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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO DA

REGIONAL DA LEOPOLDINA

THAMIRES BORGES PEREIRA, brasileira, solteira, comerciante, portador do CPF/MF


nº 148.092.777-55, com Documento de Identidade de n° 219822152 residente e domiciliado
na Rua Capitão Cruz, nº 01025 casa 8, CEP: 21250-520, CORDOVIL-RJ, vem
respeitosamente perante a Vossa Excelência propor:

AÇÃO DE DANOS MORAIS POR NEGATIVAÇÃO INDEVIDA


COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face de BANCO ITAU CARD S.A, pessoa jurídica de direito privado, com CPF/CNPJ
de nº 17.192.451/0001-70, com sede na Praça Alfredo Egydio de Souza Aranha, 100 - Torre
Olavo Setubal, 7º andar, Parque Jabara, CEP: 04344-902, SÃO PAULO/SP, pelas razões de
fato e de direito que passa a aduzir e no final requer:

DA JUSTIÇA GRATUITA

Consoante o disposto nas Leis 1.060/50 e 7.115/83, o Promovente declara para os


devidos fins e sob as penas da lei, ser pobre na forma da lei, não tendo como arcar com o
pagamento de custas e demais despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de sua
família.

Por tais razões, pleiteiam-se os benefícios da Justiça Gratuita, assegurados pela


Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (NCPC), artigo 98 e
seguintes.

DOS FATOS

A autora realizou um acordo de parcelamento com a empresa ré, em virtude de uma


dívida referente ao cartão de crédito, sendo gerada pois houve uma redução significante no
orçamento.

Desta forma, em 14/09/2020 a autora realizou o pagamento da última parcela do


acordo que tinha com empresa ré, a empresa ré informou que após o pagamento da primeira
parcela haveria a retirada do nome da autora dos cadastros de restrição ao crédito, SPC e
SERASA.

Insta salientar, que após o pagamento da primeira parcela não houve a retirada do
SERASA, mesmo após da quitação de todas as parcelas, a empresa ré não realizou a retirada
do nome da autora do cadastro de inadimplentes.

Desta forma a autora ainda recebeu e-mails de cobrança e informando que haveria
negativação do seu nome, porém imaginou que fosse algum erro, tendo em vista que as
parcelas estavam quitadas.

Urge esclarecer, que o valor do débito estava na monta de 1.519,25 (mil, quinhentos e
dezenove reais e vinte e cinco centavos), conforme extratos em anexo, verifica-se que houve o
pagamento de todas as parcelas.

Para ingrata surpresa da autora, em 29/11/2021 tentou contratar com instituições


financeiras, concessão de crédito, porém todas foram negadas, tendo em vista que seu
nome se encontra negativado, comprovantes em anexo.
Urge esclarecer, a autora já havia pago todas as parcelas com a empresa ré e foi
acordado que o nome da autora seria retirado dos cadastros de restrição de crédito após o
pagamento da primeira parcela.

Após 1 ano e 2 meses a autora solicitou crédito e seu nome estava negativado em
virtude DA NÃO RETIRADA DO NOME DA AUTORA DO SPC E SERASA.

Em período de crise financeira, onde muitos brasileiros não beiraram a miséria, pois
houve a concessão de crédito, conseguindo assim reduzir os efeitos da pandemia, a autora
ficou impossibilitada de gozar de tais recursos, pois seu nome encontrava-se negativado de
FORMA INDEVIDA.

A empresa ré prejudicou a autora, que mesmo com possuindo dívida, parcelou e


pagou com juros, demonstrando o interesse em ter seu nome limpo, não só demonstra a boa-
fé, bem como uma pretensão futura de crédito.

Por derradeiro, a autora já angustiada em não conseguir realizar crediário em lojas,


concessão de cartão de crédito, entrou em contato com o serviço de atendimento ao cliente da
empresa ré, a atendente Juliana funcionária da empresa ré informou que o não existia
mais dividas com a autora e estaria enviando o comprovante por CORREIOS, na qual
se faz necessário a juntada da ligação do protocolo: 2021 3337 78 59 80 000, que se
encontra na posse da empresa ré.

