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CNPq UFAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS


PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO DE PESQUISA

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA –


PIBIC CNPq/UFAL/FAPEAL

RELATÓRIO FINAL (2019 – 2020)

“SAÚDE URBANA: ANÁLISE GEOESPACIAL SOBRE AMBIENTE ALIMENTAR


E NUTRICIONAL NOS ESPAÇOS OCUPADOS POR CRIANÇAS RESIDENTES
NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ/AL”

“GEORREFERENCIAMENTO DOS PONTOS DE VENDA DE ALIMENTOS NOS


ARREDORES DAS UNIDADES DE SAÚDE DO MUNICÍPIO DE MACEIÓ/AL.”

NOME/UNIDADE/CAMPUS DO ORIENTADOR: JONAS AUGUSTO CARDOSO DA


SILVEIRA / FACULDADE DE NUTRIÇÃO (FANUT) / CAMPUS A.C. SIMÕES

NOME/CURSO DO BOLSISTA: LUAN SANTOS DE ARAGÃO / NUTRIÇÃO

BOLSISTA CNPQ BOLSISTA FAPEAL


X BOLSISTA UFAL COLABORADOR

GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO (Cnpq): CIÊNCIAS DA SAÚDE


SUB-ÁREA DO CONHECIMENTO (Cnpq): EPIDEMIOLOGIA

Maceió – AL 14/08/2020

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RESUMO
Muitas são as causas para o acentuado crescimento da obesidade infantil que acomete a
população mundial, entretanto, uma vem recebendo destaque nas discussões atuais: a
chamada “obesogenicidade dos ambientes alimentares”. Um ambiente alimentar e
nutricional (AAN) é a junção do espaço físico (tipo, local, inserção institucional e
acessibilidade ao ponto de venda de alimentos), do acesso (preço, disponibilidade e posição
nas gôndolas) e das características dos alimentos comercializados (qualidade nutricional,
palatabilidade e rotulagem). Já o chamado “ambiente alimentar obesogênico” é aquele cuja
soma de influências, oportunidades e/ou condições promovem a obesidade em indivíduos
e/ou populações. Neste escopo, espaços ocupados por mães e crianças durante a primeira
infância são pontos chave de formação dos hábitos alimentares, visto que assim como a alta
disponibilidade de frutas, legumes e verduras nas proximidades desses locais estimula uma
alimentação e saudável, uma grande variedade de alimentos ultraprocessados (AUP), frituras
e fast-foods hiperpalatáveis dificulta a escolha familiar por uma alimentação saudável. Esse
trabalho visa caracterizar o AAN ao redor dos Centros de Educação Infantil (CEI) e unidades
de saúde no município de Maceió/AL, usando a versão adaptada e validada do instrumento
Nutrition Environment Measurement Survey for Stores (NEMS-S), e técnicas de
geoprocessamento para buscar inequidades na distribuição espacial dos pontos de venda de
alimentos (PVA) em função da disponibilidade de alimentos saudáveis (ou seja, desertos e
pântanos alimentares), além de analisar asconcentrações dos PVA e monitorar possíveis
infrações à NBCAL em PVA e farmácias, através do uso do instrumento NetCode Toolkit. O
intuito final é reunir todas as informações coletadas para realizar a composição de um sistema
de monitoramento municipal do AAN, intitulado “Sistema de Informação Geográficas em
Alimentação e Nutrição de Maceió” (SIGAN-Maceió). Contudo, devido a pandemia do novo
Coronavírus, a coleta de campo foi suspensa, impossibilitando a caracterização e análise do
AAN conforme planejado. Com isso, os estudantes continuaram estudando em casa e
intensificaram a revisão da literatura científica que já estava sendo realizada, também
ingressando no “Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Ambiente Alimentar” (NEPAAL),
pertencente à Faculdade de Nutrição da UFAL, o qual realiza leituras e debates científicos
(por videoconferência, respeitando o isolamento social) todas as terças-feiras desde o dia 19
de maio de 2020. A intensificação da revisão de literatura, juntamente com a participação
ativa nas reuniões e debates do NEPAAL refinou o entendimento da análise do AAN através
de técnicas de geoprocessamento em Sistemas de Informação Geográfica (SIGs), assim como
aprofundou o conhecimento teórico no tema do projeto e criou mais maturidade em todo o
grupo. Espera-se que este projeto contribua para: 1) formação de recursos humanos
estratégicos para o enfrentamento da obesidade; 2) produção de evidência para o advocacy
em saúde juntamente aos gestores de políticas públicas de saúde; 3) fortalecer o
monitoramento sobre a NBCAL; e, 4) ampliar o conhecimento sobre as características do
AAN no Brasil, especialmente na região nordeste.
Palavras-chave: Geografia em Saúde, Ambiente Alimentar e Nutricional, NBCAL,
Geoprocessamento, Promoção da Saúde, Crianças.

