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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA


CAMPUS ITAQUI

FORRAGICULTURA E PASTAGENS
PROF. EDUARDO BOHRER AZEVEDO

BRAQUIÁRIA

Andreone Cristiano Ceccon Saueressig, Alessandro Augustin, Daniel Ciro de


Souza, Daniele Felicio Rodrigues e Tainah Espinosa

ITAQUI
2020
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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Espigueta com gluma II e antécio hermafrodita abaxiais e gluma I e antécio


I neutro adaxiais típicos do gênero Brachiaria ............................................................ 6
Figura 2: Brachiaria decumbens cv. Basilisk.............................................................. 8
Figura 3: Brachiaria brizantha .................................................................................... 9
Figura 4: Brachiaria dictyoneura ................................................................................ 9
Figura 5: Brachiaria humidicola ................................................................................ 10
Figura 6: Brachiaria ruziziensis ................................................................................ 11
Figura 7: Brachiaria radicans ................................................................................... 12
Figura 8: Brachiaria extensa .................................................................................... 13
Figura 9: Brachiaria plantaginea .............................................................................. 13
Figura 10: Consórcio milho-braquiária na modalidade da linha intercalar ............... 18
Figura 11: Modalidade de consórcio com duas linhas de milho intercaladas com uma
de braquiária. ............................................................................................................ 19
Figura 12: Consorcio milho-braquiária na mesma linha ........................................... 20
Figura 13: Consorcio milho-braquiária área total ..................................................... 21
Figura 14: Integração Lavoura Pecuária Floresta - ILPF ......................................... 22
Figura 15: Massa (a) e altura (b) da forragem dos piquetes ao longo do período de
monitoramento (mês) ................................................................................................ 25
Figura 16: Estimativa de custo de produção formação e manutenção de pastagens
.................................................................................................................................. 30
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ÍNDICE DE TABELA

Tabela 1: Taxa de crescimento braquiária ao decorrer do ano ................................ 26


Tabela 2: Taxa de crescimento - altura .................................................................... 26
Tabela 3: Capacidade animal ................................................................................... 27
Tabela 4: Taxa de crescimento de diferentes cultivares do gênero Brachiaria ao
decorrer do ano ......................................................................................................... 28
Tabela 5: Taxas de crescimento de Brachiaria ruziziensis em relação a idade de corte
.................................................................................................................................. 29
Tabela 6: Análise dos Resultados ............................................................................ 31
Tabela 7: Análise dos Resultados (Resumo) ........................................................... 31
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5

2. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA ................................................................................ 6

3. ESPÉCIES .............................................................................................................. 7

3.1. Brachiaria decumbens cv. Basilik ..................................................................... 7

3.2. Brachiaria brizantha .......................................................................................... 8

3.3. Brachiaria dictyoneura ...................................................................................... 9

3.4. Brachiaria humidicola ..................................................................................... 10

3.5. Brachiaria ruziziensis Germa i n & Evrard ...................................................... 11

3.6. Brachiaria radicans Napper ............................................................................ 11

3.7. Brachiaria extensa Chase............................................................................... 12

3.8. Brachiaria plantaginea (Link) Hitch ................................................................. 13

4. DESCOMPACTAÇÃO DO SOLO ......................................................................... 14

5. CONSORCIAÇÃO ................................................................................................. 17

5.1. Consórcio milho-Braquiária ............................................................................ 17

5.2. Integração Lavoura Pecuária Floresta - ILPF ................................................. 21

6. TAXA DE CRESCIMENTO ................................................................................... 25

7. CUSTO DE IMPLANTAÇÃO ................................................................................. 30

CONCLUSÃO ............................................................................................................ 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 33


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1. INTRODUÇÃO

Introduzidas nas décadas de 1950 e 60, as espécies do gênero Brachiaria são


as principais plantas forrageira utilizadas no Brasil atualmente. Braquiária, nome
popular dado à gramínea do gênero botânico Brachiaria, pertencente à família
Poaceae, subfamília Panicoideae. Esse gênero ocupa cerca de 85% da área de
pastagens do território brasileiro e ainda, esta gramínea é uma das forrageiras mais
cultivadas no cerrado, indicada para solos de baixa fertilidade e com elevada acidez
com sérias restrições químicas naturais, acidez e topografia (LEUCENA, 2011). O
gênero, contém uma centena de espécies, em destaque para a Brachiaria brizantha,
que está no mercado há mais de 30 anos. A braquiária é de origem africana, das
regiões tropicais como Zaire e Kenya (CALDAS, 2018). As braquiárias são gramíneas
de alta produção de massa seca, as principais espécies são estoloníferas e se
adaptam a uma grande gama de tipos de solos não apresentam problemas limitantes
de doenças e seu crescimento é bem distribuído durante a maior parte do ano. Estes
capins contribuem para a estruturação do solo e, em consórcio com culturas agrícolas
como milho e café, proporcionam mais sanidade ao solo e ganhos de produtividade
das culturas (CALDAS, 2018).

Esse gênero também pode ser considerada uma planta invasora, ou seja, uma
erva daninha, que costuma aparecer em solos de lavouras anuais, e competem por
água. Vegeta no período quente do ano apresentando uma agressividade competitiva
incomum, dominando totalmente o ambiente que invade (CHRISTOFFOLETI, 2001).

