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Capítulo III

Como resumir
{ ..)como teria somente de reter ou compreender muitas ao
mesmo tempo, pensei que, para melhor as considerar em par-
ticular, deveria supô-las como linhas, pelo fato de não en-
Cóntrar nada mais simples nem que eu mais distintamente
pudesse represeniar à minha imaginação e aos meus senti-
dos; mas que, para compreendê-las e retê-las, muitas e a um
só tempo, era preciso que as designasse por sinais ou por
caracteres o mais breves possível { ..}
D ESCARTES
0
Introdução. 1 - Dificuldades em resumir. 2 - Como encontrar a idéia
principal. 3 - Como encontrar detalhes importantes. 4 - A técnica de
sublinhar. 5 - A técnica do esquema. 6 - Como fazer resumo.
Todo estudante, mas de modo especial o de curso superior,
é solicitado freqüentemente a resumir textos e obras, ora como
atividade inerente ao próprio estudo, ora como trabalho marca-
do por seus professores. Em sua vida de profissional e de inte-
lectual perceberá que saber resumir é uma necessidade e, ao
mesmo tempo, um hábito que já deveria ter adquirido.
No capítulo sobre a leitura, em vários momentos fiz refe-
rência à atitude ativa e produtiva diante do texto, e foi especifi-
camente enfatizada a importância da "caça da idéia principal e
dos detalhes importantes". Ao se indicarem alguns meios de
estudo eficiente e de documentação, ficou patenteado o valor
do esquema e do resumo. Mais tarde, quando se abordarem os
meios e técnicas de elaboração da monografia e de outros tra-
balhos científicos, será destacada a necessidade do plano a ser
Nesses três momentos, a habilidade de resumir e
esquematizai: está presente. Aqui, portanto, serão dadas algu-
mas indicações de ordem prática que venham a auxiliar o estu-
dante a adquirir e desenvolver o hábito do resumo em suas ati-
vidades intelectuais.
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l - Dificuldades em resumir uma categoria em que a aptidão para encontrar as semelhanças
e.a aptidão para encontrar as diferenças se fundem numa espé-
A experiência de vários anos de magistério tem-me mos- cie de terceiro tipo misto, provocando certa ansiedade na hora
trado que muitos estudantes se queixam de que não sabem ou de decidir pelo que é fundamental, integrante ou acessório num
:/ têm real dificuldade em resumir e encontrar a idéia principal e texto. O inseguro, em situação dessa natureza, geralmente age
11 os detalhes importantes de um texto. assim: na impossibilidade de discernir entre o principal e o se-
Fiz uma leve investigação exploratória sobre o problema, cundário, transcreve tudo. Adota o mecanismo da pseudopre-
através de entrevistas e questionários abertos, e já há condições venção: "Antes tudo do que nada."
de localizar possíveis fontes dessa dificuldade. Algumas pode- Essa dificuldade é maior quando a formação desses estu-
rão ser, de imediato, sanadas pelo próprio estudante, mediante dantes, durante o curso secundário, foi deficiente: pouco ou
a aplicação das técnicas indicadas neste capítulo; outras, só a nada foram treinados em atividad.es de interpretação de textos,
longo prazo. de esquematização, de elaboração de trabalhos a partir de pla-
São estas as principais fontes de dificuldade do estudante: nos feitos por eles mesmos. ·
Quando a dificuldade é identificada no próprio estudante,
1.1 - Dificuldades inerentes ao próprio segundo esta pequena análise, podemos adiantar que se trata de
tipo de personalidade do estudante um problema cuja solução é aprendizagem. Terá de modificar
Há vários decênios, a psicologia tem-se dedicado ao estu- seu comportamento, adquirindo novos hábitos. Só o consegui-
do das diferenças individuais; entre estas as de inteligência ou rá, se se propuser atingi-lo, treinando. Sem tentar, sem treinar,
estilos cognitivos das pessoas. Alguns psicólogos (108 : p. 73), sem praticar, provavelmente não encontrará a resposta ou a so-
investigando o problema, falam em dois tipos gerais de estilo lução do problema. Serão aqui apontadas algumas indicações e
cognitivo, facilmente identificáveis: os niveladores (que têm técnicas que demandam treinamento. É preciso tentar, experi-
mais facilidade em constatar as semelhanças entre as coisas, e ser perseverante, por um tempo razoável, em sua prá-
em sistematizar, em distribuir elementos em grupos comuns) e nca, para julgar a eficácia do método.
os aguçadores (que têm mais facilidade em encontrar as dife-
renças entre as coisas, em analisar). - Dificuldades provenientes do próprio texto
Bastaria essa classificação geral para possibilitar uma pri- As vezes um texto é de dificil síntese, por causa de seu
meira resposta ao estudante consciente de sua dificuldade: se conteúdo ou do estilo do autor.
for, realmente, do tipo aguçador, é normal que tenha o proble- 1
No primeiro caso, o problema se coloca em termos antes
ma; sua tendência é mais para a análise do que para a síntese. 1 de compreensão do que de síntese do texto. Não seríamos ca-
Entretanto, não é um problema insuperável. Como veremos, a 1 pazes de bem resumir sem antes termos compreendido o que
própria capacidade de analisar pode ser utilizada em função da 1 lemos. Aqui é preciso começar a agir tentando responder à per-
síntese. A vida, como o pensamento, desenvolve-se dentro de
um processo dialético e, neste, a análise precede à síntese. il gunta fundamental: Por que não estou entendendo bem este
te;xto? Falta de base? Problema de vocabulário? Falta de rela-
Neste caso concreto, a solução está ligada à questão de método cionamento.do assunto com outros?
1
e de treinamento. Segundo MIRA Y LÓPEZ, e de acordo com suas observa-·
Acontece, porém, que a maioria ou grande parte dos estu- 1
1
ções durante trinta anos de magistério,
dantes que se queixam da dificuldade em resumir pertence a
f
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j
1
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muitos estudantes tropeçam com dificuldades graves na compreen- não são "receitas". Não há para o caso soluções mágicas. Além
são de certas matérias, pura e simplesmente por terem com- estamos enfrentando um problema complexo, como
preendido insuficiente ou equivocadamente, desde as primeiras vnnos. E, para problemas complexos, não há soluções simples:
lições, o signíficado de alguns termos básicos, que são depois re-
petidos a cada passo ·no texto (125 : p. 56).
2 - Como encontrar a idéia principal
O estudante que não resolve o problema da compreensão,
antes de tentar resumir o texto, provavelmente cometerá o
No capítulo sobre a leitura, ficou bem claro que toda lei- 1
mesmo tipo de erro há pouco lembrado: transcrever tudo, por-
tura-estudo deve ser feita com um propósito determinado. O .
que não entendeu ou, então, pular todo o trecho que não com-
estudante que tem o hábito de ler sem um propósito determina-
preendeu.
do a.ssenta-se e simplesmente lê; ao término diz: "Pronto, já li."
Mas a dificúldade pode ser, também, proveniente do estilo
Assun o faz com todas as matérias, no mesmo ritmo de leitura,
do autor. Nem todo autor é claro, conciso, objetivo, mesmo ao
e reage da mesma mane.ira diante de qualquer assunto. Tal es-
expor assunto de ,natureza científica. Há os que pecam pela obs-
curidade na comunicação e outros pelo preciosismo e eruditismo
o
tudante tem muito que aprender, pois este não é modo correto
de agir.
que os tomam prolixos. o texto de tais autores é verdadeiro de-
. É preciso ter um propósito inicial e ler em função dele. Um
safio ao deslindamento das idéias. Alguns autores ainda dão
propó.sito inicial pode ser o de ter idéia do assunto. Outro pode ser
mais valor ao aspecto estético do que ao lógico na sua exposição.
As indicações apresentadas neste capítulo provavelmente o de ttrar a essên<?ia ou o mais importante do que se vai ler.
ajudarão o estudante a resumir até esses autores, embora sejam Neste caso, como obter a idéia principal?
indicações e técnicas elaboradas a partir da experiência com Depende do lugar de onde se propõe extraí-la: se dum
autores que revelam lógica na ordenação e exposição. E feliz- capítulo, duma seção, dum parágrafo.
mente estes constituem a imensa maioria.
Como o problema de saber resumir pode ser desdobrado - Comecemos pelo parágrafo.
em outros e está relacionado com mais alguns, este capítulo se . 1f m contém, geralmente, urna só idéia principal.
ocupará dos seguintes tópicos de ordem prática: técnicas para Esta e a defm1ção de parágrafo. Os autores o sabem e normal-
encontrar a idéia principal de um texto; técnicas para encontrar mente o praticam.
Observando atentamente, notaremos que um parágrafo,
detalhes importantes; técnicas de sublinhar um· texto; "técnicas
do esquema; e técnicas de como resumir. No fim do capítulo, :m ger:al, com uma frase importante. Esta, em seguida,
e explicada, ilustrada, acompanhada de frases adicionais. O
há um exemplo de sua aplicação sobre um texto escolhido.
São indicações e técnicas apontadas pela experiência e final do parágrafo é feito com urna frase que o resume. Neste
investigações dos que se dedicaram ao estudo do problema en- caso, a idéia principal está no início do parágrafo. . _
tre estudantes universitários. Têm como objetivo fornecer ele- _ Mas o autor age desta maneira. Às vezes, por
mentos que podem ser usados com proveito, desde que o estu- estet1cas, mverte a ordem: deixa a frase principal para o
dante se disponha a experimentá-los e praticá-los em forma de fim. ·
treinamento. Quando procuramos a idéia principal, não buscamos uma
Como o leitor perceberá, são normas ou indicações acu- oração completa, pois, provavelmente, a idéia principal é parte
mulativas: formam um conjunto praticamente unitário. Mas da oração. Podemos até resumi-la, mentalmente, com um par
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de palavras. que os elementos essenciais da oração pre encontrar a idéia principal em todo o parágrafo que se lê.
são o sujeito e o predicado. Os adjuntos (adjetivos, advérbios etc.) Conseguida a frase resumo, confrontá-la com o parágrafo para
em geral se eliminam, sem alterar a essência do pensamento. se ter a certeza de que se agiu corretamente. Procurar, tanto
A título de ilustração, suponhamos o seguinte parágrafo: quanto possível, expressá-la com as próprias palavras.
Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento há 2.2 - Vejamos agora quando se trata de encontrar a idéia
um outro argumento, a propósito do qual, ao longo dos séculos, se principal em algo mais que um parágrafo: num capítulo, numa
acumula uma literatura tão ampla quão pouco esclarecedora. Re-
seção, na obra.
firo-me ao argumento do "livre-arbítrio": não podemos formular
leis relativas ao comportamento humano, porque os seres huma-
A primeira coisa a se fazer neste caso é o exame inicial
nos são livres para escolher a maneira como irão agir. Reluto em antes da leitura. Isto se faz percorrendo, com o propósito de
dar atenção ;mínima a essa discussão fútil, mas a omissão comple- informação, toda a obra, através de seu índice, das partes, dos
ta poderia ser, suponho eu, chocante; creio que o é de capítulos, atentando para os títulos e subtítulos e procurando
importância especialmente para as ciências do comportamento, captar o esboço ou plano seguido pelo autor. ,
que deveriam examiná-lo dos pontos de vista psicológico e socio- É comum os autores dedicarem uma parte introdutória
lógico para saber por que é tão persistentemente apresentado e por e/ou a parte final para dar a idéia principal. Quem escreve obe-
que merece tão finne (99: p. 126). dece a um plano, desenvolve idéias dentro de uma ordem hie-
rárquica: a mais geral para todo o trecho e as menos gerais apre-
Seguindo as indicações acima e não sendo nosso propósi- sentadas logo abaixo desta. Procura distribuir as idéias especí-
to analisar o autor, mas apreender o que ele diz, extrairíamos as- ficas pelos· parágrafos.
sim a idéia principal: Devemos pressupor, portanto, a existênda de um plano e
seu desenvolvimento. Em essência, o desenvolvimento é a fim- ;
Contra a possibilidade de uma ciência do comportamento,
<lamentação lógica dq trabalho elaborado a partir de um plano:
há o argumento do livre-arbítrio: não podemos formular leis de
comportamento humano; os homens são livres para escolher. O isso é válido mesmo quando o trabalho é literário, histórico,
argumento merece exame dos pontos de vista e so- filosófico. É patente nos trabalhos científicos e nos livros de
