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RESENHA

Texto: A seguridade social é um direito das mulheres. Vamos à luta!

Organizadoras: Isabel Freitas, Natalia Mori e Verônica Ferreira

Aluna: Amanda Pacheco Teixeira


Disciplina: Seguridade Social
Período: 10º
Aula: 09/12/2021
O texto aborda diferentes temáticas dentro do universo dos direitos da
mulher, iniciando a análise sobre a história das mulheres no trabalho; partindo
para a consolidação da seguridade social como um direito para tod@s e
encerrando a exposição abordando sobre o Fórum Itinerante das Mulheres em
Defesa da Seguridade Social (FIPSS).
O trabalho feminino sempre foi idealizado como sendo restrito a
determinadas funções, como os trabalhos domésticos, os serviços sociais, mas
sempre analisados como sendo a vocação precípua da mulher: a de servir. A
análise da mulher no mercado de trabalho nem sempre esteve ligada ao seu
potencia de gerar e possuir riquezas.
A ideia errônea de que o ingresso das mulheres no mercado de trabalho
se deu apenas após o período de industrialização, além de subjugar o labor
feminino como sendo menos produtivo que o masculino, o que justificaria um
salário também inferior, acabou por menosprezar e apagar da história funções
que as mulheres já desempenhavam antes mesmo do advento da indústria e
consolidação do sistema capitalista.
Isso porque, conforme aborda o texto, a mulher já trabalhava dentro de
casa, produzindo artigos artesanais que possibilitariam a acumulação de
recursos para consolidação das grandes indústrias. No Brasil, evidentemente, o
papel da mulher negra e escrava era ímpar, para além do trabalho intenso e
exaustivo nas casas-grande, seja como ama, escrava, cozinheira, babá,
sujeitando-se na maioria das vezes a ser subjugada como um objeto, violentada
e torturada. A exploração do trabalho da mulher negra é a base da colonização
brasileira.
A imagem do trabalhador sempre esteve vinculada à imagem de um
homem: forte, viril, inteligente, dotado de competência e capacidade para
exercer as mais difíceis funções. Já para a mulher, eram reservadas as tarefas
tidas como mais “fáceis”, cuja remuneração era sempre inferior – e ainda o é, em
diversas funções na atualidade –.
É com os estudos feministas na sociologia do trabalho que se reconhece
a existência de “dois sexos na classe operária”. 1 E o trabalho doméstico sempre
ficou a cargo da mulher, nunca do homem. 92% das mulheres que possuem
trabalho remunerado exercem dupla jornada. Enquanto as mulheres dedicam 25
horas das suas semanas para isso, os homens dispendem apenas 10 horas
semanais para afazeres domésticos.
Isso reflete a função determinada, desde a Bíblia, de que existem funções
precipuamente femininas. As divisões do trabalho, sejam sexuais, sejam raciais,
sempre colocam a mulher em posição de inferioridade, desemprego, emprego
precário, imposição do trabalho não remunerado, tudo isso umbilicalmente ligado
ao passado colonial e a escravidão.
Com a abolição da escravatura e “superação” desse período, o
embranquecimento do mercado de trabalho foi o responsável por excluir a
mulher e perpetuar a subjugação dos corpos femininos no mercado de trabalho.
Enquanto a mulher branca, com o processo de industrialização nos anos 1950,
passaria a exercer outras funções, para a mulher negra era reservada “parte do
lugar de trabalho que as brancas deixaram em casa”.
Com a Constituição de 1988, a seguridade social, amparada no tripé
saúde, assistência social e previdência social, constitui o alicerce do ideal
protecionista que as políticas sociais brasileira visam adotar. Apesar de se
inspirar em modelos de países com Estado de bem-estar-social, o Brasil jamais
alcançou esse nível.
Entretanto, a Constituição Cidadã inovou em diversos aspectos, criando
um sistema baseado na solidariedade e na publicização da previdência social. A
importância dessas mudanças remete a um sistema que exclui os direitos das
mulheres desde o início das civilizações. Está aí a importância de defender a
seguridade social: a garantia de proteção social aos direitos das mulheres, seja

1
SOUZA-LOBO, Elisabeth. “A classe operária tem dois sexos”. São Paulo : Brasiliense, SMC,
1991.
na saúde, trabalho, educação, dignidade humana e garantia das condições
mínimas existenciais.
A solução, evidenciada no texto, é fazer da seguridade social um
instrumento equalizador, a fim de possibilitar a redistribuição da renda e romper
com as desigualdades que assolam o país desde sua colonização. A
combinação entre justiça e igualdade é que consolidará um ideal de cidadania
que se adeque às realidades e singularidades que existem na sociedade
brasileira.

Referências:
FREITAS, Isabel; MORI, Natalia; FERREIRA, Verônica. A Seguridade Social é
um direito das mulheres. Vamos à luta! Brasília: CFEMEA: MDG3 Fund, 2010.

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