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Resumo – O objetivo deste trabalho foi desenvolver um referencial teórico sobre a prática da adoção no
Brasil. A análise baseou-se em critérios de pesquisa bibliográfica e entrevista com profissional de
Psicologia que traduz a prática dessa construção metodológica. O presente referencial visa ilustrar, os
aspectos históricos de adoção no Brasil, o que leva uma mãe a abandonar seu filho, como se dá o processo
e os critérios que permitem que uma pessoa possa adotar uma criança ou um adolescente de acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei 8.069\90. Foram elencados também, alguns dados
estatísticos relevantes sobre a quantidade e o perfil das crianças que esperam por uma família substituta,
bem como a lista de espera dos pretendentes. Num segundo momento foi discutido sobre os possíveis
desdobramentos do ato de adotar e a documentação necessária. Em seguida discutiu-se sobre o olhar o
Conselho Federal de Psicologia em relação ao tema e o papel do psicólogo frente à adoção. Em 1980
cerca de 90% das crianças eram adotadas sem nenhum amparo jurídico, era uma prática comum e
corriqueira. Diante os fatos mesmo sendo adotadas continuavam sendo vitimadas, pois, não tinham
direitos suficientes para manterem uma vida digna com os mesmos direitos dos outros irmãos não
biológicos. Outras situações marcaram muito a vida dessas crianças, a negligência aos estudos, trabalho
infantil, exploração sexual dentre outras. A partir dessas práticas estigmatizante, a contemporaneidade
trouxe consigo um novo olhar para essa prática, uma visão mais humana que garantiria todos os direitos
fundamentais as crianças e adolescentes, mas, que também auxiliavam as famílias que desejavam adotar.
O ECA foi uma ferramenta e um instrumento mais importante até os dias atuais para salvaguardar os
direitos conquistados para esse publico que antes eram visto como simples objetos e agora como sujeitos
de direitos.
1. Introdução
A adoção no Brasil ainda é um tema que demanda muitos cuidados, munido as práticas
anteriores onde não existiam leis que definiam, quem, como e quais seriam os direitos
dos adotados, as crianças eram simplesmente entregues as famílias que tinham maiores
condições financeiras ficando praticamente a mercê de seus novos cuidadores.
Infelizmente muitas dessas famílias não pensando no bem estar dessas crianças as viam
como meros objetos de consumo, onde ali eram apenas serviçais, como mão de obra
gratuita ou até mesmo objetos sexuais. A historicidade da adoção vela a quantidade de
crianças que foram negligenciadas, violentadas discriminadas ou que pudessem agregar
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Alunos de Psicologia
²
Profª UNIVERSO
determinados transtornos devidos à forma de como eram criadas. Elas eram
simplesmente deixadas, muitos acolhiam por questões religiosas outros por caridade e
outros por intenções particulares.
O Estatuto da Criança e do Adolescente, mais conhecido como (ECA) pela Lei 8.069
de 1990. De acordo com essa Lei tirada do Artigo 227 da Constituição Federal as
crianças e adolescentes é um instrumento de reparação de um dano imenso ocorrido a
muitos indivíduos. Essa conquista valorizava a subjetividade humana e não apenas o
rigor e a rigidez da Lei. Conceitos como valores pessoais, afetivos, atos que proporcione
o crescimento cognitivo, os vínculos familiares e sociais, bem como direito a vida,
saúde e educação que são os requisitos básicos para uma construção de uma vida digna.
O que fica marcado são os rastros deixados não pela adoção, e sim pelo abandono, essas
são reflexões que minuciosamente é significante entender, pois não se trata de um tema
antigo, e sim atual, por mais que exista a Lei, pessoas ainda doam seus filhos, sem
nenhum amparo legal, e de acordo com a Lei essa é uma ação criminosa.