ciológico. texto, quando a finalidade do autor é expor, interpretando, ex-
plicando, demonstrando: o autor não se preocupa, aqui, em per-
Às vezes, os adjuntos são imprescindíveis. A"ssim, por suadir; apenas em comprovar ou provar uma teoria. O pensador
exemplo, um "geralmente" colocado dentro de uma afirmação tem de pensar logicamente. Se, antes de expor, agiu dentro de
é elemento importante para que não se tome a afirmação no um contexto de descobrimento, de investigação, agora, ao de-
sentido absoluto. senvolver e expor seu trabalho, age num contexto de justifica-
Em trechos descritivos, narrativos, de literatura, de ficção, ção; por isso é que ele informa, explica, interpreta, analisa, dis- ····
pode acontecer que o principal não se encontre numa só oração cute, demonstra, prediz. O leitor precisa saber disso e a cada
ou mesmo que não esteja explícito. O autor prefere implicitá- passagem do texto identificar o tipo de atividade do autor.
lo, formulando frases esteticamente elaboradas. Neste caso Ora, todo desenvolvimento lógico, redigido, se faz através
temos de fazer um esquema através do parágrafo. de proposições. Numa proposição, há essenciahnente dois ele-
Se quisermos adquirir a habilidade de encontrar o princi- mentos: o sujeito e o predicado.
pal num parágrafo, é preciso adquirir o hábito de querer sem- O sujeito funciona como:
COMO RESUMIR 99
98 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA
Trata-se, também, de relação entre variáveis; supõe-se, entre-
º o elemento "causa" do fenômeno 1 ; tanto, que uma delas (a colocada no nível de sujeito da pro-
• a variável independente nos experimentos; posição) não é suficiente, por si, para explicar o fenômeno,
• as condições determinantes do fenômeno expresso através de mas é necessária. Trata-se de uma relação de produtor-pro-
fatos; duto. Assim:
• produtor, quando além dele há outras "causas": condições ne- •participação da comunidade nas decisões =sujeito (va-
cessárias suficientes, contingentes, contribuintes, alternativas; riável independente; necessária mas não suficiente);
• termo de urna correlação. •produção nas mudanças sociais= predicado (variável de-
O predicado funciona como: pendente).
c) "Existe uma relação positiva entre o preconceito antipro-
• determinação ou atributo do sujeito; testante e a religiosidade extrínseca."
• definidor; Aqui temos uma correlação e não uma relação de causali-
• "efeito"; dade ou de produtor-produto. Assim:
• produto; . •religiosidade extrínseca = sujeito (variável concomitante);
• variável dependente; • preconceito antiprotestante = predicado (variável conco-
• elemento correlato. mitante).
O próprio autor da pesquisa que resultou nesta descober-
Exemplifiquemos essa colocação, pois ela é fundamental
ta, na Espariha, pode esclarecer:
para a boa compreensão dos textos e particularmente para a ati-
vidade de obtenção da idéia principal de urna exposição. A relação entre o preconceito antiprotestante e a religiosi-
a) Seja a seguinte proposição científica (ao menos enquanto dade extrínseca encontrada entre nossos entrevistados, não
hipótese formulada a ser comprovada mediante pesquisa): parece ser caus;J. Outra questão é falar de casualidades. [... )É
"Se uma comunidade é supersticiosa, então obstará seu pró- possível que preconceito antiprotestante e religiosidade utilitá-
prio desenvolvimento econômico." ria vão juntos só pelo fato de terem sido ensinados a nossos
Trata-se de uma relação de duas variáveis: entrevistados durante o processo de socialização a que tenham
• superstição religiosa de uma comunidade = sujeito ( va- sido submetidos durante sua infância e adolescência. Não obs-
tante, parece também provável que ambas as variáveis brotem
riável independente);
de uma mesma raiz utilitária que as faz relacionarem-se mutua-
•obsta seu desenvolvimento econômico= predicado (variá- mente, de modo que a um fomento excessivo da religiosidade
vel dependente). extrínseca corresponda um maior preconceito antiprotestante, e
b) "Se a comunidade participa nas decisões das mudanças a um fomento da religiosidade intrínseca corresponda um des-
sociais e somente se a comunidade participa nessas deci- censo no preconceito antiprotestante (3: pp. 141-2).
sões poderá realizar-se uma mudança social."
d) Suponhamos agora uma proposição cujo objetivo é definir.
Escolhemos uma definição de grupo social feita por
1. Trata-se da proposição lógica e científica; não da proposição grama- ACKOFF (1.: p. 512). O autor, após exame de várias defini-
tical. Nesta é incorreto afumar que o sujeito funciona como causa. Nem sem- ções de grupo social e tendo o objetivo de formular uma
pre. Ex. : A colheita foi prejudicada pela chuva - o sujeito é a colheita e a
em termos operacionais que pudesse servir ao objetivo de
causa é a chuva.
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pesquisa sobre o problema, assim se decidiu: "Grupo so- a) Quê? O que é? - em que consiste?
cial são dois ou mais indivíduos psicológicos que estão em b) Quem?-qual o autor, o produtor?
comunicação efetiva ou potencial." c) Quando? Como? Onde?- quais as circunstâncias que afe:
.. grupo social = sujeito; tam·o comportamento?
.. dois ou mais indivíduos psicológicos que estão em comu- d) Por quê? - os motivos, as causas, as condições determi-
nicação efetiva ou potencial = predicado. nantes do comportamento.
e) Para quê? - a finalidade, os objetivos.
Fizemos esta digressão por julgá-la importante na atividade É um hábito do pensador, do cientista, nada afirmar sem
de compreensão de textos científicos e na captação da idéia prin- comprovar ou justificar. Ciente disso, o leitor tentará localizar
cipal do autor. a proposição principal e verificará se outras proposições fun-
Visto que .o autor, quando comunica, está na fase de agir cionam como explicações, justificativas, provas da afirmação
dentro de um contexto de justificativa, não mais de investiga- julgada principal.
ção, usará o método dedutivo. Freqüentemente é preciso ter Ínformaçõ<?s a respeito do
Deduzirá de idéias mais gerais as mais específicas. Faz autor e de sua obra antes de lê-lo, em função de captar a idéia
isto através de proposições que se relacionam dentro duma principal e os detalhes importantes, e resumi-lo. Essas infor-
estrutura ·lógica.de demonstração: numa proposição, colocará a mações deverão fornecer-nos dados a respeito do método em-
idéia principal e, noutras, os argumentos de sua comprovação. pregado pelo autor, da técnica de exposição utilizada por ele e
Em torno dessa relação, as demais atribuições funcionarão até de seu estilo. Segundo MIRA Y LÓPEZ,
como detalhes importantes ou como simples acessórios. Por
isso é possível empregar esquemas para se obter o que é prin- há, em regra geral, dois tipos de escritores: indutivos e dedutivos.
cipal e o que é detalhe importante. Os primeiros apresentam logo os fatos e se elevam a suas conclu-
Um dos esquemas que podemos utilizar é o apresentado sões, de sorte que sempre guardam para o fim de seus parágra-
por ACKOFF quando trata do "plano idealizado de uma inves- fos o que é mais interessante. Os segundos, ao contrário, apre-
tigação científica" (1: p. 83), fazendo as devidas.adaptações: sentam de antemão a tese que aceitam e se põem logo a defen-
X - objeto - "O que é?" - Objetos são seres, inqivíduos, dê-la. Uma vez adotada qualquer dessas duas técnicas, é dificil
grupos, elementos que foram observados e sobre os quais se escapar-se dela, pois não é à toa que o homem é um animal de
concluiu algo. . costumes. Por isso convém que o estudante penetre no estilo pes-
N - circunstância - "Sob que condições?" - Aquelas cir- . soal do autor lido, pois assim adiantará muito em sua compreen-
cunstâncias e condições que afetam o objeto, seu comportamento. são e avaliação crítica (125: pp. 54-5).
S - estímulo - "Por quê?" - São condições próximas que
afetam o comportamento, o objeto. Algo que se acrescenta, Quem não tem o hábito de escrever, de desenvolver algu-
retira ou modifica nas circunstâncias. ma idéia ou pensamento, dificilmente terá o de resumir bem o·-
R- resposta - "Como?" - Reação do objeto ao estímulo. pensamento alheio. O fato de usar esquemas, plano para desen- ·\ ·
Alterações do sujeito devidas ao estímulo. Os efeitos. As variá- volver um tema, ajuda a encontrar () plano, as idéias principais,
veis dependentes. os detalhes importantes da exposição alheia. ,\
Outro esquema seria através das tradicionais perguntas Se o leitor é um estudante que não tem o hábito de resumir
que levaram ARISTÓTELES a estruturar as categorias e as e está lendo este manual com o objetivo de aprender a fazer
relações: "monografia", sentirá, talvez, neste momento, que está dentro
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de um círculo vicioso: para fazer seu trabalho, precisa saber ler diz. Isso não impede, entretanto, que se use o senso crítico. Um ·
e resumir obras alheias, e, para bem resumir, precísa ter o hábito leitor jamaís pode ser passivo. Quando houver divergência
de escrever. Um círculo vicioso que precisa, porém, ser que- entre o que ele pensa e o que diz o autor, é preciso investigar· o
brado em algum lugar. Quer-me parecer que a melhor maneira "porquê". Deve indagar quaís as provas apresentadas, por que
de fazê-lo é através do poder de decisão: tomar o propósito de o autor chegou àquela conclusão, se estava equivocado e até
aplicar as técnicas de resumo aqui apresentadas e praticar si- que ponto estava.
multaneamente a redação de temas ligados a seus estudos, uti- Avaliando criticamente as idéias do autor, facilmente lo-
lizando a técnica do esquema. calizará as idéias principais e os detalhes importantes.
Outro propósito será o de ler com o objetivo de encontrar
aplicação à vida, a uma situação específica. Isso é importante
3 - Como encontrar detalhes importantes para quem se propõe fazer da leitura um hábito de aprendiza-
gem constante. Esta incumbência pertence ao leitor, não espe-
À medida que se indicam técnicas de localização da idéia cificamente ao autor. Cada um saberá encontrar o que é a res-
principal, se hão de apontar, também, as de localização dos de- posta exata ou o que é importante para seu objetivo, uma vez
talhes importantes. A idéia principal e os detalhes ifuportantes que iniciou a leitura dentro desse propósito.
. estão em estreita relação formando juntos uma estrutura. O fundamental, portanto, é sempre ler com um propósito
!i Um detalhe importante é a base da idéia principal. Apre- específico.
; senta-se, geralmente, sob a forma de um fato, um conjunto de
/ fatos importantes em relação à idéia principal. Pode funcionar
1 como, argumento e prova da idéia principal. 4 - A técnica de sublinhar
As vezes, o detalhe importante se apresenta sob a forma de
exemplificação. Outras, é a apresentação da idéia princípal sob
Julga-se que o hábito de sublinhar caracteriza o bom lei-
forma de concreção: "A idéia expressa em termos concretos."
tor. Há um engano grande aqui.
Julgar algo como importante é, muitas vezes, subjetivo. É
Muita gente, desde o momento em que começa a ler,
um problema de valor. Mas, nos livros de texto, o importante qua-
começa, também, a sublinJlar o que pensa ser importante. Isso
se sempre está ligado à idéia principal. Se o leitor lê com atenção
não significa saber ler, nem estudar, nem agir bem em função
e intenção de localizá-lo, pode estar seguro de encontrá-lo.
do propósito de captar a idéia prinçipal e os detalhes iniportan-
O autor costuma frisar, através de sua linguagem e do
tes do texto para resumi-lo.
espaço reservado, o que é importante para sua idéia principal.
A atitude objetiva do leitor que se propõe localizar o deta- É um procedimento arbitrário de seleção de
lhe importante é perguntar-se diante de um trecho: Trata-se sem nenhum fundamento para julgar realmente o que é maís-
apenas de um exemplo? Não será parte importante da prova? É importante.
uma prova a mais? O sublinhar tem seu valor, mas a partir de um propósito
Tudo vai depender do propósito do leitor. formulado,. dentro de um plano prévio, no tempo oportuno.
Um propósito pode ser avaliar o que se lê. Isso é muito co- É preciso, .em primeiro lugar, examinar o capítulo e for-
mum quando se lê questão controversa ou assunto que se pres- mular perguntas sobre ele, procurando responder a elas à medida
ta à discussão e interpretação. Geralmente o autor sabe o que que se lê.
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104 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 105

