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INTRODUÇÃO

Em virtude da necessidade da estruturação orgânica da atividade notória, a partir do desvencilhamento


ocorrido entre o Estado brasileiro e a igreja católica, a partir da proclamação da República, durante todo o limiar do
século XX, começaram então os estados a procurar estabelecer um novo padrão jurídico de identidade para a
atividade registral e notarial, resultando na necessidade de se inserir na nova CF embrionária, a partir da convocação
da assembleia constituinte de 1986, um novo modelo jurídico dessa necessidade.

A partir da promulgação, surge então uma disciplina, uma normatização constitucional dos serviços notariais
e de registo, a partir da elaboração do que hoje é o art. 236, da CF, que estabelece basicamente define, a natureza
jurídica dos serviços notariais e registrais:

“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do poder
público.
§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de
registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.
§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos
serviços notariais e de registro.
§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se
permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de
seis meses”.

A expressão delegação, não seria a mais correta para expressar o que seria o serviço, porque em suma, tudo
aquilo que o estado delega ao particular, seja PF ou PJ, é uma delegação. Delegação é um gênero, no qual fazem
parte as concessões, as permissões, autorizações e até mesmo, algumas colaborações prestadas por particulares no
exercício de certas funções públicas.
Desempenham funções públicas, com responsabilidade privada e direta. Não tem direito a salário pago pela
administração pulica. Os recebimentos são custeados pelos emolumentos que cobram e correndo o risco, que
arcarem, com patamar menor ou mais, de acordo com o volume de serviços prestados.
O que os posiciona como agentes políticos, é o fato de que esses notários e registradores se apresentam hoje
com a configuração adm. porque a função não é representar o estado. Eles presentam o Estado. Há uma posição de
PRESENTAÇÃO e não de REPRESENTAÇÃO. Há uma relação de organicidade, onde o agente se encontra investido de
uma atuação Estatal e, portanto, sob esse aspecto são agendes públicos, mas não recebem a disciplina comum
daquela que é atribuída ao servidor público em sentido estrito.
Diferente da estrutura do Direito Administrativo, não ocupam cargos, nos quais são lotados agentes ou se
apresentam como órgãos.

LEI REGULAMENTADORA – 8.935/1994 denominada Lei Orgânica dos Notários e Registradores,


popularmente conhecida como Lei dos Cartórios.
Essa lei procura definir a atividade, separar e qualificar os diversos ramos da atividade, define nos art. 6, 7, 8
e 9 as atividades por ela reguladas. Essa lei define os direitos, estabelece a responsabilidade:

Art. 5º Os titulares de serviços notariais e de registro são os:

I - Tabeliães de notas;
II - Tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos;
III - tabeliães de protesto de títulos;
IV - Oficiais de registro de imóveis;
V - Oficiais de registro de títulos e documentos e civis das pessoas jurídicas;
VI - Oficiais de registro civis das pessoas naturais e de interdições e tutelas;
VII - oficiais de registro de distribuição.
Art. 6º Aos notários compete:
I - Formalizar juridicamente a vontade das partes;
II - Intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou
autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e
expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo;
III - autenticar fatos.

Art. 7º Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:


I - Lavrar escrituras e procurações, públicas;
II - Lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - Reconhecer firmas;
V - Autenticar cópias.
Parágrafo único. É facultado aos tabeliães de notas realizar todas as gestões e diligências necessárias ou
convenientes ao preparo dos atos notariais, requerendo o que couber, sem ônus maiores que os emolumentos
devidos pelo ato.

Art. 8º É livre a escolha do tabelião de notas, qualquer que seja o domicílio das partes ou o lugar de
situação dos bens objeto do ato ou negócio.

Art. 9º O tabelião de notas não poderá praticar atos de seu ofício fora do Município para o qual recebeu
delegação.

Seria o cartório uma pessoa jurídica. Absolutamente não. Responderão por qualquer ato como pessoa física,
são tratados como empregadores individuais, não se pode atribuir nenhum aspecto de qualificação como PJ. O que
há é um empreendorismo individualizado de uma atividade de um agente, que de sua origem, continua e continuará
sendo pública.

