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Aliança Espírita Evangélica

Janeiro/Fevereiro 2019
N° 494

Fraternidade dos Discípulos de Jesus | Difusão do Espiritismo Religioso

Valorize a vida
SUMÁRIO O TREVO
Janeiro/Fevereiro de 2019
Ano XLVIII

Aliança Espírita Evangélica


Órgão de Divulgação da
Fraternidade dos Discípulos de Jesus
Difusão do Espiritismo Religioso.

Diretor-geral da Aliança:
Eduardo Miyashiro

Jornalistas responsáveis: Bárbara Blas


Orth (MTB: 64.800/SP) e Bárbara Paludeti
(MTB: 47.187/SP)

6 EAE - A dor é expressão da causa e 9 Capa - A que distância estamos do Projeto Gráfico – Editoração: Equipe
sofrimento do outro? Editorial Aliança
efeito
Conselho editorial:
7 Mediunidade - Os cinco setores 16 Capa - Precisamos olhar para o Alessandro Augusto Arruda Basso,
outro e ver o outro Catarina de Santa Bárbara, César Augusto
Milani Castro, Cida Vasconcelos, Denis
Orth, Eduardo Miyashiro, Elizabeth Bastos,
Fernanda N. Saraiva, Janaina Silva, Kauê
Lima, Paulo Avelino, Renata Pires, Sandra
5 FDJ 15 CAPA
Evolução vem com atenção
Pizarro, Tatiane Braz Comitre Basso e
O problema do destino, da dor e da Walter Basso.
alegria de viver em paz
17 COLUNA ANDRÉ LUIZ Colaboraram nesta edição:
10 CAPA Prevenção simples Amanda Oliveira Fernandes Carmona, Ana
Os espíritas são sobreviventes do Rosa Ramos Nunes, Carlos Rocha, Carmem
suicídio 18 CAPA Di Corato, Dalmo Duque, Diego Campos,
Sobre viver; viver a dor, a perda
11 CAPA e o luto
Fernanda Perracini, Gizleine Compagnoli,
Guidini, Kalvin Santana, Lorraine Maia,
Evolução vem com atenção
Marcia Furini, Maria José Ribeiro, Miriam
14 CAPA Gomes, Rafaela Silva e Roberta Cyrillo
Gotas diárias de amor
Capa: iStock
Página central: Equipe Editorial Aliança

Redação: Rua Humaitá, 569 - Bela Vista -


São Paulo/SP - CEP: 01321-010
SEMPRE AQUI Telefone (11) 3105-5894

Informações para Curso Básico de


3 EDITORIAL 19 FALA, LEITOR Espiritismo e Projeto Paulo de Tarso:
Valorização da Vida Ajude para ser ajudado 0800 110 164
CVV 188
4 VIAGEM AO PASSADO 22 PÁGINA DOS APRENDIZES
O suicídio | Involução e evolução www.alianca.org.br
23 NOTAS
8 FALA, LEITOR
trevo@alianca.org.br
Ressocializar para transformar

facebook.com/aliancaespirita

twitter.com/AEE_real
MISSÃO DA ALIANÇA
youtube.com/AEEcomunica
Efetivar o ideal de Vivência do Espiritismo Religioso por
meio de programas de trabalho, estudo e fraternidade para Os conceitos emitidos nos textos são de responsabilidade de
o Bem da Humanidade. seus autores. As colaborações enviadas, mesmo não publicadas,
não serão devolvidas. Textos, fotos, ilustrações e outras cola-
borações podem ser alterados para serem adequados ao espaço
disponível. Eventuais alterações e edição só serão submetidos
aos autores se houver manifestação nesse sentido.

2 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


VALORIZAÇÃO DA VIDA

EDITORIAL
Q
uando as equipes do CVV de ajudar a valorizar a vida em todas
se reuniram para desen- as oportunidades que se apresentarem.
volver seu Planejamento Desde o dever de oferecer um ombro
Estratégico, há 15 anos, ti- amigo no momento da dor, até o esfor-
veram que escolher uma frase capaz de ço de manter o equilíbrio quando tudo
verbalizar sua missão. Afinal, manter à volta nos empurra para o desespero ou
um programa de prevenção do suicídio para a violência.
composto por milhares de voluntários
Em relação ao grave problema do
em dezenas de localidades, e sustentar
suicídio, cada vez mais precisamos de
uma estrutura de saúde mental com
atitudes corajosas dos discípulos de
atuação nas áreas pública e privada é
Jesus. Temos assistido a adolescentes se
um desafio para executar e até mesmo
matando, mesmo quando cercados de
para explicar em palavras.
conforto, luxo e admiradores. E sem que
Foi quando, em um estalo, a frase as pessoas mais próximas sejam capazes
da missão veio a partir do próprio nome: de ler os sinais preliminares de que algo
“Nossa missão é valorizar a vida!” Parece vai mal.
Para ajudar, é que a frase sempre esteve lá, esperando
ser descoberta.
Crianças são desafiadas em redes
anônimas a causarem sofrimento a si
indispensável nos Voltando no tempo, em 1961, os mesmas e a outros. Idosos acabam com a
dirigentes da 7ª turma da Escola de própria vida sem perspectiva de conforto
colocarmos no Aprendizes do Evangelho da Federação emocional e apoio familiar. Profissionais
Espírita do Estado de São Paulo (o casal de saúde, educação, segurança pública,
lugar do outro, Milton e Lygia Jardim), abriram junto arrasados pelo estresse profissional, in-
com os alunos, um discreto envelope terrompem a vida por não verem nada
contendo um recorte de jornal. Era uma de bom em seu futuro.
sem críticas ou matéria jornalística sobre a quantida-
Precisamos falar mais sobre tudo
de crescente de suicídios em São Paulo
julgamentos. Para nos anos anteriores. Por fora do enve-
isso. Nós temos aprendido a olhar para
dentro de nós mesmos e a falar disso em
lope, uma anotação a mão, de Edgard
vencer na luta Armond: “Para quem deseja servir, aqui
está uma grande oportunidade.” Ali
grupo. Aprendemos a doar nosso tempo
para ajudar outras pessoas. Temos que
aplicar essas habilidades, sem qualquer
contra o desespero, nascia o Centro de Valorização da Vida.
Ainda não tinha nome, não tinha pro-
interesse próprio, puramente a favor do
bem de todos.
precisamos cada grama, não tinha nada formalizado. Mas
nasceu na mente e no coração daquelas Quanto mais mantivermos uma ati-

vez mais sermos pessoas.


Nós espíritas somos muito sensíveis
tude mental elevada quanto ao suicídio,
quanto às perdas intensas, quanto à fal-
ta de valor na vida, mais compreendere-
solidários no à questão do suicídio. Todas as pessoas
se incomodam com a questão, por causa
mos o outro, ampliando nossa empatia.
Porque, para ajudar, é indispensável nos
sofrer. No fundo, do instinto de sobrevivência, por cau-
sa da educação e cultura, por causa das
colocarmos no lugar do outro, sem crí-
ticas ou julgamentos. Para vencer a luta
o que mata, é a experiências de vida, e por tudo aquilo
que nos torna seres humanos.
contra o desespero, precisamos cada
vez mais sermos solidários no sofrer. No
indiferença. A questão é que, para o espírita, as fundo, o que mata, é a indiferença.
notícias da vida após a morte corporal
O discípulo de Jesus jamais será in-
chegam com uma riqueza de informa-
diferente. É só por isso que sempre pode
ções que multiplica a consciência e a
ajudar.
responsabilidade com relação ao valor
que a vida tem.
Por isso, podemos adotar a missão O Diretor-geral da Aliança
do CVV como nossa. Temos o dever

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 3


O SUICÍDIO
VIAGEM AO PASSADO

A
Doutrina Espírita nos en- do superior às suas forças, o suicida fica preso a um fardo muitas vezes maior: o
sina que, na morte, mor- da frustração de não ter encontrado o fim almejado e do sofrimento inominável de
re primeiro o corpo físico; sentir-se vivo ligado a um corpo morto.
morto este, o espírito se
desliga. O corpo humano, como qual- Pode seu espírito permanecer ligado aos despojos putrefatos até a extinção
quer corpo orgânico, é dotado de vi- total do fluido vital, principalmente se entre seus amigos e familiares ninguém orar
talidade; é impregnado, pode-se assim por ele pedindo a intercessão dos espíritos amigos. Pode acontecer, também, que o
dizer, do chamado fluido vital que lhe suicida tenha amigos ou parentes já desencarnados, os quais dependendo de seus
dá a vida orgânica. méritos, possam vir em socorro do desventurado.

Quando se inicia a fecundação do


óvulo, o corpo que ali começa a se for-
mar (e ao qual já está ligado o espírito
Pensando em libertar-se daquilo que
reencarnante) recebe uma determinada
quantidade de fluido vital, suficiente
julgava um fardo superior às suas
para que o indivíduo viva em sua nova
existência carnal o tempo necessário
forças, o suicida fica preso a um fardo
para que o espírito expie erros passados
e se aprimore evoluindo. muitas vezes maior: o da frustração de
Enquanto o corpo tiver vitalidade, não ter encontrado o fim almejado e do
o espírito (que é a sede da inteligência
e das percepções) estará a ele ligado. sofrimento inominável de sentir-se vivo
Quando o corpo perde toda a vitalidade
— pelo envelhecimento ou pela doença
— o espírito não mais tem condições de
ligado a um corpo morto
continuar encarnado, isto é, a vitalidade
é uma espécie de imã que atrai o espírito É claro que não existe uma forma rígida através da qual, invariavelmente, o
para o respectivo corpo carnal. suicida sofrerá as consequências de seu gesto. Temos de considerar os valores in-
dividuais, que variam de pessoa para pessoa, e que em última análise determinarão
Logo, pode-se perceber o grande a duração e a profundidade do sofrimento. Entretanto, todos sofrerão as consequ-
sofrimento do espírito de um suicida, ências de seu gesto, tanto o materialista como o espiritualista.
principalmente daquele que põe fim à
vida física em plena juventude, em ple- O materialista, que julga tudo acabar com o corpo físico, ficará atônito por
na vitalidade. O corpo ao qual deu um sentir-se vivo mesmo depois do suicídio. E sentindo-se vivo, mas não acreditando
fim deliberado está ainda impregnado na sobrevivência do espírito, julgar-se-á ainda de posse do corpo físico; contudo,
de fluido vital; logo, o espírito, como perceberá que seu corpo não mais existe e, para desespero seu, não consegue mais
que imantado por esse fluido, perma- comunicar-se com ninguém apesar de ver todos. O espiritualista, por sua vez, sen-
nece ligado aos despojos muitas vezes tirá um remorso tremendo e chorará amargamente diante da inutilidade do gesto
por anos seguidos. Assim, pensando em suicida para libertação dos próprios sofrimentos. (Capítulo 18, do livro Caminhos de
libertar-se daquilo que julgava um far- Libertação - Valentim Lorenzetti)