Nesta fase é preferível não sublinhar. Se achou que idéias A psicologia de aprendizagem, através de suas investigações,
importantes, detalhes de valor, foram localizados, coloque à apresenta uma importante conclusão a este respeito: quanto
margem um sinal conyencional: "x'', "*", "(.)", "I" etc. melhor se compreende um conjunto de informações, maior é a
Depois de terminada a leitura do texto inteiro (capítulo, possibilidade de dar informações sobre ele e, inversamente,
seção etc.), volte a ler, buscando a idéia principal, os detalb,es quanto mais o aprendiz se limita a estudar partes sem relacio-
importantes, os termos técnicos, as definições, as classifica- ná-las ao todo, maior a dificuldade em evocar os fatos e o que
ções, as provas. Isso é o que deve ser sublinhado. eles significam.
Nesta segunda leitura, não sublinhe as orações. Só os ter- O esquema visa justamente a este objetivo. Mais do que o
mos essenciais. Habitue-se a sublinhar depois que releu um ou próprio resumo.
dois parágrafos, para o devido confronto. Voltando, pense exa- Pelo esquema conseguimos mais facilmente o inter-rela-
tamente o que irá sublinhar. Use, como guia, os sinais coloca- cionamento dos fatos e das idéias. Tais relações, muitas vezes, ·
dos à margem. Agora será até possível mudar de opinião e sele- se perdem ou são dificeis de estabelecer quando resumimos 1.
cionar com critério mais seguro. simplesmente um texto com a preocupação de anotar o mais
Mas agir de tal forma que, relendo o que foi subli- importante. '
nhado, se consiga estrutura sintética e significativa do,todo lido. A técnica do esquema ajuda o estudante a estabelecer o
plano lógico, pois para esquematizar é preciso compreender e
estabelecer a subordinação das idéias, as relações entre as afir-
5 - A técnica do esquema mações. Ajuda-o .também a classificar os fatos dentro de um
critério de caracterização.
Para a maioria das matérias que estudamos, o mais indica-
do é tomar nota em forma de esquemas e resumos. Por várias 5.1 - Um esquema, para que seja realmente útil, deve ter
razões, entre elas: as seguintes características:
1) A técnica do esquema e do resumo nos obriga a p.artici-
par mais ativamente da aprendizagem, proporciqnando-nos a a) Fidelidade ao texto original: deve conter as idéias do autor,
captação da idéia principal, dos detalhes importantes, defi- sem alteração, mesmo quando se usaram as próprias pala-
nições, classificações e termos técnicos. Ajuda-nos, por conse- vras para reproduzir as do autor. Por isso, em alguns mo-
guinte, a assimilar a matéria. . mentos, é preciso transcrever e citar a página.
A experiência ensina e investigações confirmam que to- b) Estrutura lógi.ca do assunto: de posse da idéia principal,
dos nós recordamos melhor aquilo que fazemos ativamente. dos detalhes importantes, é possível elaborar uma organi-
O repetir com as próprias palavras o que se leu e estudou zação dessas idéias a partir das mais importantes para as
é o teste fundamental de compreensão e assimilação. E o tomar conseqüentes. No esquema, haverá lugar para os devidos
notas através de esquemas e resumos é uma forma de nos obri- destaques.
gar a repetir. e) Adequação ao assunto estudado e funcionalidade: o esque-
2) Através do esquema e do resumo temos m ais facilidade ma útil é flexível. Adapta-se ao tipo de matéria que se estuda.
e eficácia no ato de repassar, sobretudo em situações de exame Assunto mais profundo, mais rico de informações e deta-
e comunicação em público. Afinal, através de um esquema ou lhes importantes possibilitará uma forma de esquema com
de um resumo, conseguimos reduzir, em poucas linhas ou em maiores indicações. Assunto menos profundo, mais sim-
poucas páginas, um capítulo e até uma obra inteira. ples, terá no esquema apenas indicações-chave. É diferente
106 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 107

