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5.

Geologia e geomorfologia em regiões costeiras

o grande prazer da compreensão de uma das mais naturais e antrópicos ao longo da zona costeira (Souza
fascinantes paisagens do planeta Terra. A eles se deve Filho et al., 2002), bem como pelo uso de imagens de
a maior parte do conteúdo deste trabalho que, sensores remotos nas quantificações das modificações
respeitosamente, lhes dedicamos. costeiras e reconhecimento dos diferentes ambientes
sedimentares transicionais (Souza Filho & Paradella,
2. HISTÓRICO E EVOLUÇÃO DOS 2001 e 2002). Também foram realizados estudos
CONHECIMENTOS SOBRE A GEOLOGIA E A palinológicos em manguezais (Behling et al., 2001).
GEOMORFOLOGIA DE REGIÕES COSTEIRAS
EM ALGUNS ESTADOS DO BRASIL Rio Grande do Norte
Os primeiros trabalhos sobre geologia e Os primeiros registros sobre geologia e
geomorfologia de áreas costeiras no Brasil remontam geomorfologia costeira no Rio Grande do Norte datam
ao início do século XIX. Até meados do século XX, os do início do século passado (Branner, 1902, 1904).
trabalhos sobre o tema eram principalmente descritivos, Esses estudos limitaram-se à descrição do trecho costeiro
correspondendo aos trabalhos que Villwock & Tomazelli situado a sul da cidade de Natal. Nos anos de 1970,
(1995) enquadram, no Rio Grande do Sul, como trabalhos voltados a aspectos estruturais (Costa & Salim,
representantes de uma fase antiga. A partir das décadas 1972) e rochas praiais (Oliveira, 1978) foram
de 1950 e 1960 inicia-se a fase moderna de investigação desenvolvidos nas proximidades de Natal. A partir do
das províncias costeiras brasileiras, marcada por final dos anos de 1980, estudos regulares de geologia e
trabalhos mais detalhados e de cunho interpretativo. geomorfologia costeira passaram a ser efetuados em
O histórico e a evolução dos conhecimentos sobre todo o litoral do Rio Grande do Norte. Nesse mesmo
geologia e geomorfologia costeira no Brasil são período, alguns trabalhos foram desenvolvidos no litoral
apresentados, a seguir, através de uma síntese histórica norte pela Petrobrás (e.g. Fortes, 1987, 1990; Bagnoli,
de sete estados brasileiros, representantes das regiões 1988; Bagnoli & Oliveira, 1995).
Norte, Nordeste, Sudeste e Sul. A partir de 1995, a criação da Pós-Graduação
em Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal
Pará do Rio Grande do Norte resultou em importantes
No Pará, o trabalho de Ackermann (1964) contribuições no estudo do nível relativo do mar e
descreve pela primeira vez os depósitos costeiros do atividade tectônica relacionada (Lima Filho et al., 1995;
nordeste do estado. Nesse mesmo ano, Silveira (1964) Bezerra et al., 1998, 2001; Barreto et al., 2002; Caldas,
classificou a costa norte como dominada por 2002), bem como estudos voltados à evolução e
macromarés. Na década seguinte, o Projeto Radam monitoramento costeiro utilizando modernas técnicas
publicou os primeiros resultados sobre o mapeamento de estudo, tais como sensoriamento remoto, radar de
geológico e geomorfológico costeiro em escala de penetração no solo e datação 14C AMS (Amaro et al.,
1:1.000.000. Vale destacar o trabalho de Barbosa & Pinto 2002; Vital et al., 2002; Caldas, 2002; Lima et al.,
(1973), que definiu a unidade morfoestrutural “Litoral 2002).
de Rias” do Pará e Maranhão. Franzinelli (1982)
apresentou o trabalho “Contribuição à Geologia da Costa Bahia
do Estado do Parᔠcom mapa geológico na escala As primeiras considerações sobre o Quaternário
1:250.000, destacando os processos costeiros, o recuo costeiro do estado da Bahia foram feitas por Spix &
de linha de costa e a compartimentação estrutural do Martius (1828) e Hartt (1870): o primeiro comenta
litoral nordeste do Pará. sobre os recifes de coral de Camamu e o segundo
Nesse mesmo período, Simões (1981) publicou descreve a geomorfologia do litoral baiano entre Mucuri
os primeiros trabalhos sobre sambaquis no norte do (extremo sul do estado) e Salvador. Ainda com
Brasil. Somente na década de 1990 foram publicados importância histórica, deve ser citado o trabalho de
os primeiros trabalhos sobre a morfoestratigrafia dos Branner (1904), apresentando treze referências sobre
depósitos costeiros (Silva, 1996; Santos, 1996; Souza recifes de corais da Bahia. Dentre os vários trabalhos
Filho & El-Robrini, 1996, 1998, 2000). Nesses geomorfológicos publicados por Cardoso da Silva e
trabalhos, foram gerados mapas geomorfológicos em Tricart nas décadas de 1950 e 1960, vale relacionar o
escala de 1:50.000. Essa década é marcada também trabalho de Tricart & Cardoso da Silva (1968), primeiro
pelas pesquisas sobre a compartimentação neotectônica trabalho que busca apresentar uma visão abrangente
da costa norte (Souza Filho, 2000). Os últimos anos do Quaternário marinho do estado. Os depósitos
têm sido marcados por estudos sobre os impactos quaternários marinhos emersos foram novamente objeto

