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DIREITO ADMINISTRATIVO
REGIME JURÍDICO E PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
– PARTE 2 –
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SUMÁRIO

1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CAPUT, CF) ......................................................................... 4


e) Eficiência ............................................................................................................................................................ 4
f) Isonomia ............................................................................................................................................................. 5
g) Razoabilidade/proporcionalidade ..................................................................................................................... 7
h) Contraditório/ampla defesa .............................................................................................................................. 8
i) Autotutela......................................................................................................................................................... 14
J) Princípio da segurança jurídica ........................................................................................................................ 14
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO .......................................................................................................... 16
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA ........................................................................................................................................ 17
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ATUALIZADO EM 05/04/2020

REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO2

1. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (ART. 37, CAPUT, CF)

e) Eficiência

Foi introduzido no caput do art. 37 da CF pela EC nº 19/98 (Reforma Administrativa) e traduz a ideia de
uma administração gerencial.

A emenda 20/98, apesar de ser do mesmo e ano e tratar de direito administrativo, trata de
aposentadoria. A eficiência ganhou roupagem de direito expresso, mas ela já era exigida como princípio
implícito e já existia de forma expressa no art. 6º da lei 8987/95, que trata de serviço público. Então, se a
questão falar que “o princípio da eficiência não está expresso no texto constitucional, mas é aplicável a toda
atividade da administração pública” está ERRADO.

Art. 6º - Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos
usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas.

Ao revés, se a questão falar, por exemplo, “que o princípio da moralidade e o da eficiência estão
expressamente previstos na CF/88, ao passo que o da proporcionalidade constitui princípio implícito, não
positivado no texto constitucional” ou “O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de forma
explícita” estarão corretas!
A administração deve agir de modo célere, com o melhor desempenho possível de suas atribuições,
visando obter os melhores resultados. Uma das manifestações do princípio da eficiência, por exemplo, está nas
rotinas de controle de resultados a que se submete o poder executivo. A transparência dos atos administrativos
é um importante aspecto do princípio da eficiência, na medida em que coíbe a prática de atos que visam à
satisfação de interesses pessoais.
A partir do momento em que foram introduzidas no modelo regulatório brasileiro, as agências
reguladoras fizeram surgir o conceito de otimização funcional. Sua eficaz implementação baseia-se na

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As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de
diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos,
porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do
material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas
jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos
eventos anteriormente citados.
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Por Priscila Sertek
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autonomia da agência reguladora e na definição de instrumentos que proporcionem a eficiência produtiva
desta.

- Mas quais seriam os instrumentos para a concretização da eficiência?


(1) Alteração do art. 41 que trata da estabilidade dos servidores públicos, pois muito se falava que a estabilidade
acomodava o servidor. * A partir da EC 19/98, então, o servidor para garantir a estabilidade vai precisar de:
✓ Nomeação para cargo efetivo + 3 anos de exercício + avaliação especial de empenho
Esse último requisito está intimamente ligado à eficiência. Essa avaliação ainda precisa de regulamentação
na maioria das carreiras (lei complementar).

- Quais são as hipóteses em que o servidor pode perder o cargo?


• Processo administrativo (contraditório/ampla defesa)
• Processo judicial (trânsito em julgado)
• Avaliação periódica de desempenho. A avaliação de desempenho já existia, mas não retirava a
estabilidade do servidor.

(2) Racionalização da máquina administrativa. Art. 169, CF. Não dá para gastar tudo que se arrecada com folha
de pagamento. Isso seria ineficiente. O limite com pessoal é disposto na lei de responsabilidade fiscal, que lá no
art. 19 traz esse limite de 50% para a União, 60% para estados e municípios sobre a receita corrente líquida.
• E se estiver acima do limite? Começa-se reduzindo os cargos em comissão e funções e confiança em no
mínimo 20 %; na sequência, é possível a exoneração de servidores não estáveis e; por fim, os servidores
estáveis através de exoneração, por não haver caráter de punição.
• Nesse último caso o cargo é extinto e só pode ser recriado com funções idênticas ou assemelhadas
quatro anos depois, para que o administrador não utilize o instituto do 169 para tirar os inimigos
políticos da Administração. A sequência não pode ser desobedecida. Somente o servidor estável tem
direito à indenização.