A Lei regulamentou os direitos e deveres das crianças e dos adolescentes, porém, quem
são os responsáveis para que essa Lei seja cumprida? Além da autoridade da família
quando os direitos forem violados, essas crianças e adolescentes conta com uma rede de
profissionais sendo, Psicólogos, Assistentes Sociais, Juízes, Promotores e Advogados,
que forma uma rede socioassistencial que contribuem para fortalecer o direito
conquistado. Dessa forma, a rede multidisciplinar delimitam a forma de atuação e a
função de cada especialidade. No caso do Psicólogo o órgão regulamentador, é o
Conselho Federal de Psicologia acompanhado pelo Conselho Regional de Psicologia
que são responsáveis pela orientação das especificidades da atuação do profissional bem
como suas demandas.
2. Metodologia da pesquisa
Resultados obtidos
A Adoção no Brasil segundo Maux e Dutra (2010) era vista como um ato de caridade,
ou seja, as famílias mais ricas levavam os filhos de famílias mais pobres para morar na
mesma casa, estes eram denominados de “filhos de criação”. Estes “filhos” eram
tratados de forma diferente dos demais filhos biológicos, eram inferiorizados pelos pais
adotivos. Para essas famílias ao adotar uma criança estavam cumprindo com as normas
da igreja, ou seja, era uma forma de prestar auxilio aos mais necessitados. No entanto o
que na verdade ocorria, era que essas crianças trabalhavam para ter direito a moradia e a
família adotiva contava com uma mão de obra gratuita. Foi a partir desse tipo de
adoção que essa prática começou a ser construída no Brasil. Para Weber (2001) esse
tipo de adoção informal era conhecida como “adoção à brasileira”, ou seja, adoção sem
passar pelos tramites legais se limitando somente com o registro no cartório, é praticada
até os dias atuais, porém em menor escala. De acordo com pesquisas feitas pelo autor,
na década de 1980 o índice da “adoção à brasileira” era de 90% das adoções no país. E
esse tipo de adoção ainda ocorre por causas dos mitos e preconceitos, herança deixada
pelos nossos antepassados, ou seja, de que a adoção seria considerada uma vergonha e
humilhação.
Maux e Dutra (2010) comentam que 1828 a adoção foi inclusa pela primeira vez na
legislação brasileira, objetivando atender casais sem filhos com problemas de
infertilidade, nessa época ainda não levava em consideração o direito da criança ou do
adolescente de ter um lar e uma família, ficando assim marcada como herança deixada
pelos nossos antepassados. Com o passar dos anos aconteceram grandes mudanças em
relação a forma de tratamento das crianças e adolescente e os requesitos básicos para
adoção, entre elas o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a partir
da Lei 8.069 de 13 de julho de 1.990 visando os direitos fundamentais da criança e do
adolescente o que regulamentou e deu garantias a prática da adoção no Brasil, e a Lei
12.010/09, ou “Nova lei de adoção” fortalecendo ainda mais as garantias dos direitos
que esse público merece , principalmente no que se refere ao direito da convivência
familiar.
Voltando um pouco mais na história, outro marcos apontam as autoras também sobre a
adoção foi a inclusão do código civil de 1916 (Lei 3071/16) na legislação brasileira, a
qual permitia a adoção somente para casais sem filhos, essa adoção poderia ser
revogada, ou seja, a criança ou adolescente adotado poderia ter vínculo com a família
biológica. E em 1957 surge a Lei 3.133/57, que permitiu que casais que já tivessem
filhos biológicos pudessem adotar outra criança, porém o adotado não teria direto à
herança. E com a legislação de 1965 sob a Lei 4.655, é garantido o direto de adoção
também para pessoas viúvas e desquitadas. Nota-se que por mais de 40 anos, somente
casais sem filhos poderiam adotar um filho. A lei de 1965 trouxe uma grande mudança
na temática da adoção, com a chamada legitimação adotiva, com isso o filho adotivo
passa a ter os mesmos direitos legais do que o filho biológico, porém para isso, o
adotado deveria romper qualquer vinculo com a família biológico, ou seja, seria uma
adoção irrevogável, mas somente nos casos de crianças que foram abandonadas até aos
sete anos de idade ou filhos de pais desconhecidos.