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Quaternário do Brasil

de investigação na primeira publicação de Martin & A Baía de Ilha Grande teve sua cobertura sedimentar
Suguio (1976) reportando os problemas estruturais da mapeada por Mahiques & Furtado (1989). O reduzido
costa baiana e sua influência no modelado costeiro. desenvolvimento de planícies costeiras foi tratado por
Ainda na década de 1970, foram publicados os primeiros Suguio & Martin (1978), que reconstituíram a curva de
trabalhos propondo as curvas de variação do nível variação do nível do mar para a região de Parati e Angra
marinho, merecendo destaque Martin et al. (1979a). dos Reis durante os últimos 2.700 anos A.P.
Na década de 1980, vários trabalhos sobre a No norte do estado foi realizada uma série de traba-
evolução morfoestratigráfica das grandes lhos sobre a planície costeira do rio Paraíba do Sul, centrados
desembocaduras fluviais do leste brasileiro foram em aspectos estratigráficos e transporte sedimentar
publicados, merecendo especial atenção os de (Dominguez et al., 1982; Martin & Flexor, 1987).
Dominguez et al. (1981) e Dominguez et al. (1987). Recentemente, Muehe & Valentini (1998)
Análises mais abrangentes sobre o desenvolvimento do apresentaram uma descrição geral da fisiografia do
modelado costeiro passaram a ser feitas na década de litoral do estado do Rio de Janeiro, com extensa
1990, abrangendo toda a região Nordeste oriental e bibliografia.
setentrional, e procuraram avaliar o papel das diferentes
variáveis atuantes no balanço sedimentar enfocando São Paulo
principalmente a erosão costeira (Dominguez & Em São Paulo, os primeiros trabalhos sobre a
Bittencourt, 1996; Martin et al., 1998; Bittencourt et região costeira foram realizados pela Comissão
al., 2000, 2002). Os inúmeros trabalhos publicados Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo (CGG,
sobre a sedimentologia da Baía de Todos os Santos são 1915, 1920), que percorreu todo o litoral paulista
sumarizados na revisão feita por Lessa et al. (2000a). fazendo descrições geológicas e geomorfológicas.
Os recifes de coral, importantes feições geomórficas Silveira (1950) tratou da geomorfologia regional do vale
da costa baiana, têm sido estudados sob diversos do rio Ribeira de Iguape e dos ambientes costeiros
aspectos desde o início da década de 1970, sendo o associados. Freitas (1951a,b,c) analisou, ao longo da
trabalho de Leão & Kikuchi (1999) o que melhor sintetiza costa paulista, as composições mineralógicas de areias
os conhecimentos até aqui obtidos. de praias e seus respectivos significados geológicos da
costa paulista. Ab’Saber (1955) versou sobre a evolução
Rio de Janeiro paleogeográfica do litoral paulista. A geomorfologia da
Trabalhos sobre a geologia e a geomorfologia planície costeira de Caraguatatuba foi discutida por Cruz
costeira no Rio de Janeiro começaram a se destacar a (1974) e Souza (1990). Suguio & Petri (1973) e Petri
partir da década de 40 do século passado, com os & Suguio (1973) publicaram trabalhos pioneiros sobre
trabalhos de Lamego (1940, 1945) a respeito dos aspectos estratigráficos dos depósitos cenozóicos da
cordões litorâneos por ele denominados de restingas, e região costeira de Cananéia-Iguape.
pelo excelente trabalho de Ruellan (1944) sobre a Baía Finalmente, estudos sistemáticos baseados em
de Guanabara e região vizinha. Posteriormente, foram levantamentos de campo e em datações absolutas foram
apresentadas reavaliações e estudos mais detalhados iniciados por Martin & Suguio (1975), culminando com
sobre os cordões litorâneos (e.g. Muehe & Corrêa, 1989; a publicação dos mapas geológicos em escala 1:100.000
Ireland, 1987; Martin & Suguio, 1989; Maia et al., 1984; das planícies costeiras de todo o litoral paulista (Suguio
Muehe & Ignarra, 1984). & Martin, 1978). Barcelos (1975), Giannini (1987) e
Referentes à Lagoa de Araruama, Branco & Souza (1990) estudaram as planícies costeiras de Ilha
Ramalho (1984) apresentaram um detalhado estudo Comprida, Peruíbe-Itanhaém e Caraguatatuba,
batimétrico e sedimentar, e Muehe (1994) apresentou respectivamente. Aspectos da geologia e geomorfologia
uma síntese dos conhecimentos da geomorfologia e do estado de São Paulo foram apresentados por Massad
cobertura sedimentar. Os estudos na Baía de Sepetiba (1994) e Vargas (1994).
são representados pelos trabalhos de Roncarati &
Barrocas (1978) sobre a cobertura sedimentar; por Paraná
Ponçano et al. (1979) sobre a evolução do cordão No estado do Paraná, as pesquisas sobre geologia
litorâneo da Marambaia e a origem da Baía de Sepetiba; e geomorfologia costeira iniciaram-se com o amplo e
por Borges & Figueiredo (1989) sobre a evolução pioneiro trabalho de Bigarella (1946), incluindo o primeiro
geomorfológica da baía nos últimos 100 anos; e por mapa geológico do litoral paranaense (1:400.000).
Borges (1998) sobre a evolução geomorfológica da Trabalhos subseqüentes foram publicados por Maack
restinga da Marambaia e Baía de Sepetiba. (1949), Loureiro Fernandes (1947) e Figueiredo (1954).

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Na década de 1950, J.J. Bigarella publicou importantes (1989) e Toldo Jr. (1989, 1994).
trabalhos sobre os sambaquis e sua relação com a Nos anos de 1990, iniciaram-se os trabalhos de
evolução paleogeográfica da zona costeira. Nas duas investigação de detalhe dos sistemas de barreiras
décadas seguintes, junto com colaboradores, publicou costeiras de idade holocênica, cujos resultados estão
importantes trabalhos sobre sedimentologia de apresentados nos trabalhos de Tomazelli (1990),
ambientes costeiros, variações paleoclimáticas e do nível Dillenburg (1994), Tomazelli et al. (2000) e Dillenburg
do mar e problemas costeiros, destacando-se os et al. (2000).
trabalhos de síntese de Bigarella & Becker (1975) e
Bigarella et al. (1978). 3. CARACTERÍSTICAS GEOLÓGICAS E
No final da década de 1960, a Comissão da Carta GEOMORFOLÓGICAS DE AMBIENTES
Geológica do Paraná procedeu ao levantamento COSTEIROS
sistemático de folhas geológicas na escala 1:70.000 do A ação das ondas e das correntes litorâneas
Paraná, incluindo as folhas geológicas do litoral. Na comanda os processos de erosão e deposição ao longo
década de 1980, foram publicados trabalhos referentes das costas: dependendo de sua intensidade, da taxa de
à planície costeira do litoral paranaense, destacando-se suprimento de areia e da declividade da zona costeira,
Suguio et al. (1986) e Martin et al. (1988), que inclui o leva à acumulação de grandes corpos clásticos arenosos,
mapeamento da planície costeira na escala 1:200.000. desenvolvidos abaixo e acima do nível da água que, de
Nos anos de 1990, iniciaram-se novos trabalhos de modo geral, são denominados areias litorâneas.
mapeamento na escala 1:50.000 (Angulo, 1992) e foram A nomenclatura dos principais tipos de corpos
publicados trabalhos e defendidas teses sobre sedimentos arenosos litorâneos tem sido alvo de constantes
de fundo dos complexos estuarinos paranaenses (Soares discussões e muitas controvérsias que perduram até os
& Barcelos, 1995; Odreski, 2002), variações do nível do dias de hoje. Um apanhado geral é encontrado em
mar (Angulo & Lessa, 1997; Angulo et al., 1999, 2002) Medeiros et al. (1971) e Suguio & Tessler (1984), que
e a evolução das barreiras holocênicas (Lessa et al., discutem com detalhes a nomenclatura e a gênese dos
2000b; Souza, 1999; Araújo, 2001). depósitos litorâneos mais freqüentes ao longo da costa
brasileira. A gênese dos diferentes tipos de areias
Rio Grande do Sul litorâneas também tem sido motivo de muitas
No Rio Grande do Sul, os primeiros trabalhos, controvérsias. Discussões apresentadas por Hoyt (1967,
de cunho descritivo, abordaram temas variados sobre 1969), Curray et al. (1969), Zenkovitch (1969), Swift
a região costeira do estado (e.g. Backeuser, 1918; (1975), Leathermann (1979) e Flexor et al. (1984)
Lamego, 1940) e, juntamente com os primeiros servem como boas introduções ao assunto.
trabalhos de subsuperfície, efetuados na parte emersa Os principais tipos de areias litorâneas são as
da Bacia de Pelotas (e.g. White, 1908; Carvalho, 1932; barreiras e os cordões litorâneos regressivos.
Rheingantz, 1955), representam a fase antiga de As barreiras são corpos de areia paralelos à linha
trabalhos geológicos sobre a Província Costeira gaúcha. de costa que se elevam acima do nível da mais alta
A fase moderna é marcada pelos trabalhos maré e que estão separados do continente por uma área
desenvolvidos, em sua maioria, pelo Centro de Estudos lagunar. Quando esse corpo arenoso está separado do
de Geologia Costeira e Oceânica (CECO) do Instituto continente, aplica-se o nome de ilha-barreira.
de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande Lamego (1940, 1945) utilizou o termo restinga
do Sul. Destaca-se aqui o trabalho de Delaney (1965), como designação geral para os corpos de areia do litoral
que apresenta a primeira visão de conjunto sobre a brasileiro, tais como esporões, pontais, tômbolos, barras
geologia da planície costeira. Nos anos de 1970 e 1980 e cristas de praia. Suguio & Tessler (1984) propõem
do século passado, algumas dezenas de dissertações de que o termo restinga deva ser substituído por outros
mestrado e teses de doutorado culminaram com a mais precisos, se possível com significado genético,
publicação do Atlas da Província Costeira do Rio Grande adequados a cada caso que se queira descrever.
do Sul. A síntese do conhecimento gerado por esses Os cordões litorâneos regressivos, também
trabalhos é apresentada por Villwock (1984), Villwock denominados cristas de praia, feixes de restinga ou
et al. (1986) e Villwock & Tomazelli (1995). planícies de restingas, são corpos arenosos alongados,
Importantes trabalhos sobre a hidrodinâmica e a dispostos paralelamente, ocupando amplas áreas em
sedimentologia da Laguna dos Patos foram apresentados zonas costeiras em progradação. Entre os cordões,
no final do século passado. Dentre esses, merecem quase sempre se acumulam depósitos paludiais.
destaque os trabalhos de Martins (1963), Martins et al. A designação areia litorânea regressiva é aplicada