Objetivo do trabalho é demonstrar as características do Gênero Brachiaria, a


taxa de crescimento, ou seja, kg de MS/ha/dia e seu custo de implantação.
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2. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA
A braquiária pertence a Família Gramineae, Tribo Paniceae e do Gênero
Brachiaria. Principais características da planta colmo herbáceo, florescendo todos os
anos, flor hermafrodita ou masculina com 1 a 3 estames, espiga unilateral ou panícula,
espigueta comprimida dorsiventralmente (possui duas faces de aspecto diferente,
uma dorsal e outra ventral) , biflora (duas flores), com a antécio terminal frutífero, o
basal neutro ou masculino, as glumas caem com o antécio frutífero, glumas menos
consistentes que as glumas frutíferas (Lema + pálea), gluma II e antécio hermafrodita
abaxiais e gluma I e antécio neutro adaxiais, panículas de espigas unilaterais, de eixo
alargado, espigueta mútica, com a gluma I adaxial e antécio II coriáceo, com
asperezas punticuladas em finas linhas transversais (SEIFFERT, 1984). As medidas
da panícula vão de 11 a 24 cm, tem 3-7 espigas com espiguetas solitárias dispostas
em duas fileiras; ráquis com 1,5 a 3 mm de largura com pelos; espigueta obtusa de 4-
4,6 mm, glabras; gluma II e Lema I 5-8 nervadas, sobrepassam quase 1 mm o antécio;
pálea II neutra; cariopse pouco comprimida dorsiventralmente de 1,8 mm (SEIFFERT,
1984).
Este gênero apresenta cerca de 100 espécies distribuídas em regiões tropicais
e subtropicais, sendo o centro de origem África oriental (LEUCENA, 2011).
Figura 1: Espigueta com gluma II e antécio hermafrodita abaxiais e gluma I e
antécio I neutro adaxiais típicos do gênero Brachiaria

Fonte: Rosengurtt et al. (1970)


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3. ESPÉCIES
3.1. Brachiaria decumbens cv. Basilik
De nome comum Brachiarinha, decumbens possui origem Africana, de Uganda,
e foi introduzida no Brasil na década de 50. Altamente aclimatada sobretudo nos
cerrados. É uma planta agressiva e colabora para conter a erosão; para os animais
apresenta boa digestibilidade e palatabilidade, sendo boa para cria, recria e engorda.
Seu plantio se dá em estações chuvosas. O cultivo é em linhas de 30 a 50 cm ou
então à lanço, numa profundidade máxima de 2 cm, sendo necessárias de 10 a 12 kg
de sementes por ha. Com fertilidade do solo média a baixa, cresce na forma
decumbente, tendo seu ciclo vegetativo perene. De porte baixo aproximadamente 1,0
m; vai bem em consorciação; boa de pastoreio, com alta resistência ao pisoteio e
produção de feno; é uma planta perene, permite os primeiros pastejos aos 90 dias;
produção de forragem e torno de 10 a 15 ton. MS/ha/ano (aprox. 35-45 ton. massa
verde/ha/ano); proteína bruta na matéria seca 7 a 9 % (CRISPIM & BRANCO, 2002).
Apresenta crescimento intensivo e cobre o solo mais facilmente, e essa
variedade tem sido uma gramínea muito procurada para formação de pastos em
região de topografia montanhosa. Além disso, ajuda a combater a infestação por
plantas invasoras e os danos ao solo por erosão. Se adapta bem em solos de baixa
fertilidade e sua produção de matéria seca pode variar de acordo com o manejo que
recebe, pois a mesma possui boa resposta ao nível de melhoria de fertilidade do solo,
podendo atingir uma produtividade de até 30 t/ha/ano quando bem manejada
(EMBRAPA, 2002). Esta espécie coloniza áreas de até 1.750 metros acima do nível
do mar em áreas de textura arenosa ou argilosa, mas é necessária uma boa
drenagem. A temperatura ótima para o crescimento gira em torno de 30º e 35ºC. Essa
variedade é tolerante à seca e, embora seque por completo em regiões onde não há
chuvas em períodos de estiagem, como no Cerrado, pode ser armazenada na forma
de feno (RURAL PECUÁRIA, 2016).
Devido ao fato de florescer durante quase toda a estação de crescimento, esta
forrageira produz uma grande quantidade de sementes, as quais entram em
dormência logo após o período de colheita, necessitando de uma período de 12 meses
para a quebra desta, o que acaba possibilitando a formação de um grande banco de
sementes no solo, o que prejudica a sua erradicação ou substituição. Nos últimos
anos, essa espécie tornou suscetível à cigarrinha-das-pastagens e, em algumas
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ocasiões, hospedeira do fungo Phitomyces chartarum, o qual quando ingerido pelos


animais por um período prolongado, produz a micotoxina esporidesmina, que pode
causar fotossensibilização em bovinos (EMBRAPA, 2002).
Figura 2: Brachiaria decumbens cv. Basilisk.

Fonte: Seiffert (1984)

3.2. Brachiaria brizantha


Presente em toda a África Tropical, espécie tem sido cultivada
experimentalmente com moderado sucesso, no leste e oeste da África, Madagascar,
Sri-Lanka, Austrália, Fiji, Suriname. É uma espécie perene de porte de 1 a 1,5 m de
altura. A ráquis apresenta geralmente cor roxa escura, com 1 mm de largura
(SEIFFERT, 1984). Esta forrageira possui um hábito de crescimento ereto e semi-
ereto, o que facilita a sua consorciação com leguminosas e pode ser indicada para
áreas de pastagens declivosas devido a sua capacidade de controlar bem a erosão.
Além disso, esta gramínea também pode ser indicada para sistemas silvipastoris, pois
apresenta boa tolerância quando submetida a condições de sombreamento natural
(EMBRAPA, 2002).
No Brasil, de acordo com a Embrapa (2015), aproximadamente 51,4 milhões
de hectares encontram-se estabelecidas com Brachiaria brizantha cv. Marandu
(cultivar), além dessa, existem a Brachiaria brizantha BRS Paiaguás e Brachiaria
brizantha BRS Piatã.
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Figura 3: Brachiaria brizantha

