos legais para protecção do meio
ambiente. É uma ciência que estabelece relações
intrínsecas e transdisciplinares entre campos diversos,
como antropologia, biologia, ciências sociais,
engenharia, geologia e os princípios fundamentais do
direito internacional, dentre outros.
Vale dizer que Direito difuso ou transindividual é todo
aquele que protege interesses que vão além dos
individuais e atingem um número indeterminado ou
indeterminável de indivíduos.
Tais interesses tocam os indivíduos sem,
necessariamente, exigir que os mesmos pertençam a
grupos ou categoria determinada. Trata-se, por isso
mesmo, de um direito difuso, espalhado pela sociedade,
do qual todos são titulares.
O direito ao meio ambiente saudável é também
considerado como um direito constitucional
fundamental.
“O direito do meio ambiente é um direito a que
correspondem obrigações, mas, sendo direito de terceira
geração e não um direito social, diferencia-se deste no
momento em que as obrigações que lhe são
correspondentes não são apenas deveres públicos de
fazer (ou deveres do Estado), mas também deveres dos
próprios particulares, titulares do direito”.
“Esse direito-dever, da categoria direito difuso, difere
ainda dos direitos de gerações anteriores, na medida em
que não nasce de uma relação contratual nem de um
status, como o de ser cidadão de determinado Estado.
Nasce da valorização do ser humano no final de século
XX, através da evolução dos direitos diante da
ampliação da protecção de âmbitos de vivência da
pessoa, anteriormente não protegidos ou não
privilegiados pelo direito”.
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VARIEDADES GERACIONAIS DE DIREITOS:
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quanto aos riscos de danos ambientais, como às
situações onde existem dúvidas e incertezas.
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DIREITO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
BENS AMBIENTAIS
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Pode-se ter bem privado de interesse difuso e bem
público de interesse difuso.
“A função ambiental da propriedade obriga todos os
proprietários, sejam eles públicos ou particulares, a
respeitarem as normas ambientais. Na análise da função
ambiental, o que diferencia o regime específico a actuar
sobre uma propriedade não é o sujeito desse direito,
mas o seu objecto.”.
Quem detém um bem ambiental tem direitos e
obrigações de natureza ambiental, que se não
cumpridos, implicam responsabilidade objectiva ou civil
por danos ambientais.
DAS RESPONSABILIDADES
Responsabilidade Administrativa:
Sobre os bens ambientais recaem o interesse difuso.
Entretanto os mesmos não deixam de ser tutelados por
normas de Direito Público, especialmente as
administrativas.
Assim, a responsabilidade administrativa resulta da
infracção de normas administrativas sujeitando-se o
infractor a uma sanção de natureza também
administrativa tais como multa, advertência,
interdição de actividades, suspensão de benefícios,
etc.
Para fazer valer suas normas, a administração pública
se vale do poder de polícia exercido sobre bens e
actividades que possam afectar a colectividade.
As sanções administrativas requerem a instauração do
respectivo processo administrativo punitivo,
necessariamente contraditório com oportunidade de
defesa e estrita observância do devido processo legal.
Responsabilidade Criminal:
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A responsabilidade criminal deriva do cometimento de
crimes ou contravenções, ficando o infractor sujeito a
multa (pena pecuniária) ou perda da liberdade (prisão).
Só se constitui crime ecológico aquilo que estiver
definido em lei. Não existe crime sem definição legal
anteriormente prevista. Vale dizer que a acção penal
relativa aos crimes ecológicos é de natureza pública e só
pode ser proposta pelo Ministério Público, em
conformidade com o Código de Processo Penal.
Os crimes ambientais são julgados e punidos, consoante
a previsão e punição previstas na respectiva lei em vigor
no país.
Responsabilidade Civil:
A responsabilidade civil é aquela que impõe ao infractor
a obrigação de restituir os prejuízos causados pelas
condutas lesivas aos bens ambientais. Pode derivar da
lei (responsabilidade legal) ou do contrato
(responsabilidade contratual).
Sem prejuízos das sanções administrativas ou penais, o
infractor deve quando previsto em lei ou contrato,
reparar pecuniariamente os danos causados ao meio
ambiente.
A responsabilidade civil deve ser objectiva, isto é, não é
necessário provar a culpa do agente pela degradação ao
meio ambiente, mas sim o nexo de causalidade entre o
facto ou a conduta e o dano ecológico causado.
Acções Cíveis
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As acções cíveis em Direito Ambiental são cabíveis na
reparação dos danos causados ao meio ambiente
originados da responsabilidade objectiva.
A parte legítima para intentar é especificamente aquele
que sofreu prejuízo pela acção ou omissão do infractor.
Acção popular
Normalmente todo cidadão pode propor acção popular
visando anular actos lesivos ao património e ao meio
ambiente, ao património histórico e cultural, devendo
por isso, essa acção ser regulamentada.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL EM VIGOR EM S.TOMÉ
E PRÍNCIPE
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Decreto Relativo à Gestão dos Resíduos Sólidos
Urbanos, Decreto Nº 36/1999, publicado em
30/11/1999 no Diário da República nº 12
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CONTEÚDO GERAL: Adopta o quadro jurídico-legal,
que rege o processo de avaliação do impacto
ambiental no território da RDSTP.
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