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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE AGRONOMIA ELISEU MACIEL


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO
E DA ÁGUA

Dissertação

MOVIMENTAÇÃO DE ÁGUA SALOBRA NA LAGUNA DOS PATOS/RS


MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE IMAGENS MODIS

HÉRIC SANTOS

Pelotas, 2018.
HÉRIC SANTOS

MOVIMENTAÇÃO DE ÁGUA SALOBRA NA LAGUNA DOS PATOS/RS


MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE IMAGENS MODIS

Dissertação apresentada ao programa de Pós-


Graduação em Manejo e Conservação do Solo
e da Água da Universidade Federal de Pelotas,
como requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Manejo e Conservação do Solo e da
Água.

Orientadora: Profa Drª. Claudia Fernanda Almeida Teixeira-Gandra


Co-Orientador: Prof. Dr. Fioravante Jaekel dos Santos

Pelotas, 2018.
HÉRIC SANTOS

MOVIMENTAÇÃO DE ÁGUA SALOBRA NA LAGUNA DOS PATOS/RS


MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DE IMAGENS MODIS

Dissertação aprovada, como requisito parcial, para a obtenção do grau de


Mestre em Manejo e Conservação do Solo e da Água, Faculdade de
Agronomia Eliseu Maciel, Universidade Federal de Pelotas.

Data da defesa: 18 de outubro de 2018.

........................................................................................................................................
Profª. Drª. Claudia Fernanda Almeida Teixeira-Gandra (Orientadora)
Doutora em Agronomia na área de Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade de
São Paulo/USP.

........................................................................................................................................
Prof. Dr. Rodrigo Rizzi
Doutor em Sensoriamento Remoto pelo Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais/INPE.

........................................................................................................................................
Drª. Engª. Agrônoma Samira Jaber Suliman Audeh
Doutora em Sistemas de Produção Agrícola Familiar pela Universidade Federal de
Pelotas/UFPEL
Agradecimentos

Quero agradecer aos meus pais, Ricardo Jaekel dos Santos e Tanize Brayer
Martins, pelo apoio incondicional em diversos momentos decisórios no meu
crescimento pessoal e profissional. Com certeza, se hoje cheguei até aqui, foram eles
os responsáveis pela minha caminhada e conquista. Devo mesmo, agradecer a sorte
por tê-los como pais, pois as palavras não descrevem o tamanho da gratidão que hoje
sinto por tudo que fizeram por mim. São meus exemplos de vida.
À minha irmã agradeço o amor, embora estejamos distantes, ainda assim
continuamos ligados pelo carinho e atenção que temos um para com o outro.
À minha família, pelas palavras de conforto, carinho, conselhos e empatia nos
momentos mais difíceis dessa trajetória.
À minha namorada, Larissa Acosta Lemos, grande incentivadora para que eu
não desistisse dos meus sonhos e, principalmente, pelo incentivo para que eu
chegasse até aqui. Agradeço pelo companheirismo, compreensão, amor, carinho e o
apoio incondicional nos momentos bons e ruins.
À Professora Drª. Claudia Fernanda Almeida Teixeira-Gandra, por aceitar
orientar-me neste trabalho desafiador, pela disposição, atenção e paciência naqueles
momentos, quando perdi o eixo da terra.
Ao Professor Dr. Fioravante Jaekel dos Santos, pelo conhecimento transmitido
durante todo o percurso acadêmico. Agradeço a amizade que foi construída durante
essa trajetória, a contribuição para a minha construção moral e ética. Tenho um
grande respeito e simpatia pela pessoa que és.
Ao Corpo Docente do Programa de Pós-Graduação em Manejo e Conservação
do Solo e da Água (PPG MACSA), agradeço o progresso que obtive pelos professores
de grande qualificação.
Agradeço a todos os colegas do PPG MACSA que me ampararam nesta
trajetória, em especial, ao colega Gabriel da Silva Lemos, pela disponibilidade e
solidariedade. Da mesma forma, agradeço aos colegas Anderson Dias Silveira, Thais
Palumbo Silva, Stefan Domingues Nachtigall, Mussa Mamudo Salé, pelas
contribuições e troca de conhecimento no transcorrer do mestrado.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de
Financiamento 001.
Resumo
SANTOS, Héric. Movimentação de água salobra na laguna dos Patos/RS
mediante a utilização de imagens MODIS. 2018, 106f. Dissertação (Mestrado em
Manejo e Conservação do Solo e Água) – Programa de Pós-Graduação em Manejo
e Conservação do Solo e da Água, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2018.

Diante de um cenário mundial de eminente escassez dos recursos hídricos, é de


grande importância a consciência do uso racional que estes recursos naturais finitos
se apresentam na natureza. Neste contexto, a laguna dos Patos, localizada no estado
Rio Grande do Sul, por ser uma fonte de água doce de grande interesse a adversos
setores econômicos e ambientais, apresenta como fator complicador a inserção de
água salgada pela Barra dos Molhes. Nessa conjuntura, objetivou-se identificar e
estimar a dinâmica espaço-temporal da movimentação de água salobra na laguna dos
Patos, no estado do Rio Grande do Sul, mediante o uso de imagens de sensoriamento
remoto. Para tanto, utilizando-se do sensor MODIS, foram analisadas 8766 imagens
digitais entre os anos de 2003 a 2014. A partir da observação visual foram
selecionadas 542 imagens para a classificação supervisionada. Para esse processo
foi utilizado o software SPRING e foram criadas algumas amostras de água que
representariam os corpos de água doce e salobra na laguna dos patos. O resultado
dessa operação possibilitou que fosse identificado um determinado número de anos
com até 15%, outros com 15% a 40%, além de períodos acima de 40% de
preenchimento de água salobra na área da laguna. Além da quantificação das áreas,
foi possível identificar a dinâmica sazonal do comportamento da água salobra,
próximo aos municípios ribeirinhos. Com base nos dados obtidos, a quantificação do
número de imagens, pelos satélites Aqua e Terra, revelaram um potencial na
disponibilidade de pelo menos uma imagem por mês, com exceção dos meses de
junho de 2003 e agosto de 2004. De acordo com os resultados, 2005 e 2012 foram os
anos que apresentaram as maiores dimensões de área salobra, sendo em alguns
momentos, acima de 50% da área total. Além disso, o município de São José do Norte
foi o mais atingido pela ocorrência de áreas salobras, apresentando pelo menos 30%
de todo o período analisado. Além desse município, Mostardas, Palmares do Sul e
Viamão, em diversos momentos, apresentaram áreas com comportamentos
espectrais similares às amostras do Oceano Atlântico, o que possivelmente tenha sido
provocada pela existência de paleocanais próximos a região de Mostardas. Assim,
diante dos resultados obtidos foi possível concluir que é possível utilizar o sensor
MODIS para fins de mapeamento, quantificação e análise sazonal da água salobra na
laguna dos Patos, localizada no estado do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave: Salinidade; Sistema de Informação Geográfica; Satélites Aqua e


Terra; Sensoriamento remoto.
Abstract

SANTOS, Héric. Brackish water movement in the Patos / RS lagoon using


MODIS images. 2018, 106f. Dissertation (Master in Soil and Water Management and
Conservation) - Post-Graduate Program in Soil and Water Management and
Conservation, Federal University of Pelotas, Pelotas, 2018.

Faced with a worldwide scenario of imminent scarcity of water resources, awareness


of the rational use of these finite natural resources in nature is of great importance. In
this context, the Patos lagoon, located in the state of Rio Grande do Sul, as a source
of fresh water of great interest to adverse economic and environmental sectors,
presents as a complication the insertion of salt water by the Barra dos Moles. In this
juncture, the objective was to identify and estimate the space-time dynamics of the
brackish water movement in the Patos lagoon, in the state of Rio Grande do Sul,
through the use of remote sensing images. To do so, using the MODIS sensor, 8766
digital images were analyzed between the years 2003 to 2014. From the visual
observation, 542 images were selected for the supervised classification. For this
process, using the SPRING software, some water samples were created which would
represent the bodies of fresh and brackish water in the Patos lagoon. The result of this
operation allowed a number of years to be identified with up to 15%, others with 15%
to 40%, and periods above 40% of brackish water filling in the lagoon area. Besides
the quantification of the areas, it was possible to identify the seasonal dynamics of the
brackish water behavior, close to the riparian municipalities. Based on the data
obtained, the quantification of the number of images by the satellites Aqua and Terra
revealed a potential in the availability of at least one image per month, with the
exception of the months of June 2003 and August 2004. According to the results, 2005
and 2012 were the years that presented the largest dimensions of brackish area, being
in some moments, over 50% of the total area. In addition, the city of São José do Norte
was the most affected by the occurrence of brackish areas, presenting at least 30% of
the analyzed period. Besides this city, Mostardas, Palmares do Sul and Viamão, at
different times, presented areas with similar spectral behavior to the samples of the
Atlantic Ocean, possibly provoked by the insertion of paleocannals near the region of
Mostardas. Therefore, it was possible to conclude that it is possible to use the MODIS
sensor for mapping, quantification and seasonal analysis of brackish water in the Patos
lagoon, located in the state of Rio Grande do Sul.

Keywords: Salinity; Geographic Information System; Satellite, Aqua and Terra; remote
sensing.
Lista de Figuras

Figura 1: Divisão das regiões hidrográficas do estado do Rio Grande do Sul, indicando
através da cor rosa a bacia Litorânea, em amarelo a bacia do Guaíba e em
laranja a bacia do Uruguai. ........................................................................ 18

Figura 2: Mapa de isoietas da precipitação total anual (mm) do estado do Rio Grande
do Sul. ........................................................................................................ 22

Figura 3: Desníveis hídricos em consequência das predominâncias de ventos


sudoeste (a) e nordeste (b) na laguna dos Patos. ..................................... 23

Figura 4: Representação geográfica da produtividade média de arroz em casca no RS


entre 2013-2015. ........................................................................................ 26

Figura 5: Panorama do número médio de bovinos por ano e por município no estado
do Rio Grande do Sul entre 2013-2015. .................................................... 28

Figura 6: Precipitação pluvial média anual (mm) durante a ocorrência de eventos El


Niño, La Niña, anos Neutros e a média geral, para o período de 1961-2010,
no estado do Rio Grande do Sul. ............................................................... 36

Figura 7: Localização do estado do Rio Grande do Sul, com a representação da laguna


dos Patos destacada em vermelho. ........................................................... 37

Figura 8: Localização dos municípios de Rio Grande, São José do Norte, Pelotas e
Turuçu, com o canal dos Molhes, onde conecta a laguna dos Patos ao
Oceano Atlântico. ....................................................................................... 38

Figura 9: Polígonos para o treinamento do classificador, sendo em vermelho, a


indicação das amostras de água doce e as azuis, a água salobra sob uma
imagem MODIS, satélite Terra, no dia 2 de abril de 2008.......................... 42

Figura 10: Área de estudo pós classificação, onde consta a representação dos corpos
de água doce (verde) e salobra (azul). ...................................................... 43
Figura 11: Número médio mensal de imagens obtidas pelos satélites Terra e Aqua,
bem como a média destes, considerando o período de 2003 a 2014, na
laguna dos Patos/RS. ................................................................................ 47

Figura 12: Área média da laguna dos Patos ocupada com água classificada como
doce e salobra, durante o período de 2003 a 2014. ................................... 48

Figura 13: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce e salobra na laguna dos
Patos/RS, no dia 15 de julho de 2005. ....................................................... 51

Figura 14: Produto final de uma imagem MODIS, disponível pela NASA, que
demonstra um recorte da laguna dos Patos, no dia 15 de julho de 2005. . 52

Figura 15: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul),
na laguna dos Patos/RS, no dia 13 de julho de 2010. ............................... 53

Figura 16: Produto final de uma imagem MODIS, disponível pela NASA, que
demonstra um recorte da laguna dos Patos, no dia 13 de julho de 2010. . 54

Figura 17: Variabilidade da área da água salobra e doce ao longo de 2011, na laguna
dos Patos/RS. ............................................................................................ 55

Figura 18: Variabilidade da área contendo água salobra ao longo dos anos de 2003,
2010, 2011 e 2014, na laguna dos Patos/RS. ............................................ 56

Figura 19: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul),
na laguna dos Patos/RS, no dia 19 de dezembro de 2011. ....................... 57

Figura 20: Média geral das áreas salobras, constatadas nos anos de 2003, 2010, 2011
e 2014, no interior da laguna dos Patos. .................................................... 58

Figura 21: Média sazonal dos períodos com menor área (até 15%) de água salobra
no interior da laguna dos Patos/RS, considerando os anos de 2003, 2010,
2011 e 2014, para as estações do ano. ..................................................... 59

Figura 22: Comportamento médio sazonal dos períodos com áreas de até 15% de
água salobra, na laguna dos Patos/RS. ..................................................... 59
Figura 23: Variabilidade das áreas contendo água salobra ao longo dos anos de 2004,
2006, 2007, 2008, 2009 e 2013, na laguna dos Patos/RS. ........................ 61

Figura 24: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul),
na laguna dos Patos/RS, no dia 6 de janeiro de 2009. .............................. 62

Figura 25: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul),
na laguna dos Patos/RS, no dia 21 de janeiro de 2009. ............................ 63

Figura 26: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul),
na laguna dos Patos/RS, no dia 24 de outubro de 2006. ........................... 65

Figura 27: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul)
na laguna dos Patos/RS, no dia 17 de setembro de 2004. ........................ 67

Figura 28: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul),
na laguna dos Patos/RS, no dia 12 de outubro de 2004. ........................... 68

Figura 29: Média geral mensal das áreas consideradas salobras para o grupo
considerado intermediário (de 15 a 40% da área), para a laguna dos
Patos/RS. ................................................................................................... 69

Figura 30: Média sazonal do período considerado intermediário (de 15 a 40% da área),
para a laguna dos Patos/RS, considerando os anos de 2004, 2006, 2007,
2008, 2009 e 2013. .................................................................................... 70

Figura 31: Média em relação às estações do ano para as áreas ocupadas com água
salobra, considerado a classificação intermediária (de 15 a 40% da área),
para a laguna dos Patos/RS, considerando os anos de 2004, 2006, 2007,
2008, 2009 e 2013. .................................................................................... 72

Figura 32: Variabilidade da área contendo água salobra ao longo dos anos de 2005,
2008, 2011 e 2012, na laguna dos Patos/RS. ............................................ 73

Figura 33: Classificação supervisionada das imagens da laguna dos Patos/RS, nos
meses de fevereiro e março, para os anos de 2005 e 2012, contendo as
áreas com água salobra e doce. ................................................................ 74
Figura 34: Média sazonal dos períodos de grandes áreas com água salobra (acima de
40% da área), para a laguna dos Patos/RS, considerando os anos de 2005
e 2012. ....................................................................................................... 76

Figura 35: Porcentagem das áreas salobras, considerando os valores médios, nas
quatro estações do ano, para o período de 2003 a 2014, na laguna dos
Patos/RS. ................................................................................................... 76

Figura 36: Apresentação da frequência (número de meses) e abrangência das áreas


identificadas por água salobra, entre os anos de 2003 a 2008. ................. 79

Figura 37: Apresentação da frequência (número de meses) e abrangência das áreas


identificadas por água salobra, entre os anos de 2009 a 2014. ................. 80

Figura 38: Quantificação das áreas salobras que correspondem a 10, 20 e 30% de
todo o período analisado. ........................................................................... 89
Lista de Tabelas

Tabela 1: Quantificação das áreas plantadas por arroz (ha) para alguns municípios
em cinco safras agrícolas........................................................................... 25

Tabela 2: Especificações do espectrorradiômetro MODIS para as bandas 1, 2, 3 e 4.


