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DIREITOS E OBRIGAÇÕES DA HABITAÇÃO

PARTE ESPECIAL
LIVRO III
Do Direito das Coisas

PARTE 1 - VILMA
TÍTULO VIII
Da Habitação

Art. 1.414. Quando o uso consistir no direito de habitar gratuitamente


casa alheia, o titular deste direito não a pode alugar, nem emprestar, mas
simplesmente ocupá-la com sua família.
- A habitação é uma espécie de uso de bem alheio com a finalidade de
estabelecer a moradia gratuita ao seu titular, o qual não poderá, assim, dar o
bem em locação ou emprestá-lo, servindo, tão somente, como local de
ocupação residencial, na exata forma prescrita pelo texto legal, eis que
qualquer alargamento do direito traçado trataria de desnaturalizar o sentido do
instituto.
- Tem por característica ser gratuito, temporário e personalíssimo, de conceito
mais restrito, inclusive, que o próprio uso e incide unicamente sobre bens
imóveis, destinado à residência do titular do direito, não podendo servir como
comércio, sob pena de extinção.
- O direito de habitação pressupõe o uso de jardins, varandas e todas as
benfeitorias que estejam integradas ao imóvel, salvo disposição em contrário
no título constitutivo.

Art. 1.415. Se o direito real de habitação for conferido a mais de uma


pessoa, qualquer delas que sozinha habite a casa não terá de pagar
aluguel à outra, ou às outras, mas não as pode inibir de exercerem,
querendo, o direito, que também lhes compete, de habitá-la.
- O direito real de habitação poderá ser conferido, por sua natureza, a mais de
uma pessoa beneficiária, estabelecendo-se, pois, uma pluralidade de usuários,
não gerando, entretanto, qualquer dever de pagamento de aluguel entre elas,
as quais exercerão em conjunto a ocupação residencial.
- Conforme o texto legal, nenhum dos usuários do direito de habitação poderá
restringir ou impedir, de qualquer maneira, o direito do co-beneficiário, quando
estabelecido de forma coletiva, uma vez que a ocupação do bem para fins de
moradia, nesta hipótese, possui natureza plural, e não individual.
- Verifica-se a aplicação do direito real de habitação nas disposições
sucessórias, em favor do cônjuge viúvo, casado sob qualquer regime de bens,
desde que se trate do único bem destinado à residência familiar (art. 1.831).

Art. 1.416. São aplicáveis à habitação, no que não for contrário à sua
natureza, as disposições relativas ao usufruto.
- Da mesma maneira observada acima em relação ao direito de uso, todos os
demais dispositivos e características do usufruto são aplicáveis ao direito de
habitação, por se tratar este de instituto matriz. A destinação do bem imóvel na
habitação é para fins exclusivamente residencial e pessoal, o que não se aplica
necessariamente no usufruto, ao qual abrange, também, bens móveis.
Art. 1.417. Mediante promessa de compra e venda, em que se não
pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular,
e registrada no Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente
comprador direito real à aquisição do imóvel.
- Trata o dispositivo de um novo direito real de aquisição – direito do
promitente comprador do imóvel (art. 1.225, VII) – não se tratando de fruição
ou de garantia e diferindo em relação à propriedade por não ser um direito
pleno ou ilimitado.
- A promessa irretratável de venda é o contrato em que o compromitente-
vendedor se obriga a vender ao compromissário-comprador determinado
imóvel, pelo preço, condições e modos especificados, outorgando-lhe a
escritura definitiva tão logo se dê o adimplemento da obrigação. Uma vez pago
o preço, o promissário-comprador adquire direito real à aquisição do bem,
podendo exigir a escritura do vendedor ou de terceiros cedidos e, em caso de
recusa, socorrer-se-á da adjudicação compulsória (Diniz, 2011, p. 419).
- São características do instituto a irretratabilidade do negócio, não podendo
haver cláusula de arrependimento, recaindo sobre bens imóveis loteados ou
não, onde o preço seja pago à vista ou mediante prestações periódicas, com
registro no cartório de imóveis que assegure o direito real de aquisição
mencionado.
- O contrato pode ser particular ou por via de escritura pública, não exigindo a
legislação civil forma preordenada.
- Súmula 239 STJ: “O direito à adjudicação compulsória não se condiciona ao
registro do compromisso de compra e venda no cartório ode imóveis”.
- Os devedores devem ser interpelados para resgatarem as prestações
vencidas e não pagas (mora solvendi), sob pena de não configurar fundamento
para a rescisão do contrato (RT 184/125).
- Súmula 76 STJ: “A falta de registro do compromisso de compra e venda de
imóvel não dispensa a prévia interpelação para constituir em mora o devedor”.
- Enunciado 253 CJF: “O promitente comprador, titular de direito real (art.
1.417), tem a faculdade de reivindicar de terceiro o imóvel prometido à venda”.
- É necessária a outorga uxória quando relacionada à alienação de bens
imóveis (art.1.647, I), aplicando-se a mesma regra em relação ao compromisso
de compra e venda, sob pena de nulificação do ato, no prazo de até dois anos
após o término da sociedade conjugal, exceto no regime da separação de bens
(art. 1.647).

