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Nos territórios do
Cerrado, chuva de
veneno se
intensifica
Acervo Online | Brasil
por Amanda Costa, Andressa Zumpano e Bruno Santiago
6 de fevereiro de 2022
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Recorde na liberação de agrotóxicos nos últimos anos
acompanha incidência de flexibilizações ambientais,
escalada de conflitos no campo e afeta comunidades
inteiras no Cerrado
A 890 quilômetros de Teresina, adentrando o interior piauiense,
Jovecino e Almerinda labutam para manter uma pequena
produção de alimentos para o seu sustento. A dificuldade é
percebida no preto das folhas do pé de laranja. Incomum.
Oleoso. Grudento. O mesmo preto se estende por todo o teto da
casa de adobe em que vivem na comunidade Chupé, município
de Santa Filomena, Alto Parnaíba. Ali, o veneno, despejado nas
imensidões de monocultivos no alto das serras, descem para os
baixões e colocam em risco as plantações, os solos, as águas
e, sobretudo, a vida das pessoas.
Pacote de veneno avança
Seu Jovecino se banha no Rio Uruçuí Preto (Crédito: Andresa Zumpano – CPT)
O 2,4-D, um dos agrotóxicos mais utilizados no país, ficando
atrás apenas do glifosato, teve sua aplicação banida em
diversos países como Austrália e Canadá e está desde 2006 em
processo de reavaliação pela Anvisa. A contaminação pelo
fungicida tem graves efeitos ao corpo humano, sendo
classificado como possivelmente cancerígeno, além de estar
relacionado a patologias hormonais e reprodutivas.
Caso Guyraroka
—-
Bruno Santiago é assessor de comunicação da Campanha
Nacional em Defesa do Cerrado.