INVOLUÇÃO E EVOLUÇÃO

A
ssim como o sol derrama sua luz vivificadora so- beneficia a todos os seres, bons e maus, ricos e pobres, nos
bre florestas, pântanos, planícies, desertos, pa- caminhos ásperos e lentos da evolução. (11º parágrafo do
lácios e casebres da Terra, a tudo iluminando e Item 3 do livro Falando ao Coração, de Edgard Armond)
aquecendo, assim a divina luz do Deus Criador

4 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


O PROBLEMA DO DESTINO, DA

FDJ
DOR E DA ALEGRIA DE VIVER EM
PAZ
Carmem Di Corato, Marcia Furini, Gizleine Compagnoli, Guidini

Se nós, discípulos de Jesus, prestarmos atenção além do


óbvio, a ajuda poderá salvar vidas
“Senhor, não te importas que minha irmã tenha me dei- Qual o prazer de tirar os olhos dos celulares, das nossas
xado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!”, arguiu telinhas e olharmos para nós mesmo? Isso é bom? Quem
Marta. E Jesus responde: “Marta! Marta! Você está preocu- tem esta resposta? Talvez as primeiras impressões sejam sur-
pada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é preendentes. E se ousarmos ir além e olhar o outro, sim o
necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será outro! Como será? Uma pessoa, um humano, igual a você,
tirada”. (Lucas 10:41,42) que sempre está ao seu lado, em casa, no trabalho, na rua,
enfim pelo mundo todo, qual seria a impressão? Seríamos

P
capazes de compreender o que se passa com ele? Seríamos
edro Camargo, no livro “Na Seara do Mestre”, nos capazes de nos colocar no lugar dele e sentir os seus medos
alerta dizendo que: “Para vivermos bem, preci- e desalentos? Tudo nos parece um grande mistério.
samos ter uma certa compreensão da finalidade
E se uma destas pessoas próximas, ou um desconheci-
da vida. Essa finalidade é o amor. Os tropeços
do, se aproximasse e dissesse: - Quero que você me ajude a
e percalços, as refregas e as lutas, a dor sob seus multifor-
edificar do Reino de Deus em mim. Eu quero paz. Me ajuda?
mes aspectos, como também os prazeres e triunfos mais ou
menos efêmeros que logramos alcançar, são ensinamentos e Talvez estas palavras não cheguem aos nossos ouvidos,
experiências, são processos educativos, geralmente mal in- mas o tempo todo recebemos pedidos de ajuda de forma in-
terpretados, os quais têm por escopo conduzir-nos ao amor, direta e provavelmente não percebemos o “grito de socorro”
portanto, à finalidade da vida. O ‘porquê’ da vida é o amor; ou ainda julgaríamos.
e o ‘porquê’ do amor é Deus”. Em outro livro, “Em torno do Se nós, discípulos de Jesus, prestarmos atenção além do
Mestre”, Pedro Camargo, nos recorda que “a felicidade não é óbvio, a ajuda poderá salvar vidas. Deixar de lado aqueles
causa, é efeito. As causas que a determinam estão em nosso velhos conceitos de que “ele/ela é assim mesmo, gosta de
interior, são todas de natureza espiritual. A pureza de senti- chamar atenção, é frescura”.
mentos, a simplicidade de coração, a fé nos destinos que nos
aguardam, são fatores de felicidade.” A depressão e o desespero andam de mãos dadas. Alguém
desesperado, privado da “paz que não é deste mundo” pode
Viver bem, felicidade, paz interior, consciência tranqui- ser capaz de muitas coisas, inclusive o suicídio, com a ilusão
la, saúde emocional. São tantos sinônimos de uma justa as- de ser esta a única saída.
piração da humanidade para expressar algo tão desejado, e
que se por um lado não podemos dizer o quanto temos, por Mas viver é a melhor saída, sempre. A alegria de viver é
outro dizemos das profundas aflições que este desencontro consequência natural de um certo estado de alma, e significa
nos traz. viver profundamente. “Eu vim para que todos tenham vida, e
a tenham em abundância”.
Mas essa grande aspiração da humanidade está resolvi-
da nos ensinamentos de Jesus, que nos convida a edificar o Este afastamento da “paz que não é deste mundo” tem
Reino de Deus dentro de nós, um Reino de Amor. E por isso é trazido alertas de que é necessária uma reconciliação com
fácil dizer que a paz, a alegria de viver que desejamos está em a ordem natural da vida, com as Leis Naturais e com o Pai.
um só lugar. Dentro de nós. Os paradigmas da materialidade O caminho por vezes é tortuoso, mas se usarmos a fé como
e as convenções humanas de sucesso, conforto, alegria e fe- nosso cajado, com certeza chegaremos lá. Muito mais fortes,
licidade nem sempre trazem junto o Reino do Pai. E o preço e acima de tudo, com muito mais amor, por nós mesmos e
desta busca sem fim são as aflições de nossas almas e talvez pelos outros seres humanos que estão à nossa volta, afinal, o
o alerta mais notório que recebemos é a depressão que bate grande ensinamento é: amar a Deus sobre todas as coisas, e
em todas as portas. Mesmo dentro do discipulado com Jesus. ao próximo como a ti mesmo.
“Deixo-vos a paz. A minha paz eu vos dou, mas não Carmem, Marcia, Gizleine e Guidini são do GE Hovsana
como o mundo dá.” Krikor/Regional São Paulo Norte

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 5


A DOR É EXPRESSÃO DA CAUSA
ESCOLA DE APRENDIZES

E EFEITO
Fernanda Perracini

Entretanto a dor por si só não basta para nossa evolução,


o que realmente importa é como a enfrentamos.
Resumidamente temos dois caminhos: o da revolta/não
aceitação ou o da resignação
arejado para poder ânimo. Assim começamos a trilhar um
florescer. Ela prepara novo futuro. “Bem-aventurados os que
o coração do espíri- choram, porque serão consolados” pois
to ainda em evolução estão a caminho da redenção, limpando
para germinar o amor. seus erros, adquirindo experiência e sa-
Entretanto a dor bedoria que estarão para sempre iman-
por si só não basta tadas ao seu espírito. Após as refregas e
para nossa evolução, o dores, nos sentimos mais capazes e me-
que realmente impor- nos egoístas, mais corajosos!
ta é como a enfrenta- A dor quando encarada com paci-
mos. Resumidamente ência e valor já é por si só a consola-
temos dois caminhos: ção que precisamos porque atrai a graça
o da revolta/não acei- divina, bálsamo que suaviza os nossos
tação ou o da resig- tormentos, renovando a esperança den-

É
nação. O primeiro, tro dos nossos corações.
perturbador o medo de sen- que geralmente é a nossa primeira re- Cabe uma ressalva muito importan-
tir dor. Dor da perda de al- ação, não nos cura, pois continuamos te: nunca devemos procurar a dor deli-
guém, dor de errar, dor de emitindo vibrações inferiores que acar- beradamente, pois esta deixaria de ser o
não ser amado, dor de não retam sentimentos ruins. Rejeitar a dor efeito a um mal e passaria a ser a causa,
ser acolhido em suas fraquezas, dor é sofrer repetidas vezes. A saída para a ação, o plantio. E a colheita com cer-
de não achar um propósito em levan- aliviar nosso flagelo é a resignação, que teza seria tão dolorida quanto.
tar pela manhã... São tantos os motivos no “O Evangelho Segundo Espiritismo”
para sentirmos dor que pensamos qual é definida como a aceitação do coração, A dor então será inexoravelmente
o propósito da dor? Meu Deus, será que ou seja, devemos deixar o nosso orgu- vencida com a nossa ascensão evolutiva.
ela é mesmo necessária? Será que ela é lho de lado e cair nos braços de Jesus. Sempre que houver sofrimento é porque
justa? E ao conhecermos o Evangelho e Coincidência ou não, é nos momentos alguma coisa saiu fora do plano divino,
crermos em Deus só podemos chegar a de dor que a maioria de nós abre a sua e a dor é justamente a força motriz que
uma resposta: Sim, a dor é necessária! percepção para a vida maior, além des- coloca as coisas de volta aos seus lu-
ta matéria que enxergamos. Para com- gares. Para isso temos que ser práticos
A dor nada mais é do que uma ex- e inteligentes perante os sofrimentos,
provarmos isso, basta lembrarmos para
pressão em nossas vidas da lei de causa procurando a sua causa com a certeza
quem Jesus pregou quando estava na
e efeito, através da qual aprendemos a de que está dentro de nós e não no nos-
Terra: para aqueles que sofriam. A dor
ter compaixão pelo outro. O sofrimento so próximo como costumamos pensar.
é como o tempero da alma que agu-
sempre é gerado por uma atitude que
ça nosso interesse pelo que realmente Assim caminhamos rumo aos mun-
lesa o amor e o espírito de solidariedade.
importa. Segundo Emmanuel: “Aflição dos felizes, onde não há mais dor por-
Depois de experimentarmos a dor por
sem revolta é paz que nos redime”. que amaremos ao próximo como a nós
um tempo, deixamos de fazer o mal e
Podemos não entender o motivo mesmos. Então viveremos felizes para
passamos a agir no sentido de praticar o
de tamanha dor nessa vida já que por sempre.
bem, entendemos o que o outro sente e
misericórdia divina esquecemos nossos
não mais queremos causar a dor. Ela se
erros de vidas passadas, por isso é mui-
faz necessária para nossa própria evolu- Fernanda é do GE Hovsana Krikor/
to importante nos livrarmos do orgulho
ção. A dor é para o espírito encarnado Regional São Paulo Norte
que nos aprisiona na revolta e aceitar o
na Terra como o arado para o solo, que
caminho que traçamos com fé e bom
rasga seus sulcos a fim de que ele seja

6 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


OS CINCO SETORES

MEDIUNIDADE
Como não fazer
desses mecanismos
pesados grilhões a nos
prenderem matéria?
Como cumprir nossos
elevados deveres sem
nos chumbarmos a
obrigações materiais
sem fim?

