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Eletromagnetismo

Material Teórico
Capacitores e Dielétricos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Dr.ª Claudia Barros dos Santos Demori

Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Capacitores e Dielétricos

• Capacitores;
• Capacitores e as suas Geometrias;
• Energia Armazenada nos Capacitores;
• Materiais Dielétricos.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Estudar e compreender a função dos capacitores, assim como a importância desse
dispositivo e do estudo dos materiais que o compõem para otimização da armaze-
nagem de energia elétrica.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Capacitores
Os capacitores são dispositivos capazes de armazenar energia potencial elétrica
e carga elétrica. Apresentam inúmeras aplicações no mundo moderno. Para cons-
truir um capacitor são necessários dois condutores e uma região entre os quais,
onde possa se posicionar um isolante, ou ainda o chamado material dielétrico. Ao
longo desta Unidade veremos que as propriedades elétricas de um capacitor, sobre
quanta carga e energia pode armazenar, dependem principalmente de sua geome-
tria e dos materiais que o compõem.

Para estudarmos os capacitores inicialmente, vamos considerá-los em equilíbrio,


ou seja, os dois condutores dos quais são constituídos possuem quantidades de car-
ga Q iguais, no entanto, com sinais contrários. Os capacitores poderão ser repre-
sentados em um circuito elétrico com os símbolos mostrados na seguinte Figura:

Figura 1
Fonte: Young e Freedman, 2016

Para que os capacitores sejam carregados é necessário conectá-los a uma bate-


ria. Quando a quantidade de carga Q está estabelecida, desliga-se os fios e observa-
-se sobre os capacitores uma diferença de potencial constante Vab idêntica à da
bateria. A razão entre a quantidade de carga Q e a diferença de potencial entre os
terminais Vab é a constante conhecida como capacitância C. Logo, poderemos
escrever que:

Q C
C= [C ] = → 1 farad , F
Vab V

Para fazermos o cálculo da capacitância de um capacitor, consideraremos um


modelo simples com duas placas paralelas, separadas por uma distância d, cujo
meio de separação é exclusivamente o vácuo, conforme mostra a seguinte Figura:

Figura 2
Fonte: Young e Freedman, 2016

8
Ao carregarmos as duas placas paralelas com carga Q (utilizando uma ddp Vab),
surge, entre as duas placas, um campo elétrico uniforme, cujas distorções nas bor-
das podem ser desprezadas. Utilizando a Lei de Gauss para o cálculo do campo
elétrico, podemos obter o campo elétrico entre as placas, veja:

σ
E=
ε0

Onde E é o módulo do campo elétrico uniforme, entre placas; 3 é o módulo da


densidade superficial de cargas em cada placa; e e0 é a constante elétrica relativa
ao vácuo.

Se recorrermos às unidades de estudo anteriores, poderemos encontrar a rela-


ção entre a constante de proporcionalidade k e a constante elétrica e0:

1 C2
k= → ε0 = 8, 85 ⋅10−12
4πε0 N ⋅ m2

e0 também pode ser expresso em [e0] = F/m

Logo:

Q
E=
e0 ⋅ A

Visto que o campo elétrico entre as placas é uniforme, podemos escrever que a
diferença de potencial Vab entre as placas será:

Vab = E.d

Por fim, o valor da capacitância do capacitor formado pelas placas paralelas será:

Q A
C= → C = e0 ⋅
Vab d
Explor

Amplie os seus conhecimentos sobre a Lei de Gauss em: https://goo.gl/ew4RPo

Tentaremos visualizar um exemplo de capacitor, onde uma das placas é móvel


e, portanto, a distância d pode variar. Nesse caso, a capacitância C também será
variável – essa é a principal estrutura de um microfone condensador.
Explor

Conheça o princípio eletrostático do microfone condensador em: https://goo.gl/bojQwr

9
9
UNIDADE Capacitores e Dielétricos

É válido termos ideia da ordem de grandeza de dispositivos capacitivos, tanto da


capacitância, quanto das dimensões geométricas, visto que, no geral, há interesse
da Engenharia de que os dispositivos tenham dimensões cada vez menores; para
tanto, utilizaremos o seguinte caso:

Exemplo 1 – retirado de Young e Freedman (2016):


Sabendo que a distância entre as placas paralelas de um capacitor de 1,0 F é
igual a 1,0 mm, qual é a área de cada placa?