um esquema em função de repasse para exame e outro em esboço inicial a partir dos títulos, subtítulos e das epígra-
função de uma aula a ser dada! fes. Estas funcionam como guias e indicadores. Quem tem
d) Utilidade de seu emprego: conseqüência da característica memória fraca não se contentará com simples indicadores:
anterior: o esquemà deve ajudar e não atrapalhar. Tratando-s.e transforrná-los-á em orações.
de esquema em função do estudo, deve ser feito de tal modo b) Colocar os títulos mais gerais numa margem e os subtítulos
que facilite a revisão. É instrumento de trabalho. Deve faci- e divisões nas colunas subseqüentes e assim sucessivamen-
litar a consulta ao texto, quando necessário. Daí explicitar te, caminhando da esquerda para a direita.
páginas, relacionamento de partes do texto etc. e) Adotar o sistema de chaves, colchetes, colunas, para sepa-
e) Cunho pessoal: cada um faz o esquema de acordo com suas rar divisões sucessivas.
tendências, hábitos, recursos e experiências pessoais. Por d) Utilizar o sistema de numeração progressiva (1, 1.1, 1.2,
isso é que um esquema de uma pessoa raramente é útil para 1.2.1, 2, 2. 1 etc.) ou convencionar o uso d e algarismos
outra. Uns preferem o esquema rigidamente lógico, outros, romanos, letras maiúsculas, minúsculas, números etc., para
o cronológico; ou o psicológico, na disposição das .idéias. indicar as divisões e subdivisões·sucessivas.
Alguns usam recursos gráficos, de visualização da imagem e) Usar alguns símbolos convencionais e convencionar abre-
mental (tinta de cor, desenhos, símbolos etc.); já outros pre- viaturas para poupar tempo e facilitar a captação rápida das
ferem empregar só palavras. idéias. Assim, por exemplo:
-7 para indicar: "produz", "decorre'', "por conseguinte",
Antes mesmo dessas características, o "esquema de estu- "conduz a", "resulta" etc. Ex.: grupo minoritário -7 margi-
do" deve possuir uma propriedade que, a nosso ver, garante nalização;
validade a qualquer esquema: a flexibilidade. Um esquema d' para indicar sexo masculino - homem;
rígido força o homem a sacrificar a realidade para mantê-lo. <:;? para indicar sexo feminino - mulher;
Não é a realidade que tem de se adaptar ao esquema, mas este Vi = variável independente;
que tem de se adaptar à realidade. Em decorrência desse prin- Vd = variável dependente;
cípio, o esquema não pode ser estático, uma vez que a realida- para indicar sujeito - indivíduo, homem etc.;
de é dinâmica. Um esquema teórico, um esquema de soluções
Maiúsculas em toda palavra-chave, importante, convencio-
para resolver determinado problema, um esquema de classifi-
nada (nomes próprios, lei etc.);
cação, enfim, qualquer esquema deve ter a possibilidade de re-
·Gráfico do "tipo-organograma" para indicar estruturas, con-
visão e reformulação quando a necessidade o exigir. Cõmo se
junto de idéias derivadas, relações etc.
pode notar, a flexibilidade deve caracterizar, também, um es-
quema de estudo, de leitura e de trabalho intelectual. Diante de Muitas vezes teremos de usar recursos para visualizar a úna-
uma nova situação ou de um fato novo terá condições de rees- gem mental. Já foi observado em estudo psicológico dos proces-
truturação. O que não satisfaz é ignorar a novidade, distorcê-la sos cognitivos que uma idéia clara ou um pensamento bem formu-- -
ou mutilá-la, apenas porque o esquema não a tinha previsto. lado tem a possibilidade de ser representado graficamente. A didá-
tica e a comunicação de massas estão aí a confirmar este ponto de
5.2 - Indicações práticas para elaboração de esquemas vista e a mostrar o sucesso dos chamados recursos "audiovisuais".
Complementar a essa técnica existe também a dos recur-
a) Captar a estrutura da exposição do autor, quer se trate de sos "associotécnicos" ou "mnemotécnicos", que muitos estu-
um livro, de uma seção, de um capítulo. Pode-se obter o dantes usam para melhor reter e comunicar as idéias.
108 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 109