Fonte: Sendulsky (1977)

3.3. Brachiaria dictyoneura


Pouco utilizada no Brasil, a Brachiaria dictyoneura apresenta uma excelente
adaptação a solo ácido e de baixa fertilidade. Na Zona da Mata de Minas Gerais,
chegou a produzir 9,8 t/ha/ano e mostrou-se de baixa aceitabilidade,
independentemente da época do ano (XAVIER,2002). É uma espécie perene, erecta,
de cor avermelhada, com 1 a 2 m de altura. Apresenta estolões finos, fortes,
lembrando arame e radicantes nos nós.
Figura 4: Brachiaria dictyoneura

Fonte: Sendulsky (1977)


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3.4. Brachiaria humidicola


A Brachiária humidicola é uma espécie de hábito decumbente (plantas que
acabam se prostrando ao solo e fechando por completo), tem um enraizamento rápido
e crescimento vigoroso que tem apresentado uma grande expansão no trópico úmido
sul-americano, em decorrência de sua alta produtividade em solos ácidos e de baixa
fertilidade natural. Tais características a tornam uma gramínea muito eficiente na
proteção do solo contra a erosão, tendo em vista a sua alta produção de estolões que
enraizam quando em contato com o solo, conferindo-lhe uma excelente cobertura
vegetal (EMBRAPA, 2002). Esta espécie se adequa em solos arenosos, apresentando
bom comportamento, apresenta tolerância à seca prolongada, suporta inundações
breves, possui boa recuperação após a ocorrência de queima, agressividade,
resistência ao ataque da cigarrinha-da-pastagem, mas seu valor nutritivo é razoável;
quando estabelecida, pode atingir alturas de 50 a 80 cm, proporcionando excelente
cobertura e proteção do solo, com um rendimento de matéria seca (MS) de até 20
t/ha/ano e teores de até 9% de proteína bruta (PB) na MS (DEMINICIS et al., 2010).
Também conhecida como "Creeping signal grass","Coronivia grass" ou Quicuio
da Amazônia, é uma espécie indígena do leste e sudeste da África, onde ocorre em
áreas relativamente úmidas, sendo exótica na Austrália e Fiji (SEIFFERT, 1984).
Figura 5: Brachiaria humidicola

Fonte: Sendulsky (1977)


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3.5. Brachiaria ruziziensis Germa i n & Evrard


Conhecia como "Congo signal grass", "Congo grass", "Ruzi grass" e "Kennedy
Ruzi grass". É uma espécie que está relacionada com B. decumbens, diferindo por
ser de porte maior e apresentar a gluma inferior distante do resto da
espigueta. Originária da África, encontra-se me regiões em condições úmidas e não
inundáveis, originária do Zaire e oeste do Kenya. Esta espécie emana um odor
peculiar, semelhante ao capim gordura. E uma espécie perene, subereta, com 1-1,5
m de altura, apresenta a base decumbente e radicante nos nós inferiores. Possui
rizomas fortes, em forma de tubérculos arredondados e com até 15 mm de diâmetro
(SEIFFERT, 1984).
Dentre todas as espécies do gênero Brachiaria, a B. ruziziensis possui a melhor
relação folha colmo em comparação com as demais, o que confere a ela uma boa
aceitação por parte dos bovinos, além do fato de possuir um maior valor nutritivo, o
qual não reduz acentuadamente com a idade da planta. Os fatores limitantes no uso
dessa forrageira se dão devido a sua alta suscetibilidade às cigarrinhas das pastagens
e sua marcante estacionalidade de produção (EMBRAPA, 2002).
Figura 6: Brachiaria ruziziensis

Fonte: Sendulsky (1977)

3.6. Brachiaria radicans Napper


Encontrada na África tropical na Nigéria, Cameroon, Zaire, Rwanda, Etiópia,
Sudão, Uganda e Tanzânia, em regiões encharcados e nas margens de lagos e rios.
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Tem sido também introduzida em cultivos, sendo o tipo cultivado originário do


sudoeste da África (SEIFFERT, 1984).
É uma planta forrageira que se adapta bem tanto em solos bem drenados como
em encharcados, e responde bem à adubação nitrogenada (CAZETTA & VILLELA,
2004). Espécie perene com hastes com 1,20 m ou mais de comprimento, subereta,
fortemente radicante nos nós inferiores. As folhas são lanceoladas, de base
cordiforme, com 70-150 mm de comprimento e 12-25 mm de largura, brilhante de
aspecto suculento e cor verde escura (SEIFFERT, 1984).
Figura 7: Brachiaria radicans

Fonte: Sendulsky (1977)

3.7. Brachiaria extensa Chase


Espécie anual decumbente e prostrada, com 40-70 cm de altura e radicante
nos nós inferiores. As folhas, lanceoladas e glabras (órgãos vegetais sem pelos), com
4-12 mm de comprimento e 5-12 mm de largura. É uma planta campestre, de solos
úmidos e arenosos, distribuindo-se desde o Sul dos EUA até as áreas subtropicais da
Argentina. Não é uma planta muito comum (SEIFFERT, 1984).
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Figura 8: Brachiaria extensa

Fonte: Sendulsky (1977)

3.8. Brachiaria plantaginea (Link) Hitch


Conhecida como "Marmalade grass", marmelada de cavalo, capim marmelada
ou papuã, do oeste da África Tropical, estendendo-se para o Zaire e Cameroon. Foi
introduzida de forma acidental, pois não há registros, na América do Norte e do Sul. No
Brasil, é uma gramínea cultivada em pequenas áreas para forragem verde, produzindo
um rápido crescimento de primavera, de alto valor nutritivo. A produção de sementes
é abundante, podendo atingir 670 kg ha-1. É uma espécie anual, decumbente, de 50-
80 cm de altura e radicante nos nós inferiores (SEIFFERT, 1984).
Figura 9: Brachiaria plantaginea