Consideraremos que entre as placas desse capacitor há somente vácuo, ou ain-


da ar atmosférico – cuja presença faz com que a capacitância seja 0,06% menor
que o valor calculado com a constante e0; assim, desconsideraremos tal variação.

Ademais, se utilizarmos esta equação:

A A
C = e0 ⋅ → 1 = 8, 85 ⋅10−12 ⋅ ∴ A = 1,1⋅108 m 2
d 1, 0 ⋅10−3

Observaremos que:
• A área das placas é significativamente grande, logo, 1,0 F é um valor dema-
siado intenso para capacitância – comumente, esses dispositivos são da ordem
de mF, mF, nF ou pF;
• Existem maneiras de otimizar um capacitor, seja diminuindo a sua área, ou
aumentando a sua capacitância. Para tanto, basta utilizarmos, entre as placas,
materiais com propriedades isolantes conhecidos como dielétricos – que não
o vácuo ou ar.

Capacitores e as suas Geometrias


Já que a capacitância de um dispo-
sitivo depende, principalmente, de sua
geometria, será útil conhecermos os
capacitores esféricos e cilíndricos. Para
tanto, recorreremos aos exemplos pro-
postos por Young e Freedman (2016).

Exemplo 2:

Duas cascas esféricas condutoras


concêntricas estão separadas pelo vá-
cuo, conforme mostra a Figura 3:

A casca esférica interna possui car-


ga total +Q e raio externo ra, enquanto Figura 3
a casca esférica externa possui carga Fonte: Young e Freedman, 2016
–Q e raio interno rb. Calcule a capaci-
tância desse capacitor esférico.

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Para resolver este exercício, precisaremos recorrer ao cálculo do potencial em
uma esfera, de modo que se soubermos a diferença de potencial Vab, poderemos,
então, calcular a capacitância.

As duas esferas, com ra e rb, comportam-se como condutoras, visto que as car-
gas estão contidas na casca, portanto, podemos utilizar a teoria de cálculo para o
potencial de uma carga puntiforme e assim escrever:

Q Q
Vab = Va −Vb = −
4πε0 ra 4πε0 rb

Se:

Q
C=
Vab

Então:

Q rr
C= ∴ C = 4πε0 a b
Q  1 1  rb − ra
 − 
4πε0  ra rb 
Explor

Veja o cálculo do potencial de uma esfera condutora em: https://youtu.be/1VOKkleGTtQ

Para os capacitores cilíndricos veremos o caso proposto por Young e


Freedman (2016).

Exemplo 3:

Dois longos cilindros coaxiais estão separados pelo vácuo. O cilindro interno
possui raio ra e densidade linear de carga +λ. O cilindro externo possui raio interno
e densidade linear de carga –λ, conforme mostra a seguinte Figura:

Figura 4
Fonte: Young e Freedman, 2016

11
11
UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Calcule a capacitância por unidade de comprimento desse capacitor.

Novamente, é necessário saber o valor do potencial Vab.


Explor

Veja o slide 88 da apresentação disponível em: https://goo.gl/bYfE5q

Para esse cilindro o potencial será:

λ r
Vab = ln b
3πε0 ra

Logo, a capacitância será:

Q λL 2πε0 L
C= →C= ∴C =
Vab λ r r 
ln b ln  b 
2πε0 ra  r 
a

No exemplo, a pergunta é relativa à capacitância por unidade de comprimento,


portanto:

C 2πε0
=
L r 
ln  b 
 r 
a

Além dos capacitores comercializados em grande escala, com valores padro-


nizados de capacitância, é possível associar esses capacitores para valores especí-
ficos de capacitância.
Os capacitores podem ser associados em série, tal como se vê nesta Figura:

Figura 5
Fonte: Young e Freedman, 2016

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Observe que a quantidade de carga Q em cada placa é a mesma, assim como a
diferença de potencial Vab poderá ser obtida da seguinte maneira:

