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10º A N O
1. A atividade económica e a ciência
económica
Conceitos a relembrar

Valores absolutos: dados numéricos que medem uma grandeza numa determinada unidade.

Valores relativos: valores relativos são dados numéricos expressos através de percentagens,
permilagens. taxas de variação, índices e coeficientes multiplicadores.

Percentagens e permilagens: representam uma proporção, ou seja, uma parte de um todo (um
subconjunto do conjunto-universo). As percentagens dizem respeito a um determinado valor
em cada 100 (%) e as permilagens. em cada 1000 (%o) .

Saldo migratório: Imigrantes – Emigrantes


Desvio/variação: Valor atual – Valor antigo

Taxa de variação = [(valor do ano base ÷ valor anterior) - 1] × 100 OU

Taxa de variação = [(valor do ano base – valor anterior) : valor anterior] x 100

Ponto percentual: unidade usada para expressar diferenças entre percentagens-

Peso relativo de uma ocorrência = (valor da ocorrência : valor total da ocorrência) x 100

1.1 Realidade social e ciências sociais

Objeto de estudo

Realidade social/
Conceitos e terminologia própria
Economia Fenómeno social (no
caso especifico da
Metodologia própria economia:
fenómenos
Teoria própria económicos

Ciências sociais (Ciências que tentam encontrar explicações para a ocorrência dos fenómenos
sociais):

• Economia (Ex: Estudo das despesas e receitas do Estado);


• Sociologia (Ex: Estudo da integração social de imigrantes);
• Política (Ex: Estudo dos objetivos políticos e de medidas sobre o serviço de saúde);
• História (Ex: Estudo da evolução do poder de compra ao longo do século passado e
possíveis explicações);
• Direito (Ex: Estudo da regulamentação jurídica acerca dos direitos do trabalhador);
• Etc.
Vida social: Conjunto de realidades sociais. A vida social é uma unidade complexa e
pluridimensional.

Interdisciplinaridade: contributo de várias ciências sociais para o estudo de um determinado


fenómeno social.

Papel da Matemática e da Estatística: Embora não sejam ciências sociais, são imprescindíveis
pois quantificam os fenómenos sociais e assim auxiliam o seu estudo.

1.2. A economia como ciência e o seu objeto de estudo

Exemplos de fenómenos económicos que a economia estuda:

• Produção de bens;
• Distribuição de bens;
• Consumo de bens;
• Repartição de rendimentos;
• Poupança;
• Etc.

Problema económico: Está relacionado com a necessidade de fazer escolhas que têm de ser
feitas perante o facto de existirem necessidades ilimitadas, por um lado, e, por outro, recursos
escassos para as satisfazermos. Daí a economia ser muitas vezes considerada como a “ciência
das escolhas”.

Racionalidade económica: Gestão eficiente dos recursos escassos na satisfação das nossas
necessidades para tirar o máximo benefício.

Custo de oportunidade: Consiste no bem, que é a alternativa sacrificada, para obter outro bem.

1.3. A atividade económica e os agentes económicos

Atividade económica: Conjunto de atividades que as pessoas realizam relacionadas com a


satisfação das necessidades individuais e coletivas.

Agentes económicos: A entidade autónoma. com capacidade para realizar operações


económicas tomando decisões. O agente económico possui também capacidade para deter
valor económico.

Agentes económicos Funções


Famílias Consomem bens e serviços
Empresas não financeiros Produzem bens e serviços não financeiros
Instituições financeiras Prestam serviços financeiros
Garante a satisfação das necessidades e
Estado
redistribui rendimentos
Resto do mundo Troca bens, serviços e capitais
2. Necessidades e consumo
2.1 Necessidades - noção e classificação

Necessidade: Estado de carência que urge a ser ultrapassado ou satisfeito.

Características das necessidades:

• Multiplicidade - as necessidades são múltiplas e de diferente natureza.


• Substituibilidade - as necessidades podem ser satisfeitas através de meios alternativos.
• Saciabilidade - conforme vamos satisfazendo uma necessidade, ela vai sendo
progressivamente eliminada.
• Relatividade - as necessidades variam no tempo e no espaço, sendo, portanto, relativas
ao momento histórico e ao espaço geográfico onde são sentidas.

Classificação das necessidades

Necessidades primárias: São indispensáveis à vida humana (por exemplo, a respiração e a


alimentação).

Necessidades secundárias: Garantem uma melhor qualidade de vida (por exemplo, cultura e
transporte).

Necessidades terciárias: Se não forem satisfeitas, não põem em risco a vida dos indivíduos.
sendo dispensáveis (por exemplo, vestuário de marca, perfume, ou viajar em classe executiva).

Necessidades individuais: São as que sentimos independentemente de vivermos com os outros


(a alimentação, por exemplo), sendo satisfeitas por bens e serviços privados;

Necessidades coletivas: Decorrem do facto de vivermos em coletividade (segurança, justiça,


saúde, por exemplo), podendo ser satisfeitas por bens e serviços públicos.

Bens públicos Bens individuais


- São exclusivos e têm proprietário; - Não são exclusivos e são de todos os
- A lei reconhece o direito de propriedade; indivíduos;
- Têm rivalidade. O uso pelo proprietário - Ninguém pode ser excluído de o usar;
afasta o benefício dos outros que não o - O benefício de uns não afeta o beneficio de
possuem; outros;
- São pagos individualmente. - São pagos pelo Estado.
2.2 Consumo

Consumo: Ato económico que nos permite satisfazer as nossas necessidades

Ato de consumir: É um direito, mas acarreta responsabilidades económicas, sociais, políticas e


ambientais.

Consumo – ato económico: É um ato económico porque ao consumirmos certos bens e serviços,
estamos a efetuar escolhas.

Consumo – ato social: É um ato social porque ao consumirmos certos bens, estamos a incentivar
o modo e as condições em que é produzido. Por exemplo, ao consumirmos produtos que foram
produzidos por crianças, estamos a incentivar o trabalho infantil.

Consumir Ordens de produção Produção

…dá… … que incentiva…

… aumenta o… …cria…

Rendimento disponível nas famílias Emprego Procura de trabalhadores

Tipos de consumo
Quanto à natureza das necessidades satisfeitas:

Consumo essencial: Consumo supérfluo:


consumo de bens essenciais à sobrevivência consumo de bens que não são essenciais à
sobrevivência.

