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Produção de raios X

Jonas Oliveira da Silva

2020
Introdução
Introdução
O tubo de Crookes

Tubo de vidro evacuado.


Alta tensão aplicada aos terminais.
Os raios catódicos eram emanações
que partiam do eletrodo negativo.

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Introdução
O tubo de Crookes
Os raios catódicos se propagavam
em linha reta.
O local do tubo onde esses raios in-
cidiam luminescia.
Esses raios também poderiam ser
defletidos ao serem sujeitos a um
campo magnético.

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Introdução

A modificação de Lenard
Philipp Lenard colocou uma janela
de alumı́nio numa das extremidades
do tubo de Crookes.
Observou luminescência num ante-
paro luminescente numa distância de
até 8 cm.
Essa luminescência era devida aos
raios catódicos.

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Introdução

A descoberta de Röntgen
Em novembro de 1895, Wilhelm
Conrad Röntgen repetiu o experi-
mento feito por Lenard.
Cobriu o tubo com papel preto e lo-
calizou a tela fluorescente a 8 cm.
Apagou a luz do laboratório e obser-
vou que a luminescência persistia a
distâncias maiores que 8 cm.
Além disso, notou que o que ele
observava não eram raios catódicos
pois não eram desviados por campos
magnéticos.

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Introdução

Propriedades dos raios X observadas por Röntgen

Röntgen não conhecia a natureza dos raios X, mesmo empenhando-se


em descobrı́-la. Algumas propriedades que ele observou:

Propagam-se em linha reta.


São capazes de sensibilizar chapas
fotográficas.
São muito mais penetrantes que os
raios catódicos.
São capazes de produzir fluo-
rescência em várias substâncias dife-
rentes.

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Introdução

Os raios X
Em 1912, Max Von Laue (1879-
1960) mostrou que os raios X são
ondas eletromagnéticas de alta ener-
gia e de comprimento de onda menor
que o da luz.
Em 1920, com a teoria da duali-
dade onda-partı́cula, ficou estabe-
lecido que os raios X apresentam
caráter dual.
Posteriormente, foi dado o nome de
fóton à partı́cula associada à onda
eletromagnética.

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Introdução
Os raios X
Diagrama simplificado de um tubo de raios X

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Introdução

Os raios X
Classificação dos feixes de raios segundo a tensão de ace-
leração dos elétrons que os produzem

Nomenclatura Faixa de tensão


baixa energia 0,1 - 20 kV
diagnóstico 20 - 120 kV
ortovoltagem 120 - 300 kV
energia intermediária 300 - 1000 kV
megavoltagem > 1 MV

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Produção de raios X
Produção de raios X

Processos fundamentais:
Raios X caracterı́sticos ou de fluorescência - apresentam um
espectro de linhas ou raias, com energias bem definidas.

Raios X de freamento - apresentam um espectro contı́nuo de


energias. São originados da passagem dos elétrons próximo ao
núcleo dos átomos do alvo.

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Produção de raios X

Processos fundamentais:
Raios X caracterı́sticos ou de fluorescência - apresentam um
espectro de linhas ou raias, com energias bem definidas.

Raios X de freamento - apresentam um espectro contı́nuo de


energias. São originados da passagem dos elétrons próximo ao
núcleo dos átomos do alvo.

Espectro - gráfico de quantidade de fótons emitidos


em função, ou da energia do fóton, ou da frequência,
ou do comprimento de onda da onda eletromagnética.

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Raios X caracterı́sticos
Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Um átomo com uma vacância em suas camadas mais internas


está num estado excitado.

Para ele retornar ao estado de equilı́brio ocorrem uma ou várias


transições eletrônicas.

Em cada transição um elétron de um camada superior preenche


a vacância e a diferença entre as energias de ligação entre essas
camadas pode ser emitida na forma de raios X caracterı́sticos.

O comprimento de onda λ e a energia hν do fóton emitido são


caracterı́sticos do átomo do qual o fóton foi originado.

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Eventos que produzem vacâncias em um átomo


Efeito fotoelétrico
Efeito Compton
Produção de tripleto
Interação de partı́cula carregada
Captura eletrônica
Conversão interna
Aniquilação de pósitron
Efeito Auger

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Apenas certas transições, seguindo regras de seleção especı́ficas


(regras de seleção de dipolo elétrico), resultam em raios X.