Ainda neste contexto histórico as autoras relatam que com a Lei 6.697/79 (Código de
Menores) foi extinta a legitimação adotiva, estabelecendo duas formas de adoção, que
seriam a adoção simples, a qual priorizava crianças maiores de sete anos até menores de
dezoito anos de idade que estivessem em situação irregular e na adoção plena a criança
até sete anos de idade poderia passar para a condição de filho, porém sendo adoção
irrevogável, sem vínculo com a família de origem. Apontam também que foi somente
com legislação de 1988, os filhos biológicos e adotivos passaram ser tratados de
maneira igual.
Conforme Maux e Dutra (2010) o pressuposto legal da forma de adoção plena é hoje a
base do Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C.A), extinguindo definitivamente a
forma de adoção simples e ampliando o modelo de adoção plena à todas as crianças
menores de dezoito anos, garantindo a permanência no lar adotivo como filho e com os
mesmos diretos dos filhos biológicos. Como também estendendo o direito à adoção as
pessoas maiores de dezoito aos de idade, independente das condições e estado civil. O
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a lei 12.010/09, em vigor desde
novembro de 2009, não diferenciam em termos legais, filhos biológicos de filhos
adotivos, diferentemente das leis brasileiras anteriores ao ECA, que postulavam uma
clara diferenciação entre os filhos, desvalorizando os que seriam adotivos, ou seja,
somente “os laços de sangue” eram valorizados. (Maux; Dutra, 2010. p. 361,362).
4. ADOÇÃO NO BRASIL
Segundo Soejima e Weber (2008) leva em consideração algumas situações que naquela
época contribuíam para que as famílias abandonassem seus filhos, questões práticas
como; o contexto histórico, social e familiar. Conforme relatam as autoras, as questões
que envolvem abandono eram comuns nas antigas civilizações no qual as crianças eram
inferiorizadas. Cortez (2011) em suas pesquisas, diz que na idade média as crianças
eram colocadas para trabalhar junto aos adultos logo após seu desmame que era mais ou
menos dos seis aos sete anos de idade, o afeto e o carinho eram deixados de lado, as
crianças não tinham tempo para brincar, os estudos eram prejudicados, pois, somente
quem se interessava visitavam os locais de estudos que eram em ambientes livres e não
em escolas públicas. Nestes ambientes qualquer pessoa mesmo sendo de classes sociais
distintas e de diferentes idades como crianças adolescentes e adultos podiam estudar
concomitantemente. Em relação às meninas, eram educadas em suas casas por seus pais
ou responsáveis. O estudo não era obrigatório, sendo assim, a autoescolha, o trabalho
precoce e a rigidez dos pais, favoreciam para o aumento da mortalidade infantil, o
analfabetismo e consequentemente o abandono das crianças.
Segundo Soejima e Weber (2008) o abandono era mais comum nos centros urbanos,
sendo que, o desamparo, a miséria a violência, relações conjugais sem instabilidade,
mães solteiras e ou chefe de famílias, gravidez muito cedo ou indesejada, questões
econômicas e sociais, pouca escolaridade e inconstantes salários deram base para
facilitar o desequilíbrio emocional e aumentar o sentimento de incapacidade no cuidado
de seus filhos, tal circunstância certamente favoreceu para financiar o aumento do
abandono no Brasil.