É preciso ter eficiência em duas esferas: meios (gastar o menos possível) e resultados (produzir os
melhores resultados). Obs.: eficiência – conduta das pessoas; eficácia – meios, instrumentos; efetividade –
resultado.

f) Isonomia

Significa tratar os desiguais de forma desigual, na medida de suas desigualdades. A restrição deve
guardar compatibilidade com a finalidade da norma.
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#JÁFALEI #VOUREPETIR
O princípio da impessoalidade é corolário do princípio da isonomia.

• Ao conceder uma dilação do prazo de execução sem justificativa prevista em lei, a fiscalização contraria,
entre outros, o princípio da isonomia.
• A vedação absoluta ao direito de greve dos integrantes das carreiras da segurança pública é compatível
com o princípio da isonomia, segundo o STF.

ATENÇÃO: O princípio da isonomia é um dos fundamentos dos processos licitatórios e, consequentemente,


estão presentes nas questões de ambos os assuntos. Quase todas as questões que envolvem o princípio da
isonomia estão interligadas com o tema licitação. Vejam:

• Segundo esse princípio, são vedadas as restrições que venham a limitar de maneira abusiva,
desnecessária ou injustificada a participação de concorrentes em certame, pois o que se objetiva é,
sobretudo, a ampliação do universo de competidores.
• As normas que disciplinam as licitações públicas devem ser interpretadas em favor da disputa entre os
interessados, desde que não comprometam o princípio da isonomia.
• A Lei de Licitações destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a
selecionar a proposta mais vantajosa para a administração, que deve ser processada e julgada em
estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da
igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório e do
julgamento objetivo.
• As licitações destinam-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar
a proposta mais vantajosa para a administração.

#SELIGANASÚMULA: limite de idade em concurso público. Súmula 683 STF: O limite de idade para a inscrição
em concurso público só se legitima em face do art. 7º, XXX, da CF, quando possa ser justificado pela natureza
das atribuições do cargo a ser preenchido.

• O preenchimento de cargos públicos mediante concurso público, por privilegiar a isonomia entre os
concorrentes, constitui expressão do princípio constitucional fundamental republicano.
• Para exigir limite de idade - art. 7º, XXX – o limite de idade tem que está previsto na lei da carreira. Esse
raciocínio serve para tudo, altura, peso, atividade jurídica. Para o requisito ir para o edital tem que está
previsto na lei da carreira e ser compatível com as atribuições do cargo. O limite de idade é hoje
possível e é acolhido pela Constituição, desde que obedecidos os requisitos.
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• E se a previsão está em regulamentos, regimentos e não em lei? O STF discutiu tal questão em relação
às forças armadas, pois o limite de idade estava previsto em regulamento (RE 600885). O STF decidiu
que não foi recepcionada pela CF/88 a expressão “nos regulamentos das Forças Armadas” do art. 10 da
Lei 6880/80, que remetia a definição dos requisitos aos regulamentos. O princípio da segurança jurídica
impõe, no entanto, a modulação dos efeitos da não recepção, para assegurar a constitucionalidade dos
concursos realizados até 31 de dezembro de 2012. A primeira decisão era ate 30.11.2012, mas houve
embargos e o prazo foi aumentado. Dessa forma, o STF reafirma a exigência de que os requisitos
estejam previstos em lei em sentido estrito.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O limite de idade, quando regularmente fixado em lei e no edital de


determinado concurso público, há de ser comprovado no momento da inscrição no certame. STF. 1ª Turma. ARE
840.592/CE, Min. Roberto Barroso, julgado em 23/6/2015 (Info 791).