................................................................................................................... 40

Tabela 3: Quantificação do número de imagens mensais, totais e médias mensais


obtidas pelo satélite Aqua, para a laguna dos Patos, no período de 2003 a
2014 livre de cobertura de nuvens. ............................................................ 45

Tabela 4: Quantificação do número de imagens mensais, totais e médias mensais


obtidas pelo satélite Terra, para a laguna dos Patos, no período de 2003 a
2014 livre de cobertura de nuvens ............................................................. 46

Tabela 5: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em
2003. .......................................................................................................... 78

Tabela 6: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em
2004. .......................................................................................................... 81

Tabela 7: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em
2005. .......................................................................................................... 82

Tabela 8: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em
2006. .......................................................................................................... 83

Tabela 9: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em
2007. .......................................................................................................... 84

Tabela 10: Comparação entre os anos de 2007 e 2008, da maior frequência mensal
dos municípios atingidas por água salobra. ............................................... 85

Tabela 11: Comportamento anual da relação de abrangência (km²), em função da sua


frequência. ................................................................................................. 86
Sumário
1. Introdução......................................................................................................... 14

2. Hipótese ............................................................................................................ 16

3. Objetivos ........................................................................................................... 16

3.1. Geral ........................................................................................................... 16


3.2. Específicos .................................................................................................. 16

4. Revisão Bibliográfica ....................................................................................... 17

4.1. Regiões Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul ............................ 17


4.2. Caracterização da Laguna dos Patos ......................................................... 19
4.3. Fatores Climáticos da Região ..................................................................... 21
4.3.1. Efeitos da Salinização na Laguna dos Patos .......................................... 24

4.4. Sensoriamento Remoto .............................................................................. 29


4.4.1. Produtos do Sensor Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer
(MODIS) ............................................................................................................. 30
4.4.2. Comportamento Espectral da água ......................................................... 31
4.4.3. Classificação por Máxima Verossimilhança (Maxver) ............................. 33

4.5. Fenômenos Climáticos ................................................................................ 34


4.5.1. El Niño Oscilação Sul (ENOS) ................................................................ 34

5. Material e Métodos ........................................................................................... 37

5.1. Área de Estudo ........................................................................................... 37


5.2. Aquisição e Seleção de Imagens ................................................................ 38
5.3. Classificação das Imagens ......................................................................... 40

6. Resultados e Discussão ................................................................................. 45

6.1. Quantificação das Imagens ......................................................................... 45


6.1.1. Quantificação das Áreas Salobras na Laguna do Patos ......................... 48
6.1.2. Períodos com os menores valores de áreas de água salobra (até 15%) 55
6.1.3. Períodos com valores intermediários de áreas de água salobra (15 a
40%) 60
6.1.4. Períodos com grandes áreas de água salobra (acima de 40%) .............. 72
6.1.5. Modelagem das classificações de imagens com áreas salobras na laguna
dos Patos ........................................................................................................... 77
7. Conclusões ....................................................................................................... 90

Referências .............................................................................................................. 91

Apêndices .............................................................................................................. 101

Apêndice A- Datas de aquisição de imagens dos satélites Terra e Aqua, entre os


anos de 2003 a 2014. Os satélites Terra, Aqua e ambos estão simbolizados,
respectivamente, pelos números 1, 2 e 3. ........................................................... 102
Apêndice B - Tabela geral com a média das áreas salobras (km²) entre os anos de
2003 a 2014. Para aqueles valores que estão indicados em vermelho, os dados
foram calculados através da interpolação linear. Já para os dados em azul, indica
o mês do ano com maior área salobra. ............................................................... 101
Apêndice C - Comportamento da área ocupada por água salobra, considerando
estação do ano em todo o período analisado. ..................................................... 102
14

1. INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a escassez de água tem sido resultado do aumento das
demandas pelos recursos naturais, atreladas, muitas vezes, a poluição e uso
desordenado dos recursos hídricos. Esses acontecimentos, muitas vezes, são
consequências das ambiciosas necessidades providas das atividades humanas, que
nas atuais circunstâncias dependem, por exemplo, de sistemas de múltiplos usos das
águas. Nessa situação é importante atentar para a problematização da escassez de
água, visto que as projeções para os próximos anos tendem a serem agravadas pelo
aumento demográfico populacional e, consequentemente, maiores impactos
ambientais (BARROS e AMIN, 2008).
No Brasil, os problemas de escassez hídrica são decorrentes não só da
demanda excessiva, mas, sobretudo do mau uso e falta de controle e regulamentação
das fontes de poluição (NOVO, BARBOSA e FREITAS, 2007). Além disso, o
percentual de disponibilidade de água doce (JENSEN, 2009) equivale, em média, a
3% do total de água existente no planeta, sendo distribuído para córregos, rios, lagos
e reservatórios 0,02%, 0,6% destinados aos aquíferos subterrâneos, 0,001% na forma
de nuvens e 2,2% para as coberturas de gelo, o que indica intuitivamente uma
previsão para o agravamento da crise hídrica, caso a filosofia de uso indiscriminado
de água permaneça, culminando na escassez ou falta deste recurso.
Diante do contexto, ainda é importante destacar a variabilidade sazonal na
disponibilidade hídrica, ou seja, alterações naturais que o clima do nosso planeta
propicia nos componentes do ciclo hidrológico, tais como: influência do El Niño e La
Niña, aquecimento global, alterações temporais e espaciais da precipitação e, por
consequência, na vazão, ciclos atmosféricos, dentre outros.
A laguna dos Patos é um ambiente natural localizada no estado do Rio Grande
do Sul e que apresenta uma área de aproximadamente 10.360 km². Essa importante
laguna recebe uma mistura de água doce, proveniente das precipitações no
continente, com a entrada de água salgada pela conexão com o Oceano Atlântico,
originando um ecossistema tipicamente estuarino (CUNHA e HARTMANN, 2009).
Hartmann e Schettini (1991) reforçam que as características da laguna, quanto à
morfologia, amplitude no valor de maré, e a ação constante dos fatores
meteorológicos, locais e sazonais, principalmente dos ventos e da precipitação nas
bacias hidrográficas da laguna dos Patos e Mirim, estabelecem condições especiais,
15

que influenciam os parâmetros ambientais e hidrológicos do entorno, inclusive no


comportamento salino sazonalmente na referida laguna.
Considerando a imensa área que a laguna ocupa no território do Estado, além
das variações das características específicas da região, há de certa forma, uma
dificuldade, quando o propósito é estudar a relação da dinâmica hidroclimática da
mesma, tornando muitas vezes inviável a realização de pesquisas na área.
Diante dessa realidade, uma das ferramentas que favorece a pesquisa para o
conhecimento do comportamento de qualquer corpo hídrico é o sensoriamento
remoto. Esta ferramenta tem a capacidade de fornecer dados homogêneos, objetivos
e multitemporais, permitindo cobrir extensas áreas (FORMAGGIO et al., 2005). Sua
aplicação nas áreas de levantamentos de recursos naturais e mapeamentos
temáticos, monitoramento ambiental, detecção de desastres naturais, desmatamentos
florestais, previsões de safras, cadastramentos multifinalitários, cartografia de
precisão, defesa e vigilância, entre outras, tem sido destacada por Menezes e Almeida
(2012).
Estabelecida a relevância da aplicação dessa ferramenta em pesquisas, foi
criado um programa internacional chamado Earth Observing System (EOS), liderado
pela National Aeronautics and Space Administration (NASA), com o propósito de
monitorar e compreender os principais componentes do sistema climático e suas
interações através de observações globais (RUDORFF, SHIMABUKURO e
CEBALLOS, 2007). Um dos satélites utilizados para essa finalidade é o Terra (EOS
AM-1), lançado no ano 1999 e Aqua (EOS PM-1), no ano de 2002, os quais sustentam
em suas plataformas uma série de instrumentos, que realizam o sensoriamento
remoto da Terra, sendo um deles chamado de Moderate Resolution Imaging
Spectroradiometer (MODIS).
Em conformidade a esse aspecto, e levando em consideração a melhoria na
qualidade dos detectores responsáveis pelo sistema de imageamento, o aumento de
número de bandas, a utilização de algoritmos que proporcionam uma alta qualidade
nas correções atmosféricas, radiométricas e geométricas comprovam a importância
desse instrumento para a utilização nesse estudo. A resolução temporal de 1-2 dias,
com uma faixa de imageamento de 2330 km também contribui para o aumento de
revisita em uma mesma área, além de praticar uma política de distribuição gratuita,
viabilizando a acessibilidade por qualquer pesquisador (JENSEN, 2009; SOARES,
BATISTA E SHIMABUKURO, 2007).
16

2. HIPÓTESE

É possível monitorar a movimentação da água salobra na laguna dos Patos,


RS, a partir da utilização do sensor MODIS.

3. OBJETIVOS

3.1. Geral
Identificar e estimar a dinâmica espaço-temporal da água salobra na laguna
dos Patos, RS, mediante o uso de imagens de sensoriamento remoto.

3.2. Específicos

a) Realizar a classificação supervisionada das imagens digitais, para aqueles


períodos em que não houve a interferência de nuvens sobre a área delineada
na laguna dos Patos, a fim de identificar as áreas salobras.
b) Quantificar espacial e temporalmente a abrangência das áreas da laguna dos
Patos, que apresentam possíveis circulações da água salobra, provenientes da
entrada de água do Oceano Atlântico.
c) Avaliar a sazonalidade das áreas que sofrem influência pela salinização das
águas salobras.
17

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1. Regiões Hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul possui uma das redes hidrográficas com maior
disponibilidade de água no País, com densa malha hidrográfica superficial, dividida
em três grandes bacias: a bacia do Uruguai, que drena cerca de 45,1% da área total
do Estado, a do Guaíba, 30,4%, e a Litorânea, abrangendo cerca de 20,3% do
território (MMA, 2006; SEMA, 2012; ANA, 2017; MARCUZZO, 2018). Portanto, a
metade das lâminas precipitadas no Estado, acabam tendo como exutório a laguna
dos Patos.

Conforme a lei Estadual no 10.350 de 1994, Art. 38, incisos I, II, III, define as
regiões hidrográficas do Rio Grande do Sul, como Região Hidrográfica da Bacia do
Uruguai, Região Hidrográfica da Bacia do Guaíba e Região Hidrográfica da Bacia
Litorânea, como pode ser visualizado através da
18

Figura 1.

Figura 1: Divisão das regiões hidrográficas do estado do Rio Grande do Sul, indicando através da cor
rosa a bacia Litorânea, em amarelo a bacia do Guaíba e em laranja a bacia do Uruguai.
Fonte: SEMA/DRH – Julho/2008.

A Região Hidrográfica da bacia do Uruguai apresenta uma área de 126.718,97


km2, localizada nas zonas norte e oeste e está dividida em onze bacias, tais como:
Apuaê-Inhandava, Passo Fundo, Várzea, Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo, Ijuí,
Piratinim, Butuí-Icamaquâ, Ibicuí, Quaraí, Santa Maria e Negro, todos esses
apresentam como principal exutório, o Rio Uruguai (SEMA, 2012).
A Região Hidrográfica do Guaíba situa-se na porção centro-leste do RS, e
possui uma área aproximada de 84.800,10 km2, dividida em nove bacias: Alto Jacuí,
Baixo Jacuí, Caí, Gravataí, Lago Guaíba, Pardo, Sinos, Taquari-Antas e Vacacaí e
Vacacaí-Mirim, as quais estão direta ou indiretamente ligadas às descargas de água
no lago Guaíba, que por consequência, também extravasam para a laguna dos Patos
(SEMA, 2012).
19

Por fim, a Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas encontra-se nas partes
sul e leste do litoral gaúcho, abrangendo as áreas geomorfológicas do Planalto
Meridional, Planície Costeira e Escudo Sul-Rio-Grandense, com área de
aproximadamente 57.368,31 km2. Dentro dessa região hidrográfica há, ainda, a
subdivisão em cinco bacias hidrográficas, que são: Rio Mampituba, Mirim-São
Gonçalo, Rio Tramandaí, Rio Camaquã e a do Litoral Médio. Todas as bacias citadas
desaguam na laguna, com exceção da bacia Rio Mampituba e Rio Tramandaí, cujas
vazões efluentes desaguam no Oceano Atlântico.

4.2. Caracterização da Laguna dos Patos

A laguna dos Patos é considerada a maior do tipo estrangulada do mundo


(TROCA e VIEIRA, 2012) e representa grande importância ambiental, social e
econômica para a região, principalmente pelas variações cíclicas, caracterizadas pela
ocorrência de movimentação de águas salinas.
De acordo com Toldo Jr (1991), a laguna desenvolve-se de forma paralela à
linha de costa, e encontra-se abrigada da intensa atividade das águas do Oceano
Atlântico, por um sistema de barreiras arenosas. Entretanto, este sistema protegido é
considerado um ambiente marinho e influenciado, principalmente no setor sul, pela
água oceânica, que ingressa ciclicamente em pequenas proporções, através do
estreitamento e único canal que comunica atualmente a laguna ao oceano, em Rio
Grande/RS, onde as características oceânicas são de micro marés. Com uma área da
ordem de 10.000 km2, é o sistema lagunar mais extenso da América do Sul, cujo
escoamento acompanha o eixo principal, com orientação geral NE - SW. Este eixo
tem aproximadamente 180 km de comprimento, entre o Pontal de Itapuã e o Pontal
da Feitoria. A largura máxima atinge 59,8 km e a profundidade média é de 6 m.
A conexão existente no canal Molhes em Rio Grande apresenta grande
interesse econômico para o Estado, principalmente, para as atividades exercidas pela
navegação. De acordo com Oliveira e Griep (2004), a navegação em todo o corpo
lagunar interconecta os principais portos do Estado, localizados em Porto Alegre,
Pelotas e Rio Grande, e que são responsáveis pela movimentação anual de
aproximadamente 22.500.000 ton de produtos variados. Essas movimentações
modificaram-se nos últimos anos, em decorrência das ampliações dos portos, como
20

por exemplo, o de Rio Grande, que conforme dados do segundo trimestre de 2018,
fornecidos pela Agência Nacional de Transportes e Aquaviário (ANTAQ), apresentou
uma movimentação de cerca de 6,7 milhões de ton de diversos produtos. Diante desse
cenário, o trânsito naval torna-se destaque para muitos interesses econômicos, na
esfera estadual e federal, e que são favorecidos pela conexão da laguna com o
Oceano Atlântico.
Entretanto, para favorecer a navegação, algumas obras foram necessárias,
como, por exemplo, o aprofundamento do calado dos molhes, que passou de 14 m,
para 18 m, bem como o prolongamento dos trechos Leste (370 m) e Oeste (700 m)
(BURGUEÑO, 2009; WITTER, 2010; GARIBALDI, 2011; RABASSA, 2011).
A obra de ampliação do calado dos Molhes iniciou em 2001 e foi finalizada em
28 de fevereiro de 2011, proporcionando modificações geomorfológicas na região,
além de alterações nos fluxos de enchente, vazante e inserção de volumes de água
salgada na desembocadura e na laguna dos Patos. (BURGUEÑO, 2009; GARIBALDI,
2011). Fernandes, Cecílio e Schiller (2006) avaliaram possíveis impactos das obras
de extensão dos Molhes da Barra, usando simulações numéricas para analisar a
circulação da água no estuário da laguna dos Patos, comparando cenários com e sem
modificação das obras de ampliação na extensão e aprofundamento do canal dos
Molhes. Os autores concluíram que a realização das obras de extensão e
aprofundamento do canal apresentou um potencial na redução da distância e
penetração do gradiente salino, bem como da cunha salina. Além disso, os mesmo
autores complementam que esses resultados apresentam um potencial na diminuição
da entrada de organismos marinhos, como fitoplânctons, peixes, crustáceos, dentre
outros, que consequentemente, acabam desequilibrando todos os setores
econômicos da região, interligados às atividades pesqueiras.
Baseado em dados sísmicos, geocronológicos, sedimentológicos e
paleontológicos, de acordo com Weschenfekder et al. (2008), a sedimentação dos
canais costeiros (atuais paleocanais) aconteceu entre o último evento transgressivo
(Final do Pleistoceno) e mar alto (Holoceno) soterrados progressivamente por
sedimentos fluviais, estuarinos e marinhos. Dessa forma, outra característica da
laguna dos Patos, bastante discutida sobre sua veracidade, são as evidências de
paleocanais existentes na planície costeira externa do RS, os quais apresentam
canais permeáveis que permitem a drenagem fluvial subterrânea, entre a laguna dos
Patos e o Oceano Atlântico.
21

De acordo com Toldo et al. (1991), Bostolin (2011) e Weschenfelder et al.


(2014), na região da Barra Falsa, localizada no distrito de Bojuru, no município de São
José do Norte, revelam, através de levantamentos sísmicos, análise da composição
textural e estudos litológicos das camadas mais inferiores do solo, mostrando haver
evidências da existência de paleocanais nesta região, que favorecem a movimentação
dos fluxos de água doce e salobra na região.
Além dessa região, Abreu e Calliari (2005), Biatelli (2012) e Weschenfekder et
al. (2014), também afirmam haver a existência de paleocanais nas regiões de
Mostardas e Palmares do Sul. Em consideração a isso, segundo Carmona (2011), foi
constatado a presença de sais nessas regiões, demonstrando, especificamente, altos
valores de condutividade elétrica, teores de sódio e porcentagem de sódio trocáveis,
devido, provavelmente, a gênese do solo.

4.3. Fatores Climáticos da Região

Möller Jr. e Fernandes (2010) citam que as variações de água doce na laguna
estão intimamente relacionadas à época do ano, bem como com as lâminas
precipitadas e onde estas ocorrem. Com relação à precipitação, Britto, Barletta e
Mendonça (2008) estabeleceram que o valor médio para o RS é de 1500 mm. Ainda,
ressaltam que a região norte do Estado exibe os maiores índices pluviais, com totais
superiores a 1500 mm; enquanto no sul, valores totais inferiores a 1500 mm. Além
disso, os mesmo autores, considerando a sazonalidade, para a zona norte do Estado
as máximas precipitações pluviais ocorrem na época do verão, em decorrência da
formação de sistemas atmosféricos, que promovem na região a passagem de
sistemas frontais. Enquanto que para a região sul do RS, o maior predomínio das
precipitações é no inverno, devido a passagem das frentes frias. Na Figura 2 são
apresentadas as isoietas da precipitação total anual (mm) do estado do Rio Grande
do Sul.
22

Figura 2: Mapa de isoietas da precipitação total anual (mm) do estado do Rio Grande do Sul.
Fonte: Britto, Barletta e Mendonça, 2008.