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Quaternário do Brasil

quando os corpos arenosos formam um lençol contínuo disponibilidade de sedimentos finos. Spartina, Salicornia
acumulado sobre depósitos marinhos transgressivos. e Juncus são os gêneros mais comuns nessa
Aplica-se o nome chenier aos cordões de areia comunidade florística, tolerante ao sal, que tem seu
que ocorrem descontínuos e separados por depósitos desenvolvimento máximo na zona intermaré.
lamíticos. Os cheniers são típicos da costa da Louisiana, Nas zonas tropicais, entre os paralelos 30°N e
a oeste do delta do Rio Mississipi (EUA). O termo deriva 30°S, a vegetação dos pântanos costeiros é substituída
de chêne em alusão aos carvalhos que crescem sobre pelos manguezais, uma comunidade de plantas lenhosas
os cordões arenosos da área. Alguns exemplos dessas adaptadas a ambientes alagados, pobremente aerados,
formações podem ser encontrados no segmento norte sujeitos a influências salinas, onde os gêneros mais
da costa brasileira e em Santa Catarina. típicos são Rhizophora, Avicennia e Laguncularia.
As areias que constituem os corpos arenosos Nesses ambientes, o desenvolvimento da
litorâneos são constantemente remobilizadas pelos vegetação promove uma aceleração nos processos de
ventos que sopram nas regiões costeiras. Nas costas assoreamento, mediante o aprisionamento de sedimentos
onde os ventos dominantes sopram do mar, grandes detríticos e o acúmulo de matéria orgânica. Mudanças
volumes de areia são levados da praia e acumulados em ambientais e catástrofes naturais promovem avanços e
campos de dunas terra adentro. A morfologia das dunas recuos de suas coberturas vegetais.
costeiras é muito variada em função de um conjunto de Levando-se em consideração o fato de que o
fatores, tais como o regime dos ventos, a topografia da Quaternário foi marcado pela alternância de períodos
região, o tipo e a densidade de vegetação, a glaciais e interglaciais acompanhada de importantes
disponibilidade de areia, as oscilações do nível do mar e flutuações do nível do mar, o que ocasiona transgressões
a evolução geológica da área. Suas principais e regressões da linha de costa, é fácil deduzir que
características estão apresentadas no Capítulo 11. estuários, lagunas, marismas e manguezais são feições
Estuários e lagunas são feições comuns, e ambientes costeiros que têm vida efêmera com
encontradas ao longo de linhas de costa transgressivas. transformação constante.
Segundo definições clássicas, estuário é um corpo Deltas são protuberâncias construídas ao longo
d’água costeiro, semifechado, livremente conectado das linhas de costa quando rios chegam aos oceanos,
com o mar aberto, influenciado pelas marés que nele mares semifechados, lagos ou lagunas costeiras,
promovem misturas entre a água do mar e a água doce trazendo grande volume de sedimentos. A velocidade
proveniente da drenagem terrestre, produzindo um de suprimento sedimentar é maior do que aquela que os
gradiente de salinidade. Da mesma forma, laguna é uma agentes da dinâmica litorânea da bacia receptora podem
depressão da zona costeira, abaixo do nível médio das retrabalhar e distribuir. A construção dos deltas resulta
marés mais baixas, mantendo com o mar uma sempre da ação combinada dos agentes fluviais e os da
comunicação permanente ou efêmera e protegida dele bacia receptora, tais como ondas, marés e correntes
por um tipo qualquer de barreira. Enquanto um estuário associadas.
típico é uma reentrância estreita e alongada secante à A ação das ondas sobre costas altas causa erosão,
linha da costa, as lagunas típicas são paralelas a uma que promove o recuo da linha de costa. Associadas a
barreira coincidente com a linha da costa. O fato de retração de falésias, penhascos ou costões rochosos,
apresentarem muitos aspectos comuns faz com que, ocorrem outras feições erosionais muito típicas. São
muitas vezes, os limites conceituais entre esses dois as plataformas de abrasão marinha estabelecidas
tipos de feições costeiras se revelem inconsistentes. próximo ao nível médio do mar e às cavernas de abrasão
Portanto, estuários e lagunas são ambientes escavadas nas partes menos resistentes dos penhascos.
costeiros transicionais, influenciados, por um lado, pelos Partes mais resistentes à erosão originam os pináculos
agentes continentais (água doce e sedimentos terrígenos) e a evolução de cavernas proporciona a formação dos
e, por outro, pelos agentes marinhos (água salgada e arcos marinhos ou pontes naturais.
sedimentos litorâneos). De modo geral, os processos de
sedimentação conduzem ao assoreamento de estuários e 4. CONDICIONAMENTO GEOLÓGICO DE
lagunas, construindo, nas partes mais abrigadas de suas REGIÕES COSTEIRAS
margens, as planícies de marés, onde a vegetação se
instala, originando marismas e manguezais. 4.1. Dinâmica Global
Os marismas e pântanos salgados são Uma série de fenômenos de magnitude planetária
encontrados ao longo das regiões extratropicais, sempre exerce influência sobre a morfologia das regiões
que a energia das ondas for baixa e houver excesso na costeiras. Os movimentos entre as placas continentais

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5. Geologia e geomorfologia em regiões costeiras

e oceânicas determinam o tipo de costa e a sua e Fontana (1990).