g) Razoabilidade/proporcionalidade

A razoabilidade é a coerência, lógica, congruência, equilíbrio, tendo sempre por base o padrão do
homem médio. Ela proíbe os excessos, as condutas insensatas. O administrador tem que agir com bom senso.
O princípio da razoabilidade se evidencia nos limites do que pode, ou não, ser considerado aceitável, e
sua inobservância resulta em vício do ato administrativo. Para os administrativistas, o princípio da
proporcionalidade está embutido no princípio da razoabilidade.
Esse princípio impõe à administração pública a adequação entre meios e fins, não permitindo a
imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao
atendimento do interesse público.
A palavra chave da proporcionalidade é o equilíbrio: entre os atos e as medidas, entre os benefícios e
prejuízos causados. Eles estão implícitos na CF/88 e expressos na norma infraconstitucional. Assim, se a questão
falar “Os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade estão expressos no texto da CF”, estará ERRADA.
Por outro lado, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, embora não estejam
mencionados no texto constitucional, estão previstos, de forma expressa, na lei que rege o processo
administrativo federal:

Art. 2º da lei 9784/99 A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança
jurídica, interesse público e eficiência.

Eles são, ainda, limites à discricionariedade do legislador. Mesmo quando for discricionário o ato, quando
não obedecer a esses dois valores, o judiciário estará autorizado a interferir, pois são princípios constitucionais.
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O poder judiciário faz aqui o controle de legalidade em sentido amplo, isto é, o controle do ato em relação a leis
infraconstitucionais e à própria CF. Por isso a doutrina trata desses princípios como limitadores da liberdade e
discricionariedade do administrador.
O poder de polícia, que decorre da discricionariedade que caracteriza a administração pública, é limitado
pelo princípio da razoabilidade/proporcionalidade. #JÁCAIUEMPROVA3

h) Contraditório/ampla defesa

Previstos no art. 5º, LV, CF.

Art. 5º, LV, CF. Vejamos: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

Os processos administrativos e judiciais estão sujeitos ao contraditório e à ampla defesa. Na via judicial
já estão sedimentados. Na via administrativa só aparece com a CF/88. A maioria das nulidades em processo
administrativo ocorre por falta de contraditório e ampla defesa, pois ainda se vive um amadurecimento dessa
consolidação.

- Contraditório é ciência, conhecimento da existência do processo. Tem duas bases:


• Base lógica: é a bilateralidade da relação processual
• Base política: a ideia de que ninguém pode ser processado e condenado sem ser ouvido, sem ser
chamado para participar.

- A ampla defesa é a oportunidade da parte se defender. Quais são os elementos que devem ser cumpridos para
que a ampla defesa seja efetiva?
• A defesa tem que ser prévia, isto é, tem que anteceder o convencimento do julgador + conhecimento
do procedimento + conhecimento das possíveis sanções.
• Conhecer as informações do processo: provas, acusações, etc.
• Direito à produção de prova e sua consequente avaliação, para que ela interfira no julgamento. Tem
que ser citada, debatida.
• Defesa técnica – advogado? Durante muitos anos, paulatinamente, o STJ construiu uma jurisprudência
no sentido de que a presença do advogado contribui para a regularidade do procedimento. Com isso, o
STJ publicou a súmula 343, afirmando que o advogado deveria estar presente em todas as fases do PAD
(processo administrativo disciplinar). Gerou uma grande confusão, pois se o advogado não estivesse

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2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Administrativa. Em relação aos princípios aplicáveis à administração
pública, julgue o próximo item. O princípio da proporcionalidade, que determina a adequação entre os meios e os fins,
deve ser obrigatoriamente observado no processo administrativo, sendo vedada a imposição de obrigações, restrições e
sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público (Certo).
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presente o processo seria anulado. Muitos servidores demitidos teriam direito à reintegração com
todas as vantagens do período em que estava afastado. O STF então para resolver a polêmica
econômica, editando a súmula vinculante nº 5, que a falta de defesa técnica não viola a CF, revogando
assim a súmula 343 do STJ.

