Você está na página 1de 19

Adoção no Brasil

Aparecida Da Silva Bernardino, Cristiane Alves Da


Silva, Fernanda Silva De Almeida, Kelly Cristina
Alves Castro, Magda Custódia Da Costa, Marcelo
Constantino, Oziléia Nascimento Patriarca Moreira,
Kamila Lorena Magalhães¹
Orientador Profº: Nara Leão²

Resumo – O objetivo deste trabalho foi desenvolver um referencial teórico sobre a prática da adoção no
Brasil. A análise baseou-se em critérios de pesquisa bibliográfica e entrevista com profissional de
Psicologia que traduz a prática dessa construção metodológica. O presente referencial visa ilustrar, os
aspectos históricos de adoção no Brasil, o que leva uma mãe a abandonar seu filho, como se dá o processo
e os critérios que permitem que uma pessoa possa adotar uma criança ou um adolescente de acordo com o
Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei 8.069\90. Foram elencados também, alguns dados
estatísticos relevantes sobre a quantidade e o perfil das crianças que esperam por uma família substituta,
bem como a lista de espera dos pretendentes. Num segundo momento foi discutido sobre os possíveis
desdobramentos do ato de adotar e a documentação necessária. Em seguida discutiu-se sobre o olhar o
Conselho Federal de Psicologia em relação ao tema e o papel do psicólogo frente à adoção. Em 1980
cerca de 90% das crianças eram adotadas sem nenhum amparo jurídico, era uma prática comum e
corriqueira. Diante os fatos mesmo sendo adotadas continuavam sendo vitimadas, pois, não tinham
direitos suficientes para manterem uma vida digna com os mesmos direitos dos outros irmãos não
biológicos. Outras situações marcaram muito a vida dessas crianças, a negligência aos estudos, trabalho
infantil, exploração sexual dentre outras. A partir dessas práticas estigmatizante, a contemporaneidade
trouxe consigo um novo olhar para essa prática, uma visão mais humana que garantiria todos os direitos
fundamentais as crianças e adolescentes, mas, que também auxiliavam as famílias que desejavam adotar.
O ECA foi uma ferramenta e um instrumento mais importante até os dias atuais para salvaguardar os
direitos conquistados para esse publico que antes eram visto como simples objetos e agora como sujeitos
de direitos.

Palavras-Chave: Adoção. Abandono. Famílias substitutas. Psicólogo Jurídico. ECA.

1. Introdução
A adoção no Brasil ainda é um tema que demanda muitos cuidados, munido as práticas
anteriores onde não existiam leis que definiam, quem, como e quais seriam os direitos
dos adotados, as crianças eram simplesmente entregues as famílias que tinham maiores
condições financeiras ficando praticamente a mercê de seus novos cuidadores.
Infelizmente muitas dessas famílias não pensando no bem estar dessas crianças as viam
como meros objetos de consumo, onde ali eram apenas serviçais, como mão de obra
gratuita ou até mesmo objetos sexuais. A historicidade da adoção vela a quantidade de
crianças que foram negligenciadas, violentadas discriminadas ou que pudessem agregar
_____________________________
Alunos de Psicologia
²
Profª UNIVERSO
determinados transtornos devidos à forma de como eram criadas. Elas eram
simplesmente deixadas, muitos acolhiam por questões religiosas outros por caridade e
outros por intenções particulares.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, mais conhecido como (ECA) pela Lei 8.069
de 1990. De acordo com essa Lei tirada do Artigo 227 da Constituição Federal as
crianças e adolescentes é um instrumento de reparação de um dano imenso ocorrido a
muitos indivíduos. Essa conquista valorizava a subjetividade humana e não apenas o
rigor e a rigidez da Lei. Conceitos como valores pessoais, afetivos, atos que proporcione
o crescimento cognitivo, os vínculos familiares e sociais, bem como direito a vida,
saúde e educação que são os requisitos básicos para uma construção de uma vida digna.
O que fica marcado são os rastros deixados não pela adoção, e sim pelo abandono, essas
são reflexões que minuciosamente é significante entender, pois não se trata de um tema
antigo, e sim atual, por mais que exista a Lei, pessoas ainda doam seus filhos, sem
nenhum amparo legal, e de acordo com a Lei essa é uma ação criminosa.

A Lei regulamentou os direitos e deveres das crianças e dos adolescentes, porém, quem
são os responsáveis para que essa Lei seja cumprida? Além da autoridade da família
quando os direitos forem violados, essas crianças e adolescentes conta com uma rede de
profissionais sendo, Psicólogos, Assistentes Sociais, Juízes, Promotores e Advogados,
que forma uma rede socioassistencial que contribuem para fortalecer o direito
conquistado. Dessa forma, a rede multidisciplinar delimitam a forma de atuação e a
função de cada especialidade. No caso do Psicólogo o órgão regulamentador, é o
Conselho Federal de Psicologia acompanhado pelo Conselho Regional de Psicologia
que são responsáveis pela orientação das especificidades da atuação do profissional bem
como suas demandas.

A pesquisa trouxe à tona, uma série de informações indicando principalmente as


dificuldades em conceder plenamente tais direitos, a existência de mitos e preconceitos,
e a precariedade das instituições, aumenta ainda mais, a relevância em estudar este
tema. A burocracia trouxe uma significativa demora podendo afetar e comprometer a
agilidade da adoção, existe um zelo para resguardar a integridade dos adotados e
adotantes, este zelo pode ser prejudicial, mas, também crucial para uma escolha bem
planejada que trará felicidade, afeto e carinho para ambos os envolvidos.

2. Metodologia da pesquisa

Para construção desse referencial, foi utilizado como metodologia, pesquisa


bibliográfica por meio de artigos científicos, revistas e levantamento de dados
estatísticos em endereço eletrônicos e pesquisa de campo com entrevista. O instrumento
utilizado foi um questionário qualitativo para a descrição e discussão teórica.