Art. 1.418. O promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do


promitente vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem
cedidos, a outorga da escritura definitiva de compra e venda, conforme o
disposto no instrumento preliminar; e, se houver recusa, requerer ao juiz
a adjudicação do imóvel.
- O compromissário-comprador passa a ter direito real de aquisição em relação
ao bem tão logo se veja quitado de todas suas prestações e obrigações, sendo
titular do respectivo direito de sequela em face do vendedor – ou a quem o
imóvel tenha sido transferido – dado o efeito erga omnes gerado pelo registro
imobiliário.
- Havendo recusa para entrega da escritura do bem, o compromissário-
comprador poderá valer-se da ação judicial de adjudicação compulsória,
demonstrando o cumprimento total de suas obrigações pactuadas na avença.
- A ação de adjudicação compulsória tem por finalidade obter, através de
sentença, a denominada carta de adjudicação, a qual substitui a lavratura da
escritura definitiva – recusada por quem tinha o dever de emiti-la – devendo a
respectiva decisão ser levada a cartório para registro.
- Caso o vendedor esteja recusando, de má-fé, o recebimento das prestações
faltantes, para livrar-se da adjudicação compulsória com o intuito de impedir a
transferência do bem, cabe ao comprador consignar em juízo os respectivos
pagamentos, para o posterior ajuizamento da competente ação (RT 783/438).
- Enunciado 95 CJF: “O direito à adjudicação compulsória (art. 1.418), quando
exercido em face do promitente vendedor, não se condiciona ao registro da
promessa de compra e venda no cartório de registro imobiliário (Súmula n. 239
do STJ) ”.
- O registro imobiliário do contrato de compromisso de compra venda em
cartório legitima o compromissário-comprador a receber a indenização integral
em virtude de eventual desapropriação sobre o imóvel, desde que sua
obrigação esteja quitada (STF, MS nº 24.908).
- O procedimento da ação de adjudicação compulsória se operava pelo rito
sumário previsto no CPC de 1973, o qual deixou de existir pela novel lei
processual (Lei 13.105/2015), não tendo sido contemplada esta demanda,
entretanto, dentre aquelas de procedimento especial (art. 539 e segs.), o que a
remete ao procedimento comum.

PARTE 2 - Breno

TÍTULO X
Do Penhor, da Hipoteca e da Anticrese
CAPÍTULO I
Disposições Gerais

Art. 1.419.

PARTE 1 - VILMA
CAPÍTULO II
Do Penhor
Seção I
Da Constituição do Penhor

Art. 1.431. Constitui-se o penhor pela transferência efetiva da posse que,


em garantia do débito ao credor ou quem o represente, faz o devedor, ou
alguém por ele, de uma coisa móvel, suscetível de alienação.