*#DEOLHONAJURIS#DIZERODIREITO#STF Em caso de irregularidades do Estado-membro em convênio federal, a


União somente poderá inscrever o ente no SIAFI, no CADIN e no CAUC após o término do processo de prestação
de contas especial, observados os princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório O cadastro
restritivo não deve ser feito de forma unilateral e sem acesso à ampla defesa e ao contraditório. Isso porque,
muitas vezes, a inscrição pode ter, além de motivação meramente financeira, razões políticas. Assim, ao poder
central (União) é possível suspender imediatamente o repasse de verbas ou a execução de convênios, mas o
cadastro deve ser feito nos termos da lei, ou seja, mediante a verificação da veracidade das irregularidades
apontadas. Isso porque o cadastro tem consequências, como a impossibilidade da repartição constitucional de
verbas das receitas voluntárias. A tomada de contas especial, procedimento por meio do qual se alcança o
reconhecimento definitivo das irregularidades, com a devida observância do contraditório e da ampla defesa,
tem suas regras definidas em lei. Ao final, é possível tornar o dano ao erário dívida líquida e certa, e a decisão
tem eficácia de título executivo extrajudicial. STF. Plenário. ACO 2892 AgR/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red.
p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/9/2019 (Info 951).

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: A Súmula Vinculante 5 continua válida. O STF rejeitou proposta da OAB
que pretendia o cancelamento do verbete. Após a edição da SV 5, não houve mudança na legislação, na
jurisprudência ou na percepção da sociedade a justificar a revisão ou o cancelamento do enunciado. A súmula
vinculante deve ter certo grau de estabilidade, somente devendo ser cancelada ou revista em caso de
superveniência de fatos suficientemente relevantes. Assim, a falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a CF. STF. Plenário. PSV 58/DF, julgado em 30/11/2016 (Info 849).

*#LEMBRAR #OLHAOGANCHO: Para súmula vinculante ser modificada devem ocorrer 03 fatores: a) evidente
superação da jurisprudência do STF no tratamento da matéria; b) alteração legislativa quanto ao tema; ou c)
modificação substantiva de contexto político, econômico ou social.

• Direito de recurso. Para isso é necessário que haja uma decisão fundamentada. A Súmula Vinculante 21
trata da inconstitucionalidade no que tange a depósito prévio ou arrolamento e bens como
condicionante ao recurso administrativo. O recurso não poderia ficar vinculado à capacidade financeira
da parte. A SV 21 foi elaborada no âmbito da discussão do processo tributário, mas foi ampliada para
alcançar qualquer processo.
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#SELIGANASÚMULA: Súmula Vinculante nº3. Nos processos perante o tribunal de contas da união asseguram-
se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato
administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão.

Ninguém pode ser atingido por uma decisão/ato sem ter participado. Se a empresa x vai ser atingida,
tem que ser chamada a participar. Nos casos de aposentadoria, reforma e pensão não haverá contraditório e
ampla defesa no TCU. Isso porque o contraditório/ampla defesa, existiu em momento anterior (“fora do TCU”).
Ato inicial de concessão de aposentadoria, reforma e pensão é ato administrativo complexo, isto é, para se
tornar perfeito e acabado depende de duas manifestações de vontade, que se realizam em órgãos diferentes
(Administração + Tribunal de Contas). O aperfeiçoamento do ato se dá no TCU. Nesse ato complexo, o
contraditório e ampla defesa ocorrem na Administração em que há vinculação.

Na primeira parte da súmula o TC vai retirar algo que o sujeito já tem. Na segunda, o sujeito ainda não
tem aposentadoria. O STF fez um temperamento (“temperando a vinculante nº3”), pois o servidor ia até a Adm.
e requeria a aposentadoria. O servidor ficava em casa provisoriamente até decisão do TCU. Depois de 10 anos o
TCU resolvia que ele não tinha direito. O STF então entendeu que se o TC demorar mais de cinco anos para
confirmar o ato de aposentadoria ele terá que realizar o contraditório e ampla defesa.

*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STF O Tribunal de Contas tem o prazo de 5 anos para julgar a
legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, prazo esse contado da chegada do
processo à Corte de Contas. Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os
Tribunais de Contas estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão
inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF.
Plenário. RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445) (Info
967). Importante!!! Atualize seus livros!