Segundo Lancet (2017) o processo de adoção passa a ser realizado á partir do momento
em que os interessados têm o objetivo de adotar uma criança e então procura a vara da
infância e juventude da comarca de seu domicilio para tomar os passos necessários para
adoção, são avaliados para saber se estão aptos a acolher com segurança. Outro passo é
o cadastro realizado para a espera de adoção. De acordo com Silva (2010) os perfis de
crianças que estão aptas para serem adotadas são crianças que foram vítimas de
abandono e de brutalidade, passavam fome, violentadas sexualmente e as que foram
privadas dos princípios básicos que resguarda o ECA, são as que geralmente estão nos
cadastros de adoção, outros atributos são de carência financeira ou outras realidades
difíceis em que se encontravam e fizeram-nas buscarem refugio nas instituições.
A família hoje perante a Lei é compreendida como: “(...) comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa. (...) As relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual” (BRASIL, Constituição, Lei nº 11.340/ 2006). Desse
modo o casamento entre pessoas do mesmo sexo a partir do Projeto de Lei do Senado
Federal de n° 612, de 2011, onde altera a redação do art. 1.723 da Lei nº 10.406/02
(Código Civil) reconhecendo essa união como “entidade familiar estável” contrapondo
o Código Civil Lei no 10.406, De 10 De Janeiro De 2002 em seu Art. 1.622 que dizia:
“Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e mulher, ou se
viverem em união estável”. Dessa forma entende-se que não há impedimento para que
famílias homoparentais adotem crianças ou adolescentes visto que eles preencham os
requisitos necessários para esse fim.
Segundo o ECA, os maiores de dezoito anos de idade, visto que o adotante seja maior
de dezesseis anos de idade mais velho que o adotado, casais com união estável,
divorciados e ex-companheiros sendo que essas pessoas estejam em condições que
possam proporcionar solidez e segurança, seja ela social emocional ou familiar, que
priorize os vínculo e o afeto para proporcionar ao adotado o desenvolvimento
necessário. Outro ponto é a adoção em caráter excepcional por estrangeiros, que vivem
em países que participam do Conselho nacional de Justiça (CNJ) que firmaram um ato
de compromisso na Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em
Matéria de Adoção Internacional em 29 de maio de 1993, conhecida como Convenção
de Haia. Não podem adotar pais, avós, bisavós nem irmãos do adotando, salvo na
condição de guarda ou tutela a partir do consentimento do juiz da Vara de Família da
sua comarca, e por pessoas que não favorecem um ambiente saudável ex: (alcoólatras,
drogas e conflituoso). Os passos para adoção segundo o portal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios (TJDFT) acessado em 07/09/2017 informa que os cadastros
são feitos por meio de um registro mantido pela comarca de origem.
De acordo com o Portal Adoção (2013), algumas crianças a espera de adoção farão de
tudo para satisfazer o adotante compartilhando seus gostos e outros não, por isso ele
adverte-nos que a calma é bastante importante para o processo de adaptação, caso não
dê certo não havendo relação que possa desenvolver a continuidade da adoção, informa
o roteiro que o primeiro passo é entrar em contato com o Juizado da Vara da Infância e
juventude e discutir para possíveis providencias. Lá também, analisará se processo de
adaptação está indo bem, caso sim, o juizado dará autorização para que faça uma nova
certidão da criança. Para os autores adotar é agregar um novo no ceio familiar, não
sendo caridade e sim senso de pura responsabilidade carinho e amor, não é substituir o
filho na impossibilidade de tê-lo, é aceitá-lo como seu próprio filho, gerando uma nova
família, que antes de tudo os interessados se comprometam a refletir na sua tomada de
decisão. É preciso que o adotante participe das entrevistas e eventos após a inscrição
que é feita e atualizada na Vara da Infância e Juventude de sua Comarca, é preciso
também, que esteja ciente de suas condições, certamente terá um perfil já predefinido, o
portal esclarece que é bom saber a idade, sexo, cor e se tem irmão ou não.
De acordo com (MOLINO, 2011 s\pg) “A adoção começa com a fantasia de um filho
ideal, mas a criança é real, cheia de hábitos e costumes, principalmente as mais velhas”.
