Continuação Resumo de geologia

Vulcanismo

• Conjunto de fenómenos que abrangem todos os processos relacionados com a

libertação de piroclastos, lavas e gases. Estes materiais são provenientes do magma
(mistura de material rochoso parcialmente ou totalmente fundido, a elevadas
temperaturas).
O magma resulta da fusão de rochas da crusta ou do manto, estrutura silicatada (quanto
mais sílica, mais viscoso). Com menor densidade ascende, podendo acumular-se em
câmaras magmáticas, isso resultará na sua ascensão até á superfície, onde liberta gases e se
transforma em lava (a viscosidade deste depende da composição química do magma e da
sua temperatura).

A libertação destes materiais vulcânicos ocorre através de um vulcão. Diz-se inativo quando
não apresenta atividade, porém existe a possibilidade de acontecer uma erupção no futuro.
Considera-se extinto quando é improvável ocorrerem mais erupções ou não tenham
ocorrido nos últimos 10 000 anos. Diz-se ativo quando brevemente irá ocorrer alguma
erupção.

• Também pode ser entendida como um processo de transferência de calor interno da

Terra para a superfície, resultante de processos de formação do planeta e de
desintegração dos elementos radioativos.
O estudo da vulcanologia é importante porque:
➢ O vulcanismo é um processo essencial para a formação da crusta terrestre;
➢ As erupções vulcânicas constituem riscos naturais para a sociedade humana;
➢ Os materiais libertados fornecem aos investigadores informações sobre os processos
físicos e químicos que ocorrem no interior da geosfera.
Vulcanismo Primário (erupção vulcânica, libertação de magma)

• Fissural: expulsão de material vulcânico através de fraturas que podem ter vários
quilómetros de extensão. Mais abundante na Terra. Ex: Havai.
Esse material acaba por preencher vales profundos ou de relevo muito acidentado,
formando planaltos de acumulação vulcânica (cria novas formas de relevo), em zonas
continentais.
Ocorre em zonas de rifte- responsável pela formação da crusta oceânica.

• Central: emissão de material ocorre através de uma conduta associada a um cone

vulcânico (resultante da deposição dos materiais expelidos). Ex: Anak Krakatau.
O cone contém uma cratera, onde ocorre a libertação dos materiais vulcânicos, que é ligada
pela chaminé á câmara magmática, onde se acumula o magma. Por vezes ocorre a formação
de cones secundários.

Como ocorre uma erupção primária central?

1º o magma formado em profundidade ascende instalando-se na câmara magmática.
2º O magma sobe assim que a pressão no interior da câmara aumenta.
3º Durante a erupção vulcânica, o magma entra em contacto com a superfície terrestre e
liberta gases, passando-se a denominar lava.
4º A libertação de gases pode originar a projeção de piroclastos.

Por vezes, ao longo do tempo o relevo e a estrutura interna dos vulcões podem variar.
Como fendas nas encostas dos cones por onde ocorre atividade vulcânica fissural.

Atividade subaérea é acima do nível do mar, exposto a condições atmosféricas. Atividade

vulcânica submarina é debaixo de água ou em contacto com água, em especial nos limites
divergentes, formando lavas em almofada, podendo estar atualmente expostas á superfície.
Composição da lava
Lava básica: sílica<52%
Lava intermédia: 52%<sílica<65%
Lava ácida: sílica>65%

Classificação por viscosidade:

Lavas muito viscosas: baixas temperaturas; rica em sílica; dificuldade em libertar os gases;
rica em gases (4% a 6%).

Lavas pouco viscosas: altas temperaturas; pobre em sílica; facilidade em libertar os gases;
pobre em gases (1% a 2%).
Tipos de Atividade vulcânica:

• Efusiva: comum no vulcanismo fissural

Está associada à libertação de lava básica e pouco viscosa, o que vai permitir a sua projeção
em repuxo e uma deslocação rápida sob a forma de escoadas de lava. Estas podem
estender-se a grande distância do seu local de emissão, acabando por formar espessos
mantos de lava. Sem ocorrência de explosões, devido ao reduzido teor de gases e á
reduzida/ausente libertação de piroclastos.
Tende a originar cones vulcânicos com elevadas dimensões e com declives suaves,
resultantes da sobreposição das escoadas.

Classificação das escoadas de lava:

Lava escoriácea (aa): muito viscosa, superfície irregular e rugosa.
Lava encordoada (pahoehoe): pouco viscosa, temperaturas mais elevadas. Quando
solidifica parecem cordas sobrepostas.
No caso de erupções submarinas, lavas almofada (pillow): arrefecem bruscamente debaixo
de água, dando-lhe um aspeto arredondado.

• Explosiva: menos comum no vulcanismo fissural

Origina cones vulcânicos com elevados declives, formados pela acumulação de elevadas
quantidades de piroclastos, sendo a acumulação de lava reduzida. Liberta também elevada
quantidade de gases.