Parágrafo único. No penhor rural, industrial, mercantil e de veículos, as


coisas empenhadas continuam em poder do devedor, que as deve
guardar e conservar.
- Nos exatos termos do art. 1.431 do Código Civil, constitui-se o penhor pela
efetiva entrega de coisa móvel, suscetível de alienação, do devedor
pignoratício ao credor pignoratício, como garantia de pagamento de uma dívida
principal.
- O penhor tem em sua definição intrínseca a entrega (tradição) do bem móvel
pelo devedor pignoratício, de forma a assegurar o credor do pagamento da
dívida antes contraída.
- Entretanto, em determinadas espécies de penhor não se opera a tradição do
bem, permanecendo este nas mãos do próprio devedor, por força da cláusula
constitui, conforme se verifica no penhor rural, industrial, mercantil e de
veículos.
- O penhor é um direito acessório, posto que assegura o pagamento de uma
relação creditícia considerada principal. Só em caso de inadimplência do débito
principal é que o bem empenhado será levado a leilão, a fim de que o credor
possa pagar-se integralmente.
- É exemplo típico de contrato de penhor a entrega de joias pelo particular à
Caixa Econômica Federal, a fim de obter crédito pessoal, sob uma taxa de
juros mais atrativa do que a oferecida no mercado financeiro; daí a
popularidade desta modalidade de negócio.
- Características do penhor: o penhor é um direito acessório, vale dizer que o
penhor não existe por si só e sim em função de uma dívida principal que o
originou. De fato, ele visa à segurança e a garantia de uma negociação
principal, entabulada anteriormente pelo devedor pignoratício.
- Assim, como se trata de obrigação acessória, ela segue o destino da
principal, ou seja, caso esta seja declarada nula, nulificada estará a garantia do
penhor.
- Constitui-se pela tradição, qual seja, pela efetiva entrega do bem, objeto da
garantia, ao credor pignoratício. Por esta razão, é tido como um contrato real,
que depende da entrega efetiva do bem para consolidar-se.
- A característica anterior comporta exceções, como se dá no penhor rural
(agrícola ou pecuário), industrial, mercantil e de veículos, no quais os bens
dados em garantia continuam nas mãos do devedor, por previsão legal
(parágrafo único, art. 1.431).
- O objeto do penhor deve ser coisa móvel, seja singular ou coletiva, corpórea
ou incorpórea. Se o objeto do penhor for coisa móvel fungível, este será
denominado penhor irregular, obrigando o devedor a restituir o bem, após o
pagamento da dívida, na mesma quantidade e qualidade.
- O bem móvel deve ser alienável, ou seja, deve estar disponível para que
possa ser transferido por alienação a terceiros, em caso de venda judicial.
Destarte, não poderá ser considerado como bem fora do comércio, nos termos
do art. 1.420 do Código Civil.
- Não admite o pacto comissório, como prevê o art. 1.428 do Código. Assim,
não poderá o credor pignoratício apropriar-se do bem para se pagar, em caso
de inadimplemento, sendo tal cláusula considerada nula.
- É garantia indivisível, pois que, ainda que o pagamento da dívida principal
seja solvido em parte, o direito real continuará incidindo sobre o bem como um
todo, até que o pagamento seja quitado integralmente.

Art. 1.432. O instrumento do penhor deverá ser levado a registro, por


qualquer dos contratantes; o do penhor comum será registrado no
Cartório de Títulos e Documentos.
- Formas de constituição do penhor: pelo contrato (penhor comum), onde as
partes manifestam a livre vontade em constituir a garantia pignoratícia quanto à
obrigação principal, podendo ser efetuado por instrumento particular ou
público, registrado junto ao Cartório de Títulos e Documentos, a fim de que
passe a gerar efeitos erga omnes.
- Pela lei (penhor legal), quando a norma permite a alguns tipos de credores a
retenção dos bens do devedor como garantia do pagamento integral da dívida,
tal como ocorre com os hospedeiros ou fornecedores de pousadas, quanto às
bagagens dos hóspedes (art. 1.467).
- No que diz respeito às espécies de penhor, podemos dividi-los em duas
grandes categorias: penhor comum e penhor especial. Penhor comum (ou
tradicional) é aquele oriundo da vontade das partes, incidindo sobre bem
corpóreo, entregue pelo devedor ao credor pignoratício no momento da
constituição do negócio (Rodrigues, 2003, p.353).
- Penhor especial, refere-se a diversas categorias:
a) penhor rural (agrícola e pecuário);
b) penhor industrial e mercantil;
c) penhor de títulos de créditos;
d) penhor de veículos;
e) penhor legal.
Seção II
Dos Direitos do Credor Pignoratício

Art. 1.433. O credor pignoratício tem direito:


I – à posse da coisa empenhada;
II – à retenção dela, até que o indenizem das despesas devidamente
justificadas, que tiver feito, não sendo ocasionadas por culpa sua;
III – ao ressarcimento do prejuízo que houver sofrido por vício da coisa
empenhada;
IV – a promover a execução judicial, ou a venda amigável, se lhe permitir
expressamente o contrato, ou lhe autorizar o devedor mediante
procuração;
V – a apropriar-se dos frutos da coisa empenhada que se encontra em seu
poder;
VI – a promover a venda antecipada, mediante prévia autorização judicial,
sempre que haja receio fundado de que a coisa empenhada se perca ou
deteriore, devendo o preço ser depositado. O dono da coisa empenhada
pode impedir a venda antecipada, substituindo-a, ou oferecendo outra
garantia real idônea.
- O dispositivo trata dos direitos do credor pignoratício, estabelecendo em seu
inciso I o direito à posse da coisa empenhada. Essencial nos casos do penhor
comum, a posse do credor pignoratício pode ser protegida pelos interditos
possessórios.
- O direito de retenção tem como escopo o ressarcimento de despesas
realizadas, desde que justificadas e não decorram de culpa do credor.
- O vício da coisa empenhada poderá ensejar o direito ao ressarcimento do
prejuízo sofrido pelo credor, como no exemplo dado por Caio Mário da Silva
Pereira de contágio do rebanho do credor por enfermidade de gado
empenhado, com o conhecimento do devedor (Instituições, Volume IV, 2004, p.
344)
- Pode o credor promover a execução judicial, como forma de excutir o bem,
nos termos da legislação processual. Também poderá promover a venda
amigável da coisa empenhada, desde que exista autorização expressa no
contrato ou que seja obtida posteriormente, devendo prestar contas ao
devedor, devolvendo eventual saldo.
- Não poderá o credor apropriar-se do bem empenhado para o pagamento do
débito, pois o artigo 1.428 do Código Civil considera nula a cláusula
comissória. No caso de venda amigável, não poderá adquiri-la para si mesmo.
Poderá, contudo, adjudicar o bem na hipótese de execução judicial.
- O credor também poderá apropriar-se dos frutos da coisa empenhada, como
uma forma de reforçar a garantia e de obter um adiantamento das parcelas que
lhe são devidas (Carlos Roberto Gonçalves, Volume 5, 2010, p. 555), direito
este a que corresponde uma obrigação correlata de que o valor dos frutos
apropriados seja imputado nas despesas mencionadas no artigo 1.535, inciso
III.
- Enfim, prevê o Código o direito de promover a venda antecipada da coisa
empenhada quando houver receio fundado de que venha a se perder ou
deteriorar. Cabe ao Juiz avaliar a presença do requisito exigido em lei.