∆l = ±1 e ∆j = 0 ou ∆j = ±1
As energias dos fótons emitidos dependem de Z do absorvedor e
dos números quânticos das camadas e subcamadas envolvidas.

Transições entre camadas mais externas resultam em fótons de


baixas energias (transições ópticas).

Transições entre camadas mais internas podem resultar em fótons


raios X (10 keV  hν  100 keV).

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Apenas certas transições, seguindo regras de seleção especı́ficas


(regras de seleção de dipolo elétrico), resultam em raios X.

∆l = ±1 e ∆j = 0 ou ∆j = ±1
As energias dos fótons emitidos dependem de Z do absorvedor e
dos números quânticos das camadas e subcamadas envolvidas.

Transições entre camadas mais externas resultam em fótons de


baixas energias (transições ópticas).

Transições entre camadas mais internas podem resultar em fótons


raios X (10 keV  hν  100 keV).
Eraio X = Efinal − Einicial

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Diagrama de nı́veis de energia para um elemento de alto Z

Notação Siegbahn
Transições de elétrons para a
camada K são chamadas de li-
nhas K, para a camada L são
chamadas de linhas L, etc.

As transições da camada vizi-


nha mais próxima são designa-
das como transição α; transi-
as da segunda camada vizinha
mais próxima ou de uma ca-
mada de nı́vel superior como
transição β, etc.

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Diagrama de nı́veis de energia para um elemento de alto Z

Notação Siegbahn
As transições de uma camada
para outra não têm a mesma
energia devido à estrutura fina
(subcamadas) nos nı́veis da ca-
mada. A transição de ener-
gia mais elevada entre duas ca-
madas é geralmente designada
com o número 1, a segunda
energia mais alta com o número
2, etc.

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Notação Siegbahn

Na figura, a transição Kα3 re-


presenta uma transição proi-
bida (∆l = 0) da camada L
para a camada K (2s1/2 −→
1s1/2 com ∆l = 0 e ∆j = 0).

A transição Kβ1 representa


uma transição permitida da ca-
mada M para a camada K
(3p3/2 −→ 1s1/2 com ∆l = 1
e ∆j = 1).

Os números entre parênteses


indicam o número máximo de
elétrons na camada ou subca-
mada sendo igual a (2j + 1).
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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Efeito Auger
É o processo que compete com a emissão de raios X carac-
terı́sticos.
Ocorre quando a transição de um elétron de uma camada superior
para uma camada inferior do átomo promove a emissão de um
segundo elétron, sendo um processo de desexcitação atômica.
Efeito Coster-Kronig: quando a transição ocorre em duas subca-
madas numa mesma camada e a energia é transferida para um
elétron de uma camada superior.
Efeito Super Coster-Kronig: a transição primária ocorre como no
efeito Coster-Kronig mas a transferência de energia é feita para
um elétron na mesma camada.

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Efeito Auger

No efeito Auger, a transição primária ocorre entre duas camadas e a energia


de transição é transferida a um elétron orbital da mesma camada ou de uma
camada superior.
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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Efeito Auger

No efeito Coster-Kronig, a energia de transição é originada de duas sub-


camadas de uma certa camada e é transferida para um elétron de outra
camada.
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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Efeito Auger

No efeito super Coster-Kronig, a energia de transição é originada de duas


subcamadas de uma certa camada e é transferida para um elétron de uma
subcamada na mesma camada que ocorreu a transição primária.
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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Efeito Auger

Exemplo: Suponha que a vacância na camada K é preen-


chida com um elétron de L2 com uma transição de energia
Elig (K) − Elig (L2 ) e que um elétron Auger da camada M3
é emitido. A energia desse elétron será

EK = [Elig (K) − Elig (L2 )] − Elig (M3 )

O elétron Auger emitido da camada M é designado por


eKL2 M3 .
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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Rendimento de raios X caracterı́sticos (Fluorescence


Yield)
É definido como o número de fótons de raios X caracterı́sticos
emitidos por vacância na camada.

Também é a probabilidade da emissão de um fóton de raio X


caracterı́stico em oposição à emissão de um elétron Auger.

ωK : rendimento de raios X caracterı́sticos quando a vacância está


na camada K.

(1 − ωK ): probabilidade de ocorrência do efeito Auger devido à


vacância na a camada K.