orientação quanto à exposição às ondas e correntes. O A área continental adjacente, antigas áreas
clima mundial afeta o desenvolvimento dos organismos cratônicas e de cinturões móveis policíclicos, foi palco
terrestres e marinhos, controla a erosão dos continentes de acontecimentos tectônicos que se estenderam até o
e, sobretudo, é responsável pelas flutuações do nível Terciário, como pode ser visto em Almeida (1981), Alves
do mar. As respostas geológicas do planeta às variações (1981), Fúlfaro et al. (1982). O Capítulo 10 discute o
em peso das capas de gelo que se acumulam nas regiões papel da neotectônica na evolução da linha de costa do
polares e aos enormes volumes de água provenientes Brasil.
de sua fusão modificam o geóide, produzindo mudanças Através de diversas fases de reativação seguindo
adicionais no nível relativo do mar, de efeito regional antigas direções de fraqueza estrutural do embasamento
ou local. cristalino pré-cambriano, ocorreram basculamentos,
Todos os segmentos da costa brasileira mostram flexuras e soerguimentos. Esses eventos resultaram na
conseqüências desse condicionamento global, conforme formação de fossas e muralhas tectônicas, vales de
visto a seguir. afundamento, alguns acompanhados de manifestações
vulcânicas alcalinas. Assim originou-se o vale do tipo
Tectônica de placas rifte, no qual corre o rio Paraíba do Sul e onde as bacias
A costa do Oceano Atlântico da América do Sul sedimentares de Taubaté, Resende, São Paulo e Curitiba
está desenvolvida sobre uma margem continental foram desenvolvidas. Paralelamente, ocorreram o
passiva, amero trailling edge continental margin, soerguimento das serras do Mar e da Mantiqueira e a
segundo a classificação de Inman & Nordstron (1971), inclinação das antigas superfícies de aplainamento para
que se contrapõe à costa do Oceano Pacífico, construída o interior do continente (Almeida & Carneiro, 1998).
sobre uma margem continental ativa. Nesta última, uma Esses fenômenos conduziram à inversão do sentido de
costa de colisão é caracterizada por regiões muito curso dos principais rios que, passando a correr para o
soerguidas, submetidas a grande atividade tectônica e interior do continente, interromperam a maior parte do
com vulcanismo associado. O cavalgamento da Placa suprimento sedimentar para a linha de costa.
Sul-Americana sobre a Placa de Nazca, na margem Foram esses processos, ligados à tectônica
oeste da América do Sul, desenvolve relevos muito global, que submeteram à ação do mar os velhos
acidentados (como a Cordilheira dos Andes), que complexos ígneos e metamórficos pré-cambrianos e
proporcionam o fornecimento de grandes quantidades eopaleozóicos, e parte de sua cobertura sedimentar e
de materiais detríticos que acabam sendo levados pelos vulcânica, paleozóica e mesozóica, ao longo das costas
sistemas fluviais para o lado oposto, a margem leste. sudeste e sul brasileiras.
Esta é constituída por regiões baixas onde, em ambiente As diferenças que existem entre esses dois
de relativa calma tectônica, se desenvolvem planícies segmentos, o sudeste marcado por costas altas onde
costeiras com sistemas lagunares e ilhas-barreira que promontórios rochosos se alternam com pequenas
transicionam para extensas plataformas continentais. planícies costeiras e o sul caracterizado por uma extensa
A evolução tectono-sedimentar da margem planície, constituída por um complexo de barreiras
continental brasileira, como pode ser visto em Asmus arenosas, lagunas e campos de dunas, são conseqüência
& Guazelli (1981), Ojeda (1982) e Chang et al. (1990), de diferenças regionais nas intensidades dos mesmos
está relacionada com os eventos que conduziram a processos de evolução tectônica. Enquanto a costa
abertura do Oceano Atlântico Sul. Foram iniciados no sudeste foi submetida a falhamentos e soerguimento de
Jurássico (130 milhões de anos) e resultaram na ruptura blocos que acabaram por construir a Serra do Mar, a
do antigo supercontinente de Gondwana, a partir de costa sul foi palco de maior calma tectônica, o que
um sistema de fraturas tipo rifte, hoje marcado pela possibilitou o aplainamento do embasamento e o
dorsal meso-atlântica, onde o assoalho oceânico desenvolvimento de uma ampla planície costeira.
continua em expansão. Nessas circunstâncias,
desenvolveram-se as bacias marginais brasileiras onde Clima
foram acumulados espessos pacotes sedimentares. A variação da radiação solar recebida pela
Para exemplificar, basta analisar o que se passou superfície do planeta é um dos principais condicionantes
com os segmentos sul e sudeste da margem continental de seu clima. A ela somam-se as influências do
brasileira, onde estão as bacias de Santos e de Pelotas, movimento de rotação do globo terrestre. Obtêm-se,
separadas pela Plataforma de Florianópolis. Descrições assim, os principais mecanismos que regem a circulação
dessas bacias podem ser encontradas em Macedo (1990) dos oceanos e da atmosfera, responsáveis pelos regimes

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Quaternário do Brasil

meteorológicos, envolvendo temperatura, precipitações, desenvolvidos em clima mais quente do que o de hoje.
evaporação, ventos, ondas, correntes litorâneas e Martin et al. (1991) interpretam inversões no sentido
tempestades. da deriva litorânea, responsável pela construção dos
Esse conjunto de fenômenos que caracterizam cordões litorâneos regressivos que constituem parte das
o clima de cada parte do planeta nas mais diferentes planícies costeiras deltaicas dos grandes rios que
escalas é responsável por muitas das características desembocam na costa leste e nordeste, como resultante
geomorfológicas das regiões costeiras. de situações tipo paleo-El Niño.
O clima controla as taxas de intemperismo, de
erosão e de transporte de detritos até as linhas de costa. Variações paleoclimáticas e mudanças do
Essa influência é exercida inclusive nas maturidades nível do mar
textural e mineralógica dos sedimentos clásticos As variações paleoclimáticas e as mudanças do
acumulados nas margens continentais (Emery, 1968). nível do mar delas decorrentes têm desempenhado papel
Também é o clima que controla a distribuição latitudinal muito importante na evolução das áreas costeiras. No
das construções recifais coralígenas (Davies, 1980), decorrer dos últimos dois milhões de anos ocorreram
além dos manguezais e dos marismas (Chapman, 1977). alternâncias cíclicas de períodos frios e quentes que
Diferentes tipos climáticos atuam sobre o produziram os estágios glaciais e interglaciais que, por
território brasileiro (esse tema é tratado mais sua vez, foram acompanhados pelas grandes regressões
profundamente no Capítulo 2). Sobre sua linha de costa, e transgressões marinhas. O Capítulo 6 aborda este
que se estende desde o Oiapoque, 2° de latitude norte, assunto em profundidade.
até o Chuí, 33° de latitude sul, incidem condições Essas variações, decorrentes de mudanças na taxa
oceanográficas distintas. Os efeitos dessa diversidade de insolação da faixa de altas latitudes do Hemisfério
climática sobre a geomorfologia são notáveis. Os Norte, controladas por ciclos astronômicos, são
severos processos de intemperismo atuantes na região consideradas como verdadeiro “marcapasso” das
equatorial disponibilizam sedimentos finos que, somados glaciações. Elas produzem o aumento ou a diminuição
aos provenientes da região andina, chegam até o oceano. das médias de temperatura global que comandam a fusão
A atuação da corrente das Guianas transporta esses ou o crescimento das calotas de gelo e conseqüente
materiais para o norte e os deposita, construindo as subida ou descida do nível do mar (Broecker & Denton,
amplas planícies lamosas de marés ao longo da costa 1990).
do Amapá, ocupadas por exuberantes manguezais. Os Outros fatores têm sido apontados como
manguezais, cuja variabilidade ao longo da costa responsáveis pelas variações do nível do mar e uma
brasileira é apresentada por Schaeffer-Novelli et al. discussão detalhada pode ser encontrada em Mörner
(1990), mapeados por Herz (1991), quase constantes, (1980).
acabam por desaparecer no sul de Santa Catarina, onde
as baixas médias anuais de temperatura só permitem o 4.2. Dinâmica Costeira
desenvolvimento de marismas. Da mesma forma, são A dinâmica costeira é a principal responsável
as médias elevadas de temperatura e o baixo pelos processos de erosão e/ou deposição que mantêm
fornecimento de material terrígeno os fatores que as áreas litorâneas em constante transformação.
favorecem o desenvolvimento de construções recifais Os ventos, as ondas por eles geradas e as
nas costas nordeste e leste. Diferenças na orientação e correntes que se desenvolvem quando as ondas chegam
no desenvolvimento dos campos de dunas que ocorrem à linha de costa atuam ininterruptamente sobre os
em diferentes setores da costa são resultantes dos materiais que aí encontram, erodindo, transportando e
diferentes regimes de ventos, assunto tratado no depositando sedimentos. A esses processos somam-se
Capítulo 11. Da mesma forma, os ventos controlam a os efeitos das marés e das ressacas produzidas pelas
direção e o poder energético das ondas que incidem tempestades.
sobre a costa, produzindo as correntes litorâneas que Os processos costeiros, bem como seus
transportam grandes quantidades de areia em diferentes condicionantes, são apresentados mais profundamente
sentidos. Esse tema é abordado no Capítulo 7. no Capítulo 7.
Mudanças paleoclimáticas também deixaram seu
registro geológico. Villwock (1987), analisando Ondas
depósitos paludiais no norte da planície costeira do Rio As ondas que se desenvolvem nos oceanos são
Grande do Sul, sugere ali, bem mais ao sul do limite geradas pelos ventos que sopram sobre a superfície da
atual de ocorrência, a existência de antigos manguezais água. Existem as ondas produzidas por abalos sísmicos,