Fonte: Seiffert (1984)


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4. DESCOMPACTAÇÃO DO SOLO
O uso de plantas específicas que visam melhorar os atributos do solo, através
da ação de suas raízes da planta, além de ser importante para produção de cobertura
vegetal no solo. Visto que, as plantas de cobertura, que geralmente são cultivadas na
entressafra da cultura, para produção de massa vegetal com o objetivo de cobrir a
superfície do solo, são importantes para a proteção do solo, promovendo a reduções
da erosão do solo, da temperatura e da amplitude térmica do solo, das perdas de água
por evaporação e manutenção de umidade do solo, maior reciclagem e
disponibilização de nutrientes para as plantas cultivadas em sequência, acúmulo de
material orgânico (carbono) ao solo, além de expressivo impacto na redução da
incidência de plantas daninhas (AGROLINK, 2020).
No caso de plantas que produzem de raízes, o objetivo é incluir no sistema de
produção espécies que tenham como característica a produção de vasto sistema
radicular, com crescimento rápido e contínuo. Isto porque o sistema radicular da
planta implantada, pode proporcionar significativas melhorias ao solo, especialmente
nos aspectos relacionados à estrutura e ao acúmulo de matéria orgânica.
Mas para isso é necessário a identificação das espécies que conciliem a
produção de abundante palhada para a cobertura do solo com o crescimento do
sistema radicular vigoroso, que possa resultar em melhorias estruturais do solo.
No caso das braquiárias, que possuem sistema radicular fasciculado e de
rápido estabelecimento, podem ser utilizadas, visto que estas espécies são
plenamente adaptadas às condições edafoclimáticas, que ocorrem em regiões de
clima tropical, como Mato Grosso do Sul, e, portanto, são amplamente cultivadas para
a formação de pastagens. No caso da utilização em áreas de cultivo de soja, é
plenamente possível o cultivo da braquiária na entressafra de forma solteira ou em
consórcio com o milho (AGROLINK, 2016). O sistema radicular das braquiárias é
bastante eficiente em promover uma estruturação adequada do solo, com formação
de agregados estáveis, macroporosidade e canais, proporcionando ambiente
favorável para o crescimento do sistema radicular da cultura subsequente, como a
soja.
Crescimento do sistema radicular da brachiaria, mesmo que atuando por
apenas alguns meses, pode contribuir de forma marcante para o crescimento das
raízes das plantas subsequentes, como a soja, quando introduzidas sem o
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revolvimento do solo, isto é, em plantio direto. Após a dessecação e consequente


morte da planta forrageira, as raízes iniciam o processo de decomposição, deixando
inúmeros canais e galerias no interior do solo, constituindo, desta forma, um ambiente
extremamente favorável ao crescimento das raízes.
Essas melhorias no solo são consideradas um diferencial para a lavoura
cultivada após a presença da braquiária, pois as raízes das plantas conseguem se
desenvolver em maior volume de solo e, consequentemente, explorar melhor o perfil
do solo. Esse efeito é percebido onde o cumprimento das raízes de soja no perfil do
solo, cultivada após milho safrinha em consórcio com braquiária, foi maior quando
comparado ao solo sem a presença de braquiária. Neste local, o solo possui textura
argilosa e, em apenas 3 anos de cultivo de soja após a presença de braquiária, as
raízes já alcançaram os 70 cm de profundidade, enquanto na área sem braquiária as
raízes da soja chegaram apenas até 40 cm (AGROLINK, 2016). Quando a pastagem
é submetida a um sistema de manejo adequado, com a emissão de novos perfilhos
(após o pastejo), novas raízes serão emitidas, intensificando as melhorias na
estruturação do solo. No caso de um sistema de Integração Lavoura-Pecuária, em
que a soja e a pastagem compõem um sistema de rotação com ciclos de 2 anos e
sempre mantidos em plantio direto, as plantas de soja apresentam um sistema
radicular muito mais desenvolvido e profundo, o que, entre outras vantagens, resulta
em maior capacidade de suportar a ocorrência de veranicos (AGROLINK, 2016).
Agregação e estrutura do solo – A estrutura adequada do solo é aquela que
permite bom fluxo de água, aeração do seu interior, resistência à erosão e ao tráfego
de maquinários, desenvolvimento de organismos vivos (microrganismos e fauna do
solo) e o apropriado desenvolvimento e funcionamento das raízes das plantas. A
qualidade estrutural do solo é decorrente de suas características e também da forma
de uso; assim, o plantio direto é vantajoso em relação ao sistema convencional por
preservar a integridade física do solo e acumular matéria orgânica (AGROLINK, 2016).
O amplo desenvolvimento do sistema radicular das gramíneas é o principal
agente agregador de partículas nos solos tropicais, tanto pela liberação de exsudados
como entrelaçando pequenos torrões, formando estruturas maiores. O cultivo de
plantas com abundante sistema radicular contribui para a formação e estabilidade de
agregados maiores que 2 mm, denominados de macroagregados .(AGROLINK,
2016)..
16