Diante os fatos, é de estrema importância que se tenha mais cursos preparatórios para
que as pessoas estejam mais conscientes das dificuldades que possam ocorrer durante e
após a adoção, e compreender principalmente que o filho adotado tem os mesmos
direitos e deveres do que os filhos biológicos observando requesitos como: A criança
adotada já passou por um processo traumatizante por isso requer cuidados e cautela. Em
suma quando a criança é devolvida à instituição de sua origem, a justiça busca por
parentes da família adotiva que estejam interessados em obter a guarda provisória
daquela criança. Caso não exista, ela é encaminhada a um abrigo onde permanecerá até
que seja adotada novamente. Enquanto isso não acontece, ela segue com os nomes do
novo pai e da nova mãe em seus documentos.
Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça branca: 7571 18.25%
Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça negra: 361 0.87%
Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça parda: 1793 4.32%
Total de pretendentes que desejam adotar somente crianças do sexo 11500 27.73%
Em uma breve leitura, do Cadastro Nacional de adoção no Brasil conta com cerca de
8.149 de crianças estão cadastradas subdivididas em brancas, negras amarelas pardas
indígenas, excepcionais ou com algum problema de saúde, sendo que a população de
crianças pardas com um percentual de 48.05% sendo as maior número disponíveis para
a adoção. Na região Centro Oeste há um número considerável de 666 crianças
disponíveis para adoção e aproximados 3.141 pretendentes cadastrados. No que se
refere aos pretendentes existe uma larga escala de pessoas na fila de espera, em todo
Brasil atualmente são respectivamente de 41.478 um valor muito acima de crianças que
estão na fila de adoção. O Estado de Goiás conta com cerca de 1.332, ou seja, 3,21% em
relação ao Brasil de pessoas pretendentes para adotar. Dentro desta lista estão também
crianças com algum tipo de excepcionalidades como: crianças doentes, com HIV, com
doença física ou mental. O maior campo de pretendentes está localizado no estado de
São Paulo com uma população de 9.860 sendo 23,77% de todo o território brasileiro, e
o menor número de pretendentes são os roraimenses em um total de 64 crianças sendo
0,15% do número de pretendentes.
Diante essa disparidade entre adotantes e adotados fica uma incógnita: “Então por que
existem crianças para serem adotadas?”. De acordo com o endereço eletrônico do
Senado Federal sitiado em www.senado.gov.br, essa discussão é um tema que demanda
grandes desafios, em média, são 6 pretendentes para cada criança que está a espera para
ser adotado. O que na realidade acontece conforme menciona o Senado Federal, é que a
diferença está na escolha do perfil desejado, ele não aponta que questões raciais seja o
maior problema, mas sim, questão da idade. Entre quatro pessoas que quer adotar
apenas um opta por escolher uma criança com mais de 4 anos de idade, isso evidencia
que quanto mais tempo elas ficarem nas instituições mais difíceis serão as chances para
ganharem um novo lar. Outro fator é o não desmembramento de grupos de irmãos
pensando em diminuir as perdas que elas já tiveram e fortalecer o vínculo familiar entre
eles, sendo assim, os grupos de irmão não podem ser separados o que
proporcionalmente pode aumentar o número de negações no ato de adotar. Outro fator
importante comenta, é que há uma significativa demora no processo para consolidar a
adoção que advém de questões judiciais, pois o acolhimento institucional bem como a
adoção são medidas de proteção, e tem caráter excepcionalidade, essa característica
colabora para aumentar o número de crianças acolhidas nas instituições e o travamento
do processo de adoção. Um dado importante é que 80% dos pretendentes que desejam
adotar é devido a infertilidade.
Os abrigos acolhem e assistem crianças e adolescentes que por motivos diversos são
retiradas ou abandonadas pela família de origem garantindo a segurança das mesmas. A
Lei Nacional nº 12.010, de 3 de agosto de 2009 que dispõe sobre a adoção favorece os
vínculos familiares e à integração a uma família substituta quando se consome os meios
favoráveis de conservação da família biológica.