100
5. Geologia e geomorfologia em regiões costeiras

os maremotos, que, embora de efeitos catastróficos, mesomarés (amplitude >2 m e <4 m) mostram ilhas-
são praticamente inexistentes entre os processos barreira curtas e atrofiadas (3 a 20 km), grande número
costeiros brasileiros. de canais ligando as áreas lagunares ao mar, grande
Conforme pode ser visto em Davies (1980), o desenvolvimento de manguezais e marismas nas
regime de ondas que se abate sobre a costa brasileira margens de lagunas e estuários. Esse é o quadro
fica caracterizado por ondulações geradas pelos ventos mostrado pela costa de Sergipe e Alagoas, conforme
alíseos de NE, dominando ao longo da costa entre o pode ser visto em Bruni & Silva (1983). As costas de
Cabo Orange (Amapá) e o Cabo Calcanhar (Rio Grande micromarés (amplitude <2 m), por outro lado, têm ilhas-
do Norte), e por ondulações geradas pelo cinturão barreira alongadas (30 a 100 km), pequeno número de
tempestuoso subpolar do Atlântico Sul, portanto vindas canais e pouco desenvolvimento de manguezais e
de SE, dominando ao longo da costa entre o Cabo marismas. Tais aspectos podem ser vistos na costa de
Calcanhar e o Arroio Chuí (Rio Grande do Sul). São Paulo (Martin et al., 1979b), do Paraná (Martin et

Correntes litorâneas e transporte de


sedimentos
As ondas que chegam à praia acabam por gerar
uma série de correntes capazes de movimentar grandes
quantidades de sedimentos. Esse movimento de areia é
denominado deriva litorânea e constitui um dos
processos mais significativos de transporte de
sedimentos ao longo das costas arenosas.
A deriva litorânea é o principal processo
responsável pelas migrações laterais das
desembocaduras fluviais, lagunares e estuarinas ao
longo da linha de costa. Flexor et al. (1984) mostram
que o seu bloqueio, causado pelas correntes fluviais, é
o principal mecanismo que conduz à construção das
planícies costeiras deltaicas que ocorrem na costa
nordeste e leste (Dominguez et al., 1983). No Paraná,
evidências de migração para o norte da desembocadura
do complexo estuarino de Paranaguá durante o
Holoceno foram descritas por Lessa et al. (2000a).
Por outro lado, qualquer modificação introduzida
pelo homem no sistema de deriva litorânea afeta o
equilíbrio do estoque natural de areia ao longo das praias,
afetando as taxas de erosão ou deposição. Obras de
construção civil, como molhes, portos, aterros e
dragagens, têm sido responsáveis por erosão de muitos
trechos ao longo da costa brasileira, conforme ilustra o
Capítulo7.

Marés e ressacas
O regime de marés é outro fator determinante
da geomorfologia de áreas costeiras, conforme mostrou
Hayes (1975). Esse condicionamento também se verifica
ao longo da costa brasileira (Figura 5.1). Segundo aquele
autor, costas de macromarés (amplitude >4 m) mostram
estuários marginados por amplas planícies de maré
ocupadas por manguezais ou marismas e as ilhas-
barreira são ausentes. É o caso da costa do Pará e do
Maranhão, cujas características podem ser vistas no Figura 5.1. O regime de marés e a geomorfologia da costa
trecho descrito por Franzinelli (1982). Já as costas de brasileira (Fonte: http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br).

101
Quaternário do Brasil

al., 1988), e do Rio Grande do Sul (Villwock, 1984). cenozóicas.


As costas sul e sudeste também são submetidas, As planícies costeiras constituídas por
periodicamente, a marés de tempestade, conhecidas sedimentos terciários e quaternários acumulados em
como ressacas, que movimentam grandes quantidades ambientes continentais, transicionais e marinhos são
de material sedimentar, a exemplo do que se tem mais conspicuamente desenvolvidas em torno de
observado ao longo da costa do Rio Grande do Sul, desembocaduras dos grandes rios, onde tem sido maior
conforme Villwock & Martins (1972) e Martins et al. o suprimento sedimentar de clásticos terrígenos.
(1983). Falésias e costões rochosos aparecem ao longo
de vários setores da costa, onde os agentes de erosão
Ventos dominam sobre os de deposição. As falésias ocorrem
O papel dos ventos não se restringe ao da geração quando pacotes sedimentares mais antigos são expostos
de ondas. Depois que a areia movimentada por ondas e à ação direta do mar e os costões rochosos resultam
correntes é depositada na praia e exposta ao ar, ela seca quando aquela ação se faz sentir sobre complexos
e é movimentada pelos ventos. Grandes quantidades de cristalinos, tanto ígneos como metamórficos.
areia são transportadas por saltação ou arraste ao longo Como visto anteriormente, processos ligados à
das linhas de costa. Quando os ventos sopram do mar dinâmica costeira têm sido decisivos no
eles acabam por levar a areia da praia rumo à terra, desenvolvimento de muitas das características que os
desenvolvendo grandes campos de dunas. diversos segmentos da costa brasileira apresentam.
A orientação dos campos de dunas retrata o rumo Na rápida descrição feita a seguir, é utilizado o
dos ventos dominantes na região costeira. Na costa esquema proposto por Silveira (1964, modificado por Cruz
nordeste é bem visível a influência dos ventos alíseos et al., 1985), que subdividiu a costa brasileira em cinco
de NE, entre a Baía de São Marcos (Maranhão) e o setores: norte, nordeste, leste, sudeste e sul (Figura 5.2).
Cabo Calcanhar (Rio Grande do Norte), e a dos alíseos
de SE ao sul do Cabo Calcanhar.
Ocasionalmente, a areia transportada pelo vento
invade zonas urbanizadas, obstrui estuários, promove
o assoreamento de portos e lagoas costeiras. Essa é
uma situação freqüente ao longo da costa sul e sudeste
brasileira onde os ventos dominantes sopram do
quadrante nordeste. Na costa sul, os ventos são os
agentes mais efetivos na modelagem das feições
geomorfológicas superficiais. Além dos enormes
campos de dunas, eles são responsáveis pela modelagem,
assoreamento e segmentação das lagoas costeiras,
conforme descreveram Villwock (1972) e Tomazelli
(1990).

5. COSTA BRASILEIRA
A costa brasileira se estende entre as latitudes 4o
N e 33o S, apresentando cerca de 5.900 km de perímetro
envolvente e mais de 9.200 km de linha real, de acordo
com os dados de Silveira (1964). Diferentes
condicionamentos geológicos e climáticos ao longo de
toda essa extensão são responsáveis por uma grande
diversidade de aspectos geomorfológicos.
De modo geral, observa-se uma sucessão de
planícies costeiras alternando-se com falésias e costões
rochosos bordejando uma antiga área continental
composta por rochas de complexos ígneos e
polimetamórficos pré-cambrianos, sobre os quais
assentam seqüências sedimentares e vulcânicas Figura 5.2. A costa brasileira (Fontes: Silveira, 1964; Cruz
acumuladas em bacias paleozóicas, mesozóicas e et al., 1985, modificado).