Q
uando somos crianças, o tornarmos melhores e para, ao sair dele, concessão divina chamada tempo.
pai ou o irmão mais velho também deixá-lo melhor. Para isso, de Precisamos do programa individual
são nossos heróis. maneira intuitiva, o homem se organi- para poder peregrinar pelos cinco referi-
Quando adolescentes, zou em instituições. Desde então, delas dos setores, sempre bem cientes de nos-
defendemos a família a ponto de bri- deveria ter se utilizado para crescer. Mas, so papel de discípulos de Jesus, atuando
garmos por ela. infelizmente, em detrimento de sua pró- no coletivo, sem deixar que os papéis
Adultos, buscamos a colocação pro- pria felicidade, isso não tem acontecido. sociais (as máscaras) se tornem obstá-
fissional que garanta o sustento pessoal Há aqueles que, na vivência familiar, culos à nossa espiritualização.
e familiar. se transformam em tiranos domésticos Como não fazer desses mecanis-
A aposentadoria é projetada para ou em mães castradoras e possessivas. mos pesados grilhões a nos prenderem
que gozemos, junto aos nossos, o que Muitos, a título de melhorarem pro- matéria?
seria a melhor etapa da vida. fissionalmente, se tornam “workaho- Como cumprir nossos elevados de-
Do berço à velhice, todos cami- lics”, e por consequência envolvidos em veres sem nos chumbarmos a obrigações
nhamos, via de regra, por esse padrão atitudes de alta competitividade, vaida- materiais sem fim?
sequencial. de e ambição. Paradoxo aparentemente intranspo-
Podemos tecer considerações se- Existem os que buscam no lazer a nível, grande desafio que urge enfren-
melhantes em relação a outras áreas da ociosidade condenável, sob a desculpa tarmos pois, se quisermos realmente sair
vida onde somos chamados a nos ex- de aproveitar a vida. da condição de HOMEM ANIMAL para
pressar e evoluir. Não poderíamos nos esquecer dos a realidade do HOMEM ESPIRITUAL, ao
Veremos que, basicamente, o ho- que estudam e se tornam teóricos arro- mesmo tempo não podemos deles nos
mem se manifesta em cinco grandes gantes que tudo julgam saber. afastar sem angariarmos sérios prejuí-
setores da organização social, a saber: Percebemos que as instâncias que zos à expressão de nossa cidadania e ao
família, trabalho profissional, estudo deveriam gerar sagrados frutos, se tor- aprimoramento da sensibilidade.
acadêmico, religião e lazer. nam veículos de perdição. O que deveria Que lições verdadeiras se ocultam
Para nossos próximos artigos refle- nos fazer amadurecer espiritualmente, nesta lista sem fim de possibilidades.
tiremos sobre cada um deles, suas fina- nos prende demasiadamente à Terra, A partir dos próximos artigos de O
lidades como recurso evolutivo para o não permitindo um voo maior. Trevo vamos entrar neste mundo, con-
espírito eterno, e sobre como estão co- Edgard Armond diz que, ao sair- ferindo o aprendizado que podemos
locados em nossas existências para con- mos da EAE, ficamos responsavelmente auferir visando a acelerar nossos passos
tribuir com o próprio crescimento, tanto entregues a nós mesmos e que, então, rumo ao próprio bem.
material como espiritual. precisamos compor um programa de
A finalidade única da vida é a evo- evolução INDIVIDUAL E COLETIVO, para
lução. Nascemos neste planeta para nos o bom aproveitamento dessa grande Equipe Mediunidade

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 7


RESSOCIALIZAR PARA
FALA , LEITOR

TRANSFORMAR
Maria José Ribeiro

O mais marcante foi o que senti ouvindo suas histórias, que


são histórias de todos nós. Histórias de dores, ansiedades,
desejos e sonhos que motivam cada ser humano em sua busca
por algo que achamos estar fora de nós, e que alguns, através
do processo da Escola, podem descobrir em si mesmos

“Tempo virá.
Uma vacina preventiva de erros e violência se fará.
As prisões se transformarão em escolas e oficinas.
E os homens, imunizados contra o crime,
cidadãos de um novo mundo,
contarão às crianças do futuro, estórias absurdas de prisões,
celas, altos muros, de um tempo superado.”
Cora Coralina

T
empo veio... e com a intenção de vacinar pre-
ventivamente, com a intenção de renovar, re-
construir e melhorar o ser humano; a EAE, Escola
de Aprendizes do Evangelho, tem se expandido à disponibilizar água, café e até um biombo, para separar no
outrora talvez apenas sonhado pelos seus precursores. ambiente, o local para o passe de harmonização.
O Centro de Ressocialização de Cuiabá - CRC, presídio Sentamos e aguardamos, observando a chegada de cada
que abriga mais de 800 homens em regime fechado, abre um dos alunos. No início da aula, contávamos naquele dia
suas portas semanalmente para que a prisão se transforme com aproximadamente 30 pessoas.
em escola e oficina, e um grupo de voluntários daquela ci- À medida que chegavam, alguns não se aproximavam,
dade possa, toda segunda-feira, levar àquela instituição o sequer nos olhavam, mantendo a cabeça baixa, olhando para
programa da Escola de Aprendizes do Evangelho. o chão.
O que passamos a relatar a partir de agora, são as impres- Outros se aproximavam nos cumprimentavam e se diri-
sões de uma expositora de EAE, que teve a oportunidade de giam a um lugar para se sentar, em silêncio, e alguns outros
vivenciar numa manhã do começo de outubro a experiência se sentaram, contando casos, comentando sobre suas vidas e
de conviver por 90 minutos com alguns homens que, na ân- contando histórias.
sia de liberdade, tem buscado a imunização contra a violên-
cia e o desejo sincero de se reconhecer cidadão de um novo E o mais marcante foi o que senti ouvindo suas histórias,
mundo, buscando compreender em si mesmos o caminho até que são histórias de todos nós. Histórias de dores, ansieda-
ali trilhados e as novas possibilidades que poderão surgir após des, desejos e sonhos que motivam cada ser humano em sua
o cumprimento da lei dos homens. Encontrando um caminho busca por algo que achamos estar fora de nós, e que alguns,
que lhes proporcione a saída da solidão em si mesmos, da através do processo da Escola, podem descobrir em si mes-
tristeza e do cansaço da alma. mos; coragem, vontade e alegria para nos imunizar contra o
desespero, a indiferença e o desamor.
Após passar pelo processo de entrada às dependências do
Centro, acompanhada por aqueles voluntários, nos dirigimos Ah! O poema acima, de Cora Coralina, está estampado
à uma sala previamente definida e separada para este traba- num muro à entrada do Centro de Reabilitação em Cuiabá.
lho. Observamos a atenção e o carinho que aquelas pessoas
têm ao preparar o ambiente e aguardar pela chegada dos Maria José é Grupo Espírita de Aprendizado Evangélico
alunos. Atenção e carinho também da diretoria do Centro em Santos/Regional Litoral Centro

8 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


A QUE DISTÂNCIA ESTAMOS DO

CAPA
SOFRIMENTO DO OUTRO?
Amanda Oliveira Fernandes Carmona

Na atual sociedade, cada vez mais


distanciada do que é real, do olho
no olho e das trocas de vivências,
iniciativas que possibilitem espaços
de escuta mútua e diálogos sem
julgamentos são essenciais para
manter a saúde mental e espiritual

Q
uando temos que entrar do sofrimento humano e de suas conse- timentos e sofrimentos nos Encontros,
em contato com o tema quências, por isso acolher toda dor dan- na qual um voluntário permanece dis-
do suicídio, diversas vezes do sua devida importância é necessário. ponível e oferta escuta sem julgamentos
um sentimento de estra- Estamos conseguindo nos conectar ou conselhos e sim acolhimento.
nheza e até repulsa nos in- com os sofrimentos de quem chega às Estimular as reflexões e discussões
-vade. Muitas dúvidas e inquietações nossas casas espíritas? Temos espaços em torno do tema do suicídio e dos
nos atravessam, levando a temática para de escuta e de acolhimento ativo (no transtornos mentais, pensando em como
um lugar do dito “tabu”, ou seja assun- sentido de ir até àquele que sofre) nos podemos abrir nossas casas e nossos
to, fato ou situação que é rejeitado ou moldes dos trabalhos que propomos corações para esses sofrimentos e pos-
proibido de ser trazido para a sociedade. dentro da Aliança? Dar suporte e apoio sibilitar um alento àqueles que buscam
Nas nossas atividades no centro espírita para quem passa por problemas emocio- suporte na doutrina, é um trabalho de
e no nosso posicionamento dentro da nais graves e com pensamentos suicidas grande importância. Assim como es-
doutrina, a postura, muitas vezes, não é exige escuta atenta à fala e percepção tarmos atentos aos encaminhamentos
diferente. Com certeza, a escolha de en- dos sinais comportamentais, presença corretos para profissionais e serviços
cerrar a vida de forma brusca e contendo fraterna, e, em muitos casos, postura de saúde especializados como psicó-
tanto sofrimento, nos afeta e traz mui- ativa de quem deseja ajudar. Orações, logos e psiquiatras e, na rede de saúde
tas reflexões, que podem nos paralisar, passes e vibrações são importantes para pública, para equipes de saúde mental
mas, também, nos mobilizar. Poder falar o reequilíbrio físico e espiritual. Porém, nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs),
sobre a temática do suicídio, transpon- acolher quem quer pôr um fim ao seu ambulatórios e nos Centros de Atenção
do as barreiras dos tabus e mitos que o sofrimento - mais do que à sua vida - Psicossocial (CAPS), que são serviços es-
rodeiam, é um dos primeiros passos para através da morte, requer estar próximo pecializados para pacientes com trans-
entrarmos verdadeiramente em conta- dessa pessoa, dar voz a ela, e refletir se torno mental grave.
to com o assunto e pensar em formas o que temos ofertado em nossas casas Na atual sociedade, cada vez mais
de suporte a quem sofre, especialmente é capaz de abraçar esse desafio, dentro distanciada do que é real, do olho no
dentro das nossas casas espíritas. do que se propõe um trabalho espiritu- olho e das trocas de vivências, iniciati-
Acreditar que quem se suicida está al. Experiências e atividades nos centros vas que possibilitem espaços de escuta
determinado a morrer; que a ocorrência e em Encontros têm sido realizados, e mútua e diálogos sem julgamentos e
concentra-se em indivíduos de classes podem ser caminhos para um servir de que gerem ações nas quais as pessoas
sociais mais altas; que quem fala muito forma mais ativa e conectada ao outro, se sintam úteis e ligadas entre si em um
sobre se matar não irá cometer o ato ou como o “Falando ao Coração” – espa- ideal, são essenciais para manter a saúde
só quer chamar a atenção; que aque- ço de vivência e troca de sentimentos mental e espiritual. E você, já pensou em
les que realmente cometem suicídio não entre os voluntários, “Caravanas de como pode ajudar a cuidar da dor do
dão sinais prévios de alerta; e que evitar Evangelho no Lar” e nos Encontro de outro, através de ações concretas dentro
perguntar/falar sobre o assunto ajuda a Mocidades a atividade “Fala que eu te e fora do centro espírita?
não incentivar a prática, são alguns dos escuto” – ação inspirada no Centro de
muitos mitos que giram em torno do Valorização da Vida (CVV) e idealizada Amanda é do CEAE Manchester/Irmã
tema. Dificilmente podemos estabelecer devido a alta demanda de jovens que ti- Nice/Regional São Paulo Leste
regras e determinismos quando falamos nham necessidade de compartilhar sen-
O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 9
OS ESPÍRITAS SÃO
CAPA