Vab = Vac + Vcb

Então:

Q Q 1 1
Vab = + = Q  + 
C1 C2  C1 C2 

{
Inverso da
capacitância
equivalente

Podemos escrever que na associação de capacitores em série:

1 1 1 1
= + ++
Ceq C1 C2 Cn

Analisaremos a associação de capacitores em paralelo, conforme mostra


esta Figura:

Figura 6
Fonte: Young e Freedman, 2016

Na associação em paralelo, as quantidades de carga em cada capacitor são dife-


rentes, no entanto, a tensão Vab é a mesma.

Poderemos escrever:
Q1 = C1Vab

E:
Q2 = C2Vab

A quantidade de carga total será dada pela soma.

Q = (C1 + C2 )Vab
{

Capacitância
equivalente

13
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UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Logo, a capacitância equivalente para capacitores associados em paralelo é:

Ceq = C1 + C2 + ... + Cn

Exemplo 4:

Para ilustrar essas duas situações, consideraremos dois capacitores C1 = 5,00 mF


e C2 = 12,0 mF ligados a um terminal cuja diferença de potencial é Vab = 12,0 V.
Calcularemos a capacitância equivalente, a carga e diferença de potencial para
cada um dos capacitores quando estão conectados em:
• Série;
• Paralelo.

Iniciaremos a solução considerando a associação em série. Para tanto, utilizare-


mos esta ilustração:

Figura 7
Fonte: Young e Freedman, 2016

Na associação em série, lembre-se de que a quantidade de carga em cada capa-


citor é idêntica, no entanto, a tensão nos capacitores é dividida.

Assim, no primeiro passo obteremos o valor de uma capacitância equivalente:

1 1 1 1 1 1 1
= + ++ ® = -6
+ \ Ceq = 3,53m F
Ceq C1 C2 Cn Ceq 5, 00 ×10 12, 0 ×10-6

Devemos observar que a capacitância equivalente na associação em série é sem-


pre menor do que qualquer um dos capacitores envolvidos na associação.

Com o valor da capacitância equivalente, podemos calcular a quantidade de


carga Q nas placas:

Q
Ceq = ® Q = 3,53 ×10-6 ×12, 0 \ Q = 42, 4mC
Vab

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As diferenças de potencial sobre cada um dos capacitores serão:

Q 42, 4 ⋅10−6
V1 = → V1 = ∴ V1 = 8, 48V
C1 5, 00 ⋅10−6
Q 42, 4 ⋅10−6
V2 = → V1 = ∴ V2 = 3, 53V
C2 12, 0 ⋅10−6

Observe que a soma das tensões, considerado o número correto de algarismos


significativos, é igual a 12,0 V.

Calcularemos, então, as mesmas grandezas físicas, levando em consideração


que os dois capacitores estão associados em paralelo, conforme esta Figura:

Figura 8
Fonte: Young e Freedman, 2016

Neste caso, as quantidades de carga se dividiram, no entanto, a tensão se man-


tém em cada um dos capacitores.

Inicialmente, calcularemos a capacitância equivalente desse circuito, com

Ceq = C1 + C2 + ... + Cn → Ceq = 5,00.10–6 + 12,0.10–6 ∴ Ceq = 17,0 μF

Em tal tipo de associação, a capacitância resultante é sempre maior que o valor


da capacitância de qualquer dos capacitores envolvidos.

A quantidade de carga em cada um dos capacitores será:

Q1 = C1.Vab → Q1 = 5,00.10–6.12,0 ∴ Q1 = 60,0 μC

E:

Q2 = C2.Vab → Q2 = 12,0.10–6.12,0 ∴ Q1 = 144 μC

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UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Energia Armazenada nos Capacitores


Chegamos ao ponto de maior interesse nesta Unidade: qual é a energia possível
armazenada em um capacitor? Podemos responder a essa pergunta quando sou-
bermos qual foi o trabalho realizado pela força elétrica para carregar o capacitor.
Vimos que a capacitância pode ser escrita com esta equação:
Q
C=
V
Assim, utilizaremos o cálculo diferencial para identificar que o trabalho realizado
devido a uma pequena diferença de potencial v para movimentar um elemento
infinitesimal de carga dq será dado por:

dτ = v dq

Então, o trabalho total, para carregar o capacitor de carga q = 0 até uma quan-
tidade de carga Q, será:

1 Q Q2
C ∫0
t= q dq =
2C
Esta equação vale tanto ao trabalho de carregar um capacitor de carga 0 até
uma quantidade de carga Q, como ao trabalho de descarregá-lo.