O certo é que até o presente momento, a AUTORA permanece com seu nome
registrado no cadastro do SERASA conforme extrato em anexo, por conta de um débito JÁ
QUITADO,

DO DIREITO E DANO MORAL

É de se registrar que tal NEGATIVAÇÃO do nome do AUTORA, foi perpetrada ao


arrepio da lei, sendo certo que não precedido da necessária notificação escrita ao
REQUERENTE, que mesmo ciente que NÃO DEVE e, tem-se violado o disposto no Art. 43
§2 do CDC:
“Art.43. O consumidor, sem prejuízo do disposto no art. 86, terá acesso
às informações existentes em cadastros, fichas, registros e dados
pessoais e de consumo arquivados sobre ele, bem como sobre as suas
respectivas fontes.”

§ “2º A abertura de cadastro, ficha, registro e dados pessoais e de


consumo deverá ser comunicada por escrito ao consumidor, quando
não solicitado por ele.”

Em decorrência deste incidente, a AUTORA experimentou situação constrangedora,


angustiante, tendo sua moral abalada, face à indevida inscrição de seu nome no cadastro de
inadimplentes com seus reflexos prejudiciais, sendo suficiente a ensejar danos morais, até
porque, a suposta dívida apresentada pela empresa RÉ já encontra-se QUITADO.

O certo é que até o presente momento, a AUTORA permanece com seu nome
registrado no cadastro do SERASA conforme extrato em anexo, por conta de um débito JÁ
QUITADO.

A empresa requerida atualmente está agindo com manifesta negligência e evidente


descaso com a AUTORA, pois jamais poderia ter cobrado a dívida e muito menos manter o
nome junto ao cadastro de inadimplentes.

Sua conduta, sem dúvida, causou danos à imagem, à honra e ao bom nome do Autor
que permanece nos cadastros do SERASA, de modo que se encontra com uma imagem de
“PÉSSIMO PAGADOR” perante a sociedade, de forma absolutamente indevida, eis que nada
deve.
Desta forma, não tendo providenciado a retirada do nome do AUTOR dos cadastros
dos serviços de proteção ao crédito, não pode a empresa requerida se eximir da
responsabilidade pela reparação do dano causado, pelo qual responde.

É oportuno aqui Excelência, fazer referência à Constituição Federal de 1988, que é


muito clara ao dispor, no seu art. 5º, inciso X, “verbis”:

“X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem


das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo material ou moral
decorrente de sua violação”.

Dessa forma, claro é que a empresa requerida, ao cometer imprudente ato, afrontou
confessada e conscientemente o texto constitucional acima transcrito, devendo, por isso, ser
condenada à respectiva indenização pelo dano moral sofrido pela Autora.

Diante do narrado, fica claramente demonstrado o absurdo descaso e negligência por parte da
requerida, que permaneceu com o nome da AUTORA até o presente momento inserido no
cadastro do SERASA, fazendo-o passar por um constrangimento lastimável.

A única conclusão a que se pode chegar é a de que a reparabilidade do dano moral puro não
mais se questiona no direito brasileiro, porquanto uma série de dispositivos, constitucionais e
infraconstitucionais, garantem sua tutela legal.

Para que se caracterize o dano moral, é imprescindível que haja:

Ato ilícito, causado pelo agente, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência;

Ocorrência de um dano seja ele de ordem patrimonial ou moral;

Nexo de causalidade entre o dano e o comportamento do agente.


A presença do nexo de causalidade entre os litigantes está patente, sendo indiscutível o liame
jurídico existente entre eles, pois se não fosse a manutenção do nome do AUTOR no rol de
protestados o mesmo não teria sofrido os danos morais pleiteados, objeto desta ação.

Evidente, pois, que devem ser acolhidos os danos morais suportados, visto que, em razão de
tal fato, decorrente da culpa única e exclusiva da EMPRESA RÉ, este teve a sua moral
afligida e sofreu constrangimento de ordem moral, o que inegavelmente consiste em meio
vexatório.

