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DA MATEMÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO
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Introdução
Neste primeiro capítulo, você terá a oportunidade de explorar algumas relações entre os aspectos metodológicos
adotados pelo professor e o processo de aprendizagem dos estudantes na Educação Infantil.
De início, você vai analisar alguns fundamentos teóricos metodológicos para o ensino da matemática: um breve
histórico do ensino da Matemática no Brasil; uma discussão a respeito das principais tendências metodológicas
para o ensino da matemática, de acordo com pesquisas na área; uma discussão teórica sobre a formação de
professores para o ensino da matemática e, por fim, a enumeração de alguns desafios para o ensino de
matemática no contexto atual.
Na sequência será abordado o processo de ensino e aprendizagem de Matemática nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. Neste contexto, você verá uma proposta de processo de ensino e de aprendizagem e ensino a
partir de uma abordagem pós-construtivista, além de se discutir o papel do professor e sua postura didática
perante o processo de ensino e aprendizagem em Matemática. Voltando nosso olhar para a Educação Infantil, os
saberes matemáticos das crianças também serão abordados nesta discussão.
Ainda com o olhar voltado para a Educação Infantil, você vai conhecer algumas proposições teórico-
metodológicas para o Ensino da Matemática, como a presença da matemática na Educação Infantil e a utilização
de jogos para o processo de ensino e de aprendizagem da matemática.
Por fim, revisará ainda alguns pressupostos teórico-metodológicos da alfabetização matemática e a linguagem
matemática e suas representações na Educação Infantil.
Vamos começar?
Desta forma, tal movimento marcou o início de mudanças significativas na metodologia do ensino da
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Desta forma, tal movimento marcou o início de mudanças significativas na metodologia do ensino da
matemática, e consequentemente desencadeou determinada preocupação com a Didática da Matemática,
intensificando, consequentemente, pesquisas e estudos nesta área (PIRES, 2010).
As discussões construídas a partir das pesquisas e estudos em torno da educação e didática da matemática
influenciaram diretamente muitas das reformas educacionais que ocorreram ao redor mundo desde então. As
propostas elencadas entre as décadas de 80 e 90 apresentam alguns pontos em comum, conforme discutido por
Pires (2010). Para conhecer mais sobre as propostas, clique nas abas a seguir.
Aquisição de competências
O ensino fundamental que deixa de ter como foco a preparação do indivíduo para o mercado de
trabalho ou estudos posteriores e se concentra na aquisição de competências básicas para que o
estudante se forme enquanto cidadão.
•
Participação do aluno
Resolução de problemas
A utilidade da matemática passa a ser destacada por meio da resolução de problemas extraídos de
contextos cotidianos.
•
Renovação permanente
Assim, especialistas e professores da educação básica passaram a se preocupar com os pontos elencados e, por
isso, uma série de concepções matemáticas, estratégias metodológicas e instrumentos de avaliação começaram a
ser discutidos na área.
Estudos no âmbito da Educação Matemática ainda têm discutido alternativas e estratégias metodológicas que, de
alguma forma, podem auxiliar o professor de matemática em seu trabalho dentro de sala de aula. Essas
alternativas serão abordadas no próximo subtópico.
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Metodologias
De forma geral, é possível afirmar que o escopo de pesquisas desenvolvidas na área de Educação Matemática
muitas vezes é composto pela discussão de diferentes alternativas e estratégias metodológicas que podem
auxiliar o professor no ensino da matemática. Dentre tais tendências, discutiremos aqui, seis delas, a saber: a
etnomatemática, a modelagem matemática, a história da matemática, o uso de recursos tecnológicos, a resolução
de problemas e a investigação matemática.
Origem
De acordo com D’Ambrósio (2002, p. 12) a “etnomatemática teve sua origem na busca de entender o fazer e o
saber matemático de culturas marginalizadas”, tais como colonizados, indígenas e classe trabalhadora e também
o conhecimento da cultura dominante.