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar
ou institucional deverão adotar os seguintes princípios: I - preservação dos
vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; II - integração em
família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família
natural ou extensa (...). (BRASIL.Constituição Federal, Lei nº 12.010, 2009).
Sobre o papel do Psicólogo Jurídico frente à adoção Lago, Amato, Teixeira et al (2009)
relatam que os mesmos participam nesse processo através de assessorias às famílias
adotivas, junto a uma equipe dos Juizados da Infância e Juventude; devem fazer a
escolha de pais com critérios que melhor atenderão às necessidades das crianças, devem
manter os adotantes dentro das leis, assim como iniciar um programa ao qual poderá
elaborar bem a assessoria e a avaliação dos mesmos. O estudo psicossocial garante o
cumprimento da lei, a prevenção de abusos e a rejeição de devolução dos adotados.
Continuando na observação de Lago, Amato, Teixeira et al (2009) há também
psicólogos jurídicos dentro desta temática que trabalham nas Fundações de Proteção
Especial onde os abrigados são as crianças e os adolescentes, é uma instituição que
oferece um cuidado especial que minimiza o efeito de institucionalização o que
proporciona aos abrigados uma relação próxima ao convívio familiar, esses vínculos são
facilitadores para a adoção, pois geram a capacidade de afeto.
Messa (2010) também reforça dizendo que o psicólogo desta área consiste a perito
judicial assessorando a Justiça da Infância e Juventude trazendo fatos que auxiliem no
caso da criança e adolescente e até mesmo da família. O psicólogo verifica, examina
para concluir através de laudos, o qual vem diagnosticar as situações envolventes no
caso e para encaminhamentos favoráveis.
Na maioria das vezes, as crianças e adolescentes que são entregues a adoção, por
motivos diversos, como vitima de maus tratos, abuso sexual, violência físicas, entre
outras negligencias, são retiradas do meio familiar e colocadas em abrigos, que são
lugares onde permanecem até retornarem para a própria família, ou serem adotadas.
Portanto, não são todos abrigados que podem ser adotados. O abrigo tem como função
zelar pelas crianças e adolescentes que ali estão, garantindo o acesso aos direitos de
cada um, priorizando e garantindo o vinculo com a família original. Para que isso seja
possível, há uma equipe responsável, entre eles psicólogos que visam trabalhar ao lado
dos abrigados para orientá-los em suas passagens pelo local.
Os pais que estão na espera de filho pela adoção, ficam ansiosos, tensos, preocupados a
espera desse filho, no entanto seria de muita importância um acompanhamento
psicológico ao longo de todo processo de espera por esse filho. O psicólogo poderá dar
todo o suporte para esses pais, ajuda-los a ser mais flexíveis, saber esperar esse processo
com mais tranquilidade, e é necessário que esses pais tenham a plena consciência de
suas escolhas, para que no futuro não venham a desistir da adoção (devolução da
criança), pois pode ser que nesse processo de espera, com tanta ansiedade, e
expectativas, os adotantes tenham comportamentos inconscientes, conforme afirmação:
Para que uma criança ou adolescente seja colocado em família substituta mediante
adoção é necessário que haja a destituição do poder familiar. Os casos mais comuns que
levam uma criança ou adolescente a serem destituídos dos pais biológicos são quando
estes não são capazes de cumprir os deveres legais de “sustento, guarda e educação dos
filhos”, bem como lhes colocam em situação de risco/ vulnerabilidade. É importante
ressaltar que quando uma situação como esta é identificada, realiza-se o estudo, os
encaminhamentos, à orientação, apoio e promoção social da família natural, buscando
oportunizar que estes pais se reorganizem para atender as necessidades dos seus filhos.
Além disso, na ausência de condições dos genitores, a família extensa tem prioridade.
