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MOVIMENTO:
CINESIOLOGIA
Introdução
A realização dos movimentos corporais é permitida pela ação dos mús-
culos sobre as peças ósseas. Para compreender essa dinâmica funcional
— um dos pontos centrais no estudo da cinesiologia —, é fundamental
conhecer os pontos de inserções e as origens dos componentes muscula-
res. A partir desse conhecimento, é possível aplicar na prática os conceitos
biomecânicos e entender mais a fundo a ciência do movimento humano.
Neste capítulo, você vai conhecer os principais grupos musculares
encontrados no corpo humano, além de seus locais de inserções proxi-
mais e distais. O estudo será abrangente, envolvendo todos os segmen-
tos corporais, incluindo grupos musculares da cabeça, pescoço, tórax,
membros superiores e inferiores.
Figura 1. Grupos musculares: (a) cabeça; (b) pescoço; (c e d) tronco; (e) membros superiores;
(f) membros inferiores.
Fonte: Lippert (2013, p. 110, 138, 182, 200, 201 e 243).
Músculos da cabeça
O músculo temporal (Figura 2) é largo, possuindo a forma de um leque, e está
inserido na fossa temporal, de onde se direciona até se inserir no processo coronoide
e na margem anterior da mandíbula. Sua principal função é levantar a mandíbula,
mas também participam na sua retração (MARQUES, 2005; HALL, 2016).
Principais grupos musculares 5
O músculo bíceps braquial (Figura 7b) possui duas cabeças que apresentam
FP distintas. A da cabeça longa é no tubérculo supraglenoidal da escápula,
enquanto a da cabeça curta encontra-se no ápice do processo coracoide esca-
pular. Ambas se unem formando um ventre muscular comum, fazendo FD na
tuberosidade do rádio (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016).
O tríceps braquial (Figura 7a) apresenta três cabeças: cabeça longa, cabeça
lateral e cabeça medial. A primeira insere-se proximalmente na margem inferior
da cavidade glenoidal; a segunda, na região lateral da face posterior do úmero;
enquanto a terceira, que é mais profunda e lateral, inferiormente à cabeça
lateral. Ao se unirem formando o ventre do tríceps, fixam-se distalmente no
olecrano da ulna (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016).
Principais grupos musculares 13
Por sua vez, o músculo braquiorradial (Figura 8a), como o próprio nome já
diz, apresenta uma fixação no úmero (bráquio) e outra no rádio. A primeira é
o local de sua FP, que ocorre mais especificamente na crista supraepicondilar
lateral; já a segunda é onde se fixa distalmente, junto ao processo estiloide do
rádio (DUFOUR; PILLU, 2016; HALL, 2016).
O braquial (Figura 8b) tem FP na face anterior do úmero, na sua metade inferior
(distal) e FD no processo coracoide e na tuberosidade da ulna (LIPPERT, 2013).
Dois músculos localizados no antebraço e que têm por função realizar a
pronação do rádio são o pronador redondo e o quadrado (Figura 8c). O primeiro
faz FP no epicôndilo medial do úmero e no lado medial do processo coronoide da
ulna. Já o segundo, localizado na porção distal do antebraço, tem FP no quarto
distal da ulna e FD no quarto distal do rádio (LIPPERT, 2013; HALL, 2016).
O flexor radial do carpo (Figura 9a) é relativamente superficial e insere-se
proximalmente no epicôndilo medial do úmero, atravessando a região anterior
do antebraço, onde faz FD na base do 2º e 3º ossos do metacarpo (MARQUES,
2005; LIPPERT, 2013).
14 Principais grupos musculares
O reto femoral (Figura 10a) tem a sua FP na espinha ilíaca anteroinferior (EIAI).
Ele desce quase em linha reta ao longo da coxa, unindo-se aos três músculos vastos
do quadríceps, formando o seu tendão, que recobre a patela, cruzando o joelho e
inserindo-se na tuberosidade da tíbia (LIPPERT, 2013; HALL, 2016).
O mais longo músculo do corpo humano, o sartório (Figura 10a), insere-se
proximalmente na espinha ilíaca anterossuperior (EIAS) e segue diagonalmente
na coxa até se fixar distalmente na parte medial superior da tíbia (LIPPERT, 2013).
O pectíneo (Figura 10b) é um músculo pequeno que apresenta inserção
proximal no ramo superior do púbis (crista pectínea do ramo púbico), enquanto
sua FD ocorre na porção proximal medial do fêmur (LIPPERT, 2013).
Os adutores do quadril englobam quatro músculos: o adutor longo, curto e
magno, além do músculo grácil (LIPPERT, 2013; HALL, 2016). O adutor longo
(Figura 10b) é o mais superficial e faz FP na superfície anterior do corpo do púbis
próximo ao tubérculo púbico (face anterior do púbis), e sua FD é no terço médio
da linha áspera do fêmur. O adutor curto (Figura 10b), o mais profundo dos três,
insere-se proximalmente no ramo inferior do púbis, e distalmente insere-se na
linha áspera superior do fêmur. O terceiro, o adutor magno (Figura 10b), tem FP
no túber isquiático, no ramo do ísquio e no ramo do púbis, e sua FD ocorre ao
longo de toda a linha áspera e no tubérculo do adutor. Por fim, o grácil (Figura
10b), que é um músculo biarticular, tem FP na sínfise púbica e no ramo inferior
Principais grupos musculares 17
Figura 11. Músculos dos membros inferiores — vistas posterior (a,b,c); anterior (d); lateral (e).