Quanto ao autor do ato de consumir:

Consumo privado: Consumo público:


Quando cada um de nós consome. Quando o Estado/Administração Pública
consome.

Quanto ao beneficiário do consumo:

Consumo individual: Consumo coletivo:


Quando o beneficiário é um individuo ou Quando o beneficiário é a população, quando
entidade. o conjunto de serviços é gratuito e oferecido
pelo Estado.
Quanto à finalidade:
Consumo final: Consumo intermédio:
Consumo feito pelas famílias. Consumo feito pelas empresas.

2.3 Padrões de consumo - diferenças e fatores explicativos

Padrões de consumo: padrões/modelos específicos que o consumo obedece consoante o


espaço, tempo, cultura e rendimentos.

O consumo depende de dois fatores: Fatores Económicos e Fatores Extraeconómicos.

• Fatores Económicos: Rendimentos, preço dos bens, inovação tecnológica, crédito, etc.
• Fatores Extraeconómicos: Idade, moda, tradição, publicidade, etc.

Estrutura do consumo: Repartição das despesas de consumo das famílias pelos diferentes
grupos de bens de consumo.

Coeficiente orçamental: Peso de uma classe de despesas de consumo em relação ao total das
despesas de consumo de uma família.

Lei de Engel: Quanto menor for o rendimento disponível de uma família, maior vai ser o peso
relativo da despesa em bens alimentares no orçamento da família, ou seja, o coeficiente
orçamental dos bens alimentares é maior.

2.4. A sociedade de consumo

Sociedade de consumo: E a sociedade em que a oferta de bens excede a procura, sendo os bens
produzidos em larga escala, em série e de duração efémera. Criar novas necessidades, produzir
e vender são os fins deste tipo de sociedade.

Consumismo: Conjunto de comportamentos que levam a um consumo excessivo, sem critérios


e compulsivo.

Consumerismo: Consumo racional, controlado, seletivo, baseado em valores sociais, ambientais


e no respeito pelas gerações futuras. O consumerismo pretende:

• Criar o equilíbrio entre consumidores, produtores e distribuidores;


• Participar nas decisões económicas e sociais que afetam os consumidores;
• Intervir no sentido de preservação do meio ambiente;
• Informar e proteger o consumidor.
3. A produção de bens e de serviços
3.1 Bens - noção e classificação

Bens: Meios através dos quais as necessidades dos indivíduos podem ser satisfeitas.

Tipos de bens

Quanto ao custo:
Bens livres Bens económicos
Bens que podemos dispor sem esforço ou Existem em quantidades limitadas, são bens
impedimento. escassos relativamente às necessidades
sentidas. É necessário despender moeda ou
esforço.

Quanto à natureza:
Bens materiais Bens imateriais ou serviços
Bens que podemos ver, sentir ou mexer. Não têm visibilidade física.

Quanto à sua duração:


Bens duradouros Bens não duradouros
Não se anulam após a sua primeira utilização. Anulam-se após uma utilização

Quanto à sua função:


Bens de consumo Bens de produção
Destinam-se a um consumo final. Destinam-se a produzir outros bens.

Quanto às relações recíprocas:


Bens sucedâneos Bens complementares
Têm características semelhantes e podem Para atingir os fins para que foram criados
substituir-se. devem ser utilizados em conjunto.

3.2 Produção e processo produtivo. Setores de atividade económica

Produção: Ato económico pelo qual se criam bens e serviços.

Processo produtivo: Representa uma combinação de fatores produtivos.

Segundo Colin Clark, os bens são agrupados em três setores de atividade económica: o setor
primário, o setor secundário e o setor terciário.

Setor primário Setor secundário Setor terciário


Agricultura, silvicultura, Indústrias transformadoras, a Os serviços, dos quais se
pesca, caça, pecuária e produção e distribuição de destacam o comércio, a
indústrias extrativas*. Gás, água e eletricidade e a educação, a saúde, o turismo
construção. e a atividade bancária, por
exemplo.
*Segundo Jean Fourastié, as indústrias extrativas pertencem ao setor secundário.
Tipos de indústrias

Indústrias Indústrias
Indústrias ligeiras Indústrias pesadas
tradicionais modernas
São as “trabalho-intensivas”, São as “capital- Utilizadores de Utilizadores
predomina o trabalho intensivas”, predomina técnicas de técnicas
o capital. tradicionais e atuais,
antigas. modernas e
inovadoras

Setores de atividade e o nível de desenvolvimento de um país

País em País emergente País


desenvolvimento desenvolvido
Terciarização: quando o setor terciário ganha peso na estrutura da atividade económica. Deve-
se ao aumento dos serviços nas indústrias, à melhoria dos processos de produção, ao
crescimento do comércio e execução de serviços por parte de terceiros.

3.3. Fatores produtivos

Fatores produtivos: meios que permitam, através da sua combinação, a produção necessária à
satisfação das necessidades da população. Esses meios são os recursos naturais (que podem ser
classificados como capital), a força de trabalho e o capital

Recursos naturais são bens que a natureza coloca diretamente à disposição dos indivíduos para
a satisfação das suas necessidades, como matérias-primas. Podem ser: renováveis (se se
conseguirem renovar num período relativamente curto, mas dependente da natureza do bem)
ou não renováveis (quando a sua utilização provoca a sua destruição definitiva).

Desenvolvimento sustentável: é um modelo de desenvolvimento que não põe em causa a vida


das futuras gerações a nível social, ambiental e económico.

Força de trabalho: é a população com que um país pode contar para a produção. Por isso, torna-
se importante contabilizá-la.

População ativa: população com que um país pode contar para trabalhar. (Empregados +
Desempregados).

População inativa: indivíduos que não fazem parte da população ativa.


Desemprego e taxa de desemprego

Desemprego: Fenómeno social que preocupa trabalhadores, autoridades políticas e


economistas em indivíduos que fazem parte da população ativa não têm emprego e portanto
não são renumerados.

Tipos de Desemprego
Desemprego resultante da substituição do
Desemprego tecnológico
trabalho por tecnologia.
Resulta de sucessivos desempregos por
inadaptação ao posto de trabalho devido ao
Desemprego repetitivo
baixo nível de qualificação dos trabalhadores,
normalmente muito jovens.
Desemprego que se prolonga para além de
Desemprego de longa duração
um ano.

Formação ao longo da vida: o processo tecnológico exige uma permanente atualização de


conhecimentos, uma formação contínua ao longo da vida evitando a desatualização.