Para finalizar, podemos escrever a expressão para energia potencial, que é a


mesma do trabalho com:

Q2 1 1
U= = CV 2 = QV
2C 2 2

Nesta expressão, podemos notar que se descreve a energia armazenada, as-


sim como a carga armazenada. Q é o módulo da carga armazenada em cada
placa do capacitor.

Exemplo 5 – proposto por Young e Freedman (2016):

Carregamos um capacitor de carga C1 = 8,00 mF, conectando-o a uma fonte


de alimentação, a uma diferença de potencial V0 = 120 V e, a seguir, a fonte de
alimentação é desconectada, conforme mostra esta Figura:

Figura 9
Fonte: Young e Freedman, 2016

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Assim:
1. Qual é a carga Q0 sobre C1?
2. Qual é a energia armazenada em C1?
3. O capacitor C2 = 4,00 mF está inicialmente descarregado. Fechamos a
chave S. Quando não há mais fluxo de carga, qual é a diferença de poten-
cial através de cada capacitor? E qual é a carga de cada capacitor?
4. Qual é a energia final do sistema?

Iniciaremos a solução levando em consideração toda a teoria de capacitores


que estudamos:
1. Inicialmente, sobre C1 teremos:

Q0
C1 = ® Q0 = 8, 0 ×10-6 ×120 \ Q0 = 960mC
V0

2. A energia armazenada no capacitor 1 será:

1 1
U = Q0V0 → U = 960 ⋅10−6 ⋅120 ∴ U = 57, 6mJ
2 2

A partir de agora, fecha-se a chave do conjunto de capacitores (Figura 9).

Sobre a quantidade de carga que estava armazenada em C1, estará distribuída


sobre C1 e C2. Como?

A carga positiva Q0 será distribuída nas placas superiores de C1 e C2; já a carga


negativa Q0 será distribuída nas placas inferiores de C1 e C2. Podemos escrever,
pelo princípio de conservação da carga, que a carga total será:

Q0 = Q1 + Q2

Observe que há dois capacitores associados em paralelo, então a diferença de


potencial V sobre os dois será a mesma, ou seja:

Qtotal 960 ⋅10−6


V= →V = ∴ V = 80, 0V
Ceq 8, 00 ⋅10−6 + 4, 00 ⋅10−6

Para finalizar, pode-se quantizar as cargas Q1 e Q2, utilizando as definições de


C1 e C2.

Q1
C1 = ® Q1 = 8, 00 ×10-6 × 80 \ Q1 = 640mC
V
Q
C2 = 2 ® Q2 = 4, 00 ×10-6 × 80 \ Q2 = 320mC
V

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17
UNIDADE Capacitores e Dielétricos

A energia final desse sistema será dada pela somatória das energias que foram
armazenadas em cada um dos capacitores, veja:

1 1
U final = Q1 ⋅V + Q2 ⋅V → U final =
2 2
1
= (640 ⋅10−6 + 320 ⋅10−6 )⋅ 80 ∴ U final = 38, 4mJ
2
Explor

Por que a energia final do sistema é menor do que a energia inicial?


Explor

O problema dos dois capacitores revisitado: https://goo.gl/TvpdC4

Para finalizar, podemos obter o valor de densidade de energia u, a qual relacio-


nada à energia potencial elétrica, da seguinte maneira:

1 1 A
CV 2 e0 ( E ⋅ d )
2
U
→u= 2 d
1
u= →u= 2 → u = e0 E 2
A⋅ d A⋅ d A⋅ d 2

Que indica uma densidade de energia relacionada somente ao campo elétrico


e no vácuo. Caso exista material entre placas, será necessário utilizar a chamada
permissividade dielétrica – que veremos adiante.