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INTRODUÇÃO e OBJETIVOS
É dito na Política Nacional de Alimentação e Nutrição que a alimentação e nutrição são
determinantes para a saúde e devem “levar em conta a subjetividade e complexidade do
comportamento alimentar” [1]. Este fenômeno é reconhecido na literatura científica como uma
manifestação dos processos de julgamento e escolhas sobre alimentação que indivíduos e
coletividade realizam, motivados por uma complexa rede de fatores sociais, culturais,
econômicos, ambientais, psicológicos e biológicos. Sem hierarquia de importância, todos esses
fatores atuam sinergicamente na construção e consolidação dos hábitos alimentares (ações
cotidianamente repetidas de comportamentos aprendidos [2]) e impactam na saúde da população.
Entretanto, o ambiente alimentar e nutricional (AAN) tem um destaque especial, uma
vez que a disponibilidade, qualidade e o preço são importantes influenciadores das escolhas
alimentares [3,4]. Fazendo um histórico do tema, em meados dos anos 50 a população brasileira
era fundamentalmente rural (66%) e o principal problema nutricional enfrentado era a
desnutrição infantil. Porém, com o passar das décadas, o povo migrou para as cidades em busca
de melhores oportunidades de emprego e vida e, a partir dos anos 2000, o Brasil chegou à
condição de um país urbano, com mais de 80% das pessoas vivendo em cidades [5].
Concomitantemente a esse processo, ocorreram a segunda revolução industrial e a
revolução digital, que mudaram drasticamente a forma de produção de toda a indústria,
incluindo a alimentícia. Nesse contexto, foi desencadeado um processo de transição
alimentar mundial, iniciando o remodelamento do padrão dietético das populações, tornando-
as ricas em gorduras, sódio e açúcares simples (ingredientes culinários que prolongam o
tempo de prateleira e a palatabilidade dos alimentos), com baixa qualidade nutricional [6,7].
Além disso, os alimentos ultraprocessados (AUP) contém aditivos alimentares, substâncias
de origem natural ou sintética sem valor nutricional, com a finalidade de conservar e/ou
estimular características organolépticas específicas (textura. cor, aroma e sabor) ao produto,
mas que também podem trazer riscos à saúde [8,9].
Com o passar dos anos, o Brasil, passou por uma transição no perfil nutricional da
população, caracterizada pelo rápido declínio da prevalência de desnutrição infantil e
elevação da prevalência de sobrepeso/obesidade em adultos [5]. Tal mudança no padrão e na
intensidade do consumo alimentar foi profundamente influenciado pelo marketing de
alimentos, que, dentro de uma perspectiva capitalista, entra nesse processo estimulando o
escoamento dos produtos, incentivando a compra e agravando o problema do panorama geral.
Tudo isso impacta negativamente na construção e consolidação do comportamento
alimentar de toda a população, mas é especialmente preocupante entre lactentes, pré-
escolares e escolares, visto que eles têm uma preferência biológica por alimentos doces e
salgados [10].
O objetivo do presente plano de trabalho foi georreferenciar e avaliar a qualidade dos
PVA nos arredores dos centros de educação infantil de Maceió/AL. Contudo, devido a
pandemia do novo Coronavírus, as atividades de campo não puderam ser realizadas, sendo
substituídas pela perpetuação do treino das análises espaciais e por uma revisão da literatura
sobre aspectos teóricos do ambiente alimentar.