Conceito
Partindo disso, D’Ambrósio (2002) conceitua o termo etnomatemática como um corpo de artes, técnicas, modo
de explicar, entender e conhecer habilidades e competências matemáticas de povos inseridos em ambientes com
diferentes culturas.com o autor supracitado, um dos intuitos da Etnomatemática é romper com vários dos
Ainda de acordo
parâmetros do ensino tradicional por meio de uma adequação sociocultural do ensino que leva em conta
diferentes povos com diferentes saberes e culturas.
VOCÊ O CONHECE?
Ubiratan D’Ambrósio, nascido em 1932, é um matemático brasileiro e professor emérito da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O professor D’Ambrósio é um teórico muito
premiado na área de Educação Matemática (Prêmio Kenneth O. May em 2001, e medalha Felix
Klein em 2005) e pioneiro no estudo da etnomatemática. Seu nome figura como signatário de
importantes documentos no mundo da ciência nacional e internacional, como a Declaração de
Veneza de 1986 e a Carta da Transdisciplinaridade de 1994.
Outra tendência metodológica é a chamada modelagem matemática que, para Almeida e Brito (2005) pode ser
entendida como uma alternativa pedagógica da qual abordamos, por meio da matemática, uma situação não
essencialmente matemática.
A partir desta mesma concepção de modelagem matemática, Almeida, Silva e Vertuan (2012) destacam que o
encaminhamento de uma atividade de modelagem matemática envolve fases referentes ao conjunto de
procedimentos necessários para configuração, estruturação e resolução de determinada situação-problema,
caracterizando-as como: inteiração, matematização, resolução, interpretação de resultados e validação.
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VOCÊ QUER LER?
Para conhecer um pouco mais sobre a modelagem matemática, com foco nos anos iniciais da
escolarização, indicamos a leitura do livro “Modelagem Matemática na Educação Básica”. A
obra escrita por Lourdes Maria Werle de Almeida, Karina Alessandra Pessoa e Rodolfo
Eduardo Vertuan apresenta uma série de problemáticas oriundas de situações cotidianas que
podem ser solucionadas por meio da matemática.
Para conhecer mais sobre a História da Matemática, para Vianna (2010) esta tem a função de contextualizar os
conteúdos matemáticos despertando no aluno a consciência histórica a partir de conhecimentos do passado
aceitos pela comunidade matemática.
D’Ambrosio (2002) destaca que a História da Matemática, por estabelecer uma relação com a cultura de
diferentes povos, serve tanto para professores quanto para estudantes, demonstrando que a Matemática pode
também ser vista como parte dos costumes, valores e crenças dentro do processo de evolução de um povo.
Outra tendência metodológica bastante abordada em pesquisas no âmbito da Educação Matemática diz respeito
ao uso de recursos tecnológicos no processo de ensino e aprendizagem da matemática. Segundo Valente (2014)
o uso de tais recursos pode fazer com que a aula se torne mais interativa e que o professor desenvolva seu
trabalho de forma mais interessante, substituindo o famoso quadro negro e o giz pelos recursos dinâmicos
oferecidos pela atualidade tecnologicamente desenvolvida ou mesmo utilizando estes dois métodos como um
auxiliador no processo de ensino e de aprendizagem da Matemática.
Além disso, o uso de recursos tecnológicos no processo de ensino e de aprendizagem, especialmente da
matemática, pode possibilitar a descoberta e compreensão de outras formas de ensino, por exemplo, por meio da
utilização softwares educacionais. Segundo Borba e Lacerda (2015), o uso de mídias tecnológicas para o ensino
de matemática põe em destaque questões importantes para o processo de ensino e aprendizagem da
matemática, como a curricularização dos conteúdos, a importância de experimentações e simulações em aulas de
matemática, dentre outras questões.
