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Abstract: In the last decade, the Landless Workers Movement (MST – Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra, in Portuguese), which fights for land reform in Brazil, has
radically changed its speech towards guidelines recommended by the agroecology. The aim
of this study was to understand, from a theoretical-historical approach, the appropriation
of the concept agroecology as a motto in the struggle for agrarian reform holded by the
MST. Classic conceptions concerning the role of the peasantry in contemporary societies
and attempts to make “theoretical bridges” with the speeches and the actions taken by the
MST in its history, based in a documental analysis were conducted. The conclusion is that
the defense of agroecology in the MST, based on a chayanovian speech, is on an upward
curve, in contrast to the previous prevailing speech of collectivization and promotion of
1
Pesquisador colaborador do programa de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola
da Universidade Estadual de Campinas (Feagri/Unicamp) e Professor Associado da Faculdade de
Tecnologia de Itapetininga (Fatec-IP) E-mail: rsborsat@ig.com.br
2
Professora colaboradora do programa de pós-graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola
da Universidade Estadual de Campinas (Feagri/Unicamp) e professora adjunta da Faculdade de
Ciências Agronômicas da Unesp-Botucatu E-mail: stella@fca.unesp.br
specialized large farm units inspired in the orthodox Marxism. It also points out that the agroecology, for the MST,
goes far beyond the productive dimension, adding significant political questions.
RESR, Piracicaba-SP, Vol. 51, Nº 4, p. 645-660, Out/Dez 2013 – Impressa em Fevereiro de 2014
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res sobre a questão camponesa3, mais especifica- em um exército industrial de reserva muito útil aos
mente compreender como eles avaliavam as interesses burgueses, que se beneficiavam desse
estruturas sociais formadas pelos camponeses e, contingente de reserva para “estender a jornada
consequentemente, suas visões sobre o futuro da de trabalho, e forçar o salário a se manter em nível
agricultura, inclusive do modo como deveria ser adequado à produção de mais valia [...]” (MARX,
praticada. 1968, p. 120).
As obras desses clássicos só podem ser com- Outro ponto diagnosticado por Marx foi que
preendidas de forma adequada dentro do o desenvolvimento da agricultura capitalista
contexto histórico e social que os circundava. fomentava a criação de um mercado interno para
Diversos pontos em comum fazem parte da vida o consumo de bens industriais.
desses pensadores: os três eram contemporâ- Em seus escritos, ele não previa para o cam-
neos, vivendo entre o século XIX e início do XX, pesinato protagonismo numa sociedade socia-
momento histórico de grandes transformações lista. Para o seu modelo hipotético de sociedade,
sociais, em que o modo de produção capitalista o campesinato não se constituía em uma classe
tornava-se hegemônico. Os três, além de pesqui- revolucionária e nem mesmo teria um papel rele-
sadores teóricos, eram também militantes polí- vante na construção de uma nova sociedade, che-
ticos vinculados a partidos de esquerda. Eram, gando os camponeses a serem comparados, por
ainda, revolucionários, isto é, desejavam e milita- Marx, a um saco de batatas (MARX, 2011, p. 54).
vam por uma radical transformação nas relações As interpretações de Marx para a construção
de poder existentes, acreditando que o proleta- de suas teses referentes ao futuro do campesinato
riado citadino era a classe social encarregada de e o seu papel em uma sociedade socialista foram
liderar essa revolução. nitidamente influenciadas pelo contexto histórico
Eram unânimes sobre a situação da agricul- e geográfico por ele vivenciado. Como explica
tura camponesa que estava em rápida transfor- Hegedüs (1984), quando Marx compara os cam-
mação. Para Marx (1983), isto ocorria por um poneses a um saco de batatas, estes, ao contrário
processo dual de mudança em que: a) os cam- do proletariado, haviam agido como uma massa
poneses perdiam suas terras ou eram substitu- reacionária na derrocada da revolução de 1848
ídos por máquinas e seu destino era o trabalho na França, o que o fez chegar à conclusão de que
nas manufaturas urbanas e b) os camponeses não poderiam constituir personagens revolu-
que ficavam no campo ficariam subordinados ao cionários autônomos. Nesse momento, Marx já
mercado. atuava como um grande defensor da revolução
Em sua análise histórica, Marx (1971) explica comunista, e é perceptível que a posição dos cam-
a rápida evolução da agricultura capitalista pelo poneses na referida revolução influenciou sobre-
advento das indústrias nas cidades, que deman- maneira as suas análises teóricas.