Especificamente, em relação aos registros temos uma matriz normativa, que é a Lei 6.015/73, Lei dos
Registros Públicos.

A disciplina legal da matéria, alusiva aos serviços públicos se compõe das normas constitucionais, da lei
orgânica dos cartórios, da lei dos registros públicos (como lei básica da atividade), sem prejuízo de outros
ordenamentos.

Normas complementares: Lei de protestos 9.492/97 cuja finalidade é específica de disciplinar os serviços de
tabelionato de protesto.

Em relação aos serviços notariais, temos um conjunto de normas esparsas: Consolidações Normativas dos
estados

Obs.: Normal alusivas a serviços públicos, a competência é privativa da União, pelo art. 24, CF. Entretanto,
por se tratar de uma competência privativa e não exclusiva, pode ser objeto de delegação.
Pode ocorrer em alguns serviços de cidades pequenas/medias, onde um só agente acumule as funções de
tabelião e oficial de registro.

TABELIÃO - compete proceder a recepção de manifestação de vontade e oferecer a elas, a adequada


formalização notarial pública.

Instrumentalizar significa basicamente oferecer vida, existência formal a manifestações de vontade que por
outro modo, se não fossem as exigências legais ou as vontades das partes, poderiam ser livremente verbalizadas mas
o ordenamento jurídico procura estabelecer que certas manifestações de vontade só podem ter validade se forem
devidamente instrumentalizadas, quer pela forma particular ou pública.

CC - Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei
expressamente a exigir.

Em situações excepcionais, a lei não só exige a adequadas formalizações pelo tabelião, mas também que no
momento da formalização se agregue uma sonelização. E dentro desse contexto, não podemos confundir forma com
solenidade. A solenidade impõe como elemento de aperfeiçoamento da forma, exige que se estabeleça uma
específica celebração, uma certa liturgia, determinado ritual. A solenidade, complementa na maioria dos casos, a
forma, isso tudo dentro de uma atividade realizada exclusivamente pelo tabelião

Ex.: Escritura publica cuja disciplina matriz se encontra no art. 215, Parágrafo único CC

“Art. 213. Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz de dispor do direito a que se referem
os fatos confessados.
Parágrafo único. Se feita a confissão por um representante, somente é eficaz nos limites em que este pode
vincular o representado.”

Escritura pública é um ato formal e solene porque a lei impõe, antes da assinatura pelos interessados, essa
ritualística da leitura.

Ao tabelião compete lavrar em suas notas, oferecer formalização, vida instrumental, vida formal e, em alguns
casos, solenizar esses casos de formalização para maior segurança, para maior garantia.

Tabelião não é registrador, nem oficial, tabelião é uma gente próprio, que se encarrega de ordinariamente,
receber declaração de vontade e partir daí, transformar essa vontade para o papel, oferecendo-lhes a adequada
instrumentação.

Em alguns casos, pode testemunhar um fato: Ex.: Ata notarial

Todo tabelião é um notário. Nem todo notário é um tabelião porque posso ter no serviço notarial, uma gama
imensa de notários escreventes, substitutos mas, tem certas limitações no exercício de atividades porque o tabelião
pode definir o limite para pratica de alguns atos.

O tabelião é o titular da serventia, ele é o delegatário. Ele pode ter uma gama de notários ao seu redor
trabalhando com ele, coadjuvando no exercício das suas atividades.

O registrador, oficial de registro é aquele que simplesmente lançar nos livros títulos privados ou públicos,
adequadamente lavrados em sede notarial, apenas para cataloga-los nos livros registrar próprios.

Lei nº 8.935
Art. 20. Os notários e os oficiais de registro poderão, para o desempenho de suas funções, contratar
escreventes, dentre eles escolhendo os substitutos, e auxiliares como empregados, com remuneração
livremente ajustada e sob o regime da legislação do trabalho.
§ 1º Em cada serviço notarial ou de registro haverá tantos substitutos, escreventes e auxiliares quantos
forem necessários, a critério de cada notário ou oficial de registro.
§ 2º Os notários e os oficiais de registro encaminharão ao juízo competente os nomes dos substitutos.
§ 3º Os escreventes poderão praticar somente os atos que o notário ou o oficial de registro autorizar.
§ 4º Os substitutos poderão, simultaneamente com o notário ou o oficial de registro, praticar todos os atos
que lhe sejam próprios exceto, nos tabelionatos de notas, lavrar testamentos.
§ 5º Dentre os substitutos, um deles será designado pelo notário ou oficial de registro para responder pelo
respectivo serviço nas ausências e nos impedimentos do titular.