Materiais Dielétricos
Até agora estudamos o conceito de capacitor e capacitância quando dois mate-
riais condutores estão separados por uma distância d, no vácuo. No entanto, é mui-
to comum o uso de materiais isolantes, os dielétricos, entre placas condutoras. Além
da utilidade, tais materiais representam um avanço na tecnologia de capacitores,
visto que são capazes de otimizar dispositivos e potencializar as suas propriedades.

Para comparar a capacitância de um capacitor separado por distância d no


vácuo com a capacitância do mesmo capacitor, com um dielétrico entre placas é
definida a constante dielétrica K, de modo que podemos escrever:

C
K=
C0

Onde C0 é a capacitância no vácuo e K é a constante dielétrica adimensional.


Quando a distância é separada pelo vácuo, K = 1. Caso haja material dielétrico,
K > 1.

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Outro fator útil na solução de problemas é que para condições reais, as placas
são separadas por ar, K = 1,0006; logo, consideramos que esse dispositivo é se-
parado pelo vácuo.

Observe os valores de K para alguns materiais em temperatura ambiente:

Quadro 1
Material K
Vácuo 1
Ar (1 atm) 1,00059
Ar (100 atm) 1,0548
Teflon® 2,1
Polietileno 2,25
Benzeno 2,28
Policarbonato 2,8
Mica 3-6
Mylar® 3,1
Cloreto de polivilina 3,18
Plexiglas® 3,40
Vidro 5-10
Neopreme 6,70
Germânio 16
Glicerina 42,5
Água 80,4
Titanato de estrôncio 310
Fonte: Young e Freedman (2016)

Os dielétricos contribuem ao confinamento do campo elétrico entre dois condu-


tores. No entanto, no próprio dielétrico podemos dizer que a diferença de poten-
cial V, assim como o campo elétrico E decaem de um fator K. Sim, esse fator é a
constante dielétrica. Daí que:

V0
V=
K

E:
E0
E=
K

Onde as grandezas com o índice O indicam os seus valores no vácuo.

Os materiais dielétricos não são isolantes perfeitos. Pode acontecer de campo


elétrico que os percorre ser capaz de quebrar a rigidez dielétrica e fazer com que
as cargas elétricas em seu interior – embora não sejam condutores – se ajustem de
tal forma que fiquem alinhadas ao campo elétrico externo – nesse caso acabam
diminuindo o mesmo. Esse fenômeno é chamado de polarização.

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UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Se o campo elétrico que foi aplicado ao capacitor for capaz de polarizar o dielé-
trico, haverá uma densidade de cargas induzidas si no material. Pode-se relacionar
essa densidade de carga induzida à densidade de carga existente nas placas do
capacitor da seguinte maneira: E0 é o campo elétrico nas placas, dependente da
densidade de carga s nas placas.

σ
E0 =
ε0

E E é o campo elétrico entre as placas, relacionado à densidade de carga total,


ou seja, s – si, logo:

σ − σi
E=
ε0

Ou ainda, podemos escrever que o campo elétrico entre as placas, com dielétri-
co, será dado por:

σ
E=
ε

Onde:

ε =Kε0

ε é chamada permissividade do dielétrico.

Se rearranjarmos as últimas equações, podemos obter uma expressão para rela-


cionar as densidades de carga nas placas e induzidas da seguinte maneira:

 1
si = s 1− 
 K 

Importante! Importante!

Aconselha-se fortemente manipular as equações a fim de mostrar o resultado des-


sa equação.

Ademais, para explorar todo o conceito de capacitores com dielétrico, resolve-


remos um exemplo proposto por Young e Freedman (2016).