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METODOLOGIA
Trata-se de um estudo ecológico que está sendo realizado em Maceió, capital do
Estado de Alagoas, intitulado “Saúde Urbana: Análise Geoespacial Sobre Ambiente
Alimentar e Nutricional Nos Espaços Ocupados Por Crianças Residentes No Município de
Maceió/AL”, cujas atividades em campo estavam previstas para iniciarem entre março/abril
de 2020. A coleta de dados referente aos PVA seria realizada nos entornos das Unidades
Básicas de Saúde (UBS) da cidade, buscando identificar inequidades na distribuição espacial
desses comércios, em função da disponibilidade de alimentos saudáveis, ou seja, desertos e
pântanos alimentares.
Para tanto, foi necessário a criação de um mapa de delimitação da área de coleta de
dados de informações dos PVA (Figura 1), correspondente a buffers (área de influência) de
400 metros (um quarto de milha) criados ao redor de cada UBS. Essa distância foi
estabelecida a partir de revisão da literatura científica sobre estudos que também analisaram
o ambiente alimentar circunvizinho a escolas [11,12]. O primeiro passo da criação desse
mapa foi a identificação e georreferenciamento de todas as UBS do município, informações
inicialmente colhidas pelo Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES),
disponível em http://cnes.datasus.gov.br/ e validadas pelo Google Earth. A camada de pontos
georreferenciados foi importada para o software de geoprocessamento QGIS 3.4 (Open
Source Geospatial Foundation, EUA) e sobreposta com camadas extraídas do banco de dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE; disponível em
https://www.ibge.gov.br/) e do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA; disponível em
hhtp://www.ima.al.gov.br/serviços/downloads/), referentes aos limites territoriais de
Alagoas, limites municipais, setores censitários e malha viária de Maceió.
Porém, com a expansão da pandemia do novo Coronavírus no Estado de Alagoas, não
foi possível realizar a coleta de dados da pesquisa, prevista para começar em março/abril de
2020, que foi suspensa, por conta do isolamento social obrigatório e fundamentado por
Decreto do Estado de Alagoas. Além disso, considerando o escopo da pesquisa, além de dos
restaurantes estarem fechados, boa parte dos outros PVA não estavam com seu
funcionamento em estado normal, o que poderia introduzir um importante viés nos resultados
da pesquisa. Portanto, dadas às circunstâncias atípicas oriunda da crise sanitária, não foi
possível atingir as metas pactuadas e gerar os resultados esperados. Por outro lado, as
atividades no grupo de pesquisa não foram interrompidas, as quais são descritas no decorrer
do texto, bem como os produtos das discussões.
Com a finalização do mapa de delimitação da área de coleta de dados de informações
dos PVA, prosseguiram as discussões dos instrumentos que seriam usados na coleta de dados,
sendo definidos três instrumentos: (1) o Nutrition Environment Measures Survey in Stores
(NEMS-S), o qual avalia os PVA onde o consumo dos alimentos não ocorre no local [13];
(2) um questionário para avaliação de restaurantes; e (3) um questionário para lanchonetes.
Diante da ausência de instrumentos adaptados e validados para a realidade brasileira, os dois
últimos questionários foram desenvolvidos colaborativamente pela equipe de pesquisa e
levaram em conta itens considerados importantes do NEMS in Restaurants [14] do
Instrumento de Auditoria do Ambiente Alimentar Baseado na Nova Classificação de

4
Alimentos do Guia Alimentar (Audit-NOVA) [15] e outros aspectos pertinentes identificados
por meio de revisão de literatura e discussão crítica dos artigos e instrumentos encontrados.
Somado a isso, e valendo-se da iniciativa global de acabar com a promoção inadequada de
alimentos para lactentes e crianças, que é o objetivo geral da Norma Brasileira de
Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de 1ª Infância, Bicos, Chupetas e
Mamadeiras (NBCAL), o grupo de pesquisa também utilizará o Netcode Toolkit [16] na
coleta de campo, para avaliar a conformidade dos PVA e das farmácias no entorno das UBS,
com relação à comercialização de bicos, mamadeiras, chupetas e substitutos do leite materno.
A NBCAL é formada por três documentos [17-19] e regulamentada pela Lei 11.265 de 3 de
Janeiro de 2006, onde são dispostos um conjunto de normas que regulam a venda e promoção
comercial, além da rotulagem e propaganda in loco de alimentos e produtos destinados a
lactentes e crianças de até 3 anos de idade (tais como leites, papinhas, chupetas, mamadeiras
e fórmulas infantis substitutas do leite materno), visando proteger e apoiar o aleitamento
materno. Já o Netcode Toolkit trata-se de um documento criado pela Rede de Monitoramento
Global e Apoio à Implementação do Código Internacional de Marketing de Substitutos do
Leite Materno e Resoluções subsequentes relevantes da Assembleia Mundial da Saúde,
contendo protocolos, orientações e ferramentas para o monitoramento das disposições
apontadas pela Lei 11.265 de 3 de janeiro de 2006.
O intuito final é reunir todas as informações coletadas para realizar a composição de
um sistema de monitoramento municipal do AAN, intitulado “Sistema de Informação
Geográficas em Alimentação de Nutrição de Maceió” (SIGAN-Maceió).