Atividade registral e notarial apresenta pelo texto legal, que são sequenciais:

“Art. 1º Serviços notariais e de registro são os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a
publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos.

- Autenticidade – resulta do fato do ato notarial ou registral haver sido praticado por um delegatário
regularmente investido naquelas funções e dotado de fé pública”.

Não podemos confundir autenticidade do ato registral com a autenticidade do fato, ato ou negocio jurídico
que se vê objeto de instrumentalização. Cada um dos protagonistas de um ato notarial, assumem individualmente e
separadamente, especificamente, a parcela de suas respectivas responsabilidades. Ao notário, cabe oferecer
autenticidade ao ato praticado. Essa autenticidade não se confunde com a verdade dos fatos que estão sendo
declarados.

O ato notarial e o ato registral, são atos que por natureza e até por necessidade de se oferecer segurança
jurídica e formal, em sua grande e imensa maioria, só podem ser vinculados.

Não há, como regra, qualquer margem de liberdade para que um registrador ou tabelião possa tangenciar
essas normas impositivas, cogentes, de observância obrigatória.

O ato além de ser autentico, é seguro. A segurança advém da autenticidade.

A margem de discricionariedade é restrita. Ex.: Art. 156, Lei 6.015/73 – nessa caso, tem liberdade de atuação,
tem uma certa parcela de escolha.

Atributo da Garantia –

Eu tenho um ato autêntico emanado de tabelião registrador, agente público que presenta o estado. Esse
agente, ato seguindo rigorosamente os preceitos legais que orientam sua atuação, não podendo dele se afastar em
nenhum momento. E, sabemos também que essa lavratura dos atos registrais e notariais ela recebe uma fiscalização
permanente do poder judiciário em dois aspectos: do aspecto administrativo e disciplinar pelas corregedorias; e o
aspecto técnico pelo juízos dos registros públicos.

Se tenho essa escolta, que é a natureza de uma investidura, apresentação pelo Estado de um agente, que
garante autenticidade, que cumpre rigorosamente a lei na lavratura de tais atos e que também sofre um controle
permanente, através da correições ordinárias, extraordinárias, especiais, por parte do Poder Judiciário e que
também recebe uma supervisão permanente da vara ou juízo dos registros públicos, como o estado poderá não
garantir esses atos?

Autenticidade e segurança são os 2 pilares que conduzem a formação da garantia.

Ex.: Ação reivindicatória

Atributo da Eficacia – é a aptidão que qualquer ato tem para produzir os competentes efeitos.

Eficacia x efetividade
Eficácia opera no plano jurídico, abstrato. A efetividade atua no plano concreto

Efetividade nada mais é do que a concretização, a realização material da eficácia.

Eficácia é a condição necessária para que a efetividade se produza no campo material.

Os atos registrais apresentam pelo menos, 5 modalidades de eficácia:

Eficácia constitutiva – que decorre do ato, com elemento criador do direito que busco conquistar em sede
registral. Só a partir do ato registral, que eu produzo alguma eficácia constitutiva.

Ex.: Registo da propriedade mobiliaria – só tenho o direito quando lavra a escritura

Eficácia Modificativa – quando um ato registral opera mudança na natureza, na base de um direito até então
existente

Ex.: Instituição do condomínio edilício

Eficácia Extintiva – um registro pode servir para extinguir um certo direito

Ex.: Renuncia ao direito de propriedade –

Eficácia Comprobatória - quando a lei estabelecer que eu terei a minha disposição meios o modo de
supletório para eu comprovar aquela situação.

Casamento, nascimento e outros – tenho vários outros elementos para comprovar a situação

Ao lado da eficácia comprobatória, eu tenho o principio da força probante, onde aí só o registro pode
comprovar. Aí é uma exclusividade comprobatória , que é o que acontece hoje com a propriedade imobiliária.