102
5. Geologia e geomorfologia em regiões costeiras

Informações adicionais podem ser encontradas Maranhenses. Os estuários, limitados por falésias
em Cruz et al. (1985), Villwock (1994), Muehe (1995, esculpidas nos sedimentos terciários, são ocupados por
1998), Ross & Muehe (1996) e Ab’Saber (2001). Os amplas planícies de maré, arenosas e lamosas, quase
leitores são estimulados a acompanhar essa descrição sempre colonizadas por extensos manguezais.
observando as imagens de satélite, LANDSAT 5,
recentemente publicadas no excelente Guia de Praias Costa Nordeste
da Revista Quatro Rodas, da Editora Abril. Dados A costa nordeste vai da Baía de São Marcos, no
complementares também podem ser obtidos nos Maranhão, até a Baía de Todos os Santos, na Bahia. De
relatórios do Projeto RADAMBRASIL, publicados pelo modo geral, é constituída pelos sedimentos terciários
Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) da Formação Barreiras que, parcialmente retrabalhados
e pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e no Pleistoceno e no Holoceno, originaram os Tabuleiros
Estatística (IBGE). A Empresa Brasileira de Pesquisa Costeiros. Ao longo da costa, os sedimentos do Grupo
Agropecuária (EMBRAPA), por outro lado, mantém o Barreiras apóiam-se indistintamente sobre o
site http://www.cdbrasil.cnpm.embrapa.br, onde se embasamento cristalino e sobre depósitos mais antigos
obtêm imagens de satélite de todo o território brasileiro pertencentes às diversas bacias sedimentares que ali
com resolução até a escala de 1:25.000. ocorrem, integrantes da margem continental brasileira.
Esse setor é subdividido em duas partes.
Costa Norte A Costa Semi-Árida, que se estende até o Cabo
Também chamada de Litoral Amazônico ou Calcanhar, é marcada por pequenos aportes fluviais.
Equatorial, a costa norte estende-se desde o Cabo Desenvolvem-se aí planícies costeiras com sistemas
Orange, no Amapá, até a Baía de São Marcos, no laguna-barreira de pequena envergadura. Lagunas e
Maranhão, e tem sido subdividida em três partes. estuários mostram manguezais instalados ao longo de
O Litoral Guianense, desde o Oiapoque até o Cabo suas margens, enquanto que as barreiras arenosas
Norte, é constituído por terrenos terciários que se apóiam mostram cordões litorâneos quase sempre
sobre embasamento cristalino pré-cambriano. É um remobilizados pelos fortes e persistentes ventos de NE,
trecho constituído por costas muito baixas, onde se responsáveis pelo crescimento de gigantescos campos
desenvolvem extensas planícies de maré lamosas, de dunas, como é o caso dos chamados Lençóis
ocupadas por manguezais de grande porte que Maranhenses. Destaca-se, nesse trecho, a planície
transicionam rumo ao interior para pântanos costeiros. costeira do rio Parnaíba.
Cordões litorâneos arenosos, do tipo chenier, sugerem A Costa Nordeste Oriental ou das Barreiras vai
a ação eventual de grandes tempestades que erodem e do Cabo Calcanhar até a Baía de Todos os Santos. Com
retrabalham a parte mais interna das planícies de maré, o mesmo condicionamento geológico, esse trecho é
construindo praias arenosas que logo após são marcado pelas falésias esculpidas nos sedimentos da
parcialmente recobertas pela deposição lamosa. Esse Formação Barreiras e pelas franjas de recifes de arenito
trecho constitui uma típica costa deposicional, de praia que suportam construções recifais
condicionada por macromarés que distribuem a lama organógenas, favorecidas pelos pequenos aportes
amazônica que a Corrente Equatorial Brasileira empurra sedimentares terrígenos. Nelas se destacam as algas
rumo ao norte. calcárias, os briozoários e os corais. Em longos trechos,
O Golfão Amazônico, área ocupada por um essas construções recifais protegem a linha de costa
gigantesco complexo deltaico-estuarino, é também uma dos efeitos decorrentes da alta energia da dinâmica
área de costas baixas e muito instáveis submetidas à costeira, criando praias abrigadas e piscinas naturais
ação de processos fluviais e marinhos. Esses processos que constituem o encanto das praias da região. Nas
produzem erosão que gera falésias e deposição de imediações da foz dos principais rios desenvolvem-se
sedimentos que origina as planícies alagadas que planícies costeiras constituídas por sistemas múltiplos
caracterizam o grande número de ilhas do arquipélago laguna-barreira pleistocênicos e holocênicos. Também
marajoara. aí as lagunas e estuários, afetados por um regime de
O Litoral Amazônico Oriental, que se estende mesomarés, são ocupadas por manguezais e os cordões
até a Baía de São Marcos, é marcado pela presença de litorâneos são retrabalhados pelos ventos de SE gerando
sedimentos terciários da Grupo Formação Barreiras campos de dunas. Destaca-se, nesse trecho, a planície
muito recortados por cursos de água, responsáveis pela costeira do rio São Francisco. Também é significativo
presença de inúmeros estuários, controlados pelas o fato de que a pluma de sedimentos em suspensão
macromarés. São as chamadas Reentrâncias originária do rio São Francisco, dirigida para o sul pelas

103
Quaternário do Brasil

correntes litorâneas, inibe o desenvolvimento das característica dos marismas.


construções recifais e mantém águas turvas ao longo
do litoral de Sergipe, ao contrário do que acontece com Costa Sul
o litoral de Alagoas, mais ao norte. A costa sul, do Cabo de Santa Marta (SC) até o
Arroio Chuí (RS), caracteriza-se por uma ampla planície
Costa Leste ou Oriental costeira com cerca de 700 km de comprimento e até
Nesse setor, compreendido entre a Baía de Todos 120 km de largura, onde um sistema múltiplo e complexo
os Santos e o Cabo Frio, no Rio de Janeiro, persistem de barreiras arenosas aprisiona um gigantesco sistema
as condições geológicas da Costa Nordeste Oriental. lagunar (Lagunas dos Patos e Mirim), e uma série de
Costas altas, falésias na Formação Barreiras e costões outros corpos de água isolados ou interligados com o
rochosos no embasamento cristalino, estes ocorrendo mar por intermédio de canais estreitos e rasos. Ali são
a partir da Baía de Vitória rumo ao sul, alternam-se com encontrados quatro sistemas laguna-barreira,
costas baixas, constituídas por planícies costeiras muito constituindo uma sucessão de terraços marinhos e
bem desenvolvidas em torno da desembocadura dos lagunares, onde falésias, cordões litorâneos, pontais
principais rios, como o Jequitinhonha, o Doce e o arenosos suspensos e campos de dunas marcam, de
Paraíba do Sul. Nessas planícies costeiras observam- modo definido, antigas linhas de costa, pleistocênicas e
se sistemas múltiplos de laguna e barreira. Manguezais holocênicas. Marismas ocorrem nas margens das
ocupam as margens das áreas estuarinas e lagunares. porções estuarinas dos corpos lagunares e grandes
Amplos terraços ornamentados por sistemas de cordões campos de dunas ocorrem sobre a planície arenosa.
litorâneos regressivos, pleistocênicos e holocênicos, são Do Cabo de Santa Marta até Tramandaí, a
parcialmente retrabalhados pelos ventos, dando origem planície costeira é mais estreita e tem seu limite interno
a campos de dunas arenosas. marcado pelas escarpas da Serra Geral, borda leste da
Bacia do Paraná, que chegam até a linha de costa atual,
Costa Sudeste em Torres, formando ali o único promontório rochoso
A costa sudeste, do Cabo Frio até o Cabo de desse trecho da costa sul-brasileira.
Santa Marta, é marcada pela presença da Serra do Mar, De Tramandaí até o Arroio Chuí, a planície se
um conjunto de terras altas constituídas pelo alarga e tem seu limite interno nos terrenos muito
embasamento cristalino granito-gnáissico, cujas dissecados do Escudo Sul-Rio-Grandense e Uruguaio.
escarpas que chegam até o mar constituem
promontórios rochosos de costões, que se alternam com 6. SEDIMENTOLOGIA DOS DEPÓSITOS
reentrâncias quase sempre tectonicamente controladas. COSTEIROS BRASILEIROS
Nelas, associadas ou não à desembocadura dos Os depósitos sedimentares acumulados na costa
principais sistemas fluviais que chegam ao oceano, brasileira constituem a porção superior de numerosos
ocorrem planícies costeiras compostas por sistemas sistemas de leques deltaicos instalados na borda interna
de laguna e barreira, simples ou múltiplos, ou por das bacias marginais. São sedimentos clásticos
sistemas de cordões litorâneos regressivos, terrígenos acumulados em ambientes continentais e
pleistocênicos e holocênicos, ou somente holocênicos, transicionais mistos que, posteriormente, tiveram suas
parcialmente retrabalhados pelo vento. Ao sul de São porções distais retrabalhadas por processos ligados a
Paulo e principalmente no Paraná e norte de Santa ambientes lagunar, praial e marinho raso, no decorrer
Catarina, essas planícies abrigam extensos complexos de, pelo menos, quatro grandes ciclos de transgressão
estuarino-lagunares, como Paranaguá (SP-PR), e regressão.
Guaratuba (PR) e São Francisco (SC). Nas margens
dessas áreas estuarinas, bem como nas das áreas 6.1. Descrição das Características dos
lagunares de pequeno porte, quase sempre se Depósitos Pré-Holocênicos
desenvolvem manguezais. Os sedimentos mais antigos aflorantes nas
Laguna (SC), extremo sul desse trecho, marca planícies costeiras foram gerados em sistemas de leques
o limite meridional de ocorrência de manguezais na costa aluviais acumulados a partir de encostas de terras altas,
brasileira. Como visto anteriormente, as baixas médias que constituem o bordo oeste das bacias, por processos
anuais de temperatura que ocorrem ao sul dessa gravitacionais e aluviais de transporte de material. Os
localidade são inadequadas ao desenvolvimento dessas sedimentos graduam desde elúvios e colúvios, nas
associações vegetais arbóreas, permitindo apenas o regiões proximais, até depósitos nitidamente aluviais
crescimento de vegetação halófita de pequeno porte associados, em geral, a canais entrelaçados, nas regiões