Resultados obtidos

3. ASPECTOS HISTÓRICOS DA ADOÇÃO NO BRASIL


3.1 Algumas evidências de como a adoção iniciou-se no Brasil.

A Adoção no Brasil segundo Maux e Dutra (2010) era vista como um ato de caridade,
ou seja, as famílias mais ricas levavam os filhos de famílias mais pobres para morar na
mesma casa, estes eram denominados de “filhos de criação”. Estes “filhos” eram
tratados de forma diferente dos demais filhos biológicos, eram inferiorizados pelos pais
adotivos. Para essas famílias ao adotar uma criança estavam cumprindo com as normas
da igreja, ou seja, era uma forma de prestar auxilio aos mais necessitados. No entanto o
que na verdade ocorria, era que essas crianças trabalhavam para ter direito a moradia e a
família adotiva contava com uma mão de obra gratuita. Foi a partir desse tipo de
adoção que essa prática começou a ser construída no Brasil. Para Weber (2001) esse
tipo de adoção informal era conhecida como “adoção à brasileira”, ou seja, adoção sem
passar pelos tramites legais se limitando somente com o registro no cartório, é praticada
até os dias atuais, porém em menor escala. De acordo com pesquisas feitas pelo autor,
na década de 1980 o índice da “adoção à brasileira” era de 90% das adoções no país. E
esse tipo de adoção ainda ocorre por causas dos mitos e preconceitos, herança deixada
pelos nossos antepassados, ou seja, de que a adoção seria considerada uma vergonha e
humilhação.

Maux e Dutra (2010) comentam que 1828 a adoção foi inclusa pela primeira vez na
legislação brasileira, objetivando atender casais sem filhos com problemas de
infertilidade, nessa época ainda não levava em consideração o direito da criança ou do
adolescente de ter um lar e uma família, ficando assim marcada como herança deixada
pelos nossos antepassados. Com o passar dos anos aconteceram grandes mudanças em
relação a forma de tratamento das crianças e adolescente e os requesitos básicos para
adoção, entre elas o surgimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a partir
da Lei 8.069 de 13 de julho de 1.990 visando os direitos fundamentais da criança e do
adolescente o que regulamentou e deu garantias a prática da adoção no Brasil, e a Lei
12.010/09, ou “Nova lei de adoção” fortalecendo ainda mais as garantias dos direitos
que esse público merece , principalmente no que se refere ao direito da convivência
familiar.

Voltando um pouco mais na história, outro marcos apontam as autoras também sobre a
adoção foi a inclusão do código civil de 1916 (Lei 3071/16) na legislação brasileira, a
qual permitia a adoção somente para casais sem filhos, essa adoção poderia ser
revogada, ou seja, a criança ou adolescente adotado poderia ter vínculo com a família
biológica. E em 1957 surge a Lei 3.133/57, que permitiu que casais que já tivessem
filhos biológicos pudessem adotar outra criança, porém o adotado não teria direto à
herança. E com a legislação de 1965 sob a Lei 4.655, é garantido o direto de adoção
também para pessoas viúvas e desquitadas. Nota-se que por mais de 40 anos, somente
casais sem filhos poderiam adotar um filho. A lei de 1965 trouxe uma grande mudança
na temática da adoção, com a chamada legitimação adotiva, com isso o filho adotivo
passa a ter os mesmos direitos legais do que o filho biológico, porém para isso, o
adotado deveria romper qualquer vinculo com a família biológico, ou seja, seria uma
adoção irrevogável, mas somente nos casos de crianças que foram abandonadas até aos
sete anos de idade ou filhos de pais desconhecidos.

Ainda neste contexto histórico as autoras relatam que com a Lei 6.697/79 (Código de
Menores) foi extinta a legitimação adotiva, estabelecendo duas formas de adoção, que
seriam a adoção simples, a qual priorizava crianças maiores de sete anos até menores de
dezoito anos de idade que estivessem em situação irregular e na adoção plena a criança
até sete anos de idade poderia passar para a condição de filho, porém sendo adoção
irrevogável, sem vínculo com a família de origem. Apontam também que foi somente
com legislação de 1988, os filhos biológicos e adotivos passaram ser tratados de
maneira igual.

Conforme Maux e Dutra (2010) o pressuposto legal da forma de adoção plena é hoje a
base do Estatuto da Criança e do Adolescente (E.C.A), extinguindo definitivamente a
forma de adoção simples e ampliando o modelo de adoção plena à todas as crianças
menores de dezoito anos, garantindo a permanência no lar adotivo como filho e com os
mesmos diretos dos filhos biológicos. Como também estendendo o direito à adoção as
pessoas maiores de dezoito aos de idade, independente das condições e estado civil. O
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a lei 12.010/09, em vigor desde
novembro de 2009, não diferenciam em termos legais, filhos biológicos de filhos
adotivos, diferentemente das leis brasileiras anteriores ao ECA, que postulavam uma
clara diferenciação entre os filhos, desvalorizando os que seriam adotivos, ou seja,
somente “os laços de sangue” eram valorizados. (Maux; Dutra, 2010. p. 361,362).

4. ADOÇÃO NO BRASIL

4.1 Aspectos que leva a família a abandonar o filho.

Segundo Soejima e Weber (2008) leva em consideração algumas situações que naquela
época contribuíam para que as famílias abandonassem seus filhos, questões práticas
como; o contexto histórico, social e familiar. Conforme relatam as autoras, as questões
que envolvem abandono eram comuns nas antigas civilizações no qual as crianças eram
inferiorizadas. Cortez (2011) em suas pesquisas, diz que na idade média as crianças
eram colocadas para trabalhar junto aos adultos logo após seu desmame que era mais ou
menos dos seis aos sete anos de idade, o afeto e o carinho eram deixados de lado, as
crianças não tinham tempo para brincar, os estudos eram prejudicados, pois, somente
quem se interessava visitavam os locais de estudos que eram em ambientes livres e não
em escolas públicas. Nestes ambientes qualquer pessoa mesmo sendo de classes sociais
distintas e de diferentes idades como crianças adolescentes e adultos podiam estudar
concomitantemente. Em relação às meninas, eram educadas em suas casas por seus pais
ou responsáveis. O estudo não era obrigatório, sendo assim, a autoescolha, o trabalho
precoce e a rigidez dos pais, favoreciam para o aumento da mortalidade infantil, o
analfabetismo e consequentemente o abandono das crianças.
Segundo Soejima e Weber (2008) o abandono era mais comum nos centros urbanos,
sendo que, o desamparo, a miséria a violência, relações conjugais sem instabilidade,
mães solteiras e ou chefe de famílias, gravidez muito cedo ou indesejada, questões
econômicas e sociais, pouca escolaridade e inconstantes salários deram base para
facilitar o desequilíbrio emocional e aumentar o sentimento de incapacidade no cuidado
de seus filhos, tal circunstância certamente favoreceu para financiar o aumento do
abandono no Brasil.

Após a constituição de 1998 Dias e Silva (2012) discutiram se os propósitos da Lei em


relação ao Estatuto da Criança e do adolescente (ECA) Lei 8.069 de 1990 categorizando
que houve muitos avanços nessa caminhada da adoção, contudo, a realidade ainda exige
cuidados, pois, existem ainda muitas dificuldades para que se cumpra a Lei. Poucos
profissionais, estrutura precária e poucos recursos dificultam o atendimento e a
qualidade do sistema.