SOBREVIVENTES DO SUICÍDIO Dalmo Duque

O
suicídio é um fenômeno essencialmente huma- de julgamento e preconceito. Estavam tristes e chocados. É
no e surgiu juntamente com a nossa capaci- claro que o clima de comoção nesse caso pode levar a algum
dade e vontade de fazer escolhas. É algo tão tipo de interpretação inadequada e até incompatível como o
humano e tão antigo que certamente antece- conhecimento doutrinário. Compreensível. Mas o que preva-
deu às religiões e as doutrinas religiosas que o condenam em leceu foi a curiosidade sobre o que passava no mundo íntimo
suas prédicas sobre a sacralidade da vida e a ação profana do amigo que partiu. Como será que ele estava sentindo? Por
de antecipar e violar a naturalidade da morte. Socialmente, que não conseguimos ajudá-lo?
continua sendo um assunto tabu, inclusive entre os espíritas.
Queremos lembrar que os espíritas, assim como os demais
As pessoas não se matam em função das suas crenças ou religiosos, ainda têm um olhar um tanto preconceituoso da
descrenças, nem pelos seus valores ou a ausências deles. Elas experiência pessoal dos suicidas, assumindo muitas vezes ares
se matam porque se recusam a refletir sobre sua condição e, de dogmatismo e condenação. Isso porque muitos de nós
consequentemente, não conseguem avaliar as causas nem as somos provenientes de religiões dogmáticas e que conde-
consequências do seu ato. nam não somente o suicídio, mas principalmente o suicida.
A doutrina espírita afirma que o suicídio é um erro e vio-
O suicídio é, quase sempre, um gesto de alienação, fuga
lação das leis divinas, porém não há nenhuma dissertação
ou então deliberadamente de rebeldia e provocação. E isso
dos espíritos superiores condenando os suicidas. A própria
não tem necessariamente a ver com a religiosidade e sim a
literatura espírita descreve o suicida como um delinquente e
maneira como lidamos com questões religiosas. Tanto é que,
auto-homicida, portanto um criminoso, mas sempre como
nesses casos, a religião tanto pode evitar como também es-
alguém que poderá ser regenerado e portador de novas opor-
timulá-lo. Um exemplo: jovens e adultos estão se suicidando
tunidades de ajuste espiritual. Os relatos realçam o erro, as
no mundo inteiro por vários motivos e um deles tem sido o
consequências dolorosas do gesto, porém sempre indicam a
fato de que os núcleos religiosos que frequentam condenam
solução do problema nos mesmos moldes de todas as demais
um determinado comportamento e agem de forma discrimi-
falências do espírito encarnado: o arrependimento, o choque
natória, alegando motivos e fundamentos religiosos. Aqueles
de retorno e, finalmente, a reparação do erro. Somos, portan-
que não se enquadram nesse modelo doutrinário passam a
to, sobreviventes do suicídio.
ser vistos como portadores de um “desvio”. E, obviamente,
são deslocados para a margem desse sistema de crenças e Mas porque os espíritas se matam?
valores. É um passo para o sentimento de culpa, remorso e,
Eles não se matam porque são ou não são espíritas. Se
não raro, suicídio.
matam por razões íntimas que estão acima da nossa com-
Aliás, todos os grupos marginalizados e minorias que preensão; se matam porque não suportam suas provações;
sofrem discriminação acirrada e culturalmente permitida se muitos se matam porque agravaram seus débitos com ações
tornam mais vulneráveis ao suicídio. Por exemplo, o nanismo, reincidentes. Mesmo tendo conhecimento, não suportam seus
a obesidade, a condição sexual e o racismo são condições de desafios de superação e sucumbem à tentação da fuga. Não
risco. As populações indígenas são, entre as etnias, o grupo é novidade que muitos espíritas se recuperam em colônias de
que mais se mata, por causa da discriminação e, também, de regeneração de suicidas, assim como há notícias de muitos
não adaptação ao modo de vida não indígena. que perambulam pelo umbral, porque não conseguiram fazer
repercutir em seu mundo íntimo a aplicação dos conheci-
Há alguns meses, fizemos uma palestra em um centro
mentos doutrinários que desfrutaram quando encarnados.
espírita no litoral paulista sobre prevenção do suicídio e dias
depois voltamos ali para conversar com os jovens da mocidade E por que isso acontece? Simplesmente porque os espíri-
que haviam perdido um colega para o suicídio. Curiosamente, tas, como qualquer membro de outra agremiação filosófica e
os adultos estavam incomodados e perdidos diante do acon- religiosa, são humanos e falíveis.
tecimento; e os jovens, mais tranquilos e abertos. Em ne-
nhum momento eles cogitaram o fato de o colega ser ou não
Dalmo é voluntário do CVV há mais de 30 anos e autor
ser espírita nem a repercussão que a doutrina teve na decisão dos livros “CVV Como Vai Você? e Estação Amizade - Dez
que ele tomou de se matar. Também não quiseram avaliar Jovens Lutando Contra o Suicídio
as possíveis razões do gesto do colega, temendo algum tipo

10 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


ESPIRITISMO É VACINA CONTRA

CAPA
O SUICÍDIO?
Cida Vasconcelos

T
odo espírita que se preze uma viagem... Suas convicções lhe dão, Suicida”, de Yvonne A. Pereira, temos
já ouviu falar sobre o que assim, uma resignação que o preserva um relato rico, variado e detalhado da
acontece com quem se sui- do desespero e, por conseguinte, a pro- situação errática e das consequências
cida. Com uma ideia mais va de uma causa permanente de loucura reencarnatórias de um suicida. O conhe-
ou menos precisa, sabemos que o que e suicídio.” cimento deste livro é indispensável para
se encontra depois de um ato contra a Esta passagem pode ser libertado- que tenhamos um quadro mais preci-
própria vida, na erraticidade, não é uma ra, mas ao mesmo tempo poderia nos so do quanto estamos comprometidos
situação muito agradável. Temos relatos, sugerir uma obrigação na resignação. e devemos estar engajados com nossas
em diversas literaturas, começando pela E sabemos que o caminho para isso é próprias vidas e no auxílio dos que nos
narração de André Luiz sobre sua própria muitas vezes doloroso. cercam que se aproximam de situações
experiência, em “O Nosso Lar”, durante Em “O Evangelho Segundo o Espi- de vida tão desesperadas a ponto de co-
mais de nove anos, no Umbral, mesmo ritismo”, capítulo 5, “Bem-aventurados gitarem o seu próprio extermínio.
tendo se suicidado involuntariamente. os aflitos”, itens 14, 15 e 16 temos a fala E O Consolador, Emmanuel, nos au-
Mas será que este conhecimento dos espíritos trazendo calma, resignação xilia na compreensão destas situações na
nos “vacina” contra o suicídio, e mesmo e confiança no futuro como preservati- pergunta 51: “A loucura é sempre uma
contra a depressão e sentimentos nega- vos da loucura e do suicídio. Nos coloca prova? O desequilíbrio mental é sempre
tivos que podem nos inclinar a um ato o Espiritismo como o Consolador para uma provação difícil e dolorosa. Essa re-
tão radical contra a própria vida? evitarmos os extremos de nossos sen- alidade, contudo, podendo representar o
Infelizmente não. Sabemos de rela- timentos e nos prevenir contra “covar- resgate de uma dívida do pretérito esca-
tos recentes, até dentro de nossa própria dia moral” que muitas vezes pode estar broso e desconhecido pode, igualmente,
Aliança, assim como de espíritas em ge- apoiada no materialismo. E reitera sobre constituir uma resultante da imprevi-
ral, que não fogem à regra da população o futuro ainda mais difícil que espera dência de hoje, no presente que passa,
global e caem em situações de doen- àquele que tira a própria vida. fazendo necessária, acima de todas as
ça mental, entre tantas, a depressão, e Em “O Livro dos Espíritos”, pergunta exortações, aquela que recomenda a
mesmo se suicidam. Isso vem aconte- 943, somos esclarecidos pelos espíritos oração e a vigilância.”
cendo nos últimos tempos, nos mos- que a causa de muitas doenças men- Mas trata com rigor o suicídio, na
trando que o conhecimento não supera tais e do suicídio vem “da ociosidade, pergunta 154: “Quais as primeiras im-
a experiência e em muitos casos, a dor. da falta de fé e, também, da saciedade. pressões dos que desencarnam por
Na literatura espírita temos a discus- Para aquele que usa de suas faculdades suicídio? A primeira decepção que os
são de situações de doença mental (re- com fim útil e de acordo com as suas aguarda é a realidade da vida que se não
sumidas muitas vezes como “loucura”) e aptidões naturais, o trabalho nada tem extingue com as transições da morte do
sempre são tratadas como uma predis- de árido e a vida se escoa mais rapi- corpo físico, vida essa agravada por tor-
posição orgânica do cérebro (Introdução damente. Ele lhe suporta as vicissitudes mentos pavorosos, em virtude de sua
de O Livro dos Espíritos) que pode levar com tanto mais paciência e resignação, decisão tocada de suprema rebeldia....
a ideias fixas e coloca na invigilância o quanto obra com o fito da felicidade De todos os desvios da vida humana, o
gatilho para muitos casos de doenças e mais sólida e mais durável que o espera.” suicídio é talvez o maior deles pela sua
mesmo do suicídio. E a pergunta 944 é taxativa: Tem o característica de falso heroísmo, de ne-
Neste mesmo capítulo, Kardec nos homem o direito de dispor da sua vida? gação absoluta da lei do amor e de su-
propõe que o Espiritismo seja uma pro- “Não; só a Deus assiste esse direito. O prema rebeldia à vontade de Deus, cuja
teção contra os desequilíbrios quando suicídio voluntário importa numa trans- justiça nunca se fez sentir, junto dos
nos coloca: “...Entre as causas mais co- gressão desta lei.” homens, sem a luz da misericórdia.”
muns de sobreexcitação cerebral, devem Nas perguntas seguintes conhece- Se algum dia, como espíritas, nos
contar-se as decepções, os infortúnios, mos mais sobre as consequências do soubermos doentes mentalmente, sai-
as afeições contrariadas, que, ao mesmo suicídio, como sempre, nada agradáveis, bamos humildemente pedir ajuda, usar
tempo, são as causas mais frequentes por mais justificadas que sejam as cau- os recursos disponíveis – médicos, psi-
de suicídio. Ora, o verdadeiro espírita sas de cada pessoa para tirar a própria quiatras, psicológicos, religiosos, divinos
vê as coisas deste mundo de um ponto vida. Como alerta na resposta à pergun- – e encontrar, através destes recursos,
de vista tão elevado; elas lhe parecem ta 957: “Há, porém, uma consequência o caminho da vigilância tão necessária
tão pequenas, tão mesquinhas, a par a que o suicida não pode escapar; é o para que não caiamos na loucura ou no
do futuro que o aguarda; a vida se lhe desapontamento.” E sempre traz a fé, o suicídio.
mostra tão curta, tão fugaz, que, aos trabalho, a ocupação e a vigilância como
seus olhos, as tribulações não passam os antídotos para estes estados de alma. Cida é do CE Alvorecer Cristão/
de incidentes desagradáveis, no curso de No famoso “Memórias de um Regional São Paulo Centro

