Inteligência Inteligência e idade são elementos independentes
“O conhecimento torna a alma jovem e diminui a
armadura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para amanhã” Leonardo da Vinci
Alguns profissionais de Recursos Humanos costumam
considerar que a idade é um critério importante no processo de seleção e recrutamento de seus profissionais. No entanto, para uma empresa que verdadeiramente busca progredir, a idade não pode passar nem perto de ter alguma relevância na hora de escolher seus profissionais. Evidentemente, para o exercício de algumas atividades, especialmente aquelas ligadas ao esforço físico e a outras particularidades, a idade é relevante, sim. Pouca gente colocaria uma vovó para atender em uma loja de surfe ou para carregar tijolos em uma construção. Mas para a maior parte das profissões, podemos afirmar com toda convicção que o profissionalismo de um homem independe do tempo em que ele está presente neste mundo. E perdoem me se uso de palavras ásperas, mas sou da opinião de que somente uma empresa retrógrada, de cultura arcaica, considera que idade é um fator que deve ser considerado como algo importante em um processo seletivo. Conheço profissionais com mais de 60 anos de idade que são ágeis, cultos, eficientes, dignos, éticos e que efetivamente fazem a diferença, enquanto jovens em torno dos 25 anos são inseguros, temem desafios mais complexos, são incapazes de fazer análises mais aprofundadas e suas decisões muitas vezes são imediatistas, isto é, resolvem um problema sem perceber que estão criando outro ainda pior. É claro que situações inversas também ocorrem, o que reforça a ideia de que a idade é fator irrelevante quando o assunto é o profissionalismo, a capacidade de criar resultados acima das expectativas. De forma similar, a idade é também fator irrelevante quando o assunto é a inteligência. Existe em nossa sociedade um mito de que a inteligência diminui com a idade. Trata-se de uma ideia absurda, facilmente contestável. Michelangelo compôs seus imortais sonetos aos 79 anos, e faleceu aos 89, enquanto trabalhava em uma nova Pietá. Goethe escreveu o primeiro volume de sua obra-prima, Fausto, aos 59 anos, e o segundo aos 83. É possível relacionar uma quantidade enorme de obras fantásticas que foram criadas por pessoas acima dos 60 anos de idade. Evidentemente, existe uma tendência natural das pessoas tornarem-se menos ágeis conforme vão envelhecendo, e isso em muitos casos afeta também a inteligência, porque o comodismo é como ferrugem que desintegra o mais resistente aço de uma espada quando ninguém a usa. No entanto, acreditar que todas as pessoas tornam-se intelectualmente menos ágeis com a idade não é um raciocínio inteligente. É certo que a verdadeira velhice ou juventude de um homem reside em um bem intangível chamado personalidade, e não em suas células. Intelectualmente, algumas pessoas não envelhecem. São, simplesmente, jovens há mais tempo que as outras.
Ampliação do Quociente Intelectual
Em certa noite do ano de 2005 eu estava elaborando algumas
metas pessoais de longo prazo e achei que seria um de safio bastante interessante tentar chegar aos 50 anos de idade com um Q.I. de 180 pontos. Naquela ocasião, meu limitado conhecimento levou-me a crer que o tal do Q.I. constitui uma mensuração fidedigna da quantidade de inteligência que um indivíduo possa ter. Eu estava enganado. Vimos, nos capítulos anteriores, que um homem verdadeiramente inteligente é aquele que tem a capacidade de modificar o ambiente a partir de ideias que foram formadas pelo livre pensamento e que sobrepujam os impulsos animais. No entanto, existem pessoas que não estão em busca da verdadeira inteligência, mas querem tão somente desenvolver a capacidade de solucionar com rapidez e precisão problemas relacionados ao raciocínio lógico. Querem ser capazes de vencer uma partida de xadrez, de solucionar enigmas matemáticos, de identificar sequências lógicas ou montar quebra-cabeças com maior facilidade que qualquer outra pessoa. Eles querem aumentar seu Q.I. O quociente intelectual, equivocadamente conhecido também como quociente de inteligência, ou simplesmente Q.I., é um controverso parâmetro que tem a pretensão de indicar a quantidade de inteligência de uma pessoa. Existem até mesmo grupos e sociedades fechadas onde a admissão de novos membros é permitida somente mediante aprovação em testes de Q.I. Um teste de Q.I. consiste em uma série de questões lógicas que não envolvem qualquer abstração, intuição ou aná lise de dados históricos. Por exemplo, é dada uma série de números como 1, 2, 2, 2, 3, 4, 4, 10, 5, 24, 6, 54, 7, 116, 8 e a pessoa precisa identificar qual é