4.2 O Processo de adoção

Segundo Lancet (2017) o processo de adoção passa a ser realizado á partir do momento
em que os interessados têm o objetivo de adotar uma criança e então procura a vara da
infância e juventude da comarca de seu domicilio para tomar os passos necessários para
adoção, são avaliados para saber se estão aptos a acolher com segurança. Outro passo é
o cadastro realizado para a espera de adoção. De acordo com Silva (2010) os perfis de
crianças que estão aptas para serem adotadas são crianças que foram vítimas de
abandono e de brutalidade, passavam fome, violentadas sexualmente e as que foram
privadas dos princípios básicos que resguarda o ECA, são as que geralmente estão nos
cadastros de adoção, outros atributos são de carência financeira ou outras realidades
difíceis em que se encontravam e fizeram-nas buscarem refugio nas instituições.

A adoção se dá pela substituição do poder familiar para um novo convívio Carvalho


(2013), sendo possível em caráter excepcional a partir de um processo que garanta as
condições de pais aos adotantes, bem como todos os direitos fundamentais inerentes ao
adotado que resguardam a vida, a saúde, alimentação, ao divertimento, a segurança, a
educação, ao esporte e no pleno desenvolvimento físico e psíquico, além de conceder
todos os direitos sociais compartilhados caso o casal tenha mais filhos de forma
igualitária. O autor esclarece que uma criança ou adolescente para ser adotado, tem que
ter o consentimento dos pais ou responsáveis, salvo na condição em que seus pais forem
desconhecidos, desaparecidos, forem destituídos do poder familiar, ou se forem órfãos
abrigados nas instituições por mais de um ano, e para legalizar a adoção o primeiro
passo e a destituição familiar de seus pais biológicos.

A família hoje perante a Lei é compreendida como: “(...) comunidade formada por
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por
afinidade ou por vontade expressa. (...)  As relações pessoais enunciadas neste artigo
independem de orientação sexual” (BRASIL, Constituição, Lei nº 11.340/ 2006). Desse
modo o casamento entre pessoas do mesmo sexo a partir do Projeto de Lei do Senado
Federal de n° 612, de 2011, onde altera a redação do art. 1.723 da Lei nº 10.406/02
(Código Civil) reconhecendo essa união como “entidade familiar estável” contrapondo
o Código Civil Lei no 10.406, De 10 De Janeiro De 2002 em seu Art. 1.622 que dizia:
“Ninguém pode ser adotado por duas pessoas, salvo se forem marido e mulher, ou se
viverem em união estável”. Dessa forma entende-se que não há impedimento para que
famílias homoparentais adotem crianças ou adolescentes visto que eles preencham os
requisitos necessários para esse fim.

4.3 Características necessárias para a adoção

Conforme apresenta o endereço eletrônico do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e


dos Territórios (TJDFT) a adoção é um processo jurídico formalizado com ou sem
consentimento dos pais, caso, este último se tratar de suspensão do poder familiar. É
entendido como uma medida excepcional e irrevogável conforme o (ECA, art. 39º).
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente em seu artigo 45º a partir dos doze
anos completos o adolescente também pode ser ouvido e participar do processo de
adoção decisivamente, podendo até junto à nova família participar do processo de
substituição de seu nome de origem.

Segundo o ECA, os maiores de dezoito anos de idade, visto que o adotante seja maior
de dezesseis anos de idade mais velho que o adotado, casais com união estável,
divorciados e ex-companheiros sendo que essas pessoas estejam em condições que
possam proporcionar solidez e segurança, seja ela social emocional ou familiar, que
priorize os vínculo e o afeto para proporcionar ao adotado o desenvolvimento
necessário. Outro ponto é a adoção em caráter excepcional por estrangeiros, que vivem
em países que participam do Conselho nacional de Justiça (CNJ) que firmaram um ato
de compromisso na Convenção Relativa à Proteção das Crianças e à Cooperação em
Matéria de Adoção Internacional em 29 de maio de 1993, conhecida como Convenção
de Haia. Não podem adotar pais, avós, bisavós nem irmãos do adotando, salvo na
condição de guarda ou tutela a partir do consentimento do juiz da Vara de Família da
sua comarca, e por pessoas que não favorecem um ambiente saudável ex: (alcoólatras,
drogas e conflituoso). Os passos para adoção segundo o portal de Justiça do Distrito
Federal e dos Territórios (TJDFT) acessado em 07/09/2017 informa que os cadastros
são feitos por meio de um registro mantido pela comarca de origem.

De acordo com o Portal Adoção (2013), algumas crianças a espera de adoção farão de
tudo para satisfazer o adotante compartilhando seus gostos e outros não, por isso ele
adverte-nos que a calma é bastante importante para o processo de adaptação, caso não
dê certo não havendo relação que possa desenvolver a continuidade da adoção, informa
o roteiro que o primeiro passo é entrar em contato com o Juizado da Vara da Infância e
juventude e discutir para possíveis providencias. Lá também, analisará se processo de
adaptação está indo bem, caso sim, o juizado dará autorização para que faça uma nova
certidão da criança. Para os autores adotar é agregar um novo no ceio familiar, não
sendo caridade e sim senso de pura responsabilidade carinho e amor, não é substituir o
filho na impossibilidade de tê-lo, é aceitá-lo como seu próprio filho, gerando uma nova
família, que antes de tudo os interessados se comprometam a refletir na sua tomada de
decisão. É preciso que o adotante participe das entrevistas e eventos após a inscrição
que é feita e atualizada na Vara da Infância e Juventude de sua Comarca, é preciso
também, que esteja ciente de suas condições, certamente terá um perfil já predefinido, o
portal esclarece que é bom saber a idade, sexo, cor e se tem irmão ou não.

Para se inscrever os documentos necessários são:

Carteira de identidade do(s) requerente(s) e CPF; certidão de casamento ou


de nascimento do(s) requerente(s) se for o caso; comprovante de residência
do(s) requerente(s); comprovante de renda do(s) requerente(s); atestado de
sanidade física e mental do(s) requerente(s); certidão de antecedentes
criminais; Além desses documentos, cada Vara da Infância pode solicitar
mais alguns, como declarações de idoneidade moral de pessoas conhecidas.
Também podem solicitar fotos, incluindo 3x4 e fotos da família. (ADOÇÃO,
p.13, 2013).