Art. 1.434. O credor não pode ser constrangido a devolver a coisa


empenhada, ou uma parte dela, antes de ser integralmente pago, podendo
o juiz, a requerimento do proprietário, determinar que seja vendida
apenas uma das coisas, ou parte da coisa empenhada, suficiente para o
pagamento do credor.
- A primeira parte do artigo evidencia a indivisibilidade da garantia real,
estabelecendo que o credor não pode ser obrigado a devolver nem mesmo
parte da coisa enquanto não ocorrer o pagamento integral.
- A regra poderá ser excepcionada nas hipóteses em que o devedor requerer
autorização judicial para a venda de uma das coisas dadas em garantia ou de
parte da única coisa, para que obtenha valor suficiente para o cumprimento do
restante da obrigação, o que atende ao princípio de que a execução deverá ser
realizada na forma menos onerosa ao devedor.

Seção III
Das Obrigações do Credor Pignoratício

Art. 1.435. O credor pignoratício é obrigado:


I – à custódia da coisa, como depositário, e a ressarcir ao dono a perda
ou deterioração de que for culpado, podendo ser compensada na dívida,
até a concorrente quantia, a importância de responsabilidade;
II – à defesa da posse da coisa empenhada e a dar ciência, ao dono dela,
das circunstâncias que tornarem necessário o exercício de ação
possessória;
III – a imputar o valor dos frutos, de que se apropriar (art. 1.433, inciso V)
nas despesas de guarda e conservação, nos juros e no capital da
obrigação garantida, sucessivamente;
IV – a restituí-la, com os respectivos frutos e acessões, uma vez paga a
dívida;
V – a entregar o que sobeje do preço, quando a dívida for paga, no caso
do inciso IV do art. 1.433.
- O credor pignoratício deve conservar a coisa empenhada, equiparando-se ao
depositário, devendo ressarcir ao dono a perda ou deterioração do bem
quando for culpado, podendo a importância da responsabilidade ser
compensada na dívida.
- A posse direta do credor pignoratício não anula a posse indireta do
proprietário (devedor pignoratício), incumbindo-lhe a defesa da sua posse e a
obrigação de dar ciência ao dono a respeito de eventual ameaça, turbação ou
esbulho, uma vez que a eventual perda ou deterioração da coisa não extinguirá
a dívida, de modo que o prejuízo será do devedor.
- A apropriação dos frutos pelo credor constitui adiantamento do pagamento,
devendo imputar aqueles valores apropriados nas despesas de guarda e
conservação, nos juros e no capital.
- O credor pignoratício não é proprietário do bem empenhado, tendo os
deveres de entregar a coisa e, no caso de execução judicial, o de entregar o
produto que exceder o valor da dívida.

Seção IV
Da Extinção do Penhor

Art. 1.436. Extingue-se o penhor:


I – extinguindo-se a obrigação;
II – perecendo a coisa;
III – renunciando o credor;
IV – confundindo-se na mesma pessoa as qualidades de credor e de dono
da coisa.
V – dando-se a adjudicação judicial, a remissão ou a venda da coisa
empenhada, feita pelo credor ou por ele autorizada;

§1º Presume-se a renúncia do credor quando consentir na venda


particular do penhor sem reserva de preço, quando restituir a sua posse
ao devedor, ou quando anuir à sua substituição por outra garantia.