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Rendimento de raios X caracterı́sticos (Fluorescence
Yield)

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos

Dependência de ω com a energia dos elétrons inci-


dentes
A energia dos elétrons incidentes também influencia na produção
de raios X caracterı́sticos.

Se EK é menor que a energia de ligação, não aparecem linhas de


radiação caracterı́stica no espectro de raios X.

Para EK > Elig (K) todas as linhas são geradas com uma proporção
fixa entre Kα e Kβ .

A quantidade total de fótons de raios X caracterı́sticos cresce


rapidamente com a energia cinética, atinge um máximo e se es-
tabiliza para energias mais altas.

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Produção de raios X - Raios X caracterı́sticos
Dependência de ω com a EK dos elétrons incidentes

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Raios X de freamento
Produção de raios X - Raios X de freamento

Ocorre quando partı́culas carregadas sofrem colisões inelásticas


com os núcleos do meio absorvedor.

Como vimos, vamos considerar a produção de raios X de frea-


mento apenas por partı́culas carregadas leves.
Com relação à sua velocidade, as partı́culas carregadas podem
ser classificadas em três categorias:

Estacionárias ( #„
v = 0)
Em movimento com velocidade uniforme ( #„
v = constante)
#„ #„
Em movimento acelerado ( a = d v /dt)

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Produção de raios X - Raios X de freamento

PC estacionária: Sem emissão de radiação


A energia é armazenada no campo elétrico e não é irradiada pela
partı́cula de carga q.

1
ρ = ε0 E 2
2
Não há campo magnético associado a essa partı́cula.

#„ 1 q
E= r̂
4πε0 r2

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC em MU: Sem emissão de radiação
A energia é armazenada no campo EM e não é irradiada pela
partı́cula de carga q.
1 1 2
ρ = ε0 E 2 + B
2 2µ0
#„ #„
Expressões de E e B:

#„ q 1 − β2
E= r̂
4πε0 r2 (1 − β 2 sin2 θ)3/2
#„ q 1 − β2 #„
B= 2 v × #„
r
4πε0 c r (1 − β sin θ)
2 3 2 3/2
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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC em MU: Sem emissão de radiação
As expressões anteriores se referem a uma partı́cula com carga q que
está em repouso na origem de um referencial inercial Σ0 ; Σ0 está
em movimento ao longo do eixo x de um referencial inercial Σ, com
velocidade constante v. Assim,
q é a carga da partı́cula carregada; a mesma nos dois sistemas
de referência.
#„
r é o raio vetor entre a origem de Σ e um ponto P .
θ é o ângulo entre #„
v e #„
r em Σ.
β = v/c

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC em MU: Sem emissão de radiação
As expressões anteriores se referem a uma partı́cula com carga q que
está em repouso na origem de um referencial inercial Σ0 ; Σ0 está
em movimento ao longo do eixo x de um referencial inercial Σ, com
velocidade constante v. Assim,
q é a carga da partı́cula carregada; a mesma nos dois sistemas
de referência.
#„
r é o raio vetor entre a origem de Σ e um ponto P .
θ é o ângulo entre #„
v e #„
r em Σ.
β = v/c
Fator de correção de campo
1 − β2
Cv =
(1 − β 2 sin2 θ)3/2
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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC em MU: Sem emissão de radiação
Fator de correção de campo
2,5
β =0
2,0 β = 0,5
β = 0,8
β = 0,9
1,5
Cv

1,0

0,5

0,0
0 45 90 135 180

θ()
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Produção de raios X - Raios X de freamento

PC em MU: Sem emissão de radiação


Para v = 0 → β = 0, temos a
90◦ #„ #„
expressão clássica para E; B =
135◦ 45◦ 0.
Para v  c → β  1, temos
#„
além da lei de Coulomb, B (lei
de Biot-Savart).
q #„
v
180◦ 0◦ Para θ = 0 ou θ = π e β < 1,
temos Cv = 1 − β 2 (contração
de E na direção do movimento).
β = 0 Para θ =pπ/2 e β < 1, temos
β = 0,5

225◦
β = 0,8◦
315
Cv = 1/ 1 − β 2 (dilatação de
β = 0,9
E na direção perpendicular ao
270◦ movimento).