Capital: todos os elementos que participam no processo produtivo, com exceção dos recursos
naturais e do trabalho.

Distinção de riqueza e capital: riqueza consiste na posse de um bem e a sua utilização é de uso
privado das famílias (não “entra” no processo produtivo), o capital é o conjunto dos bens
aplicados na atividade económica.

Tipos de capital
Capital financeiro: conjunto dos meios Capital técnico: conjunto dos meios que
financeiros de uma empresa. Este divide-se permitem a produção. Dividem-se em capital
em capital próprio, quando os meios fixo, que representa todos os meios de
financeiros são propriedade da empresa, e produção que não se anulam durante o
capital alheio, quando os meios financeiros processo produtivo, como as máquinas, por
não pertencem à empresa. exemplo, e capital circulante, que designa as
matérias-primas e as matérias subsidiárias
que se irão incorporar nos produtos finais.
Capital humano: conjunto de aptidões Capital natural: conjunto de recursos
humanas para trabalhar que inclui a naturais que se encontram disponíveis como
experiência, os conhecimentos e o saber o petróleo. Tem de ser utilizado de forma
fazer adquiridos ao longo do tempo. racional.
3.4. A combinação dos fatores produtivos

Características dos fatores produtivos:

• substituíveis (pode-se substituir trabalho por capital e vice-versa);


• complementares (trabalho e capital complementam-se para produzir os bens);
• adaptáveis (trabalho e capital adaptam-se às quantidades e ao tipo de bens a produzir).

Função de produção: exprime a relação técnica entre produção e os


fatores produtivos.

Trabalho
Isoquanta: curva que representa a mesma quantidade produzida por Isoquanta

diferentes combinações dos fatores produtivos.

Isocusto: linha formada pelo conjunto de combinações de fatores


produtivos que têm o mesmo custo total, dados os preços dos fatores. Capital

O tempo e a combinação de fatores produtivos:

• Curtíssimo prazo: período de tempo tão curto que impede qualquer alteração nos
fatores produtivos.
• Curto prazo: período de tempo no qual os fatores produtivos variáveis, tais como o
trabalho e as matérias-primas, podem ser facilmente ajustados. Os fatores fixos, por
exemplo instalações, não podem ser completamente ajustados.
• Longo prazo: período em que todos os fatores produtivos, fixos e variáveis, podem ser
adotados, incluindo trabalho e capital.

Produtividade: é a relação entre uma produção de um bem e os fatores de produção utilizados


para a obter.

Produtividade marginal: aumento da produção gerado quando se aumenta uma unidade do


fator produtivo variável.

Lei dos rendimentos decrescentes: A partir de um determinado nível de produção, mantendo


fixa a quantidade de um dos fatores produtivos, ir-se-ão verificar acréscimos de produção
resultantes da utilização de unidades sucessivas do outro fator produtivo (produtividade
marginal) cada vez menores.

Combinação dos fatores produtivos no longo prazo

Custos variáveis: representam todos os encargos que variam com a quantidade produzida. (Ex:
matérias-primas).

Custos fixos: representam todos os encargos que não variam com a quantidade produzida.
Custo total: conjunto de todos os custos necessários à obtenção da produção.

Custo médio: custo por unidade produzida.

Custo marginal: acréscimo no custo devido à produção de mais uma unidade de produto.

Economias de escala: situação que ocorre pela diminuição do custo médio devido ao aumento
da dimensão das quantidades produzidas

Deseconomias de escala: situação que ocorre pelo aumento do custo médio devido ao aumento
da dimensão das quantidades produzidas.

Exemplos:

Economias de Deseconomias de
escala escala
4. Comércio e moeda
4.1. Comércio – noção e tipos

Distribuição: Conjunto das operações que permitem encaminhar um bem da fase final de
produção para a fase de consumo.

Produção Consumo

(Produtores) (Consumidores)
Distribuição

(Distribuidores)

Atividades de distribuição:

• Transporte;
• Armazenagem; Logística
• Comércio.

Circuitos de distribuição: percurso efetuado pelo bem desde a produção até ao consumo.

Grossista: comerciante que compra os bens aos produtores em grandes quantidades, fraciona-
os e armazena-os, vendendo-os depois aos retalhistas.

Retalhista: comerciante que, em geral, compra os bens aos grossistas, vendendo-os


posteriormente aos consumidores.

Tipos de circuito de
distribuição

Ultracurto Curto Longo

Produtor Produtor Produtor

Retalhista Grossista

Consumidor

Consumidor Retalhista

Consumidor
Tipos de comércio

Organização dos circuitos de distribuição:

• Comércio independente: integra comerciantes que detêm a propriedade dos seus


estabelecimentos, não estando ligados juridicamente a produtores e intermediários.
• Comércio integrado: caracteriza-se pela existência de vínculos entre vários
intermediários que atuam no circuito de distribuição. Produtor, grossista e retalhista
atuam como um todo dado que os interesses são comuns e a gestão das atividades da
distribuição é centralizada.
- Integração empresarial: Nesta forma de comércio integrado, produtor,
grossistas e retalhistas pertencem à mesma organização empresarial.
- Comércio associado: Forma de comércio constituída por comerciantes
independentes entre si (grossistas ou retalhistas) que juntam recursos e
esforços para fazer face à concorrência das grandes cadeias de distribuição.
- Franchising: Consiste num contrato em que uma empresa, o “o franchisador”,
cede a outra empresa, o “o franchisado”, a sua imagem em contrapartida de um
pagamento.

Estratégia de comercialização:

• Comércio tradicional: Forma de comércio a retalho está situada nos bairros residenciais,
lojas de pequena área de venda, poucos empregados que comercializam produtos
alimentares, de higiene e de limpeza.
• Hipermercados e supermercados: Comercialização de vários tipos de produtos, desde
alimentação a pequenos eletrodomésticos passando pelos produtos de higiene,
limpeza, vestuário, papelaria e outros produtos de consumo generalizados.
Normalmente localizados nas periferias dos centros urbanos ou em centros comerciais
e, dada a sua dimensão, exige vários trabalhadores.
• Centros comerciais: Espaços de comércio generalizado na medida em que neles se
encontram lojas de diversos ramos de comércio: vestuário, calçado, mobiliário,
desporto, livrarias, alimentação, etc.
• Grandes armazéns: Apresenta nos seus locais de venda uma larga variedade de
produtos de grande consumo (Ex: vestuário). O grande sortido de produtos
disponibilizados exige edifícios de certa dimensão de forma a organizar as vendas por
departamentos (department stores).
• Comércio especializado: Tipo de comércio que se especializa num produto (ex:
sapataria), num tipo de cliente (Ex: lojas para bebés), num conjunto de produtos e afins
(Ex: lojas de telemóveis) ou num determinado tema (Ex: desporto).