MORGAN, por exemplo, utilizou a "fórmula": Survey Q


3R como um slogan para realizar um curso de estudo eficiente.
Esta fórmula resume os cinco casos específicos de estudo: ESQUEl\ilA
SALOMON, D.V. - Como fazer uma monografia, cap. 3, 1
• Survey = examinar
Características de um esquema útil
• Question = perguntar
º Read= ler 1) Flexibilidade: o esquema é que deve adaptar-se à realidade e não esta ao
esquema
• Recite= recitai:- (repetir)
2) Fidelidade ao original: esquematizar não é deturpar, mas sintetizar
• Review = repassar
3) Estrutura lógica do assunto: organiza-se pelo esquema a relação da idéia
Quantos de nós, depois de longos anos de terminados os importante e seu desenvolvimento
estudos secundários, ainda nos recordamos do valor de 7t em 4) Adequação ao assunto estudado: o mesmo que funcionalidade
matemática, porque nos fizeram associá-lo com as primeiras 5) Utilidade de emprego: o esquema tem por objetivo auxiliar a captação do
letras do alfabetb e reter "CADAF": conjunto e servir para comunicar algo .
6) Cunho pessoal: o esquema traduz atitudes e modo de agir de cada um - va-
3, 1 4 1 6 ria de pessoa para pessoa
C A D A F

OBSERVÃÇÃo ·
Não bastassem as considerações feitas a respeito da GOODE, W. e HATT, P. - Métodos em pesquisa social. São Paulo, Herder,
"simbolização" e dos "esquemas", lembraríamos ao leitor o 1968, cap. 10.
sucesso que têm tido a "programação" e a "análise de proble-
SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTSCH, M.; COOK, S. - Métodos de pesqui-
mas" elaboradas em função dos computadores: recorre-se a sa nas relações São Paulo, Herder, 1967, cap. 6.
símbolos, tabelas de decisão,jl.u:xogramas etc., conseguindo-
se aliar economia, racionalização do trabalho e precisão nos Quadro comparativo
resultados. GOODE E HATI (cap.10) JAHODA (cap. 6)
não-eonírolada participante
5.3 - Exemplificação de esquemas Simples participante Assistemática
{
Os exemplos aqui apresentados estão colocados em fi- · { não-participante não-part1c1pante

chas, pois neste manual recomenda-se muito ao estudante ado- . Sistemática ; controlada
tar o uso de fichas e do fichário como recurso técnico de docu- Observação • Oautor aponta meios auxiliares na • Tanto para a assistemática como para a sistemáti-..
simples. ca o autor se detém nestes tópicos:
mentação pessoal. - conteúdo da observação
Sistemática ou controlada
- registro de observações
•Acrescenta "controles" do observa· - aumento da precisão (exatidão)
dor e do observado - relação entre o observador e o observado
110 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 111

MÉTODOS DA LÓGICA INDUTIVA PREDICADO


MILL, J. S. -A System o/Logic, p. 256.
Esquemas elaborados por P ARDINAS, F. - Metodología y técnicas de investi- COHEN, M. e NAGEL, E. - /ntrod11cción a la lógica y ai método cientifico (2?
gación en ciencias sociales. México, DF, Siglo XXI, 1969, pp. 155-8 v.: Lógica aplicada y método cientifico). Buenos Aires, Amorrortu, 1968,
cap. XII, p. 65.
l)Da concordância 2) Da diferença
Divisão dicotômica d e Aristóteles
Sit. X: a b c -+ y Sit. X: a b h -+ não y
X 1:dec-+y X 1:abk-+nãoy
X 2: fg c-+ y X 2: a bc-+ y
e-+ Y (•) c-+ y (*)