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Produção de raios X - Raios X de freamento

PC acelerada: Emissão de radiação


Uma partı́cula carregada acelerada ou desacelerada emite parte
de sua energia cinética na forma de bremsstrahlung.
#„ #„
A perda de energia por radiação é determinada por E e B obtidos
pelos potenciais de Lienard-Wiechert.

#„ q #„r × ( #„
r × #„a) 1 q a sin θ
E= ou E =
4πε0 c2 r 3 4πε0 c2 r
#„ µ0 q #„
a × #„r µ0 q a sin θ E
B= ou B = =
4π c r2 4π c r c
c2 = 1/(µ0 ε0 )
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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Intensidade da radiação emitida

A intensidade da radiação emitida é definida como a fluência de ener-


gia por unidade de área A por unidade de tempo t, e é dada pelo
vetor de Poynting:
#„ #„
#„ E × B
S =
µ0
1 q 2 a2 sin2 θ
S(r,θ) =
16π 2 ε0 c3 r2

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Intensidade da radiação emitida

A intensidade da radiação emitida é definida como a fluência de ener-


gia por unidade de área A por unidade de tempo t, e é dada pelo
vetor de Poynting:
#„ #„
#„ E × B
S =
µ0
1 q 2 a2 sin2 θ
S(r,θ) =
16π 2 ε0 c3 r2

π
S(r,θ) é máxima para θ = e nenhuma radiação é emitida para
2
θ = 0 ou θ = 1.
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Produção de raios X - Raios X de freamento

PC acelerada: Potência emitida


Relação de Larmor clássica

1 q 2 a2
P =
6πε0 c3
Considerando a interação Coulombiana entre a PC e os núcleos do
alvo, verifica-se a dependência com 1/m2 , em que m é a massa da PC.
Assim a produção de raios X de freamento por PCPs é desprezı́vel.

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Produção de raios X - Raios X de freamento

#„
PC acelerada: E relativı́stico produzido
#„
A velocidade #„ v da partı́cula carregada afeta E e, para velocidades
relativı́sticas, E torna-se direcionado para frente e aumenta de valor.

1 q a sin θ
E(r,θ) = p
4πε0 c2 r (1 − β cos θ)5

1 q 2 a2 sin2 θ
S(r,θ) =
16π 2 ε0 c3 r2 (1 − β cos θ)5

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Produção de raios X - Raios X de freamento

#„
PC acelerada: E relativı́stico produzido

A intensidade S(r,θ) ∝ sin2 θ/(1 − β cos θ)5 . Na


mecânica clássica, em que β → 0, S(r,θ) ∝ sin2 θ
e a intensidade máxima ocorre em θ = 12 π.

Com o aumento de β, a intensidade da radiação torna-


se cada vez mais direcionada para frente, contudo
S(r,θ) = 0 para θ = 0 e θ = π.

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Produção de raios X - Raios X de freamento
#„
PC acelerada: E relativı́stico produzido

90◦ Na figura é plotada a função


135◦
sin2 θ/(1 − β cos θ)5 , que go-
45◦
verna a distribuição de inten-
sidades S(r,θ).
β = 0,006

Para β = 0,006 (resultado


EK = 10 eV
◦ θ = 89,2◦
180 0◦
clássico para v → 0) temos
θ ≈ 90◦ e para β = 0,941 te-
β = 0,941
EK = 1 MeV
θ = 10◦

mos θ = 10◦ .
225◦ 315◦

270◦ Nesse gráfico, os valores de β


foram normalizados para 1.

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Produção de raios X - Raios X de freamento
#„
PC acelerada: E relativı́stico produzido
Para β → 0, S(r,θ) ∝ sin2 θ e a máxima intensidade ocorre em
θ = π/2

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Produção de raios X - Raios X de freamento

PC acelerada: Ângulo caracterı́stico


Da expressão relativı́stica para S(r,θ), é evidente que, para β cada
vez maior a intensidade da radiação emitida S(r,θ) torna-se cada
vez mais direcionada para frente, com seu pico de intensidade
ocorrendo a um certo θ.

Esses ângulos são chamados de ângulos caracterı́sticos θmáx .