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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apesar de não ter sido possível conduzir as atividades em campo, as atividades
relacionadas à revisão de literatura foram intensificadas, conjuntamente à encontros semanais
(via videoconferência) para a realização de debates com estudantes de graduação e pós-
graduação (mestrado e doutorado) e docentes integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas
sobre o Ambiente Alimentar. Tal atividade não somente permitiu um maior aprofundamento
teórico no tema, como também criou mais maturidade em todo o grupo, refinando o
entendimento das metodologias de análise do AAN por meio de técnicas de
geoprocessamento. Na Figura 1, apresenta-se o mapa com a delimitação da área de coleta
de dados de informações dos PVA, referente a primeira etapa do plano de trabalho.

Figura 1. Mapa de distribuição da UBS em Maceió, circundadas por buffers de 400 metros.
Maceió, Alagoas, Brasil (2019).

Os buffers representam as áreas de abrangência das unidades básicas de saúde, onde realizaremos a avaliação
do ambiente alimentar.

Em Maceió, há um total de 61 UBS espalhadas pelos 50 bairros da cidade (média de


1,22 UBS/bairro). Considerando o total de UBS, a população de Maceió estimada pelo
IBGE em 2019 (1.018.948 habitantes) e a área urbana total da cidade (197,75 km²),
podemos dizer, respectivamente, que há uma média de aproximadamente seis UBS para
cada 100 mil habitantes e uma UBS a cada 3,24 km² de território urbano, sendo o bairro
Benedito Bentes (localizado no sexto distrito sanitário) o que apresenta maior número de
UBS (n=6); observamos, também, que em 20 bairros, os quais compreendem uma área
de 56,13 km² (28,4% da área total do município), não possuem UBS.
Apesar das diferenças na distribuição espacial das UBS no município, os resultados

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apresentados no mapa (Figura 1) não sugerem inequidades (diferenças frutos de injustiça
social), revelando uma organização relativamente adequada em função da malha viária e
concentração populacional.
A construção do comportamento alimentar começa desde antes do nascimento (por
meio da transmissão de sabores via líquido amniótico durante a gestação) e prossegue
intensivamente durante a infância e adolescência (a partir dos hábitos alimentares da mãe, da
família e da comunidade), de forma que cada experiência se soma às preexistentes e, em
conjunto, moldam as práticas e hábitos alimentares de cada indivíduo. A criança nasce em um
ambiente familiar cujas práticas e costumes alimentares estão relativamente consolidados,
então ela cresce adaptando-se a esse meio. Porém, quando a criança passa a frequentar a escola,
penetra em um contexto alimentar e nutricional diferente, onde é exposta à uma nova gama de
possibilidades de escolhas alimentares ofertados pela escola, cantina e os comércios das
proximidades, além dos comportamentos manifestados por outros colegas de classe. Os
alimentos ultraprocessados (AUP) são muito mais atrativos e práticos para a população, uma
vez que são vendidos prontos para o consumo, diminuindo consideravelmente o tempo que
seria gasto preparando uma refeição. Essa lógica faz sentido dentro do próprio constructo social
dos AUP, os quais tem por finalidade substituir refeições completas [20].
Não foram encontrados artigos que analisaram o AAN especificamente ao redor de
UBS), o que reforça mais ainda a importância dessa investigação. No entanto, tratando-se de
uma análise do AAN no contexto da atenção primária à saúde, um estudo realizado em Belo
Horizonte, capital de Minas Gerais, analisou espacialmente a distribuição e o acesso a
estabelecimentos comerciais de frutas e hortaliças no território de uma amostra representativa
de polos do Programa Academia da Saúde (PAS) [3], encontrando acesso limitado a PVA
que ofertam alimentos saudáveis ao redor dessas localidades. Outro estudo muito
interessante, entrevistou mães de crianças com idade entre 6 e 12 meses, em unidades de
atenção primária à saúde em Embu das Artes, município de São Paulo, visando investigar as
práticas de alimentação complementar das crianças, com foco no consumo de AUP [21]. Os
resultados apontaram prevalência de 43,1% no consumo de AUP, apenas 37,1% de crianças
com alimentação complementar diversificada e menos de ¼ das crianças (22,5%) com
adequação na alimentação complementar [21]. Atualmente a literatura científica reconhece a
falta de trabalhos que se aprofundam no estudo dos fatores associados ao consumo de AUP
em neonatos no contexto de atenção primária à saúde, mas também reconhece que o melhor
locus para enfrentamento do problema da obesidade infantil e do alto consumo de AUP pelos
lactentes e crianças de primeira infância, é a Atenção Primária à Saúde [3, 21], dada sua
condição de porta de entrada do Sistema Único de Saúde (sendo, portanto, um local chave
no desenvolvimento de ações de promoção da saúde).
No entanto, quando pensamos na análise do AAN no entorno de escolas, existe um
maior número de trabalhos realizados. Estudos recentes apontam desenvolvimento de
tendências obesogênicas no AAN ao redor de escolas, como aumento da disponibilidade de
redes fast-food e comércios que vendem principalmente bebidas açucaradas e AUP [11, 12,
22, 23]. Um estudo realizado em Chicago (Estados Unidos da América) encontrou
agrupamento estatisticamente significante de restaurantes fast-food em uma curta distância

