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ESCOLA: MARIA LAURITA

DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA


PROFESSORAS: DIELE SILVA, SUSILENE MENDES
ALUNO(A):_________________________________________________
DATA_____/_____/_____
8º ANO TURMA: ________________ TURNO: ____________________

ASSUNTO: O QUE SÃO VERBOS REGULARES E IRREGULARES?

Verbos regulares
Os verbos regulares são aqueles que ao serem conjugados não sofrem
modificações em seu radical.
Exemplo: O verbo cantar (radical: cant-) pode ser conjugado em qualquer
tempo e pessoa, sem que seu radical se modifique: cantei, cantassem,
cantariam.
Os verbos regulares possuem três estruturas de conjugação:
Verbos da 1° conjugação: verbos terminados em –ar: andar, falar, brincar,
namorar, estudar, amar, gostar,…
Verbos da 2° conjugação: verbos terminados em –er: comer, correr, ler,
saber, esquecer, entender, vender,…
Verbos da 3° conjugação: verbos terminados em –ir: sorrir, partir, dividir,
abrir, sair, decidir, rir,…
Verbos irregulares
Os verbos irregulares são aqueles que ao serem conjugados forem
modificações em seu radical ou terminações.
Diferente do que acontece nos verbos regulares, eles não obedecem a um
modelo de conjugação.
Exemplos de verbos irregulares com alterações nos radicais
• Verbo medir: eu meço (o radical é med-);
• Verbo pedir: eu peço (o radical é ped-);
• Verbo trazer: eu trago (o radical é traz-);
• Verbo ouvir: eu ouço (o radical é ouv-).
Exemplos de verbos irregulares com alterações nas terminações
• Verbo dar: eu dou (a terminação regular é –o);
• Verbo estar: eu estou (a terminação regular é –o);
• Verbo querer: ele quer (a terminação regular é –e);
• Verbo dizer: ele diz (a terminação regular é –e);
• Verbo fazer: ele faz (a terminação regular é –e).
Conjugação dos verbos regulares

Modo Indicativo
1° Conjugação: Verbo Cantar
Presente Pretérito Perfeito
• Eu canto • Eu cantei
• Tu cantas • Tu cantaste
• Ele/ela canta • Ele/ela cantou
• Nós cantamos • Nós cantamos
• Vós cantais • Vós cantastes
• Eles/elas cantam • Eles/elas cantaram
Pretérito Imperfeito Futuro do Presente
• Eu cantava • Eu cantarei
• Tu cantavas • Tu cantarás
• Ele/ela cantava • Ele/ela cantará
• Nós cantávamos • Nós cantaremos
• Vós cantáveis • Vós cantareis
• Eles/elas cantavam • Eles/elas cantarão
Pretérito Mais que perfeito Futuro do Pretérito
• Eu cantara • Eu cantaria
• Tu cantaras • Tu cantarias
• Ele/ela cantara • Ele/ela cantaria
• Nós cantáramos • Nós cantaríamos
• Vós cantáreis • Vós cantaríeis
• Eles/elas cantaram • Eles/elas cantariam

2° Conjugação: Verbo Comer no Modo Indicativo


Presente Pretérito Mais que perfeito
• Eu como • Eu comera
• Tu comes • Tu comeras
• Ele/ela come • Ele/ela comera
• Nós comemos • Nós comêramos
• Vós comeis • Vós comêreis
• Eles/elas comem • Eles/elas comeram
Pretérito Perfeito Futuro do Presente
• Eu comi • Eu comerei
• Tu comeste • Tu comerás
• Ele/ela comeu • Ele/ela comerá
• Nós comemos • Nós comeremos
• Vós comestes • Vós comereis
• Eles/elas comeram • Eles/elas comerão
Pretérito Imperfeito Futuro do Pretérito
• Eu comia • Eu comeria
• Tu comias • Tu comerias
• Ele/ela comia • Ele/ela comeria
• Nós comíamos • Nós comeríamos
• Vós comíeis • Vós comeríeis
• Eles/elas comiam • Eles/elas comeriam

