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Universidade do Estado do Pará

Curso de Licenciatura Plena em História


Disciplina: História da América III
Docente Tony Leão da Costa
Discentes: Aline Santiago e Débora Baía

Ensaio sobre as revoluções e experiências socialistas na América Latina contemporânea

1. Introdução

Neste ensaio, destacaremos alguns levantes armados que foram motivados principalmente
devido a instabilidades políticas e socias de seus países. Tais como, a revolução cubana, iniciada
em 1953 por grupos armados que buscavam a independência cubana e a emancipação do controle
norte americano de seu país. Nesse contexto, o Chile também passou por diversos conflitos
internos devido a instabilidade politica e a sua tentativa de estabelecer o socialismo após um
período de estabilidade política, tentativa esta que não obteve êxito e trouxe o chile de volta a sua
instabilidade politica. De forma análoga a revolução cubana, a revolução sandinista foi um levante
popular motivado principalmente pela interferência norte americana dentro da Nicarágua, este
movimento buscou por meio de armas e por meio pacíficos derrubar o governo da família
Somoza. Tendo em vista este contexto, este ensaio será dividido em dois tópicos, onde
abordaremos primeiramente a forma como estas revoltas são apresentadas na historiografia, e em
um segundo momento será abordado as diversas forma de interferência norte americana nestes
levantes. Este ensaio terá como método de analise a pesquisa bibliográfica, portanto buscaremos
expor a forma como estas revoltas foram geradas por diversos fatores dentro de suas
especificidades.

2. Historiografia brasileira e revolução cubana.

Para o melhor entendimento, dos acontecimentos que rodeiam o período que concerne a
revolução cubana, é muito importante compreender como a historiografia via tais acontecimentos.
Sendo assim este tópico não será voltado para a história dos acontecimentos, mas sim, para as
diferentes perspectivas das pessoas que viveram e escreveram sobre. De fato, muito do que foi
escrito e publicado sobre a revolução cubana não saiu necessariamente do ramo acadêmico,
muitos textos jornalísticos de caráter meramente informativo se tornaram referências clássicas do
tema, como os trabalhos de Fernando Moraes (1976) e Loyola Brandão (1978). Em suma a análise
do percurso historiográfico não pode ser restringida a produção científica dos historiadores de
ofício.
Neste sentido, pode-se dizer que a historiografia sobre a Revolução Cubana no Brasil se
encontra dividida entre reportagens jornalísticas, ensaios de humanistas, e trabalhos de Ciências
Sociais. Também se faz relevante observar que a revolução cubana trouxe uma grande dualidade
para as interpretações dos acontecimentos, enquanto houve um grande “temor” por parte da
grande imprensa, quando se fala do “perigo comunista”, as esquerdas exaltavam as novidades e
os estudiosos acadêmicos pareciam aguardar a melhor oportunidade para se pronunciar. Se faz
importante destacar que a maior parte dos escritos brasileiros sobre a Revolução Cubana está
localizada no final da década de 70, sendo que o primeiro texto tenha sido provavelmente o de
Almir Matos, de 1961. Depois, o livro de Fernando Morais, de 1976. Em 1978 surgiram os
trabalhos de Loyola Brandão, Jorge Escosteguy e, em 1979 o de Florestan Fernandes seguido pelo
livro de Blanco e Dória da coleção “Tudo é História” da editora brasiliense e o livro de Emir
Sader em 1985.

Por fim, se faz relevante analisar e compreender as produções sobre a revolução cubana,
pois elas refletem inúmeras perspectivas de sua época e das transformações sociais que tal
acontecimento pode promover, assim também pode-se entender a importância do impacto que tal
acontecimento provocou em todos os países latino americanos, em diferentes aspectos, tanto nos
espectros políticos, mesmo na extrema direita ou nos setores esquerdistas, quanto na economia e
relações externas.

3. Interferência norte americana na américa Latina

Considerando o contexto geopolítico da segunda parte do século XX, pode-se afirmar que
grande parte dos golpes de estado que ocorreram na América Latina tiveram participação direta
dos Estados Unidos, neste tópico trabalharemos alguns desses casos. Consideremos o caso do
Chile, os Estados Unidos foi um dos países diretamente responsáveis pela sabotagem do governo
Allende, temerosos pela nomeação de um presidente declaradamente marxista na América do Sul.
Os EUA acreditavam que as medidas econômicas de Allende prejudicavam os interesses de
empresas norte-americanas no Chile.

Assim, os norte-americanos instauraram um projeto para sabotar a economia chilena, tal ação
americana sobre a economia chilena, aliada às agitações de grupos de oposição, levou a uma total
desestabilização da economia. Assim, o PIB do país entrou em queda, a inflação disparou
alcançando mais de 300% e o país enfrentou grave crise de abastecimento de mercadorias. O
último ato contra o governo de Salvador Allende foi a formação de uma Junta Militar, que
organizaria o golpe. O principal nome desta junta foi o comandante e chefe do exército
chileno Augusto Pinochet. O golpe organizado pelos militares chilenos, apoiados pela CIA,
aconteceu no dia 11 de setembro de 1973, com pesado bombardeio sobre o Palácio La Moneda
(palácio presidencial). Nesse dia, Allende recusou-se a render-se e cometeu suicídio.
Outra grande intervenção estadunidense aconteceu na Nicarágua, está foi marcada por
muitos conflitos políticos. A Nicarágua era uma nação independente desde 1821, quando
conquistou sua independência dos colonizadores espanhóis. A história da Nicarágua, ao longo do
século XIX, foi marcada pela fragilidade das instituições políticas do país e pela interferência
direta dos Estados Unidos nas questões nicaraguenses.