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das escolas, com um número ~4 vezes maior desse tipo de comércio do que seria esperado
se a amostragem fosse aleatoriamente distribuída por toda a cidade [23]. Uma questão muito
importante no estudo do AAN, é a percepção de sua fluidez e mudança com o passar do
tempo, caracterizada principalmente pelo fechamento de comércios e abertura de novos (algo
ainda mais latente quando pensamos nos comércios pequenos e informais). Então, se forem
utilizados mais de um “corte temporal” (ou série temporal) contendo informações do AAN
naquele momento, é possível estudar as modificações sofridas pelo AAN com o passar dos
anos. Um bom exemplo do uso de séries temporais foi realizado em Christchurch (Nova
Zelândia), com um estudo que fez uma análise temporal do AAN ao redor das escolas entre
1966 e 2006, levando em consideração o nível de privação social, e usando dados secundários
contendo informações sobre 5 cortes temporais: 1966, 1976, 1986, 1996 e 2006 [22]. Isso
permitiu verificar como era o AAN em cada um dos cortes temporais e verificar a tendência
de transformações ocorridas, sendo que a mais preocupante foi com relação aos restaurantes
fast food, cujo número de estabelecimentos cresceu 4 vezes nesse período de 40 anos [22].
Mesmo sendo um trabalho muito bom, uma preocupação importante entrou em pauta quando
esse trabalho foi discutido pelo grupo de estudos: a validade dos dados secundários
utilizados, principalmente visto que eles forneciam informações de muitos anos atrás. Nesse
sentido, a literatura científica reconhece que há questionamentos sobre a validade de
informações secundárias e a qualidade dos resultados que elas geram, além de valores
discrepantes de validade dos dados, mesmo entre países desenvolvidos como Estados
Unidos, Canadá, Dinamarca, Escócia e Grã-Bretanha [24]. Ainda, um estudo realizado em
Belo Horizonte (MG) objetivou verificar a validade de dados secundários na investigação do
ambiente alimentar, e encontrou baixa validade das bases de dados secundárias quando
comparadas com os resultados obtidos por auditoria (método padrão-ouro) [24]. Assim, para
análise do ambiente alimentar, o ideal recomendado pela literatura é, sempre que possível,
realizar a coleta de campo por auditoria em todas as ruas, ou o uso de múltiplas fontes de
dados e validação das informações quando não for possível recorrer à auditoria.
As análises realizadas por esses trabalhos envolvem uso de técnicas de
geoprocessamento e SIGs aliados à testes estatísticos para modelar dados, permitindo a criação
de mapas temáticos que possibilitam uma melhor visualização dos problemas estudados. As
informações geográficas, ou “geoinformações”, simplificadamente, englobam três conceitos:
(1) os dados passíveis de georreferenciamento, como, por exemplo, a latitude e longitude de
uma escola; (2) informações sobre locais na superfície da terra; e (3) o conhecimento sobre
onde alguma coisa está, ou o que há em uma dada localização. Nos softwares de
geoprocessamento, as geoinformações podem ser representadas de forma vetorial (que
compreende pontos, linhas e polígonos), ou matricial (também chamado raster, que
compreende imagens propriamente ditas, formadas por matrizes de valores celulares - pixels).
O geoprocessamento é entendido na literatura como um termo amplo que engloba o
conjunto de conceitos, métodos, tecnologias e técnicas para coleta, tratamento, manipulação
e exibição de informações georreferenciadas, para a produção de mapas, cartogramas,
gráficos e sistematizações, utilizando-se para isso de softwares de geoprocessamento e
trabalhando com os SIGs [25]. Os SIGs são formados pela união de recursos humanos,

