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Deflagrador 01.

Mecanismos de Agressão e Defesa II - 2022/1º

As doenças infectoparasitárias constituem ainda hoje um sério problema de saúde pública em todo o mundo e
principalmente nos países com infraestrutura de saneamento deficitária e políticas de saúde pública ineficientes.

A tuberculose, doença com profundas raízes sociais, está intimamente ligada à pobreza e a má distribuição de renda,
além do estigma que implica na não adesão dos portadores e/ou familiares/contactantes ao tratamento adequado. O
surgimento da epidemia de AIDS e o aparecimento de focos de tuberculose multirresistente agravam ainda mais o
problema da doença no mundo.

Doenças tropicais, como a malária, a doença de Chagas, a leishmaniose visceral (LV), a filariose linfática, a dengue e a
esquistossomose continuam sendo algumas das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. Estas
enfermidades, conhecidas como doenças negligenciadas, incapacitam ou matam milhões de pessoas e representam
uma necessidade médica importante que permanece não atendida.

Nas últimas décadas, tem falado muito no aparecimento de novas doenças infecciosas, como os casos de Ebola na
África e os de Chikungunya no Brasil, bem como o retorno de doenças tidas como erradicadas, como os recentes casos
de sarampo e poliomielite na região Norte do país. Ao surgimento dessas novas patologias e o retorno de doenças já
erradicadas, chamamos de doenças emergentes e reemergentes.

Atualmente, o mundo todo enfrenta uma pandemia de uma doença respiratória de origem viral (COVID19), causada
pelo SARS-CoV2, que pode gerar quadros muito graves e óbitos, principalmente em indivíduos com co-morbidades e
idosos. Até o momento, o vírus já passou por várias mutações, gerando variantes com diferentes graus de infectividade
e virulência.

Para que haja o desenvolvimento de uma doença infecciosa em um indivíduo, devemos entender que há a necessidade
da presença de um agente infeccioso no ambiente e que a perpetuação desse agente no meio necessita da contínua
transmissão de um hospedeiro infectante a um hospedeiro suscetível.

Deve haver o entendimento sobre os diferentes tipos de relação que se estabelecem entre os agentes biológicos e o
homem e as consequências dessas relações, como por exemplo, a diferença que se estabelece entre a relação dos
organismos que compõe a biota (intestinal, oral, vaginal, da pele...) e o homem e a relação entre um agente infeccioso
e o homem.

Por definição, uma doença infecciosa é aquela causada por um agente infeccioso específico ou por seu produto tóxico
e ocorre pela transmissão deste agente ou dos seus produtos de uma pessoa, animal ou reservatório infectado para
um hospedeiro suscetível.

Esse conceito envolve a necessidade de compreendermos o tipo de relação que se estabelece entre o agente infeccioso
e seu hospedeiro, de diferenciarmos infecção de doença infecciosa e também de conhecermos e distinguirmos os
diferentes mecanismos de transmissão que podem estar envolvidos nessa dinâmica, uma vez que todas as doenças
infecciosas são transmissíveis, de forma direta ou indireta.

Além disso, devemos também compreender que os processos infecciosos podem evoluir para cura, cronicidade ou
óbito e que vários fatores interferem nesse processo. Sendo o processo infeccioso uma relação dinâmica entre dois
organismos, as características desses organismos (agente infeccioso e hospedeiro), além das interferências do meio,
são importantes para compreendermos os possíveis desfechos.

O estudo das relações parasita-hospedeiro envolve vários aspectos, tais como: conhecimentos sobre a diversidade dos
agentes infecciosos e suas características biológicas (como infectividade, mecanismos de patogenicidade e virulência e
imunogenicidade), os mecanismos de transmissão envolvidos, os mecanismos de defesa do hospedeiro desenvolvidos
contra um determinado agente (tanto processos que compõe a imunidade inata como a específica) e os possíveis
mecanismos de evasão dos agentes infecciosos.

Adquirir e desenvolver o conhecimento e a compreensão dessas relações dinâmicas entre o patógeno e seu hospedeiro
são fundamentais para que possamos enfrentar as doenças infecto-parasitárias.

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