davam matéria-prima do campo4, e por essas É por isso que Marx, na sua fase inicial, via
pagavam um bom preço; com isso, os senhores na agricultura camponesa um fator limitante do
feudais estavam estimulados a expulsar os cam- desenvolvimento social e econômico, no que
poneses de suas posses e usurpar as terras comu- Sevilla Guzmán (2011) considera o Marxismo
nais, desrespeitando os direitos feudais. Ortodoxo.5
Marx compreendia que o advento do capita- Karl Kautsky, seguidor das ideias de Marx,
lismo na agricultura transformava o campesinato no final do século XIX, publicou o livro A Questão
Agrária (KAUTSKY, 1972), em que analisou de
3
Para melhor compreensão do debate acerca da questão
camponesa no marxismo, recomenda-se a leitura de 5
Para Sevilla Guzmán (2011), ao recuperar as leituras do
Hegedüs (1984). que denomina “Marx tardio”, pode-se encontrar outras
4
No caso estudado por Marx, a Inglaterra, a principal aproximações em torno da agricultura e o papel do
matéria-prima demandada era a lã. campesinato no processo histórico.
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forma minuciosa a evolução da agricultura capi- O futuro da agricultura para Kautsky estava
talista na Europa. A ideia central da teoria de nas grandes unidades de produção socialistas, que
Kautsky é que os pequenos camponeses estavam “não expropriará o pequeno camponês: arrancá-
em processo de extinção, fosse pela supremacia -lo-á sim ao inferno a que hoje o amarra a sua pro-
tecnológica dos grandes agricultores capitalis- priedade privada” (KAUTSKY, 1972, p. 173).
tas, ou pelo inexorável processo de integração Em suma, assim como Marx, Kautsky não
agricultura-indústria. previa nenhum futuro possível para a agricultura
Ele analisou amiúde o processo de agroin- camponesa.
dustrialização que ganhava corpo na Europa, e Lênin foi fortemente influenciado pelo livro
concluiu que os grandes agricultores capitalis- de Kautsky6, ao qual proferiu eloquentes elogios.
tas eram os mais aptos a participarem desse pro- Porém, ao assumir o poder na Rússia, ele se depa-
cesso, teorizando que a exclusão paulatina dos rou com condições materiais que o levaram a bus-
camponeses era inexorável. car outras soluções para a questão camponesa.
Para Kautsky, uma agricultura socialista teria Lênin também apontava a inferioridade
que eliminar a propriedade privada da terra, pois, na agricultura camponesa em relação à agricul-
caso contrário, fomentaria as relações capitalistas tura tecnificada de larga escala. E, como Marx e
no campo. Em sua análise, o pequeno agricul- Kautsky, enxergava no campesinato um grupo
tor não tinha condições de se reproduzir social- social a ser conduzido pelo proletariado, e tam-
mente nem na agricultura capitalista, nem em bém que uma agricultura socialista deveria ser
uma hipotética agricultura socialista. A capitalista realizada em grandes explorações agrícolas, espe-
iria extingui-lo pela supremacia econômica e tec- cializadas e altamente mecanizadas.
nológica dos grandes produtores e, na socialista, Porém, os trabalhos de Lênin seguem uma
como a terra não poderia ser privada, os agricul- linha substancialmente diferente dos de Kautsky,
tores deveriam se tornar proletários urbanos, o visto que ele identificava uma heterogeneidade
que era considerado por ele uma classe superior. no mundo rural, e daí derivava uma ideia central
Mesmo se os camponeses possuíssem con- de sua obra, a diferenciação social do campesinato
dições de fornecer para uma indústria, na visão e, como consequência, a possibilidade de uma
de Kautsky, esses se tornariam reféns desta, visto aliança operário-camponesa.
que ela é que imporia os seus padrões de tempo, Influenciado pelas condições materiais pós-
qualidade, volume etc., o que acabaria por privar -revolucionárias que enfrentava, Lênin via na
os camponeses da sua autonomia. heterogeneidade do campesinato, e em sua dife-
Um ponto central em toda sua obra foi a renciação social, a possibilidade de certos seg-
defesa de que a grande exploração agrícola era mentos inicialmente aderirem à causa socialista
muito superior à camponesa, considerando-a e ajudarem no triunfo da revolução para, pos-
sinônimo de desenvolvimento rural. teriormente, ao perceberem a superioridade das
Porém, em suas análises das estatísticas dis- grandes fazendas coletivas, mecanizadas e espe-
poníveis na época, ele percebeu a existência de cializadas, aderirem a elas espontaneamente.
significativos contingentes de camponeses, que Para ele, assim como para Kautsky, a estati-
em algumas regiões vinham crescendo. Para zação das terras e a supremacia das grandes pro-
explicar esse fenômeno, Kautsky argumentou priedades coletivas e mecanizadas eram o futuro,
que essa resistência da agricultura camponesa se em nítido contraponto à exploração agrícola
sustentava sobre um tripé: camponesa, fadada ao desaparecimento. A sua
a) rendimentos acessórios de origem industrial; grande diferença em relação a Kautsky era em
b) trabalho assalariado em grandes explora-
6
Essa influência foi marcante no período pré-revolução
ções agrícolas; bolchevique, dado que, após a revolução, Lênin se
c) pelo sobretrabalho e subconsumo. distanciaria paulatinamente das ideias de Kautsky.