Fazendo dS(r,θ)/dθ|θ=θmáx = 0, temos
 
1 p
θmáx = arccos ( 1 + 15β 2 − 1)

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Ângulo caracterı́stico

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Ângulo caracterı́stico
Vários parâmetros para produção de bremsstrahlung por elétrons

EK (MeV) β γ θmáx (◦ ) CS(r,θmáx )


10−5 0,006 1,00002 89,2 1,0000
10−4 0,020 1,0002 87,2 1,0025
10−3 0,062 1,002 81,1 1,024
10−2 0,195 1,02 64,4 1,263
10−1 0,548 1,20 35,0 6,47
1 0,941 2,96 10,1 1,44 × 104
10 0,999 20,4 1,4 1,62 × 1011
102 0,99999 70,71 0,4 1,64 × 1015
−1
sin2 θ e2 a2

CS(r,θmáx ) = , em que C =
(1 − β cos θmáx )5 16π 2 ε0 c3 r2

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Ângulo caracterı́stico
Vários parâmetros para produção de bremsstrahlung por elétrons

EK (MeV) β γ θmáx (◦ ) CS(r,θmáx )


10−5 0,006 1,00002 89,2 1,0000
10−4 0,020 1,0002 87,2 1,0025
10−3 0,062 1,002 81,1 1,024
10−2 0,195 1,02 64,4 1,263
10−1 0,548 1,20 35,0 6,47
1 0,941 2,96 10,1 1,44 × 104
10 0,999 20,4 1,4 1,62 × 1011
102 0,99999 70,71 0,4 1,64 × 1015

A coluna CS(r,θmáx ) evidencia o crescimento significativo na distribuição de bremsstrahlung em θ = θmáx . Também


confirma o crescimento rápido na eficiência de produção de raios X com o aumento da EK da PCL.

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Produção de raios X - Raios X de freamento

PC acelerada: Ângulo caracterı́stico

Valores limites para θmáx :

π
1. Na região clássica β → 0, θmáx → .
2

2. Na região relativı́stica β → 1, θmáx → 0

1
3. Na região relativı́stica extrema, em que β ≈ 1 e γ = p →
1 − β2
1
∞, θmáx ≈

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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Ângulo caracterı́stico
100

 
80 1 p
arccos 1 + 15β 2 − 1

θmáx (◦ )

60

1
40 2γ

20

0
10−4 10−3 10−2 10−1 100 101 102
EK (MeV)
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Produção de raios X - Raios X de freamento
PC acelerada: Ângulo caracterı́stico
1
Velocidade normalizada β

0,8

0,6

0,4

0,2

0
10−4 10−3 10−2 10−1 100 101 102
EK (MeV)
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Alvos
Produção de raios X - Alvos

A produção de raios X de freamento é de grande importância


na fı́sica médica, uma vez que a maioria dos feixes de radiação
utilizados na radiologia diagnóstica e na radioterapia externa (te-
leterapia) é produzida através de interações de bremsstrahlung
de elétrons monoenergéticos com alvos sólidos.

Esses alvos são componentes de máquinas geradoras de raios X


e aceleradores lineares; as máquinas emissoras de radiação mais
usadas para diagnóstico e tratamento de doenças, respectiva-
mente.

Um elétron que atinge o alvo com uma determinada energia


cinética passará por muitas interações diferentes com os átomos-
alvo antes que chegue ao repouso e dissipe toda a sua energia
cinética no alvo.

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Produção de raios X - Alvos

Como visto, o pico de intensidade para raios X de freamento ocorre


para θmáx , que depende da energia cinética dos elétrons.

Na faixa de 20 kV a 400 kV θmáx ≈ 90◦ .


Para megavoltagem θmáx ≈ 0◦ (alvo de transmissão).

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Produção de raios X - Alvos

Alvos de elevado Z convertem uma maior fração da K do elétron


em raios X de freamento que elementos de baixo Z.

Geralmente é usado o tungstênio, W (Z = 74); apresenta também


um elevado ponto de fusão.

A energia que não é convertida em bremsstrahlung é perdida por


ionizações e excitações.

A maior parte dessa energia é convertida em calor e uma fração


muito pequena é convertida em raios X caracterı́sticos.

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Produção de raios X - Alvos

Tipos de Alvos

Alvo fino - aquele de espessura muito menor que R


dos elétrons incidentes. Neste há poucas interações e a
maior parte da energia permanece no feixe de elétrons
e o número de fótons produzidos é pequeno.

Alvo grosso - aquele de espessura da ordem de R dos


elétrons incidentes. Assim, todos os elétrons perdem
toda energia cinética.