o número seguinte (que neste exemplo seria 242). Para solucionar este tipo de questão o indivíduo necessita utilizar apenas o intelecto, o raciocínio lógico. Assim, afirma-se que tão maior é o Q.I. de uma pessoa quanto maior for a capacidade que ela tem de resolver questões lógicas. E é justamente por isso que os indivíduos com maior Q.I. costumam ser os grandes mestres enxadristas, os grandes matemáticos, os desenvolvedores de linguagens de programação de computadores e diversos profissionais das ciências exatas. Mas qualquer pessoa, mesmo aquela que não costuma se envolver em atividades caracterizadas pela concentração do raciocínio, pode elevar em alguns pontos o seu Q.I., desde que esteja disposta a investir uma quantidade substancial de tempo estudando e praticando exercícios complexos, como alguns que citarei aqui. Uma rápida busca na internet nos revela milhares de páginas que prometem aumentar o Q.I. através de exercícios simples de raciocínio. No entanto, o que a maioria desses exercícios simples faz é melhorar tão somente a capacidade de resolver os testes de Q.I., coisa que evidentemente não é o mesmo que aumentar o Q.I. propriamente dito. Não se deixe enganar por exercícios fáceis. Se o seu objetivo não é aumentar verdadeiramente seu Q.I., mas sim ser capaz de obter um escore alto em um teste deste tipo, talvez para se exibir ou, quem sabe, para satisfazer um ego excêntrico, tais exercícios lhe serão úteis de fato. Em verdade, para ser capaz de resolver o maior número de questões, tudo o que se precisa fazer é adquirir uma grande quantidade de testes e estudá-los, buscando entender a lógica adotada em cada questão e tentando resolvê-las com a maior velocidade possível. Da mesma forma como um aluno aprende matemática pela prática, é possível ganhar agilidade nestes testes de raciocínio através da atenta repetição. Estou certo de que, depois de treinar com pelo menos 30 ou 40 testes diferentes, você irá se sair muito melhor quando se submeter a uma avaliação oficial. Com a devida prática, é possível obter escores altíssimos e impressionar aos mais desavisados ou a quem ainda hoje acredita que um teste de Q.I. está medindo a inteligência de uma pessoa. Mas, após ler este livro por completo, um homem ver dadeiro terá muito maior interesse em desenvolver a verdadeira inteligência, ao invés de querer enganar aos outros, e até mesmo a si próprio, com testes e medições que não servem para coisa alguma. Neste sentido, abandonei aquela minha velha ideia de buscar um Q.I. de 180 pontos, ou de qualquer outro valor. Quando eu estudava Engenharia Mecânica na Universidade Federal de Santa Maria conheci um jovem que tinha uma facilidade impressionante para resolver problemas matemáticos e questões lógicas. Enquanto um aluno comum demorava horas para resolver um problema de equações diferenciais, ele as resolvia em poucos minutos, como quem desenrola uma panqueca. Desenvolver cálculos de sistemas termodinâmicos era para ele brincadeira de criança. Porém, quando nos encontrávamos para conversar pelos corredores da faculdade, suas conversações se mostravam insípidas e desprovidas de profundidade. Com não rara frequência ele era explorado por falsos amigos, por familiares e até mesmo por estranhos. Certa vez, ele admitiu que durante as férias fora vítima do golpe do bilhete premiado. Se aquele nobre colega tivesse se submetido a um teste de Q.I., certamente teria obtido um escore superior a 160 pontos (a média no Brasil é de 90 pontos). Mas um Q.I. eleva do, em uma pessoa carente da verdadeira inteligência, a torna mais parecida a um robô que a um verdadeiro homem. Quando um homem se coloca na trilha da verdadeira inteligência e, tendo-a desenvolvido em elevado ponto, aplica parte de sua energia no aprendizado de sistemas complexos, terá então condições de causar notáveis transformações em nosso mundo. Por considerar que o sistema educacional americano não favorece a criatividade, o empresário Dean Kamen nem chegou a terminar o curso de engenharia. Em 1982 ele fundou a empresa DEKA, onde passou a desenvolver invenções com um grupo relativamente pequeno de colaboradores. Com este grupo, Kamem fez fortuna e ganhou uma grande quantidade de prêmios em virtude de suas invenções revolucionárias, tais como o primeiro injetor de insulina portátil, o transportador pessoal Segway e a cadeira de rodas computadorizada que sobe escadas. Dean Kamen desenvolveu a verdadeira inteligência e. combinando-a com seu amplo quociente intelectual, foi capaz de trazer importantes melhorias ao nosso modo de viver. Porém, se um homem estiver engajado na busca pela verdadeira inteligência, como pode ele também ampliar