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relação aos meios para alcançá-la. Para Lênin7, massa populacional, por meio de uma vanguarda
esse deveria ser um processo lento e gradual, em do partido. Disto decorre que, para a visão socia-
que a manutenção de um campesinato proprietá- lista triunfar, era necessário organizar a popula-
rio de terras é uma etapa necessária ao sucesso da ção que deveria agir como uma massa uniforme
revolução em um país cuja maioria da população (LÊNIN, 2011).
era camponesa. Lênin desenvolve o denominado Centralismo
Um ponto a ser destacado da teoria leninista Democrático como forma de condução das deci-
foi sua crença no cooperativismo como caminho sões políticas na Rússia pós-revolucionária. Nele
para desenvolver a agricultura socialista. Ele via residia um centro absoluto de poder, formado
no cooperativismo um caminho de se consti- pela vanguarda do partido, que concebia as dou-
tuir grandes unidades de explorações agrícolas, trinas e as ações a serem tomadas pelo Estado, daí
fortemente mecanizadas, tecnificadas e, conse- derivando como as únicas teses válidas aquelas
quentemente, de alta produtividade, que respei- geradas por esta elite revolucionária.
taria a cultura camponesa, e que propiciaria aos
camponeses uma vida digna de qualidade. Com
isso, estes seriam paulatinamente seduzidos por 3. As batatas eram sementes
do desenvolvimento
esse modelo de produção e adeririam voluntaria-
mente às grandes cooperativas.
Este tópico busca resgatar uma interpre-
Lênin preconizou e conduziu o Estado russo
tação teórica, contemporânea às apresentadas
a conceder às cooperativas privilégios econômi-
anteriormente, mas que, ao contrario, não via
cos e financeiros. No cooperativismo via a solu-
o campesinato como resquício social fadado ao
ção de vários problemas enfrentados pela Rússia.
desaparecimento, e sim como o embrião de uma
Com a instituição das cooperativas, consegui-
sociedade desenvolvida. Essa possibilidade foi
ria, no decorrer do tempo, eliminar o gérmen do
desenvolvida pelo pesquisador russo Alexander
capitalismo no campo mantido pela propriedade
Vasilevich Chayanov (1888-1937).
privada da terra; resolveria o problema de produ-
Chayanov era um economista agrícola pro-
ção de alimentos, pois, seria possível a utilização
fissional. Diferente de Marx, Lênin e Kautsky,
de tecnologia em larga escala; e ainda estabele-
sua produção não tinha grande interesse polí-
ceria uma estrutura social no campo condizente
tico, podendo ele ser considerado, na opinião de
com as suas concepções socialistas (LÊNIN, 1975).
Bernstein (2009), como “um pesquisador-tecno-
Sua crença no cooperativismo paraestatal
crata com uma excepcional cultura intelectual e
como solução para enfrentar a questão camponesa
originalidade, comprometimento e vivência em
é uma consequência da visão política que tinha
atividades práticas” (p. 57, tradução livre).
sobre o modo de conduzir um Estado comunista,
De forma diversa a Lênin e Kautsky, que na
mais especificamente um Estado com as caracte-
classificação de Sevilla Guzmán e González de
rísticas da Rússia, cuja maior parte da população
Molina (2005) derivam de uma linha denomi-
era composta por camponeses de baixo grau de
nada de marxismo ortodoxo, as influências de
instrução.
Chayanov estavam mais ligadas ao narodnismo8,
Em sua interpretação, considerava que a
em que coexistiam diferentes orientações teóri-
maioria da população ainda não possuía a neces-
cas e práxis intelectuais e políticas, caracterizadas
sária consciência revolucionária e, deste modo, a
pela busca de um modelo de desenvolvimento
consciência política socialista deveria ser trazida à
7
Lênin, pelo seu pragmatismo revolucionário, flexibiliza
muitas de suas ideias pré-revolucionárias. Após assumir o 8
Para mais informações sobre o narodnismo russo,
poder na Rússia, isso fica evidente com a implantação da recomenda-se a leitura de Sevilla Guzmán e González de
Nova Política Econômica em 1922. Molina (2005, p.20-36).