Fatores relacionados a salinização, decorrente da conformação morfológica da


laguna, as variações na maré, a direção dos ventos e o volume da vazão fluvial dos
principais recursos hídricos que desaguam na laguna dos Patos, acabam por
influenciar nas características hidrológicas da região (ANDRADE, 2016).
Em relação a variação da maré, Carmona (2011) destaca que há pouca
influência nas variações de salinidade na laguna, visto que suas oscilações giram em
torno de 0,45 m. Entretanto, no que se refere a direção dos ventos e a descarga fluvial,
esse cenário muda completamente.
Conforme Castelão e Möller Jr. (2003), esta região apresenta dois tipos de
sistemas de alta pressão predominantes, que são: anticiclone, que atua sobre o
Oceano Atlântico, localizado cerca de 30°S, com grandes fontes de ar quente e úmido
na região; e o outro é o anticiclone de origem polar, que são sistemas que provocam
o deslocamento de massas de ar frio e seco. Esses dois sistemas de alta pressão
apresentam dois sentidos de ventos predominantes na laguna dos Patos, sendo os
do quadrante nordeste (NE), resultantes dos anticiclones do Oceano Atlântico e os
ventos do quadrante sul (SO), oriundos do anticiclone polar (TOMAZELLI e
VILLWOCK, 1992; BURGUEÑO, 2009). Além disso, de acordo com Möller Jr. et al.
23

(1996) e Burgueño (2009), a predominância do vento NE na região na laguna dos


Patos tem uma prevalência maior durante o ano, intensificando-se durante as
estações da primavera e verão. Porém os ventos do quadrante sul ocorrem com maior
ocorrência no outono e inverno, em função do aumento de frentes frias no Estado,
para esta época do ano.
Com a predominância dos ventos na direção nordeste, há um aumento no
gradiente de pressão hídrica na saída dos molhes, o que favorece o aumento do
escoamento de água doce para o oceano. Em compensação, ventos sul e sudeste
apresentam um comportamento oposto, revelando um empilhamento das águas na
região de Itapuã, facilitando a entrada de água marinha pelo estuário da laguna
(BURGUEÑO, 2009; ANDRADE, 2016). A Figura 3 ilustra como funciona o
comportamento do nível da água em função dos dois tipos de ventos predominantes
na região.

Figura 3: Desníveis hídricos em consequência das predominâncias de ventos sudoeste (a) e nordeste
(b) na laguna dos Patos.
Fonte: Möller Jr. e Fernandes, 2010.

Além das condições eólicas, existem ainda as contribuições dos volumes


fluviais para as movimentações salinas no interior do corpo lagunar. Este parâmetro é
influenciado, principalmente, pelo volume de água liberado pelo lago Guaíba, que
apresenta em média de cerca de 1.464 m3 s-1 anualmente, constituindo um dos
24

principais aportes hidrológicos da laguna dos Patos. Em seguida, em menor


proporção, a lagoa Mirim, com média anual aproximada de 700 m3 s-1 de água, sendo
transportada pelo canal São Gonçalo; e, por fim, o Rio Camaquã, com uma
capacidade média anual de 307 m3 s-1 (VAZ, MÖLLER JR. E ALMEIDA, 2006).
Ressalta-se que esses aportes hídricos são os responsáveis pela liberação de água
continental na laguna, o que, intuitivamente, é possível identificar os prováveis fatores
que interferem na entrada de água salina na laguna dos Patos.
Outro fator importante relacionado às variações salinas é a neutralização das
forças dos ventos S e SO, quando sujeitas a valores de vazões superiores a 3.000 m3
s-1 na laguna (MÖLLER JR. e FERNANDES, 2010). Como resultado, tem-se algumas
limitações das influências geradas pelas correntes de ar na zona estudada e,
consequentemente, na sazonalidade das vazões da zona lagunar.

4.3.1. Efeitos da Salinização na Laguna dos Patos

O Rio Grande do Sul é considerado nacionalmente como uma das regiões


estratégicas na produção de diversos produtos agrícolas, sendo uns dos principais
Estados responsáveis pela exportação de fumo, soja e arroz (FEIX, LEUSIN JÚNIOR
e AGRANONIK, 2017). Em relação ao plantio de arroz, desde 2001, os estados de
Santa Catarina e Rio Grande do Sul contribuem com 54% da produção nacional
(STEINMETZ e BRAGA, 2001). De acordo com a CONAB (2018), o RS alcançou uma
produção de cerca de 8.200.000 ton, de acordo com o décimo levantamento de junho
de 2018, o que corresponde a aproximadamente 86% da produção total da região sul.
Em decorrência da variabilidade salina no interior da laguna dos Patos, existem
diversas atividades que acabam sendo prejudicadas ou beneficiadas por essa
mudança de comportamento. Um dos setores atingidos é a agricultura, visto que o
estado do Rio Grande do Sul possui vários municípios que utilizam a água da laguna
para a irrigação (CARMONA, 2011).
Baseado na pesquisa de Meirelles (2018), a região sul do Brasil contém
aproximadamente 90% da produção de arroz irrigado por inundação. Entretanto
Carmona (2011) destaca que praticamente 100% das lavouras do RS são irrigadas
por inundação, sendo que nas regiões Sul e Planície Costeira, a cultura utiliza água
proveniente da laguna dos Patos para seu desenvolvimento. Diante desse cenário,
25

compreende-se os riscos das regiões municipais lindeiras à laguna, que ficam


expostas às variações salinas, oriundas da entrada de água salgada, pela Barra dos
Molhes em Rio Grande. Na Tabela 1 estão os dados disponíveis de área plantada de
arroz, considerando as safras agrícolas de 2005/06 a 2009/10, para alguns municípios
localizados no entorno da laguna e na Figura 4, a localização geográfica dos
municípios do RS, quanto à produtividade de arroz em casca, no período de safra
entre 2013 a 2015 (IRGA, 2011).

Tabela 1: Quantificação das áreas plantadas por arroz (ha) para alguns municípios em cinco safras
agrícolas.
Área Plantada (ha)
Município
2005/06 2006/07 2007/08 2008/09 2009/10
Mostarda 33.225 33.397 35.540 36.428 35.690
Camaquã 29.250 27.825 31.375 33.022 31.510
Viamão 22.712 22.876 23.331 24.900 23.524
Palmares do Sul 19.211 18.865 18.865 19.685 21.160
Rio Grande 16.240 16.700 18.800 19.800 20.590
Arambaré 14.420 14.550 15.702 15.100 14.650
Fonte: IRGA, 2011.
26

Figura 4: Representação geográfica da produtividade média de arroz em casca no RS entre 2013-


2015.
Fonte: Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2017.

De acordo com os dados, desde a safra de 2005/06, Mostardas, Camaquã e


Viamão são os principais municípios que detêm as maiores áreas plantadas no
entorno da laguna. Conforme os resultados preliminares do censo agropecuário de
2017, ainda Mostardas e Camaquã continuam sendo as localidades de maiores
quantidades produzidas de arroz em casca, se comparadas às demais regiões
adjacentes a laguna dos Patos. A partir dessas informações é possível concluir que
esses municípios que apresentam as maiores representações para a produção de
arroz em casca ao redor da laguna e, em conjunto com os demais municípios,
constituem uma região que demanda grandes quantidades de água para irrigação e,
27

por consequência, são aquelas que estão mais sujeitas a interferência da salinização
na laguna dos Patos.
Os efeitos que a salinidade acarreta para o cultivo de arroz, de acordo
Rodrigues et al. (2005), interfere no crescimento e produção dos grãos, demonstrando
em média uma redução de 7% no rendimento, pelo aumento unitário da condutividade
elétrica da água de irrigação. Os autores indicam ainda que esses efeitos atuam mais
intensamente sobre o sistema radicular, comparativamente a parte aérea, com uma
diferença de cerca de 5,7%. Outra alteração importante é o aumento da eficiência do
uso de água e diminuição da evapotranspiração para aquelas plantas, cujas mudas
sofreram inicialmente estresse salino.
Além da irrigação, existem ainda os impactos associados à dessedentação
animal. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2017), o RS ocupou a sexta colocação no número de rebanho de bovinos
produzidos no Brasil. Essa atividade, conforme Vieira e Sousa (2015), demanda,
diariamente, entre 18 a 46 litros de água por cabeça, dependendo da fase de
desenvolvimento.
Nessas circunstâncias, é evidente que as áreas municipais lindeiras à laguna
dos Patos apresentam desafios, tanto em disponibilizar água para a prática da
irrigação, quanto para a dessedentação animal, em situações que ocorrem períodos
intercalados de salinização. Na Figura 5 é apresentada a distribuição do número de
cabeças por município no estado do Rio Grande do Sul, para o período de 2013 a
2015. O município de Rio Grande, que margeia a laguna, é um dos maiores criadores,
e na sequência encontra-se Pelotas, São Lourenço, Camaquã, São José do Norte,
Tavares, Mostardas e Palmares do Sul, com uma média que varia de 100 a 200 mil
cabeças de bovinos por ano.
28

Figura 5: Panorama do número médio de bovinos por ano e por município no estado do Rio Grande
do Sul entre 2013-2015.
Fonte: Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, 2017.

A água da laguna dos Patos, em consequência de sua hidrodinâmica,


apresenta-se, em várias épocas do ano, com uso inadequado para utilização humana
(CONAMA 2005; LACERDA, 2006). Ainda assim, algumas atividades acabam sendo
favorecidas em detrimento dessa alteração, como por exemplo, uso para recreação,
favorecimento da pesca artesanal de camarão e outros animais marinhos, aquacultura
e lazer, dentre outros.
Os efeitos da salinização ao meio ambiente podem ser identificados através
das mudanças na fauna, que estão sujeitas a qualquer tipo de mudança no
comportamento exposto pela água. Em prol disso, de acordo com Lacerda (2006),
existem diversas classes de animais que, de alguma forma, sobrevivem ou
29

apresentam uma parte de seu ciclo de vida na região da laguna, tais como aves,
invertebrados, mamíferos, peixes, répteis e anfíbios. Um exemplo, que ocorre
sazonalmente na laguna, são as migrações de camarão, siris, bagres, corvinas, etc.,
provenientes do aumento dos níveis de sais solúveis adentrados pelo canal do
município de Rio Grande. Essa mudança também acaba atingindo direta e
indiretamente milhares de pessoas que vivem do pescado de animais marinhos, bem
como desencadeia uma série de variações da venda desses produtos nos setores
industriais, mercado, peixarias, bares, restaurantes e cooperativas (GARCEZ e
BOTERO, 2005).

4.4. Sensoriamento Remoto

De forma geral, o sensoriamento remoto pode ser compreendido como um


instrumento que permite observar objetos que estão dispostos na superfície terrestre,
usado para interpretação de informações, que não necessitem do contato direto com
o objeto. Para isso, esta ferramenta apresenta uma série de atividades que favorecem
o levantamento das informações locais, sendo elas envolvidas através da detecção,
aquisição e análise da energia eletromagnética emitida ou refletida pelo objeto
imageado (MIRANDA, MARQUES e MASSA, 1998).
Essa ferramenta utiliza sofisticados sensores que medem a energia
eletromagnética, que emana de objetos ou regiões geográficas à distância. Para isso,
existem alguns equipamentos que funcionam como sensoriamento remoto, incluindo
câmeras, escâneres, óptico-mecânicos, lasers, sistema de radares, sonares,
plataformas orbital e suborbital, como forma de aquisição de dados (JENSEN, 2009;
MENEZES e ALMEIDA, 2012). Os satélites Terra e Aqua são exemplos de
plataformas orbitais que foram criados com o propósito de coletar informações sobre
as mudanças ambientais no planeta e suas interações. Nesse caso, o Aqua assume
a missão de avaliar as variações do ciclo da água da Terra, evaporação do oceano,
umidade do solo, etc. Enquanto que o satélite Terra foi incumbido de monitorar as
variações da terra, gelo, oceano, balanço energético, dentre outros, a fim de entender
as mudanças ambientais que o planeta está vivenciando.
30

4.4.1. Produtos do Sensor Moderate Resolution Imaging


Spectroradiometer (MODIS)

O sensor MODIS foi projetado para fornecer uma série de observações globais
da superfície terrestre, do oceano e atmosfera. Esse sensor possui uma alta
sensibilidade radiométrica (12 bits), que permite registrar variações de intensidade de
sinal discretizadas em 4.096 níveis, possibilitando detectar variações de energia
refletida pelos sistemas aquáticos, mesmo existindo baixas intensidades de sinais
pela água (NOVO, BARBOSA e FREITAS, 2007).
Outra característica do sensor MODIS é a capacidade de captar imagens com
resolução temporal de 1 a 2 dias, bem como a disponibilidade de duas imagens
diárias, uma vez que o satélite Terra foi projetado para realizar observações às 10:30
AM horário local e sentido descendente, enquanto o satélite Aqua, às 13:30 PM
horário local e sentido ascendente. Essas informações são fundamentais para a
utilização em estudos que envolvem recursos hídricos, como por exemplo, na laguna
dos Patos. Com a maior frequência de imageamento em decorrência do número de
passagens dos satélites Terra e Aqua, resulta, dessa maneira, em um aumento das
possibilidades de obtenção de imagens, sem a interferência de nuvens para uma dada
localidade.
Conforme Jensen (2011), o sensor apresenta como característica uma
resolução espectral de 36 bandas (posicionadas entre 405 e 14.385 nm). Essas
propriedades propiciam maior sensibilidade do sensor em caracterizar um
determinado objeto. De acordo com Novo, Barbosa e Freitas (2007), o MODIS permite
a aquisição instantânea de dados sobre grandes extensões de rios e lagos,
comparativamente a outros sensores de menor campo de varredura, como por
exemplo, o sensor TM do satélite Landsat-5, em que são necessárias várias cenas
para cobrir a mesma região. Isso é devido ao MODIS apresentar campo de visada de
110 graus, a uma altura de 705 km, que resulta numa faixa de imageamento de 2.330
km (SOARES, BATISTA e SHIMABUKURO, 2007). Entretanto, de acordo com Arai e
Freitas (2007), é importante ressaltar que os dados imageados na borda devem ser
utilizados com certo cuidado, em detrimento da deformação dos pixels. Essa questão,
segundo os autores, ocorre devido ao maior distanciamento da área imageada ao se
31

aproximar do limite da faixa de imageamento, sendo esse agravado pela curvatura da


Terra.
A possibilidade de adquirir informações instantâneas de dados de grandes rios
e lagos torna o uso do sensor MODIS atrativo, uma vez que a laguna dos Patos ocupa
uma área muito extensa e com variações hidrológicas distintas. Tais variações são
oriundas, principalmente, pela existência do lago Guaíba, rio Camaquã e lagoa Mirim,
que acabam interferindo na composição de sedimentos em suspensão e na vazão de
água doce no corpo lagunar (PEREIRA e FERNANDES, 2015).
Diante dessa variedade hidrológica, o uso do sensor MODIS também é indicado
por apresentar várias bandas em uma mesma região do espectro eletromagnético.
Segundo Novo, Barbosa e Freitas (2007), para as aplicações nos estudos de
propriedades dos sistemas aquáticos continentais, as bandas mais indicadas, do
ponto de vista espectral, são as aplicações oceanográficas, uma vez que apresentam
maior número de bandas e localizações em regiões distintas do espectro
eletromagnético (bandas de 9 a 16). Conforme os autores são bandas estreitas (10 e
20 nanômetros de largura), admitindo o seu posicionamento em uma vasta zona
espectral, que provoca a decomposição do sinal, decorrente dos diferentes
constituintes.
Entretanto, as bandas com aplicação marinha têm baixa resolução espacial (1
km), ocasionando assim limitação para as aplicações em águas continentais, devido
a mistura de diversos alvos em um só pixel. Este fato justifica o motivo pela qual as
bandas de 1 a 4 devem ser usadas, uma vez que as bandas 1 e 2 apresentam
resoluções espaciais de 250 m e as bandas 3 e 4 de 500 m. Assim, possibilitam menor
mistura de pixels e maior fidedignidade das regiões hídricas da laguna por identificar
uma fração menor da área imageada, comparativamente a resolução espacial do
sistema aquático marinho.