§2º Operando-se a confusão tão-somente quanto a parte da dívida


pignoratícia, subsistirá inteiro o penhor quanto ao resto.
- A primeira causa extintiva do penhor é a extinção da obrigação por ele
garantida. Em se tratando de direito acessório, extingue-se com a extinção do
principal, salientando-se que, nos casos de pagamento, este deve ser integral,
tendo em vista o disposto no artigo 1.421.
- O perecimento da coisa também constitui causa de extintiva do penhor. Se
houver destruição parcial, a garantia subsiste em relação à parte
remanescente.
- A renúncia do credor também extingue o penhor. Trata-se de um ato de
vontade, podendo ser expressa ou tácita, sendo que o §1º do artigo 1.436
prevê os casos em que há presunção da renúncia, como nas hipóteses de
consentimento da venda particular do penhor sem reserva de preço, da
restituição da posse ao devedor e de anuência à substituição por outra
garantia.
- A extinção do penhor pela confusão ocorre quando, na mesma pessoa, se
confundem as qualidades de credor e dono da coisa empenhada. Se a
confusão for apenas parcial, substituirá inteiro o penhor quanto ao resto.
- A adjudicação judicial, a remição e a venda da coisa empenhada também
implicam na extinção do penhor, tratando-se de medidas disciplinadas pela
legislação processual civil.
Art. 1.437. Produz efeitos a extinção do penhor depois de averbado o
cancelamento do registro, à vista da respectiva prova.
- A extinção do penhor produzirá efeitos apenas depois da averbação do seu
cancelamento no registro, devendo ser produzida prova da causa extintiva ao
oficial do cartório.

PARTE 3 - JESSICA
Seção V
Do Penhor Rural

Subseção I
Disposições Gerais

Art. 1.438. Constitui-se o penhor rural mediante instrumento público ou


particular, registrado no Cartório de Registro de Imóveis da circunscrição
em que estiverem situadas as coisas empenhadas.
- PENHOR RURAL é um termo jurídico que significa entrega da coisa móvel ou
imóvel como garantia de assumir uma obrigação como pagamento de uma
divida, utilizando duas espécies, agrícola e pecuário.
- Essa garantia é constituída por meio de um contrato público ou particular,
registrado no Cartório de Registro de Imóveis da cidade onde os bens
empenhados se localizam.
Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante
com penhor rural, o devedor poderá emitir, em favor do credor, cédula
rural pignoratícia, na forma determinada em lei especial.
- Para promessa de pagamento da dívida em dinheiro o devedor fará um Título
representativo de financiamento rural, CEDULA RURAL PIGNORATICIA, por
lei especifica da Constituição.

Art. 1.439. O penhor agrícola e o penhor pecuário não podem ser


convencionados por prazos superiores aos das obrigações garantidas.
(Redação dada pela Lei nº 12.873, de 2013)
- PENHOR AGRICOLA é a garantia de pagamento dada por meio de objetos
de culturas disposto no Art. 1.442 do inciso I ao IV.
- E o PENHOR PECUARIO pelos objetos dispostos no Art. 1.442 inciso V.
- O prazo de tais penhores não poderão ser superiores à garantia das
obrigações conforme o Art. 61 da Lei nº 12.873, de 2013.

§1º Embora vencidos os prazos, permanece a garantia, enquanto


subsistirem os bens que a constituem.
- O bem enquanto durar, permanecerá como garantia ainda que o prazo já
tenha vencido.

§2º A prorrogação deve ser averbada à margem do registro respectivo,


mediante requerimento do credor e do devedor.
- Deverá ser escrita qualquer prorrogação às margens do teor do registro.

Art. 1.440. Se o prédio estiver hipotecado, o penhor rural poderá


constituir-se independentemente da anuência do credor hipotecário, mas
não lhe prejudica o direito de preferência, nem restringe a extensão da
hipoteca, ao ser executada.
- O credor não perderá a preferência, nem limitará a quantidade dada em
garantia mesmo que sem o consentimento do credor o prédio já tenha sido
dado como garantia em empréstimo quando for exercida a obrigação.

Art. 1.441. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas


empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa
que credenciar.
- O credor ou uma pessoa credenciada pelo mesmo, poderá inspecionar as
coisas empenhadas onde elas estiverem situadas.

Subseção II
Do Penhor Agrícola

Art. 1.442. Podem ser objeto de penhor:


- O que pode ser penhorado:
I - máquinas e instrumentos de agricultura;
II - colheitas pendentes, ou em via de formação;
- Não foram colhidas ou ainda estão a se formando.
III - frutos acondicionados ou armazenados;
- Colocados e guardados em local próprio.
IV - lenha cortada e carvão vegetal;
V - animais do serviço ordinário de estabelecimento agrícola.
- habitual

Art. 1.443. O penhor agrícola que recai sobre colheita pendente, ou em via
de formação, abrange a imediatamente seguinte, no caso de frustrar-se
ou ser insuficiente a que se deu em garantia.