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para a Rússia que não fosse capitalista e no qual o Abramovay (1998), para Chayanov, o campesi-
campesinato fosse protagonista central. nato, mais do que um setor social, é um sistema
Outro ponto que diferenciava a obra de econômico não capitalista, com regras próprias
Chayanov dos outros autores de sua época é que regulando o seu funcionamento.
seus textos eram destinados aos extensionistas Assim, Chayanov (1986) propõe que:
rurais russos, enquanto os escritos pelos marxis-
tas ortodoxos eram direcionados aos militantes [...] nós somente iremos compreender
políticos. Nos dados e problemas suscitados pelos completamente a base e a natureza da
extensionistas é que Chayanov construiu as suas agricultura camponesa, quando em
teorias. A preocupação central de seu trabalho era nossas construções, nós deixarmos de
a busca pela melhoria do desempenho econômico considerá-la um objeto de observação e
dos camponeses, e daí deriva a originalidade de considerá-la um sujeito criando a sua pró-
sua obra (ABRAMOVAY, 1998). No Quadro 1, são pria existência, e tentarmos clarear para
apresentadas algumas características comparadas nós mesmos as características e causas
de Chayanov e Lênin. internas nas quais ela forma seu plano da
Por partir do ponto de vista microssocioló- organização da produção e o põe em ação
gico – família camponesa – e não de perspectivas (p. 118, tradução livre).
macroeconômicas, ele abriu uma nova perspec-
tiva teórica original que não vislumbrava o fim Para a sua construção teórica, Chayanov parte
do campesinato como iminente. Como explica das informações produzidas pelos Zemstvos, que
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aproximação culminou com a implantação da veu a teoria de ótimos diferenciais, na qual diferen-
Nova Política Econômica9 (NEP). tes tipos de culturas/criações possuem diferentes
Porém, com a morte de Lênin e a ascensão de tamanhos de propriedades ótimos. Além disso,
Josef Stalin (1878-1953) em 1924, o legado leni- as condições naturais (edafoclimáticas) também
nista é recuperado de forma ortodoxa, e é levado interferiam no tamanho ideal da exploração
a cabo por meio de uma forte política de coleti- agrícola.
vização da agricultura. Nesse momento histó- Em suma, na sua interpretação, o aumento
rico, Chayanov virou inimigo do Estado russo, em área das unidades de produção não elevava,
chegando a ser desqualificado publicamente necessariamente, a produtividade na agricul-
(STALIN, 1981). tura. Como alternativa para a proposta estatal
Na visão do novo dirigente da Rússia, sendo de coletivização, Chayanov via nas cooperati-
a agricultura camponesa o obstáculo que impe- vas o futuro do campesinato russo; para ele, era
dia o avanço do desenvolvimento da economia, uma alternativa democrática para especialização,
era então necessário eliminá-la e, para tanto pro- na qual o controle ficaria em nível comunitário
põe a transformação da agricultura pelo caminho (CHAYANOV, 1974).
socialista. Wanderley (1998) explica que o eixo central
Seria a construção das grandes fábricas de pão e da proposta chayanoviana era a constituição de
carne às quais aludiu Chayanov em seu romance corpos cooperativos, formados por cooperativas
Viagem de meu irmão Alexei ao país da utopia cam- camponesas de diferentes níveis; isto é, coopera-
ponesa, escrita logo após a revolução bolchevique tivas de cooperativas, organizadas de baixo para
(CHAYANOV, 1991). cima e apoiadas, mas não controladas pelo poder
Chayanov tinha consciência de que a agricul- central.
tura camponesa russa de sua época, bem como Esse sistema possibilitaria a adoção de novas
a sociedade rural como um todo, precisava pas- tecnologias pelo campesinato, respeitando as
sar por profundas mudanças para se desenvolver estruturas rurais existentes e os processos espon-
nos mais amplos aspectos, desde economica- tâneos. Fomentaria também o aumento de pro-
mente, até culturalmente. Apesar de concordar dutividade, promoveria a igualdade social e,
com as metas do programa de coletivização de ao mesmo tempo, atuaria como uma escola
Stalin de aumentar a produtividade para assegu- para formar novas lideranças democráticas nas
rar o bem-estar e melhorar as condições sociais do comunidades. Na proposição de Chayanov, o
interior russo, sua discordância estava em como cooperativismo não deveria ser imposto, mas
isso deveria ser executado, caminho que ele desa- sim entendido como uma forma de associação
provava em todos os pontos propostos por Stalin voluntária, na qual os membros conservariam
(SHANIN, 2009). sua individualidade econômica e introduziriam
Nesse sentido, ele não corroborava a visão ofi- uma dinâmica participativa mediante a demo-
cial de que o aumento do tamanho das proprie- cracia de base (CHAYANOV, 1974; SEVILLA
dades levaria, automaticamente, ao aumento da GUZMÁN, 1990).