4.4 Possíveis desdobramentos do ato de adotar.

Ao passo em que o processo de adoção vai se consumando, situações de ambivalência


podem ocorrer durante e depois do processo finalizado, quando isso ocorre, conforme
Goulart (2010) cita na Revista Veja, a desistência na adoção é mais comum do que
possa se imaginar. O período em que se está mais propício a esse acontecimento é
quando essa criança é entregue para que ambos (criança e família adotiva) passem pelo
período de convivência, período esse que o adotante tem a guarda provisória, durante
esse período a família é monitorada e avaliada por técnicos do Juizado de menor.

De acordo com (MOLINO, 2011 s\pg) “A adoção começa com a fantasia de um filho
ideal, mas a criança é real, cheia de hábitos e costumes, principalmente as mais velhas”.
Diante os fatos, é de estrema importância que se tenha mais cursos preparatórios para
que as pessoas estejam mais conscientes das dificuldades que possam ocorrer durante e
após a adoção, e compreender principalmente que o filho adotado tem os mesmos
direitos e deveres do que os filhos biológicos observando requesitos como: A criança
adotada já passou por um processo traumatizante por isso requer cuidados e cautela. Em
suma quando a criança é devolvida à instituição de sua origem, a justiça busca por
parentes da família adotiva que estejam interessados em obter a guarda provisória
daquela criança. Caso não exista, ela é encaminhada a um abrigo onde permanecerá até
que seja adotada novamente. Enquanto isso não acontece, ela segue com os nomes do
novo pai e da nova mãe em seus documentos.

5. DADOS ESTATISTICOS DA ADOÇÃO NO BRASIL

Total Geral de cadastro para adoção no Brasil


Total de crianças/adolescentes que possuem irmãos

Total que não possuem irmãos: 3317

Total que possuem irmãos: 4832

Total de crianças/adolescentes que possuem problemas de saúde: 2081


Fonte: CNA - Cadastro Nacional de Adoção (2017\2)

Relatório de crianças cadastradas no Cadastro Nacional de Adoção (CNA)

Fonte: CNA - Cadastro Nacional de Adoção (2017\2)

Total de pretendentes cadastrados no Cadastro Nacional de Adoção (CNA)

Total de pretendentes cadastrados: 41478 100,00%

Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça branca: 7571 18.25%

Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça negra: 361 0.87%

Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça amarela: 37 0.09%

Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça parda: 1793 4.32%

Total de pretendentes que somente aceitam crianças da raça indígena: 25 0.06%

Total de pretendentes que aceitam crianças da raça branca: 38268 92.26%

Total de pretendentes que aceitam crianças da raça negra: 21500 51.83%

Total de pretendentes que aceitam crianças da raça amarela: 22436 54.09%

Total de pretendentes que aceitam crianças da raça parda: 32979 79.51%

Total de pretendentes que aceitam crianças da raça indígena: 20896 50.38%


Total de pretendentes que aceitam todas as raças: 19273 46.47%

Total de pretendentes que desejam adotar crianças pelo sexo.

Total de pretendentes que desejam adotar somente crianças do sexo 11500 27.73%

Total de pretendentes que são indiferentes em relação ao sexo da 26379 63.6%


Total de pretendentes que desejam adotar somente crianças do sexo
3599 8.68%

Total de pretendentes que desejam adotar crianças com ou sem irmãos.

Total de pretendentes que não aceitam adotar irmãos: 27156 65.47%

Total de pretendentes que aceitam adotar irmãos: 14322 34.53%

Total de pretendentes que desejam adotar gêmeos.

Total de pretendentes que não aceitam adotar gêmeos: 28027 67.57%

Total de pretendentes que aceitam adotar gêmeos: 13451 32.43%


Fonte: CNA - Cadastro Nacional de Adoção (2017\2)

Região Centro Oeste

Total de pretendentes habilitados na Região Centro-Oeste

Que aceitam crianças da raça branca:

Que aceitam crianças da raça amarela:


Que aceitam crianças da raça parda:

Que aceitam crianças da raça indígena:


Fonte: CNA - Cadastro Nacional de Adoção (2017\2)

Distribuição dos pretendentes em relação ao estado em que estão

Total de pretendentes do AC: 218 0.53%

Total de pretendentes do AL: 354 0.85%

Total de pretendentes do AM: 127 0.31%

Total de pretendentes do AP: 210 0.51%

Total de pretendentes do BA: 1108 2.67%

Total de pretendentes do CE: 593 1.43%

Total de pretendentes do DF: 597 1.44%


Total de pretendentes do ES: 455 1.1%

Total de pretendentes do GO: 1332 3.21%

Total de pretendentes do MA: 253 0.61%

Total de pretendentes do MG: 5041 12.15%

Total de pretendentes do MS: 366 0.88%

Total de pretendentes do MT: 846 2.04%

Total de pretendentes do PA: 334 0.81%

Total de pretendentes do PB: 536 1.29%

Total de pretendentes do PE: 1123 2.71%

Total de pretendentes do PI: 167 0.4%

Total de pretendentes do PR: 3878 9.35%

Total de pretendentes do RJ: 3865 9.32%

Total de pretendentes do RN: 455 1.1%

Total de pretendentes do RO: 329 0.79%

Total de pretendentes do RR: 64 0.15%

Total de pretendentes do RS: 6026 14.53%

Total de pretendentes do SC: 2661 6.42%

Total de pretendentes do SE: 493 1.19%

Total de pretendentes do SP: 9860 23.77%

Total de pretendentes do TO: 187 0.45%


Fonte: CNA - Cadastro Nacional de Adoção (2017\2)

Em uma breve leitura, do Cadastro Nacional de adoção no Brasil conta com cerca de
8.149 de crianças estão cadastradas subdivididas em brancas, negras amarelas pardas
indígenas, excepcionais ou com algum problema de saúde, sendo que a população de
crianças pardas com um percentual de 48.05% sendo as maior número disponíveis para
a adoção. Na região Centro Oeste há um número considerável de 666 crianças
disponíveis para adoção e aproximados 3.141 pretendentes cadastrados. No que se
refere aos pretendentes existe uma larga escala de pessoas na fila de espera, em todo
Brasil atualmente são respectivamente de 41.478 um valor muito acima de crianças que
estão na fila de adoção. O Estado de Goiás conta com cerca de 1.332, ou seja, 3,21% em
relação ao Brasil de pessoas pretendentes para adotar. Dentro desta lista estão também
crianças com algum tipo de excepcionalidades como: crianças doentes, com HIV, com
doença física ou mental. O maior campo de pretendentes está localizado no estado de
São Paulo com uma população de 9.860 sendo 23,77% de todo o território brasileiro, e
o menor número de pretendentes são os roraimenses em um total de 64 crianças sendo
0,15% do número de pretendentes.