4.4.2. Comportamento Espectral da água

Segundo Kampel e Lorenzzetti (2007), uma das principais aplicações dos


dados MODIS, em oceanografia, é o estudo da cor do oceano. Entretanto, para utilizar
essa ferramenta é necessário conhecer os diversos comportamentos espectrais que
a água exibe e que são detectados pelo sensor. Tais comportamentos podem ser
32

observados na diferenciação entre a água pura, água com material orgânico e/ou
inorgânico e também, na presença de microrganismos nos cursos hídricos
(FERREIRA e PEREIRA FILHO, 2009).
A expressão ‘água pura’ é assim chamada para especificar a água com
ausência de materiais orgânicos e inorgânicos. Por conta disso, em uma análise
sensorial é possível notar um comportamento espectral adverso, se comparado com
a água com alguma turbidez. Dessa forma, o comportamento exibido pela água pura
apresenta, em particular, o seu maior espalhamento da luz, na região do comprimento
de onda de 400 a 500 nm (JENSEN, 2009). Este, por sua vez, apresenta um
percentual de reflectância extremamente pequeno, quando comparado a outras
condições físicas da água, demonstrando um percentual da ordem de 1% do total de
reflectância, que chega no sensor remoto (BOWKER et al., 1985).
Já a água com material orgânico e/ou inorgânico é considerada mais
comumente em corpos d’água de interiores ou costas. Para a água com presença de
materiais inorgânicos, Jensen (2009) apresenta as principais concentrações e ainda
indica algumas de suas origens de formação, como sendo minerais ricos em sílica,
alumínio e óxidos de ferro encontrados em suspensão, em muitos corpos d’água
naturais. As partículas variam de argila fina (3 - 4 µm de diâmetro) para silte (5 - 40
µm) e areia fina (41 - 130 µm) a grosseira (131 - 250 µm). Os sedimentos são
provenientes de uma variedade de fontes, incluindo a erosão de áreas agrícolas, o
intemperismo de terrenos montanhosos, a erosão causada por ondas naturais ou
tráfegos de barcos e as erupções vulcânicas.
As características dos diferentes tipos de superfícies de água com material
dissolvido e em suspenção apresentam uma resposta espectral diferente da água
pura. Esse comportamento foi observado nos experimentos elaborados por Lodhi et
al. (1997), que realizaram uma comparação entre dois solos argilosos e siltosos, com
concentrações de sedimentos em água, utilizando um espectrorradiômetro, a uma
altura de 1,65 m. Foi possível observar um aumento na reflectância na região de 580
- 690 nm e também na região do infravermelho, próximo à medida que era
acrescentado 50 mg de cada solo. Ainda no mesmo experimento, os autores
observaram que o solo argiloso, que exibia maior concentração de material orgânico,
apresentou cerca de 10% a menos no valor da reflectância, comparativamente ao solo
siltoso.
33

Além disso, existem superfícies d’água que apresentam interferências


provenientes da existência de organismos aquáticos, como por exemplo, os
fitoplânctons. Esses organismos demonstram uma assinatura espectral diferente das
águas puras, ou seja, forte absorção da luz azul, pela clorofila a entre 400 e 500 nm;
existe também uma forte absorção da luz vermelha próximo de 675 nm, porém a sua
maior refletância é em torno de 550 nm (pico do verde), causado pela menor absorção
relativamente a luz verde pela alga (GITELSON, 1992). Ainda nesse sentido, Gower
et al. (1984), reafirmam esse mesmo comportamento, mas também acrescentam um
pico de reflectância próximo a 685 nm, devido a radiância de fluorescência da clorofila.
Nicolodi (2007) buscou gerar subsídios para o conhecimento das ondas no lago
Guaíba e suas interações com a ressuspensão dos sedimentos depositados em seu
leito, com resultados que possam ser inseridos em aplicações práticas, auxiliando na
gestão daquele recurso. O autor utilizou técnicas de modelagem matemática na
predição de ondas, aliadas às ferramentas disponíveis nos sistemas de informações
geográficas (SIG). Uma das afirmações do autor é de que as descargas de sedimento
em suspensão e dissolvido na água do lago Guaíba apresentam partículas
inorgânicas e orgânicas na sua constituição. As mesmas características podem ser
atribuídas à lagoa Mirim, rio Camaquã e lagoa do Casamento.

4.4.3. Classificação por Máxima Verossimilhança (Maxver)

A classificação das imagens é um procedimento que utiliza as informações


extraídas das imagens, a fim de reconhecer padrões e objetos homogêneos que
possam, posteriormente, ser associadas a um conjunto de classe previamente
determinadas. Esses processos encontram-se presentes em muitas das atividades
exercidas na utilização dos sensores remotos, atuando no mapeamento da superfície
terrestre, com a finalidade de identificar porções de maior interesse (INPE, 2006;
COSTA, 2011).
Já para classificação digital de imagens existem dois tipos: a classificação não
supervisionada, que, de forma geral, o analista utiliza algoritmos para conhecer as
classes presentes na imagem; para a classificação supervisionada é necessário um
conhecimento prévio da área, para haver a definição das classes, sendo essas
34

amostras de classes usadas como via de representação no treinamento do


classificador dos pixels desconhecidos (COSTA, 2011).
Dentro das classificações supervisionadas existem alguns métodos de
classificação, dentre esses métodos, podemos destacar o algoritmo de máxima
verossimilhança (MAXVER). Esse método tem como particularidade realizar a
classificação pixel a pixel, ou seja, esse classificador avalia cada pixel, conforme as
probabilidades estatísticas, e classifica cada um em uma categoria de classe
(MOREIRA, FERNANDES e NERY, 2014; BRASILEIRO et al., 2016). Para realizar
esse processo de classificação, o MAXVER considera a ponderação das distâncias
entre médias dos níveis digitais das classes, utilizando parâmetros estatísticos para
classificar as áreas de interesse (GÓES, FILHO e CARVALHO, 2006; INPE, 2006;
MOREIRA, FERNANDES e NERY, 2014).

4.5. Fenômenos Climáticos

4.5.1. El Niño Oscilação Sul (ENOS)

O fenômeno ENOS é nomeado popularmente pelos pescadores peruanos


como: “O menino”, fazendo referência ao mesmo período em que se celebra o
nascimento de Jesus, e simultaneamente ao encontro das correntes de maior
temperatura, em direção ao Oceano Pacífico, nos meses de dezembro (SILVA, 2000).
Esse fenômeno é compreendido pela esfera científica, como um evento associado às
variações de temperatura superficial do Oceano Pacífico, entre a linha Equatorial e
Tropical, também definidas por Temperatura da Superfície do Mar (TSM), que são
relacionadas com a coexistência inversa entre a pressão atmosférica, nos extremos
leste e oeste do Oceano Pacífico (FONTANA e BERLATO, 1997; SALAZAR-GÁSCON
e FERREIRA, 2018)
O fenômeno ENOS divide-se em duas fases extremas: as fases quentes,
referentes ao EL Niño e as frias, correspondentes a La Niña. Esses fenômenos
apresentam em comum as mudanças nas circulações atmosféricas em escala
regional e global, provocando uma série de anomalias climáticas, como alterações nos
regimes térmicos e hídricos (BERLATO, FARENZENA e FONTANA, 2005;
MATZENAUER, RADIN e MALUF, 2017). Berlato e Cordeiro (2017) afirmam que os
35

efeitos do El Niño, para o Rio Grande do Sul, de uma forma geral, apresentam
períodos mais chuvosos e temperaturas mais altas, em contrapartida às temperaturas
mais frias (La Niña) e que provocam precipitações mais baixas, comparativamente a
média encontrada na região.
Matzenauer, Radin e Maluf (2017) analisaram os regimes de chuva nas
diferentes regiões ecoclimáticas do Estado, utilizando dados mensais de 28
localidades, no período entre 1961-2010 e encontraram algumas variações, à medida
que o fenômeno ENOS evoluía. Os autores ressaltaram que em épocas de El Niño, a
média da precipitação pluvial foi de 1.858 mm, para o período de La Niña e anos
neutros, foram 1.480 e 1.529 mm, respectivamente. Assim, em períodos de El Niño,
na metade leste do Estado, os valores de precipitação se acentuam, principalmente
na região hidrográfica do sistema Guaíba. Estima-se que as regiões Norte e Noroeste
do Estado apresentam precipitações acima de 2.000 mm, durante o El Niño. Na Figura
6 é apresentado o comportamento da precipitação pluvial média anual durante a
ocorrência de eventos El Niño, La Niña, anos Neutros e a média geral, considerando
o período de 1961-2010, para o Rio Grande do Sul (MATZENAUER, RADIN e MALUF
2017).
36

Figura 6: Precipitação pluvial média anual (mm) durante a ocorrência de eventos El Niño, La Niña,
anos Neutros e a média geral, para o período de 1961-2010, no estado do Rio Grande do Sul.
Fonte: Matzenauer, Radin e Maluf, 2017.

De acordo com Matzenauer, Radin e Maluf (2017), para eventos de La Niña, as


estações verão, outono e inverno apresentam precipitações similares aos anos
Neutros. Já na primavera, as precipitações pluviais encontram-se sempre abaixo da
média, enquanto que em anos Neutros ficam muito próximas. Em contrapartida, nas
fases quentes do ENOS, os autores relatam que há maior quantidade de chuvas em
todas as estações do ano, com maiores concentrações na primavera.
37

5. MATERIAL E MÉTODOS

5.1. Área de Estudo

Utilizou-se a laguna dos Patos como área de estudo, situada no estado do Rio
Grande do Sul, na região costeira e paralelamente ao Oceano Atlântico, estendendo-
se na direção NE – SW (TOLDO Jr., 1991). A área de estudo encontra-se destacada
em vermelho e está localizada entre as latitudes Sul 30°01’37” e 32°01’50” e
longitudes Oeste 50°25’58” e 52°24’18” (Figura 7).

Figura 7: Localização do estado do Rio Grande do Sul, com a representação da laguna dos Patos
destacada em vermelho.
Fonte: NASA, 2018.

A laguna dos Patos apresenta uma área de aproximadamente 10.227 km 2,


sendo ainda responsável por receber a água doce de uma bacia de drenagem de
201.626 km2. Ao sul da laguna existe um canal de conexão com o Oceano Atlântico,
38

conhecido como o Canal dos Molhes, que se encontra na divisa com os municípios
de Rio Grande e São José do Norte (Figura 8). Através dessa conexão é possível a
entrada de água salgada na laguna, caracterizando o comportamento típico de um
estuário no extremo sul da referida laguna (TROCA e VIEIRA, 2012).

Figura 8: Localização dos municípios de Rio Grande, São José do Norte, Pelotas e Turuçu, com o
canal dos Molhes, onde conecta a laguna dos Patos ao Oceano Atlântico.

5.2. Aquisição e Seleção de Imagens

Para a obtenção das imagens foi utilizado o site https://reverb.echo.nasa.gov/,


onde existe um catálogo de metadados conhecido por EOS Clearing House (ECHO),
que disponibiliza os dados dos satélites Terra e Aqua, juntamente com outros satélites
(LP DAAC, 2011). Em conjunto com o ECHO, a National Aeronautics and Space
Administration (NASA) desenvolveu um sistema de operação chamado de “Reverb”,
que permite acessar e selecionar produtos e serviços de dados da Earth Observing
System (EOS) (LP DAAC, 2014). Para as imagens do sensor MODIS presentes no
satélite Terra foi necessário acessar pelo endereço “MODIS/Terra Surface
Reflectance Daily L2G Global 1 km e 500 m SIN Grid V006”, conhecido também como
39

“MOD09GA”. Para o satélite Aqua foi usado o “MODIS/Aqua Surface Reflectance


Daily L2G Global 1 km e 500 m SIN Grid V006”, também identificado como
“MYD09GA”, visto que para os dois satélites foi usado o tile (13, 12) para horizontal e
vertical, respectivamente.
Ao final desse processo foi possível baixar um arquivo com os endereços de
web das imagens correspondentes. Para isso, foi usado o programa de gerenciador
de download chamado de “DAAC2Disck”, também disponível pela NASA, juntamente
com o Prompt de comando, para recuperar e baixar as imagens.
Após o download das imagens foi necessário convertê-las do formato
Hierarchical Data Format (HDF) para o formato Tagged Image File Format (TIFF),
visto que os arquivos baixados em HDF não podem ser abertos pelo programa Spring.
Para a realização desse processo foi utilizado o software MODIS Reprojection Tool
(MRT), que permite ler os arquivos HDF-EOS e convertê-los para o formato GEOTIFF.
Além disso, selecionaram-se as bandas de 1 a 4, incluindo o ângulo zenital do sensor
(AZS), bem como a definição do recorte da área de interesse, a partir das coordenadas
de latitude -34°09’09” e -29°54’00” e longitude -54°12’00” e -49°48’00”. Essas imagens
originalmente se encontravam na projeção Sinusoidal, tendo como sistema de
referência, o World Geodetic System 1984 (WGS 84). Porém a projeção cartográfica
foi transformada utilizando o software MRT, para a projeção Geographic (Lat/Long),
seguindo o mesmo sistema de referência.
Para selecionar as imagens, que não apresentavam interferência das nuvens,
foi utilizado o método de triagem, a partir de uma seleção visual para o período de
2003 a 2014, devendo, aquelas imagens selecionadas não possuírem nuvens na área
da laguna dos Patos. Além disso, as regiões do lago Guaíba, lagoa do Casamento e
lagoa Mirim e as águas da costa Oceânica do Estado deveriam apresentar uma fração
livre de cobertura de nuvens, para que pudessem ser usadas na etapa de classificação
da imagem.
Além desse método de segregação das imagens, ainda foi usado o ângulo
zênite do sensor, que também é disponível junto do arquivo em HDF, para priorizar as
imagens com menor AZS. Para isso, duas determinações foram impostas para realizar
esse processo, sendo: aquelas imagens que se encontravam com ângulo zenital do
sensor superior a 50º, sujeitas a eliminação, mas ainda devendo haver a
disponibilidade de pelo menos uma outra imagem, num intervalo próximo de 4 dias,
antes e depois. Caso possuísse uma outra imagem com essa diferença, os dados
40

deveriam também apresentar uma diferença superior a 15º de uma imagem em


relação a outra, possibilitando dessa forma, a eliminação da data com maior ângulo
zenital do sensor.

5.3. Classificação das Imagens

A área usada para classificar as imagens do sensor MODIS está localizada


entre as coordenadas -34°09’09” e -29°54’00” de latitude e -54°12’00” e -49°48’00” de
longitude. A área de abrangência foi maior do que a área de estudo, em função da
necessidade de considerar também as áreas do lago Guaíba, lagoa do Casamento,
lagoa Mirim e parte do Oceano Atlântico, na utilização do treinamento do classificador.
As classificações foram processadas pelo software Sistema de Processamento
de Informações Georreferenciadas (SPRING) (CÂMARA et al., 1996), utilizando a
versão 5.5.0, que se encontra de forma gratuita no site do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE): http://www.dpi.inpe.br/spring/. O SPRING foi construído
com o propósito de atuar como um Sistema de Informação Geográfica (SIG), que
apresenta uma série de operações disponíveis aos usuários, sendo uma delas a
possibilidade de manipulação e classificação de imagens digitais.
Para realizar o processo de classificação das imagens foram utilizadas as
bandas espectrais 1, 2, 3 e 4 do sensor MODIS (Tabela 2).

Tabela 2: Especificações do espectrorradiômetro MODIS para as bandas 1, 2 ,3 e 4.


Faixa de
Banda Comprimento Resolução Resolução
Sensor imageamento
espectral de onda (nm) espacial (m) radiométrica
(km)
Banda 1 620 – 670 250
Banda 2 841 – 876 250
MODIS 2.330 12 bits
Banda 3 459 – 479 500
Banda 4 545 – 565 500
Fonte: Soares, Batista e Shimabukuro, 2007.

Uma vez importadas as imagens para o programa, dentro do processo de


classificação, foram criadas e definidas as amostras dos respectivos corpos d’água
doce e salobra, sendo os mesmos diferenciados por duas cores distintas: vermelho
para representar a água doce e azul para a água salobra. Além disso, no transcorrer
41

desse estudo, o termo “salobra” foi empregado para definir àquelas áreas,
classificadas no interior da laguna dos Patos, que tinham comportamento espectral
similar a água do Oceano Atlântico.
Entretanto, como não foram coletadas amostras in situ de água no interior da
laguna, durante o imageamento dos satélites, não é possível afirmar que as amostras
classificadas apresentam o mesmo teor salino das regiões onde foram selecionados
os polígonos do Oceano Atlântico.
Para as amostras de água doce foram criados polígonos dentro do lago Guaíba,
lagoa do Casamento e lagoa Mirim, uma vez que os mesmos não apresentam
historicamente a ocorrência de salinização.
Já para representar a água salobra foram definidos os polígonos próximos a
costa marítima do Estado. Entretanto, como critério de seleção dos polígonos, estes
não deveriam estar próximos à costa oceânica, porque os elementos de cena dentro
do polígono também podem sofrer mistura de pixels da costa, resultando em
classificações incoerentes com a realidade. Outro critério para escolha da posição dos
polígonos, foi a não utilização de amostras nas proximidades do exutório da laguna,
visto que esta região apresenta uma alta transição de água salgada e doce, evitando,
assim, que houvesse uma perturbação na matriz de confusão do tema, no momento
das classificações das imagens.
Na Figura 9 é possível visualizar a localização dos polígonos utilizados para o
treinamento do classificador, bem como os temas criados para essa operação. Esses
polígonos foram utilizados como modelo para as demais imagens, exceto para
aquelas situações que apresentavam alguma influência de nuvens nas áreas
amostradas ou mesmo quando havia uma porcentagem de confusão das amostras,
sendo estas substituídas ou eliminadas da classificação.
42

Figura 9: Polígonos para o treinamento do classificador, sendo em vermelho, a indicação das amostras
de água doce e as azuis, a água salobra sob uma imagem MODIS, satélite Terra, no dia 2 de abril de
2008.

Após esse processo foi possível realizar a classificação de imagens, utilizando


o classificador Máxima Verossimilhança (MAXVER), com limiar de aceitação de 100%.
O MAXVER tem como método mais comum de classificação, o “pixel a pixel”,
realizando a ponderação das distâncias entre as médias dos números digitais das
classes criadas, de acordo com o conjunto de amostras selecionadas no treinamento
(INPE, 2012). Assim, as informações contextuais das imagens que foram associadas
à uma classe, são utilizadas para associar os pixels de uma determinada área de
interesse, a uma categoria criada no treinamento do classificador.
43

Uma vez realizadas as classificações das imagens, foi utilizado o vetor de 1 km


de distância da margem da laguna, para recortar o plano de informação que abrange
somente a área de interesse. Isso foi necessário, devido a capacidade de resolução
espacial das imagens classificadas apresentarem 500 m, evitando, desse modo, a
contaminação dos pixels da margem com o corpo hídrico da laguna.
Através das geo-classes geradas (Figura 10), estas foram usadas para calcular
a área, em km2, considerada salobra ou doce, dentro da área delineada no estudo.