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 11


GOTAS DIÁRIAS DE AMOR
CAPA

Q
Roberta Cyrillo
uando me convidaram para escrever sobre este meros pedidos de socorro que eles enviam ao longo deste
tema, logo veio à lembrança de uma paciente processo de desesperança, achamos que é só uma fase, uma
que atendi logo no início da minha vida clíni- bobeira, um isolamento temporário, mas genuinamente não
ca, uma jovem senhora de 56 anos que che- nos colocamos à disposição de fazer algo genuíno como ou-
gou fragilizada a sua primeira consulta após uma tentativa vir atentamente o que eles têm a dizer, ao perguntarmos o
de suicídio. No meio de tanta dor e sofrimento, ela tirou que está acontecendo, buscamos a resposta simples e rápida,
da memória um trecho do poema “Tabacaria”, de Fernando pois muitas vezes não perguntamos ou nos atentamos ver-
Pessoa: dadeiramente no outro, não nos conectamos mais, a vida das
“...Fiz de mim o que não soube redes sociais está mais atraente, o olhar superficial é mais
E o que podia fazer de mim não o fiz fácil de lidar, não dá trabalho, pois ouvir atentamente, ser
O dominó que vesti era errado empático, requer um nível de proximidade, intimidade e en-
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, trega que dá muito trabalho. Um trabalho de muita acolhida,
e perdi-me paciência, atenção, cuidado. Não estamos mais acostumados
Quando quis tirar a máscara, estava apegada à cara”... a estar presentes na vida uns dos outros e estar presentes
implica viver o hoje, o cuidado atento.
O quanto de sentimento negado e escondido havia por E todo este descuidado aliena mais ainda quem já sente
trás daquela máscara que havia se transformado na cara real. um descompasso com a fé de admirar a vida e as infinitas
Sentimentos estes que negligenciamos em nós e nas relações possibilidades que ela traz junto com nosso livre arbítrio, com
com o outro no dia a dia, na correria da vida cotidiana. a esperança de ajuste entre o bem estar e a dor da alma,
surgindo então a possibilidade de silenciar esses sons através
Quando nos deparamos com esse tema surgem vá- da morte, através da busca do alívio imediato desta dor que
rias questões: Por que uma pessoa busca o suicídio? Quais sangra emocionalmente todos os dias.
as causas que nos levam a tentar o suicídio? Dentre tantas E mesmo um espírita que acredita na vida além da ma-
outras… téria e na lei de ação e reação, nas obsessões, nos padrões
vibratórios, não está imune a ter sua fé na vida, sua admira-
Segundo algumas teorias psicológicas, os determinantes ção pela criação de Deus e todo o amor ensinado por Jesus
do suicídio estão nas perturbações mentais, depressões gra- se esvaindo no meio de tanta dor e sofrimento, buscando a
ves, melancolias, obsessões e delírios crônicos. Porém, obser- morte desta vida como uma saída imediata deste mundo que
vamos que muitas vezes está além destes termos a percepção o deprime mais e mais a cada dia, mesmo sabendo de todo e
de que quem tenta suicídio busca silenciar o som. Som este qualquer ajuste que será retornado por este ato, pois o de-
que traz as frustrações, a solidão, as escolhas mal feitas, o não sespero desta dor é muito maior.
dito, a indigência, dentre tantos outros sons que permeiam Devemos estar mais atentos a todos que estão à nossa
a nossa existência que desde nosso nascimento nos move no volta, percebermos o quanto é importante a presença sentida
“vir-a-ser” algo, nos direciona ao nosso propósito de vida, no dia a dia de todos nós, quem sabe assim nos tornamos re-
mas que muitas vezes traz consigo um peso na alma, um almente fraternos e neste exercício de fraternidade possamos
desajuste emocional que tilinta ininterruptamente em nossos diminuir as dores que desesperam a essência uns dos outros.
pensamentos e sentimentos, como um som exasperado que Quanto a jovem senhora que comentei no início, todos
não sai pela boca, mas vibra no coração, como um fluxo que os anos ela vem tomar um café comigo após a sua alta tera-
mina toda vontade de viver. pêutica. Tomamos este café para celebrar suas descobertas e
Ao atender pessoas que tentaram o suicídio, percebe- renascimento, pois ela percebeu, com ajuda da família, ami-
mos que não existe mais admiração pela vida, não há mais gos e da acolhida terapêutica, que não é impossível retirar a
o resgate da fé que nos movimenta no caminho escolhido, máscara cheia de sentimentos e dor que moldou sua alma,
que nos mostra a cada curva na esquina que a vida conspira demora um tempo, mas bastam gotas diárias do melhor re-
a nosso favor. Com isso surge a negação das possibilidades médio, aquele que aprendemos com Jesus: “Amar ao próxi-
da vida, uma desesperança de que qualquer sentimento bom mo como a si mesmo”.
possa fazer parte de sua vida e aliviar a dor sentida.
Roberta é do CE Mensageiros da Paz e Esperança/Regional
Passamos tanto tempo ocupados em nossas vidas que
São Paulo Centro
normalmente não olhamos para o lado e percebemos os inú-