Assim, o gênero Brachiaria em sistema de integração agricultura-pecuária é


utilizado para melhoria da qualidade estrutural solo degradado fisicamente,
proporcionando um ambiente favorável aos cultivos em sucessão, acúmulo e
concentração de nutrientes em palhadas após a dessecação.
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5. CONSORCIAÇÃO
5.1. Consórcio milho-Braquiária
De acordo com Oliveira et al. (1996) o consórcio entre culturas anuais e
forrageiras perenes, é conhecido como Sistema Barreirão e foi desenvolvido na safra
de verão, na década de 1990, que tinha por objetivo a correção e fertilização do solo,
com preparo do solo de forma mecanizada, antes de culturas de verão.
O consórcio entre o milho e a braquiária tem sido avaliado no outono/inverno
utilizando a B. ruziziensis, para a produção de grãos de milho e de soja em Sistema
Plantio Direto, assim o solo fica o tempo todo coberto e assim, proporciona efeitos
positivos tanto para a soja quanto para o milho safrinha, cultivados em sucessão e,
este cultivo consorciado contribuí para produção de forragem no período de
outono/inverno e na formação de pastagem, desta forma, torna-se uma importante
opção de cultivo para várias regiões do Brasil (CECCON et al., 2013).
O consórcio cultivado na safra de verão (outubro a março, no centro-oeste do
país) costuma ter um maior volume de chuva e temperaturas mais elevadas durante
a evolução do período, já na safra de outono/inverno (safrinha), que vai de abril a
setembro, oferece menor disponibilidade de chuvas e temperaturas mais baixas.
Desta forma, as condições de outono/inverno podem ocorrer maiores reduções na
produtividade do milho safrinha do que no milho cultivado no verão, o que requer
maiores cuidados na implantação da braquiária. Dependendo do objetivo do
consórcio, da modalidade de consorciação, do método de implantação e da população
de plantas de braquiária a ser estabelecida, as perdas em milho podem ser
minimizadas (CECCON et al., 2013).
O consórcio de milho com forrageiras tem por objetivos a produção da palhada
para cobertura do solo e a produção de forragem para alimentação de animais. A
diferença entre um e outro objetivo consiste basicamente na população e distribuição
de plantas: maiores populações são usadas para a formação de pasto e, menores,
para a produção de palha. No caso de altas populações de plantas, para evitar perdas
na produtividade do milho torna-se importante a aplicação de um herbicida, para
supressão inicial da forrageira (CECCON et al., 2013). Existem vários tipos de
se fazer a consorciação com milho e braquiária, podendo ser em linhas de braquiária
intercaladas às linhas do milho foi desenvolvido para espaçamento de 0,75 m a 0,9 m
entre 32. O consórcio Milho-Braquiária linhas de milho, exclusivamente tendo em vista
18

a produção de palha para cobertura do solo, que consiste em fazer intercalação de


uma linha de forrageira com uma linha do milho. Para isso, mantém-se o milho na sua
linha, enquanto que na linha intercalar coloca-se um disco e a quantidade de sementes
de braquiária, que proporcione a população de plantas desejada (Figura 10), no qual
demonstra as etapas de implantação do consórcio milho-braquiária na modalidade da
linha intercalar: caixa de sementes com discos e sementes de milho e de braquiária,
respectivamente (a); discos para corte e posicionamento das sementes ao solo (b);
depósitos para sementes de milho (M) e braquiária (B) (c); e, linhas intercaladas de
milho em fase de colheita e de braquiária em pleno desenvolvimento (d). E nesta
modalidade, o ajuste da população de plantas, com disco de braquiária, é
relativamente simples, porém depende de fatores como diâmetro do furo do disco,
população do milho a ser estabelecida e tamanho e germinação das sementes de
braquiária. Tais informações são importantes porque os discos de sementes das duas
espécies estão acoplados ao mesmo eixo da semeadora e, consequentemente,
rodando na mesma velocidade (CECCON et al., 2013).
Figura 10: Consórcio milho-braquiária na modalidade da linha intercalar

Fonte: Ceccon et al. (2013)


19

Na modalidade duplo linha, o cultivo de milho em espaçamento reduzido, 45


cm a 50 cm entre linhas, dificulta operacionalmente o consórcio com linha intercalar
em semeadoras convencionais de soja e milho, por causa do pequeno espaço para
inserir a linha de braquiária entre as linhas de milho. Com isso, o cultivo de duas linhas
de milho ao lado de uma linha de braquiária pode ser uma boa alternativa para o
consórcio em espaçamento reduzido. Nesta modalidade, quando as linhas da
semeadora estão reguladas de 45 cm ou 50 cm entre si, o milho tem espaçamento útil
de 67,5 cm ou 75 cm entre linhas, respectivamente. A escolha do disco para sementes
de braquiária segue o mesmo procedimento e população de plantas da modalidade
da linha intercalar, mantendo-se a semeadura em profundidade que proporcione a
melhor emergência de plantas e racionalização com investimento em sementes e
escolha do disco para sementes de braquiária segue o mesmo procedimento e
população de plantas da modalidade da linha intercalar, mantendo-se a semeadura
em profundidade (Figura 11) que proporcione a melhor emergência de plantas e
racionalização com investimento em sementes (CECCON et al., 2013).
Figura 11: Modalidade de consórcio com duas linhas de milho intercaladas com
uma de braquiária.