seu quociente intelectual? O grande segredo para a ampliação do quociente intelectual é submeter o cérebro a desafios cada vez maiores de raciocínio lógico, de pensamentos encadeados. Tais desafios podem ser feitos através de jogos de alto nível, testes avança dos, cálculos e outras atividades em que o pensamento possa ser concentrado e em que as ideias se dividam em ramos di versificados, mas interligados. Quanto mais complexo for o desafio, melhor será para o desenvolvimento do Q.I. O jogo de xadrez é de longa data conhecido como um excelente estimulador do raciocínio lógico. Existem diversos jogos de xadrez para computador que contam com um avan çado sistema de inteligência artificial. E não é possível vencer computador pela sorte ou através de jogadas simples, como acontece com um jogo de damas. A menos, é claro, que se trate de um programa ruim ou que se tenha desativado as rotinas de inteligência artificial. Com um bom programa de xadrez você pode ir ajustando os níveis de dificuldade enquanto aprimora suas estratégias de ataque e de defesa. Para vencer no xadrez, é preciso imaginar o que o adversário faria se você movimentas se uma determinada peça, qual seria seu movimento seguinte para as possíveis reações, qual seria a possível reação do ad versário a este segundo movimento e assim sucessivamente. Apesar de ser um trabalho árduo, calcular centenas de possibi lidades futuras não é suficiente para vencer um bom jogador, porque este possui também a capacidade de visualizar uma grande quantidade de algoritmos como um todo, para então criar uma estratégia, ajustando-a de acordo com as reações do adversário. Se você for capaz de vencer um destes softwares de nível mais elevado, poderá considerar-se um superdotado, um gênio ou até mesmo um alienígena, já que raciocínio desta natureza não se vê neste mundo. Quando eu tinha 16 ou 17 anos de idade acreditava ser muito experto, porque sabia fazer pequenos programas de computador na linguagem COBOL e em Basic. Então, conheci um programador profissional e descobri que minha cidade criativa era ridícula, diante da forma clara e funcional como aquele profissional elaborava estruturas de programas. No jogo de xadrez, cada jogador precisa elaborar mentalmen te estruturas encadeadas de jogadas, simulando as possibilida des, montando uma estratégia e ajustando-a de acordo com cada lance do adversário. Para desenvolver um programa de computador, é necessário pensar de forma parecida, mas com uma profundidade e complexidade muito maiores. Assim, se alguém me pedir uma dica de desafio de intelecto, certamente irei sugerir que aprenda a usar uma linguagem de programação, como Visual basic, C, PHP, Java ou Flash. Capa Ainda no campo da informática, é possível encontrar mos muitas outras formas de estimular vigorosamente o racio cínio, como através do aprendizado de técnicas de animação tridimensional, do desenvolvimento de jogos eletrônicos e da simulação de sistemas mecânicos. Além de constituírem um ótimo exercício mental, profissionais destas áreas costumam ser bastante requisitados pelo mercado de trabalho.
A matemática é, evidentemente, outro magnífico esti mulador do
intelecto, pois só é possível solucionar uma longa sequência de equações se tivermos a capacidade de entender todo o encadeamento de variáveis e operações. Não é inco mum que professores de matemática e profissionais de áreas como estatística e finanças tenham grande facilidade para en tender o funcionamento de sistemas complexos. Se quiseres aventurar-se por este campo, as possibilidades são enormes. Experimente, por exemplo, estudar ramos da cosmologia que envolvem a matemática da teoria relativística de Einstein. Um bom começo é entender as equações de Lorenz, que nam espaço e tempo. relacioEstes são apenas alguns exemplos de práticas de raciocí nio lógico profundo que, se exercitadas com grande frequen cia e durante amplo período de tempo, podem elevar em um valor sensível a capacidade de resolver problemas específicos. Certamente existem outras técnicas, e o leitor poderá facil mente encontrar excelentes publicações que as abordam. Mas, a menos que um homem esteja envolvido com a construção de um acelerador de partículas, com o estudo ma temático da teoria da relatividade ou com algum projeto de natureza complexa, melhor faz ele se buscar desenvolver a ver dadeira inteligência, ao invés de querer adquirir um quociente intelectual elevado.
Afinal, se com a pontuação elevada de um teste de Q.I.
você pode impressionar a alguém, com a verdadeira inteligên
cia você adquire o poder de causar impacto positivo sobre o
mundo e impressionar a mais importante das pessoas: você