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equipamentos, dados, métodos e técnicas de geoprocessamento e sistemas/programas
computacionais capazes de “[...] unir, integrar, organizar e modificar uma grande quantidade
de dados de expressão espacial (raster e vetores) e alfanuméricos (tabelas, gráficos,
estatísticas etc.), inserindo-os em bases cartográficas, servindo a produção de mapas,
modelação, monitoramento, gestão e medição” [25]. Órgãos como o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) coletam e,
conforme surge a necessidade, atualizam bancos de dados cartográficos abertos ao público
em seus sites oficiais (disponíveis em https://www.ibge.gov.br/ e
hhtp://www.ima.al.gov.br/serviços/downloads/, respectivamente), para que pesquisadores
possam baixar e utilizar essas informações em softwares de geoprocessamento. Uma das
ferramentas de SIG mais utilizadas para a avaliação do ambiente alimentar é a chamada
análise de densidade ou análise de kernel (do inglês “núcleo”) [26]. Essa ferramenta consiste
em um método estatístico de estimação de curvas de densidades ou análise do comportamento
de padrões, normalmente utilizado para extrair visualmente a concentração e a formação de
padrões de eventos em uma determinada região. Simplificadamente, o resultado é um “mapa
de calor” que analisa a área de influência cumulativa de uma característica, não
necessariamente limitada a áreas pré-definidas como os limites censitários ou municipais, onde
a intensidade da cor reflete o grau de concentração (ou influência) das informações no espaço.
Essa análise é particularmente importante no estudo dos ambientes alimentares, pois
possibilita a identificação de áreas sem nenhum PVA nas proximidades (cuja distância é
discutida na literatura, variando entre 400 e 1600 metros [27]), as quais são denominadas de
desertos alimentares; resumidamente, são áreas residenciais cujos moradores têm acesso
limitado a alimentos, sobretudo os saudáveis e adequados [28].
Outra potencialidade desta análise está na capacidade de sobrepor camadas de
concentração dos PVA que comercializam majoritariamente AUP e dos que comercializam
majoritariamente alimentos in natura e minimamente processados, permitindo o
reconhecimento de pântanos alimentares, cuja definição é de regiões onde a densidade de
comércios que vendem AUP, fast food, junk food supera e muito a disponibilidade de
alimentos saudáveis [29].
Poucos são os trabalhos que analisaram o AAN no entorno das escolas no Brasil [11,
12, 30] e, pelo conhecimento dos pesquisadores, não existem trabalhos publicados sobre o
ambiente alimentar na região Nordeste. Atualmente, o grupo de pesquisa está preparando o
primeiro manuscrito para submissão ainda em 2020 com dados de Rio Largo/AL, cuja
pesquisa foi parcialmente apoiada pelas bolsas disponibilizadas no ciclo 2018-2019 do
PIBIC. Portanto, a análise do AAN no entorno das UBS de Maceió, proposta neste plano de
trabalho, mostra-se muito significante para todo o estado, uma vez que Maceió e Alagoas
apresentam, respectivamente, os piores índices de desenvolvimento humano entre as capitais
e estados brasileiros. Além disso, com a criação do sistema de monitoramento municipal do
AAN, intitulado “Sistema de Informação Geográficas em Alimentação e Nutrição de Maceió
– SIGAN-Maceió”, serão disponibilizadas informações confiáveis sobre o ANN do
município, permitindo futuras análises das modificações sofridas no ambiente alimentar com
o passar do tempo.

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CONCLUSÕES
A característica cada vez mais obesogênica dos ambientes alimentares é reconhecida
pela literatura como uma das principais forças motrizes da epidemia de obesidade, assim
como a necessidade de um conjunto sistematizado de ações e estratégias públicas bem
equipadas e organizadas para reverter a tendência do aumento de sobrepeso e obesidade,
tendo como base de intervenção as escolas, casas, bairros e serviços de atenção primária à
saúde e comunidades [31]. Mesmo com os locais base de enfrentamento dessa problemática
bem estabelecidos pela literatura, também é reconhecido que poucos são os estudos que
tratam do consumo de AUP por parte das crianças e seus impactos à saúde infantil, o que
revela uma preocupação pertinente à área da saúde coletiva e fundamenta a importância da
realização de estudos que, como é o caso desse trabalho, debruçam-se na caracterização e
análise do AAN.
Nesse sentido, uma revisão sistemática da problemática do consumo de aditivos
alimentares (presentes nos AUP) por parte do público infantil, encontrou a criança como um
consumidor potencial de alimentos com aditivos alimentares, principalmente no que diz
respeito aos corantes artificiais [9]. Isso reforça a necessidade de conhecer as características
do AAN ao redor de espaços ocupados por crianças de primeira infância, visando a promoção
da saúde e o planejamento estratégico mais eficaz, com adoção de ações e políticas públicas
específicas para o enfrentamento dos problemas observados.
No entanto, a pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) promoveu profundas
modificações no sistema comercial de Maceió (sobretudo os de pequeno porte e informais)
em função dos decretos estaduais relacionados ao funcionamento de atividades essenciais e
não essenciais. Apesar de que alguns dos PVA de interesse deste trabalho são considerados
essenciais (como redes de supermercados, hipermercados e farmácias), o funcionamento
anormal, a indisponibilidade de alguns gêneros alimentícios e as flutuações de preço
poderiam confundir os resultados da investigação. Portanto, visando a segurança dos
pesquisadores e os potenciais prejuízos para a pesquisa, a coleta de dados foi suspensa, sendo
o principal resultado da segunda fase do PIBIC, a carga teórica de conhecimento adquirida
em função da intensificação da revisão de literatura e debates (via videoconferência) entre os
integrantes do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Ambiente Alimentar (NEPAAL). Tal
atividade não somente permitiu um maior aprofundamento teórico no tema do projeto, como
também criou mais maturidade em todo o grupo e refinou o entendimento das metodologias
de análise do AAN através de técnicas de geoprocessamento em SIGs.
Contudo, paralelamente à crescente onda de sobrepeso e obesidade, outro problema
ainda assola o Brasil e não deve ser esquecido: a insegurança alimentar, que pode ser
entendida como a incapacidade de realização do direito de “acesso regular e permanente a
alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras
necessidades essenciais [...]” [32], ou seja, a falta de acesso à uma alimentação saudável e
adequada. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), obtidos através
da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) encontrou Insegurança alimentar,
em 30,2% dos domicílios da zona urbana do país no ano de 2009 [32]. Já um estudo realizado