Fonte: Ceccon et al. (2013)


Na modalidade em linhas, de acordo com Ceccon et al. (2013), trata-se do
consórcio entre milho e braquiária, ambos na mesma linha, pode ser indicado para
20

cultivos de milho em espaçamento reduzido e essa produção pode ser para palhada
e para produção de forragem (Figura 12).
Figura 12: Consorcio milho-braquiária na mesma linha

Fonte: Ceccon et al. (2013)


No sistema de consórcio com braquiária em área total pode ser utilizado para
cultivos de milho em espaçamento reduzido e normal, sendo indicado para produção
de palha e também para produção de forragem. A diferença desta modalidade para a
modalidade em linha é o posicionamento das sementes de braquiária, que neste caso
é distribuída em área total (Figura 13), Modalidade de consórcio em área total: caixa
com sementes de braquiária e mangueiras para saída das sementes (a),
posicionamento da caixa próximo do disco de corte (b), alta e baixa população de
plantas em função da alta e baixa ocorrência de chuvas após a semeadura (c, d)
(CECCON et al., 2013).
21

Figura 13: Consorcio milho-braquiária área total

Fonte: Ceccon et al. (2013)


5.2. Integração Lavoura Pecuária Floresta - ILPF
Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta, conforme Zoz et al.
(2019), são uma forma de produção sustentável, pois se cria o consórcio entre o
cultivo de culturas anuais, espécies forrageiras e a produção florestal, buscando uma
sinergia entre os componentes do sistema, fazendo com que a integração de culturas
agrícolas com espécies arbóreas tenha inúmeros benefícios ao sistema, como por
exemplo, a manutenção e o aumento da ciclagem de nutrientes, melhoria da fertilidade
do solo, aumento do sequestro de carbono, fornecimento de forragem e condições
ambientais mais favoráveis para os animais.
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Figura 14: Integração Lavoura Pecuária Floresta - ILPF

Fonte: Reynol (2015)


Conforme Balbino et al. (2011) o sistema tem sido adotado em todo o Brasil,
com maior representatividade nas regiões Centro-Oeste e Sul. Em 2011 existiam,
aproximadamente 1,6 a 2 milhões de hectares utilizam os diferentes formatos da
estratégia ILPF. E existem muitos benefícios para a utilização desse método.
Os principais potenciais benefícios tecnológicos e ecológicos/ambientais da
ILPF, conforme Balbino et al. são:
• Melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo devido ao
aumento da matéria orgânica; assim como a redução de perdas de
produtividade na ocorrência de veranicos, quando associado a práticas de
correção da fertilidade do solo e ao sistema de plantio direto;
• Minimização da ocorrência doenças e plantas daninhas;
• Aumento do bem-estar animal, em decorrência do maior conforto térmico;
• Maior eficiência na utilização de insumos e ampliação do balanço positivo
de energia;
• Possibilidade de aplicação dos sistemas para grandes, médias e pequenas
propriedades rurais;
• Redução da pressão para a abertura de novas áreas;
23

• Melhoria na utilização dos recursos naturais pela complementaridade e


sinergia entre os componentes vegetais e animais;
• Diminuição no uso de agroquímicos para controle de insetos-pragas,
doenças e plantas daninhas;
• Redução dos riscos de erosão;
• Melhoria da recarga e da qualidade da água;
• Mitigação do efeito estufa, resultante da maior capacidade de sequestro de
carbono;
• Menor emissão de metano por quilo de carne produzido;
• Promoção da biodiversidade, e favorecimento de novos nichos e habitats
para os agentes polinizadores das culturas e inimigos naturais de insetos-
pragas e doenças;
• Intensificação da ciclagem de nutrientes;
• Aumento da capacidade de biorremediação do solo;
• Reconstituição do paisagismo, possibilitando atividades de agroturismo;
• Melhoria da imagem pública dos agricultores perante a sociedade, atrelada
à conscientização ambiental.
Os principais potenciais benefícios econômicos e sociais da ILPF, conforme
Balbino et al são:
• Incremento da produção anual de alimentos a menor custo;
• Aumento da produção anual de fibras, biocombustíveis e biomassa;
• Aumento da competitividade das cadeias de produtos de origem animal nos
mercados nacional e internacional;
• Aumento da produtividade e da qualidade do leite e redução da
sazonalidade de produção;
• Dinamização de vários setores da economia, principalmente em nível
regional;
• Possibilidade de novos arranjos de uso da terra, com possibilidade de
exploração das especialidades e habilidades dos diferentes atores
(arrendatários e proprietários);
• Redução de riscos em razão de melhorias nas condições de produção e da
diversificação de atividades comerciais;
• Fixação e maior inserção social pela geração de emprego e renda no
campo;
24

• Aumento da oferta de alimentos seguros;


• Estímulo à qualificação profissional;
• Melhoria da qualidade de vida do produtor e da sua família;
• Estímulo à participação da sociedade civil organizada;
• Melhoria da imagem da produção agropecuária e dos produtores
brasileiros, pois concilia atividade produtiva e meio ambiente;
• Maiores vantagens comparativas na inserção das questões ambientais nas
discussões e negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC).
• Aumento da renda dos empreendimentos rurais.
25

6. TAXA DE CRESCIMENTO
As amostragens ocorreram no período de 12 de novembro de 2005 a 28 de
outubro de 2006, com intervalo médio de 50 dias.
O estudo de Barioni (2007), teve por objetivo gerar recomendações de elevação
para unidade animal nas áreas estudas, e estabelecer metas mensais de altura média
do pasto, com base nas relações entre massa e altura em cada época do ano.
Figura 15: Massa (a) e altura (b) da forragem dos piquetes ao longo do período de
monitoramento (mês)

Fonte: Barioni (2007)


26

A taxa de crescimento foi calculada conforme os dados da figura 15, de acordo


com trabalho realizado por Barioni (2007), na região do cerrado brasileiro, na cidade
de Cristalina em Goiás.
Tabela 1: Taxa de crescimento braquiária ao decorrer do ano
Região
Forrageira Taxa de crescimento (kg de MS/ha/dia)
Estado
Brachiaria bizantha cv.
Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Marandu
2005 2005 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006
Alto 126 124 140 180 257 200 150
Centro Oeste
Médio 74 54 80 84 118 140 150 168 105 103 95 67
Cristalina/GO
Baixo 23 14 50 50 98 42 34
Fonte: Barioni (2007)