14 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


ANSIEDADE COLETIVA

CAPA
“N
ós vivemos em “Nós temos muitos recursos emo- pensam como ele. Podemos aproveitar a
tempos agitados cionais, intelectuais e práticos para nos oportunidade de dar um pequeno passo
devido à quanti- colocar em paz e crescer em conexão e tentar agir com resignação (e seguir
dade de trabalho, com o mundo. Porém, talvez possamos adiante, apesar de tudo), com amor,
dedicação aos estudos, relacionamen- ser a geração mais ansiosa e deprimida sempre e independente da situação.
tos afetivos e familiares, e da atual fase de todos os tempos, isolada em nossos Não é hora de culpar alguém ou re-
política e econômica que vivemos no celulares. Testemunhas uns dos outros, clamar do momento. Sentir-se triste ou
Brasil, entre outras coisas. E o que cha- acompanhamos e somos acompanhados desmotivado é natural, mas chegou a
ma atenção é o número de pessoas que por um mundo de publicações de fotos oportunidade de fazer diferente e per-
sofrem por causa da ansiedade, já que que, muitas vezes, não refletem a nossa manecer na luta pelos ideais que acre-
esse mal acomete muitos e é conside- realidade e textos que retratam opini- ditamos e seguimos.
rado um mal do século 21: “O normal ões que poucas vezes teríamos coragem
Apesar de dizer isso, não acho que
é ser estressado, e o anormal é abraçar para falar na vida real.
seja simples ou que haja uma mágica
as árvores, metaforicamente, e conversar Qual tipo de conteúdo se está con- para que as coisas passem a ser mais fá-
com as flores.” Disse Augusto Cury. E é sumindo e multiplicando, na maior ceis. Confesso até que também vivi um
verdade. parte do tempo? Que estejamos cientes misto de todas essas emoções. No en-
Ao estudar o “Livro dos Espíritos”, que emoções, pensamentos e compor- tanto, também tenho fé de que as coi-
podemos ler a respeito da conserva- tamentos estão sendo compartilhados sas podem melhorar, se todos derem as
ção. Que Deus fornece tudo o que nos é também. Às vezes, nos sentimos incon- mãos e que o amor, no fim das contas,
necessário para sobrevivência e, conse- formados com o mundo que nos cerca, é quem vai nos fortalecer a continuar
quentemente, para a evolução espiritu- mas ele só reflete o nosso mundo inte- na luta de cabeça erguida. É importan-
al. E que devemos cuidar do bem-estar rior e coletivo. te lembrar que não estamos sozinhos e
do corpo, de maneira responsável e sem Se nosso tesouro está em nosso co- ainda temos muito que fazer. Juntos.”
abusos, o que inclui a saúde mental ração, como diz Jesus, qual tesouro está (Rafaela Silva é do Núcleo Batuíra/
além da espiritual. Deve haver equilíbrio compartilhando em tempos de ansieda- Regional São Paulo Norte)
para que a vida seja vivida de maneira de coletiva?”
calma e leve. (Kalvin Santana é do CEAE Divina “Nós vivemos na era do algoritmo,
A lei da destruição também é ne- Luz/Regional São Paulo Norte) qualquer meio de comunicação e, prin-
cessária para que haja a renovação e a cipalmente, a internet nos mostra o que
regeneração, e o que passamos atual- “Nós estamos passando hoje por um queremos ver. As chamadas bolhas so-
mente na sociedade é uma “destruição” momento delicado no Brasil, em que ciais surgem nesse cenário, colocando
necessária. Útil para que aprendamos decisões políticas acabam tomando ru- as pessoas sempre em contato com os
com as situações e nos renovemos para mos que podem nos causar algum im- mesmos assuntos, de acordo com dese-
auxiliar na evolução do planeta em que pacto ou indignação. Por vezes, temos jos que talvez nem elas soubessem que
habitamos. Apenas o que está por fora dificuldade em aceitar escolhas de pes- tinham. O distanciamento entre as pes-
é destruído, conservando a moral, os soas próximas e acabamos esquecendo soas deu espaço para que a nossa saúde
sentimentos e o que fizemos de bom que cada um tem sua forma de vivenciar mental ficasse cada vez mais compro-
ao próximo e a nós mesmos, a fim de situações e possuem valores diferentes metida, elevando os índices de doenças
prolongarmos a vida cumprindo a nossa dos nossos e que estamos em momentos como ansiedade e depressão, inclusive
tarefa. diferentes. Isso nos causa desconforto, entre os mais jovens.
Jesus disse que o escândalo e o mal nos desmotiva e nos desanima, geran- E como podemos agir nesse mo-
virão, porém, ai daquele que o causar, do uma série de sentimentos negativos. mento? Como em tudo, basta olhar para
ou seja, que sejamos o bem e a reno- Para isso, a maturidade é importan- Jesus, lembrar o quanto ele buscava a
vação e não os causadores do mal que é te para que nos levantemos e sigamos aproximação daqueles que mais ne-
necessário. Precisamos aprender a viver em frente após um tombo, mesmo que cessitavam e como tinha entendimento
com as contrariedades da vida, com os ainda tenhamos algum machucado que com os mais distantes de seus ensina-
obstáculos e desafios que nos são im- continue doendo. mentos. Ao invés de se fechar em uma
postos. Sermos mais gratos, cuidar uns Acredito que essa é a hora de tentar bolha com apenas 12, construiu pon-
dos outros, abraçar, amar, sorrir e viver colocar os ensinamentos de Cristo em tes que fez sua luz chegar a milhões. O
um dia de cada vez, mantendo a fé de nossas ações do dia a dia. No capítulo avanço da tecnologia é necessário, des-
que dias melhores virão.” 17 do Evangelho Segundo o Espiritismo, de que usemos os meios e não deixemos
(Lorraine Maia é do Núcleo de Sede Perfeitos, temos que o homem de que eles nos usem. No mais bebam água
Apoio e Evangelização Fraternidade bem respeita nos outros as convicções e fé, seja ela qual for.”
Emmanuel/Regional São Paulo Norte) sinceras, não condenando os que não Diego Campos é do CEAE Santana/
Regional São Paulo Norte
O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 15
PRECISAMOS OLHAR PARA O
CAPA

OUTRO E VER O OUTRO


Fernanda Saraiva

Grande parte da solução


ou do alívio que sentimos
emocionalmente, vem do
falar. Dar voz ao que se
sente, torná-lo real, para
então começar o processo de
se entender e se reconhecer
naquele sentimento

M
uitas vezes, envolvidos com os trabalhos do que falham em se comunicar em questões básicas, em parte
centro espírita, deixamos que as questões por vergonha, em parte porque realmente acreditam que o
de ordem espiritual sobressaiam às questões outro não os entenderá em suas dificuldades.
de ordem material. Em que sentido? Nem Ocorre que, grande parte da solução ou do alívio que
tudo o que acontece em nosso corpo é de fundo espiritual sentimos emocionalmente, vem do falar. Dar voz ao que se
e, mesmo quando é, algumas alterações fisiológicas são tão sente, torná-lo real, para então começar o processo de se
profundas, que um acompanhamento médico e cuidados de entender e se reconhecer naquele sentimento, é essencial
ordem física se tornam indispensáveis. para o processo de cura. Muito semelhante ao processo te-
Parece óbvio, mas nem sempre essa é a mensagem que rapêutico, em que com a presença de um profissional somos
passamos aos assistidos, aos alunos e aos colegas quando encorajados a iniciar a caminhada do autoconhecimento e
nossas preocupações quanto ao quadro que se anuncia são olhar-nos de frente, encarando nossos medos e dando voz
sobre o Evangelho no Lar, as orações diárias, a frequência do ao nosso interior, tantas vezes menosprezado na correria do
indivíduo à casa. dia a dia.
Para entender o outro é preciso estar livre de minha pró- A questão chave de um acompanhamento profissional é
pria agenda, dos meus pensamentos e julgamentos e aberto que esse alguém sabe ouvir. Esse é outro grande problema
para a realidade do outro, para o sentimento do outro, para o da atualidade: pouquíssimas pessoas sabem realmente ouvir.
relato que virá. A partir disso, há uma pequena chance de me Poucos conseguem se colocar no exercício descrito acima, de
relacionar com o outro, sem tanta interferência do que me calar seu eu para conseguir receber o outro.
pertence, e entendê-lo. Por isso, a pergunta que deveríamos nos fazer todos os
Qualquer comentário que leve informações que nos pare- dias, especialmente nos dias de trabalho no centro, é: Meu
ce importante é, fundamentalmente, um comentário que fala discurso incentiva as pessoas a falarem? Com minhas pala-
muito mais sobre o que é importante para o emissor do que vras e minhas colocações, convido as pessoas a se abrirem?
o interesse de entender o outro. Faço com que elas se sintam seguras em se abrir? Em dividir
Você deve estar pensando: “mas isso aqui era para ser um suas experiências?
texto sobre suicídio e depressão”. E é. Quanto mais incentivarmos as pessoas a se abrirem, a
Uma característica marcante do ser humano é se preocu- mostrarem quem realmente são, o que realmente sentem,
par com o que o outro pensa - principalmente com o que o maiores nossas chances de ajudar aqueles que estão depri-
outro pensa de “mim”. Isso explica, em parte, porque temos midos, “derrotados”, extremamente cansados de si mesmos.
uma grande epidemia de depressão e suicídio: o medo de se Precisamos de toda a ajuda e o empenho que pudermos
abrir, de se relacionar e não ser entendido, compreendido, para colaborar com o ambiente psíquico da sociedade, que
amado. Andrew Solomon, escritor do aclamado livro “O de- começa em casa, mas também em nosso ambiente de tra-
mônio do meio-dia”, diz que um dos grandes problemas que balho religioso.
levam e intensificam o quadro de depressão é a falta de diá-
logo. Em palestras disponíveis no YouTube, ele fala de casais Fernanda é do Grupo Espírita de Aprendizado Evangélico/
Regional Litoral Centro