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em 2010 na zona da mata do Nordeste encontrou 88% de insegurança alimentar [33], o que
revela a heterogeneidade da distribuição dessa insegurança alimentar.
Um dos potenciais motivos dessa situação é a distribuição desigual dos PVA nas
cidades e da renda por todo o país, gerando uma situação duplamente preocupante de
insegurança alimentar e sobrepeso/obesidade, podendo ser encontrados numa mesma cidade
(como nosso grupo de pesquisa constatou com o projeto realizado em Rio Largo) desertos
alimentares (áreas residenciais com acesso limitado a alimentos, sobretudo os saudáveis e
adequados) e pântanos alimentares (regiões onde a densidade de comércios que vendem
AUP, fast food, junk food supera e muito a disponibilidade de alimentos saudáveis). Nesse
sentido, cresce na esfera da geografia em saúde e nutrição, a importância de trabalhos que
estudam e analisam as características do AAN, não somente por que eles são capazes de
identificar desertos e pântanos alimentares, mas também por que são justamente as pesquisas
científicas bem estruturadas que fornecem a melhor base para tomadas de decisões públicas
eficientes no enfrentamento dos problemas, tendo como base a necessidade específica de
cada região, além de permitirem uma avaliação crítica dessas ações a posteriori. Exemplos
já apontados pela literatura como favoráveis no enfrentamento dos desertos e pântanos
alimentares, assim como a insegurança alimentar, incluem ações conjuntas de aumento de
investimentos públicos em feiras agroecológicas, nos pequenos agricultores e na agricultura
familiar, concomitantemente à ações de restrição da presença de comércios que vendem AUP
e sobretaxação dos AUP, visando a diminuição de seu consumo por parte da população.
A continuidade dos estudos e da revisão de literatura por parte dos PIBICs, assim
como o diálogo científico constante com o professor orientador, aprofundou em toda a equipe
o entendimento das técnicas e metodologias de geoprocessamento e SIG na temática da
Saúde Urbana e na análise dos ambientes alimentares, assim como nos direcionamentos das
discussões e sugestões para resolução dos problemas observados, alcançando com sucesso o
objetivo real do PIBIC, que vai além de produzir resultados pontuais e apresenta-los em
relatórios, mas trata de despertar o interesse acadêmico e realizar a iniciação científica dos
estudantes envolvidos. Os integrantes do grupo de pesquisa como um todo seguem estudando
em casa, agregando informações e conhecimentos teóricos pertinentes à epidemiologia e
estatística, com foco nas análises dos ambientes alimentares. Adicionalmente, é com muita
honra e entusiasmo que todos os estudantes participantes deste projeto foram adicionados ao
recentemente criado “Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o Ambiente Alimentar”
(NEPAAL), pertencente à Faculdade de Nutrição da UFAL, que continua debruçando-se
sobre o estudo do AAN e realiza leituras e debates científicos (por videoconferência,
respeitando o isolamento social) todas as terças-feiras desde o dia 19 de maio de 2020.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 – BRASIL. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília, DF, 2013. 84 p. (Série B.
Textos Básicos de Saúde). Available in: ˂http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf> Access: jul. 03. 2020.
2 – KLOTZ-SILVA, Juliana; PRADO, Shirley Donizete; SEIXAS, Cristiane Marques. Food
behavior in the field of Food and Nutrition: what are we talking about? Physis [online]. Rio de
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12
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PLANO DE TRABALHO INDIVIDUAL E DIFERENCIADO DO BOLSISTA
Título do plano de trabalho: “Georreferenciamento dos pontos de venda de alimentos nos
arredores das unidades de saúde do município de Maceió/AL.”
Nome do orientador: Jonas Augusto Cardoso da Silveira
Nome do estudante: Luan Santos de Aragão