Nas diferentes etapas da educação é necessário que seja dada aos estudantes a oportunidade de obterem
habilidades e estratégias que lhes proporcionem a apreensão de novos conhecimentos por si mesmos, e não
apenas a obtenção de conhecimentos prontos e acabados que fazem parte da nossa cultura. Visando tal
necessidade, se destaca a resolução de problemas, enquanto metodologia educacional.
Entendendo a resolução de problema como um método, Polya (1997) propõe um encaminhamento que leva o
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Entendendo a resolução de problema como um método, Polya (1997) propõe um encaminhamento que leva o
estudante a pensar o problema de modo a descobrir a solução. De forma resumida, são quatro as etapas que o
autor propõe: compreender o problema; planejar sua resolução; executar o plano; e examinar a solução.
Por fim, a investigação matemática, segundo Ponte, Brocardo e Oliveira (2009) pode ser tida como o ato de
trabalhar conteúdos matemáticos a partir de questões que, de alguma forma, despertem o interesse dos
estudantes, mas que, inicialmente, apresentam-se de maneira confusa.
CASO
Em sua tese de doutorado, Tortola (2016) desenvolveu atividades de modelagem matemática
com estudantes da Educação Infantil. Dentre tais atividades, uma delas abordou o crescimento
das unhas. Para resolver esta atividade os alunos tinham que responder às seguintes
perguntas: 1) Quanto crescem suas unhas ao longo dos meses, caso você não as corte? 2) De
quanto em quanto tempo você deve cortar suas unhas para evitar problemas de saúde?
Usando desenhos e operações matemáticas simples os estudantes apresentaram modelos
matemáticos que representavam a situação e respondiam a problemática proposta.
Para conhecer mais sobre a tese de Tortola (2016), bem como sobre as possibilidades de articulações entre
diferentes tendências metodológicas no processo de alfabetização, assista ao vídeo abaixo.
https://cdnapisec.kaltura.com/p/1972831/sp/197283100/embedIframeJs/uiconf_id/30443981/partner_id
/1972831?iframeembed=true&playerId=kaltura_player_1545320500&entry_id=1_zjvcjc4g
Como já citado, todas as tendências metodológicas abordadas neste tópico têm sido amplamente abordadas em
pesquisas e estudos em Educação Matemática. Além disso, a inserção destas tendências nos currículos dos
cursos de formação docente, principalmente licenciaturas, tem sido cada vez mais ampla. Alguns aspectos sobre
a formação de professores para o ensino da matemática serão abordados a seguir.
A formação dos docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de
licenciatura, de graduação plena de universidade e institutos superiores de educação, admitida,
como formação mínima para o exercício do magistério da educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros
anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio modalidade normal. (BRASIL, 1996, p. 29)
Desta maneira, como ressaltado por Sá, Freitas e Pires (2017), a formação docente é algo fundamental para o
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Desta maneira, como ressaltado por Sá, Freitas e Pires (2017), a formação docente é algo fundamental para o
processo de ensino e aprendizagem dos educandos, isto é, tal formação é um passo primordial para que o
profissional possa desempenhar seu trabalho de maneira eficaz. Ainda segundo as autoras supracitadas, a
formação inicial proporciona, além dos conhecimentos teóricos, a prática da ação pedagógica, enquanto que a
formação continuada ressignifica a atuação docente oferecendo o suporte necessário para que o conhecimento e
educação aconteçam de forma eficiente.
É possível destacar uma série de dificuldades e desafios encontrados nos diferentes cursos de formação inicial
para docentes. Por exemplo, programas curriculares insuficientes para uma formação docente adequada à
sociedade atual. Além disso, o ensino de matemática em si também possui seus próprios desafios, que serão
discutidos no subtópico seguinte.
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VOCÊ SABIA?
A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) executa, a cada três
anos, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) que, em síntese, é uma avaliação
internacional que mede o nível educacional do país por meio de provas de Leitura, Matemática
e Ciências. O objetivo principal do Pisa é produzir indicadores que contribuam, dentro e fora
dos países participantes, para a discussão da qualidade da educação básica e que possam
subsidiar políticas nacionais de melhoria da educação (CARVALHO, 2009). Além disso, a partir
dos resultados do Pisa é possível identificar quais as principais dificuldades que o ensino tem
enfrentado.