Retail Park: Conjunto de estabelecimentos de média superfície localizadas junto a um parque de


estacionamento comum a todos eles.

Outlet: Centro comercial constituído por estabelecimentos onde fabricantes e retalhistas


vendem a preços reduzidos os restos de coleção e os excessos de stock.

Marca própria: Utilizada pelo distribuidor para identificar artigos comercializados apenas no seu
estabelecimento. Estes artigos têm um preço inferior aos artigos de marca do fabricante.
-Na loja;
Venda direta -Porta a porta;
-Ambulante.
Métodos de
distribuição
-Por correspondência;
Venda à
-Por catálogo;
distância
-Comércio eletrónico.

Venda direta: o comprador e o vendedor estão em contacto, ou seja, encontram-se no mesmo


espaço físico.

Venda à distância: o contacto entre o comprador e o vendedor não existe.

• Comércio eletrónico: método mais recente, em que os compradores escolhem e


encomendam os produtos através da internet.
• Por catálogo: os consumidores selecionam os produtos que, posteriormente, lhes são
enviados pelo correio.
• Por correspondência: os consumidores recebem folhetos de divulgação do produto e se
quiser procede à compra através de correios.

4.2. Moeda – Noção e tipos

Moeda: unidade de valor sendo aceite por uma comunidade, é utilizada na aquisição de bens,
ou seja, é um bem intermediário nas trocas.

Troca direta: quando se troca um bem que temos em excesso diretamente pelo que desejámos.

Inconvenientes da troca direta:

• Coincidência de interesses;
• Indivisibilidade de certos bens;
• Perecibilidade de certos bens;
• Dificuldade de transporte;
• Determinação do valor relativo entre bens.

Troca indireta: caracteriza-se pela existência de um bem que serve de intermediário.

Funções de moeda:

• Unidade de conta ou medida de valor;


• Forma de pagamento;
• Reserva de valor.
Tipos de moeda

Moeda mercadoria: uma das mercadorias serve como moeda.

Inconvenientes da moeda mercadoria:

• O valor pode variar com frequência devido a fatores naturais (Ex: Clima, epidemias, etc.)
• Podia ser utilizada para fins não monetários que podia levar à falta de moeda.

Moeda metálica: utilização do ouro e da prata, devido a:

• Raridade ou escassez;
• Facilidade de transporte (volume reduzido para um grande valor);
• Divisibilidade (não implica perda de valor)
• Inalterabilidade (grande resistência ao desgaste e ao tempo)

Fases da moeda metálica:

• Moeda pesada: circulava com peso e formas variáveis, sendo o seu valor representado
por um certo peso de metal.
• Moeda contada: pequenos discos redondos com pesos determinados, bastando contá-
los.
• Moeda cunhada: pequenas peças metálicas com indicação do peso de forma a transmitir
confiança às pessoas.

Moeda de papel: surgiu a par da moeda divisionária ou moeda de trocos.

Fases da moeda de papel:

• Moeda representativa: moeda de papel, com cobertura em ouro a 100%, e que era nele
convertível a todo o momento.

Características:

- Convertível a qualquer momento;

- O valor dos “papéis” em circulação = valor dos “depósitos” em ouro.

• Moeda fiduciária: moeda de papel, com cobertura em ouro inferior a 100%, mas que
continuava a ser convertível em ouro.

Características:

- Valor das notas em circulação > valor dos depósitos efetuados (cobertura < 100%);

- As notas eram convertíveis a qualquer momento em ouro (fidúcia).

• Papel-moeda: moeda de papel, de curso forçado, não convertível.

Características:

- Confiança imposta pelo Estado (inconvertível; curso forçado (aceitação obrigatória));

- Emissão feita pelo Banco Central, sob controlo das Autoridades Monetárias.
Moeda escritural: é constituída pela movimentação dos depósitos bancários (depósito à
ordem), e não pelos meios que são utilizados para os movimentar (cheques, ordens de
pagamento, cartões de crédito e débito).

Desmaterialização da moeda: processo que consiste no facto de a maioria da moeda atual ter
cada vez menos concretização física.

Depreciação do valor da moeda: significa que a moeda perde poder aquisitivo.

Tipos de moeda atualmente utilizados:

• Moeda metálica;
• Papel-moeda;
• Moeda escritural.

4.3. A nova moeda portuguesa – o euro

Euro (€): Moeda que surgiu na União Europeia.

Países que aderiram ao Euro:

Áustria; França; Letónia; Portugal;


Bélgica; Alemanha; Lituânia; Eslováquia;
Chipre; Grécia; Luxemburgo; Eslovénia;
Estónia; Irlanda; Malta; Espanha.
Finlândia; Itália; Países Baixos;

Critérios de convergência: Para adotar a moeda euro, qualquer país da União Europeia tem de
cumprir os seguintes critérios:

• Inflação controlada (menor que 2%);


• Défice orçamental inferior a 3% do PIB;
• Dívida pública inferior a 60% do PIB;
• Estabilidade das taxas de câmbio nos dois últimos anos (antes de entrar no euro).

Défice orçamental: diferença entre as despesas e as receitas do Estado.

Vantagens da moeda única:

Para os particulares:

• Facilita a comparação dos preços dos produtos nos vários países;


• Facilita o turismo porque não é necessário fazer câmbio de moeda;
• Os salários, as poupanças e as reformas tornam-se mais estáveis porque o valor da
moeda é mais estável o que implica maior poder de compra;
• Economia mais estável o que implica crescimento econômico implicando assim a criação
de emprego.
Para as empresas:

• Diminui os custos dos negócios, porque evita câmbios;


• Diminui os riscos dos negócios com países que não pertencem à UE, porque o euro é
uma moeda internacionalmente aceite, que compete com o dólar;
• Permite obter empréstimos mais favoráveis, porque os juros tendem a baixar;
• Incentiva o investimento, porque, além de facilitar os empréstimos, a estabilidade que
proporciona gera confiança.