Figura 10: Área de estudo pós classificação, onde consta a representação dos corpos de água doce
(verde) e salobra (azul).

Através do relatório de medidas de classes, obtidos pelas imagens livres de


cobertura de nuvens nos dois satélites, os valores de área foram usados para calcular
as médias mensais, as máximas e aqueles correspondentes a cada estação do ano,
com o propósito de unificar as duas quantificações encontradas nos satélites. A
justificativa está relacionada a diferença de quantificação do número de imagens livres
da cobertura de nuvens para cada satélite, e sendo ainda necessário levar em
consideração as imagens com melhores AZS, que por sua vez, variavam
independentemente do número de imagens disponíveis. Dessa forma, a opção foi a
junção dos dados dos dois satélites para permitir a apresentação das informações
respectivas discussões no trabalho. Para tanto, foram calculados os valores médios e
os máximos para cada mês do ano, de cada satélite, considerando todo o período; em
seguida, utilizando os dados mensais dos dois satélites, foi calculada, novamente, a
44

média para representar um único valor de mês e ano. Dessa forma, foi possível
quantificar, em km2, a quantidade de água salobra para cada ano e,
consequentemente, a porcentagem referente a cada época do ano.
Além disso, com o propósito de melhor avaliar o comportamento da água
salobra, os períodos foram fracionados em três grupos: o primeiro com até 15% de
área; o segundo com intervalo de 15% a 40%; e o último, aqueles que superaram os
40% da abrangência total da área contendo água salobra. Para realizar essa
segregação em grupos foi observado em cada ano, os maiores picos de salinidade.
Desse modo, aquele período que correspondesse as maiores quantificação de água
salobra, agruparia o ano em questão, conforme a sua respectiva porcentagem
abrangida por água salobra.
Com base na temática das imagens classificadas foi realizada a reprodução de
um novo Plano de Informação (PI), com representação no Modelo Numérico do
Terreno (MNT). Nesse caso, foi selecionada uma imagem mensal com a maior
concentração de água salobra na área. Essa seleção prévia mensal, posteriormente,
passou pela operação de fatiamento, que consiste em gerar uma imagem temática, a
partir de uma grade regular. Nesse caso, a água salobra, após as classificações das
imagens, tinha como representação da classe o valor numérico (1), enquanto que a
água doce o valor numérico (2). Dessa forma, os valores de cota selecionados para o
fatiamento tinha um intervalo que variava de 0 a 1, resultando em apenas um mapa
temático, com a representação da água salobra.
Assim, resultaram ao final, em 12 imagens temáticas, representando apenas
as áreas salobras de cada mês de todos os anos. A partir desse processo, usando a
operação aritmética do SPRING, foram somados os 12 planos de informações
temáticas de cada ano, formando os mapas que ilustram as áreas formadas por água
salobra, indicando a frequência (número de meses) e sua abrangência dentro da
laguna dos Patos. Nesse processo foram utilizados os 142 meses para identificar e
quantificar quais as regiões em que houve área com água salobra, em toda a extensão
da laguna. Assim, para as áreas que tivessem mais do que 2 meses, foi admitido que
os municípios ribeirinhos estavam sujeitos aos riscos eminentes de mudanças
hidrológicas acarretadas pelo Oceano Atlântico.
45

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. Quantificação das Imagens

Nas Tabela 3 e Tabela 4 são apresentados os números de imagens


selecionadas, para o satélite Aqua e Terra, respectivamente, considerando o período
de 2003 a 2014, nos dozes meses do ano, para a laguna dos Patos. A quantidade de
imagens mensais, bem como os valores médios e totais foram obtidos considerando-
se apenas as imagens, sem interferência de nuvens, e com melhor ângulo de
imageamento obtido por cada um dos sensores.

Tabela 3: Quantificação do número de imagens mensais, totais e médias mensais obtidas pelo satélite
Aqua, para a laguna dos Patos, no período de 2003 a 2014, livre da cobertura de nuvens.
Número de Imagens
Ano Total
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2003 4 3 2 3 0 0 3 3 2 5 1 1 27
2004 1 1 2 4 0 3 4 3 2 5 2 1 28
2005 2 0 3 3 4 0 4 0 1 2 3 1 23
2006 1 1 4 2 2 1 2 1 4 1 1 2 22
2007 3 1 0 3 3 2 3 2 1 1 3 2 24
2008 2 2 2 5 1 2 3 2 1 1 1 2 24
2009 1 2 1 4 2 2 1 5 0 2 1 1 22
2010 1 1 2 3 1 3 4 2 2 1 3 1 24
2011 1 1 2 4 3 0 0 1 7 2 1 1 23
2012 1 1 3 1 2 1 5 3 1 1 2 2 23
2013 1 1 2 4 0 4 3 4 2 1 3 3 28
2014 2 2 0 1 1 3 1 3 1 1 3 2 20
Média 1,7 1,3 1,9 3,1 1,6 1,8 2,8 2,4 2,0 1,9 2,0 1,6 288

Com a finalização dos downloads, e a soma dos dados dos dois satélites, foram
obtidos um total de 8766 arquivos no formato HDF. Com base nesse princípio, as 288
imagens selecionadas do satélite Aqua, livres de cobertura de nuvens, correspondem
aproximadamente a 7% do total adquirido pelo satélite, no período de 2003 a 2014.
Essa porcentagem representa uma pequena parcela, diante do intervalo de tempo
adotado na presente pesquisa. Entretanto, a quantidade de meses em que não houve
imagens aceitáveis foi 12, ou seja, cerca de 8,3%, em relação aos 144 meses
analisados. Além do mais, a distribuição dos meses sem imagens, estão distribuídas
aleatoriamente no período analisado, com cerca de 1 mês em média.
46

O menor número de imagens (20) aceitáveis ocorreu em 2014; e o maior nos


anos de 2004 e 2013 (28). A ausência de 3 meses sem imagens foi detectada em
2005; 2 meses nos anos 2003 e 2011 e 1 mês sem imagens, nos anos de 2004, 2007,
2009, 2013 e 2014.
Essa falta de dados poderia comprometer a interpretação das movimentações
salinas no interior da laguna, caso não houvesse um segundo satélite chamado Terra,
que dispõe de um sensor idêntico ao acoplado no Aqua. Na Tabela 4 é apresentada
a contagem do número médio mensal, média anual e total de imagens para o mesmo
período (2003 a 2014), obtida para o satélite Terra.

Tabela 4: Quantificação do número de imagens mensais, totais e médias mensais obtidas pelo satélite
Terra, para a laguna dos Patos, no período de 2003 a 2014, livre de cobertura de nuvens
Número de Imagens
Ano Total
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
2003 3 2 1 2 3 0 1 2 2 2 0 1 19
2004 1 1 1 2 0 3 2 2 1 3 1 1 18
2005 1 1 1 1 3 1 6 3 1 1 3 1 23
2006 0 1 2 1 1 1 3 2 3 1 2 1 18
2007 0 1 2 3 2 2 3 2 1 2 1 1 20
2008 3 1 1 5 1 4 1 3 2 1 3 1 26
2009 1 1 1 2 1 0 1 4 1 2 0 1 15
2010 1 1 2 1 1 4 4 1 1 1 2 2 21
2011 1 0 2 3 1 1 4 3 2 1 1 1 20
2012 2 1 2 3 2 2 0 2 1 0 0 4 19
2013 0 1 1 4 1 3 4 3 4 1 2 3 27
2014 3 1 1 3 1 3 7 3 1 1 3 1 28
Média 1,3 1,0 1,4 2,5 1,4 2,0 3,0 2,5 1,7 1,3 1,5 1,5 254

O número final de imagens obtidas para o sensor Terra foi de 254 imagens,
representando cerca de 6% das 4383 possibilidades de imagens digitais. O satélite
Terra também apresentou uma baixa quantidade de imagens, em relação ao potencial
de processamento de imagens. Além disso, para o mesmo período, foram
identificadas imagens sem cobertura de nuvens para os dois satélites, indicando que
a disponibilidade de dados para esta área está mais concentrada dentro de um curto
espaço de tempo. Mesmo utilizados de forma associada, os dois satélites não suprem
a necessidade de uma grande quantidade de imagens.
À semelhança do sensor Aqua, quanto ao número de meses sem imagens,
para o sensor Terra, o valor obtido também foi igual a 12. Entretanto, quando as
47

informações das duas plataformas orbitais são reunidas, resulta em apenas 2 meses
sem a obtenção de imagens. Isso deve-se, provavelmente, em decorrência do satélite
Terra ter uma passagem de imageamento em horário diferente, compensando
aquelas que faltaram no Aqua e vice-versa.
Portanto, apenas nos meses de junho, em 2003, e agosto, em 2004, não houve
imagens disponíveis, totalizando cerca de 1,4% dos 144 meses. O menor número de
imagens obtidas pelo sensor foi no ano de 2004 (18); enquanto no ano de 2014, foram
obtidas 28 imagens.
Na Figura 11 é apresentado o comportamento do número de imagens dos dois
satélites, bem como a média dos valores, ao longo dos meses. Apesar de cada satélite
apresentar um número de imagens específicas, foram utilizadas imagens obtidas pela
associação dos dois satélites.

Aqua Terra
3,5
3,1
3,0
3,0
2,5
2,5 2,0
2,8 2,0
n° de Imagens

1,9 1,9 2,0


2,0 1,7 1,6 2,4 1,6
1,3 2,5 1,8
1,5 1,7
1,4 1,4 1,5
1,3 1,5
1,0
1,3
1,0
0,5

0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 11: Número médio mensal de imagens obtidas pelos satélites Terra e Aqua, considerando o
período de 2003 a 2014, na laguna dos Patos/RS.

Conforme a Figura 11, pode-se observar que o maior número médio mensal de
imagens foi encontrado no satélite Aqua entre o período de 2003 a 2014. Porém entre
os meses de junho a agosto houve uma inversão, demonstrando, nesse período, que
o satélite Terra possui os maiores números, quanto a disponibilidade de imagens, sem
a presença de nuvens na laguna.
No apêndice A é possível visualizar os resultados completos, quanto a
distribuição das imagens selecionadas de acordo com o dia, mês e ano para os
satélites Aqua e Terra.
48

6.1.1. Quantificação das Áreas Salobras na Laguna do Patos

Na Figura 12 são apresentados os valores correspondentes às médias das


áreas, referentes a junção dos dois satélites Aqua e Terra, ocupadas pela água
classificada como doce e salobra, bem como, os valores percentuais
correspondentes. É possível observar a alternância entre as áreas da laguna
ocupadas com água doce e salobra, durante os 12 anos analisados.

Água Salobra Água Doce


10000 100,00

9000 90,00

8000 80,00

7000 70,00

6000 60,00
Area (Km2)

Area(%)
5000 50,00

4000 40,00

3000 30,00

2000 20,00

1000 10,00

0 0,00
2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

Periodo (Ano)
Figura 12: Área média da laguna dos Patos ocupada com água classificada como doce e salobra,
durante o período de 2003 a 2014.

Na Figura 12 é possível observar que no final e/ou início de cada ano, em um dado
momento, o comportamento da área com água salobra foi próxima a zero, e também,
em certas ocasiões a sua ausência plena. Apesar de mostrar um comportamento
cíclico, quanto a esse evento, nota-se, ainda, que não há uma periodicidade regular
das áreas consideradas com grandes eventos de salinização (acima de 40%) na
laguna em todos os anos, como é o caso de 2005 e 2012. Um exemplo de grande
quantificação de área com água salobra ocorreu no dia 15 de julho de 2005, sob o
imageamento do sensor MODIS, estando acoplando no satélite Terra, apresentando
49

um ângulo zênite do Sensor de 3 graus (


50

Figura 13 e

Figura 14).
51

Figura 13: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce e salobra na laguna dos Patos/RS, no
dia 15 de julho de 2005.
52

Figura 14: Produto final de uma imagem MODIS, disponível pela NASA, que demonstra um recorte da
laguna dos Patos, no dia 15 de julho de 2005.
Fonte: NASA, 2018.

No dia 15 de julho de 2005 foi constatado, através das classificações, uma área
de cerca de 6.031 km2 de água salobra, ou seja, 61% da área da laguna dos Patos
apresentou água salobra. Esse tipo de comportamento, quanto a hidrodinâmica de
água doce e salobra, não é reproduzido nos demais anos estudados. Os anos de
2003, 2010, 2011 e 2014 são exemplos que não ultrapassaram os 15 % da área da
laguna com a água salobra, tal como pode ser visto nas Figura 15 e Figura 16.
53

Figura 15: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul), na laguna dos
Patos/RS, no dia 13 de julho de 2010.
54

Figura 16: Produto final de uma imagem MODIS, disponível pela NASA, que demonstra um recorte da
laguna dos Patos, no dia 13 de julho de 2010.
Fonte: NASA, 2018.

No dia 13 de julho de 2010, é possível visualizar a laguna com praticamente


toda a sua totalidade com água doce. Logo, quando analisado o mesmo período do
ano, percebe-se que existem variações quanto a existência de apenas um
comportamento de água salobra ou doce. Sendo assim, é necessária uma análise
mais crítica para analisar o período de 2003 a 2014.
55

6.1.2. Períodos com os menores valores de áreas de água salobra (até


15%)

Dentre os anos que tiveram as constatações de até 15% de água salobra na


área da laguna, destaca-se o ano de 2011, no mês de dezembro com o maior valor
médio de água salobra, apresentando cerca de 12% da área lagunar (Figura 17),
enquanto que nos demais anos, a ocupação da área foi inferior a 3% (Figura 18).
Quanto ao comportamento exposto no final de 2011, possivelmente, tenha sido
originado inicialmente por influências dos mesmos fatores ambientais que se
pronunciaram em 2012. Apesar disso, quando analisado os demais meses de 2011,
percebe-se que as variações de água salobra tiveram valores mais inferiores,
concentrando-se em até 300 km2 de água salobra, assemelhando-se às variações dos
demais anos desse grupo.

Água salgada Água doce


10000 100

8000 80
Área (km2)

6000 60

Área (%)
4000 40

2000 20

0 0
Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 17: Variabilidade da área da água salobra e doce ao longo de 2011, na laguna dos Patos/RS.
56

2003 2010 2011 2014

1400 14

1200 12

1000 10

Área (%)
Área (km2)

800 8

600 6

400 4

200 2

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 18: Variabilidade da área contendo água salobra ao longo dos anos de 2003, 2010, 2011 e
2014, na laguna dos Patos/RS.

Apesar de 2011 apresentar pequenas entradas de águas salina, no mês de


dezembro, os municípios de Rio Grande, Pelotas, parte de Turuçu e São José do
Norte (Figura 19), mostraram a introdução de água com concentrações significativas
de sais dissolvidos, através das imediações costeiras à laguna. Esse resultado
corrobora com os estudos de Carmona (2011), que ressalta que os altos teores de
sódio trocável e a alta condutividade elétrica do solo em Pelotas e Rio Grande podem
ser provenientes do aporte de água salina proveniente da proximidade ao Oceano
Atlântico.
57

Figura 19: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul), na laguna dos
Patos/RS, no dia 19 de dezembro de 2011.

Observa-se que em dezembro de 2011, os municípios da região meridional da


laguna dos Patos foram expostos a um contato maior com a água salobra. A partir
desse cenário é possível afirmar que outras regiões municipais foram favorecidas por
não desfrutarem da aproximação de corpos d’água, com concentrações de sais
dissolvidos semelhantes. Assim, se esse cenário tivesse se repetido na última safra
de 2017/2018, os três maiores produtores de arroz da planície costeira do RS, que
circundam a laguna, que são: Mostardas, Camaquã e Arambaré, novamente não
teriam sido afetados pela introdução de água salina, visto que esse período coincide
com o início do cultivo de arroz (IRGA, 2018).
No ano de 2003 é observado inicialmente aumento no mês de janeiro, porém a
maior entrada de água salina ocorre no mês de abril, com aproximadamente 170 km2.
Para o ano de 2014 foram detectadas pequenas áreas com água salobra, ou seja,
entre os meses de abril a julho, e posteriormente entre os meses de agosto a outubro,
com dados inferiores a 80 km2, ou seja, menos de 1% da área total analisada.
58

Já para o ano de 2010, a entrada de água salina iniciou em fevereiro,


prolongando-se até o mês de julho, e em seguida uma nova inserção detectada no
mês de novembro, com uma área de cerca de 130 km2, o que corresponde a maior
quantificação de água salobra nesse ano.
A média das áreas salobras classificadas nesse grupo (2003, 2010, 2011 e
2014), encontra-se representada na Figura 20. Verifica-se que a maior média das
áreas salobras ocorreu em dezembro, visto que este comportamento foi
desencadeado pela situação momentânea encontrada no final de 2011. Todavia, se
for analisado o restante do período e desconsiderado o mês de dezembro, observa-
se que os meses que apresentam maiores áreas com salinização, são os meses de
abril, maio e junho.