3)Conjunto de concordância 4) Dos resíduos


e diferença 1 Sit. X: b-+ z
Sit. X: a b e -+ y X 1:b + a -+ z + l
X 1: hj c -+ y X 2: b + a + e = z + 1 + y
definição não é a definição, é um elemento não é um elemento
-+ C-+ y (*)
X 2 : 1 m n -+ não y
X3 : o p q-+ não y
•- d<fu>iç"",' =ooid""
(*) c provocar y - depende da priori-
c-+ y (*) dade no tempo e do conhecimento de
outros fatores (problema da limitação gênero não é o gênero,
dos métodos) é uma diferença

(5) Variação concomitante: Sit. X: c-+ y


X 1 : c+ a y +m
NÍVEIS DE SI.t"VIBOLIZAÇÃO
X2: c - d-+ y - 1
Esquema .
• não confundir níveis de abstração com níveis de simbolização
• l) constatamos uma uniformidade empírica; 2) formulamo-la, em seguida,
FAT O
em termos de conceitos e proposições; e 3) finalmente conseguimos identifi-
COHEN, M. e NA GEL, E. - lntroducción a la lógica y ai método científico (2?
car variáveis analíticas na formulação do problema (operamos com três
v .: lógica aplicada y método científico). Buenos Aires, Amorrortu, 1968,
níveis de abstração)
cap. XI, pp. 36-8.
• formulamos uma proposição = !'.' nível de simbolização (uso de vocábulos)
• representamos os elementos da proposição por "letras" (x, y, p etc.)= 2? nível
Diferentes sentidos da palavra FATO
• conseguimos mostrar a relação de variáveis entre elas, p. ex.: Vi = variável
1) Elementos de percepção sensorial: são elementos sensoriais que fornecem
independente e Vd =variável dependente - atingimos o 3? nível de simboli-
ponto de partida para investigação. "Buscamos analiticamente tais zação
tos sensoriais, com o fun de achar sinais confiáveis que nos permitam subme-
Exemplo: Proposição: "Se se aumenta o salário duma pessoa cujo nível de
ter à prova nossas inferências." (p. 36)
escolaridade não vai além dos dois primeiros anos primários e o nível de seu
2) Proposição que interpreta o dado sensorial: "Isto é um espelho." Toda status social é baixo, é provável que destinará uma soma crescente de seu salá-
investigação usa tais proposições, mas à medida que progride pode abando- rio para o consumo de bebidas alcoólicas!"
ná-las por julgá-las falsas.
X2 .. salário aumcncado em relaçãÓ ao anterior
3) Proposição que afirma caracteres: " o ouro é maleável" (fato aceito!), "a X = salário
{ X =salário anterior
mulher é inconstante" (fato discutido). 1

Nesse sentido, como no anterior, vai depender de elementos de juízo que tenha- 1) Símbolos co11ve11cio11ados 'i Y e consumo de bebida alcoólica { seguir como acima para Y1 e Y2
mos acumulado ... "A Terra é redonda" em uma época não contava com tais ele-
mentos - mais tarde = hipótese. Hoje= um fato (não pode sofrer dúvida ...). P • escolaridade igual ou inferior a ano primário
S • nivel sociocconõmico baixo
4) Coisas no espaço e no tempo e suas rela ções em virtude das quais uma pro-
posição é verdadeira: "Não são verdadeiros nem falsos, simplesmente são." 2) Representação da hipótese {proposição)
(p. 37) São distintos das hipóteses que formulamos a respeito deles. (X2 > X1 )+P+S--t Y2 > Y1
ou apenas: Vi-> Vd
112 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 113

EXEMPLODEFLUXOGR.Ai\.IADEPROGRAMAÇÃO ARCO DE DISTORÇÃO EM COMUNICAÇÕES


PARA COMPUTADOR

,,©, ©
f "'-
(Trecho do fluxograma intitulad,o "Esquema de planejamento e avaliação para / 5
um projeto não-experimental de pesquisa sociológica". ln: SCHRADER, Achim ",, / ,/' 3 ,,
/
- Introdução à pesquisa social empírica. Tradução de Manfredo Berger. Porto
Alegre, Globo, 1974, p. 7.)

Transmissor

1 - conteúdo da comunicação pensado pelo transnússor


Recepto'!' "'0 6
2 - conteúdo transmitido
3 - conteúdo transmitido pensado
4 - conteúdo re<:cbido
5 - conteúdo recebido pensado
6 - conteúdo retransmitido
Examine interê·sses Comunicação perfeita:
Protocolo
de colocar o problema
Arco de distorção: A;tB ...
A • B= C
A • B = C;t D

A • B = C=D=E ;t F
Problema ainda As setas indicam momentos em que se pode coaigit o arco de distorção.
não pode ser Relatório
investigado

Sim FASES DE UMA PESQUISA PURA (não-aplicada) EM ClÍNCIAS SOCIAIS

QUADRO TEÓRICO
Examine conhecimento F.i chârio ..-- - - ---1 Observação de unifonnidadc Planejamento
sociológico Bibliografia empírica t - -- -i teórico e
de lmaginaçlo criadora administrativo
correspondente
(lntuiçlo}

Pesquisa
exploratória PROBLEMA HIPÓTESE
Nova investigação Relatório
é dispensável
,-----------
:'
1
Técnicas
de observação