Fonte: Adaptado de Behnke (2014).
O tibial posterior (Figura 11c), que é ainda mais profundo, tem sua FP na
membrana interóssea e nos dois terços posterosuperiores da tíbia e da fíbula.
Ele desce na região posterior da perna, direcionando-se ao maléolo medial,
onde se insere distalmente no navicular, cuboide e 2º ao 5º ossos metatarsais
(LIPPERT, 2013; HALL, 2016).
Mais lateralmente na perna, o flexor longo do hálux (Figura 11c) faz FP na
face posterior da fíbula e na membrana interóssea, enquanto sua FD se localiza
na falange distal do hálux. Por sua vez, localizando-se mais medialmente
na perna, o músculo flexor longo dos dedos (Figura 11c) também insere-se
proximalmente na face posterior da tíbia; no entanto, sua FD é realizada
por quatro tendões que se inserem na falange distal do 2º ao 5º dedos do pé
(LIPPERT, 2013; DUFOUR; PILLU, 2016).
Principais grupos musculares 19
O músculo tibial anterior (Figura 11e) tem sua FP nos dois terços anteriores da
face lateral da tíbia e na membrana interóssea. Ele desce pela perna fazendo inserção
distal na superfície medial do 1º cuneiforme e do 1º metatarso (HALL, 2016).
O extensor longo do hálux (Figura 11d), localizando mais profundamente
ao anterior, apresenta FP na face medial da fíbula e na membrana interóssea
e FD na superfície dorsal da falange distal do hálux. Localizado mais late-
ralmente do que o extensor longo do hálux, encontra-se o extensor longo dos
dedos (Figura 11d), que se insere proximalmente na superfície anteromedial
da fíbula, no seu côndilo e na sua cabeça (LIPPERT, 2013; HALL, 2016).
O fibular longo (Figura 11c e 11e) tem sua inserção proximal na cabeça e na
face lateral da fíbula e na membrana interóssea. O seu tendão curva-se atrás
do maléolo lateral, onde torna-se profundo e cruza a planta do pé, indo em
direção medial até se inserir distalmente na superfície lateral do 1º cuneiforme
e do 1º metatarso (LIPPERT, 2013; HALL, 2016).
Alguns autores referem-se aos músculos fibular longo e o tibial anterior como uma uni-
dade funcional denominada de “estribo do pé”, pois o fibular longo desce lateralmente
na perna e o seu tendão cruza o pé em direção medial, aproximando-se do tendão
do tibial anterior. Por sua vez, este desce pela região anterior da perna e seu tendão se
direciona até inserir-se próximo ao tendão do fibular longo, formando uma estrutura
semelhante à letra U, daí a ideia do estribo. Essa estrutura funcional representa um
importante papel na estabilidade do arco plantar (LIPPERT, 2013; DUFOUR; PILLU, 2016)
O fibular curto (Figura 11c e 11e), mais profundo, menor e com um tendão
mais curto que o anterior, tem sua FP na parte inferior da face lateral da fíbula.
Seu tendão, assim como o fibular longo, direciona-se para trás do maléolo
lateral, seguindo em direção anterior e inserindo-se distalmente na base do
5º osso metatarsal (LIPPERT, 2013; HALL, 2016).
O abdutor do hálux (Figura 12c) fixa-se proximalmente no processo medial
da tuberosidade do calcâneo, enquanto sua FD é na face medial da base da
falange proximal do hálux (MARQUES, 2005).
20 Principais grupos musculares
O adutor do hálux (Figura 12a e 12b) apresenta duas cabeças, uma oblíqua,
que faz FP na base do 2º ao 4º metatarso, e uma transversal, que se insere
proximalmente nos ligamentos metatarsofalangianos plantares do 3º ao 5º dedo.
Essas duas porções se unem formando um tendão que se insere distalmente
na face lateral da base da falange proximal do hálux (MARQUES, 2005).
O flexor curto do hálux (Figura 12a e 12b) tem FP na porção medial da
superfície plantar dos ossos cuboides e parte adjacente no cuneiforme lateral.
Sua FD é feita por dois tendões nas faces lateral e medial da base da falange
proximal do hálux (MARQUES, 2005).
O flexor curto dos dedos (Figura 12c) tem sua FP no processo medial da
tuberosidade do calcâneo e distalmente se divide em quatro tendões que se
inserem nas falanges intermediárias do 2º ao 5º dedo (MARQUES, 2005).
Leituras recomendadas
LIMA, C. S.; PINTO, R. S. Cinesiologia e musculação. Porto Alegre: Artmed, 2007.
MCGINNIS, P. M. Biomecânica do esporte e do exercício. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
OATIS, C. A. Cinesiologia: a mecânica e a patomecânica do movimento humano. 2. ed.
Barueri: Manole, 2014.
WEINECK, J. Anatomia aplicada ao esporte. 18. ed. Barueri: Manole, 2013.
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