Atributo da Publicidade – é ao mesmo tempo finalidade e atributo porque é um fim de todo e qualquer
registro.

A publicidade é uma regra mas que não opera em caráter absoluto. Essa publicidade é uma inerência do atro
registral e não do ato notarial. O ato notarial, é dotado de fé publica mas não tem publicidade.

Há situações onde a Lei restringe essa publicidade, principalmente no campo do registro civil das pessoas
naturais onde não é permitido exarar certidões alusivas a certas situações, como adoção, alteração de nome nos
casos de aplicação ao programa de testemunha etc. A lei protege o sigilo, visando proteger o cidadão.

A escritura publica como ato notarial, é publica mas não dispõe de publicidade. Ela só é rotulada como
publica, porque recebe a fé publica do tabelião.

Publicidade pode ser ampla ou restrita. Para os atos praticados no território nacional, em relação aos quais
não caiba a aplicação do segredo de justiça a publicidade é ampla.
Restrita – o Brasil tornou-se signatário em 1986 da Convenção de Viena, que tornou aplicável para os países
signatários, uma regra que prevê nas repartições consulares, os atos praticados alusivos a brasileiros que se
encontrem no exterior, ostentam uma publicidade restrita.

No Brasil ostentamos uma multiplicidade de atividades registrais que não são propriamente privativas.

O art. 236 CF/88, prevê que os serviços notariais e de serviços, serão exercidos em caráter privado.

Atritubuos x Sistemas x Principcios

Atributos são qualidades, virtudes que o ato registral apresenta.

O sistema implica na metodologia a ser aplicada para a realização do ato registral

Princpios são as normas de cunho principiológico, que orientam não so a elaboração como a interpretação e
aplicação da lei registrai.

SITSTAMAS REGISTRAIS –

Sistema de registro de títulos – se importa mais com a capsula, com a forma, do que propriamente do que
com o direito que nele esteja contigo. É o que acontece com o serviço registral de títulos e documentos. Em regra,
não se preocupa com o registro de direito. O direito ali não é atributivo, como regra.

Sistema de registro de Pessoais

Sistema de registro De Direitos

No Direito Registral Imobiliário, a opção do legislador predominante, foi por registrar direitos.

Sistema de transcrição – ainda permanece em alguns casos. A prática preferencial do registro de títulos e
documentos é desse sistema.

Ex: Convenção de condomínio

Eficácia de perpetuidade – os registros públicos servem para perpetuar certos documentos.

PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DOS REGISTROS PUBLICOS

Principios informativos: – porque possuem finalidade de orientar a interpretação, influindo na aplicação. São
normas jurídicas que devem orientar, nortear.

Princípio da Instancia (Rogação ou solicitação) – pressupõe que o registrador e até mesmo o notário, não
deva como regra praticar atos de oficio. Haverá sempre uma necessidade de uma provocação de interessado.
Esse principio está para a atividade notarial e registral assim com o princípio da inercia, está para a atividade
jurisdicional.

Exceções:

Abertura da matricula imobiliária – art. 176, 227 e 228 art. 6015/1973

Art. 176 - O Livro nº 2 - Registro Geral - será destinado, à matrícula dos imóveis e ao registro ou averbação
dos atos relacionados no art. 167 e não atribuídos ao Livro nº 3.

Ninguém registra o seu imóvel, você matricula o seu imóvel para a partir da abertura da matricula, que
devera ser procedida de oficio, proceder o registro dos direitos.

Art. 169, I e 170 da Lei 6015:

Art. 169 - Todos os atos enumerados no art. 167 são obrigatórios e efetuar-se-ão no Cartório da situação do
imóvel, salvo: (Redação dada pela Lei nº 6.216, de 1975).

I - as averbações, que serão efetuadas na matrícula ou à margem do registro a que se referirem, ainda que o
imóvel tenha passado a pertencer a outra circunscrição;

Art. 170 - O desmembramento territorial posterior ao registro não exige sua repetição no novo cartório.

PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE

Art. 27

PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE

Se divide em Ampla ou Restrita

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