Parágrafo único. Se o credor não financiar a nova safra, poderá o devedor


constituir com outrem novo penhor, em quantia máxima equivalente à do
primeiro; o segundo penhor terá preferência sobre o primeiro,
abrangendo este apenas o excesso apurado na colheita seguinte.
- Se a colheita não corresponder às expectativas, poderá ser satisfeita a
garantia na próxima, limitado ao valor da primeira colheita estabelecida. Porém
a colheita secundária terá preferência.

Subseção III
Do Penhor Pecuário

Art. 1.444. Podem ser objeto de penhor os animais que integram a


atividade pastoril, agrícola ou de lacticínios.
- Cavalo, cabra, gado, vaca, ovelha, aves, etc.
Art. 1.445. O devedor não poderá alienar os animais empenhados sem
prévio consentimento, por escrito, do credor.
- Não poderá transferir os animais em garantia, sem avisar o credor antes, por
escrito.
Parágrafo único. Quando o devedor pretende alienar o gado empenhado
ou, por negligência, ameace prejudicar o credor, poderá este requerer se
depositem os animais sob a guarda de terceiro, ou exigir que se lhe
pague a dívida de imediato.
- O credor poderá pedir a terceiro que cuide dos animais empenhados ou que o
devedor pague a dívida imediatamente quando sentir que será prejudicado sob
suspeita de falta de cuidado ou transferência dos mesmos.

Art. 1.446. Os animais da mesma espécie, comprados para substituir os


mortos, ficam sub-rogados no penhor.
- Substituem os animais empenhorados.

Parágrafo único. Presume-se a substituição prevista neste artigo, mas


não terá eficácia contra terceiros, se não constar de menção adicional ao
respectivo contrato, a qual deverá ser averbada.
- Terá efeito a terceiros somente se está substituição estiver prevista ou
mencionada no contrato com devido registro.

Seção VI
Do Penhor Industrial e Mercantil

Art. 1.447. Podem ser objeto de penhor máquinas, aparelhos, materiais,


instrumentos, instalados e em funcionamento, com os acessórios ou sem
eles; animais, utilizados na indústria; sal e bens destinados à exploração
das salinas; produtos de suinocultura, animais destinados à
industrialização de carnes e derivados; matérias-primas e produtos
industrializados.

Parágrafo único. Regula-se pelas disposições relativas aos armazéns


gerais o penhor das mercadorias neles depositadas.
- Essa espécie de penhor serve para garantir as obrigações comerciais
praticadas pelos comerciantes, nos negócios jurídicos mercantil e empresarial.
- Locais onde os produtos empenhorados ficarão guardados

Art. 1.448. Constitui-se o penhor industrial, ou o mercantil, mediante


instrumento público ou particular, registrado no Cartório de Registro de
Imóveis da circunscrição onde estiverem situadas as coisas empenhadas.
- Através de contrato devidamente registrado em Cartório especifico no local
do bem empenhado.

Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida, que garante


com penhor industrial ou mercantil, o devedor poderá emitir, em favor do
credor, cédula do respectivo crédito, na forma e para os fins que a lei
especial determinar.
- Para promessa de pagamento da dívida em dinheiro o devedor fará um Título
representativo de financiamento, CÉDULA INDUSTRIAL OU MERCANTIL
PIGNORATÍCIA, por lei especifica da Constituição.

Art. 1.449. O devedor não pode, sem o consentimento por escrito do


credor, alterar as coisas empenhadas ou mudar-lhes a situação, nem
delas dispor. O devedor que, anuindo o credor, alienar as coisas
empenhadas, deverá repor outros bens da mesma natureza, que ficarão
sub-rogados no penhor.
- O devedor não poderá enquanto empenhado alterar, mudar de situação,
transferir e nem usufruir das coisas empenhadas, sem prévio consentimento do
credor.

Art. 1.450. Tem o credor direito a verificar o estado das coisas


empenhadas, inspecionando-as onde se acharem, por si ou por pessoa
que credenciar.
- O credor ou uma pessoa credenciada pelo mesmo, poderá inspecionar as
coisas empenhadas onde elas estiverem situadas.

PARTE 4 - LUCIANA
Seção VII
Do Penhor de Direitos e Títulos de Crédito

Art. 1.451. Podem ser objeto de penhor direitos, suscetíveis de cessão,


sobre coisas móveis.
- O nossa sistema admite o penhor não só sobre coisas corpóreas, mas
também sobre bens incorpóreos, ou imateriais, como ocorre com os créditos.

Art. 1.452. Constitui-se o penhor de direito mediante instrumento público


ou particular, registrado no Registro de Títulos e Documentos.
Parágrafo único. O titular de direito empenhado deverá entregar ao credor
pignoratício os documentos comprobatórios desse direito, salvo se tiver
interesse legítimo em conservá-los.
- Compete ao titular, nos termos do art. 1.452, do CC, entregar ao credor
pignoratício os documentos comprobatórios do direito empenhado. Tal
mandamento, contudo, não é absoluto, podendo o titular retê-los, se comprovar
legítimo interesse em conservá-los.