Diante essa disparidade entre adotantes e adotados fica uma incógnita: “Então por que
existem crianças para serem adotadas?”. De acordo com o endereço eletrônico do
Senado Federal sitiado em www.senado.gov.br, essa discussão é um tema que demanda
grandes desafios, em média, são 6 pretendentes para cada criança que está a espera para
ser adotado. O que na realidade acontece conforme menciona o Senado Federal, é que a
diferença está na escolha do perfil desejado, ele não aponta que questões raciais seja o
maior problema, mas sim, questão da idade. Entre quatro pessoas que quer adotar
apenas um opta por escolher uma criança com mais de 4 anos de idade, isso evidencia
que quanto mais tempo elas ficarem nas instituições mais difíceis serão as chances para
ganharem um novo lar. Outro fator é o não desmembramento de grupos de irmãos
pensando em diminuir as perdas que elas já tiveram e fortalecer o vínculo familiar entre
eles, sendo assim, os grupos de irmão não podem ser separados o que
proporcionalmente pode aumentar o número de negações no ato de adotar. Outro fator
importante comenta, é que há uma significativa demora no processo para consolidar a
adoção que advém de questões judiciais, pois o acolhimento institucional bem como a
adoção são medidas de proteção, e tem caráter excepcionalidade, essa característica
colabora para aumentar o número de crianças acolhidas nas instituições e o travamento
do processo de adoção. Um dado importante é que 80% dos pretendentes que desejam
adotar é devido a infertilidade.

6. O OLHAR DO CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA EM


RELAÇÃO À ADOÇÃO.

De acordo com o Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2010), o mesmo juntamente


com o Conselho Regional de Psicologia (CRP) se preocupa com a melhoria da atuação
dos psicólogos em todos os espaços, e não é diferente nos casos de Justiça, em especial
nas varas de famílias o qual não se separa das Varas de Infância e Juventude. Psicólogos
que estão nessas áreas ou que a ela são encaminhados desenvolvem a prática de
psicologia jurídica, não somente aqueles que estão nos tribunais, mas também aos que
estão vinculados ao sistema de Justiça. Os psicólogos que atuam nas varas auxiliam no
direito da criança e do adolescente assim como da família.

Salienta-se que os psicólogos jurídicos que integram equipes


interprofissionais nos Tribunais de Justiça podem ser lotados nas Varas da
Infância e Juventude, atendendo separada ou cumulativamente as Varas de
Família. (CFP, 2010, p.13)

Os abrigos acolhem e assistem crianças e adolescentes que por motivos diversos são
retiradas ou abandonadas pela família de origem garantindo a segurança das mesmas. A
Lei Nacional nº 12.010, de 3 de agosto de 2009 que dispõe sobre a adoção favorece os
vínculos familiares e à integração a uma família substituta quando se consome os meios
favoráveis de conservação da família biológica.
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar
ou institucional deverão adotar os seguintes princípios: I - preservação dos
vínculos familiares e promoção da reintegração familiar; II - integração em
família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família
natural ou extensa (...). (BRASIL.Constituição Federal, Lei nº 12.010, 2009).

7. PAPEL DO PSICÓLOGO FRENTE À ADOÇÃO

Sobre o papel do Psicólogo Jurídico frente à adoção Lago, Amato, Teixeira et al (2009)
relatam que os mesmos participam nesse processo através de assessorias às famílias
adotivas, junto a uma equipe dos Juizados da Infância e Juventude; devem fazer a
escolha de pais com critérios que melhor atenderão às necessidades das crianças, devem
manter os adotantes dentro das leis, assim como iniciar um programa ao qual poderá
elaborar bem a assessoria e a avaliação dos mesmos. O estudo psicossocial garante o
cumprimento da lei, a prevenção de abusos e a rejeição de devolução dos adotados.
Continuando na observação de Lago, Amato, Teixeira et al (2009) há também
psicólogos jurídicos dentro desta temática que trabalham nas Fundações de Proteção
Especial onde os abrigados são as crianças e os adolescentes, é uma instituição que
oferece um cuidado especial que minimiza o efeito de institucionalização o que
proporciona aos abrigados uma relação próxima ao convívio familiar, esses vínculos são
facilitadores para a adoção, pois geram a capacidade de afeto.

Messa (2010) também reforça dizendo que o psicólogo desta área consiste a perito
judicial assessorando a Justiça da Infância e Juventude trazendo fatos que auxiliem no
caso da criança e adolescente e até mesmo da família. O psicólogo verifica, examina
para concluir através de laudos, o qual vem diagnosticar as situações envolventes no
caso e para encaminhamentos favoráveis.

A decisão em adotar vem carregada de amor, responsabilidade e compreensão de acordo


com Andrade, Nascimento e Soares et al (2016), compreendendo então o porque da
demora desse processo, pois são acompanhados por uma equipe de profissionais onde
estão os Assistentes Sociais e claro o Psicólogo, sempre buscando juntos um melhor
êxito para o caso. A adoção é subjetiva e carregada de afeto, e por isso a equipe técnica
jurídica entra nesse plano para a conscientização da avaliação desse processo.

Os mesmos autores também recordam a questão do estudo psicossocial da adoção, pois


é importante para tomada decisão, em questão social faz entrevistas e visitas aos
domicílios para analisar as relações sociais e profissionais dos interessados. Em análise
psicológica busca examinar a subjetividade e a significação da criança para o adotante
nesse processo. Logo, os psicólogos jurídicos junto aos demais profissionais atuam
orientando as famílias interessadas nesse processo com a intenção de diminuir os
problemas referentes às motivações na prática, e o acompanhamento após todo esse
procedimento é para uma saudável adaptação a nova família.

O processo de adoção inicia-se no Fórum, mais especificamente na Vara da Infância e


Juventude, no qual a pessoa deverá apresentar os documentos exigidos pelo órgão
judicial, sendo eles: o Registro Geral e comprovante de residência. Agendando se,
assim, uma data para a realização de uma entrevista com a equipe técnica (assistentes
sociais e psicólogos) do departamento, a qual tem objetivo de indagar aspectos
relacionados ao meio em que o interessado vive e, também, informações necessárias
para o adotante se apresentar perante a equipe. Com a aprovação do mesmo, estando
apto a prosseguir com o processo, o interessado passa a ser integrante do cadastro de
habilitados. Posteriormente, o juiz analisará o melhor perfil de criança que
respectivamente atenderá aos objetivos do habilitado. Quando encontrada, prossegue-se
com uma intervenção entre as partes envolvidas e, a partir desse momento, se estabelece
um período de convivência, desde que ainda não haja vínculo afetivo com a criança ou
que tenha menos de um ano. Caso contrário, é dispensada essa etapa. Passado o período
de adaptação, é proferida a sentença, podendo assim apresentar a documentação
necessária do infante, como a certidão de nascimento.