produtividade. Para provar essa tese, desenvol- A principal diferença entre o modelo coo-
perativista proposto por Chayanov e a proposta
9
A Nova Política Econômica foi estabelecida pelo governo
de coletivização desenvolvida por Stalin, é que
soviético, ainda sob o controle de Lênin, em 1922, como o primeiro preconizou uma integração vertical de
meio para estimular o crescimento da economia russa. diferentes formas e tamanhos de cooperativas,
Em relação ao campesinato, a NEP diminuiu o controle
do Estado sobre as mercadorias produzidas, permitindo enquanto o segundo pregava uma cooperação hori-
que os camponeses comercializassem livremente parte de zontal, em que os agricultores deveriam se unir
sua produção; também aceitando a posse das estruturas
fundiárias pelos camponeses e abandonando o discurso da
forçosamente para estabelecer grandes unidades
coletivização forçada. de exploração agrícola.
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Diferentes autores (FABRINI, 2002; vida doméstica, como por exemplo, a alimenta-
SCOPINHO, 2007; BORGES, 2010a) expõem ção em refeitórios coletivos.
diversas condicionantes históricas, econômicas e Para estimular o cooperativismo, nessa ver-
sociais que levaram o MST a adotar o cooperati- tente de caráter estritamente coletivista, o MST
vismo como diretriz institucional na organização organizou diversos cursos de formação para os
dos seus assentamentos. Porém, cabe analisar a assentados, baseados na teoria de organização do
orientação político-ideológica que norteou esse campo elaborada por Clodomir Santos de Morais10.
processo. Borges (2010b) explica que essa teoria possi-
Segundo Borges (2010b), o MST via na coo- bilitou a elaboração de uma proposta cooperati-
peração a principal saída para a viabilidade eco- vista, baseada na forte mecanização, na divisão
nômica da produção, buscando nas ideias de e especialização do trabalho e na produção em
Kautsky o conceito de superioridade da pro- escala, tendo como principal referencial teórico o
dução cooperativa, que, como resultado, pro- pensamento de Kautsky.
moveria o desenvolvimento econômico nos A teoria de organização do campo caracterizava-
assentamentos. -se por ser altamente impositiva, forçando um
O mesmo autor enfatiza que a proposta de modelo organizacional aos assentados. Baseada
cooperação agrícola do MST indicava um modelo na superioridade do proletariado de Marx,
uniforme para os assentamentos, centrado numa Kautsky e Lênin, esta teoria desqualificava o cha-
ótica predominantemente econômica. Isto per- mado comportamento ideológico camponês que era
mitiu a elaboração de um projeto único – em caracterizado como isolacionista, individualista
relação ao modo de organização social – para e personalista; sendo que este comportamento
assentamentos rurais de todo o País. Este modelo deveria ser eliminado (BRENNEISEN, 2002).
se materializava pelo incentivo à implantação de A implementação dessa teoria tinha em vista
Cooperativas de Produção Agropecuária (CPAs) a construção de grandes fazendas de produção
nos assentamentos, considerada pelo Movimento coletiva, de inspiração kautskiana e leninista,
como a mais viável das alternativas. no modelo dos colcozes soviéticos11, fortemente
Cada CPA organizava-se em um único assen- mecanizadas, com utilização intensiva de agro-
tamento, tendo como premissa que a posse da químicos, especializadas, com agroindústrias para
terra e dos demais meios de produção fossem transformação da mercadoria, nas quais todos os
coletivos. A diretriz das CPAs é agregar valor à meios de produção seriam coletivos. Preconizava
produção agropecuária, por intermédio de pro- uma rígida organização e especialização do tra-
cessos de agroindustrialização dentro do próprio balho, ao modo industrial, pois somente assim os
assentamento (BRENNEISEN, 2002). assentados teriam condições de competir no mer-
Porém, como alude Borges (2010b), a pro- cado e, concomitantemente, desenvolver a cons-
posta das CPAs extrapolava os limites econômi- ciência revolucionária. Isso desenvolveria nesses
cos e buscava uma formação mais abrangente de cooperados sua consciência de classe e os levaria
seus membros, o que acentua FABRINI (2002), ao a trocar seus interesses predominantemente pes-
escrever que “a ideia é que as cooperativas pos- soais – oriundos, segundo a teoria, de sua con-
sam criar condições favoráveis à construção do dição de camponês –, por interesses coletivos
socialismo” (p. 85). – vistos como superiores. As relações tradicionais
Para Scopinho (2007) foram organizadas
mais de 40 CPAs em diferentes regiões do terri- 10
Para um breve resumo da biografia de Clodomir Santos de
tório brasileiro, sendo muitas inteiramente cole- Morais, recomenda-se a leitura de Brenneisen (2002, p. 72-73).
tivizadas, conformadas como “verdadeiras ilhas 11
Os kolkhozy eram grandes fazendas geridas por cooperativas
de agricultores, em que todos os meios de produção eram
socialistas”, tanto em relação à organização do coletivos, implantadas depois da revolução bolchevique,
trabalho como em relação a outros aspectos da com base no código agrário de 1922.