Outros desafios são destacados no documento da Unesco, assim como em outras pesquisas e estudos, como a
complexidade do numeramento dos estudantes; o desafio da evolução das práticas de ensino; o desafio da
avaliação; o desafio do professor, neste caso referindo-se à sua formação inicial e continuada; o desafio entre os
diferentes atores da educação (docentes, discentes, orientadores; supervisores; pais; comunidade externa); o
desafio de organizar as complementaridades entre a educação formal e não formal; e, por fim, os desafios
tecnológicos.
VOCÊ O CONHECE?
Jean Piaget (1896-1980) foi um filósofo, biólogo e psicólogo que fundamentou sua teoria no
processo de desenvolvimento biológico e cognitivo das crianças. Assim, ele determinou a
impossibilidade da dissociação do desenvolvimento orgânico do desenvolvimento cognitivo do
indivíduo (SILVA; VIANA; CARNEIRO 2011), uma vez que o ser que aprende só é capaz de fazê-
lo comportando-se como sujeito ativo de sua aprendizagem, isto é, como sujeito autônomo.
Além disso, neste tópico você também vai estudar sobre o papel do professor, enquanto sujeito que, de alguma
forma, medeia e facilita o processo de ensino e aprendizagem do estudante. Algumas atitudes que contribuam
para que o professor tenha uma postura didática adequada em sala de aula também serão discutidas, como: a
importância de voltar a atenção para a sala toda; a necessidade de elaboração de um contrato didático com a
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importância de voltar a atenção para a sala toda; a necessidade de elaboração de um contrato didático com a
turma; o domínio do tempo; dentre outros (ZIMER, 2008).
Por fim, alguns aspectos relacionados ao estudante também serão abordados no tópico que discutirá os saberes
matemáticos necessários para as crianças em seus primeiros anos de escolarização.
Pós-construtivismo
Na língua portuguesa, o prefixo pós significa indica posterioridade, que se sucede no tempo a algo.
Isto dado, Portella (2016) define o pós-construtivismo como uma perspectiva do sujeito que
ultrapassa o construtivismo (por isso o prefixo pós), considerando outras dimensões como a social
e a subjetiva para compreender como se ensina e/ou se aprende algo. Freitag (2011, p. 30-31)
destaca que na maior parte dos casos descritos em estudos com concepções piagetianas ainda não
há uma preocupação “de tirar consequências práticas das elucubrações teóricas” como nas
propostas pós-construtivistas.
•
Proposta de ensino
Considerando todas essas fundamentações, a proposta de ensino pós-construtivista busca, de certa forma,
mostrar que todos os sujeitos são capazes de aprender.
Portanto, uma proposta pós-construtivista possui impactos diretos no processo de ensino e aprendizagem de
matemática determinando, por exemplo, o papel do professor neste processo (ZIMER, 2008). Isto será tema do
próximo subtópico.
Pensando nessa prática social, Bulgraen (2010) destaca que é preciso que o professor esteja ciente de que não
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Pensando nessa prática social, Bulgraen (2010) destaca que é preciso que o professor esteja ciente de que não
basta tratar somente de conteúdos atuais em sala de aula, mas é preciso resgatar conhecimentos amplos e
históricos para que, assim, seja possível que os estudantes interpretem suas experiências e suas aprendizagens
na vida social.
Nesse sentido, revela-se a importância das experiências sociais dos estudantes, assim como seu contexto social,
para que se sintam parte do ambiente escolar e, consequentemente, sujeitos ativos do processo de ensino e
aprendizagem (ZIMER, 2008).