#AJUDAMARCINHO Como funciona o procedimento de concessão da aposentadoria, reforma ou pensão no


serviço público? O departamento de pessoal do órgão ou entidade ao qual o servidor está vinculado analisa se
ele preenche os requisitos legais para a aposentadoria e, em caso afirmativo, concede o benefício. Esse
momento, no entanto, é chamado ainda de “concessão inicial” da aposentadoria, considerando que ainda
haverá um controle de legalidade a ser feito pelo Tribunal de Contas. Somente após passar por esse controle do
Tribunal de Contas é que a aposentadoria poderá ser considerada definitivamente concedida.

Diante disso, qual é a natureza jurídica do ato de aposentadoria? Trata-se de um ato administrativo
complexo (segundo o STJ e o STF). O ato administrativo complexo é aquele que, para ser formado, necessita da
manifestação de vontade de dois ou mais diferentes órgãos.
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Assim, a concessão de aposentadoria ou pensão constitui ato administrativo complexo, que somente se
aperfeiçoa após o julgamento de sua legalidade pela Corte de Contas.

Obs: a doutrina critica bastante esse enquadramento, mas foi como decidiram os Tribunais Superiores.

O TCU possui um prazo para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria,
reforma ou pensão? SIM. Por motivos de segurança jurídica e necessidade da estabilização das relações, é
necessário fixar-se um prazo para que a Corte de Contas exerça seu dever constitucional previsto no art. 71, III,
da CF/88:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de
Contas da União, ao qual compete: (...) III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de
pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões
de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento
legal do ato concessório;

E qual é esse prazo? 5 anos, com base no art. 1º do Decreto 20.910/1932:

Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou
ação contra a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos
contados da data do ato ou fato do qual se originarem.

Vale ressaltar que esse Decreto 20.910/1932 foi recepcionado pela CF/88 com status de lei ordinária.
Alguns de vocês podem estar pensando: mas esse art. 1º do Decreto 20.910/1932 trata do prazo prescricional
de pretensões propostas por particulares contra o Poder Público... Por que ele se aplica nesse caso do Tribunal
de Contas?

Na verdade, não existe realmente uma lei que preveja um prazo específico para essa hipótese. Não há uma
lei disciplinando o prazo para que o Tribunal de Contas analise a concessão inicial de aposentadoria, reforma ou
pensão.

Diante da inexistência de norma que incida diretamente sobre a hipótese, aplica-se ao caso o disposto no
art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB):

Art. 4º Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.

Assim, o STF, invocando o princípio da isonomia, entendeu que o mais correto seria aplicar, por analogia, o
prazo do art. 1º do Decreto 20.910/1932.
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O raciocínio do STF foi o seguinte: ora, se o administrado tem o prazo de 5 anos para pleitear seus direitos
contra a Fazenda Pública, deve-se considerar que o Poder Público, no exercício do controle externo (Tribunal de
Contas), também possui o mesmo prazo para rever eventual ato administrativo favorável ao administrado. Isso
é isonomia.

Desse modo, a fixação do prazo de 5 anos se afigura razoável para que o Tribunal de Contas proceda ao
registro dos atos de concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, após o qual se considerarão
definitivamente registrados.

A partir de quando é contado esse prazo de 5 anos? Esse prazo de 5 anos começa a ser contado no dia em
que o processo chega ao Tribunal de Contas. Assim, se o processo de concessão inicial da aposentadoria chega
ao Tribunal de Contas no dia 02/02/2015, a Corte de Contas terá até o dia 02/02/2020 para julgar a legalidade
deste ato. Se passar o prazo, o Tribunal de Contas não poderá mais rever esse ato. Esgotado o prazo, considera-
se que a aposentadoria, reforma ou pensão está definitivamente registrada, mesmo sem ter havido a análise
pelo Tribunal de Contas. Esse prazo de 5 anos vale também para o âmbito estadual (TCEs) ou só para o TCU? O
entendimento vale tanto para o Tribunal de Contas da União como para os Tribunais de Contas estaduais.