350 4

300 3

250 3
Área (km2)

Área (%)
200 2

150 2

100 1

50 1

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 20: Média geral das áreas salobras, constatadas nos anos de 2003, 2010, 2011 e 2014, no
interior da laguna dos Patos.

Considerando os dados do grupo com as menores áreas (até 15%) de água


salobra no interior da laguna dos Patos, Figura 21, é possível estabelecer as médias
sazonais para cada estação do ano. Verifica-se que os anos de 2003 e 2014
apresentaram comportamentos similares, com maiores aumentos dos valores na
estação de outono, enquanto as demais estações foram estiveram mais próximas a
zero. Entretanto, comparando os valores de 2003 e 2014 para a estação de outono,
observa-se uma diferença de cerca de 120 km2.
59

Água salobra
250 2,5

200 2,0
Área (km2)

Área (%)
150 1,5

100 1,0

50 0,5

0 0,0
Verão

Verão

Verão

Outono

Verão
Outono

Inverno

Primavera

Outono

Inverno

Primavera

Inverno

Primavera

Outono

Inverno

Primavera
2003 2010 2011 2014
Estações do ano
Figura 21: Média sazonal dos períodos com menor área (até 15%) de água salobra no interior da
laguna dos Patos/RS, considerando os anos de 2003, 2010, 2011 e 2014, para as estações do ano.

O maior valor de área encontrado para esse agrupamento ocorreu na primavera


em 2011, com 220 km2. Em 2010, observou-se que o verão e primavera foram as
estações com maiores valores de área salobra, em torno de 60 km2.
Considerando o comportamento médio sazonal dos quatro períodos analisados
(2003, 2010, 2011 e 2014), verificam-se, respectivamente, maiores áreas salobras nas
estações de outono e primavera (Figura 22). O fato da primavera apresentar valor
médio mais elevado, ocorreu em razão dos dados mais altos terem sido encontrados
no mês de dezembro de 2011.

Água Salobra
90 82 80 0,9
80 0,8
70 58 0,7
60 0,6
Area (km²)

Area (%)

50 0,5
40 24 0,4
30 0,3
20 0,2
10 0,1
0 0,0
Verão Outono Inverno Primavera
Estações do Ano
Figura 22: Comportamento médio sazonal dos períodos com áreas de até 15% de água salobra, na
laguna dos Patos/RS.
60

Desse modo, é de se presumir que as épocas mais sujeitas ao avanço de água


salobra são nas estações de outono e primavera, e o contrário é esperado para as
estações de verão e inverno para os anos de 2003, 2010, 2011 e 2014 (Figura 22).
Esses resultados apresentam coerência com as afirmações de Britto, Barletta e
Mendonça (2008), que mencionam haver uma maior precipitação na zona norte do
Estado no verão, enquanto que na região sul do RS ocorre no inverno. É dessa forma
que, possivelmente, são justificados os menores valores de área salobra nestas
estações do ano, visto que esses dois parâmetros têm uma relação de crescimento
inversamente proporcionais. Além disso, Vaz, Möller e Almeida (2006), evidenciam
que os principais cursos hídricos que contribuem com o maior volume fluvial na laguna
são, nesta ordem, o lago Guaíba, lagoa Mirim e rio Camaquã. Contribuem, dessa
maneira, para a justificativa das menores áreas salobras nas estações de verão e
inverno, justamente o fato do lago Guaíba localizar-se na região norte e a lagoa Mirim,
no extremo sul do RS.
Entretanto, Vaz, Möller e Almeida (2006), realizando um levantamento histórico,
mostraram que no inverno e início de primavera ocorrem os maiores picos de
descargas de água doce no rio Jacuí e Taquari, enquanto que no verão e outono as
menores descargas, sendo esses dois rios responsáveis por 85% do volume de água
introduzida no lago Guaíba. Observa-se que existe uma contradição nos dados
encontrados para os anos de 2003, 2010, 2011 e 2014, ao relacionar as informações
desses autores, visto que o verão e inverno apresentaram as menores áreas salobras,
enquanto que outono e primavera as maiores áreas salobras.

6.1.3. Períodos com valores intermediários de áreas de água salobra (15


a 40%)

Nesse caso, foram selecionados os anos de 2004, 2006, 2007, 2008, 2009 e
2013, visto que os mesmos se encontravam dentro do intervalo estabelecido (Figura
23).
61

2004 2006 2007 2008 2009 2013


4000 40

3500 35

3000 30

2500 25
Área(km2)

Área (%)
2000 20

1500 15

1000 10

500 5

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 23: Variabilidade das áreas contendo água salobra ao longo dos anos de 2004, 2006, 2007,
2008, 2009 e 2013, na laguna dos Patos/RS.

Os anos de 2006 e 2009 mostraram comportamentos similares, quanto aos


valores de áreas com identificação por água salobra, com exceção dos meses de
janeiro e outubro. Os mapas temáticos elaborados através das classificações
supervisionadas também mostram esta variação (Figura 24, Figura 25 e Figura 26).
62

Figura 24: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul), na laguna dos
Patos/RS, no dia 6 de janeiro de 2009.
63

Figura 25: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul), na laguna dos
Patos/RS, no dia 21 de janeiro de 2009.

Para o mês de janeiro de 2009, após a seleção, restaram duas imagens


disponíveis para a classificação, sendo uma delas de 6 de janeiro, que corresponde a
um valor próximo dos 387 km2 de área salobra, e a outra de 21 de janeiro, com uma
estimativa de aproximadamente 2.555 km2, de área salobra. Contudo, relacionando o
mesmo período mensal, em 2006, a área abrangida por água salobra foi de
aproximadamente 20 km2, ou seja, a relação de 2006 não alcançou 2% da média
mensal por área salobra calculada para o mês de janeiro em 2009.
Além disso, em janeiro de 2009 é possível inferir que em dado momento os
municípios de Rio Grande, Pelotas, Turuçu e São José do Norte, estão com suas
margens sujeitas a incorporação de água salobra, oriunda do Oceano Atlântico, em
quase sua totalidade. No entanto, os munícipios de São Lourenço do Sul e Mostardas
tiveram interferência parcial de suas costas pela presença de água salobra.
Considerando-se o ano de 2006, observa-se que em outubro foi detectado um
volume considerável de cerca 1.000 km2 de volume de água salobra, principalmente
64

nas proximidades dos municípios de São José do Norte e Tavares (Figura 23). Além
dessas regiões, Tapes, Mostardas, Palmares do Sul e Viamão, também tiveram parte
de seus territórios próximos aos corpos d’água salobras (Figura 26). Existem
evidências da existência de paleocanais nas regiões de Palmares do Sul, Mostardas
e Bojuru (São José do Norte), que favorecem o fluxo subterrâneo de água salobra
(BIATELLI, 2012; WESCHENFEKDER et al., 2014). Carmona (2011) já constatou
altos níveis de sais nas análises de solos dos municípios de Mostardas e Palmares
do Sul, que por sua vez, predominantemente, têm a disponibilidade de água doce na
laguna dos Patos. Dessa forma, o autor, presumiu que esses altos índices de sais
estavam vinculados às formações históricas do solo.
Outro aspecto que pode ter favorecido a passagem de água salobra pelos
paleocanais na região de Palmares do Sul e Mostardas, é a ação dos ventos
predominantes ao longo do eixo lagunar (FERNANDES et al., 2002). De acordo com
os referidos autores, os ventos NE provocam um empilhamento das águas em direção
ao estuário da laguna, que por consequência ocasiona uma diferença de desnível de
0,3 a 0,4 m, ao longo do corpo laguna. Quando este fenômeno meteorológico provoca
desnível negativo na região norte da laguna, isso também permite que a água salobra
migre, em reposta ao nível sazonal da laguna e ao gradiente hidráulico das águas
subterrâneas (NIENCHESKI et al., 2007).
65

Figura 26: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul), na laguna dos
Patos/RS, no dia 24 de outubro de 2006.

Quanto aos maiores picos nos anos de 2006 e 2009, estes ocorreram no mês
de julho, e posteriormente junho, como segundo mês de maior valor de área, ou seja,
os maiores eventos de sais na laguna transitaram entre as estações de outono e
inverno. Houve uma discrepância em torno de 2.380 km2, comparando-se os meses
de janeiro e julho do ano de 2006; assim como uma diferença de cerca de 2.650 km2,
entre julho e outubro de 2009, o que ressalta a diferença no comportamento sazonal
das áreas com água salobra.
Analisando-se ainda a Figura 23, observa-se que no primeiro semestre entre
2013 e 2007, os meses de janeiro e fevereiro apresentaram uma média dos valores
de área salobra que variaram de 600 até 1.030 km2; enquanto que março de 2007 e
2013 tiveram, respectivamente, em torno de 866 km2 e 2.440 km2, em média de áreas
salobras.
66

No segundo semestre de 2007 e 2013, os volumes médios de água salobra se


mantiveram no intervalo de 1.860 e 2.450 km2, sendo que maio de 2013 foi o mês com
o maior valor médio de área salobra, para os anos de 2013 e 2007.
Após junho de 2007 e 2013, foram registradas queda nas quantificações em
média de áreas salobras. Portanto, as concentrações médias de áreas salobras no
segundo semestre, tanto para 2007 quanto para 2013, foram menores do que o
primeiro semestre.
Por fim, os anos de 2004 e 2008 foram os períodos com as maiores áreas com
salinização nesse agrupamento, com mais de 3.640 km2 de área no mês de setembro
de 2004; e em 2008, no mês de junho, cerca de 3.710 km2. Os meses de janeiro e
fevereiro apresentaram ausência ou valores médios extremamente baixos,
comparativamente aos demais, ou seja, com baixa presença de água salobra no
interior da laguna, no período do verão (Figura 23). No mês de março de 2004 é
possível notar um aumento da área, em cerca de 910 km2, o que não ocorreu em
2008, para o mesmo período. Entre o segundo e o terceiro trimestre de 2004 foi
possível observar valores maiores, de dois a quatro vezes a concentração encontrada
no mês de março.
Em decorrência dos dados encontrados, nos meses de setembro e outubro,
justifica-se, provavelmente, que nos municípios de Rio Grande, São José do Norte,
Tavares, Turuçu e parte de São Lourenço do Sul, Pelotas, Camaquã, Arambaré,
Tapes e Mostardas tenham sido encontrados indícios de água salobra, próxima a suas
margens (Figura 27 e Figura 28).
67

Figura 27: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul) na laguna dos
Patos/RS, no dia 17 de setembro de 2004.
68

Figura 28: Mapa temático ilustrando os corpos de água doce (verde) e salobra (azul), na laguna dos
Patos/RS, no dia 12 de outubro de 2004.

Em 2008, também foi identificado um aumento expressivo na média das áreas


com água salobra entre os meses de abril e julho, apresentando valores em torno de
1.260 a 3.710 km2. Porém entre os terceiro e quatro trimestres, os valores voltaram a
diminuir, sendo o mês de julho o que apresentou a maior quantificação para o período,
com cerca de 3.070 km2; enquanto que os demais meses ficaram com médias de
áreas salobras abaixo dos 703 km2.
Na Figura 29 é possível verificar o comportamento da média das áreas, cujos
valores foram classificados como intermediários, ou seja, que apresentam áreas
salobras de 15 a 40% da área total da laguna. Observa-se um crescimento dos valores
de área, logo após o mês de fevereiro até atingir o pico, que ocorre no mês de junho,
ou seja, após a entrada da estação de inverno.
69

Água salobra

3000 30

2500 25

2000 20

Área (%)
Área (km2)

1500 15

1000 10

500 5

0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 29: Média geral mensal das áreas consideradas salobras para o grupo considerado
intermediário (de 15 a 40% da área), para a laguna dos Patos/RS.

Na Figura 30 são apresentados os valores da média sazonal do período


considerado intermediário (de 15 a 40% de áreas salobras), para a laguna dos Patos,
considerando os anos de 2004, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2013. Na escala sazonal, o
verão e a primavera, de maneira geral, apresentaram os menores valores de área
salobra. O outono e inverno foram as estações com maior área salobra, sendo os anos
de 2007, 2008 e 2013, no outono, com as maiores áreas salobras; e 2004, 2006 e
2009, no inverno, a estação de maior pico de área salobra, demonstrando uma clara
sazonalidade, quanto ao aumento das áreas salobras até o meio do ano.
70

Água Salobra
3500 35,0
2313 3074

2800 28,0
1999 2226
Área (km2)

1403 1966 1955 1858

Área (%)
2100 1623 21,0

1400 1338 914 14,0


781
579
116
700 34 42 453 7,0
342 906 5 23
83 735 111
0 0,0
Verão

Verão

Verão

Verão

Verão
Outono

Verão
Outono
Inverno
Primavera

Inverno
Primavera
Outono

Outono
Inverno
Primavera

Inverno
Primavera

Inverno
Primavera

Primavera
Outono

Outono
Inverno
2004 2006 2007 2008 2009 2013
Estação do Ano
Figura 30: Média sazonal do período considerado intermediário (de 15 a 40% da área), para a laguna
dos Patos/RS, considerando os anos de 2004, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2013.

A partir da Figura 31 observa-se a média dos períodos analisados (2004, 2006,


2007, 2008, 2009 e 2013), ressaltando a variação das áreas salobras, conforme a sua
sazonalidade. No outono foi constatado o maior valor médio dentre as estações do
ano, cobrindo aproximadamente 19,5% da área da laguna por água salobra, o que
equivale a 1.920 km2; enquanto no inverno 15,7% de área salobra, cobrindo,
aproximadamente 1.544 km2. Já no verão a média ficou em torno de 4,3%, ou seja,
424 km2, e por fim na primavera por volta de 2,6%, o que equivale a 259 km2.
Os resultados obtidos no presente trabalho corroboram, em parte, com os
obtidos por Möller Jr. e Fernandes (2010), uma vez que os autores analisaram as
variabilidades sazonais da região estuária e concluíram que as descargas fluviais
abaixo da média histórica ocorreram no final da primavera e do verão. N presente
trabalho, as áreas salobras na primavera e verão reduzem, comparativamente às
outras épocas do ano. Os autores citam, ainda, que as descargas fluviais acima da
média histórica concentram-se no final de outono, inverno e início de primavera. Nas
Figura 30 eFigura 31, observa-se a partir de junho, ou seja, final de outono/início do
inverno, uma redução progressiva das áreas salobras. Assim sendo, e tendo em vista
que as áreas salobras apresentam um crescimento inversamente proporcional ao
crescimento das descargas de água constatadas, é de se presumir que estas
informações mantêm uma relação condizente.
71

No artigo publicado por Vaz, Möller Jr. e Almeida (2006), os autores mencionam
que as altas descargas de água doce para os rios Jacuí, Taquari e Camaquã ocorrem
no final do inverno e início da primavera. Esse comportamento pode ser identificado,
de forma indireta neste trabalho, através dos resultados alcançados pelas médias das
áreas salobras. Porém, os autores reafirmam que na estação do verão ocorrem
descargas fluviais reduzidas, mas também incluem a estação de outono como tendo
o mesmo comportamento. No outono, percebe-se que os resultados condizem com
as informações dos referidos autores, demonstrando para essa época do ano, as
maiores médias de áreas salobras. Entretanto, no verão, confrontando com os dados
dessa pesquisa, verifica-se que há uma divergência, sendo no verão uma das épocas
com menor entrada de água salobra.
De acordo com Möller Jr. et al. (1996) o predomínio dos ventos para todo ano
na laguna são ventos Nordeste, que combinados com as altas descargas fluviais,
possibilitam um maior fluxo de água doce em direção ao mar. Entretanto, esses
autores, também mencionam a existência de ventos sul, os quais são mais
significativos na estações de outono e inverno, o que podem causar um fluxo de água
com efeito oposto, permitindo a inserção salina. Möller Jr. e Fernandes (2010)
reafirmam a peculiaridade dominante dos ventos NE, principalmente nos períodos de
primavera e verão, e os ventos do quadrante sul, principalmente ventos SO, ocorrem
no outono e inverno.
Assim, a média das áreas salobras encontradas para as estações do ano em
2004, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2013 na laguna dos Patos, possivelmente estejam
vinculadas às combinações dos ventos NE e as baixas descargas de água doce dos
principais rios, lagos e lagoas, que desaguam na laguna. Também pode-se observar
o maior valor médio da área salobra na estação de outono, o que segundo Möller Jr.
e Fernandes (2010), deve-se ao fato da predominância dos ventos SO e descargas
fluviais, abaixo da média histórica. Da mesma forma para a primavera há predomínio
dos ventos NE, com altos picos de descargas de água doce (MÖLLER Jr. et al., 1996),
o que podem ter contribuído para o represamento e menor inserção salina na laguna.
Quanto às prováveis explicações das médias das áreas salobras no verão e
inverno, existe em comum entre essas duas estações, a predominância de parâmetros
opostos. No verão é considerado o período que sucede a estação com menores áreas
salobras, e que inclui uma hegemonia de ventos NE, aliados às baixas descargas
fluviais, sejam as possíveis razões de ter constatado um cenário inicial e crescente
72

das inserções salinas na laguna, mesmo que não tão expressivo, quanto no outono e
inverno. Da mesma forma, para o inverno, que sucede a estação do ano com elevadas
áreas salobras, acentuados ventos SO e grandes volumes fluviais que desaguam na
laguna, esclareça a constatação de um período com a segunda maior média de área
salobra, demonstrando, porém, um comportamento decrescente para essas áreas.