104
5. Geologia e geomorfologia em regiões costeiras

mais distais. Conglomerados, diamictitos, arenitos e marinho descrito por Suguio & Martin (1987), em
lamitos, avermelhados pela concentração secundária de Iguape (SP), posteriormente denominado Formação
óxidos e hidróxidos de ferro, maciços ou com grosseira Morro de Icapara (Suguio & Martin, 1994), e algumas
estratificação, às vezes com estruturas acanaladas, são areias avermelhadas com elevado teor em matriz síltico-
as litologias mais comuns. Sua deposição iniciada no argilosa diagenética e com crostas ferruginosas,
Terciário continua, na realidade, até o presente. As fácies encontradas nas imediações de Imbituba e de Laguna
associadas a esse sistema deposicional ocorrem nas (SC), podem estar relacionados com esses sistemas
partes mais internas das planícies costeiras, no sopé de Laguna-Barreira I e II que melhor se expõem no Rio
terras altas. Suas porções mais distais foram, em parte, Grande do Sul.
retrabalhadas por processos marinhos e lagunares Sedimentos produzidos no terceiro grande evento
durante os vários eventos transgressivos que ocorreram transgressivo-regressivo pleistocênico estão bem
posteriormente. Esses retrabalhamentos, além de preservados ao longo de toda costa. No Rio Grande do
produzirem o terraceamento desses depósitos, Sul, integram o Sistema Laguna-Barreira III, responsável
causaram, em muitos locais, o interdigitamento com pelo isolamento de todo o Sistema Lagunar Patos-Mirim.
fácies de origem marinha, eólica, lagunar e fluvial. Esse É constituído por areias quartzosas, claras, finas, bem
sistema deposicional engloba as fácies sedimentares selecionadas, com estratificações muito bem
mapeadas como pertencentes às formações Gravataí, desenvolvidas, com grande quantidade de tubos fósseis
Serra de Tapes, Graxaim e Guaíba, no Rio Grande do atribuídos a Callichirus, de origem praial e marinho raso,
Sul; Iquererim, Canhanduva e Cachoeira, em Santa recobertas por areias eólicas de coloração mais
Catarina; Alexandra, no Paraná; Pariqüera-Açu, em São avermelhada e aspecto maciço, geralmente bioturbadas.
Paulo; e Formação Barreiras, do Rio de Janeiro até o Vários ambientes deposicionais do tipo lagunar, paludial
Amapá. e fluvial estabeleceram-se nas depressões isoladas pelas
Os depósitos relacionados com o primeiro Barreiras II e III. Em geral, os sedimentos acumulados
grande ciclo transgressivo-regressivo pleistocênico têm nesses ambientes e retrabalhados de depósitos mais
sido descritos, no Rio Grande do Sul, como antigos correspondem a areias pobremente
pertencentes ao Sistema Laguna/Barreira I (Villwock selecionadas, de coloração creme, maciças ou
& Tomazelli, 1995). Estão mais bem preservados ao estratificadas, mostrando concreções carbonáticas e
longo de uma faixa desde as localidades de Osório até ferruginosas disseminadas. Fósseis de mamíferos têm
Tapes, constituída por sedimentos eólicos que sido descritos em sedimentos dessa unidade (Soliani
inicialmente se ancoraram sobre altos do embasamento. Jr., 1973). Os terraços marinhos e lagunares associados
São areias quartzosas avermelhadas, de granulação fina ao Sistema III, no Rio Grande do Sul, mantêm-se entre
a média, muito bem arredondadas que quase sempre as cotas de 8 e 15 m.
apresentam elevado conteúdo de matriz síltico-argilosa Esses depósitos que têm sido mapeados, no Rio
de origem pedogenética. Esse corpo sedimentar, em Grande do Sul, como Membros Taim e Santa Vitória da
forma de barreira arenosa, isolou, do lado do continente, Formação Chuí e como Formação Itapoã são
uma depressão onde se acumularam sedimentos fluviais, correlacionáveis com os gerados pela Transgressão
lagunares e paludiais. Os sedimentos eólicos que formam Cananéia (Suguio & Martin, 1978) ou Penúltima
o corpo principal da Barreira I foram descritos como Transgressão (Bittencourt et al., 1979), descritos ao
Formação Itapoã (Delaney, 1965). longo de toda a costa brasileira. Ocorrem como depósitos
Durante o segundo grande ciclo transgressivo- arenosos com características muito semelhantes às
regressivo pleistocênico, um novo sistema, o Laguna/ descritas no Rio Grande do Sul, destacando-se a
Barreira II, acumulou sedimentos nas planícies presença de tubos fósseis de Callichirus e as estruturas
costeiras. Os depósitos praiais e eólicos da Barreira II primárias bem preservadas, como as estratificações
estão preservados, no Rio Grande do Sul, como um cruzadas acanaladas, tabulares e sigmóides. Na
pontal arenoso desenvolvido a leste da Lagoa dos Barros superfície, exibem cordões litorâneos (sedimentos
e, mais ao sul, como um antigo sistema de ilhas-barreira, praiais), quase sempre recobertos por sedimentos
responsável pelo primeiro isolamento da Laguna Mirim. eólicos, que são indicadores de antigas linhas de costa.
Os depósitos lagunares ocorrem sobre um terraço (18- A maior parte dos depósitos pleistocênicos que
24 m), retrabalhado a partir de fácies do Sistema de têm sido mapeados na costa norte, nordeste e leste
Leques Aluviais. As características litológicas desses pertencem a esse sistema. Eles ocorrem na parte mais
sedimentos são muito semelhantes às descritas a seguir. interna das planícies costeiras, em especial naquelas
Sedimentos antigos, tais como um terraço desenvolvidas em torno da desembocadura dos rios