Art. 1.453. O penhor de crédito não tem eficácia senão quando notificado
ao devedor; por notificado tem-se o devedor que, em instrumento público
ou particular, declarar-se ciente da existência do penhor.
- Ressalta-se, aqui, uma importante incumbência ao credor, assecuratória de
seu direito: notificar do penhor instituído o devedor.

Art. 1.454. O credor pignoratício deve praticar os atos necessários à


conservação e defesa do direito empenhado e cobrar os juros e mais
prestações acessórias compreendidas na garantia.
- O credor pignoratício pe investido de poderes necessários à conservação e
proteção do créditos empenhado, incluindo-se juros e encargos, podendo se
valer de ações e meios de impugnação.

Art. 1.455. Deverá o credor pignoratício cobrar o crédito empenhado,


assim que se torne exigível. Se este consistir numa prestação pecuniária,
depositará a importância recebida, de acordo com o devedor pignoratício,
ou onde o juiz determinar; se consistir na entrega da coisa, nesta se sub-
rogará o penhor.
Parágrafo único. Estando vencido o crédito pignoratício, tem o credor
direito a reter, da quantia recebida, o que lhe é devido, restituindo o
restante ao devedor; ou a excutir a coisa a ele entregue.
- Com efeito, o credor pignoratício passa a exercer função de verdadeiro
mandatário do titular do direito (devedor na relação com o credor pignoratício),
devendo tomar as medidas cabíveis para a cobrança e recebimento do crédito
empenhado, bem como assumindo a condição de depositário por aquilo que
receber além do que lhe é devido.

Art. 1.456. Se o mesmo crédito for objeto de vários penhores, só ao


credor pignoratício, cujo direito prefira aos demais, o devedor deve pagar;
responde por perdas e danos aos demais credores o credor preferente
que, notificado por qualquer um deles, não promover oportunamente a
cobrança.
- A ordem de preferência deve ser observada pelo devedor por ocasião do
pagamento. No caso de dúvida, o devedor deverá se valer da ação
consignatória.
Se o crédito for objeto de vários penhores, o devedor deverá pagar ao credor
apenas aquele que tenha direito de preferência em relação aos demais, por ter
sido registrado em primeiro lugar.
- O dispositivo responsabiliza por perdas e danos o credor preferente que,
notificado por um dos demais credores, deixa de promover a cobrança de
crédito no momento oportuno, uma vez que, após a satisfação do crédito
preferente, seria possível a existência de saldo remanescente.

Art. 1.457. O titular do crédito empenhado só pode receber o pagamento


com a anuência, por escrito, do credor pignoratício, caso em que o
penhor se extinguirá.
- Efetivada a notificação, o devedor não mais deve pagar ao titular do direito,
mas sim ao credor pignoratício, sob pena de pagar mal. Inclusive, “O titular do
crédito empenhado só pode receber o pagamento com a anuência, por escrito,
do credor pignoratício, caso em que o penhor se extinguirá”.

Art. 1.458. O penhor, que recai sobre título de crédito, constitui-se


mediante instrumento público ou particular ou endosso pignoratício, com
a tradição do título ao credor, regendo- se pelas Disposições Gerais deste
Título e, no que couber, pela presente Seção.
- No penhor de direito é relativa à obrigação de entrega dos documentos
comprobatórios desse direito, no penhor de título de crédito a tradição do título
ao credor é a regra.

Art. 1.459. Ao credor, em penhor de título de crédito, compete o direito de:


I - conservar a posse do título e recuperá-la de quem quer que o detenha;
II - usar dos meios judiciais convenientes para assegurar os seus direitos,
e os do credor do título empenhado;
III - fazer intimar ao devedor do título que não pague ao seu credor,
enquanto durar o penhor;
IV - receber a importância consubstanciada no título e os respectivos
juros, se exigíveis, restituindo o título ao devedor, quando este solver a
obrigação.
- Considerando que uma das prerrogativas do credor do penhor é a intimação
do devedor do título para que não pague ao seu credor, enquanto durar o
penhor, uma vez realizada essa intimação, ou por qualquer outro meio se der
por ciente o devedor, este responderá solidariamente pelo credor do título, por
perdas e danos, perante o credor pignoratício, caso efetuar àquele o
pagamento.

Art. 1.460. O devedor do título empenhado que receber a intimação


prevista no inciso III do artigo antecedente, ou se der por ciente do
penhor, não poderá pagar ao seu credor. Se o fizer, responderá
solidariamente por este, por perdas e danos, perante o credor
pignoratício.