3° Conjugação: Verbo Partir no Modo Indicativo


Presente Pretérito Perfeito
• Eu parto • Eu parti
• Tu partes • Tu partiste
• Ele/ela parte • Ele/ela partiu
• Nós partimos • Nós partimos
• Vós partis • Vós partistes
• Eles/elas partem • Eles/elas partiram
Pretérito Imperfeito Futuro do Presente
• Eu partia • Eu partirei
• Tu partias • Tu partirás
• Ele/ela partia • Ele/ela partirá
• Nós partíamos • Nós partiremos
• Vós partíeis • Vós partireis
• Eles/elas partiam • Eles/elas partirão
Pretérito Mais que perfeito Futuro do Pretérito
• Eu partira • Eu partiria
• Tu partiras • Tu partirias
• Ele/ela partira • Ele/ela partiria
• Nós partíramos • Nós partiríamos
• Vós partíreis • Vós partiríeis
• Eles/elas partiram • Eles/elas partiriam

Conjugação dos verbos irregulares


1° Conjugação: Verbo Dar no Modo Indicativo
Presente • Eu dera
• Eu dou • Tu deras
• Tu dás • Ele/ela dera
• Ele/ela dá • Nós déramos
• Nós damos • Vós déreis
• Vós dais • Eles/elas deram
• Eles/elas dão
Pretérito Perfeito Futuro do Presente
• Eu dei • Eu darei
• Tu deste • Tu darás
• Ele/ela deu • Ele/ela dará
• Nós demos • Nós daremos
• Vós destes • Vós dareis
• Eles/elas deram • Eles/elas darão
Pretérito Imperfeito Futuro do Pretérito
• Eu dava • Eu daria
• Tu davas • Tu darias
• Ele/ela dava • Ele/ela daria
• Nós dávamos • Nós daríamos
• Vós dáveis • Vós daríeis
• Eles/elas davam • Eles/elas dariam
Pretérito Mais que perfeito

2° Conjugação: Verbo Fazer no Modo Indicativo


Presente Pretérito Perfeito
• Eu faço • Eu fiz
• Tu fazes • Tu fizeste
• Ele/ela faz • Ele/ela fez
• Nós fazemos • Nós fizemos
• Vós fazeis • Vós fizestes
• Eles/elas fazem • Eles/elas fizeram
Pretérito Imperfeito Futuro do Presente
• Eu fazia • Eu farei
• Tu fazias • Tu farás
• Ele/ela fazia • Ele/ela fará
• Nós fazíamos • Nós faremos
• Vós fazíeis • Vós fareis
• Eles/elas faziam • Eles/elas farão
Pretérito Mais que perfeito Futuro do Pretérito
• Eu fizera • Eu faria
• Tu fizeras • Tu farias
• Ele/ela fizera • Ele/ela faria
• Nós fizéramos • Nós faríamos
• Vós fizéreis • Vós faríeis
• Eles/elas fizeram • Eles/elas fariam

3° Conjugação: Verbo Ir no Modo Indicativo


Presente Pretérito Mais que perfeito
• Eu vou • Eu fora
• Tu vais • Tu foras
• Ele/ela vai • Ele/ela fora
• Nós vamos • Nós fôramos
• Vós ides • Vós fôreis
• Eles/elas vão • Eles/elas foram
Pretérito Perfeito Futuro do Presente
• Eu fui • Eu irei
• Tu foste • Tu irás
• Ele/ela foi • Ele/ela irá
• Nós fomos • Nós iremos
• Vós fostes • Vós ireis
• Eles/elas foram • Eles/elas irão
Pretérito Imperfeito Futuro do Pretérito
• Eu ia • Eu iria
• Tu ias • Tu irias
• Ele ia • Ele/ela iria
• Nós íamos • Nós iríamos
• Vós íeis • Vós iríeis
• Eles iam • Eles/elas iriam