Água salobra

2500 25,0
1920
2000 20,0

1544
Área (km2)

1500 15,0

Área (%)
1000 10,0
424

500 259 5,0

0 0,0
Verão Outono Inverno Primavera
Estações do ano
Figura 31: Média em relação às estações do ano para as áreas ocupadas com água salobra,
considerado a classificação intermediária (de 15 a 40% da área), para a laguna dos Patos/RS,
considerando os anos de 2004, 2006, 2007, 2008, 2009 e 2013.

6.1.4. Períodos com grandes áreas de água salobra (acima de 40%)

Nesse grupo os períodos foram aqueles que apresentaram áreas superiores a


40% da laguna contendo água salobra. Como consequência, apenas os anos de 2005
e 2012, atingiram resultados máximos de aproximadamente 54 a 50%,
respectivamente, de preenchimento por água salobra no interior da laguna dos Patos.
Na Figura 32 são apresentados os períodos com maior concentração de água
salobra (2005 e 2012), bem como aqueles que representam os grupos classificados
anteriormente, onde os quais se destacaram com as maiores quantificações de água
salobra (2008 e 2011). Analisando-se o primeiro trimestre, observa-se que o
comportamento da água salobra em janeiro de 2005 e 2012 não mostrou-se diferente
de 2008 e 2011. Quanto a fevereiro e março, os valores variaram consideravelmente,
sendo que fevereiro de 2005 e 2012 obtiveram, nesta ordem, médias de 2.180 e 3.010
73

km2 de área salobra, enquanto que 2008 e 2011, com 35 e 3 km2, respectivamente.
Em março, o valor médio de área salobra cresceu em 2005, alcançando 4.236 km2, e
2012 oscilou negativamente para 2.787 km2, cujos valores encontram-se distantes das
médias de 2008 (80 km2) e 2011 (46 km2).

2005 2008 2011 2012


600000 60,9

500000 50,8

400000 40,6
Área (ha)

Área (%)
300000 30,5

200000 20,3

100000 10,2

0 0,0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Mês
Figura 32: Variabilidade da área contendo água salobra ao longo dos anos de 2005, 2008, 2011 e
2012, na laguna dos Patos/RS.

Na Figura 33 são apresentadas as classificações de duas imagens exibindo o


comportamento dos meses de fevereiro e março, para os anos de 2005 e 2012.
74

Figura 33: Classificação supervisionada das imagens da laguna dos Patos/RS, nos meses de fevereiro
e março, para os anos de 2005 e 2012, contendo as áreas com água salobra e doce.

De acordo com as imagens classificadas, o segundo e o terceiro mês de 2005,


respectivamente, apresentaram em torno de 22 e 43% da cobertura de área lagunar
por água salobra. Assim, é possível inferir que alguns municípios que se encontram
às margens da laguna dos Patos estiveram sujeitas aos efeitos da salinização. Para
o primeiro trimestre de 2005, o mês de março apresentou maiores amplitudes de áreas
salobras, atingindo as regiões de Rio Grande, Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul,
São José do Norte, Tavares e partes de Camaquã e Mostardas. Já em fevereiro, as
áreas salobras e zonas municipais de maior proximidade a esses corpos d’água,
75

acabaram se limitando apenas aos municípios de São José do Norte, Rio Grande e
Pelotas.
Em 2012, os mesmos municípios citados para 2005, também foram submetidos
a ação da entrada de água salina em fevereiro e março. Entretanto, para fevereiro, os
volumes de água salobra foram menores, quando comparados ao mês subsequente.
No segundo trimestre, os valores médios das áreas salobras tiveram uma
queda considerável em 2005, passando de 43% em março, para 23%,
aproximadamente, no mês de junho. Já em 2012, também observou-se uma queda
dos valores médios mensais de área salobras, passando de 28% em março para 27%,
no mês posterior. Porém em 2012, após essa temporada, houve um sucessivo
aumento dos valores médios das áreas salobras, com um pico de aproximadamente
50 e 47% da ocupação de água salobra nos meses de junho e julho, respectivamente.
A partir do terceiro trimestre, as condições se inverteram, mostrando no ano de
2012 uma queda gradual, de aproximadamente 10 a 15%, com o passar dos meses.
A exceção ocorre em novembro, quando houve uma certa estabilidade das áreas
salobras. Contudo, em 2005 foi constatado a maior representação de água salobra no
mês de julho, com cerca de 54%, persistindo com 40% no mês de agosto. Todavia,
após esse período ocorreram quedas bruscas nos meses consecutivos, quando a
partir de outubro, ocorreu ausência desse volume hídrico, supostamente mais rico em
sais.
Em 2005, as médias das áreas salobras em maio e junho tiveram,
comparativamente aos mesmos meses, valores superados por 2008. Da mesma
forma, foi encontrado no mês de dezembro de 2011, aproximadamente o dobro do
constatado no ano de 2012, para a mesma época (Figura 32).
Na Figura 34 é apresentado o comportamento da média de áreas salobras,
considerando as estações do ano, para 2005 e 2012, na laguna dos Patos. Os
períodos referidos, também apresentaram baixos índices de água salobra nas
estações da primavera e verão, ou seja, novamente, foram essas estações do ano
que apresentaram as menores médias de área salobra. Apresentaram, na primavera,
uma média de 0 e 12% áreas da laguna do Patos com água salobras, assim como, no
verão com 19 e 21% de áreas salobras, nos anos de 2005 e 2012, respectivamente.
Entretanto, o inverno foi a estação com maior representatividade de área
salobra, tendo em média 48 e 46% da área da laguna em 2005 e 2012,
76

respectivamente. Logo em seguida, da mesma forma, outono apresentou cerca de 33


e 31% da área da laguna com água salobra (Figura 34).

Água salobra
5000 50
4705 4515
4375 44
3218
3750 3013 38

3125 31
Área(km2)

Área (%)
2069
1855
2500 25
1222
1875 19

1250 13

625 0 6

0 0
Verão Outono Inverno Primavera Verão Outono Inverno Primavera
2005 2012
Estações do Ano
Figura 34: Média sazonal dos períodos de grandes áreas com água salobra (acima de 40% da área),
para a laguna dos Patos/RS, considerando os anos de 2005 e 2012.

Contudo, considerando os valores médios dos períodos de 2003 a 2014, a


estação do outono apresentou porcentagem superior às demais, alcançando 30% de
área salobra, seguida do inverno, 28,7%, verão com 15,4% e por fim, a primavera,
com 10,5% (Figura 35 e Apêndice C).

Primavera Inverno Outono Verão

10,5
Estações do ano

28,7

30,0

15,4

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0


Área (%)

Figura 35: Porcentagem das áreas salobras, considerando os valores médios, nas quatro estações do
ano, para o período de 2003 a 2014, na laguna dos Patos/RS.
77

Entretanto, os resultados observados entre o outono e inverno diferem cerca


de apenas 1,3% na quantificação das áreas salobras. Todavia, a relação dos valores
entre verão e primavera, mostrou-se mais distinta, quando comparados ao outono.
Isso porque as quantidades em média de áreas salobras encontradas no verão
equivalem em torno da metade e, na primavera, cerca de um terço do que foi
encontrado no outono.
Nesse aspecto, os dados encontrados corroboram com os obtidos por Vaz,
Möller Jr. e Almeida (2006), que citam que verão e outono apresentam uma descarga
fluvial mais reduzida, quando comparada a primavera, que apresenta altos níveis de
descarga.
Castelão e Möller Jr. (2003) e Giordano e Fernandes (2008) acrescentam que
na temporada de verão e primavera predominam ventos do quadrante Nordeste,
enquanto que nos meses de outono e inverno, os ventos de Sudoeste. Diante desse
contexto, os resultados encontrados, com baixas concentrações de água salobra na
primavera, são justificados pela intensa descarga de água doce, associados com os
ventos predominantes do quadrante Nordeste (NE). O mesmo vale para a estação de
outono, onde predominam baixas a moderadas descargas d’água, com a presença
dos ventos Sudoeste, justificando a maior presença de água salobra. Já no verão,
esses fatores invertem, visto que ocorrem precipitações consideradas de baixas a
moderadas, mas há o predomínio de ventos do quadrante NE, o que de certa forma
explica os valores medianos encontrados no verão, em decorrência dos ventos
reprimirem o avanço salino.

6.1.5. Modelagem das classificações de imagens com áreas salobras na


laguna dos Patos

Nas Figura 36 e Figura 37 são apresentadas a frequência (número de meses)


e a amplitude da água salobra, entre os anos de 2003 a 2014.
Em 2003, foram encontradas frequências de até 4 meses de áreas salobra,
entre as regiões de São José do Norte e Rio Grande, próximo a região da Ilha da
Torotama (Tabela 5).
Para as áreas identificadas por água salobra, considerando a frequência de 3
meses, foram detectadas na área da laguna, aproximadamente 67 km2 de corpos
78

d’água salobra. Quanto ao avanço das áreas salobras com frequência de 1 ou 2


meses, notou-se que essas áreas ficaram perto das margens de Pelotas e São José
do Norte (Tabela 5), estendendo-se até as limiares do estuário da laguna dos Patos.
Além dessas localidades, próximo a Viamão, foi encontrado acúmulo de uma pequena
área salobra, próximo às suas margens, com duração de apenas 1 mês.

Tabela 5: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em 2003.
Frequência de ocorrência
Município
(Mês)
Rio Grande 4
Pelotas 2
São José do Norte 4
Viamão 1

Em 2004 há um comportamento bem distinto do que ocorreu no ano de 2003,


com frequência mensal de 1 e 2 meses em todas as regiões municipais ligadas à área
de estudo (Tabela 6). Além disso, o limite encontrado das áreas salobras, com uma
frequência de 3 meses, foi próximo às divisas entre Tavares e Mostardas, enquanto
que no outro lado da margem, a localidade de Arambaré. Quando analisada a
frequência superior a 2 meses, em 2004, foi cerca de 3.470 km2, diferentemente do
ocorrido em 2003, em que foi encontrado em torno de 68 km2 de água salobra.
79

Figura 36: Apresentação da frequência (número de meses) e abrangência das áreas identificadas por
água salobra, entre os anos de 2003 a 2008.
80

Figura 37: Apresentação da frequência (número de meses) e abrangência das áreas identificadas por
água salobra, entre os anos de 2009 a 2014.
81

Como no período de 2004 houve grandes entradas de massa d’água salobra,


é interessante frisar que nesse ano as localidades que tiveram maiores influências
pela salinização foram São José do Norte e Tavares (Tabela 6), com frequência de 7
e 6 meses, respectivamente.

Tabela 6: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em 2004.
Frequência de ocorrência
Município
(Mês)
Rio Grande 4
Pelotas 3
Turuçu 5
São Lourenço do Sul 5
Camaquã 4
Arambaré 4
Tapes 2
Barra do Ribeiro 2
Viamão 2
Palmares do Sul 2
Mostardas 3
Tavares 6
São José do Norte 7

Como mencionado anteriormente, o estuário da laguna sofre uma variação


diária das movimentações de água salgada e doce, onde os municípios que ficam
próximos do exutório da laguna dos Patos, como: Rio Grande, Pelotas e sul de São
José do Norte, acabam sendo afetados por essa variação. No estuário da laguna foi
feita a quantificação de zonas salobras com resultado inferior ao encontrado no interior
da mesma. Esse resultado é devido a existência do canal São Gonçalo, entre as
divisas de Pelotas e Rio Grande, que transporta água doce da lagoa Mirim até o
estuário da laguna, fazendo com que as localidades mais ao sul, periodicamente,
apresentem uma variação na água doce e salobra. Esses eventos podem ser
visualizados na maior parte dos anos, exceto aqueles que apresentam menores áreas,
classificadas como água salobra.
82

No mapeamento para o ano de 2005 observa-se maior extensão nas limitações


de água salobra para a região mais ao norte, estendendo-se próximo aos municípios
de Tapes até a região de Mostardas, demonstrando o avanço máximo em direção ao
norte da laguna (Figura 36).
Além disso, percebe-se que a frequência e abrangência das áreas salobras
estão de forma mais bem distribuídas dentro dos limites analisados,
comparativamente ao ano anterior. Assim, não somente Tavares e São José do Norte,
mas também os municípios de Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul e Camaquã
também registraram a presença de áreas salobras em suas margens, de pelo menos
6 meses do ano (Tabela 7).

Tabela 7: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em 2005.
Frequência de ocorrência
Município
(Mês)
Rio Grande 1
Pelotas 6
Turuçu 7
São Lourenço do Sul 6
Camaquã 7
Arambaré 5
Tapes 5
Mostardas 5
Tavares 6
São José do Norte 8

Para 2006 as áreas salobras que apresentaram frequência superior a 3 meses


tiveram uma área de extensão menor do que o ano anterior (Tabela 8), estendendo-
se, pelo lado leste da margem da laguna, próximo de Tavares e pelo lado oeste
chegando até o município de Camaquã. Ademais, foi constatado que a periodicidade
mensal das áreas, com frequência superior a 5 meses, ficou restrito apenas à região
de São José do Norte, oposto ao ocorrido em 2005, com maior número de zonas
atingidas (Figura 36).
Apesar da menor abrangência, na maior parte dos municípios que circundam a
área de estudo, com exceção de Palmares do Sul, foram registradas áreas de pelo
83

menos 1 mês com água salobra. Para o caso de Tapes, possivelmente, a persistência
por 2 meses foi devido ao seu formato de enseada, nome conhecido popularmente na
região por “Saco de Tapes”, o que desencadeou esse pequeno represamento de água
salobra, acompanhado, provavelmente, pelos fatores meteorológicos da região.
Observa-se esse comportamento nos anos de 2004, 2005, 2006, 2011, 2012 e 2013
(Figura 36 e Figura 37).
Outro aspecto observado foi próximo às regiões de Mostardas, Palmares do
Sul e Viamão, onde foram encontradas áreas salobras junto às suas margens. No
caso da área próxima ao município de Mostardas, de acordo com Abreu e Calliari
(2005), foi registrado a existência de um paleocanal de aproximadamente 500 m de
largura, com profundidade de 9,5 m, localizado a partir de instrumentos de
levantamento sísmicos, na altura da cidade de Mostardas. Justifica-se, assim, que
essa região tenha sido a que apresentou a maior concentração de água salobra, já
que nesse ano não houve um intenso volume de água, oriunda da desembocadura da
laguna.
Quanto a Palmares do Sul e Viamão, por tratarem-se de regiões próximas a
Mostardas, há a hipótese de que possam ter sido influenciadas pelos fatores
meteorológicos típicos da laguna, que conduziram esse volume hídrico até as
proximidades desses municípios. Essas características também podem ser
observadas nos anos de 2003, 2006, 2008, 2009, 2010, 2013 e 2014.

Tabela 8: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em 2006.
Frequência de ocorrência
Município
(Mês)
Rio grande 3
Pelotas 4
Turuçu 4
São Lourenço do Sul 3
Camaquã 3
Arambaré 2
Tapes 2
Barra do Ribeiro 1
Viamão 2
84

Mostardas 1
Tavares 3
São José do Norte 7

Analisando a abrangência das áreas com frequência maior do que 2 meses,


observa-se que os avanços das águas salobras retrocederam ainda mais em 2007,
comparativamente ao ano de 2006, ficando restritas aos municípios de São José do
Norte e São Lourenço do Sul (Figura 36). Nesse ano, o município de São Lourenço
do Sul se destacou por ser a região mais atingida durante esse período, apresentando
uma frequência de 5 meses de água salobra nas margens dessa região (Tabela 9).

Tabela 9: Maior frequência mensal dos municípios atingidos por água salobra em 2007.
Frequência de ocorrência
Município
(Mês)
Rio Grande 2
Pelotas 2
Turuçu 4
São Lourenço do Sul 5
Camaquã 2
Arambaré 1
Mostardas 1
Tavares 2
São José do Norte 4

A partir das Tabela 9 (2007) e Tabela 10 (2008), observa-se que a quantidade


de municípios que foram atingidos pelas mudanças hídricas, de um ano para o outro,
diminuiu, bem como a frequência e a abrangência, com exceção de Turuçu, que se
manteve com o mesmo número de meses e São Lourenço do Sul, que aumentou em
um mês a frequência de ocorrência de água salobra.
Observa-se na Figura 36, a progressão de água salobra no interior da laguna,
em contraponto ao ocorrido nos últimos anos. Nesse período foram encontrados os
limites das áreas atingidas com no mínimo 3 meses, próximo aos municípios de
Arambaré e, na margem oposta ficou próximo à divisa de São José do Norte e
Tavares. Além disso, observaram-se, ainda, avanços de água salobra próximo a
85

região de Barra do Ribeiro, o que já havia sido encontrado nos anos de 2004, 2006 e
também em 2012. Porém, em 2008, a frequência das áreas salobras, próximas aos
municípios se mantiveram com uma variação mínima, considerando a escala
(frequência) mensal. Na Tabela 10 é apresentada a quantificação do número de
meses com água salobra, para os anos de 2007 e 2008.