•
Atenção para todos
Dar aula para toda a turma, ou seja, dirigir sua fala para a classe toda: voltar a atenção para um
aluno específico ou dar explicações somente para pequenos grupos (salvo em momentos próprios)
é uma fácil maneira de perder o comando da turma.
•
Regras da aula
Sempre deixar claro as regras da aulas e trabalhos com todos os alunos em conjunto. Uma
alternativa para isto é realizar, no início de cada ano letivo, um contrato didático com a turma.
•
Domínio do tempo
O trabalho docente envolve o domínio do tempo. O relógio é essencial na marcação das dinâmicas
pedagógicas.
Como citado no início deste subtópico, o saber curricular é um dos saberes descritos como necessários nas
pesquisas que abordam a questão da formação docente. Tal saber inclui conhecer os programas curriculares das
diferentes séries em cada um dos níveis de escolaridade.
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Figura 1 - A postura didática do professor irá influenciar em como os alunos o enxergam em sala de aula.
Fonte: Flamingo Images, Shutterstock, 2018.
Tais programas são desenvolvidos a partir dos saberes matemáticos necessários para as crianças de acordo com
sua faixa etária. Isso será discutido a seguir.
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VOCÊ QUER LER?
Para conhecer um pouco mais sobre estratégias didáticas e a postura que o professor deve
adotar em sala, indicamos a leitura do livro “Metodologia do Ensino da Matemática” de Dione
Lucchesi de Carvalho. Neste livro, além de apresentar diferentes concepções de matemática, a
autora organiza de forma bastante sistemática os principais assuntos matemáticos que devem
ser explorados com as crianças nos primeiros anos de sua escolarização.
É importante ressaltar que as estratégias utilizadas pelo professor durante toda a Educação Infantil irão
determinar o desenvolvimento das habilidades nos educandos e tais habilidades serão fundamentais para a
compreensão dos conteúdos matemáticos a serem explorados nas demais etapas de sua formação escolar.
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Figura 2 - As crianças interagem a partir da exploração do ambiente e do interesse por temas pertinentes ao
mundo social e natural.
Fonte: Iakov Filimonov, Shutterstock, 2018.
Além disso, você vai visualizar o jogo como recurso didático para o ensino de matemática, a partir de uma
perspectiva de resolução de problemas Essa estratégia pode se tornar uma importante ferramenta didática
quando for planejada e orientada de maneira a proporcionar o desenvolvimento do raciocínio lógico,
conhecimentos e atitudes necessárias para a formação do estudante (MIGUEL, 2010; LORENZATO, 2015). Vamos
lá?
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) enfatiza que as crianças:
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O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) enfatiza que as crianças:
(...) também observam e atuam no espaço ao seu redor e, aos poucos, vão organizando seus
deslocamentos, descobrindo caminhos, estabelecendo sistemas de referência, identificando posições
e comparando distâncias. Essa vivência inicial favorece a elaboração de conhecimentos matemáticos.
Fazer matemática é expor ideias próprias, escutar as dos outros, formular e comunicar
procedimentos de resolução de problemas, confrontar, argumentar e procurar validar seu ponto de
vista, antecipar resultados de experiências não realizadas, aceitar erros, buscar dados que faltam
para resolver problemas, entre outras coisas. Dessa forma as crianças poderão tomar decisões,
agindo como produtoras de conhecimento e não apenas executoras de instruções. Portanto, o
trabalho com a Matemática pode contribuir para a formação de cidadãos autônomos, capazes de
pensar por conta própria, sabendo resolver problemas (BRASIL, 1998, p. 207).
Neste contexto, fica claro a necessidade de que as crianças, de fato, atuem como sujeitos ativos no processo de
construção do conhecimento matemático, não sendo apenas executoras de instruções.
Além disso, é importante que os conteúdos matemáticos explorados na educação infantil estejam, de alguma
forma, relacionados ao cotidiano das crianças para que elas signifiquem tais conteúdos e desenvolvam noções
matemáticas importantes, como a associação e relações lógicas, concreto e abstrato nas relações lógicas e a
classificação e seriação.