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ou camponesas eram os principais alvos de suas a divisão social do capital com vistas a suplan-
críticas. tar os problemas anteriores; porém, os agriculto-
Durante alguns anos esse foi o modelo de res continuaram dependendo do mercado, tanto
assentamento preconizado e incentivado pelo para a aquisição dos bens para produção quanto
MST, que investiu seu poder organizativo nesse para a comercialização de suas mercadorias, fato
projeto. Projetos de agroindustrialização de que levou os assentados a ficarem reféns de con-
grande escala foram executados, na maioria das junturas que não estavam sob o seu controle.
vezes, fundamentados em bases inconsistentes e Também é certo que os princípios preconi-
contraditórias. zados pelas teorias de Marx, Lênin e Kautsky,
Severas críticas, por diferentes autores, foram quando transformados em práxis pelo MST, não
direcionadas a esse modelo de organização de se confirmaram. As CPAs, salvo exceções, não
assentamentos; por ser um modelo impositivo, viraram modelos de sucesso a serem seguidos,
construído de “cima para baixo”, que despreza pelo contrário, criaram nos assentados um forte
as características inerentes do campesinato como sentimento de resistência a este projeto coopera-
autonomia e autossuficiência, por ter uma visão tivista. Não obstante, a maior parte dos agricul-
maniqueísta, ser homogeneizador, desprezar tores dos assentamentos, apesar da falta de um
as peculiaridades regionais de cada território, projeto de desenvolvimento, continuou a (sobre)
não considerar a heterogeneidade das histórias viver como assentados, adotando outras estraté-
de vida presentes em cada assentamento, por gias de sobrevivência.
ser alienador, entre outras (BERGAMASCO e Com a falência desse modelo, o Movimento
CARMO, 1991; BRENNEISEN, 2002; FABRINI, se viu órfão de diretrizes teóricas e políticas que
2002; NAVARRO, 2002; BERGAMASCO e subsidiassem suas ações em relação à organiza-
NORDER, 2003; BORGES, 2010a). ção dos assentamentos. O MST precisou buscar
Por uma série de motivos, tantos os citados novos aportes teóricos e, mais enfaticamente,
acima, que impediram que a maioria da base social estabelecer novas práticas para continuar o seu
do MST aderisse ao projeto, mas também devido à trabalho.
intervenção do Estado, incompetência gerencial e O cooperativismo continua sendo um dos
estratégica, além de condições macroeconômicas, eixos principais nos debates do Movimento,
muitas das CPAs entraram em crise, evidenciando porém, agora, de forma mais flexível e democrá-
a inviabilidade prática desse projeto. tica, com a consideração e valorização das especi-
Em relação ao aspecto produtivo, esse ficidades locais.
modelo se baseava exclusivamente nas proposi-
ções da Revolução Verde, fato que levou os assen-
4.2. A busca de novos caminhos
tados a dependerem do mercado para aquisição
de todos os insumos necessários à produção Em meados da década de 1990, com a crise
agrícola. Ademais, como produziam majorita- e o questionamento da proposta de coletiviza-
riamente commodities para o mercado, também ção levada a cabo até então pelo MST, abriu-se
ficaram na dependência dos oligopsônios agroin- espaço para novas discussões e avaliações, que
dustriais em relação aos preços auferidos por sua culminaram na elaboração de novas orientações
produção. políticas. Nesse novo contexto, o debate sobre a
Paradoxalmente, o MST difundiu em seus Agroecologia (mesmo ainda não estando claro
assentamentos um modelo de produção que tinha o que este termo significava) começou a ganhar
sido a causa da expropriação dos camponeses em relevância nos espaços internos do Movimento
um momento anterior. É certo que este modelo (BARCELLOS, 2010; BORGES 2010b).
tinha incorporado novas dimensões, como a cole- Isso pode ser verificado na Proposta de
tivização e sistematização do trabalho, bem como Reforma Agrária do MST de 1995 (MST, 2005), na
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656 A Construção do Discurso Agroecológico no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)
qual é possível identificar críticas ao modelo pre- A partir de seu IV Congresso Nacional rea-
conizado anteriormente. Mais do que isso, foram lizado em 2000, o MST trouxe para o centro de
elaboradas propostas para a construção de um seus debates a discussão sobre a “organização dos
novo modelo produtivo para os assentados. assentamentos”. Isto ocorreu devido à percep-
Picolotto e Piccin (2008) creditam essa ção de que era necessário aprimorar o modelo de
mudança de rumo das orientações políticas do assentamento realizado até então, que se carac-
MST a três fatores: terizava por priorizar, notadamente durante a
a) a reforma neoliberal do Estado brasileiro implantação, as dimensões ligadas ao trabalho e
que pôs fim às políticas setoriais, de pre- à produção; modelo que acabava por priorizar os
ços mínimos e abriu os mercados; aspectos econômicos da existência e relegava a
b) o fim do Programa Especial de Crédito um segundo plano as outras dimensões da vida
para a Reforma Agrária (Procera) em (BORSATTO et al., 2007).