No decorrer do processo de adoção, há uma importante participação do profissional da


área da psicologia, o psicólogo jurídico, o qual faz parte da equipe técnica do
departamento responsável pela adoção, como cita as autoras.

A atuação dos profissionais de psicologia é fundamental principalmente no


suporte emocional a ser dado à criança. Os psicólogos procuram realizar
atendimentos e orientações, objetivando facilitar a adaptação entre a criança e
a família. A equipe técnica deverá ajudar a criança em seu luto pela mãe de
origem assim como aos futuros pais adotivos que nem sempre conseguem
lidar com a rejeição (ALVARENGA e BITTENCOURT, 2013, p.10).

Na maioria das vezes, as crianças e adolescentes que são entregues a adoção, por
motivos diversos, como vitima de maus tratos, abuso sexual, violência físicas, entre
outras negligencias, são retiradas do meio familiar e colocadas em abrigos, que são
lugares onde permanecem até retornarem para a própria família, ou serem adotadas.
Portanto, não são todos abrigados que podem ser adotados. O abrigo tem como função
zelar pelas crianças e adolescentes que ali estão, garantindo o acesso aos direitos de
cada um, priorizando e garantindo o vinculo com a família original. Para que isso seja
possível, há uma equipe responsável, entre eles psicólogos que visam trabalhar ao lado
dos abrigados para orientá-los em suas passagens pelo local.

Os pais que estão na espera de filho pela adoção, ficam ansiosos, tensos, preocupados a
espera desse filho, no entanto seria de muita importância um acompanhamento
psicológico ao longo de todo processo de espera por esse filho. O psicólogo poderá dar
todo o suporte para esses pais, ajuda-los a ser mais flexíveis, saber esperar esse processo
com mais tranquilidade, e é necessário que esses pais tenham a plena consciência de
suas escolhas, para que no futuro não venham a desistir da adoção (devolução da
criança), pois pode ser que nesse processo de espera, com tanta ansiedade, e
expectativas, os adotantes tenham comportamentos inconscientes, conforme afirmação:

Este acompanhamento psicológico pode contribuir para que os pais consigam


perceber suas reais motivações conscientes como inconscientes para a
adoção, trazendo essa temática às claras, levando em consideração o
inconsciente, porém insuficiente, o que no futuro pode se tornar uma situação
de risco (SILVA, 2015, p. 02).
Em relação à criança a ser adotada, as preocupações do Psicólogo Jurídico, vai além do
alimento, escola, saúde; mas também uma preocupação que pode se dizer que é uma
prioridade, com o biopsicossocial, como essa criança vai ser recebida pelos filhos
biológicos, como essa criança vai construir ou reconstruir a sua vida a sua história,
como ela vai ser recebida nesse novo ambiente, se ela vai se adaptar, Silva (2015) diz
que “um projeto de adoção revela, além do desejo explicitado de ter um filho,
necessidades específicas de cada sujeito, reflexos de suas histórias psíquicas, que
repercutirão na relação a ser estabelecida com a criança”. Por isso é muito importante o
período de trinta dias que a família tem para ficar com essa criança, antes que tudo seja
consumado, um período onde essa família vai ser acompanhada pela a equipe técnica, a
mesma autora diz que

Os técnicos que fazem a intermediação durante o período de convivência têm


em sua experiência histórias nas quais o desejo dos adotantes é posto à prova.
Para tal, o apoio do psicólogo pode ser imprescindível, ajudando os adultos
na promoção de um “ambiente suficientemente bom” (ALVARENGA;
BITTENCOURT, 2013, p.12).

A par das considerações conclui-se que a uma importante participação do Psicólogo


Jurídico no processo de adoção, tanto antes como durante e depois da adoção; onde esse
profissional com sua prática e experiência pode dar um suporte emocional tanto para as
famílias que deseja muito uma criança como para as crianças a serem adotadas.

8. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

De acordo com o instrumento aplicado o profissional de Psicologia entrevistada, suas


considerações e percepções se dera da seguinte forma: Ao profissional de psicologia
nessa área tem a função de acolher o pretendente à adoção, realizar as entrevistas e
analisar a motivação do pretendente para a adoção, além da disponibilidade emocional
para adoção. Posteriormente, durante o estágio de convivência, o psicólogo realiza o
acompanhamento do núcleo familiar a fim de verificar a adaptação e integração da
criança ou adolescente inserido na família. Os cadastros são feitos na Vara da Infância e
da Juventude da comarca que o pretendente reside. Em relação às novas mudanças
familiares, muitas mudanças a exemplo, famílias homopatentais, reflete no cadastro de
adoção, pois essas novas formatações também procuram a adoção para ampliar a
família. Em relação aos acompanhamentos, antes da inscrição, o psicólogo avalia as
condições emocionais do casal ou o pretendente solteiro de assumir a parentalidade pela
adoção. Durante o processo, o psicólogo clínico pode acompanhar os pretendentes a fim
de amenizar a ansiedade, e após a adoção, o psicólogo acompanha o estágio de
convivência para verificar a adaptação da criança, integração na família e o
envolvimento dos pais no processo de adoção. Em relação ao Juiz, o Psicólogo colabora
diretamente com a elaboração de relatórios sobre análise e acompanhamentos
realizados, os quais são juntados ao processo e subsidiam as decisões judiciais, pois,
tratam-se de estudo técnico pertinente ao processo de adoção.
Os procedimentos e técnicas utilizados são observação, entrevista, visita domiciliar,
entrevista com pessoas próximas ao núcleo familiar e aplicação de testes psicológicos,
caso seja necessário. Quando se fala em determinações do Conselho Federal de
Psicologia e o Conselho Regional de Psicologia não existem resoluções específicas para
o Psicólogo que atua na área jurídica com o tema da adoção. Porém, existem resoluções
importantes como a n° 010/05 que dispõe sobre o código de ética; a nº 007/2003 que
institui o Manual de Elaboração de Documentos Escritos decorrentes de avaliação
psicológica e a nº17/2012 dispõe sobre a atuação do psicólogo como Perito nos diversos
contextos que balizam aspectos importantes para a prática do Psicólogo na área jurídica.
Aqui em Goiânia, existem atualmente, 16 crianças e adolescentes disponíveis para
adoção, sendo 6 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. As crianças que ainda não
foram adotadas permanecem na instituição de acolhimento e há possibilidade, neste
período, conforme a sua faixa etária de ter um padrinho (afetivo, provedor e/o prestador
de serviço), encaminhado pelo Programa Anjo da Guarda.