COLETA
DEDADOS
O fluxograma segue a técnica de planejamento de rede PERT, em que os retângu- Mensuração
los indicam a ação a empreender; os losangos, as decisões a tomar (contêm sem- Escolha
pre proposições interrogativas); os elipsóides e outros símbolos, os resultados da amostra
das decisões; os círculos, a colocação do problema - inicio e fim do programa.
114 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA
COMO RESUMIR 115
6 - Como fazer resumo dicar autor, fonte e alusões semelhantes. O uso de aspas segui-
do da referência bibliográfica substitui convenientemente as.
Há ocasiões em que não basta, nem convém, o simples es- expressões "como diz tal autor, em sua obra", "conforme se
quema.Torna-se indicado o resumo. Pretendemos o apanhado encontra em tal livro" etc. Redija sempre com o propósito de
do que lemos e até uma interpretação ... ser conciso e claro.
Resumir não é atividade exclusiva do estudo. Sempre 5) É interessante e bastante útil que o estudante se acostu-
representou uma necessidade do intelectual, do pesquisador. me a ler os resumos de livros (readers, recensões, abstracts),
No mundo das publicações, ocupa lugar de relevo, sob o nome que se encontram nas revistas e publicações especializadas.
de abstract - resenha, recensão, sinopse etc. Lendo-os e confrontando-os com as obras de que são síntese,
Aqui apenas serão apresentadas indicações e práticas para têm-se belos modelos de como fazer resumo.
a elaboração de resumo coin finalidade de estudo. A seguir é oferecida ao leitor uma ilustração, que é tam-
1) Utilize as mesmas técnicas que foram apresentadas quan- bém uma homenagem à capacidade de síntese, de um dos pen-
do da captação da ídéia principal, dos detalhes importantes, das sadores e cientistas de maior expressão de nossa época: C. W
técnicas de sublinhar e de fazer esquemas. Não deixe de recor- MILLS. O exemplo é extraído de sua obra tão conhecida: A
rer também à "análise de texto" vista no capítulo anterior. imaginação sociológica.
2) A técnica niais importante na elaboração do resumo é
apontar as idéias mais importantes, enquanto se lê. Depois, Parsons escreve:
através desses destaques, é que faremos o esboço e em seguida O apego aos valores comlUls significa, motivacionahnente fa-
o resumo. Muitas vezes a sinopse do início do capítulo, os títu- lando, que os agentes têm "sentimentos" comuns, em apoio das
los e subtítulos, as referências à margem (quando o livro de tex- configurações de valores, que podem ser definidos como signi-
to as possui), a introdução justamente com o sumário no, final ficando que a conformidade com as expectativas relevantes é tra-
do capítulo ajudam muitíssimo para o esboço do resumo. E ver- tada como uma "coisa boa" relativamente independente de qual-
quer "vantagem" específica instrumental a ser ganha dessa con-
dade que há autores que não colocam resumo no final do capí-
formidade, como, por exemplo, evitar-se as sanções negativas.
tulo: acham que o estudante tiraria melhor proveito se ele mesmo Além disso, o apego aos valores comuns, embora possa enquadrar-
o fizesse. É um ponto de vista que. se há de respeitar. se nas necessidades de satisfação imediatas do agente, tem sem-
3) Não resuma antes que tenha tirado notas .do conteúdo. pre também um aspecto "moral", porque em certas proporções
Reveja essas notas que funcionarão como guias, quando; então, essa conformidade define as "responsabilidades" do agente, nos
passar-se-á a escrever uma série de parágrafos, resumindo o sistemas mais amplos, ou seja, de ação socié11, do qual participa.
capítulo. Não é uma maneira correta nem produtiva ir resumin- Evidentemente, o foco específico da responsabilidade é a coletivi-
do à medida que se lê. Geralmente tal técnica leva o estudante dade, que se constitui por um valor-orientação particular e.comum.
a estender-se em demasia em seu pretenso resumo. Também não Finalmente, é claro que os "sentimentos" que apóiam tais
é sempre indicado confiar na memória apenas, sem os indica- valores comuns não são, habitualmente, em sua estmtura espe-
dores e notas de conteúdo. Quem age dessa maneira, a não ser cífica, a manifestação de propensões constitucionalmente dadas
do organismo. São, em geral, aprendidas ou adquiridas. Além dis-
que se trate de trecho pouco extenso, corre o risco de esquecer
so, a parte que desempenham na orientação da ação não é predo-
os detalhes importantes. minantemente a dos objetos culturais que são conhecidos e
4) Ao redigir o reswno, use frases curtas e diretas. Evite "adaptados a", mas os padrões culturais que se tomaram intema-
referências extensas. Utilize o sistema dos parênteses para in- lizados. Constituem parte da estrutura do sistema de personali-
116 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 117