Em suma: Em atenção aos princípios da segurança jurídica e da confiança legítima, os Tribunais de Contas
estão sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do processo à respectiva Corte de Contas. STF. Plenário.
RE 636553/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/2/2020 (repercussão geral – Tema 445 (Info 967).

A SV 3 POSSUÍA UMA EXCEÇÃO, QUE DEIXA DE EXISTIR

Quando o Tribunal de Contas faz o controle de legalidade do ato de “concessão inicial” da aposentadoria,
reforma ou pensão, é necessário que ele assegure contraditório e ampla defesa ao interessado? NÃO. Isso
porque quando o Tribunal de Contas aprecia, para fins de registro, a legalidade das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, não há litígio ou acusação, mas tão somente a realização de um ato
administrativo. Logo, não havendo litígio, não é necessário contraditório ou ampla defesa. Para que não
houvesse dúvidas quanto a isso, o STF editou, em 30/05/2007, uma súmula: Súmula Vinculante 3-STF: Nos
processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o contraditório e a ampla defesa quando da
decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a
apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão.

++ (Juiz Federal TRF4 2014): Excetuada a apreciação da legalidade do ato de concessão inicial de
aposentadoria, reforma e pensão, nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-se o
contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou revogação de ato administrativo
que beneficie o interessado. (CERTO) A análise da aposentadoria ou pensão representa o exercício de uma
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competência constitucional do Tribunal de Contas (art. 71, III), motivo pelo qual ocorre sem a participação dos
interessados e, portanto, sem a observância do contraditório e da ampla defesa:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas da
União, ao qual compete: (...) III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como a das concessões de
aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal
do ato concessório;

A SV possuía uma exceção A jurisprudência do STF, antes do RE 636553/RS (Tema 445), havia construído uma
exceção à SV 3: se o Tribunal de Contas tivesse demorado mais do que 5 anos para analisar a concessão inicial
da aposentadoria, ele teria que permitir contraditório e ampla defesa ao interessado. Essa exceção deixou de
existir com o julgamento do RE 636553/RS. O STF passou a dizer que, se o Tribunal de Contas demorar mais que
5 anos para julgar a aposentadoria, reforma ou pensão, o ato é considerado definitivamente registrado.

Antes do RE 636553/RS (Tema 445) Depois do RE 636553/RS (Tema 445)


Não havia prazo para o Tribunal de Contas O Tribunal de Contas possui o prazo de 5 anos
apreciar a legalidade do ato de concessão para apreciar a legalidade do ato de concessão
inicial da aposentadoria, reforma ou pensão inicial da aposentadoria, reforma ou pensão.
Se o Tribunal de Contas demorasse mais de 5 Se o Tribunal de Contas demorar mais de 5
anos para apreciar a legalidade do ato, ele anos para apreciar a legalidade, ele não
continuaria podendo examinar, mas passava poderá mais rever esse ato. Esgotado o prazo,
a ser necessário garantir contraditório e considera-se que a aposentadoria, reforma ou
ampla defesa ao interessado. pensão está definitivamente registrada,
mesmo sem ter havido a análise pelo Tribunal
de Contas.
Esse prazo de 5 anos era contado a partir da Mesma regra. O prazo de 5 anos para que o
data da chegada, ao TCU, do processo Tribunal de Contas julgue a legalidade do ato
administrativo de concessão inicial da de concessão inicial de aposentadoria, reforma
aposentadoria, reforma ou pensão. ou pensão, é contado da chegada do processo
à respectiva Corte de Contas.
A SV 3 possuía uma exceção. A SV não possui mais exceção. Em nenhum
caso será necessário contraditório ou ampla
defesa.
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i) Autotutela

De acordo com o princípio da autotutela, a administração pública pode exercer o controle sobre seus próprios
atos, com a possibilidade de anular os ilegais e revogar os inconvenientes ou inoportunos. O controle
administrativo, bem como o controle interno, decorre do poder-dever de autotutela que a administração dispõe
sobre os seus próprios atos e agentes. #JÁCAIUEMPROVA4