Atualmente Em Goiás existem 9 instituições que acolhem crianças e adolescentes, tanto


as que estão com o processo judicial em andamento, quanto as que já encontram com
processo destituição do poder familiar finalizado, ou seja, disponível para adoção.
Quando uma criança ou adolescente encontra-se nesta segunda situação, a equipe da
instituição de acolhimento, que por vezes conta com psicólogos, dialoga e prepara a
criança para essa nova realidade, antes que ela receba visitas de um possível pretendente
para adoção. Durante a preparação das pessoas que querem se habilitar para o Cadastro
Nacional de Adoção (CNA) este é um aspecto frisado e trabalhado pela equipe técnica.
Quando uma demanda de devolução de uma criança ou adolescente adotado chega ao
Juizado da Infância e Juventude, em geral, o magistrado encaminha este processo a
equipe técnica solicitando o estudo deste núcleo familiar. O Psicólogo através de
instrumentos como a entrevista individual e conjunta, observações, visitas e aplicações
de testes psicológicos, caso seja necessário, poderá entender melhor a dinâmica desta
família, a integração desta criança/ adolescente, o lugar que ela ocupa neste núcleo e
vínculos afetivos. Se for o caso, estas pessoas podem ser encaminhadas para
psicoterapia a fim de que as relações deste grupo familiar sejam trabalhadas e o
Psicólogo Jurídico pode fazer o acompanhamento do caso.

Para que uma criança ou adolescente seja colocado em família substituta mediante
adoção é necessário que haja a destituição do poder familiar. Os casos mais comuns que
levam uma criança ou adolescente a serem destituídos dos pais biológicos são quando
estes não são capazes de cumprir os deveres legais de “sustento, guarda e educação dos
filhos”, bem como lhes colocam em situação de risco/ vulnerabilidade. É importante
ressaltar que quando uma situação como esta é identificada, realiza-se o estudo, os
encaminhamentos, à orientação, apoio e promoção social da família natural, buscando
oportunizar que estes pais se reorganizem para atender as necessidades dos seus filhos.
Além disso, na ausência de condições dos genitores, a família extensa tem prioridade.
Outra forma comum são os casos em que as gestantes ou mães que manifestam o
interesse em entregar seus filhos para adoção e por isso são encaminhadas à Justiça da
Infância e da Juventude.” (NR)

Verifica-se então que após o surgimento do ECA as demandas ainda continuam,


entraves como burocratização, falta de recurso das instituições, estruturas precárias e o
baixo número de profissionais são os que causam maiores reflexos quanto ao
atendimento. Em relação ao número de pretendentes com o novo conceito de família
houve um significativo aumento em relação à adoção, visto que casais homoafetivos
também podem exercer o direito de adotar. O que fica claro se dá pela ampla dimensão
entre adotantes e adotados onde encontrar o perfil desejado se torna outro obstáculo, por
ser uma escolha pode segregar ainda mais as crianças, pois, elas advém de situações
constrangedoras que lhes causaram muitos sofrimentos. De lá para cá existe uma grande
expectativa de que, recursos básicos e o aumento de profissionais colaboram para
diminuir essa demanda, que exige tempo e muito esforço por parte de todos os
envolvidos. É necessário que se discuta novos meios para minorizar essa situação e
fazer cumprir as demandas do estatuto. É preciso que o profissional una todo seu
arcabouço teórico e prático para desenvolver novas técnicas para auxiliar e continuar
proporcionando as crianças uma vida melhor.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante o percurso para a construção do referencial teórico, pode-se observar que a


adoção a princípio era um fato corriqueiro passando para questões de solidariedade,
aproveitamento de mão de obra gratuita e por conceitos religiosos, até surgirem leis que
regulamentassem essa situação e a partir daí garantir as crianças e os adolescentes os
direitos fundamentais que resguardam a vida a segurança, saúde e educação. Para
proporcionar tais garantias foi desenvolvido o Estatuto da Criança e do Adolescente
pela Lei 8.069\90. Segundo esta Lei em seu art. 3º,

A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes


à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei,
assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e
facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral,
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL,
Constituição Federal, Lei 8.069\90)

Essas crianças de uma forma ou de outra, estão ali devido ao abandono, violência
familiar, violência sexual, vulnerabilidade familiar sendo por famílias que entregam
seus filhos para adoção por questões de não ter condições para cuidar e sustentar seus
filhos, além de situações citadas anteriormente outros exemplos são: (usuários de
drogas, Alcoólatras, doenças graves etc.)

O processo de adoção é lento difícil e doloroso para as crianças, mas também foi uma
quebra de paradigma, uma mudança de filosofia de pensando e uma nova visão de
humanidade. Antes a sociedade arquitetava atitudes em que as diferenças sociais eram
“produtos”, ou seja, as pessoas eram meros objetos de uso e desuso, as Leis não
pensavam na subjetividade humana no que eles pensavam, sentiam e compreendiam as
coisas. Antes pôde-se notar que na maioria das vezes, mesmo sendo adotadas as
crianças não tinham direitos, quando adultas, serviam de meros serviçais para trabalhar
reforçando o que chamamos hoje de uma escravização moderna, e ali ficavam
estigmatizadas pois, não tinham os mesmos privilégios das outras crianças por não
serem filhos biológicos e sim um apenas adotado. Nessa perspectiva as crianças sofriam
de todas as formas, fisicamente e psiquicamente, desfavorecendo seu desenvolvimento
humano, já viviam a experiência de serem abandonadas e violentadas, ignoradas, não
tendo mais valor, e após a adoção eram revitimizadas por alguns dos cuidadores
continuando a segregação, agora de forma camuflada, porque não existiam leis que
assegurassem os requisitos básicos e essenciais para uma vida digna voltada para o
desenvolvimento físico e mental daquelas crianças.

Nos dias atuais percebe-se uma grande dificuldade no quesito adoção, devido à
burocracia, pela escolha e pelo enrijecimento da lei. Verifica-se que há mais
pretendentes na lista de espera que crianças para serem adotadas, é uma faca de dois
gumes, pois, tenta-se alocar o perfil de criança ideal aos pretendentes ideais que
permitirão os requisitos que a lei exige, com a ideia de que não estão colocando em suas
casas uma criança estigmatizada como adotada mas sim, como um filho com todos os
direitos sejam eles afetivos e sociais inclusive o próprio nome da nova família em seus
documentos pessoais.

Esse zelo traz uma demora crucial nesse no processo de adoção, porque depende de uma
escolha, de verificações jurídicas e acompanhamentos sociais e psicológicos, assim
muitas crianças passam anos e anos dentro das instituições e não conseguem encontrar
famílias substitutas. Em virtude dos fatos fica claro onde entra o trabalho dos
profissionais tanto das áreas psicológicas jurídicas e sociais que formam um tripé de
uma rede de multiprofissionais para o auxilio, acompanhamento e desenvolvimento
dessas crianças e das novas famílias substitutas.