Apresenta uma composição de lava ácida e muito viscosa, dificultando o seu movimento e
libertação dos gases neles contidos, que vai resultar no aumento da pressão que origina
explosões violentas podendo levar ao desmoronamento do cone vulcânico.
Tipos de solidificação de lavas muito viscosas e fenómenos associados:
A consolidação da lava viscosa na cratera pode originar domos vulcânicos ou cúpulas. Ou na
chaminé, originando uma agulha vulcânica ou pitões.
Pode resultar em nuvens espessas e densas constituídas por cinzas incandescentes e
fragmentos de lava envolvidos por gases a altas temperaturas- nuvens ardentes que se
deslocam em grade velocidade. Constituindo escoadas piroclásticas.

Tipos de piroclastos:
Bombas vulcânicas, dimensões > 64 mm. Forma fusiforme. Os blocos de mesmas dimensões
apresentam forma angulosa.
Lapilli, 2<dimensões<64mm. Forma irregular.

Cinzas, dimensões<2mm. Finas e ricas em material vítreo. Compõem as nuvens ardentes, e

permanecem na atmosfera durante muito tempo
Quanto á forma de libertação podem ser piroclastos de queda ou piroclastos de fluxo
(nuvens ardentes e escoadas de lama).

• Atividade vulcânica mista:

Alternância de episódios efusivos com explosivos ou ocorrência em simultâneo da libertação

de grandes quantidades de piroclastos e lava.

Lava intermédia, tendendo a ser mais viscosas do que as lavas básicas emitidas no
vulcanismo efusivo. Ou interagir com a água, aumentando o carácter explosivo.
Cone vulcânico com alto declive, composto por camadas de lava alternadas com camadas de
piroclastos. Vulcões compósitos ou estratovulcões.
Vulcanismo Secundário ou residual (fumarolas, géiseres, nascentes termais)
Fenómenos resultantes do calor emitido por magmas ou por rochas por eles aquecidos que
se encontram na crusta
Fumarolas- emanações de gases, geralmente vapor de água, através de fissuras no solo. Os
gases podem ser ricos em enxofre, as sulfataras, ou em dióxido de carbono, as mofetas. O
enxofre pode ser aproveitado para outros fins.
Nascentes termais- fontes de água (proveniente da precipitação que infiltra-se)
subterrâneas sobreaquecidas (pois circulam junto de rochas aquecidas por uma câmara
magmática ou por um corpo ígneo), ricas em sais minerais.
Géiseres- repuxos intermitentes de água em ebulição através de fraturas no solo.
Vulcanismo e tectónica de placas:

• Vulcanismo interplaca, associado aos limites divergentes- vulcanismo de vale de

rifte e convergentes- vulcanismo de subducção. Principalmente nas dorsais
oceânicas; no Anel de Fogo do Pacífico; na cintura do Mediterrâneo aos Himalaias. É
o mais predominante.

Nos limites divergentes (15% da atividade vulcânica). Ocorre um vulcanismo de vale de rifte,
fissural com atividade vulcânica do tipo efusivo ou misto. Nestas zonas, os magmas
basálticos, provenientes do manto, ascendem á superfície formando nova crusta oceânica.
Nos limites convergentes (80% da atividade vulcânica). A subducção provoca a fusão parcial
da placa oceânica, originando magmas de composição intermédia e vulcanismo misto.
Possuem um maior teor de gases, em especial o vapor de água. Apresenta carácter
explosivo.
 • Vulcanismo intraplaca: (5% da atividade vulcânica)

Está associado a pontos quentes que podem ocorrer no interior de placas oceânicas ou de
placas continentais. Estes focos estão associados a plumas térmicas onde ocorre a ascensão
do magma a partir de zonas profundas do manto. Estes são fixos, o que, conjugado com o
movimento da placa oceânica, pode originar a formação de vulcões em cadeia.
A ilha por cima do ponto quente oceânico é a mais recente. Com o afastamento aumenta a
idade e erosão, diminuindo a sua área, podendo ficar submersos sob as águas dos oceanos.
Apresentando o estado de atol: ou de guyot:

Este tipo de vulcanismo explica a existência de ilhas no interior de placas oceânicas; e a

existência de vulcões isolados no interior dos continentes.

Apresenta um magma de natureza basáltica (magma básico).

Resulta da fusão parcial de material do manto.
Erupções geralmente efusivas (lavas fluídas).
Vulcanismo em Portugal
Existe vulcanismo ativo nos Açores, associado ao magma gerrado nos limites divergentes ao
longo da dorsal médio oceânica e do rifte da Terceira. Nos Açores existe o ponto triplo das
placas: Norte-Americana, Euroasiática e Africana sendo propício a erupções
Existem também vestígios de atividade vulcânica com menos de 10 000 anos no arquipélago
da Madeira. Muitos geólogos defendem que o vulcanismo foi causado por um ponto
quente.

Por fim também podemos encontrar vestígios de atividade vulcânica em Portugal

continental, sendo considerado vulcanismo extinto no Complexo vulcânico de Lisboa (e
também no Algarve, no Alentejo e na Estrema-dura). Mas é muito importante pois fornece
evidências da história geológica nacional. Os vestígios são escoados de lava, depósitos de
piroclastos e chaminés vulcânicas.