Para a UE e os diversos países que a integram:

• Torna a Europa mais competitiva no comércio internacional, porque o euro pode mais
facilmente rivalizar com o dólar e o iene;
• Facilita o comércio interno e, por isso, contribui para o desenvolvimento da União;
• Torna a economia de cada país mais estável (alguns países deixam de ter uma moeda
fraca);
• Estabilidade monetária duradoura o que implica a descida das taxas de juro e por sua
vez implica o aumento do investimento e do emprego.

Desvantagens da moeda única:

• Sobrecarga de informação para o consumidor final, devido à dupla fixação dos preços;
• Custos de preparação da introdução do euro por parte do sector bancário;
• Elevado investimento em caixas automáticas, cabinas telefônicas, máquinas de
contagem de moedas e notas, parquímetros, máquinas registadoras, etc;
• Dupla contabilização e utilização de dois sistemas de pagamentos diferentes.
• A única desvantagem que perdura é a perda de autonomia no que respeita à condução
da política económica.

4.4. Preço de um bem – noção e componentes

Preço de um bem - E o valor do bem. expresso numa unidade monetária (euros. dólares, libras,
etc.).

Fatores determinantes do preço de um bem:

• Mecanismo de mercado;
• Custos de produção.

Margem de lucro: Diference entre o preço de vende e o preço de custo de um produto.

4.5. Inflação – noção e medida

Inflação: Situação em que se verifica uma subida dos preços contínua e generalizada de bens e
serviços, como os combustíveis, a eletricidade, o gás. os transportes, as comunicações, os
produtos alimentares, etc.

Desinflação: situação que traduz uma desaceleração do ritmo de crescimento dos preços;
Deflação: caracteriza-se por uma descida do nível médio dos preços;

Estagflação: fase da economia em que se verifica uma estagnação económica acompanhada de


inflação.

Excesso de procura

Causas da Aumento dos custos de


inflação produção

Inflação esperada

Excesso de procura: se a quantidade procurada de um bem for superior à quantidade oferecida


desse bem, verifica-se uma subida do seu preço.

Aumento dos custos de produção: subida dos custos de produção (matérias-primas, energia,
salários. etc.) irá refletir-se no aumento dos preços de venda dos bens.

Inflação esperada: quando se negoceiam, por exemplo, aumentos salariais mais elevados para
fazer face a uma previsível subida da inflação. A expetativa de um aumento da inflação
desencadeia, por parte dos agentes económicos, comportamentos geradores de inflação.

Depreciação do valor da
moeda
Consequências
da inflação
Deterioração do poder de
compra

Depreciação da moeda: redução do valor dessa mesma moeda.

Deterioração do poder de compra: diminuição da capacidade aquisitiva das famílias.

Poder de compra: capacidade financeira das famílias que se traduz na quantidade de bens e
serviços que podem adquirir com os seus rendimentos.

IPC (Índice de Preços do Consumidor)

Índice de preços do consumidor: é o instrumento utilizado para medir a variação média do poder
de compra dos consumidores.
Ano Base = Ano Anterior

IHPC (Índice Harmonizado De Preços do Consumidor)

Porquê o IHPC?

• Necessidade de índice de preços no consumidor comparável e fiável, entre os estados-


membros da UE.
• Uniformização dos métodos para efeitos de comparação e para a elaboração de
indicadores agregados ao nível da UEM.

Em que diferem o IPC e o IHPC?

• Diferem a nível dos conceitos, métodos, definições e práticas.

Taxa de inflação

Formas de cálculo da taxa de inflação

Inflação média anual: mede a variação dos preços ao longo dos 12 meses de um ano (é calculada
com base em várias observações estatísticas e, por isso, é mais estável).

Inflação mensal: mede a variação dos preços entre dois meses consecutivos.

Inflação homóloga: mede a variação dos preços entre o mesmo mês de dois anos consecutivos
(é calculada com base em apenas duas observações estatísticas).

5. Preços e mercados
5.1. Mercado – noção e exemplos

Mercado: situação onde se confrontam as intenções de produção dos produtores (oferta) e as


intenções de consumo dos consumidores (procura) e onde resulta um preço de mercado.
5.2. O mecanismo de mercado

5.2.1. A procura e lei da procura

Procura: A procura de um bem é a quantidade desse bem que


os compradores estão dispostos a adquirir a cada preço.

Procura agregada: consiste nas intenções de compra de


todos os consumidores a cada preço (é o somatório das
procuras individuais).

Procura individual: consiste na quantidade de um bem que


um determinado comprador está disposto a adquirir a cada
preço.

Lei da procura: A quantidade procurada de um bem varia na razão inversa ao do seu preço,
desde que o resto se mantenha constante. A curva da procura é decrescente (declive negativo)
por causa desta lei, as suas grandezas são inversas. De acordo com a Lei da Procura:

• quanto menor é o preço maior é a quantidade procurada;


• quanto maior é o preço menor é a quantidade procurada

Relação inversa ou função decrescente devido a 2 efeitos:

Efeito-substituição: quando, por exemplo, o preço de um bem é mais elevado, os compradores


desviam a sua procura para bens substitutos.

Efeito-rendimento: quando, por exemplo, o rendimento dos compradores diminui, no entanto,


o preço das unidades procuradas mantém-se, assim, os compradores vão tencionar comprar
menos.
5.2.2. A oferta e lei da oferta

Oferta: A oferta define-se como a relação entre a quantidade


de bens e serviços que os produtores estão dispostos a
vender no mercado para cada preço.

Oferta agregada: é o somatório das ofertas individuais.

Oferta individual: para cada vendedor consiste na


quantidade de um bem que esse vendedor está disposto a
vender a cada preço.

Lei da Oferta: a quantidade oferecida de um bem varia na


razão direta do seu preço, desde que o resto se mantenha constante. A curva da oferta é
crescente (declive positivo) por causa desta lei, as suas grandezas são diretamente
proporcionais. De acordo com a Lei da Oferta:

• quanto menor é o preço menor é a quantidade oferecida;


• quanto maior é o preço maior é a quantidade oferecida

5.2.3. Mecanismo de mercado

Preço de equilíbrio: preço para o qual a quantidade oferecida


de um bem é igual à quantidade procurada desse bem.

Quantidade de equilíbrio: quando se verifica a igualdade


entre a quantidade oferecida e a quantidade procurada de
um bem.
Ponto de equilíbrio: quando, para um dado preço, a quantidade procurada e a quantidade
oferecida de um bem são coincidentes.