Os estadunidenses apoiaram as forças de rebelião contra o então presidente


nicaraguense José Santos Zelaya por causa do interesse existente no potencial que a região
oferecia através do Canal da Nicarágua. Zelaya também regulava o acesso dos estrangeiros aos
recursos naturais do país, o que desagradava muito os Estados Unidos no contexto vivido, gerando
intervenções e apoio para derrubada do governante.

A forte influência dos Estados Unidos nos governos nicaraguenses gerou uma resposta
popular, e movimentos nacionalistas e de oposição aos americanos começaram a surgir no país.
Esses movimentos tiveram um momento de importância em 1912, quando ocorreu uma revolta
popular na Nicarágua contra o presidente Adolfo Díaz, claramente vinculado aos interesses dos
Estados Unidos. Essa revolta fez os EUA intervirem diretamente na Nicarágua e, a então os
marines, militares americanos, estabeleceram-se no país.

A forte presença dos EUAs na Nicarágua ainda gerava revolta nos meios populares e dessa
insatisfação surgiu um nome importante da história nicaraguense: Augusto César Sandino, este
engajou-se, a partir 1926, em uma luta contra a presença americana no país. Ele também lutava
pela divisão das terras e riquezas existentes no país entre todos os nicaraguenses. Por causa da
luta de Sandino, tropas americanas instaladas na Nicarágua retiraram-se do país entre 1932 e
1933, após realização de eleição Juan Bautista Sacasa saiu eleito presidente da Nicarágua. Em
exercício da função, Sacasa nomeou Anastasio Somoza García como chefe da Guarda Nacional,
exército nicaraguense que tinha como função manter a ordem interna.

Anastasio Somoza realizou um golpe na Nicarágua e, em 1936, assumiu o poder do país.


Com a subida de Anastasio Somoza ao poder, iniciou-se a ditadura dos Somoza (que se estendeu
até 1979). Além disso, foi ampliada a perseguição de Somoza contra os guerrilheiros sandinos
(Augusto César Sandino foi morto nessa perseguição em 1934). Essa perseguição aos sandinistas
estendeu-se durante todo o período em que Anastasio Somoza esteve no poder e quase exterminou
os sandinistas do país. No caso de Cuba houveram intervenções ainda mais diretas que remetiam
ao séc. XIX, desde a sua independência, em 1898, Cuba manteve-se alinhada com os Estados
Unidos. Antiga colônia espanhola, a ilha caribenha se tornou independente com ajuda dos norte-
americanos. Contudo, essa liberdade não se concretizou, pois os cubanos deixaram de ser
dependentes economicamente da Espanha para ser dos Estados Unidos. Ao longo das primeiras
décadas do século XX, a Emenda Platt confiou aos norte-americanos liberdade para intervir em
Cuba quando achassem necessário. Nesse período, a Casa Branca ordenou a construção de bases
navais na ilha e que os cubanos vendessem ou alugassem terras para que os EUA explorassem
o carvão da região. De 1952 até 1959, Cuba foi governada por Fulgêncio Batista, um ditador
aliado dos Estados Unidos e que governava de forma autoritária, perseguindo opositores e
censurando a imprensa. Essas ações violentas e arbitrárias do governo cubano motivaram Fidel
Castro, Ernesto Che Guevara e outros a unirem forças contra Fulgêncio Batista.

4. Conclusão

Portanto, podemos inferir que os levantes ocorridos na américa latina estão ligados
principalmente a busca por modelos políticos que contemplem os anseios populacionais e visem
também contemplar a soberania de seu pais, pois as interferências externas como foram
apresentadas no ensaio mostram que por vezes os países estrangeiros buscavam atender as seus
próprios interesses, em detrimento dos interesses dos países latino americanos, tais atitudes
podem ser observadas no uso do aparato militar de forma coercitiva em invasões a países latino
americanos, o uso da mídia para produção de um imaginário que devido ao contexto da
polarização da guerra fria foi extremamente efetivo até os dias atuais, imaginário esse que também
influenciou na representação desses movimentos dentro da historiografia ao longo dos anos.

REFERÊNCIAS

MOREIRA, Hudson e LIMA, Letícia Rizzotti. “Cuba é uma democracia?”. SANTOS, Fabio Luis
Barbosa dos; VASCONCELOS, Joana Salém; e DESSOTTI, Fabiana Rita (orgs). Cuba no
século XXI: dilemas da revolução. São Paulo: Elefante 2017. p. 55-60.

PRADO, Maria Ligia e PELLEGRINO, Gabriela. “Che Guevara e os movimentos


revolucionários latino-americanos”. In História da América Latina. São Paulo: Contexto, 2014.
p. 151-166.

SANTOS, Boaventura de Sousa. “Por que Cuba se transformou num problema difícil para a
esquerda?” A difícil democracia: reinventar as esquerdas. São Paulo: Boitempo, 2016. p. 73-87.

SOUSA, Geter Borges de. “Modelo de representação na legislação cubana”. E-legis, Brasília, n.
6 , p. 72-83, 1º semestre 2011. p. 80-81. Disponível em:
https://bibliotecadigital.tse.jus.br/xmlui/handle/bdtse/4993

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