Dano moral, frise-se, é o dano causado injustamente a outrem, que não


atinja ou diminua o seu patrimônio; é a dor, a mágoa, a tristeza
infligida injustamente a outrem com reflexo perante a sociedade.

Preconiza o artigo 927 do Código Civil:

“Art. 927. Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica
obrigado a repará-lo”.

Indubitavelmente, feriu fundo à honra do autor ver seu nome protestado por um título
JÁ QUITADO E PRESCRITO, espalhando por todo e qualquer lugar que fosse a falsa
informação de que é inadimplente.

Em que pese o grau de subjetivismo que envolve o tema da fixação da reparação, vez
que não existem critérios determinados e fixos para a quantificação do dano moral, a
reparação do dano há de ser fixada em montante que desestimule o ofensor a repetir o
cometimento do ilícito.

Bem se vê, à saciedade, ser indiscutível a prática de ato ilícito por parte do requerido,
configurador da responsabilidade de reparação dos danos morais suportados pelo autor.
DA TUTELA ANTECIPADA

Conforme já exposto, a autora realizou o pagamento da dívida que encontra-se


maculando seu nome no cadastro de inadimplentes, ocasionando diversos problemas em sua
vida social e profissional, tendo em vista que diversos equipamentos essenciais a vida
humana, custam caro, não sendo possível realizar a compra com o pagamento integral, pois a
autora não goza de recursos financeiros que viabilizam a compra de uma máquina de lavar
roupas e arcar com as despesas de luz, água, aluguel e alimentação.

Desta forma, fica claro e evidente que a NÃO RETIRADA DO CADASTRO DE


INADIPLENTE, vem prejudicando demais a vida da autora, na qual necessita de forma
urgente de equipamentos domésticos e não consegue realizar compra parcelada, EM
VIRTUDE DE SEU NOME ENCONTRAR NEGATIVADO DE FORMA INJUSTA.

A tutela pretendida nesta demanda deverá ser concedida de forma antecipada, posto
que a parte autora preencha os requisitos do artigo 273 do NCPC, pois dentre os documentos
juntados se encontram provas suficientes DA REALIZAÇÃO DO PAGAMENTO DA
DÍVIDA.
Por outro lado, também há fundado receio de dano irreparável, ou de difícil reparação
tendo em vista a negativação do nome da autora gerar na sociedade a “IMPRESSÃO DE
UMA MAL PAGADORA” na pessoa do AUTORA

Portanto, se a tutela for postergada até a sentença final,


possivelmente a parte autora já terá sofrido danos irreparáveis.

Assim sendo, pelos motivos acima discutidos e demonstrados, desde já, requer seja
concedida a TUTELA ANTECIPADA, onde a empresa Ré, deverá imediatamente retirar do
quadro de devedores o nome do AUTOR, sob pena de agravar-se ainda mais a situação.

DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, serve a presente para requerer:

a) Seja deferido o pedido de antecipação dos efeitos da tutela, para que a empresa ré retire o
nome da Autora do banco de dados do Serviço de Proteção ao Crédito, sob pena de multa
diária a ser arbitrada por este douto juízo;
b) Seja notificada a empresa reclamada para, querendo, contestar a presente, devendo
comparecer, sendo antecipada o julgamento, conforme orientação do próprio CNJ, tendo em
vista ao ato normativo da pandemia.

c) Seja ao final, julgado procedente o pedido ora formulado, condenando a reclamada ao


pagamento do teto máximo de 40 (quarenta) salários mínimos à guisa de dano moral por
cobrar dívida já paga e negativar;

e) A concessão da Justiça Gratuita, nos termos da Lei nº 1.060/50, assegurados pela


Constituição Federal, artigo 5º, LXXIV e pela Lei 13.105/2015 (NCPC), artigo 98 e
seguintes.

Atribui-se à presente causa o valor de R$ 48,000,00 (QUARENTA E OITO MIL


REAIS).

Termos em que,

Pede Deferimento.

RIO DE JANEIRO 31 de JANEIRO de 2022


JORGE LUIS PINTO MARQUES JUNIOR

OAB/RJ 234.528

LEONARDO ARAUJO DA CONCEIÇÃO

OAB/RJ 176.154

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