Exemplo 6:

Suponha que cada uma das placas paralelas da seguinte Figura tenha área igual
a 2.000 cm2 e que a distância entre as placas seja igual a 1,00 cm:

20
Para uma dada densidade de carga s, as
cargas induzidas sobre as superfícies dielétricas
reduzem o campo elétrico entre as placas
Figura 10
Fonte: Young e Freedman, 2016

O capacitor está conectado a uma fonte de alimentação e é carregado até que a


diferença de potencial atinja um valor V0 = 3,00 kV. A seguir, é desconectado da
fonte de alimentação e uma camada de material plástico isolante é inserida entre as
placas do capacitor, preenchendo completamente o espaço entre as quais. Verifica-
-se ainda que a diferença de potencial diminui para 1,00 kV, enquanto a carga de
cada placa permanece constante. Assim, calcule:
1. A capacitância original C0.
2. O módulo da carga Q de cada placa.
3. A capacitância C depois que o dielétrico é inserido.
4. A constante dielétrica K do dielétrico.
5. A permissividade e do dielétrico.
6. O módulo da carga induzida em cada face do dielétrico.
7. O campo elétrico original E0 entre as placas.
8. O campo elétrico E depois que o dielétrico é inserido.

Para iniciar a solução, faremos uma leitura atenta dos dados, se necessário,
transformando as unidades de medida. Caso seja imperioso realizar a transforma-
ção, utilizaremos o método de conversão em cadeia.

21
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UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Para área, por exemplo, teremos:

 1m 
2

A = 2000 cm ⋅  → A = 2, 00 ⋅10−1 m 2
100cm 
2

Para grandezas sem dielétrico, utilizaremos o índice .


1. Sem o dielétrico, a capacitância depende exclusivamente de sua geometria:

A 2, 00 ⋅10−1
C0 = e0 → C0 = 8, 85 ⋅10−12 ⋅ ∴ C0 = 177 pF
d 1, 00 ⋅10−2

2. Para calcular a carga das placas, teremos:

Q
C0 = → Q = 177 ⋅10−12 ⋅ 3, 00 ⋅103 ∴ Q = 531 nC
V0

3. Se a quantidade de carga Q se mantiver nas placas, poderemos escrever


que a capacitância com o dielétrico será:

Q 531⋅10−12
C= →C= ∴ C = 531 pF
V 1, 00 ⋅103

4. Poderemos, então, verificar quanto a capacitância aumentou com o uso


do dielétrico, para tanto, calculando a constante dielétrica K:

C = KC0 → 531.10–12 = K.177.10–12 ∴ K = 3,00

5. A permissividade será:

C2
e = K e0 → e = 3, 00 ⋅ 8, 85 ⋅10−12 ∴ e = 2, 66 ⋅10−11
Nm 2

6. Podemos utilizar a relação que obtivemos para a densidade de carga indu-


zida entre placas:

 1
si = s 1− 
 K 

Note que se multiplicarmos ambos os lados dessa equação pela área A das pla-
cas obteremos o seguinte:
 1
si A = s A1− 
 K 
 1
Qi = Q 1− 
 K 

22
Logo:
 1  1
Qi = Q 1−  → Qi = 531⋅10−9 ⋅ 1−  ∴ Qi = 354nC
 K   3 

7. Como a posição das placas gera campo elétrico uniforme entre as quais,
podemos escrever:

V0 3, 00 ⋅103
E0 = → E0 = ∴ E0 = 300kV / m
d 1, 00 ⋅10−2

8. Depois que o dielétrico é inserido, vale a mesma relação de campo unifor-


me entre placas:

V 1, 00 ⋅103
E= →E= ∴ E = 100kV / m
d 1, 00 ⋅10−2

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UNIDADE Capacitores e Dielétricos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

 Vídeos
Potencial Elétrico em uma Esfera Condutora
https://youtu.be/1VOKkleGTtQ

 Leitura
Lei de Gauss
https://goo.gl/ew4RPo
Microfones
https://goo.gl/bojQwr
Potencial Elétrico
https://goo.gl/bYfE5q

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Referências
HEWITT, P. G. Física conceitual. 9. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2002.

TIPLER, P. A.; LLEWELLYN, R. A. Física Moderna. 3. ed. Rio de Janeiro: Livros


Técnicos e Científicos, 2001.

YOUNG, H. D.; FREEDMAN, R. A. Física III: eletromagnetismo. v. 3. 14. ed.


São Paulo: Addison-Wesley, 2016.

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