Situações de desequilíbrio

Excesso de oferta

Numa situação de excesso de oferta, os


produtores para escoarem os seus produtores
baixam o preço das quantidades oferecidas até
atingirem um novo ponto de equilíbrio.

Excesso de procura

Perante uma procura excessiva, os


produtores irão baixar os preços das unidades
oferecidas para “acalmar” a procura existente
até alcançarem um novo ponto de equilíbrio-

5.3. Estrutura de mercados

• Mercados de concorrência perfeita.


• Mercados de concorrência imperfeita:

- Concorrência monopolística;

- Monopólio;

- Oligopólio.

Mercados de concorrência perfeita (Ex: Mercado de Citrinos)

• Atomicidade: Existência de elevado número de vendedores e de compradores, todos


eles de importância e dimensão reduzidas, de tal forma que, individualmente, nenhum
deles tem capacidade para influenciar, significativamente, nem o preço nem as
quantidades oferecidas do bem.
• Homogeneidade: Os bens oferecidos pelos diversos vendedores são homogéneos, por
isso, para o comprador é indiferente o bem do produtor A ou B.
• Transparência: Todos os intervenientes no mercado têm acesso a toda a informação
disponível (informação perfeita e completa).
• Não existem barreiras: livre entrada e saída das empresas do mercado.
• Mobilidade: facilidade em mudar de atividade ou de produto.
Monopólio (Ex: Comboios de Portugal)

• No mercado um único vendedor oferece um único bem.


• O bem oferecido não tem substitutos próximos ou remotos.

Concorrência monopolista (Ex: Mercado de Produtos de limpeza)

• Tem as características do mercado de concorrência perfeita à exceção da que se refere


à homogeneidade do produto.
• A diferenciação do produto é uma das características fundamentais, uma vez que cada
vendedor tem alguma liberdade para fixar os preços dos seus bens.

Oligopólio (Ex: Mercado do petróleo)

• É constituído por poucos vendedores e muitos compradores, o que faz com que os
vendedores exercem grande controle sobre o preço dos produtos.
• A interdependência entre os vendedores é significativa, o que faz com que o controlo
de preços seja mais limitado.
• O acesso ao mercado é difícil uma vez que os obstáculos colocados pelos vendedores
existentes no mercado são consideráveis.

Concorrência Monopólio Oligopólio Concorrência


perfeita Monopolística
Número de Inúmeros Um Alguns Muitos
produtores
Controlo sobre Nenhum Total Bastante Algum
o preço
Bens Homogéneos Único Pouco Diferenciados
produzidos diferenciados
Concorrência Muita Nenhuma Pouca Bastante

Concentração de empresas: fusões e aquisições

A concorrência no mercado pode levar as empresas mais competitivas a incorporar


outras, dando origem ao fenómeno da concentração empresarial.

A concentração empresarial consiste no agrupamento de empresas motivado por razões


técnicas e económicas, nomeadamente:

• obtenção de economias de escala;


• maior eficiência na gestão;
• controlo do circuito de produção e distribuição;
• maior domínio do mercado;
• etc.

A Concentração empresarial pode constituir-se através de:

• Fusões: consistem no agrupamento de empresas por associação ou incorporação.


• Aquisições: consistem na compra de empresas, total ou parcialmente por outras, na
Bolsa, através de ofertas públicas de aquisição (OPA).
As fusões podem ocorrer da seguinte forma:

• Concentração horizontal: quando duas ou mais empresas do mesmo ramo de atividade


se associam a uma mais forte.
• Concentração vertical: quando as empresas agrupadas contribuem para a produção de
um certo bem ou serviço, controlando uma grande parte das etapas da cadeia de
produção
• Concentração diagonal: quando a empresa «mãe» incorpora outras que lhe servem de
suporte para a sua atividade principal.

6. Rendimentos e Repartição de
rendimentos
6.1. A formação dos rendimentos e sua repartição

Rendimentos: fluxos gerados pela atividade produtiva através do valor acrescentado.

Valor acrescentado: valor adicional criado pelas unidades produtivas e que representa a riqueza
gerada.

Repartição dos rendimentos: forma como os rendimentos são distribuídos. Há duas formas de
repartição de rendimentos: Repartição funcional e a Repartição pessoal.

6.2. A repartição funcional do rendimento

Repartição funcional do rendimento: aquela que é feita pelos fatores produtivos tendo em conta
a função que desempenharam no processo produtivo.

Salário: corresponde à parte do rendimento gerado pela atividade produtiva que é repartido
pelos trabalhadores em troca do trabalho realizado.

Salário direto: designa a remuneração pela participação direta do trabalhador no processo de


produção.

Salário indireto: são as transferências efetuadas pelo Estado para suprir as necessidades dos
trabalhadores, quando estes não podem prestar a sua força de trabalho devido à situação social
em que se encontram. Acresce do salário direto.
Salário ilíquido ou bruto: renumeração do trabalho antes do desconto dos impostos e das
contribuições para a segurança social.

Salário líquido: salário de cada trabalhador depois de retirados os impostos e as contribuições.

Renda: é o valor cobrado pelo proprietário de bens (móveis e imóveis) pela cedência da sua
utilização a terceiros.

Juro: é o rendimento do capital cedido sob a forma de empréstimo. Varia com o capital
emprestado (C), a duração do empréstimo (n) e a taxa de juro (i).

Lucro: é a remuneração do empresário como contrapartida da aplicação do seu capital no


processo produtivo e dos riscos inerentes. (No caso das sociedades anónimas designam-se
dividendos).

6.3. A repartição pessoal do rendimento

Repartição pessoal: repartição do rendimento criado numa comunidade pelos diversos


agregados familiares, independentemente da função desempenhada no processo produtivo.

Salários Rendas Juros Lucros Repartição


pessoal
Família A 900 - - - 900
Família B 950 - 100 - 1050
Família C 1020 200 400 - 1620
Família D 1500 300 450 150 2400
Assim, evidencia-se uma desigualdade na repartição dos rendimentos pelas famílias.

Causas da desigualdade:

• Diferenciação salarial
• Maior remuneração auferida pelo fator capital
• Concentração de rendimentos em parcelas da população
• Diversidade das fontes de rendimento

Causas da diferenciação salarial:

• Diferentes níveis de formação e qualificação;


• Produtividade das empresas, sector e/ou ramo;
• Localização das empresas;
• Idade;
• Sexo.