Resumo verbos regulares e irregulares


• Verbos regulares e irregulares são conjugados de formas diferentes;
• É preciso saber sobre os verbos regulares e irregulares para não cometer
erros no momento da conjugação dos verbos;
• Os verbos regulares e irregulares são as duas flexões de verbos.
ESCOLA: MARIA LAURITA
DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA
PROFESSORAS: DIELE SILVA, SUSILENE MENDES
ALUNO(A):_________________________________________________
DATA_____/_____/_____
8º ANO TURMA: ________________ TURNO: ____________________
ATIVIDADES
1. Nas questões abaixo, ocorrem espaços vazios. Para preenchê-los, utilize
a forma verbal mais adequada dos verbos entre parênteses.
a) Se _______________ dias frios no inverno, talvez as coisas fossem
diferentes. (fazer)
b) Quando o cavalo ________________ todos os obstáculos, a corrida
terminará. (transpor)
c) Se o cavalo _______________ mais facilmente os obstáculos, alcançaria com
mais folga a linha de chegada.(transpor)
d) Se a equipe econômica não se __________________ nos aspectos regionais
e considerar os aspectos globais, a possibilidade de solução será maior. (deter)
e) Caso ela ______________ ao jogo amanhã, deverá pagar antecipadamente o
ingresso.(ir)
f) Quando eu _________________ os livros, nunca mais os
emprestarei. (reaver)
g) Os alienados sempre ______________ neutros. (manter-se)
h) As provas que _____________ mais erros seriam comentadas. (conter)
2. Complete os espaços com um dos verbos colocados nos
parênteses:
a) ________________os filhos e o pai. (chegou/chegaram)
b) Fomos nós que _______________ na questão. (tocou/tocamos)
c) Não serei eu quem _________________ o dinheiro. (recolherei/ recolherá)
d) Mais de um torcedor _______________________ estupidamente. (agrediu-
se/agrediram-se)
e) O fazendeiro com os peões __________________ a cerca. (levantou/
levantaram)
f) _____________ de haver algumas mudanças no seu governo. (há/ hão)
g) Sempre que ______________ alguns pedidos, procure atendê-los
rapidamente. (houver/ houverem)
h) Pouco me _______________ as desculpas que ele chegar a dar. (importa/
importam)
i) Jamais ______________ tais pretensões por parte daquele
funcionário. (existiu/ existiram)
j) Tudo estava calmo, como se não ________________ havido tantas
reivindicações. (tivesse/ tivessem)
k) Espero que se _________________ as taxas de juro. (mantenha/
mantenham)
l) É importante que se _______________ outras soluções para o
problema. (busque/ busquem)
m) Não se ______________ em pessoas que não nos olham nos
olhos. (confia/confiam)
ESCOLA: MARIA LAURITA
DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA E REDAÇÃO
PROFESSORAS: DIELE SILVA, SUSILENE MENDES, LUZIETE SANTIAGO
ALUNO(A):_________________________________________________
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8º ANO TURMA: ________________ TURNO: ____________________

GÊNERO TEXTUAL: CRÔNICA

Dentre os inúmeros gêneros textuais existentes, um dos mais populares e


utilizados para descrever situações do cotidiano é a crônica. Mas você sabe
identificar esse tipo de texto? Conhece suas principais características? Fica com
a gente que vamos te contar tudo o que você precisa saber.
Muito usado em textos jornalísticos publicados em jornais e revistas, é
escrita com uma linguagem simples e coloquial, que torna a leitura mais fácil e
agradável. E também permite que o leitor se sinta amigo do cronista, já que o
texto é desenvolvido em tom de conversa informal.
A crônica é um tipo de texto que tem prazo de validade por se tratar de um
assunto contemporâneo, geralmente uma crítica ou comentário sobre algo que
está sendo debatido no momento.

Características da crônica
Entre as principais características da crônica, é possível destacar a
linguagem simples, objetiva e o texto curto. Além de se tratar de uma abordagem
que geralmente retrata temas contemporâneos.
Em seu eixo temático, é um texto que retrata acontecimentos do cotidiano,
sempre com um caráter crítico (sobre comportamentos sociais, leis, instituições
etc). É um gênero textual que passeia entre o jornalístico e o literário, trazendo
temas reais trabalhados de forma mais subjetiva.
A crônica é um tipo de texto que chama atenção pelo seu tom mais leve,
muitas vezes irônico e humorístico, prendendo a atenção do leitor por contar a
história de forma rápida e sem grandes detalhamentos.