Sobre o desenvolvimento de tais noções, de acordo com o RCNEI, é adequado propor:
[...] exercícios de escrita dos algarismos em situações como: passar o lápis sobre numerais
pontilhados, colagem de bolinhas de papel crepom sobre numerais, cópias repetidas de um mesmo
numeral, escrita repetida da sucessão numérica. Ao mesmo tempo, é comum enfeitar os algarismos,
grafando-os com figuras de bichos ou dando-lhes um aspecto humano, com olhos, bocas e cabelos, ou
ainda, promovendo associação entre os algarismos e desenhos, por exemplo, o número 2 associado a
dois patinhos. Acredita-se que, dessa forma, a criança estará construindo o conceito de número
(BRASIL, 1998, p. 209).
Outra necessidade da Educação Infantil é a manipulação de objetos concretos, entendendo, neste caso, concreto
como sinônimo de manipulável, a partir do qual a criança, dando um significado concreto para aquilo que lhe
está sendo ensinado, desenvolva o chamado raciocínio lógico abstrato.
VOCÊ SABIA?
O Método Montessori é resultado de pesquisas científicas e empíricas desenvolvidas pela
médica e pedagoga Maria Montessori (1870-1952). Este método enfatiza a autonomia dos
estudantes, além de respeitar o desenvolvimento natural de suas habilidades físicas, sociais e
psicológicas. O fator de maior destaque do método é não tanto seu material ou sua prática, mas
a possibilidade criada pela utilização do material dourado, de se libertar a verdadeira natureza
do indivíduo, para que esta possa ser observada, compreendida, e para que a educação se
desenvolva com base na evolução da criança (FONTENELE; SILVA, 2012). No Método
Montessoriano, a criança está no centro do processo e ao professor cabe acompanhar seu
processo de aprendizado.
Clique nas abas a seguir e conheça mais sobre a relação entre aspectos metodológicos e aprendizagem.
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Clique nas abas a seguir e conheça mais sobre a relação entre aspectos metodológicos e aprendizagem.
Manipulação de objetos
O fato de manipular objetos possibilita que a criança signifique aquilo que lhe está sendo ensinado.
Os objetos matemáticos são todos muito abstratos (não podemos pegar um número, ou um ponto),
assim, temos acesso a esses objetos somente por meio de representações e os materiais
manipuláveis (material dourado, por exemplo) são uma dessas representações que podem auxiliar
as crianças em seus processos de aprendizagem.
•
Classificação e seriação
A noção de classificação e seriação também é muito presente na Educação Infantil, uma vez que tal
noção é fundamental para que o estudante compreenda conceitos matemáticos importantes, como
a definição de número (MIGUEL, 2010). Construir adequadamente o conceito de número é
essencial para um bom desenvolvimento matemático, mas também de todas as outras áreas do
saber.
Sobre a construção do conceito de número, Kamii (2000) ressalta que, conforme defendido por Piaget, esta é
uma síntese de relações que a criança elabora entre os objetos por meio da abstração. Tais relações são
potencializadas por meio da manipulação de materiais concretos.
Figura 3 - Material utilizado no Método Montessori para exploração de conceitos matemáticos na Educação
Infantil.
Fonte: YakyCorbalan, Shutterstock, 2018.
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Fonte: YakyCorbalan, Shutterstock, 2018.
Além da manipulação de materiais concretos, uma das formas de se ter acesso aos objetos matemáticos
(abstratos) é por meio da exploração de jogos, o que será abordado no a seguir.
Em síntese, conforme destaca Miguel (2010), os jogos podem se configurar como uma importante estratégia
metodológica quando seu uso for devidamente planejado e orientado de forma a possibilitar o desenvolvimento
do raciocínio lógico e demais noções matemáticas dos estudantes.