Salários nominal e real

Salário nominal: expressão monetária da força de trabalho, ou seja, a quantidade de moeda


recebida como remuneração do trabalho prestado.

Salário real: quantidade de bens e serviços que um salário nominal pode comprar.

Indexação dos salários: escala móvel de salários que os faz variar, periodicamente, geralmente
um ano.

Indicadores que permitem medir as desigualdades

Rendimento per capita: rendimento médio que cada habitante de um determinado país recebe
por ano. Normalmente, quanto maior for, maior será o nível de vida. Apesar das suas limitações,
permite-nos ter uma ideia se o país produz riqueza suficiente para distribuir pela população,
garantindo-lhes o mínimo de subsistência.

Limitação: sendo uma média, esconde as desigualdades existentes na repartição pessoal, ignora
o setor informal da economia, representa um valor global e por isso não questiona a origem dos
rendimentos (Ex: tráfico) e não mede outras dimensões económicas, somente a económica.

Leque salarial: relação entre o valor mínimo com que o trabalho é remunerado e o seu valor
máximo.

O valor do salário máximo é x vezes superior ao valor do salário mínimo.


Curva de Lorenz (curva de concentração dos rendimentos):
diagrama que representa por classes percentuais a parte do
rendimento que cabe a cada grupo populacional.

Podemos concluir que o país A é o país onde se regista uma


igualdade absoluta. Os países B e C representam países onde há
desigualdade na distribuição dos rendimentos (sendo mais
acentuada no país C pois está mais afastado da linha da
igualdade absoluta).

Índice/Coeficiente de Gini: varia entre 0 e 1 (igualdade absoluta e extrema desigualdade). Se for


calculado em percentagem, varia entre 0 e 100 (igualdade absoluta e extrema desigualdade).

Rácios S80/S20 e S90/S10: indicadores que permitem medir as desigualdades na distribuição


dos rendimentos.

• O rácio S80/S20 permite-nos saber quantas vezes é que o rendimento dos 20% mais
ricos é superior ao rendimento dos 20% mais pobres. O rendimento total recebido pelos
20% da população com maiores rendimentos corresponde ao quintil 5 e a parte do
rendimento auferido pelos 20% de menores rendimentos corresponde ao quintil 1.

S80 S20 S80/20


40 8,5 4,7

O rendimento dos 20% mais ricos é 4,7 vezes maior que o rendimento dos 20% mais pobres.

• O rácio S90/S10 corresponde à razão entre o rendimento monetário líquido recebido


pelos 10% da população que detêm níveis mais elevados de rendimento (decil do topo)
e o rendimento recebido pelos 10% com menor nível de rendimento (decil da base).
Permite-nos conhecer quantas vezes é que o rendimento dos 10% da população com
maiores rendimentos é superior aos 10% da população com mais baixos recursos.

S90 S10 S90/S10


23 4 5,75

O rendimento dos 10% mais ricos é 5,75 vezes maior que o rendimento dos 10% mais pobres.
Limiar de pobreza e risco de pobreza: limiar do rendimento abaixo do qual se considera que uma
família se encontra em risco de pobreza. Este valor foi convencionado pela Comissão Europeia
como sendo o correspondente a 60% da mediana do rendimento por adulto equivalente de cada
país. Risco de pobreza corresponde à proporção da população cujo rendimento equivalente se
encontra abaixo do limiar de pobreza.

6.4 A redistribuição dos rendimentos

Redistribuição dos rendimentos: Distribuição dos rendimentos realizada pelo Estado de modo a
minimizar e/ou corrigir as desigualdades sociais resultantes da distribuição feita pelo mercado
(através de salários, lucros, etc.).

Para conseguir isto, o Estado põe em prática políticas de redistribuição:

• Política fiscal: consiste na criação de impostos sobre bens e serviços e sobre os


rendimentos. Os impostos são o principal recurso financeiro de que o Estado dispõe
para fazer face às suas responsabilidades de intervenção social. São receitas do Estado
para fazer face às suas despesas.

Impostos diretos: incidem sobre o consumo. (Ex: IVA)

Impostos
Impostos indiretos: incidem sobre o rendimento e
património. (Ex: IRS e IMI)

Imposto Taxa Multa


- Prestação em moeda; - Prestação em moeda; - Prestação em moeda;
-Obrigatório; - Obrigatório; - Obrigatório;
-Unilateral; - Bilateral; - Com caráter de sanção.
-Sem caráter de sanção; - Sem caráter de sanção;
-Sem contrapartida. - Com contrapartida.

• Política social: consiste na transferência de verbas do Estado para as famílias mais


carenciadas (transferências sociais) e fornecimento à população de bens e serviço de
uma forma gratuita ou a um preço mais acessível – bens de mérito (Ex: Educação).

Proteção social: Utiliza as receitas provenientes das contribuições sociais (TSU) e do seu próprio
orçamento, para apoiar os indivíduos na velhice, no desemprego, na pobreza, etc.

Risco de pobreza antes das transferências sociais: diz respeito à proporção da população cujo
rendimento equivalente, antes das transferências, se encontra abaixo do limiar de pobreza.

Risco de pobreza após transferências sociais: diminui uma vez que o Estado corrigiu algumas
assimetrias causadas pela distribuição primária.
Rendimento disponível dos particulares (RDP): repartido pelos elementos que compõem a
população de um país sob a forma de renumerações do trabalho e do capital. Não constitui a
totalidade dos rendimentos das famílias pois há que acrescentar as transferências socias que
podem ser externas e internas.

• Transferências internas: provenientes do Estado.


• Transferências externas: rendimentos que algumas famílias recebem do exterior como,
por exemplo, pensões do estrangeiro.

7. Utilização dos rendimentos


7.1. Utilização dos rendimentos – consumo e poupança

Consumo
Rendimento disponivel dos
particulares
Poupança

Poupança: Parte do rendimento disponível que não é gasta no consumo.

Consumo: Parte do rendimento utilizada para a aquisição de bens e serviços com vista à
satisfação das necessidades.