dade do próprio agente. Tais sentimentos, ou ''valores-atitudes" prestar atenção aos sinais e traços. A segunda, reparando nes-
como podem ser chamados, são, portanto, autênticas necessida- ses sinais e traços. Em seguida confronte o trecho com o esque-
des-disposições da personalidade. É somente em virtude da in- ma-resumo colocado na seqüência.
ternalização dos valores institucionalizados que uma autêntica
integração motivacional do comportamento na estrutura social O conceito de "causalidade"
ocorre, que as camadas "mais profundas" da motivação se tor-
nam ligadas ao preenchimento dos papéis - expectativas. So- O conceito de causalidade é e sua análise com- (.)
mente quando isso ocorreu em alto grau é possível dizer que o pleta ultrapassaria de muito o objetivo deste livro. Limitaremos •-
sistema social é altamente integrado e que os interesses da cole- nossa discussão aos aspectos que parecem essenciais para a com-
tividade e os interesses privados em seus membros constituintes preensão das exigências para os processos de pesquisa, em estu-
podem ser considerados e.o rno próximos da coincidência. dos planejados para a verificacão de hipóteses causais.
Essa integração de um conjunto de configurações de valor A idéia de "senso comum" a respeito de causalidade tende
comum com a estrutura da necessidade-disposição internalizada a admitir que um único acontccjmcnto (a "causa") sempre pm-
das personalidades constituintes é o fenômeno básico da dinâ- voca outro acontecimento único (o "efeito"). Na ciência moder-
mica do sistema social. Podemos dizer que a estabilidade de qual- na, ao contrário, tende-se a acentuar a multiplicidade de "condi- (.)
quer sistema social, exceto o mais evanescente processo. de inte- cões determinantes" que, reunidas, tornam provável a ocorrência
ração, depende até certo ponto dessa integração, e que esse é o de determinado acontecimento. Tanto o pensamento científico
teorema fundaméntal dinâmico da Sociologia. É o principal pon- quanto o de senso comum procuram descobrir condições neces-
to de referência de todas as análises que pretendam ser uma aná- sárias e suficientes para um acontecimento. (Tais termos serão
lise dinâmica do processo social (The Social System, pp. 41-2). definidos nós parágrafos seguintes.) Todavia, enquanto o senso
Em outras palavras: Quando as pessoas partilham dos mes- comum leva uma pessoa a esperar que um fator possa dar uma
mos valores, tendem a comportar-se de acordo com o que espe- explicação completa, o cientista raramente - e · talvez nunca -
ram umas das outras. Além disso, com freqüência tratam essa espera encontrar um único fator ou condição que seja necessário
conformidade como algo de muito bom - mesmo quando pare- e suficiente para provocar um acontecimento. Ao contrário, está
ce ir contra seus interesses imediatos. Que esses valores parti- interessado em condições contribuintes, condições contingen-
lhados são aprendidos, e não herdados, não os toma ·meno.s im- tes, condições altematiyas - todas as quais espera ver como
portantes na motivação humana. Pelo contrário, tornam-se parte atuantes a fim de tomar provável, mas não certa, a ocorrência do
da personalidade. Como tal, mantêm unida a sociedade, pois o acontecimento. (Maior explicação desses termos será apresenta-
que é socialmente esperado torna-se individualmente necessá- da a seguir.)
rio. Isso é tão importante para a estabilidade de qualquer sistema Uma condição necessária, como o supõe o termo, é aquela (1)
social que vou utilizá-lo como meu principal ponto de partida, que precisa ocorrer. para que ocorra o fenômeno de que é "cau-
sempre que analisar uma sociedade como uma estrutura em fun- sa". Se X é uma condicão necessária de Y. então Y nunca ocor-
cionamento (122: pp. 38-9). rerá a não ser que ocorra a condicão X. Exemplo: a _
anterior com entorpecente é uma condição necessária de vício
A título ainda de ilustração para o estudante, transcrevo a com entorpecentes, pois seria impossível o vício se o indivíduo
seguir um trecho de JAHODA e colaboradores, extraído de seu nunca tivesse experimentado entorpecentes.
livro Método de pesquisa nas relações sociais. Repare nas téc- Uma condição suficiente é aquela que é sempre seguida (2)
nicas vistas neste capítulo (as de obtenção da idéia principal, as pelo fenômeno de que é uma "causa". Se X é uma condição sufi-
de localização de detalhes importantes, as de sublinhar, as do ciente de Y, então sempre que ocorra X, ocorrerá Y. Exemplo: a
esquema-resumo). Leia o exemplo duas vezes. A primeira sem destruicão do nervo ótico é uma condição suficiente de ceguei-
118 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA COMO RESUMIR 119
m, pois nenhuma pessoa cujo nervo ótico tenha sido destruído fatores. Um fator que atua como uma condição contribuinte de
pode ver. um fenômeno, sob um conjunto de condições, pode não fazê-lo
Uma condição pode ser necessária e suficiente para a ocor- +- sob outras condições. As condições em gue determinada variá- - (4)
rência de um fenômeno. Nesse caso, Y nunca ocorreria, a não vel é uma causa contribuinte de determinado fenômeno são de-
ser que X ocorresse, e sempre que X Y também ocor- nominadas condições contingentes. Muitas pesquisas em ciên-
reria. Em outras palavras, não haveria caso em que X ou Y apa- cia social se referem à identificação de tais condições. Em nosso
recessem sós. Evidentemente, nenhum de nossos exemplos é } exemplo de vício com entorpecentes, outros estudos podem pro-
adequado a esse modelo. Embora o vício em entorpecente (Y) curar verificar se sob diferentes condições. ocorre a relacão
nunca possa ocorrer a não ser que a pessoa tenha experimentado entre ausência do pai e vício em entorpecentes. Podem verificar
o uso de entorpecentes (X), é verdade que o indivíduo pode ex- que, nos bairros em que o uso de entorpecentes por adolescentes
perimentar entorpecentes sem se tomar viciado; assim, a expe- é raro ou não existente, os rapazes que cresceram sem um pai em
riência de entorpecente é uma condição necessária mas não sufi- casa não se voltam para o vício. Depois, a hipótese pode ser refi-
do vício. A fim de compreender o vício em entorpecentes, nada da seguinte maneira: em que o uso de entorpe-
precisamos encQntrar outras condições contribuintes. centes é comum Ccondicão contingente). a ausência do pai de um
De outro lado embora a destruição do nervo ótico (X) sem- rapaz contribui para a probabilidade de que o rapaz se tome um
pre provoque a (Y), esta p·o de ocorrer de outras formas, viciado.
ainda que o nervo ótico não esteja defeituoso; a destrUição do A consciência da multiplicidade de causas contribuintes con-
nervo é uma condição suficiente mas não necessária da ceguei- +- duz também a um interesse em condições alternativas que tor- (5)
ra. A fim de todas as "causas" de cegueira, preci- nam mais provável a ocorrência de um fenômeno. Assim, pode-
samos buscar condições alternativas que possam provocá-la. se verificar que, em bairros com elevado índice de uso de entor-
Usaremos o exemplo do vicio em entorpecentes a fim de pecentes, o índice de vicio é muito elevado, não apenas entre os
ilustrar a busca de condições contribuintes, contingentes e alter- (3) rapazes que cresceram sem um pai, mas também entre rapazes
nativas. Uma condicão contribuinte é aquela que aumenta a pro- cujos pais estavam nos lares durante a sua inf'ancia, mas que os
babilidade da ocorrência de determinado fenômeno, mas não a trataram com hostilidade ou indiferenca. Depois, a hipótese
toma certa; isso ocorre porque é apenas um dentre vários fatores seria reformulada, a fim de considerar essas condições contri-
juntamente, determinam a ocorrência do Por buintes alternativas: a ausência de uma figura paterna ou a ocor-
isso, a pesquisa sobre vício em entorpecente não se satisfaz rência de tratamento hostil ou indiferente pelo pai contribui para
o reconhecimento de que a experiência com entorpecentes e
uma condição necessária do vício, mas considera quais os fato- x
res pessoais, de .famifu! ou de vizinhanca que provocam essa ex-
periência, bem como quais os fatores que tornam mais provável
a probabilidade de vicio, em bairros em que é comum o uso de
entorpecentes. Depois, o cientista social pode procurar uma hi-
pótese que inclua um fator comum a ambas as condições contri-
buintes alternativas - por exemplo, que em bairros em que os
}-
que um indivíduo com a experiência se torne viciado (Chein. entorpecentes são facilmente acessíveis, a falta de oportunidade
1.222). Os estudos comparativos entre rapazes viciados e não vi-
para identificações com uma figura paterna, durante a inf"ancia,
ciados podem verificar, por exemplo, que uma proporção consi-
toma o vício em entorpecentes mais provável na · adolescência ·
deravelmente mais elevada dos que se tornaram viciados vem de
(161: pp. 93-6).
lares em que o pai não estava presente; em outras palavras, tais x
estudos sugerem que, nos rapazes, a ausência da figura
durante a infância, é uma influência contribuinte no desenvolvi- Segue, a seguir, ficha do esquema-resumo do texto anterior.
mento de vício em entorpecentes.
No entanto, o comportamento com que lida a ciência social
é extremamente complexo; é preciso considerar a interacão de
120 COMO FAZER UMA MONOGRAFIA Capítulo IV
A prática da documentação pessoal
CONCEITO DE "CAUSALIDADE"
SELLTIZ, C.; JAHODA, M.; DEUTSCH, M.; COOK, S. - Métodos de pesquisa nas
relações sociais. São Paulo, Herder, 1967, pp. 93-6. Será útil a alguns, sem ser nocivo a ninguém.
DESCARTES
1.1 - Senso comum: "causa" - "efeito" (único fator).
1. Sentido
{ 1.2 - Ciência moderna: multiplicidade de condições detemunantes
(vários fatores).
Causalidade
2. 1 - Necessária: precisa ocorrer para que ocorra o fenômeno.
Conceito
complexo- 2.2 - Suficiente: sempre é seguida do fenômeno. Uma condição pode
aqui: só ser 2.1 e 2.2 ao mesmo tempo, ao menos no plano teórico.
aspectos
2.3 - Contribuinte: a que aumenta a probabilidade da ocorrência do fe-
essenciais em
função dos 2. CondiçÕ<!S 1 nômeno (um <!entre vários fatores). Introdução. 1 - Hábitos indicados e técnicas práticas. 2 - Elaboração
processos de 2.4 - Contingente: sob a qual funcionam as outrns. É condição da da ficha. 3 - Organização do fichário pessoal. 4 - Modelos de fichas
pesquisa: "causa" ou das '"causasn.
''verificação
e de organização do fichário pessoal. ·
de hipóteses 2.5 - Alternativas: funcionam como possibilidades separadas das ante-
causais". riores. Estabelecem outra hipótese paralela.

Vivemos a fase dos computadores eletrônicos, da infor-


3. Exemplos: Análise hipotética do vício com entorpecentes em rapazes. mática e da documentação. A explosão bibliográfica e a neces-
sidade de se obter a informação exata no lugar e no momento
adequados provocaram o aparecimento da documentação
como a técnica de nossos dias. A profissão do documentalista
é hoje uma das mais requisitadas. Antes mesmo do apareci-
mento dos "técnicos da informação" e dos "informadores cien-
tíficos", o trabalhador intelectual praticava a atividade de do-
cumentar-se dentro de seus recursos e mediante técnicas cria-
das por ensaio e erro. Hoje é possível aliar esta iniciativa às
principais técnicas modernas adaptadas para atend er às neces-
sidades do estudante e do trabalhador intelectual. São dadas
aqui, de forma bastante resumida, as principais indicações de
ordem prática, capazes de satisfazer o interessado. Evito o
"tecnicismo" por nos parecer contra-indicado para a
do leitor, urna vez que poderia enfatizar o aparato, em sacrifi-..
cio da funcionalidade do método. Na segunda parte de nosso
trab.alho, teremos ocasião de retornar ao assunto, quand_o tra-
tarmos da documentação em função direta da monografia.
Esse tipo de documentação específica será a decorrência natu-
ral da prática de documentar-se que se espera de todo trabalha-
dor intelectual. ·

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