Ao profissional de Psicologia, além de colaborar com os promotores e juízes dando


informações a partir de laudos e pareceres técnicos, bem como as especificidades da
profissão, tanto das crianças quanto das famílias requerentes tem a missão de preservar
e manter a saúde física e mental das crianças e dos adolescentes ali instalados,
colaborando para que diminua ou cessem o sofrimento de perca, de lutos e sofrimentos,
valorizando a vida na busca do autoconhecimento e uma mudança de visão de mundo.
Contribui também, para favorecer no crescimento psicológico na busca de novas
conquistas e fortalecer os vínculos familiares. Configura como um determinante, que
auxiliara na sua psicoeducação, questões relacionadas ao desamor, desvalor e
desamparo desenvolvendo novas habilidades, construindo sonhos e planos para o futuro
e o principal cessar o sofrimento psíquico aos quais passam. Para a família adotante é
desenvolvido orientação dos cuidados necessários, as mudanças que acontecerão, os
desafios e dificuldades que poderão ocorrer durante o processo de adaptação para que
determinadas situações aversivas não sejam reforçadoras das vivencias passadas das
crianças e contribuir para uma piora e não melhora no desenvolvimento efetivo dos
adotados.
As especificidades desse sistema existem devido um esforço incomum dos profissionais
para adequar-se a Lei, ela é forte e compreensiva, porém, questões como infraestrutura
das instituições, quadro de profissionais reduzidos dificultam que a lei seja cumprida.
Para trabalhar bem e obter resultados os recursos também tem que ser suficientes para
cumprir essa demanda. Muito já se fez e vivemos ainda em meio a um processo lento,
mas que já alcançou diversos resultados. A luta agora é das classes de profissionais,
tanto Psicólogos, Assistentes Sociais quando Juízes e Promotores para lutarem na busca
de mais recursos e um significativo aumento de profissionais para atender melhor, com
qualidade e eficácia diminuindo esse quadro tão preocupante ao qual vivemos hoje no
Brasil.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADOÇÃO, Portal. Roteiro para adotar crianças. Disponível em:


www.portaldaadocao.com.br Versão 1, julho de p 01-28, 2013. Acessado em
07/09/2017
ALVARENGA, Lidia Levy de; Bittencourt, Maria Inês Garcia de Freitas. A delicada
construção de um vínculo de filiação: O papel do psicólogo em processos de
adoção. Revista Pensando Famílias 17(1), p. 41-53, 2013.
ANDRADE, Walleska T. V. S. de. NASCIMENTO, Arielly F. G. do. SOARES,
Mariana M. et al. A influência do psicólogo no processo de adoção. Alagoas: Ciências
Humanas e Sociais, v. 3, nº 3, p. 113-126, 2016.
BRASIL, Defensoria Pública. Cartilha passo a passo – Adoção de Crianças e
Adolescentes no Brasil. Poder judiciário Estado da Paraíba. p. 1-20, 2017
_________ Constituição Federal. Lei No 10.406, De 10 De Janeiro De 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm. Acessado
dia 18/092017.
_________ Constituição Federal. Lei nº 12.010, de 3 de agosto de 2009. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12010.htm.
Acessado dia 17/09/2017
_________ Senado Federal. Projeto de Lei do Senado Federal de n° 612, de 2001.
Altera os arts. 1.723 e 1.726 do Código Civil, para permitir o reconhecimento legal
da união estável entre pessoas do mesmo sexo. Disponível em:
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/102589. Acessado dia
18/09/2017.
CARVALHO, Ana Flávia Oliva Machado. ADOÇÃO: o processo adotivo no Brasil. p.01-08.
2013
As Representações da Infância Na Idade Média. X
CORTEZ, Clarice Zamonaro.
Jornada de Estudos Antigos e Medievais. Universidade Estadual de Maringá
(PLE/UEM-GTSEAM) p. 1-10, 2011.

FEDERAL, Senado. Realidade brasileira sobre adoção: A diferença entre o perfil


desejado pelos pais adotantes e as crianças disponíveis para serem adotadas.
Disponível em: https://www.senado.gov.br /noticias/Jornal/emdiscussao/adocao/
realidade-brasileira-sobre-adocao.aspx. Revista eletrônica Em Discussão. Acessado dia
10\09\2017.
GOULART, Nathalia. Devolução de crianças adotadas é mais comum do que se
imagina. 2010. Disponível em, https://www.google.com.br/amp /veja.abril. com.
br/brasil/devolucao-de-criancas adota das-e-mais-comum-do-que-se-imagina/ .
Acessado dia 13/09/201 7.

JUSTIÇA. Conselho Nacional de. CNJ Serviço: entenda como funciona a adoção
internacional. http://www.cnj.jus.br/noticias/cnj/81164-cnj-servico-entenda-como-
funciona-a-adocao-internacional acessado em: 07/09/2017
LAGO, AMATO, TEIXEIRA et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no
Brasil e seus campos de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, p. 483-491, 2009.
MAUX, Barbosa Ana Andréa; DUTRA, Elza. A adoção no Brasil: algumas reflexões
Estudos e Pesquisas em Psicologia. Universidade do Estado do Rio de Janeiro Rio de
Janeiro vol. 10, nº2, p. 356-372, 2010.
MESSA. Acione Aparecida. Adoção: Aspectos Psicológicos do Processo. Psicologia
Jurídica. Curitiba: Ed. Atlas, V. 20, p. 71-76. 2010.

Poder Judiciário da União.Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios


TJDFT. O que saber sobre adoção como medida legal. http://www.tjdft.jus.br/cid
adaos/infancia-e-juventude/informacoes/adocao-1 acessado em: 07/09/2017
PSICOLOGIA, Conselho Federal de. Referências técnicas para atuação do psicólogo
em Varas de Família. Brasília: ed. 1, p. 1-56, 2010.

SILVA, Daniele Baartsch Machado da. O Psicólogo como Mediador Durante o


Processo de Habilitação para Adoção. Revista: Psicologando. p.1-11, 2015
SILVA, Raquel Antunes de Oliveira. Adoção de crianças no Brasil: Os entraves
jurídicos e institucionais. São Paulo p. 1-35, 2010
SOEJIMA, Carolina Santos; WEBER, Lídia Natalia Dobrianskyj. O que leva uma mãe
a abandonar um filho? Revista Aletheia nº 28, p. 174-187, 2008.

Você também pode gostar