7.2. Os destinos da poupança. A importância do investimento.


• Entesouramento: conservação de valores monetários sob a forma de moeda, ouro,
obras de arte. etc. Esta forma de aplicar a poupança é considerada improdutiva, na
medida em que os valores, ao serem retirados do circuito económico e monetário. não
contribuem para o incremento da atividade económica.
• Depósitos bancários e outras aplicações financeiras: poupanças entregues às
instituições financeiras, que depois as lançam no circuito económico através do crédito
concedido. Estes depósitos e aplicações são remunerados com juros, que constituem
rendimentos para os depositantes (aforradores).
• Investimento: aplicação da poupança na atividade produtiva, através da aquisição de
bens de capital. Aquele que Investe espera, naturalmente, obter um rendimento.

Formação de capital: Aplicação da poupança em novos bens de produção, através do


investimento.

Formação bruta do capital fixo: quando a formação de capital ou investimento diz respeito a
bens de equipamento.

Variação de existências: consideram-se como existências as matérias-primas que virão a sofrer


transformações e os produtos semiacabados que ainda se encontram em laboração.

A Importância do Investimento: é o investimento, que não existe sem poupança, que permite
a continuidade do processo produtivo.

Funções do investimento:

• Substituição do capital: reposição do capital gasto no processo produtivo, de forma a


manter a capacidade produtiva.
• Formação de novo capital: constituição de novo capital com vista a aumentar a
capacidade produtiva.
• Inovação: desenvolvimento de novas tecnologias, novas técnicas de fabrico, novos
produtos que irão contribuir para uma maior produtividade e competitividade das
empresas e economias.

Tipos de investimento
Investimento material Investimento imaterial Investimento financeiro
Constituído por bens de constituído por despesas Constituído por aplicações
produção, como, por com a investigação, a financeiras das
exemplo, matérias-primas. formação dos recursos poupanças, como,
máquinas, instalações, etc. humanos, etc. Estas por exemplo, a compra de
despesas irão contribuir ações e de obrigações.
para o aumento da
produtividade e da
competitividade das
empresas.
7.3. O financiamento da atividade económica

Autofinanciamento: A empresa recorre às suas poupanças para realizar o investimento,


ou seja, a empresa tem capacidade de financiamento.
Financiamento externo: Quando as poupanças da empresa não são suficientes para o
desejado investimento e as empresas recorrem a financiamentos externos, a terceiros,
ou seja, a empresa tem necessidade de financiamento.
Financiamento externo direto: O agente económico que necessita de financiamento
alheio obtém os meios financeiros de que necessita. No caso de o agente ser uma
empresa, a fonte de financiamento é o mercado de títulos ou de capitais onde se
transacionam títulos como ações e obrigações.

• Mercado de títulos: mercado onde são transacionados diversos títulos emitidos


por empresas públicas ou privadas e pelo próprio Estado. A Bolsa constitui um
mercado de títulos onde se compram e vendem títulos mobiliários.
• Ações: título representativo de uma parte do capital da empresa.
• Obrigações: título representativo de um empréstimo.
A principal diferença entre as ações e as obrigações é que os detentores de ações
são sócios da empresa e que, por isso, têm direito a receber lucros enquanto os
detentores de obrigações são simplesmente credores da mesma, não tendo, portanto,
participação nos seus lucros, recebendo apenas juros.

7.3.1 – Financiamento externo indireto: o crédito


Financiamento externo indireto: A empresa recorre às instituições de crédito, obtendo
o financiamento resultante dos depósitos das famílias nessas instituições.

• Crédito: consiste numa troca de moeda por um ativo financeiro que representa
um compromisso de reembolso da dívida numa determinada data.

Operações ativas e operações passivas


Operações passivas: consistem na captação de poupanças junto dos diversos agentes
económicos, sob a forma de depósitos que podem ser à ordem ou a prazo e sobre os
quais os bancos pagam juros.
Operações ativas: constituídas por todas as operações de concessão de crédito sobre as
quais os bancos recebem juros.
Tipos de crédito
Quanto à aplicação/finalidade podemos distinguir dois tipos de crédito: crédito
à produção e crédito ao consumo.

• Crédito ao consumo: é contraído pelas famílias para a aquisição de bens de


consumo como eletrodomésticos, automóveis, viagens, etc.;
• Crédito à produção: crédito concedido às empresas para a compra de bens de
produção, garantindo o financiamento e o funcionamento das empresas:
- Crédito à produção de funcionamento: crédito concedido para resolver
necessidades pontuais, momentâneas, como o pagamento de fornecedores ou
de salários,
- Crédito à produção de financiamento: crédito para o investimento –
modernização, substituição ou aumento da capacidade de produção.
O crédito pode também ser classificado quanto à sua duração: curto, médio ou longo
prazo.

• Crédito de curto prazo: período de utilização inferior a um ano. Ex: compra de


eletrodomésticos por parte das famílias;
• Crédito de médio prazo: período de utilização compreendido entre 1 a 5 anos.
Ex: compra de um automóvel;
• Crédito de longo prazo: período de utilização superior a 5 anos. Ex: crédito à
compra de habitação.

7.4. O investimento em Portugal e o investimento português no


estrangeiro

Investimento interno – público e privado

• O investimento público é realizado pela administração pública e destina-se à


criação de infraestruturas como estradas, hospitais, bem como o melhoramento
dos serviços da saúde, justiça, educação, etc.
• O investimento privado é realizado pelas famílias e empresas, sendo que no caso
das famílias, tem como objetivo a compra de habitação, e nas empresas, a
compra dos bens de produção necessários à atividade das empresas.

Investimento direto estrangeiro (IDE)


O investimento realizado noutro país por uma empresa estrangeira ou por um
particular não residente no país é designado por investimento estrangeiro. Este pode
assumir duas formas diferentes:
• Investimento direto estrangeiro (IDE): representa a compra ou a construção de
raiz de uma empresa num país, por parte de um não residente;
• Investimento em carteira: representa a aquisição de ativos financeiros (títulos
nos no mercado de títulos) sem o objetivo de desenvolver uma atividade
empresarial.
O IDE desempenha um papel fundamental em qualquer economia pois permite
a obtenção de recursos necessários ao aumento da formação de capital, acelerando o
crescimento económico do país. Permite também a evolução tecnológica, a melhoria na
gestão dos recursos e a obtenção de ganhos de produtividade. Este tipo de investimento
também apresenta alguns inconvenientes como a excessiva dependência da economia
em relação o IDE; tornando-a vulnerável às exigências dos investidores, acabando por
proporcionar-lhes elevados benefícios.

IDPE: Investimento Direto Português no Estrangeiro.


IDEP: Investimento Direto Estrangeiro em Portugal.

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