A essência da crônica é:
Trata de assuntos contemporâneos;
Utiliza linguagem simples e coloquial;
Faz uso de poucos ou nenhum personagem;
Tom irônico e humorístico;
Bastante usado no jornalismo;
Textos rápidos e objetivos.

Principais cronistas
O Brasil tem muitos cronistas populares. Entre os principais nomes, vale
destacar os seguintes autores:
Antônio Prata; Machado de Assis; Luís Fernando Veríssimo; Carlos Heitor
Cony; Rubem Braga.
Tipos de crônica
Apesar de se tratar de um texto narrativo-descritivo, a crônica pode ser
escrita de formas diferentes e tratar os assuntos de formas distintas. Entre os
principais tipos de crônica, é possível destacar:

Crônica narrativa
A crônica narrativa sempre contam com fatos do cotidiano, acontecimentos
das últimas semanas e ações em geral. O texto conta uma história, seja em 1ª
ou 3ª pessoa do singular, relacionada a diferentes fatos.

Crônica descritiva
Como o próprio nome diz, se trata de um texto descritivo sobre uma
determinada situação do cotidiano, em algum local, contendo ou não
personagens.
É explorar ao máximo os detalhes do objeto, local, pessoa ou animal que o
cronista deseja descrever.

Crônica humorística
Essa crônica possui característica voltada ao humor, mas que usa a seu
favor a ironia para entreter seu público. Na maioria das vezes, a crônica
humorística é utilizada para contar uma acontecimento político, econômico ou
cultural de uma forma mais descontraída.

Crônica jornalística
Texto muito utilizado pela imprensa brasileira para retratar e refletir sobre
temas da atualidade em uma linguagem um pouco mais leve.
Esse tipo de crônica possui um caráter mais narrativo e argumentativo, mas
sempre trazendo a leveza textual.

Crônica na prática
Para entender melhor como é construída uma crônica, segue abaixo um
texto escrito por Antônio Prata, referência brasileira nesse tipo de escrita.
Perceba como a história transcorre de forma rápida e objetiva, com uma
linguagem bastante simples e coloquial.