16 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


PREVENÇÃO SIMPLES

COLUNA ANDRÉ LUIZ


Paulo Avelino

N
o item 1 do capítulo 39 do - É mesmo?! Mas diz aí o que tá tão que as meninas fugiam dele também?
Livro “Os Mensageiros”, bagunçado? Mas aí, a gente se conheceu, e eu fui a
André Luiz nos relata o primeira namorada dele, e estamos feli-
- Ah! Meu pai e minha mãe estão
socorro de uma jovem zes e juntos até hoje. O que você acha?
há semanas brigados, sem se falar, meu
abandonada pelo noivo e em desespe-
irmão mais velho tá querendo fugir com Seguiram conversando por mais al-
ro a caminho do suicídio por não es-
a namorada, meu avô tá querendo nossa gum tempo com inusitada franqueza e
tar vendo mais sentido em sua vida. A
casa de volta... e, pra ajudar, tô péssimo espontânea amizade.
intervenção prestada pelos amigos es-
na escola, e pra acabar as meninas fo-
pirituais em vigoroso diálogo, com ela Dias depois, ele confessava na aula
gem de mim.
desdobrada pelo sono físico, ajuda a da Mocidade que andava com umas
organizar as ideias, acalmar o coração,
redefinir propósitos de viver e rejeitar o Elisa sabia e ideias malucas e que fez maior bem ter
conversado naquele dia com a Elisa, pois
ato insano do suicídio. a conversa mudou sua cabeça.
Várias décadas se passaram após este
tinha atitudes ***
episódio e o número de suicídios entre
os jovens tem aumentado ano a ano e, consequentes Por essas e outras, para mim, em
nosso movimento espírita de Aliança,
especialmente na última década, a pon-
to de já em 2015 ser a segunda causa na prevenção do Elisa foi um grande exemplo de pessoa
de morte entre 15 e 25 anos de idade. sensível e interessada na juventude e
Um grito mudo de alerta, um pedido de suicídio estando nos seus desafios existenciais. Ela tinha
consciência e nos alertava sobre a maior
socorro, que me fazem refletir no que
tenho feito para mudar esta tendência e
que me fizeram lembrar de um episódio
sempre ao nível vulnerabilidade desta idade frente aos
desafios crescentes e graves da transição
semelhante ao narrado por André Luiz
em nossos tempos de Mocidade Espírita
dos jovens e planetária em que verdadeiros tsumanis
de degradação psíquico-emocional e
nos anos 80.
aberta para uma moral arrastam diariamente multidões
desatentas para o suicídio. Seja o sui-
*** cídio indireto, por exemplo, através do
Elisa era, ao nosso ver, uma senho-
conversa amiga e alcoolismo e das drogas ou mesmo do
sexo inconsequente. Seja o suicídio di-
ra, pois já se achava no início da meia
idade. Movida pela consciência da ne- amorosa, em que reto, através da violência contra si ou
contra a sociedade. Elisa sabia e tinha
cessidade de a casa espírita prover um
espaço para os jovens, onde encon- pudesse colocar atitudes consequentes na prevenção do
suicídio estando sempre ao nível dos jo-
trassem esclarecimento e abrigo moral,
ela se prontificou a formar a Mocidade de maneira sutil vens e aberta para uma conversa amiga
e amorosa, em que pudesse colocar de
Espírita. E foi na busca de conhecimen-
to e aprimoramento das posturas e do sua maturidade e maneira sutil sua maturidade e lucidez
de vida, nas ideias e sentimentos dos
programa da Mocidade Espírita que nos
jovens em ajuda a melhores escolhas de
conhecemos. lucidez de vida vida.
Aquele era um encontro regional de
- É... pelo jeito tá barra né? Mas, Interesse sincero pelo jovem e diálo-
mocidades, eu estava passando algu-
veja por um outro lado, que você es- go amoroso. Fica aqui, caro leitor, este
mas fitas cassete procurando uma mú-
colheu estar aqui, num clima legal, com exemplo singelo de prevenção a ser se-
sica quando testemunhei singelo, mas
pessoas que estão buscando o bem. guido por todos nós. Especialmente por
expressivo diálogo de Elisa com um de
Procurando o bem a gente ganha forças nós que encontramos a benção do dis-
nossos jovens mais problemáticos. Elisa
pra topar com estes lances difíceis que cernimento espírita-cristão para equa-
tinha um jeito natural e espontâneo de
acontecem na vida da gente e dar conta cionar e resolver os desafios existenciais
abordar os jovens para um “papo” e eles
deles. Com relação a seus pais, tem um em paz e harmonia, sempre com vista a
geralmente respondiam de igual manei-
jeito legal de você ajudar, que é ouvin- dias melhores rumo ao mundo de re-
ra, vejamos o caso.
do, conversando com eles numa boa. Se generação que tanto ansiamos por ver
- E aí cara, como vão as coisas? eles ficarem de bem com vocês, filhos, já implantado nos corações e no viver.
- Uma bagunça só... é um bom caminho para eles se acharem
e se entenderem. Com relação às meni- Paulo é da Casa Espírita Irmão de
Ela sorri, surpresa pela resposta di- nas, sabe que meu esposo me contou Assis/Regional Campinas
reta, e continua com interesse sincero:

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 17


SOBRE VIVER; VIVER A DOR, A
CAPA

PERDA E O LUTO
Ana Rosa Ramos Nunes em entrevista para O Trevo
se faz presente por meio da troca de experiências e apoio emocional, favorecendo
a comunicação e a expressão de sentimentos no grupo; valorizando a experiência
de vida dos participantes e estimulando o companheirismo e as amizades. Afinal,
o assunto se torna um tabu entre os parentes e o sentimento de culpa por não ter
percebido os sinais é frequente. Em muitos casos, passa-se a buscar o culpado,
instalando-se um clima hostil, reforçado pela carga emocional.
Um agravante é que com o duplo sofrimento – perda e culpa – muitos acabam,
também, sendo vítimas do suicídio. Nas reuniões, é possível conversar entre si sobre

A
as dificuldades; podem falar sobre as mesmas dores e desabafar suas angústias. O
dor, a perda, a culpa são
objetivo é compartilhar experiências com outros que buscam compreender o sofri-
os sentimentos dos so-
mento e, assim, viver o luto.
breviventes, aqueles que
Outro dado relevante é o aumento do número de pessoas impactadas pela
perderam seus entes que-
morte por suicídio de um familiar, amigo ou conhecimento que chega a 135 pes-
ridos por suicídio. Como lidar com
soas, fazendo-se necessário, sim, multiplicar essa iniciativa que não substitui a
a tristeza, a saudade e o luto? Onde
terapia ou outro acompanhamento médico.
procurar apoio e ajuda?
Com grupos na capital paulista e nas cidades de Jundiaí, SP; Rio de Janeiro, RJ;
Desde 2016, o CVV mantém
Cuiabá, MT, Brasília, DF; Blumenau, SC; Novo Hamburgo, RS; Teresina, PI e Recife,
o Programa Grupo de Apoio aos
PE, os facilitadores têm papel fundamental e passam por treinamentos para que
Sobreviventes do Suicídio (GASS) que
possam interagir e intermediar os encontros. Em Cuiabá, planeja-se a criação de
atende indivíduos que perderam uma
grupos nos próprios centros espíritas para que se possa prestar auxílio e entender
pessoa próxima por suicídio e, também,
melhor as questões que envolvem o suicídio.
os que tentaram o suicídio.
A proposta é apoiar familiares e ami-
Ana Rosa é da Associação Espírita Paulo de Tarso/Regional Centro-Oeste
gos neste momento em que o silêncio

REUNIÕES GASS: endereços, dias Reunião na última quinta-feira do mês, das 18h45 às 20h45 Região Sul
e horários CVV GASS TAGUATINGA/DF
CVV GASS CURITIBA/PR
Rua Carneiro Lobo, 35, Bairro Água Verde, Curitiba, PR
Casa do Caminho, QNJ, Área Especial 06, Taguatinga Norte, 141, Contatos: (41) 3342-4111; curitiba@cvv.org.br
Brasília, DF Reunião na 1ª terça-feira do mês, das 19h30 às 21h30
Contato: (61) 3326-4111 Reunião na 3ª quinta-feira do mês, das 15h às 17h
Na última sexta feira do mês, das 19h30 às 21h30
CVV GASS BLUMENAU/SC
Região Sudeste Rua Maranguape, 180, Vitor Konder, Blumenau – SC
CVV GASS RIO DE JANEIRO/RJ Contato: (47) 3329-4111
Rua Conde de Bonfim, 764, CAP2 da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ Reunião no 1º domingo do mês, das 17h às 18h30
Contato: gassrio16@gmail.com
Reunião na 2ª segunda-feira do mês, das 17h30 às 19h30 CVV GASS CRISCIÚMA/SC
ou Reunião na 4ª quinta-feira do mês, das 10h às 12h Rua Cel. Pedro Benedet, 46, sala 321, Centro, Crisciúma – SC
Contato: (48) 3439-4111/98416-0369; gass.crisci@gmail.com
CVV GASS ABOLIÇÃO/SP Reunião toda última quarta feira do mês, das 19h30 às 21h30
Rua Abolição 411, Bela Vista, São Paulo, SP
Região Nordeste Informações: (11) 98318-9663 CVV GASS FLORIANÓPOLIS/SC
CVV GASS RECIFE/PE (Madalena) Reunião na 1ª quarta-feira do mês, das 19h30 às 21h30 Av. Hercílio Luz, nº 639, sala 909, Centro, Florianópolis, SC.
Rua Monsenhor Ambrosino Leite, 155, Santana, Recife – PE Contato: gass.florianopólis@gmail.com
Contatos: (81) 9717-7111; (81) 9 8891-1380 CVV GASS VILA CARRÃO/SP Reunião na 2ª sexta-feira do mês, das 19h30 às 21h30.
Reunião na 1ª e 3ª segunda-feira do mês, das 19h às 21h Rua Pinhalzinho, 389, Vila Carrão, São Paulo, SP
Informações: (11) 9 6428-8439 CVV GASS NOVO HAMBURGO/RS
CVV GASS RECIFE/PE (Boa Viagem) Reuniões no 4º sábado do mês, das 14h30 às 16h30 Rua 3 de Outubro, 667, Pátria Nova, Novo Hamburgo, RS
Rua Sirinhaém, 125-A, Córrego do Jenipapo, Recife, PE Estação Rodoviária Normélio Stabel, Sala de Reuniões
Contatos: (81) 98165-1871 CVV GASS PINHEIROS/SP Contato: (51) 9391-8031
Reunião na 1ª e 3ª sextas-feiras do mês, das 15h às 17h Rua Cristiano Viana, 972, Pinheiros, São Paulo, SP Reunião na 1ª e 3ª terça-feira do mês, das 19h30 às 21h30
Informações: (11) 98245-2844
CVV GASS NATAL Reuniões no 2º sábado do mês, das 14h30 às 16h30 CVV GASS NOVO HAMBURGO/RS
Largo Junqueira Aires, 390 – Cidade Alta – Natal/RN Clínica Recomeçar, Rua Me. Regina, 329, Bairro São Jorge, Novo
Contatos: cvvgass.natal@cvv.org.br CVV GASS GUARULHOS/SP Hamburgo, RS
Reunião na 2ª segunda-feira do mês das 15h às 17h ou Rua Otávio Nunes da Silva, 66, Vila Moreira, Guarulhos, SP Estação Rodoviária Normélio Stabel, Sala de Reuniões
Reunião na 4ª quarta-feira do mês das 19h às 21h Informações: (11) 97774-0550 Contato: (51) 9391-8031
Reuniões no 2º sábado do mês das 14h30 às 16h30 Reunião na 2ª e 4ª terça-feira do mês, das 19h30 às 21h30
Região Centro-Oeste
CVV GASS CUIABÁ/MT CVV GASS SOROCABA/SP CVV GAP NOVO HAMBURGO/RS
Rua Comandante Costa, 296, Centro, Cuiabá – MT Rua Nogueira Martins, 334, Centro, Sorocaba- SP Rua 3 de Outubro, 667, Pátria Nova, Novo Hamburgo, RS
Contato: (65) 99238-0503 Contatos: (15) 3232-4111; (15) 98133-6481 Estação Rodoviária Normélio Stabel, Sala de Reuniões
Reuniões todas às quintas-feiras do mês, às 19h30 Na última quinta-feira de cada mês, das 19h às 21h Contato: (51) 9391-8031
Reunião na 1ª e 3ª quarta-feira do mês, das 19h30 às 21h30
CVV GASS BRASÍLIA/ASA NORTE/ DF CVV GASS FRANCA/SP
Igreja de São Miguel Arcanjo e Santo Expedito EQN 303/304, Rua Carlos do Carmo, 419, Bairro Cidade Nova
Contatos: (16) 3721-4111 Mais sobre o GASS: www.cvv.org.br
Asa Norte
(atrás da Escola Parque 303/304 Norte) Brasília – DF Toda última terça-feira do mês, às 19h30 www.facebook.com/cvvcomunidadebrasil