1999; e Em relação à destinação da produção, sugeriu-
c) a formação da Via Campesina12. -se que esta deveria estar voltada prioritariamente
à segurança alimentar da família, garantindo ali-
Segundo os autores, os dois primeiros fatores mentação de qualidade e abundante.
dificultaram a continuidade das estratégias pro- Como bem apontam Gonçalves (2008),
dutivas até então desenvolvidas pelo Movimento, Barcellos (2010) e Borges (2010b), foi a partir de
enquanto o terceiro ampliou o leque de relações seu IV Congresso Nacional que o MST assumiu
institucionais do MST, colocando as suas lideran- de forma explícita a Agroecologia como uma base
ças em contato com outros movimentos sociais na qual deveria se erigir a realização da reforma
internacionais que já haviam incorporado a ques- agrária no Brasil.
tão ambiental em sua pauta e agregado novos A Agroecologia emerge no Movimento não
referenciais teóricos. somente como uma prática agrícola menos agres-
Ressalta-se que além dos fatores supracita- siva ao meio ambiente, mas emoldurada por um
dos, paralelamente a eles já era significativo no intenso questionamento político em relação às
Brasil o número de pessoas que militavam pela políticas agrícolas que estavam sendo adotadas
transformação do modelo de produção agrícola pelo Estado brasileiro, que, por sua vez, fomen-
vigente, denunciando suas externalidades nega- tavam uma agricultura de larga escala, forte-
tivas e apontando novos caminhos de base mais mente mecanizada, voltada para a exportação
ecológica. Militantes do MST que se identifica- e dependente de complexos agroindustriais oli-
vam com essa visão começaram a encontrar espa- gopolizados (COSTA NETO e CANAVESI, 2003;
ços dentro do Movimento para expressar seus KARRIEM, 2009).
pontos de vista. A partir de seu IV Congresso Nacional,
Desde então, o MST passou a introspec- várias foram as ações deferidas e fomenta-
tar novos referenciais, ampliando o seu dis- das pelo Movimento com vistas a internalizar a
curso sobre a questão agrária e sua pauta de Agroecologia dentro dos assentamentos rurais.
reivindicações. Por suposto que essas ações não foram realizadas
com a mesma intensidade por todo o território
12
A Via Campesina é uma articulação internacional de movi-
mentos camponeses criada em 1992 por diversas organiza-
nacional; diferenças em nível estadual são facil-
ções da Ásia, África, América e Europa, cujas linhas políticas mente verificáveis.
defendidas são: Soberania Alimentar e Comércio Interna- O Paraná se destaca como uma das regiões em
cional; Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural; Gênero
e Direitos Humanos; Agricultura Camponesa Sustentável; que as lideranças do Movimento mais introspec-
Biodiversidade e Recursos Genéticos. A Via Campesina se taram a proposta agroecológica e se esforçaram
conforma como um dos principais atores nas lutas atuais
contra a hegemonia do modelo neoliberal de agricultura,
para difundi-la. Esse esforço pode ser constatado
denominado de Agronegócio (FERNANDES, 2008). pela organização, em 2002, na primeira Jornada
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Ricardo Serra Borsatto e Maristela Simões do Carmo 657
de Agroecologia, que continua a ocorrer anu- de forma mais profunda quando o Movimento se
almente, organizada em conjunto com outras aproxima dos demais movimentos camponeses
organizações vinculadas à questão camponesa. Esta ligados à Via Campesina. Com isso, introspecta
congrega milhares de produtores rurais assenta- em seu ideário as elaborações de Martinez Alier
dos ou acampados para discutirem Agroecologia (1998), que constrói uma ponte teórica profícua
e trocarem experiências sobre práticas agroecoló- ao explicar que os movimentos camponeses são
gicas (BORSATTO et al., 2007; TARDIN, 2009). também movimentos ambientais.