É possível observar que os meses onde se obteve as maiores taxas de


crescimento foram os meses de abril, maio e junho. Tais valores podem ser
justificados devido ao índice pluviométrico da região nesta época, o qual foi favorável
ao desenvolvimento da B. brizantha. Além da taxa de crescimento em relação ao kg
de MS/ha produzido ao dia, a altura da cultivar ao decorrer do ano também foi
avaliada, como demonstra a Tabela 2.
Tabela 2: Taxa de crescimento - altura
Região
Forrageiras Altura (cm)
Estado
Brachiaria bizantha cv.
Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Marandu
2005 2005 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006
Alto 30 54 46 55 55 43 40
Centro Oeste
Médio 23 32 20 21 35 32 35 33 22 18 15 25
Cristalina/GO
Baixo 4 4 4 5 26 6 8
Fonte: Barioni (2007)

Altura das pastagens apresentou comportamento sazonal devido a curta


duração da estação chuvosa durante o período de monitoramento. As maiores alturas,
também ocorrem nos meses da estação chuvosa, o que contribui para o aumento da
massa de forragem nos meses monitorados. As maiores alturas ocorrem nos meses
de março e abril com massa de forragem em torno de 2.770 kg de Ms/ha.
Para a obtenção de informações referentes à capacidade animal ou de suporte
da pastagem, é necessário realizar o cálculo da Capacidade de Suporte, podendo
este ser calculado com base na Fórmula 1 a seguir:
!"
!"#$
𝐶𝑆 = #
$" (1)
%&&
Onde:
27

• CS = capacidade de suporte (kg de PV);


• MF = massa de forragem disponível (kg de massa seca por hectare);
• P = período de utilização (dias);
• TAD = taxa de acúmulo diário (kg de MS/ha/dia);
• OF = oferta de forragem pretendida (% do PV).
Para o cálculo da capacidade de suporte e ajuste de lotação, são necessários
a massa de forragem disponível, taxa de crescimento diário da pastagem (taxa de
acúmulo), período de utilização e oferta de forragem. Deve ser fornecido de 9 a 12%
do peso vivo do animal, ou seja, em torno de 3 ou 4 vezes de oferta de pasto em
relação ao peso do animal. Para a realização do cálculo da capacidade animal em kg,
foi adotada uma oferta de forragem de 10%, como demonstrado na Tabela 3.
Tabela 3: Capacidade animal
Região
Forrageiras Capacidade animal - Ajuste de Carga Animal (PV/ha)
Estado
Brachiaria bizantha cv. Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out
Marandu 2005 2005 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006 2006
Alto 1996 1906 2466 2466 3226 2667 2167
Centro Oeste
Médio 1407 1206 1467 1500 1847 2067 2166 2345 1716 1696 1616 1337
Cristalina/GO
Baixo 897 801 1167 1166 1646 1087 1007

A taxa de crescimento foi calculada de acordo com trabalho realizado por


Correia (2003), para as cidades de São Carlos/SP e Cristalina/GO, conforme
demonstrado na Tabela 4 a seguir. A tabela apresenta ainda a taxa de crescimento
da Brachiaria bizantha cv. em diferentes regiões do Brasil.
Tabela 4: Taxas de Crescimento de Brachiaria bizantha cv. Marandu em Diferentes
Regiões do Brasil
Região
Forrageiras Taxa de crescimento (kg de MS/ha/dia)
Estado
Brachiaria bizantha cv.
Marandu Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Médio São Carlos/SP 76 81 68 61 17 15 12 6 11 12 21 44


Região
Forrageiras Taxa de crescimento (kg de MS/ha/dia)
Estado
Brachiaria bizantha cv.
Marandu Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Médio Cristalina/GO 67 74 114 140 150 168 105 103 35 67 84 54


Fonte: Correa (2003)
28

É possível observar a diferença entre os meses com maior taxa de crescimento


entre as diferentes regiões, o que pode ser justificado devido a diferença climática e
do regime pluviométrico de cada local ao decorrer do ano.
A capacidade animal ou de suporte, foi calculada com base na fórmula 1:
Tabela 5: Capacidade animal da Brachiaria bizantha cv. Marandu - São Carlo/SP e
Cristalina/GO
Região
Forrageiras Capacidade animal
Estado
Brachiaria bizantha cv.
Marandu Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Médio São
76 81 68 61 17 15 12 6 11 12 21 44
Carlos/SP
Ajuste de Carga Animal
1427 1476 1347 1277 837 816 786 726 776 787 877 1106
(PV/ha)
Região
Forrageiras Capacidade animal
Estado
Brachiaria bizantha cv.
Marandu Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Médio Cristalina/
67 74 114 140 150 168 105 103 35 67 84 54
GO
Ajuste de Carga Animal
1336 1406 1806 2067 2166 2347 1716 1696 1016 1337 1506 1206
(PV/ha)

Um estudo realizado pela Embrapa CPATU (1983), teve o objetivo de avaliar


as limitações e potencialidades da Brachiaria humidícola para a região de Belém-PA
(Tabela 6). No experimento apresentado no trabalho, foi utilizado uma dose de 25 kg
N/ha, já que esse é o nutriente mais limitante para a produção dessa brachiária em
solos de baixa fertilidade. A avaliação da taxa de produção de matéria seca/ha/dia foi
realizada através de 4 cortes feitos ao longo do ano, sendo dois cortes feitos na
estação chuvosa (Dezembro - Maio) e mais dois cortes feitos durante a estação seca
(Junho - Novembro). Tais valores podem ser observados na Tabela 6, bem como os
dados relacionados à taxa de crescimento da Brachiária decumbens
Tabela 6: Taxa de crescimento de diferentes cultivares do gênero Brachiaria ao
decorrer do ano

Forrageira Região/Estado Taxa de crescimento (kg de MS/ha/dia)


