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Folhas de Amendoeira no Aquário (Atualizado)

Terminalia catappa, o nome é estranho? certamente a planta não é desconhecida sua, clique na
foto ao lado e confira.

Esta planta é conhecida no Brasil por vários nomes comuns, de acordo com a região ela pode ser
chamada de Castanheira, Castanheira Portuguesa, Castanha da ìndia, Castanhola, Sete Copas,
Sombreiro, Chapéu de Sol e possivelmente outros nomes. Ela foi introduzida no Brasil pelos
Portugueses, suas sementes foram trazidas da Índia na areia de lastro dos navios mercantes, no
período de colonização do nosso país, a areia era jogada nas praias para dar lugar as
mercadorias, junto com elas as sementes de Castanheira, que por ser extremamente resistente
ao sal germinou, floresceu e adaptou-se perfeitamente ao clima do nosso país de norte a sul, e
hoje, se ninguém falar nada, muita gente vai continua achando que a Castanheira é uma espécie
nativa, mas não, é uma planta exótica. No exterior o nome mais comum é Indian Almond, e daí
as famosas indian almond leafs (folhas de amêndoa das índias) mas não é difícil ver a planta
sendo chamada de folhas milagrosas ou folhas mágicas.

Mas o que tem essa planta de especial para estar sendo comentada em um blog que
basicamente trata de aquários?

Esta planta é até hoje em dia alvo de diversas pesquisas farmacêuticas, um dos metabólitos
presente em suas folhas já foi identificado como bactericida e fungicida, entre outras possíveis
aplicações médicas, inclusive contra o câncer. Ela é usada na medicina popular da Ásia há
séculos e além disso é usada como tônico e coadjuvante no tratamento de peixes ornamentais
em aquicultura intensiva em toda a Ásia, este segredo foi guardado por muito tempo pelos
orientais, porém com o advento da internet essa informação finalmente tornou-se acessível,
embora pessoas mais informadas já tenham ciência do uso destas folhas no oriente, aqui no
Brasil ainda não se tem conhecimento, pelo menos não foram divulgados, da aplicação prática
no manejo de peixes ornamentais ou de aquicultura intensiva.

Quem conhece um pouco do manejo na criação de peixes na Ásia sabe que qualquer brasileiro se
assustaria com a quantidade de peixes que são mantidos em tanques e viveiros, uma quantidade
muito superior a qualquer média comumente conhecida e estabelecida como viável entre nós.
Ficamos imaginando que seria esperado um grande número de mortes e de problemas
relacionados ao excesso de população em uma criação tão intensiva... mas não é o que ocorre,
os asiáticos sempre assombraram os ocidentais com o volume de produção. Um dos segredos é a
qualidade da água, e é exatamente ai que a folha da Terminalia catappa entra. Na criação
de peixes de corte, de tilápias por exemplo, a T. catappa é uma alternativa reconhecida ao uso
de antibióticos. O extrato das folhas de T. catappa também já foi testado com sucesso no
controle de pragas do camarão (Watchariya P, Surapon W. Nontawit A. 2004), tem eficiência na
regeneração das nadadeiras afetadas por bactérias (Guppys e Carpas) e comprovada ação
antibacteriana na cultura in vivo de Betta splenders (Chansue, & Assawawongkasem, 2008). Em
muitos estudos são usados extratos em várias concentrações de folhas verdes e secas, vamos nos
concentrar no uso de folhas secas in natura, adequadas ao uso do aquarista comum.
Entre as qualidades que hoje podem ser encontradas testemunhadas em sites e fóruns das mais
variadas nacionalidades estão:
 Estimulante da reprodução;
 Alto poder antifúngico;
 Alto poder antibactericida;
 Alto poder antiparasiticida;
 Intensificação das cores dos peixes;
 Melhoraria da saúde geral dos peixes;
 Baixa o PH;
 Simular condições de águas escuras (Black Water).
Cabe aqui salientar que, a despeito do fato das propriedades antifúngica e antibacteriana serem
as mais celebradas, a ação da T. catappavai muito além. Os estudos comprovam que os
fitoquímicos presentes em sua folhas (Saponina, Quinona, Fenóis, Flavonoides e Tanino) agem
em sinergia proporcionando mais saúde aos organismos aquáticos, por elevar a capacidade
imunológica e ter ação antioxidante, além de proporcionar um ambiente mais saudável por suas
características sanitizantes. O conjunto destas ações culminam em peixes mais fortes e,
portanto, mais saudáveis e resistentes a ação de patógenos comuns no ambiente aquático.

As folhas secas da T. catappa são tradicionalmente utilizadas por criadores asiáticos de Bettas,
Discos e demais peixes principalmente de água ácida, no entanto, é fácil encontrar referência
de uso com diversas outras espécies como, por exemplo, Rásboras e Carpas. Estas folhas hoje
tem um forte comercio internacional sendo muito apreciadas por criadores europeus de
Killifishes e Discos (principalmente Alemanha e Grã Bretanha), atualmente há um comércio em
expansão entre os hobistas americanos, que as tem adiquirido pela internet. Um saquinho
contendo cerca de 10 folhas custam a bagatela de U$ 7,50 nos EUA.

Com tantas qualidades e tantas referências positivas fico imaginando por que o Brasil que tem
essa planta de norte a sul não há referências do seu uso ou experimentação... certamente
espera-se que um grande site americano anuncie a venda para então a febre chegar até aqui.

Por que não tentar?

Se você ficou curioso acho que é totalmente válida uma experimentação, para os criadores de
Betta já acostumados a usar a folha de bananeira no tratamento de algumas infecções, tem ai
uma excelente oportunidade para experimentar mais esta opção.