Além das Jornadas, o MST paranaense Martinez Alier (1998) parte da prerrogativa
criou centros de formação e capacitação técnica em da qual o que está no centro das reivindicações
Agroecologia para abrigar cursos de nível técnico e dos movimentos camponeses é o questiona-
superior para os agricultores. mento acerca da distribuição dos recursos eco-
Paralelamente, o MST mudou de forma radi- lógicos. No caso do MST, é a terra considerada
cal o seu discurso nos últimos anos, quando como um recurso ecossistêmico, que é distribuída
comparado com o defendido no início de sua for- de maneira desigual, traduzindo a luta do MST
mação até meados da década de 1990. para além de uma luta social, mas também como
O conhecimento tradicional camponês, uma batalha ambiental.
antes rejeitado, assume lugar central nas propos- Também contribui nesse sentido a perspectiva
tas para o desenvolvimento dos assentamentos, neonarodnista ecológica, que resgata o pensamento
assim como também são quebradas as barreiras marxista populista russo do século XIX para enten-
internas que separavam a luta pela reforma agrá- der a crise social e ecológica atual. Fundamenta-se
ria da questão ambiental. na crítica aos impactos negativos do desenvolvi-
Para tanto, novos referenciais teóricos foram mento capitalista no campo, propondo um cami-
(e têm sido) demandados pelas lideranças do nho que valorize a lógica e os conhecimentos
Movimento. O rompimento com as propostas camponeses no manejo dos recursos naturais,
do Marxismo Agrário abre espaço para a incor- bem como as suas relações comunitárias, para
poração das sugestões do Populismo Marxista e assim formular estratégias que contraponham o
demais ramos teóricos que daí derivam, mais modelo agrícola dominante (MARTINEZ ALIER,
especificamente para as ideias de Chayanov. Nas 1998; SEVILLA GÚZMAN, 2005).
palavras de Sevilla Guzmán (2011), “pretende- No quinto Congresso Nacional, realizado em
mos asi esbozar los contornos de un narodnismo 2007, o Movimento aprofunda ainda mais a valo-
marxista que, en seno del debate de la cuestión rização de preceitos agroecológicos como cami-
agraria puede considerarse como precursor de la nho para a consolidação da reforma agrária, que
agroecología” (p. 77-78). passa a ser denominada de popular (MST, 2007a).
Para o MST, enquanto organização, o agricul- Atualmente, como pode ser verificado em
tor deixa de ser um mero objeto em uma massa sua Proposta de Reforma Agrária Popular, todas as
revolucionária e passa a ser um sujeito criando a demandas e esforços relativos à questão da pro-
sua própria existência, com conhecimento e valores dução, realizados pelo MST, vão em direção ao
morais que são considerados como sendo o gér- fomento da Agroecologia, que é citada de forma
men para a construção de uma sociedade mais constante no texto (MST, 2009a).
justa, sustentável e melhor. Metodologias em Em suma, a defesa da Agroecologia dentro do
que o saber camponês é valorizado passam a ser MST está em uma curva ascendente, em contra-
usadas nos espaços de formação do Movimento ponto ao discurso de coletivização e fomento de
(MST, 2007b; TONÁ e GUHUR, 2009; RAMOS grandes unidades de exploração agrícola especia-
FILHO e SEVILLA GUZMÁN, 2010). lizadas antes vigente.
Em relação à aproximação com os debates Aponta-se que esse discurso agroecológico
relativos à questão ambiental, isso passa a ocorrer vem sempre profundamente vinculado a duas
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658 A Construção do Discurso Agroecológico no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)
outras temáticas afins, a da soberania alimentar ção; o subjetivismo dos camponeses nas tomadas
e da luta contra o agronegócio. Isso, por sua vez, de decisões e o conceito de ótimos diferenciais.
aproxima o Movimento cada vez mais das deman- Com base em documentos produzidos pelo
das de seus agentes, isto é, dos agricultores, pois MST, bem como em diferentes trabalhos acadê-
introspecta em seu seio ideias e características micos que se dedicaram a esse tema, constatou-se
que sempre estiveram presentes no modo de pro- que esse novo discurso transformou-se em dire-
duzir (ou viver) dos camponeses. Em nítido con- trizes adotadas pelo Movimento, que agora pauta
traponto ao discurso anteriormente vigente, que suas ações tanto pela perspectiva política contra-
tinha sua origem muito mais vinculada às ques- -hegemônica quanto por oferecer respostas práti-
tões sindicais citadinas de origem proletária. cas para que os agricultores possam garantir sua
reprodução social.
5. Conclusão
6. Referências bibliográficas
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observa-se que o MST vem se pautando em questão. São Paulo – Campinas: Hucitec – Editora da
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e Lênin, bem como nas experiências soviéticas e Janeiro.
cubanas de coletivização da agricultura, que em BERGAMASCO, S. M. P. P. e CARMO, M. S. Reforma
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agricultor visto não mais como um mero objeto BORSATTO, R. S., BERGAMASCO, S. M. P. P.,
de análise, mas como um sujeito criando sua pró- MOREIRA, S. S., FONTE, N. N., FIDELIS, L. M. e
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