105
Quaternário do Brasil

principais, como as descritas por Dominguez et al. Em toda costa brasileira, os terraços marinhos
(1983). holocênicos são arenosos e, em alguns locais, contêm
No Rio de Janeiro, constituem parte da barreira grande quantidade de conchas de moluscos. Sua
arenosa que deu origem ao sistema das lagunas superfície é marcada por feixes de cordões litorâneos,
fluminenses entre Cabo Frio e Niterói. Em São Paulo, muitas vezes retrabalhada por processos eólicos que
aparecem desde Caraguatatuba (litoral norte) até dão origem a campos de dunas. Nas antigas depressões
Cananéia (litoral sul), onde também isolaram sistemas lagunares, em torno das baías e na periferia das lagunas
lagunares, hoje em grande parte preenchidos pela atuais, ocorrem depósitos areno-síltico-argilosos, às
sedimentação mais moderna. No Paraná, estão bem vezes muito ricos em conchas de moluscos, o que tem
desenvovidos em Paranaguá. Em Santa Catarina, são permitido sua exploração econômica. Nas margens de
encontrados na Ilha de São Francisco e arredores e áreas protegidas, tais como canais de maré, baías e
entre Imbituba e Laguna, onde constituem uma antiga lagunas, desenvolvem-se planícies de maré que são
ilha-barreira que isolou o Sistema Lagunar Mirim- ocupadas por manguezais e marismas, onde se
Imaruí-Santo Antônio. Daí para o sul, ocorrem ao longo depositam sedimentos predominantemente síltico-
da faixa costeira, mantendo continuidade com os argilosos, muito ricos em matéria orgânica.
depósitos da Barreira III já descritos para o Rio Grande
do Sul. 7. PRINCIPAIS CONCLUSÕES, DISCUSSÕES E
LACUNAS DE CONHECIMENTO
6.2. Descrição das Características dos As descrições morfológicas e sedimentológicas
Depósitos Holocênicos anteriormente apresentadas evidenciaram, de modo
O último grande ciclo transgressivo-regressivo muito claro, a grande influência que as variações de
iniciado ao final do Pleistoceno estendeu-se pelo nível do mar exerceram sobre a construção e a evolução
Holoceno. No Rio Grande do Sul, ele controlou o das planícies costeiras da costa em estudo. Suguio &
desenvolvimento do Sistema Laguna-Barreira IV. A Martin (1987), combinando os modelos de evolução
última grande transgressão marinha avançou sobre os geológica propostos por Martin et al. (1983), Suguio
sedimentos da Barreira III, erodindo-os, e neles et al. (1985) e Villwock et al. (1986), identificaram
esculpindo uma falésia que se desenvolveu nitidamente oito estágios evolutivos na construção das planícies
ao longo de toda a sua borda leste. A regressão que se costeiras do sudeste e sul do Brasil. Esses estágios são
seguiu possibilitou o desenvolvimento da Barreira IV, sumariamente descritos no Capítulo 6.
que isolou, do lado do continente, um novo sistema De modo geral, as planícies costeiras que se
lagunar que, hoje em dia, se apresenta em diferentes encontram ao longo da costa do Brasil podem ser
estágios de segmentação, quase sempre controlada pela classificadas como costas em avanço associadas a
ação do vento nordeste. Nas margens do Sistema Patos- processos de emersão e/ou deposição, adotando-se o
Mirim, uma sucessão de terraços entre as cotas de -1 a esquema de Valentin (1952), quando se considera a
+4 m retrata oscilações do nível do mar durante a fase evolução geológica de 7.000 anos A.P. até hoje.
regressiva. A Barreira IV é constituída Segundo Bird (1981, 1985), as linhas de costa
fundamentalmente pelas areias da faixa praial atual e do do mundo (especialmente as costas atuais de antigas
campo eólico adjacente. Em alguns locais, como no sul planícies litorâneas progradantes) estariam, em geral,
de Rio Grande, sua progradação se fez através da em processo de recuo por perda de areia para dunas,
construção de feixes de cordões litorâneos (Godolphim, para a plataforma continental ou por deriva litorânea.
1976). As areias da praia atual são quartzosas, de Suguio & Martin (1987) afirmaram que, até então, no
granulação fina a muito fina e mostram, em certos locais, Brasil não existiam estudos capazes de corroborar as
elevadas concentrações de minerais pesados. O campo idéias daquele autor, embora Mesquita & Leite (1986),
de dunas é bem desenvolvido ao longo de toda a linha baseados em medições de maré por algumas décadas,
de costa. Os sedimentos acumulados na depressão e admitissem que o nível do mar, no trecho entre
nos terraços lagunares são arenosos a areno-síltico- Pernambuco e Rio Grande do Sul, teria estado em
argilosos, às vezes ricos em matéria orgânica. ascensão à razão de 0,30 m por século nos últimos
Esses depósitos, anteriormente mapeados no Rio anos. Emery & Aubrey (1991), analisando registros
Grande do Sul como Formação Quinta, são maregráficos ao longo da costa atlântica da América
correlacionáveis com os produzidos pela Transgressão do Sul, mostraram essa subida do nível do mar. Esse
Santos ou Última Transgressão (Suguio & Martin, fenômeno poderia promover a transferência de
1978), nos demais setores da costa. sedimentos da praia para a plataforma continental, de

106
5. Geologia e geomorfologia em regiões costeiras

acordo com a teoria de Bruun (1962) e, dessa maneira, dos importantes ecossistemas que a constituem,
provocar o recuo da linha de costa. Tal situação foi distribui-se a maior parte da população humana do país.
constatada por Souza (1997) para o litoral do estado de Nela estão as capitais de quatorze estados brasileiros e
São Paulo, onde a análise de cartas náuticas antigas e importantes instalações industriais e portuárias. A
recentes demonstraram alterações significativas nas questão é saber qual será o panorama que seus
isóbatas (deslocamento rumo ao mar aberto e diminuição habitantes ali descortinarão ao final desse século. As
do grau de inclinação da plataforma), principalmente ameaças são, no mínimo, preocupantes. Em vários
em áreas que estão sofrendo intensa erosão costeira. capítulos deste livro, o assunto é abordado.
Por outro lado, Dias-Brito & Zaninetti (1979), Espera-se que o conteúdo deste capítulo sirva
estabelecendo a zonação fitológica dos manguezais de de estímulo para iniciativas que permitam ampliar os
Acupe (BA), Guaratiba (RJ) e Iguape (SP), concluíram, conhecimentos necessários para caracterizar o
entre outras coisas, que as planícies de maré onde se fenômeno na costa brasileira, avaliar suas prováveis
situam esses manguezais também estão atualmente em conseqüências, proteger a natureza e dotar a sociedade
fase de erosão. de tecnologia capaz de minimizar seus efeitos danosos.
Tomazelli & Villwock (1989) discutiram
evidências que mostram a existência de um processo REFERÊNCIAS
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Desse modo, permanece válida a suposição de Alves, E.C. 1981. Estruturas da margem continental sul-
Suguio & Martin (1987) de que, embora as planícies brasileira e das áreas oceânicas e continentais
costeiras tenham sido costas em avanço nos últimos adjacentes. In: Asmus, H.E. (Ed.). Estrutura e
milênios, elas têm se comportado como costas em tectonismo da margem continental brasileira e suas
implicações nos processos sedimentares e na
recuo, associadas a processos de submersão e/ou
avaliação do potencial de recursos minerais.
erosão, nos últimos séculos.
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Uma importante discussão sobre a atual subida Remac, 9).
do nível relativo do mar pode ser encontrada em Barth Amaro, V.E.; Vital, H.; Alves, A.L.; Lima, Z.M.C.; Tabosa,
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Estufa” a causa principal do fenômeno. of remote sensing multitemporal/multisensor data
Independentemente da origem que essa variação analysis and GIS database for coastline change
positiva do nível do mar possa ter, muitos países têm monitoring and nearshore morphology detection in RN
realizado estudos sobre o impacto ambiental que ela State, NE Brazil. In: 2002 Ocean Sciences Meeting,
ocasionará sobre suas linhas de costa, afetando, American Geophysical Union, Honolulu-Hawaii. CD-
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