Parágrafo único. Se o credor der quitação ao devedor do título


empenhado, deverá saldar imediatamente a dívida, em cuja garantia se
constituiu o penhor.
- O devedor do título, intimado ou ciente da constituição do penhor, não poderá
pagar ao credor do título. Caso efetue o pagamento ao seu credor, o credor
pignoratício poderá responsabilizá-lo juntamente com o devedor pignoratício.
- Se o credor der quitação ao devedor do título empenhado, a garantia fica
prejudicada, antecipando-se o vencimento da dívida.

Seção VIII
Do Penhor dos Veículos

Art. 1.461. Podem ser objeto de penhor os veículos empregados em


qualquer espécie de transporte ou condução.
- O penhor de veículos pode recair sobre veículos automotor empregados nos
transporte de pessoas ou coisas.
- O objeto da garantia pode ser veículo individualizado ou uma frota, devendo
ser descrito da forma mais pormenorizada possível, atendendo-se ao principio
da especialidade. Embora considerados coisas móveis, navios e aeronaves,
por força de expressa previsão legal, são objetos de hipoteca.

Art. 1.462. Constitui-se o penhor, a que se refere o artigo antecedente,


mediante instrumento público ou particular, registrado no Cartório de
Títulos e Documentos do domicílio do devedor, e anotado no certificado
de propriedade.

Parágrafo único. Prometendo pagar em dinheiro a dívida garantida com o


penhor, poderá o devedor emitir cédula de crédito, na forma e para os fins
que a lei especial determinar.
- O art. 1462, define, como as demais espécies, a formalidade é por escritura
púbica ou particular, só que neste caso, registrado no Cartório de Títulos e
Documentos do domicílio do devedor (para que também proteja contra
terceiros) e anotado no certificado de propriedade.

Art. 1.463. (Revogado).


Art. 1.464. Tem o credor direito a verificar o estado do veículo
empenhado, inspecionando-o onde se achar, por si ou por pessoa que
credenciar.
- Como o credor não tem a posse do veículo empenhado, o legislador,
considerando o seu interesse na conservação da coisa dada em garantia,
assegurou-lhe o direito de verificar o seu estado mediante inspeção.

Art. 1.465. A alienação, ou a mudança, do veículo empenhado sem prévia


comunicação ao credor importa no vencimento antecipado do crédito
pignoratício.
- A venda ou a mudança do veículo empenhado só poderá ocorrer com a
antecipada comunicação ao credor, sob pena de vencimento antecipado do
crédito pignoratício. A intenção neste caso é a precaução.

Art. 1.466. O penhor de veículos só se pode convencionar pelo prazo


máximo de dois anos, prorrogável até o limite de igual tempo, averbada a
prorrogação à margem do registro respectivo.
- O prazo máximo de duração do penhor de veículos é de dois anos,
prorrogável por igual período. A posse direta do bem continua em poder do
devedor pignoratício, nos moldes do parágrafo único, do artigo 1.431 do CC.

PARTE 5 – KELLY

Seção IX
Do Penhor Legal

Art. 1.467.

PARTE 6 - MATHEUS

CAPÍTULO III
Da Hipoteca
Seção I
Disposições Gerais

Art. 1.473.

PARTE 5 – KELLY
Seção II
Da Hipoteca Legal

Art. 1.489.

Seção III
Do Registro da Hipoteca

Art. 1.492.

PARTE 7 – ALEXANDER
Seção IV
Da Extinção da Hipoteca

Art. 1.499.

Seção V
Da Hipoteca de Vias Férreas

Art. 1.502.

CAPÍTULO IV
Da Anticrese

Art. 1.506.

BIBLIOGRAFIA
Artigos Comentados do 1.438 ao 1.510 - https://www.direitocom.com/codigo-
civil-comentado/parte-especial-livro-iii-do-direito-das-coisas/titulo-x-do-penhor-
da-hipoteca-e-da-anticrese
Tipos de Penhor - https://www.creditas.com/exponencial/tipos-diferentes-
penhor/
Cédula Rural Pignoratícia -
https://www.b3.com.br/pt_br/produtos-e-servicos/registro/renda-fixa-e-valores-
mobiliarios/cedula-rural-pignoraticia.htm#:~:text=T%C3%ADtulo
%20representativo%20de%20financiamento%20rural,Sistema%20Nacional
%20de%20Cr%C3%A9dito%20Rural.&text=%C3%89%20emitida%20por
%20pessoa%20f%C3%ADsica,de%20cr%C3%A9dito%20aut%C3%B4nomo
%20e%20negoci%C3%A1vel.
Prazo do penhor -
https://www.colegioregistralrs.org.br/registro_de_imoveis/prazo-de-penhor/

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