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1.4 Pressupostos teórico-metodológicos da Alfabetização
Matemática e a Linguagem Matemática e suas
representações
No último tópico deste capítulo, você vai conhecer pressupostos teórico-metodológicos da alfabetização
matemática e a linguagem matemática e suas representações.
Inicialmente serão abordados alguns aspectos da Educação Matemática de crianças de 6 a 8 anos de idade, como
os componentes que devem fazer parte de todo o processo de ensino e aprendizagem da matemática deste
público, como: ambiente, brincadeiras, momentos de ensino espontâneo, projetos, programa de estudos e ensino
intencional (MOURA, 2007).
Depois disso, você vai ver propostas de Educação Matemática na Educação Infantil, destacando a importância da
organização do ensino dos conceitos matemáticos de forma a levar em conta, além da relevância dos conteúdos,
as especificidades dos estudantes no que diz respeito do desenvolvimento das crianças.
Por fim, também serão abordadas neste tópico Brincadeiras Infantis no âmbito da Educação Matemática.
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Figura 5 - A Educação Infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança em seus aspectos
físicos, psicológicos, intelectual e social.
Fonte: Ra2studio, Shutterstock, 2018.
Além dos componentes descritos por Ginsburg et al. (2008) é preciso que, no âmbito da Educação Infantil, uma
série de fatores sejam superados pelos atores do processo de ensino e aprendizagem, como a pressão política, as
diferenças individuais entre professores e estudantes; dificuldades relacionadas à formação inicial dos
professores da Educação Infantil, dentre outros fatores.
(LEONTIEV, 1978). Uma brincadeira, por exemplo, pode ser considerada a atividade principal para as crianças
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(LEONTIEV, 1978). Uma brincadeira, por exemplo, pode ser considerada a atividade principal para as crianças
da Educação Infantil, uma vez que tais brincadeiras promovem novas e diferentes formações cognitivas nos
estudantes. A seguir, você verá mais sobre brincadeiras infantis nas aulas de Matemática.
Por meio de brincadeiras, uma série de conhecimentos matemáticos podem ser explorados, permitindo que, ao
dar sentido àquilo que está estudando, a criança, de alguma maneira, reconstitua a realidade que a cerca (KAMII,
2000; NASCIMENTO, ARAÚJO; MIGUÉIS, 2009). Assim, mais uma vez, fica em destaque a importância do
planejamento do professor no que diz respeito ao desenvolvimento de seu trabalho na Educação Infantil
(LORENZATO, 2015).
Ainda segundo o autor supracitado, o uso de brincadeiras no âmbito para o ensino de matemática pode ser
justificado, ora por ser a brincadeira a atividade principal da criança, ora por ser um recurso didático ou
alternativa metodológica que auxilie o professor no ensino de diferentes conceitos deste nível de escolaridade
(conceitos matemáticos, ou não). Com isso, é importante se atentar ao que alertam Nascimento, Araújo e Migueis
(2009), de que a brincadeira, quando tomada como atividade principal, exige ações e procedimentos diferentes
das brincadeiras tomadas apenas como recurso didático.
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Síntese
Você encerrou este capítulo! Nesta etapa, foi possível explorar algumas relações entre os aspectos metodológicos
adotados pelo professor na Educação Infantil e o processo de aprendizagem dos estudantes. Também pôde
visualizar diferentes estratégias metodológicas a serem desenvolvidas e utilizadas com as crianças.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• conhecer seis das principais tendências metodológicas para o ensino da matemática, a saber:
etnomatemática, modelagem matemática, história da matemática, uso de recursos tecnológicos, resolução
de problemas e a investigação matemática;
• reconhecer desafios atuais sobre o ensino de matemática na Educação Infantil;
• conhecer uma proposta de ensino de matemática por meio de uma abordagem pós-construtivista;
• aprender cuidados para se ter em sala de aula para que o professor tenha uma postura didática
adequada;
• aprender os saberes matemáticos necessários para as crianças;
• conhecer as potencialidades de jogos e brincadeiras na Educação Infantil.
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