Para usar as folhas recomenda-se colhe-las ainda verdes e seca-las à sombra, isso evita que
juntamente das folhas secas coletadas no chão sejam introduzidos no aquário agentes
contaminantes que aproveitam a morte da folha para se instalar, obviamente o poder de defesa
da folha é muito maior quando ela ainda está viçosa e saudável em seu galho. Após a coleta as
folhas devem ser lavadas e dispostas para secagem, após a secagem basta dispo-las em local de
grande circulação de água, neste caso os filtros. Vale lembrar que a folha, como mencionado
acima, tigirá a água de uma coloração amarelada cor de chá, então se você não aprecia a
coloração esteja avisado.
Efeitos esperados

Espera-se que os peixes reajam exibindo todo seu vigor físico, tenham baixa suscetibilidade a
infecções e tenham suas cores intensificadas e, por consequência, as taxas reprodutivas também
sejam elevadas, estes são efeitos gerais associados ao uso das folhas. Na reprodução é esperada
diminuição e até ausência de ovos fungados (ovos brancos) bem como um aumento no número
de alevinos sobreviventes aos primeiros dias pela significante melhora ambiental proporcionada
pela ação das folhas.

Modo de Uso

As folhas são usadas secas dentro do compartimento de filtragem, local de grande circulação de
água na proporção de 1 folha para cada 15 galões, o que em litros dá 1 folha para cada 56L mais
ou menos.

Cada folha pode tratar até 56L (10G) de água. Coloque a folha inteira ou em pedaços grandes no
seu aquário ou qualquer recipiente com água e a deixe lá por pelo menos 5 dias e até 10 dias
para obter os melhores resultados, troque as folhas após este período. A água irá gradualmente
tornar-se cor de chá, característica que evidencia a liberação de taninos e outras substâncias,
nos dias subsequentes, primeiro uma cor suave intensificando-se com o decorrer da aplicação.
Se você tem um recipiente com menos de 56L pode-se aplicar as folhas em separado e ir
diluindo a solução no recipiente que se quer tratar, mas pode-se ainda diminuir a proporção das
folhas em relação ao conteúdo do recipiente. As folhas devem ser removidas após 10 dias de uso
visto que todas as suas propriedades benéficas como o já foram liberadas no tanque e as
mesmas já iniciaram o processo natural de decomposição.

Um alerta: A adição de quantidade muito grande de folhas de T. catappa causará uma queda
brusca de pH que poderá gerar fatalidades entre os animais aquáticos.

Para pequenos recipientes, como betteiras de criação, pode-se usar um recorte da folha de uns
3.5 a 7cm2 adicionado diretamente ao recipiente e deixando-a lá por pelo menos 3 dias ou até
5, para melhores resultados. Apesar do tratamento da água com as folhas da T.
catappa diminuírem a necessidade de trocas desses recipientes de várias em uma semana para
uma por semana, mesmo assim não deve-se deixar de fazer trocas.

Ficou curioso e vai tentar?


Ótimo, observe o modo de preparação e uso citados acima e não deixe compartilhar os
resultados.

Referências:

 Commun Agric Appl Biol Sci. 2012;77(4):439-48. Potential application of extracts from Indian almond (Terminalia catappa Linn.) leaves in Siamese fighting
fish (Betta splendens Regan) culture.
 THE EFFECTS OF Terminalia catappa LEAVES EXTRACT ON THE HAEMATOLOGICAL PROFILE OF ORNAMENTAL FISH Betta splendens. Rudy Agung Nugroho,
Dewi Saraswati, World Aquaculture 2015; May 29, 2015; Jeju-South Korea
 The effects of tropical almond Terminalia catappa L., leaf extract on breeding activity of Siamese Gourami, Trichogaster pectoralis Lee SW, Farhan R,
Wendy Wee, Wan Zahari M and Ibrahim CO; International Journal of Fisheries and Aquatic Studies 2016; 4(4): 431-433
 Differential responses of Vibrio sp. to young and mature leaves extracts of Terminalia catappa L. Nadirah, M., Wee, T. L. and Najiah, M. Department of
Fisheries Science, Department of Aquaculture Science, Faculty of Fisheries and Aqua-Industry, Universiti Malaysia Terengganu, 21030 Terengganu,
Malaysia
 Folha de amendoeira (Terminalia catappa) como aditivo promotor de crescimento em rações para alevinos de Tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus) Elton
Lima Santos, Ana Paula Lira Souza, Edvânia da Conceição Pontes, Lucas da Silva Gonzaga, Ana Janaina dos Santos Ferreira. Agropecuária Técnica (2015)
Volume 36 (1): 190-196 Versão Online ISSN 0100-7467 http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/at/index
 Antiparasitic, Antibacterial, and Antifungal Activities Derived from a Terminalia catappa Solution against Some Tilapia (Oreochromis niloticus) Pathogens
C. Chitmanat, K. Tongdonmuan, P. Khanom, P. Pachontis and W. Nunsong Department of Fisheries Technology College of Agricultural Production Maejo Un
 Effect of Indian almond, Terminalia catappa leaves water extract on the survival rate and growth performance of black tiger shrimp, Penaeus monodon
post larvae Mhd Ikhwanuddin, Julia H. Z. Moh, Manan Hidayah, Abu B. Noor-Hidayati, Nur M. A. Aina-Lyana, Abu S. Nor Juneta AACL Bioflux, 2014, Volume
7, Issue 2. http://www.bioflux.com.ro/aacl

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