Outra forma comum são os casos em que as gestantes ou mães que manifestam o
interesse em entregar seus filhos para adoção e por isso são encaminhadas à Justiça da
Infância e da Juventude.” (NR)
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essas crianças de uma forma ou de outra, estão ali devido ao abandono, violência
familiar, violência sexual, vulnerabilidade familiar sendo por famílias que entregam
seus filhos para adoção por questões de não ter condições para cuidar e sustentar seus
filhos, além de situações citadas anteriormente outros exemplos são: (usuários de
drogas, Alcoólatras, doenças graves etc.)
O processo de adoção é lento difícil e doloroso para as crianças, mas também foi uma
quebra de paradigma, uma mudança de filosofia de pensando e uma nova visão de
humanidade. Antes a sociedade arquitetava atitudes em que as diferenças sociais eram
“produtos”, ou seja, as pessoas eram meros objetos de uso e desuso, as Leis não
pensavam na subjetividade humana no que eles pensavam, sentiam e compreendiam as
coisas. Antes pôde-se notar que na maioria das vezes, mesmo sendo adotadas as
crianças não tinham direitos, quando adultas, serviam de meros serviçais para trabalhar
reforçando o que chamamos hoje de uma escravização moderna, e ali ficavam
estigmatizadas pois, não tinham os mesmos privilégios das outras crianças por não
serem filhos biológicos e sim um apenas adotado. Nessa perspectiva as crianças sofriam
de todas as formas, fisicamente e psiquicamente, desfavorecendo seu desenvolvimento
humano, já viviam a experiência de serem abandonadas e violentadas, ignoradas, não
tendo mais valor, e após a adoção eram revitimizadas por alguns dos cuidadores
continuando a segregação, agora de forma camuflada, porque não existiam leis que
assegurassem os requisitos básicos e essenciais para uma vida digna voltada para o
desenvolvimento físico e mental daquelas crianças.
Nos dias atuais percebe-se uma grande dificuldade no quesito adoção, devido à
burocracia, pela escolha e pelo enrijecimento da lei. Verifica-se que há mais
pretendentes na lista de espera que crianças para serem adotadas, é uma faca de dois
gumes, pois, tenta-se alocar o perfil de criança ideal aos pretendentes ideais que
permitirão os requisitos que a lei exige, com a ideia de que não estão colocando em suas
casas uma criança estigmatizada como adotada mas sim, como um filho com todos os
direitos sejam eles afetivos e sociais inclusive o próprio nome da nova família em seus
documentos pessoais.
Esse zelo traz uma demora crucial nesse no processo de adoção, porque depende de uma
escolha, de verificações jurídicas e acompanhamentos sociais e psicológicos, assim
muitas crianças passam anos e anos dentro das instituições e não conseguem encontrar
famílias substitutas. Em virtude dos fatos fica claro onde entra o trabalho dos
profissionais tanto das áreas psicológicas jurídicas e sociais que formam um tripé de
uma rede de multiprofissionais para o auxilio, acompanhamento e desenvolvimento
dessas crianças e das novas famílias substitutas.
JUSTIÇA. Conselho Nacional de. CNJ Serviço: entenda como funciona a adoção
internacional. http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/81164-cnj-servico-entenda-como-
funciona-a-adocao-internacional acessado em: 07/09/2017
LAGO, AMATO, TEIXEIRA et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no
Brasil e seus campos de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, p. 483-491, 2009.
MAUX, Barbosa Ana Andréa; DUTRA, Elza. A adoção no Brasil: algumas reflexões
Estudos e Pesquisas em Psicologia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de
Janeiro vol. 10, nº2, p. 356-372, 2010.
MESSA. Acione Aparecida. Adoção: Aspectos Psicológicos do Processo. Psicologia
Jurídica. Curitiba: Ed. Atlas, V. 20, p. 71-76. 2010.