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Os três catequistas e o lobo mau

Era uma vez, tal como em tantas estórias da nossa infância, três
catequistas e um lobo.

Os quatro eram bastante amigos, faziam jantaradas e viam juntos a


selecção a jogar. Amigos do peito, como diz o povo.

Só que, um dia, o lobo - por estar chateado com a mãe - lembrou-se


de começar a afugentar as crianças da catequese. Mas em vez de
soprar e deitar casas abaixo, foi procurar ajuda perto dos pais,
dos avós e dos amigos dessas crianças. Como se não bastasse,
reforçou tudo com uma promoção televisiva, em cartazes de rua e na
internet.

Foi então que, num belo dia de sol, o lobo (agora mau) encontrou no
caminho o Osório, um dos três catequistas.

A Catequese de Palha
O Osório lamentava a 'fuga' das crianças assim que fazem a
1ªComunhão. Para ele, o lobo mau estava a ser injusto e só pensava
em satisfazer os seus caprichos 'mediáticos e demagógicos'. Algo
tinha de mudar, dizia o Osório, só não sabia bem o quê.

Quando foram tomar café, o lobo mau confessou gostar de arreliar o


Osório, embora não compreendesse a sua queixa, visto também nada
fazer para mudar as regras do jogo. Ao qual o Osório replicou "Quais
regras?".

Entretanto, entra o Januário no café e cumprimenta ambos como se


nada se passasse.
A Catequese de Madeira
O Januário desesperava com o desinteresse dos adolescentes logo
após a Profissão de Fé. Apesar de continuarem a aparecer aos
encontros de catequese, raramente se mostravam interessados em
algo que não estivesse na área do futebol ou do jet7.

O lobo provocou um pouco e ainda perguntou "Então! E tens


muitos para o crisma, este ano?". O Osório riu de soslaio e o
Januário, um pouco corado, lá respondeu que o que interessa é a
qualidade e nunca a quantidade. Disse-o de forma pouco
convincente, devo dizer.

Uma torrada e meia depois, surge o Gregório pela porta, dirige-se ao


balcão, pedindo uma coca-cola sem gelo.

A Catequese de Tijolos
O Gregório gostava de desafios. Para ele, o lobo mau e o seu jogo
eram apenas parte do processo. Sabia o que queria, embora
desanimasse uma vez ou outra, procurava não ser demasiado
masoquista nas suas batalhas e estava sempre disposto a levantar
a cabeça para ver 'acima das nuvens'.

Quando o lobo mau o convidou a se sentar, aceitou. Com a sua coca-


cola na mão perguntou ao lobo "E tu, que tens feito?". O lobo, com o
seu sorriso matreiro, lá respondeu "Tu sabes, o costume... e tu?".

Ao olhar atento do Januário e do Osório, o Gregório bebeu um pouco,


respirou fundo e disse: "Nada de especial. O especial será hoje,
espero eu. Hoje vamos cantar os parabéns à Rita e aproveitar para
fazer uma dinâmica de prendas espirituais. Já preparei na sala um
canto para o momento de oração e outro para a festa. A mãe da Ana
arranjou um cesto que servirá de suporte à 'prenda espiritual' e o pai
do André, o senhor Rui, trouxe uns cartões todos catitas da sua loja".

Pousou o copo, olhou para o seu relógio: "Bem, está na minha hora.
Lobo, queres vir ajudar no acolhimento? Olha que temos um
jogo novo!".
Moral da “Estória”
É um pouco disto a que chamo de catequista profissional:

É perito no seu grupo,

possui consciência da realidade global

e da orgânica do seu contexto.

Constrói uma catequese de tijolos,

sem medo de pedir cimento ao 'vizinho do lado'.

Em momento oportuno, todos podem ser amigos e aliados.

Uhm, já cheira a lombo de lobo!

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