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O estatuto e o contrato social são considerados as leis internas das sociedades (limite dessa
regulação está sempre na lei; só pode haver disposição das partes quando a lei assim permitir).
Estas leis regulam a sociedade e as relações dos sócios entre si.
Existem regras dispositivas e regras de ordem pública. Apesar do direito societário ser um
ramo do direito privado, as regras de ordem pública não podem ser objeto de convenção das
partes, estas devem ser observadas de forma imperativa (se for contrário, há uma nulidade
absoluta). Já as regras dispositivas podem ser modificadas pela vontade dos sócios e só terão
eficácia na ausência de disposição dos sócios acerca da matéria (a lei só permite que essas
convenções sejam estabelecidas no contrato/estatuto social).
Ex. de regra dispositiva: Art. 1.007/CC – a participação nos lucros é de acordo com o
investimento de cada sócio no capital social da sociedade empresária, salvo estipulação em
contrário
Ex. de regra de ordem pública: Art. 1.008/CC
Existem convenções que dizem respeito à relação estritamente privada dos sócios, que são
estabelecidas nos acordos para-sociais. Acordos para-sociais são acordos privados celebrados
pelos sócios para regular determinados direitos e obrigações entre si, podendo produzir ou
não efeitos perante a sociedade. Mas é claro que esses acordos têm o limite, em primeiro
plano, na lei e, em segundo plano, no contrato/estatuto social. Não é dada publicidade a esse
acordo, ao contrário do que acontece com o contrato/estatuto social.
O patrimônio social é formado a partir da contribuição dos sócios para formar o capital social,
primeiramente, e depois, a partir dos lucros aferidos pelo exercício da empresa.
Capital social ≠ patrimônio da sociedade
O capital social é o índice que mede a capacidade da patrimonial da sociedade. Ele é estático,
está declarado no contrato/estatuto social; traduz a transferência de valores e bens que os
sócios movem do seu patrimônio privado para o da sociedade com o fim de capacitá-la a
explorar o seu objeto. Já o patrimônio da sociedade é dinâmico, aumenta e diminui todo dia
de acordo com o sucesso do exercício da atividade econômica pela sociedade.
O capital social somente vai representar o patrimônio da sociedade naquele momento zero,
em que a sociedade se constitui, o que é muito difícil de ser aferido concretamente.
- Dever de lealdade –> O sócio sempre deve influir na sociedade de modo que ela exerça o seu
objeto e não em interesse pessoal ou de terceiros. Não deve entrar em relações econômicas
conflitantes com a sociedade.
Esse dever aflora no exercício de voto do sócio, pois ele está contribuindo para a formação da
vontade social (deve deixar de votar quando tiver conflito de interesses com a sociedade
naquela matéria). No caso de exercício abusivo do voto, o sócio deverá os outros sócios pelos
prejuízos resultantes dessa quebra de lealdade.
Os direitos essenciais dos sócios são aqueles que nem o contrato/estatuto social ou
deliberação assembleiar pode violar ou restringir. São garantidos por lei de ordem pública, são
impostergáveis. Se frustrado, o ato derivado deste será nulo de pleno direito.
- Direito na participação dos lucros –> Não há nenhuma ilegalidade em determinar que todo o
lucro seja destinado em prol da sociedade. O que não se fazer é excluir o sócio de participar
dos lucros ou concentrar os lucros na mão de um sócio apenas. Se houver uma disposição
neste sentido, haveria uma cláusula leonina, ou seja, nula de pleno direito. Cada sócio deve ter
seu lucro proporcional a sua quota; o capital social é o índice de referência para a distribuição;
mas pode haver convenção das partes quanto a variação das porcentagens (estipulada em
contrato, acordo para-social ou deliberação assembleiar com voto unânime, pois isso é um
interesse de todos os sócios, não há prevalência da vontade da maioria).
- Direito de participar nas deliberações sociais –> Pode haver sócios que não tenham direito de
voto nas deliberações sociais (na sociedade anônima, ele não é um direito essencial, já nas
outras, é). Assim faz-se diferença entre “direito de voz” (participar das deliberações em toda e
qualquer sociedade e fazer uso da palavra) e “direito de voto”.
- Direito de fiscalização –> Todo sócio tem direito de fiscalizar os atos da sociedade nos termos
da lei e do interesse da sociedade (se houver recusa, há uma ação judicial para exigir o
fornecimento de documentos). O sócio, porém, não pode usar tal prerrogativa de maneira
abusiva para comprometer o andamento da sociedade.
Na sociedade anônima, há a figura do Conselho Fiscal, pois ela é muito mais identificada com
grandes corporações. Na sociedade limitada, o Conselho Fiscal é opcional.