18 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


AJUDE PARA SER AJUDADO

FALA , LEITOR
Carlos Rocha

Permanecendo em silêncio, nos voltamos para nosso


interior em um momento de reflexão, o que nos faz pensar
no porquê de estarmos aqui, nossas angústias, nossos
problemas, nossas ansiedades e reais necessidades

Q
uando vamos a uma casa doação de paz, transmitida por uma corrente de cooperadores que trabalham em
espírita desejamos receber nome de Jesus. Para que essa doação possa melhor nos beneficiar é importante
boas energias, consolo, espe- que, durante o passe, nos mantenhamos serenos e confiantes como se estivéssemos
rança, acalmar nossas dores, ouvir uma diante de Jesus.
boa mensagem, conhecer mais sobre
o Espiritismo em um ambiente frater- Assim os fluidos do passe nos trarão melhores resultados. O passe é o princípio
no para entrar em sintonia com planos de nossa cura, o Evangelho é o grande remédio para nossos males. O bem-estar
elevados por pensamentos e vibrações, sentido pode ser prolongado e durar muito tempo, se dermos também a nossa
além de pedir a orientação dos Anjos da colaboração mantendo-nos calmos, lendo o Evangelho e meditando sobre os en-
Guarda, Jesus e Deus. sinamentos de Jesus. Depois do passe podemos nos retirar, meditando sobre a paz
e a harmonia que sentimos nesse instante.
Ao entrarmos na casa espírita, re-
cebemos um primeiro passe de caráter Mas para receber esta ajuda é importantíssimo também ajudarmos. Como?
geral, de harmonização e limpeza, igual Mantendo-nos em SILÊNCIO, calma e recolhimento.
para todos e que é uma reposição de Às vezes, até sem percebermos, produzimos barulhos e conversas que com cer-
energias através de fluidos calmantes teza provocam o desvio da atenção e concentração das outras pessoas, que passam
que nos ajudam a nos equilibrar e har- a conversar entre si. Devemos lembrar que o centro espírita é um espaço que requer
monizar com o ambiente. Temos alguns silêncio e oração. Permanecendo em silêncio, nos voltamos para nosso interior em
minutos com música ou leituras edifi- um momento de reflexão, o que nos faz pensar no porquê de estarmos aqui, nossas
cantes, luzes suaves que podemos utili- angústias, nossos problemas, nossas ansiedades e reais necessidades.
zar para nós mesmos, meditando, longe
da correria habitual. Claro que não vamos ficar mudos, tem momentos em que será necessário falar,
mas vamos falar em tom baixo e procurar ser o mais breve possível, vamos falar
Em seguida vem a Preleção sobre assuntos edificantes. Isso se atribui aos assistidos e aos trabalhadores, afinal
Evangélica, a principal assistência, que todos juntos sem exceção, somos parte do elo forte e imprescindível dessa corrente
tem a finalidade de serenar o assisti- que formamos junto com a espiritualidade. E maior do que toda essa interiorização
do para que ele possa refletir sobre um é o descobrimento do tamanho da nossa FÉ, pois esse é um momento de entrega,
tema evangélico e refletindo abra seu em que naturalmente conversamos com DEUS, uma conversa informal de amigo
coração sintonizando seus sentimentos para amigo.
com o alto. Após ouvirmos a preleção
que é sempre baseada em ensinamentos É a partir dessa sintonia, que podemos tirar o máximo de proveito desse mo-
de Jesus, que nos ajuda a entender me- mento especial, no qual as boas energias circulam à nossa volta e quando entramos
lhor a nós mesmos, ficamos mais aber- em prece, vamos nos distanciando das coisas negativas e passamos a absorver o que
tos e receptivos aos benefícios do passe, é bom, o que é positivo.
onde recebemos fluidos curativos e cal- Silêncio e prece! Eis a fórmula que nos aproxima de Deus! Por isso que o silêncio
mantes, tudo com a maior harmonia e é considerado tão importante na casa espírita. Dessa forma, com silêncio, oração,
silêncio. bons exemplos, respeito e boa vontade criaremos condições favoráveis para que
O passe que vamos receber é uma nossos amigos espirituais já nos encontrem prontos para alcançarmos todo o bem
soma de vibrações que nos será trans- que merecemos e pudermos receber.
mitida do alto, por um conjunto de Assim ajudando que se é ajudado, façamos a nossa parte!
colaboradores espirituais. Vamos assim
receber os benefícios de uma corren-
te de luz e harmonia. O passe é uma Carlos é do Seara Espírita Jardim das Oliveiras/Regional Litoral Sul

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 19


Grupo Espírita Razin Casa de Timóteo
PÁGINA DOS APRENDIZES

CEFRAN - Centro Espírita


Fraternidade do Moinho São Paulo/SP São Bernardo do Campo/SP
São Paulo/SP Regional São Paulo Centro Regional ABC
Regional São Paulo Centro

“Deus é a fonte do bem; o mal é criação “O seu mau humor não modifica a “Prece das Fraternidades, o que repre-
de homens”. vida”. senta para mim?”.

Deus dentro de sua bondade cria o Percebo que quanto mais mal humora- Percebo uma forte ligação entre o
do estou o dia fica pior. Com os ensi- Plano Terrestre e a Espiritualidade, como
bem, todas as formas de vida e o livre
namentos da EAE procuro parar, pedir se formasse uma aliança. Ela me auxi-
arbítrio. Detenho a liberdade de esco- lia, protege e me traz luz. Sinto como
serenidade e auxílio para enfrentar os
lher caminhos, mas posso cair na ar- desafios. Vou me tranquilizando e per- se estivesse sendo acolhida por Jesus.
madilha do mal. Assim, o mal surge das cebo algum ensinamento desta situa-
minhas escolhas, daí sempre vigiar. ção.  

Roberta Donega - 1ª turma Mario Pieroni - 69ª turma Maria Aparecida V. L. B. de Salles - 46ªturma
 
Fraternidade Espírita Paulo e Grupo Espírita Firmina de Grupo Espírita de Aprendi-
Estevão Oliveira Pires zado Evangélico Semente de
São Bernardo do Campo/SP Araraquara/SP Luz - Praia Grande/SP
Regional ABC Regional Araraquara Regional Litoral Sul
“Nas lutas habituais, não exija a edu- “Caminhar com Cristo é superar a mor- “O culto de um deus exterior é um re-
cação do companheiro, demonstre a te, vencer a vida e ingressar, desde já, tardamento evolutivo”.
sua”. na eternidade”.

Tem momentos em que me deparo Jesus nos ensinou que somos eter- Já cultuei deuses exteriores, hoje
com uma pessoa mal-educada, consi- nos e que, ao morrer, passamos para não mais. Porém, ainda não cultuo in-
go ser gentil e educado, outras vezes outro plano. Vencer a vida é entender teiramente nosso Deus todo poderoso.
não. Depende do meu estado de es- que o que sai do nosso controle é para No momento limito-me a agradecer o
um propósito maior. Assim com Cris- que me é dado pela sua benevolência.
pírito e acabo sendo grosseiro, porém,
to no coração um dia ingressarei na
gentileza e benevolência podem mudar
eternidade.
o dia.

André Luis Omena - 13ª turma Leonardo Teixeira - 17ª turma Lucia Christina de Magno Feio - 8ª turma

Casa Espírita Doze Apóstolos Centro Espírita Discípulos de Fraternidade Espírita Vinha
Santo André/SP Jesus – Bela Vista de Luz
Regional ABC São Paulo/SP Belo Horizonte/MG
Regional São Paulo Centro Regional Minas Gerais
“Como entendo a Fraternidade dos “Ajude conversando. Uma boa palavra “Discuta com serenidade; o opositor
Discípulos de Jesus”. auxilia sempre”. tem direitos iguais aos seus”.

A FDJ adota rigor na exigência da Tenho facilidade para ouvir o outro Em uma discussão, procuro sempre
evangelização dos discípulos de Je- e muitas vezes aconselhar. Acredito que ouvir o outro, mesmo pensando dife-
sus, pois suas tarefas são executadas uma conversa amiga faz com a pessoa rente, compreender e entender o ponto
nos dois planos. Ainda estou em es- reflita sobre seus conflitos familiares e de vista e a maneira de pensar de cada
tado de evolução, mas em breve te- outros compreendendo que seja algo um. Temos vivências diferentes o que
rei muito trabalho, comprometimen- positivo interfere na forma de agir e pensar.
to e responsabilidade com o Cristo.

Neli Maria Garcia - 16ª turma Leticia Cordeiro de Oliveira - 41ª turma Lucas Américo da Silva - 12ª turma

22 • O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019


ACONTECEU

NOTAS
No dia 03 de novembro, ocorreu o 2° Sarau Espírita, na sede da FEESP (Rua Maria Paula, 140), contando com
momentos artísticos e palestras.

No dia 04 de dezembro, a Aliança completou 45 anos de fundação.


Leia a mensagem: http://alianca.org.br/45-anos-de-alianca-mensagem-mediunica-de-edgard-armond/

No final de semana de 11 de novembro, integrantes da equipe de Apoio ao Exterior visitaram a Casa Espírita
Fraternidade dos Discípulos de Jesus Vila Nova de Gaia, em Portugal. Participaram da Assistência Espiritual e de
conversa fraterna com colaboradores e alunos da 1ª EAE. A casa está localizada na rua Visconde das Devesas 524,
Vila Nova de Gaia, Portugal. Mais informações no Facebook: https://www.facebook.com/discipulosdejesusgaia/.

No dia 18 de novembro, ocorreu o ingresso de


discípulos na FDJ, na Alemanha

O TREVO • JANEIRO/FEVEREIRO 2019 • 23

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