Tabela 10: Comparação entre os anos de 2007 e 2008, quanto a maior frequência mensal dos
municípios atingidos pela água salobra.
Freq. de meses Freq. de meses
Município
2007 2008
Rio Grande 2 4
Pelotas 2 4
Turuçu 4 4
São Lourenço do Sul 5 4
Camaquã 2 3
Arambaré 1 3
Tapes 0 1
Viamão 0 1
Mostardas 1 2
Tavares 2 2
São José do Norte 4 5

Em 2009, a linha que marca a divisão entre as áreas com frequência superior
a 2 meses encontra-se ao redor das localidades de Camaquã e Tavares,
diferentemente do ano de 2008, onde sua limitação alcançou o município de Arambaré
e limites de São José do Norte e Tavares. Além disso, outra diferença observada no
ano de 2008, comparativamente ao anterior, foi com relação ao maior avanço de água
salobra, levando em consideração a frequência em um único mês, chegando aos
municípios de Mostardas e Arambaré, indicando seu limite mais ao norte da laguna,
sendo que em 2008, alcançou os municípios de Viamão e Barra do Ribeiro.
Durante os períodos de 2008 e 2009 foram encontradas alterações de
cobertura de água salobra, com persistência superior a 5 meses. Em 2008, a área
somente se estendeu entre uma parte de São José do Norte e Turuçu (Figura 36),
86

enquanto que em 2009, a extensão ocorreu em grande parte do município de São


José do Norte, Turuçu, Pelotas e parte de São Lourenço do Sul (Figura 37).
Para 2010, verifica-se que esse ano teve por característica pequenas
concentrações de área salobra, quando comparados aos anos anteriores (Figura 37).
Neste contexto, as únicas entradas registradas de água salobra foram próximas aos
limites do estuário da laguna dos Patos, não ultrapassando 2 meses de frequência e
em algumas pequenas áreas perto de Viamão e Mostardas.
Com relação às variações de água doce e salobra de 2010 para 2011, observa-
se que a água salobra ultrapassou os limiares do estuário da laguna. Esse avanço
chegou até os municípios de Turuçu e parte de São José do Norte, porém, as áreas
encontradas com águas salobras por mais de 3 meses foram encontradas em zonas
específicas, como por exemplo: parte de São José do Norte, Pelotas e Rio Grande, o
que revela pouca persistência desse volume d’água na laguna (Figura 37).
Além dos municípios que circundam o ambiente estuarino da laguna, Arambaré
e Tapes também registraram a presença de água salobra, entretanto, até o momento
não se sabe o motivo da presença de água salobra nessas localidades, em 2011.

Dentre os períodos analisados, 2012 mostrou-se ser um ano atípico, devido a


maior frequência de áreas salobras na laguna. Pôde-se observar maior frequência de
ocorrência, sendo superior a 5 meses, com maior preenchimento de áreas salobras
neste ano (Figura 37). Também foi o período que obteve maior cobertura de área por
água salobra, com frequência de 1 mês, totalizando mais de 6.200 km2, ao final do
período. Na Tabela 11 é apresentada a relação da quantidade de área atingida, bem
como a frequência mensal para todos os anos estudados.

Tabela 11: Comportamento anual da relação de abrangência (km²), em função da sua frequência.
3 meses 6 meses 7 meses 8 meses 9 meses 10 meses
Ano (km²) (km²) (km²) (km²) (km²) (km²)
2003 68 0 0 0 0 0
2004 3.470 1.611 669 0 0 0
2005 4.713 2.914 1.603 912 156 0
2006 2.386 1.411 35 0 0 0
2007 1.214 0 0 0 0 0
2008 3.017 182 0 0 0 0
2009 2.972 873 152 0 0 0
2010 0 0 0 0 0 0
2011 188 0 0 0 0 0
2012 4.500 3.009 2.613 2.061 971 44
87

2013 2.731 569 33 0 0 0


2014 0 0 0 0 0 0

Apesar de 2012 ter sido o ano com maior cobertura de água salobra, 2005
apresentou uma maior área para a frequência de ocorrência entre 2 e 5 meses,
indicando sua importância dentro dos 12 anos analisados. Outro aspecto observado
para esse período foi a quantidade de municípios que, em pelo menos metade do ano,
foram afetados pela interferência de água salobra, sendo então: Turuçu, São
Lourenço do Sul, Camaquã, Tavares, São José do Norte e Pelotas e a parte da zona
mais ao sul de Mostardas. Esse comportamento é similar ao ocorrido em 2005, onde
também foi um dos anos com grande volume de água salobra.
Observando o período correspondente ao ano de 2013, e comparando-o com
2012, verifica-se que o alcance (abrangência) das áreas salobras com frequência
superior a 2 meses, no sentido norte, ficaram restritas a quantificação de áreas
menores. Enquanto que 2012 a proximidade maior, dessas áreas, chegaram até as
proximidades de Tapes e Mostardas, em 2013, ficou restrito às regiões de São
Lourenço do Sul e São José do Norte (Figura 37)
O ano de 2014 foi o período, dos 12 anos analisados, em que ocorreu a menor
variação de área salobra no interior da laguna dos Patos (Figura 36 e Figura 37).
Observa-se nas proximidades de alguns municípios, a presença de regiões salobras
em apenas um único mês. Nesse caso, para a região mais ao norte da laguna, Viamão
e Palmares do Sul exibiram perto de suas margens a existência de um acúmulo de
água salobra, e enquanto na zona mais ao sul, uma parcela menor atingiu Rio Grande
e sul de São José do Norte. Assim 2014, 2010 e 2003 podem ser considerados como
representantes das menores áreas om água, dentro dos 12 anos analisados,
acumulando aproximadamente ao final de cada ano, respectivamente, 454, 1.049 e
2.209 km2.
Levando em conta os estudos realizados por Fernandes, Cecílio e Schiller
(2006), os quais avaliaram os efeitos das obras portuárias de alteração dos Molhes
da Barra de Rio Grande, utilizando simulações numéricas, com prováveis alterações
nos fluxos de água e enchentes, diminuição na distância e penetração do gradiente
salino e cunha salina, pouco pode ser comparado com os resultados de 2003 a 2014.
Isso devido às obras de ampliação dos Molhes terem encerrado em 2011, restando,
assim, os últimos 4 anos para avaliar os possíveis efeitos causados na laguna. Dessa
88

forma, foi encontrado em 2012, um dos anos com maior área salobra, considerando a
frequência superior a 3 meses, divergindo do previsto pelos autores citados.
Entretanto em 2014, foi o período com menor área salobra, com cerca de 37 km² em
média, para cada mês. Porém, deve-se considerar que esses dois anos tiveram em
comum, variações marcantes nos acúmulos totais e anomalias de precipitação para o
RS, de acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Sendo em 2012,
marcado por anomalias negativas na precipitação, com níveis acumulados de
precipitação variando de 1.800 a 800 mm. Já em 2014, o cenário é o oposto,
demonstrando anomalias crescentes para as precipitações, com valores de 2.600 a
1.600 mm.
De acordo com a Figura 38 é possível observar quais as áreas da laguna e
margens de municípios que detiveram 10, 20 e 30% de água salobra, obtidas a partir
do somatório das classificações existentes, dentro dos 142 meses analisados. Dessa
forma, os municípios de Rio Grande, Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul,
Camaquã, São José do Norte, Tavares, e parte de Mostardas, Arambaré e Tapes
apresentaram áreas salobras, com 10% dos meses estudados. Já as regiões que
foram atingidas por 20% estão próximas a São José do Norte, Tavares, Rio Grande,
Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul e parte de Camaquã. Enquanto que 30% ficou
restrito, principalmente a São José do Norte, alcançando as zonas costeiras de
Pelotas, Turuçu e São Lourenço do Sul.
89

Figura 38: Quantificação das áreas salobras que correspondem a 10, 20 e 30% de todo o período
analisado.

Ainda, a partir da Figura 38, é possível afirmar que São José do Norte foi um
dos municípios que apresentou a maior frequência mensal (número de mês) e maior
abrangência de áreas salobras, próximas a sua costa, em relação às demais regiões
lindeiras à laguna dos Patos. Esse resultado confirma os estudos realizados por
Carmona (2011), visto que a região de São José do Norte, até as proximidades da
localidade de Bojurú, apresenta nas suas análises de solo, altos níveis de sódio. Esse
autor levanta a hipótese de que nessa localidade possa ter sido utilizada água com
excesso de sódio, provenientes da laguna dos Patos, o que justificaria os resultados
obtidos.
90

7. CONCLUSÕES

Com base na quantificação do número de imagens adquiridas, conjuntamente


aos dois satélites, constatou-se 1 imagem por mês para fins de estudo do corpo
lagunar do Rio Grande do Sul.
Os períodos de 2005 e 2012 foram os períodos que representaram as maiores
áreas com água salobra, considerando as frequências mensais superiores a 2 meses.
Foram constatadas, além disso, médias mensais em 2005 e 2012, que ultrapassaram
os 50% da área total da laguna. Em contraposição, quando somadas todas as áreas
médias mensais para cada ano, 2014 e 2010, nesta ordem, alcançaram os menores
valores de área com água salobra, assim como, as menores frequências mensais.
São José do Norte foi o município mais atingido por água salobra, em função
de que pelo menos 30% dos meses estudados, apresentou áreas salobras próximas
às suas imediações. Considerando 20% dos meses estudados, as regiões de Rio
Grande, Pelotas, Turuçu, São Lourenço do Sul, Camaquã e Tavares tiveram suas
margens próximas de zonas salobras. Em concordância a isso, os municípios da
metade norte da laguna, de fato são as regiões que menos sofrem com as
aproximações das água salobras, visto que em um quinto do tempo estudado, ficaram
concentradas nas imediações de Tavares e Camaquã.
Além disso, foram detectados indícios de água salobra próximos aos
municípios de Viamão, Mostardas e Palmares do Sul, sem a aparente influência das
águas oriundas da região sul da laguna.
Em relação às quantificações das médias das áreas salobras por estação do
ano, entre 2003 a 2014, o outono foi a estação com as maiores áreas salobras,
seguido das estações de inverno, verão e primavera. De acordo com os resultados,
30% da área da laguna, em média, encontra-se com área salobra, assim como, 28,7%
para o inverno. Em conformidade a isso, as estações do verão e primavera,
alcançaram, nesta ordem, a metade e um terço dos valores encontrados no outono,
sendo assim, as duas estações que obtiveram menores médias de áreas com água
salobra.
91

REFERÊNCIAS

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barra/> Acessado em 10 de setembro de 2017
101

APÊNDICES
102

Apêndice A- Datas de aquisição de imagens dos satélites Terra e Aqua, entre os anos de 2003 a 2014. Os satélites Terra, Aqua
e ambos estão simbolizados, respectivamente, pelos números 1, 2 e 3.

2003 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 2 1 3 2 3
FEV 2 1 2 3 1
MAR 3 2
ABR 2 2 3 1 2
MAIO 1 1 1
JUN
JUL 2 2 3
AGO 2 2 2 3 1
SET 3 1 3 1
OUT 2 2 3 3 2 2
NOV 2
DEZ 1 2
103

2004 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 1 2
FEV 3
MAR 2 3
ABR 2 2 3 2 2 2 1
MAIO
JUN 3 3 3 3
JUL 2 3 3
AGO 1 3 2 2
SET 2 3
OUT 2 2 3 3
NOV 2 3
DEZ 3

2005 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 3 2
FEV 1
MAR 2 1 2 2
ABR 1 2 2 2
MAIO 2 1 3 2 3
JUN 1
JUL 3 1 1 1 3 3 2 2
AGO 1 1 1 1
SET 2 2 1
OUT 3 3
NOV 3 1 2 1 3 1 1
DEZ 3
104

2006 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 2
FEV 2 1
MAR 2 2 2 1 3
ABR 1 3 2 2
MAIO 2 1 2 2
JUN 2 1 2
JUL 2 1 3 1
AGO 1 1 1 2
SET 2 1 3 2 3
OUT 1 3
NOV 3 1 1 1
DEZ 3 2

2007 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 2 2 2
FEV 2 1
MAR 1
ABR 3 3 1 2 2
MAIO 3 3 2 2
JUN 3 3 3 1
JUL 2 3 2 1 1 1 1
AGO 3 1 2
SET 2 2 1
OUT 1 1
NOV 2 2 1 2
DEZ 2 3
105

2008 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 1 3 1 2
FEV 2 3 2
MAR 1 2 2
ABR 2 3 3 1 3 1 2 2
MAIO 2 3
JUN 1 2 1 2 1 1
JUL 2 3 2
AGO 3 2 1 3 1
SET 3
OUT 1 2
NOV 2 1 1 2 1
DEZ 3 2 2

2009 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 2 1
FEV 2 3
MAR 1 2
ABR 1 2 3 2 2 2
MAIO 3 2 2
JUN 2 2 2
JUL 3
AGO 2 3 3 1 3 3 3 3
SET 1
OUT 3 3
NOV 2
DEZ 3
106

2010 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 3
FEV 1 2
MAR 1 1 2 2
ABR 1 2 2 2
MAIO 3
JUN 1 2 3 3 1 2
JUL 2 2 1 1 1 2 1 2
AGO 2 2 2 1
SET 2 1 1 2
OUT 3
NOV 2 1 2 1 2
DEZ 1 1 3

2011 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 1 2
FEV 2
MAR 3 3 1
ABR 2 1 2 1 2 1 2
MAIO 2 3 2
JUN 1
JUL 1 1 3 1 1
AGO 1 1 3 2
SET 2 2 1 2 3 2 3 2
OUT 2 1 2
NOV 1 2
DEZ 3
107

2012 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 1 3
FEV 1 2
MAR 2 2 1 1 2 1
ABR 3 1 1
MAIO 3 1 2
JUN 1 3 2 2
JUL 2 2 2 2 2
AGO 2 1 2 2 1
SET 2 1 1
OUT 2
NOV 1 2 2 2
DEZ 3 2 1 1 1

2013 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 2
FEV 1 2
MAR 2 1 2
ABR 3 3 1 3 2 1 2 2
MAIO 1
JUN 2 2 1 1 2 3
JUL 2 2 3 2 1 2 1 1
AGO 2 2 3 2 2 3
SET 1 1 2 3 1
OUT 1 2
NOV 2 3 3 2
DEZ 3 3 2 2 1
108

2014 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31
JAN 3 3 1
FEV 3 2
MAR 1
ABR 1 1 1 3
MAIO 2 3
JUN 3 3 2 3 2
JUL 1 1 1 2 1 1 1 1
AGO 3 2 1 3
SET 2 1
OUT 2 1
NOV 2 1 3 3 3
DEZ 1 2 3
101

Apêndice B - Tabela geral com a média das áreas salobras (km²) entre os anos de 2003 a 2014. Para aqueles valores que estão
indicados em vermelho, os dados foram calculados através da interpolação linear. Já para os dados em azul, indica o mês do
ano com maior área salobra.

Mês 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 Somatório % Média
Jan 37 0 241 12 1039 1 1472 0 7 102 601 5 3516 3,0 29300
Fev 8 0 2181 77 641 36 409 60 3 3011 1006 0 7431 6,3 61929
Mar 0 912 4237 298 867 81 129 112 47 2787 2444 0 11912 10,1 99270
Abr 177 1833 3809 1287 2234 1265 1611 65 166 2660 1948 0 17053 14,4 142111
Mai 157 2570 2679 1253 2129 3184 1606 1 103 3636 2442 71 19830 16,8 165254
Jun 91 3489 2300 2374 1864 3717 2358 29 266 4906 2248 40 23681 20,0 197346
Jul 2 3455 5305 2394 206 3072 2657 8 236 4631 1408 0 23375 19,8 194794
Ago 0 2362 3988 2137 7 319 1772 0 41 3732 1004 2 15364 13,0 128031
Set 123 3643 2627 934 0 739 594 0 0 2686 332 79 11757 10 97973
Out 0 882 0 1003 3 74 0 0 31 1356 31 7 3387 2,9 28227
Nov 34 4 1 226 0 0 3 137 0 1667 8 0 2081 1,8 17338
Dez 108 166 0 186 13 87 1 8 1209 652 8 0 2437 2,1 20306
Somatório 738 19316 27366 12181 9004 12572 12610 419 2109 31825 13480 205
% 1,90 25,6 30,5’ 15,5 12,5 16,0 17,3 0,9 3,3 37,9 19,5 0,4
Média 62 1610 2281 1015 750 1048 1051 35 176 2652 1123 17
Área (Km²)

1000
1500
2000
2500
3000
4000
4500
5000

3500

0
500
Outono
Inverno

2003
Primavera
Verão
Outono
Inverno

2004
Primavera
Verão
Outono
Inverno

2005
Primavera
Verão
Outono
Inverno

2006
Primavera
Verão
Outono
Inverno

2007
Primavera
Verão
Outono
Inverno

2008
Primavera
Verão
Outono
Inverno
2009
Primavera
Água salobra

Estaçoes do Ano Verão


Outono
Inverno
2010

Primavera
Verão
Outono
Inverno
2011

Primavera
Verão
Outono
Inverno
2012

Primavera
Verão
Outono
Inverno
2013

Primavera
Verão
Outono
Inverno
2014

Primavera
Verão
Apêndice C - Comportamento da área ocupada por água salobra, considerando estação do ano em todo o período analisado.
102

0
5
10
15
20
25
30
40
45
50

35

Área (%)

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