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Produção de raios X - Alvos
100

10−1
yeY

10−2 Elétrons, W
Y

10−3 −2
10 10−1 100 101 102 103
EK (MeV)
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Produção de raios X - Alvos

A lei de Duane-Hunt

Feixes de raios X produzidos em alvos são heterogêneos e contém


fótons de várias energias 0  hν  hνmáx .
c eU
νmáx = = , hνmáx = EK = eU
λmin h
em que λmin é o comprimento de onda mı́nimo do fóton; U é a
tensão de aceleração dos elétrons; e é a carga elementar e c é a
velocidade da luz no vácuo.

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Produção de raios X - Alvos

A lei de Duane-Hunt

A lei de Duane-Hunt define a energia máxima do feixe de raios


X produzidos em alvos grossos e finos.
Para descrever um feixe de raios X heterogêneo devemos ter
informações sobre o espectro desse feixe, que deve constar:

O número de fótons por intervalo de energia ∆N/∆(hν) em


função da energia hν do fóton.
A intensidade Iν em função da energia hν do fóton, em que
Iν ∝ (∆N/∆E) · hν.

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Produção de raios X - Alvos

O espectro de raios X gerados em alvos finos

Um feixe de elétrons que interagem com alvos finos:

Não perdem sua energia por ionizações.


Não sofrem colisões elásticas significantes.

Sofrem apenas uma interação por bremsstrahlung no


alvo.

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Produção de raios X - Alvos
O espectro de raios X gerados em alvos finos

Vamos considerar o modelo clássico


da figura ao lado. Quando b = 0,
o elétron colide diretamente com o
núcleo atômico.

Para b aumentando, a área do anel


de raio b e espessura db aumenta
proporcionalmente.

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Produção de raios X - Alvos
O espectro de raios X gerados em alvos finos

Assumamos um feixe de elétrons


de energia cinética EK incidindo
perpendicularmente no plano da fi-
gura.

Cada elétron passa pelo núcleo a


uma distância b 6= 0.

Para b2 = 2b1 , temos que dA2 =


2dA1 . Assim o número de fótons
produzidos das interações em dA2
será o dobro que em dA1 : N2 =
2N1 .

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Produção de raios X - Alvos
O espectro de raios X gerados em alvos finos

Assumindo que hν ∝ 1/b, temos


que hν1 = 2hν2 .

Portanto, N1 hν1 = N2 hν2 , e o


espectro de raios X observado é
plano.

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Produção de raios X - Alvos
O espectro de raios X gerados em alvos finos

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Produção de raios X - Alvos

O espectro de raios X gerados em alvos finos

Como a intensidade dos fótons de raios X é propor-


cional a (∆N/∆hν) · ν, então, em comparação com
o número de fótons de energia hνmáx , que o espec-
tro de raios X contém o dobro de fótons com energia
0,5hνmáx , o quádruplo de fótons com energia 0,25hνmáx ,
dez vezes o número de fótons com energia 0,1hνmáx ,
etc.

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Produção de raios X - Alvos

O espectro de raios X gerados em alvos grossos


Podemos imaginar um conjunto de alvos finos com espessuras seme-
lhantes, cada um reduz a energia do feixe da mesma forma.

No primeiro alvo, os raios X produzidos têm energia máxima EK0 .


O feixe entra no 2º alvo com EK1 = EK0 −∆EK e hνmáx
0
= EK1 .

A intensidade dos raios X gerados para fótons de energia hν é


Iν = CZ(hνmáx − hν)
A intensidade total:
hνmáx
R 1
I= Iν = CZ(eU )2
0
2
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Produção de raios X - Alvos
O espectro de raios X gerados em alvos grossos

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Produção de raios X - Alvos
O espectro de raios X gerados em alvos grossos

O feixe de elétrons penetra na primeira folha do alvo


com energia cinética EK0 e produz uma quantidade de
raios X proporcional à área do retângulo sombreado.

Ao passar pela folha ele perde uma energia ∆EK e


entra na segunda folha com EK1 = EK0 − ∆EK com
0
hνmáx = EK1 .

Assim, a energia dos fótons de raios X emitida da se-


gunda folha é EK1 /EK0 vezes menor que a da primeira
e assim por diante.
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Produção de raios X - Alvos

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