Objetivos do trabalho do estudante (ver item 6.4, Inciso V): Georreferenciar os pontos de
venda de alimentos (PVA) nos arredores das unidades de saúde de Maceió/AL. Este plano
de trabalho se enquadra no primeiro objetivo específico do projeto de pesquisa.

Metodologia correspondente (ver item 6.4, Inciso VI): Trata-se de um estudo ecológico, no
qual se pretende executar a coleta de dados para a composição do sistema de informações
geográficas (SIG) entre setembro/2019 a agosto/2020 no município de Maceió, capital do
Estado de Alagoas. Neste plano de trabalho, consideraremos como objetos geográficos, as
unidades de saúde da atenção básica que atendam a população infantil (n=83) e os PVA. A
identificação das unidades de saúde da atenção básica será realizada por meio de dados
fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde e do Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde, a fim de fazer a dupla checagem quanto ao funcionamento e localização das
unidades; em seguida, as equipes de campo irão até os locais para obtenção das coordenadas
geográficas. As equipes de campo serão compostas por um estudante de graduação e um de
pós-graduação em nutrição. A obtenção das coordenadas geográficas dos PVA será realizada
utilizando aparelhos GPS portáteis (modelo Garmin eTrex 30x), com o entrevistador
posicionado a um metro de distância do centro da entrada do estabelecimento; a entrada das
coordenadas (latitude e longitude) no SIG será realizada no formato geodésico decimal. A
coleta de dados será realizada por meio de tablets de uso exclusivo para a pesquisa, sendo a
interface para a entrada dos dados produzida no software CSPro (US Census Bureau, EUA).
De posse das coordenadas, os dados serão introduzidos no software QGIS 3.2 (Open Source
Geospatial Foundation) para realização da crítica aos dados, ou seja, buscar pontos
discrepantes no mapa. Em seguida, serão estabelecidos raios de 400 metros (distância
Euclidiana) no entorno das unidades de saúde (desconsiderando o relevo da região), a fim de
definir os limites da área para a identificação dos PVA, a qual ocorrerá por meio de auditoria
nas ruas, método considerado “padrão-ouro” em estudos de georreferenciamento (Paquet et
al., 2008). O produto desta etapa consistirá na produção de cartogramas com a localização
dos objetos geográficos, os quais serão utilizados para a próxima etapa da pesquisa (não

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incluída neste plano de trabalho), que consistirá na avaliação do ambiente alimentar dos PVA.
A base cartográfica e o banco de dados de setores censitários utilizados neste projeto serão
obtidos do IBGE (órgão oficial responsável pela cartografia brasileira), Instituto do Meio
Ambiente de Alagoas (IMA-AL) e bases de outros órgãos que possam vir a ser úteis para
elaboração dos mapas.

Cronograma de atividades (ver item 6.4, Inciso VII):

Meses
ATIVIDADES
2019 2020
AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL
Revisão da literatura (previsto) X X X X X X X X X X X X
Revisão da literatura (realizado) OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK
Treinamento para o uso do GPS (previsto) X
Treinamento para o uso do GPS (realizado) -
Georreferenciamento das UBS (previsto) X X
Georreferenciamento das UBS (realizado) OK OK
Inserção dos dados no QGIS (UBS e PVA)
X X X X
(previsto)
Inserção dos dados no QGIS (UBS e PVA)
OK OK
(realizado)
Definição das áreas de abrangência* (realizado) X
Definição das áreas de abrangência* (realizado) OK
Georreferenciamento dos PVA (previsto) X X X X
Georreferenciamento dos PVA (realizado) OK OK OK OK
Elaboração dos cartogramas (previsto) X X X X
Elaboração dos cartogramas (realizado)
Reuniões do grupo de pesquisa (previsto) X X X X X X X X X X X X
Reuniões do grupo de pesquisa (realizado) OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK OK
Relatório parcial (previsto) X X
Relatório parcial (realizado) X X
Relatório final (previsto) X
Relatório final (realizado) OK
GPS: Global Positioning System; UBS: unidades básicas de saúde; PVA: pontos de venda de alimentos
*Áreas de ~785m² (𝐴 = 𝜋𝑟 2 ) no entorno dos centros de educação infantil.

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