#SELIGANASÚMULA: Súmula 346 STF A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos -
e Súmula 473 STF - A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam
ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

A Administração pode rever os seus próprios atos:


• Ilegal: anulação
• Inconveniente: revogação
Maria Sylvia diz que o princípio da autotutela também traz ao administrador o dever de cuidado com o seu
patrimônio. Tutelar é cuidar, zelar.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A Administração Pública pode anular seus próprios atos quando estes forem
ilegais. No entanto, se a invalidação do ato administrativo repercute no campo de interesses individuais, faz-se
necessária a instauração de procedimento administrativo que assegure o devido processo legal e a ampla
defesa. Assim, a prerrogativa de a Administração Pública controlar seus próprios atos não dispensa a
observância do contraditório e ampla defesa prévios em âmbito administrativo. STF. 2ª Turma. RMS 31661/DF,
rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/12/2013 (Info 732). STF. Plenário. MS 25399/DF, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 15/10/2014 (Info 763).

J) Princípio da segurança jurídica

Fundamenta-se na previsibilidade dos atos administrativos e estabilização das relações jurídicas.


Limita a prática de atos pela Administração, tais como: vedação à aplicação retroativa de nova
interpretação e sujeição do poder de autotutela a prazo razoável. #JÁCAIUEMPROVA5

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2017 – CESPE – TRF 1 – Analista Judiciário – Área Judiciária.

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2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Administrativa. Em relação aos princípios aplicáveis à administração
pública, julgue o próximo item. Em decorrência do princípio da segurança jurídica, é proibido que nova interpretação de
norma administrativa tenha efeitos retroativos, exceto quando isso se der para atender o interesse público. (Errado)
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O princípio da segurança jurídica pode ser estudado sob dois primas:
1) OBJETIVO - refere-se à irretroatividade das normas e à proteção dos atos perfeitamente realizados,
em relação a modificações legislativas posteriores.
2) SUBJETIVO - trata justamente da preservação das expectativas legítimas da sociedade com a
produção de harmonia das relações jurídicas (princípio da proteção da confiança).
#JÁCAIUEMPROVA6

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, o princípio da proteção


da confiança dos administrados constitui a face subjetiva do princípio da segurança jurídica. Essa face subjetiva
relaciona-se com o caráter psicológico daquele que acreditou estar atuando conforme o direito. Assim, a
caracterização da confiança legítima do administrado para com a administração depende necessariamente da
boa-fé do administrado, que acreditou nas expectativas geradas pela atuação estatal. Logo, não se admite a
invocação do princípio da proteção da confiança quando o administrado atua de má-fé perante a administração.
Tampouco se admite a invocação do princípio em comento nos casos em que o particular sabe que está
albergado por medida judicial precária, como nos casos de posse precária em cargo público via decisão liminar.
#JÁCAIUEMPROVA7
Ainda nesse cenário de confiança e expectativa entre administração e administrado, os tribunais
superiores vem admitindo a aplicação do venire contra factum proprium (proibição do comportamento
contraditório) no âmbito do direito administrativo. Ora, se existe todo um aparato principiológico regulando
essa relação entre particular e Estado, não haveria motivo para se negar a aplicação deste consectário do
princípio da boa-fé e do respeito aos deveres anexos de lealdade, cooperação e informação da Administração
Pública perante os seus administrados, atuando de modo a não os surpreender.
ATENÇÃO!! A jurisprudência dos Tribunais Superiores não admite a aplicação deste princípio no caso de
situações flagrantemente inconstitucionais.

*#OUSESABER: O que significa princípio da reserva da Administração? A “reserva de administração” é um


instituto do direito constitucional e administrativo, que envolve temas ligados à reserva de lei, à organização da

Obs: O art. 2º, parágrafo único, XIII, da Lei nº 9.784/99 prevê a vedação à interpretação retroativa de nova interpretação de
norma administrativa, da qual não cabe exceção, nem mesmo para atender o interesse público.