Brachiária Cerrado Maio Setembro Dezembro
decumbens Brasil Cental 84 60 79
Brachiária Dezembro a Maio Junho a Novembro
Belem/PA
humidicola 35 15
Fonte: Vieira et al. (2005)
29

Conforme observado (Tabela 6) a Brachiaria humidícola apresentou maior


produção de matéria seca na estação chuvosa, pode-se ressaltar ainda que a nutrição
com nitrogênio está relacionada às proteínas em gramíneas tropicais e dessa forma,
uma aplicação maior de nitrogênio poderia ser benéfica ao crescimento da B.
humidícola. Quanto a B. decumbens, a mesma foi avaliada por quatro anos durante
os meses de maio, setembro e dezembro, sendo que o mês de maio foi onde a mesma
obteve a taxa de crescimento mais elevada. A diferença entre os meses se dá devido
às condições climáticas de cada época, apresentando o mês de maio condições mais
favoráveis ao desenvolvimento da cultivar.
Quanto à Brachiaria ruziziensis, Guedes (2012) buscou avaliar suas taxas de
crescimento em relação a idade de corte, como pode ser observado na Tabela 7 a
seguir.
Tabela 7: Taxas de crescimento de Brachiaria ruziziensis em relação a idade de
corte

Forrageira Região/Estado Taxa de crescimento (kg de MS/ha)


Brachiária Idade de Corte 21 35
Boa Vista/RR
ruziziensis (dias) 1713 3413
Fonte: Guedes (2012).
O primeiro corte foi realizado aos 21 dias, onde a taxa de crescimento obtida
foi de 1713 kg de MS/ha. No corte realizado ao 35º dia, a taxa de crescimento obtida
foi de 3413 kg de MS/ha. Durante o intervalo de 14 dias entre as duas avaliações, a
B. ruziziensis obteve um incremento de 1700 kg de MS/ha, um ganho
consideravelmente satisfatório.
30

7. CUSTO DE IMPLANTAÇÃO
Os custos de implantação e manutenção das pastagens de braquiárias, de
acordo com IFGA (2019), são demonstrados na figura 18.
Figura 16: Estimativa de custo de produção formação e manutenção de pastagens

Fonte: IFAG (2019)


Custo operacional efetivo para formação, renovação e manutenção de pasto
Brachiaria brizantha em junho de 2019 ficou em R$ 2.646,51. O custo operacional
total em R$ 2.742,29 e o custo total em R$ 3.432,81, por hectare.
A tabela 5 apresenta a análise dos custos em porcentagem na participação da
operação.
31

Tabela 8: Análise dos Resultados

Valor
Participação
Descrição (R$ ha-
(%)
1
)
COE - Custo Operacional Efetivo (desembolsos) 2.646,51 77,09
Depreciações e Remuneração do Produtor Rural 95,77 2,79
COT - Custo Operacional Total 2.742,29 79,88
Fatores Fixos 604,51 17,61
Custo Total 3.432,81 100
Fonte: IFAG (2019)
Tabela 9: Análise dos Resultados (Resumo)

Valor
Participação
Descrição (R$ ha-
(%)
1
)
COE – Resumo por etapa 2.646,51 100
Preparo do solo 1.184,68 44,76
Plantio 914,93 34,57
Manutenção 473,70 17,90
Despesas Financeira 73,20 2,77
COE – Resumo por tipo de custo 2.646,51 100
Mão-de-obra 9,54 0,36
Operações com Máquinas 471,18 17,80
Sementes 61,20 2,31
Fertilizantes e Corretivos 1.954,63 73,93
Defensivos 74,76 2,82
Financeiro e Administrativo 73,20 2,77
Custo operacional efetivo 2.646,51
Custo Formação/Reforma Pastagem 2.172,81
Custo Manutenção da Pastagem 546,91
Fonte: IFAG (2019)
Levando em consideração a tabela de custos, é possível observar que o
investimento mais significativo é em relação ao preparo do solo, com fertilizantes e
corretivos, enquanto o menor custo foi com sementes, o que demonstra que é possível
32

investir em sementes certificadas e de qualidade, pois além de seu valor ser baixo, se
a mesma não apresentar bons resultados, o alto investimento em outras etapas do
processo não terá importância significativa.

CONCLUSÃO

As gramíneas do gênero Brachiaria sp. apresentam boa produtividade. Porém,


cabe enfatizar que a eficiência produtiva de cada cultivar pode variar de acordo com
o manejo realizado, essencialmente quanto a nutrição, através de adubações e o uso
racional da pastagem, respeitando a carga animal adequada e os momentos certos
de entrada e saída dos animais
A Brachiaria brizantha e a Brachiaria decubens são as mais utilizadas no
território nacional, sendo a Brachiaria brizantha a principal, representando 50% das
Brachiarias cultivadas no país. Ambas apresentam uma boa produtividade quando em
condições adequadas, sendo que a escolha da cultivar a ser implantada irá depender
do clima, das condições de manejo, de implantação e do tipo de sistema que se
pretende utilizar. Além disso, as braquiárias podem contribuir com a estruturação do
solo, proporcionando maior sanidade e ganhos na produtividade das culturas.
Devido às diversas cultivares existentes de Brachiária e suas diferentes
características e exigências para uma boa adaptação, elas podem ser implantadas
nas mais diversas regiões do país, oferecendo uma gama diversificada de opções
para a escolha do produtor, de acordo com o local onde sua propriedade se encontra,
seus interesses, necessidades e condições.
A capacidade de suporte animal da pastagem demonstrou-se bastante variável
para cada região analisada, estando diretamente relacionada ao solo, clima, estação
do ano e cultivar forrageira; bem como o desempenho animal e o sistema de produção
adotado na área
33

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