Indo Embora – por Antônio Prata


Como em tantas outras madrugadas, acordo com um chorinho na babá
eletrônica. É a Olivia, minha filha mais velha, de um ano e oito meses. Na
maioria das vezes, ela vira pro lado e volta a dormir, sozinha. Em algumas
noites, contudo -e é o caso desta aqui-, ela senta no berço e começa a gritar
“Papai! Papai! Papai!” ou “Mamãe! Mamãe! Mamãe!” até que um de nós apareça
para ouvir suas reivindicações.
São dois filhos, duas babás eletrônicas, cujos sinais se embaralham, de
modo que não ouço bem se é “Papai!” -e serei eu a sair tropeçando pela noite
fria- ou “Mamãe!” -e caberá à Julia explicar que não é hora de mamar, nem de ir
pra escola, nem de brincar com o Senhor Batata, nem de ouvir Galinha
Pintadinha, mas hora de dormir.
“É papai ou mamãe?”, balbucio, de olhos fechados, ao que minha mulher,
sem nenhuma compaixão, sem nem sequer segurar a minha mão ou fazer um
cafuné preparatório, dispara: “É ‘Arthur'”. Uma espada samurai atravessa o meu
peito.
É claro que eu sabia que esse dia iria chegar: o dia em que aquele
bebezinho lindo que embalei em meus braços, na maternidade, aquele serzinho
indefeso que eu trouxe pra casa, a 30 km/h, com pisca alerta ligado, pela Raposo
Tavares, aquele bumbunzinho rechonchudo que tantas vezes limpei, aqueles
olhões deslumbrantes diante dos quais expliquei “esse é o leão”, “essa é a lua”,
“esse é o manjericão”, “essa é a chuva”, iriam me trocar por outro homem.
Achava, porém, que esse dia só viria lá por 2030 -2027, na previsão mais
pessimista.
Pensando bem, nem havia pessimismo na previsão. Imaginava, não sei se
do alto do meu narcisismo ou do fundo da minha ingenuidade, que iria encarar tal
dia com satisfação. Afinal, eu haveria criado minha filha para o mundo. Que ela
saísse por aí se apaixonando e namorando seria um sinal da sua saúde e do
nosso acerto.
Um pai enciumado? Coisa mais anos 1950 -e, no entanto, meus amigos,
quando descubro que não é a mim que ela implora para salvá-la do escuro e da
solidão, mas ao Arthur, colega da escola – um rapaz mais velho, diga-se de
passagem, já beirando os três anos- um nó de marinheiro se forma na minha
garganta.
Estirado na cama, trêmulo, me dou conta de que, nas últimas semanas, ela
já vinha dando sinais daquela paixão, e, pior, eu os vinha recebendo com patente
irritação. Eu pegava o “Marcelo, Marmelo, Martelo”, a Olivia punha o dedo na
capa e dizia: “Arthur!”. “Não, Olivia, não é o Arthur, é o Marcelo!”. Aparecia o
irmão da Peppa, na TV, ela corria até a tela, sorrindo: “Arthur!”. “Não, Olivia, não
é o Arthur, é o irmão da Peppa!”. Huguinho, Zezinho, Luizinho? “Arthur! Arthur!
Arthur!”. “Não, Olivia, eles são patos, não são o Arthur!”.
“Se você não vai, eu vou!”, resmunga a Julia, saindo da cama,
surpreendentemente insensível ao meu cataclismo emocional. Só, vendo a Olivia
na telinha da babá eletrônica, compreendo que não é ciúmes o que eu sinto, é
solidão, uma solidão inédita e brutal: aquela menininha sentada no berço já
começou a sair de casa, está indo embora, minuto a minuto, desde o dia em que
a embalei no colo, na maternidade; logo, logo, ela parte, de braços dados com
algum Arthur, depois eu fico velho, aí eu morro, então acabou-se o que era doce,
ou agridoce, tão rápido, tão rápido, que coisa mais doida é isso tudo.
ESCOLA: MARIA LAURITA
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PROFESSORAS: DIELE SILVA, SUSILENE MENDES, LUZIETE SANTIAGO
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8º ANO TURMA: ________________ TURNO: ____________________
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
O Homem Trocado
O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de
recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.
– Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.
– Eu estava com medo desta operação…
– Por quê? Não havia risco nenhum.
– Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série de enganos…
E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma
troca
de bebês no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de
orientais, que nunca entenderam o fato de terem um filho claro com olhos
redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com
sua verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que esta não
soubera explicar o nascimento de um bebê chinês.
– E o meu nome? Outro engano.
– Seu nome não é Lírio?
– Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e…
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo castigo pelo que não
fazia. Fizera o vestibular com sucesso, mas não conseguira entrar na
universidade. O computador se enganara, seu nome não apareceu na lista.
– Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras incríveis. No mês
passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.
– O senhor não faz chamadas interurbanas?
– Eu não tenho telefone!
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com outro. Não foram
felizes.
– Por quê?
– Ela me enganava.
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para pagar
dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o
médico dizer:
– O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim. Uma
simples apendicite.
– Se você diz que a operação foi bem…
A enfermeira parou de sorrir.
– Apendicite? – perguntou, hesitante.
– É. A operação era para tirar o apêndice.
– Não era para trocar de sexo?
(Luís Fernando Veríssimo)
ATIVIDADE
1) Que elementos o cronista utilizou para gerar humor no texto?
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2) Justifique o título do texto.
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3) Indique que consequências os seguintes fatos têm na narrativa:
a) Troca na maternidade
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b) A ida de outro bebê para sua mãe
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c) Engano do cartório.
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d) Engano do computador
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e) Engano da companhia telefônica
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f) Engano do médico
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4) Observe a fala do médico: “— O senhor está desenganado”. Qual o sentido da
palavra “desenganado”?
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5) Por que o narrador não fica apreensivo com este diagnóstico?
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6)Por que, no contexto, o uso da palavra “ desenganado” gera humor?
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7) Comente o final da crônica. Como se produziu o humor nessa passagem?
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