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2018 – CESPE – STJ – Analista Judiciário – Área Judiciária. Considerando a doutrina e a jurisprudência dos tribunais
superiores no tocante aos princípios administrativos e a licitação, julgue o item que se segue: Embora sem previsão
expressa no ordenamento jurídico brasileiro, o princípio da confiança relaciona-se à crença do administrado de que os atos
administrativos serão lícitos e, portanto, seus efeitos serão mantidos e respeitados pela própria administração pública.
(Certo)

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2017 – CESPE – TRF 1 – Analista Judiciário – Área Administrativa. Sérgio foi reprovado em concurso público, mas, por
força de decisão liminar obteve sua nomeação e tomou posse no cargo pretendido. Seis anos depois, a medida foi revogada
por decisão judicial definitiva e Sérgio foi exonerado pela administração. Nessa situação, ao exonerar Sérgio a
administração violou o princípio da proteção da confiança legítima. (Errado)
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Administração, à separação de poderes, ao princípio da legalidade, às funções típicas e atípicas dos poderes, ao
poder regulamentar, etc. Canotilho conceitua “reserva de administração” como “um núcleo funcional de
administração ‘resistente’ à lei, ou seja, um domínio reservado à administração contra as ingerências do
parlamento”. A “reserva de administração” possui duas espécies: a reserva de administração em sentido estrito
e a reserva de regulamento.

Reserva de administração em sentido estrito está associada à ideia de separação de poderes, baseia-se na
proibição de ingerência de um Poder nas funções típicas de outro. Objetivamente, a reserva em sentido estrito
se revela na proibição voltada ao Legislativo e ao Judiciário para que esses Poderes não adentrem no campo da
função administrativa, especificamente no mérito administrativo.

Já a reserva de regulamento verifica-se quando o ordenamento jurídico, especialmente a Constituição, tira


determinada matéria do âmbito do Poder Legislativo, atribuindo exclusivamente ao Poder Executivo a
competência para normatizá-la, que a exerce por meio dos regulamentos autônomos. Neste caso, há uma
vedação à edição de leis formais nesses campos, sob pena de inconstitucionalidade formal. No Brasil é admitido
a edição de regulamentos de execução independentes. Entretanto, devem ser atendidos alguns requisitos
como: não incidir em um campo de reserva legal; buscar atender aos objetivos do Estado, ao interesse público
ou tutelar direitos; ser editado de acordo com os princípios de direito administrativo, etc.

O STF já reconheceu a reserva de administração em várias hipóteses, como no RE 427.574-ED, Rel. Min. Celso de
Mello, julgamento em 13-12-2011, Segunda Turma; ADI 3.343, Rel. Min. Luiz Fux, julgamento em 1-9-2011.

*Tal reserva pode ser dividida em 2 categorias: a) GERAL, que se fundamenta no princípio da separação dos
poderes e significa que a atuação de cada órgão estatal não pode invadir ou cercear o núcleo essencial da
competência dos outros órgãos; b) ESPECÍFICA, que surge quando a CF destaca determinadas matérias,
submetendo-as à competência exclusiva do Executivo.

No Brasil, o STF já reconheceu a existência de um verdadeiro PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA RESERVA DE


ADMINISTRAÇÃO, com fulcro no princípio da Separação dos Poderes, cujo conteúdo impediria a ingerência
normativa do Legislativo em matérias sujeitas à exclusiva competência administrativa do Executivo. Ex: É
inconstitucional declaração pelo Legislativo da nulidade de concurso público realizado pelo Executivo por
suposta violação às normas legais, pois uma declaração dessa natureza revelaria o exercício de autotutela que
só poderia ser exercida com exclusividade por quem realizou o certame. (ADInMC 2.364/AL). Fonte: Rafael
Rezende.

DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO

DIPLOMA DISPOSITIVO
CF Art. 37
Lei nº 9.784/99 Art. 2º
17
Súmula do STF 346 e 473

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

CARVALHO, Matheus. Manual de Direito Administrativo. Salvador: Juspovidm, 2015.


FILHO, José dos Santos Carvalho. Manual de Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2015.
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2014.

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